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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 13

23/02/2018 PLENÁRIO

EMB.DECL. NOS SEGUNDOS EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO


593.849 MINAS GERAIS

RELATOR : MIN. EDSON FACHIN


EMBTE.(S) : UNIÃO
ADV.(A/S) : ADVOGADO -GERAL DA UNIÃO
EMBDO.(A/S) : PARATI PETRÓLEO LTDA
ADV.(A/S) : ROGÉRIO ANDRADE MIRANDA
INTDO.(A/S) : ESTADO DE MINAS GERAIS
ADV.(A/S) : ADVOGADO -GERAL DO ESTADO DE MINAS
GERAIS
AM. CURIAE. : INSTITUTO PARA DESENVOLVIMENTO DO VAREJO
- IDV
ADV.(A/S) : MARCOS JOAQUIM GONCALVES ALVES E
OUTRO(A/S)
AM. CURIAE. : DISTRITO FEDERAL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO DISTRITO FEDERAL
AM. CURIAE. : ESTADO DO ACRE
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO ACRE
AM. CURIAE. : ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO
AM. CURIAE. : ESTADO DO PIAUÍ
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO PIAUÍ
AM. CURIAE. : ESTADO DE RONDÔNIA
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE RONDÔNIA
AM. CURIAE. : ESTADO DA BAHIA
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DA BAHIA
AM. CURIAE. : ESTADO DE RORAIMA
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE RORAIMA
AM. CURIAE. : ESTADO DO AMAPÁ
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO AMAPÁ
AM. CURIAE. : ESTADO DE SANTA CATARINA
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE SANTA
CATARINA
AM. CURIAE. : ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL

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RE 593849 ED-SEGUNDOS-ED / MG

PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE MATO


GROSSO DO SUL
AM. CURIAE. : ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL
AM. CURIAE. : ESTADO DE SÃO PAULO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
AM. CURIAE. : ESTADO DE PERNAMBUCO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE
PERNAMBUCO

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM SEGUNDOS EMBARGOS


DECLARATÓRIOS EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO
GERAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
PROGRESSIVA. ESCLARECIMENTO. DESNECESSIDADE. AMICUS
CURIAE. LEGITIMIDADE RECURSAL. AUSÊNCIA. OMISSÃO,
CONTRADIÇÃO, ERRO MATERIAL OU OBSCURIDADE.
INOCORRÊNCIA. BAIXA IMEDIATA DO FEITO.
1. Não se configura hipótese de cabimento de embargos
declaratórios pedido de esclarecimento com pretensão contrária ao já
assentado na decisão colegiada impugnada.
2. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no
sentido de que colaboradores admitidos na condição de amici curiae em
processos objetivos e causas com repercussão geral não detém
legitimidade para recorrer de decisões de mérito. Precedentes.
3. Embargos de declaração rejeitados.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do


Supremo Tribunal Federal, em sessão plenária virtual de 16 a 22 de
fevereiro de 2018, sob a Presidência da Senhora Ministra Cármen Lúcia,

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RE 593849 ED-SEGUNDOS-ED / MG

na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas, por


unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração e
determinar a baixa imediata dos autos, nos termos do voto do Relator.

Brasília, 23 de fevereiro de 2018.

Ministro EDSON FACHIN


Relator

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23/02/2018 PLENÁRIO

EMB.DECL. NOS SEGUNDOS EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO


593.849 MINAS GERAIS

RELATOR : MIN. EDSON FACHIN


EMBTE.(S) : UNIÃO
ADV.(A/S) : ADVOGADO -GERAL DA UNIÃO
EMBDO.(A/S) : PARATI PETRÓLEO LTDA
ADV.(A/S) : ROGÉRIO ANDRADE MIRANDA
INTDO.(A/S) : ESTADO DE MINAS GERAIS
ADV.(A/S) : ADVOGADO -GERAL DO ESTADO DE MINAS
GERAIS
AM. CURIAE. : INSTITUTO PARA DESENVOLVIMENTO DO VAREJO
- IDV
ADV.(A/S) : MARCOS JOAQUIM GONCALVES ALVES E
OUTRO(A/S)
AM. CURIAE. : DISTRITO FEDERAL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO DISTRITO FEDERAL
AM. CURIAE. : ESTADO DO ACRE
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO ACRE
AM. CURIAE. : ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO
AM. CURIAE. : ESTADO DO PIAUÍ
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO PIAUÍ
AM. CURIAE. : ESTADO DE RONDÔNIA
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE RONDÔNIA
AM. CURIAE. : ESTADO DA BAHIA
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DA BAHIA
AM. CURIAE. : ESTADO DE RORAIMA
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE RORAIMA
AM. CURIAE. : ESTADO DO AMAPÁ
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO AMAPÁ
AM. CURIAE. : ESTADO DE SANTA CATARINA
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE SANTA
CATARINA
AM. CURIAE. : ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL

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RE 593849 ED-SEGUNDOS-ED / MG

PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE MATO


GROSSO DO SUL
AM. CURIAE. : ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL
AM. CURIAE. : ESTADO DE SÃO PAULO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
AM. CURIAE. : ESTADO DE PERNAMBUCO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE
PERNAMBUCO

RE LAT Ó RI O

O SENHOR MINISTRO EDSON FACHIN (RELATOR): Trata-se de


embargos de declaração opostos em face de acórdão do Tribunal Pleno do
STF, cuja ementa reproduz-se a seguir:

“SEGUNDOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM


RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO TRIBUTÁRIO.
IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E
SERVIÇOS – ICMS. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
PROGRESSIVA. SÚMULA DE JULGAMENTO. ATA DE
JULGAMENTO. PREMISSAS FÁTICAS. SUPORTE
NORMATIVO. EFEITOS INFRINGENTES. IMPOSSIBILIDADE.
CONTRADIÇÃO. OMISSÃO. NÃO CONFIGURADA.
ESCLARECIMENTO. POSSIBILIDADE. 1. Nos termos do artigo
1.022 do Código de Processo Civil, os embargos de declaração
não constituem meio hábil para reforma do julgado, sendo
cabíveis somente nos casos de obscuridade, contradição ou
omissão da decisão impugnada, bem como para corrigir
eventual erro material. 2. Os embargos declaratórios não se
prestam à rediscussão do assentado em paradigma de
repercussão geral, com pretensão de efeitos infringentes,
mesmo que a título de reparar equívocos fáticos e normativos,
os quais foram suscitados no curso do processo e devidamente
enfrentados e valorados pela corrente majoritária do STF. 3. A

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Relatório

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RE 593849 ED-SEGUNDOS-ED / MG

despeito de veicular pretensões estranhas às hipóteses legais de


cabimento de embargos de declaração, a jurisprudência do STF
admite o acolhimento de embargos declaratórios tão somente
para prestação de esclarecimento reputado necessário, sem
quaisquer efeitos infringentes. 4. A tese de julgamento que
consta em ata de julgamento publicada no Diário Oficial possui
força de acórdão, até a publicação deste. Assim, o marco
temporal de observância da orientação jurisprudencial para
casos futuros ajuizados após o julgamento do paradigma deve
ser considerado a partir da publicação da tese ou súmula da
decisão em meio oficial. Arts. 1.035, §11, e 1.040 do CPC. 5. Não
há omissão na súmula da decisão, por não abarcar os casos em
que a base presumida é menor do que a base real, porquanto se
trata de inovação processual posterior ao julgamento, não
requerida ou aventada no curso do processo. De todo modo, a
atividade da Administração Tributária é plenamente vinculada
ao arcabouço legal, independentemente de autorização ou
explicitação interpretativa do Poder Judiciário, nos termos do
art. 3º do CTN. 6. Não há contradição na modulação de efeitos
da decisão recorrida realizada, pois se trata de faculdade
processual conferida ao STF, em caso de alteração da
jurisprudência dominante, condicionada à presença de interesse
social e em prol da segurança jurídica. Não há, então, relação de
causalidade entre a mudança de entendimento jurisprudencial
e a adoção da técnica de superação prospectiva de precedente
(prospective overruling). Art. 927, §3º, do CPC. 7. O comando
dispositivo do acórdão detém densidade suficiente para a
satisfação executiva da pretensão deduzida em juízo, sendo
assim o montante e as parcelas devidas ultrapassam o âmbito
de cognoscibilidade do recurso extraordinário e de
conveniência da sistemática da repercussão geral. RE-QO
593.995, de relatoria do Ministro Joaquim Barbosa, Tribunal
Pleno, DJe 17.06.2014. 8. Embargos declaratórios rejeitados.”

Em preliminar, sustenta-se que o art. 138 do CPC autoriza a oposição


de embargos de declaração em qualquer circunstância pelo amicus curiae.

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Relatório

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RE 593849 ED-SEGUNDOS-ED / MG

Nas razões recursais, alega-se que somente a partir da publicação do


inteiro teor do acórdão é possível identificar e observar as razões de
decidir do caso piloto da sistemática da repercussão geral. “Nessa toada é
que aguardar a publicação do acórdão de mérito, com todos os votos revisados
pelos Ministros, é mandamento que otimiza a racionalidade do sistema de
precedentes.”
Com fulcro em diversos artigos do CPC/15 relacionados ao acórdão,
defende-se que a executoriedade da decisão decorre apenas do acórdão,
sendo excepcional e explícito na novel legislação processual o caso em
que o dispositivo é cumprido antes da publicação desse ato processual.
Afirma-se que a função das súmula de julgamento é de aviso sobre
julgamento de matéria aos juízes de primeiro e de segundo graus, assim
como aos demais poderes, passível de completa compreensão apenas com
a publicação do acórdão.
Alude-se, ainda, que está em xeque a segurança jurídica dos
pronunciamentos do STF:

“Noutras palavras, agasalhar a segurança jurídica, nos


casos de julgamentos recém-concluídos, pode significar esperar
o trânsito em julgado (encerramento dos prazos recursais) ou,
no mínimo, no mínimo, aguardar a publicação do acórdão que
apreciar todos os aspectos trazidos pelas partes e pelos amici
curiae e cujos fundamentos serão repetidos nos processos de
objeto semelhante.”

Por fim, pugna-se pelo acolhimento dos aclaratórios, de modo que


somente a partir da publicação definitiva do acórdão seja imperativo aos
Tribunais aplicar nos processos de sua jurisdição em curso o
entendimento firmado pelo STF.
Intimada a manifestar-se, o Contribuinte pugnou pela rejeição dos
embargos de declaração, pois não ocorreu o preenchimentos das
hipóteses de cabimento do referido recurso, logo há inegável intuito de
rediscutir a matéria.
Ademais, alude-se o seguinte sobre a matéria de fundo:

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Relatório

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RE 593849 ED-SEGUNDOS-ED / MG

“2.2 - Em assim sendo, não há que se falar que teria


havido omissão quanto aos termos do art. 1040, do CPC, posto
que no período entre a publicação da tese de julgamento e do
acórdão, aquele tem força de acórdão visando exatamente
delimitar o ajuizamento de novas ações buscando a
retroatividade da decisão proferida. Ou seja, o entendimento
coloca um freio no ajuizamento de novas ações, valendo apenas
para os casos futuros e aqueles onde as ações já haviam sido
ajuizadas e que se encontravam suspensas aguardando
exatamente a definição da tese em repercussão geral.
A citação dos arts. 204, 205, 224, 269, 272, 943 e 944, do
CPC, não se justifica, pois as questão ali aventadas não dizem
respeito à fixação da tese e o prazo de início de sua validade.
2.3.- Com efeito, a questão se encerra no disposto no § 11,
do art. 1035, do CPC, complementada pelas disposições do art.
993, posto que é determinada a publicação da súmula da
decisão sobre a repercussão geral e que esta valerá como
acórdão, sendo que o ‘presidente do tribunal determinará o
imediato cumprimento da decisão, lavrando-se o acórdão
posteriormente.’”

É o relatório.

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Voto - MIN. EDSON FACHIN

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23/02/2018 PLENÁRIO

EMB.DECL. NOS SEGUNDOS EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO


593.849 MINAS GERAIS

VOTO

O SENHOR MINISTRO EDSON FACHIN (RELATOR): Não assiste razão à


parte Embargante.
Nos termos do artigo 1.022 do Código de Processo Civil, os
embargos de declaração são cabíveis nos casos de obscuridade,
contradição ou omissão da decisão impugnada, bem como para corrigir
eventual erro material. Na hipótese, não se constata nenhum dos
referidos vícios na decisão impugnada.
No particular, a parte Embargante busca esclarecimento sobre o
marco temporal de observância da orientação jurisprudencial firmada
pela Corte. Noutras palavras, busca rediscutir o já esclarecido na decisão
impugnada. A despeito da relevância transcendental do recurso-
paradigma de repercussão geral, não se configura hipótese de oposição
de embargos declaratórios na espécie.
Por outro lado, ainda nos requisitos de admissibilidade, constata-se
que a legitimidade da parte Embargante mostra-se ausente, sob as luzes
da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, segundo a qual
colaboradores admitidos na condição de amici curiae em processos
objetivos e causas com repercussão geral não detém legitimidade para
recorrer de decisões de mérito.
Cito os seguintes precedentes: ADPF-MC-ED-segundos 77, de
relatoria do Ministro Teori Zavascki, TRibunal Pleno, j. 16.04.2015, DJe
08.05.2015; e RE-ED 598.099, de relatoria do Ministro Gilmar Mendes,
Tribunal Pleno, j. 16.04.2015, DJe 08.05.2015, assim ementados,
respectivamente:

“CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL.


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM FACE DE DECISÃO
CAUTELAR DEFERIDA EM ARGUIÇÃO DE
DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL

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Voto - MIN. EDSON FACHIN

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RE 593849 ED-SEGUNDOS-ED / MG

(ADPF). OPOSIÇÃO POR AMICUS CURIAE. AUSÊNCIA DE


LEGITIMAÇÃO. EMBARGOS DECLARATÓRIOS NÃO
CONHECIDOS. 1. Segundo jurisprudência consolidada no
Supremo Tribunal Federal, colaboradores admitidos em
processos objetivos e causas com repercussão geral na condição
de amicus curiae não detém legitimidade para recorrer de
decisões de mérito, ainda que tenham participado do
julgamento mediante a oferta de elementos de informação. 2.
Embargos de declaração não conhecidos.”

“Embargos de declaração em recurso extraordinário. 1.


Embargos de declaração opostos por amicus curiae. Ausência de
legitimidade. Recurso não conhecido. 2. Embargos de
declaração opostos pelo recorrente. Omissão, contradição ou
obscuridade. Não ocorrência. Ausência dos pressupostos
necessário à modulação de efeitos. Embargos de declaração
rejeitados.”

Igualmente, colhem-se manifestações do STF posteriores ao advento


e entrada em vigor do Código de Processo Civil de 2015 no sentido de
que os feitos submetidos à sistemática da repercussão geral gozam do
mesmo tratamento, no que tange à manifestação de terceiros, conferido
aos amici curiae no âmbito do controle abstrato de constitucionalidade.
Isso porque ambos se notabilizam pela objetivação da demanda.
O Código de Processo Civil vigente admite a manifestação de
terceiros no âmbito de processos submetidos à sistemática da repercussão
geral nos seguintes termos: “Art. 1.035 (...) § 4º O relator poderá admitir, na
análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por
procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal
Federal.”
Por sua vez, o Regimento Interno do STF estabelece: “Art. 323. § 2º
Mediante decisão irrecorrível, poderá o Relator admitir de ofício ou a
requerimento, em prazo que fixar, a manifestação de terceiros, subscrita por
procurador habilitado, sobre a questão da repercussão geral”.
Nesse sentido, extrai-se excerto de decisão tomada no RE-RG

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Voto - MIN. EDSON FACHIN

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RE 593849 ED-SEGUNDOS-ED / MG

638.115, de relatoria do Ministro Gilmar Mendes, j. 26.09.2017, DJE


29.09.2017:

“Tendo em vista o caráter objetivo dos processos


submetidos à sistemática da repercussão geral, esta Corte
firmou orientação no sentido de que deve ser aplicado a eles, no
que se refere à manifestação de terceiros, o mesmo
entendimento dispensado aos amici curiae no âmbito do
controle concentrado.
A Lei 9.868/99, em seu art. 7º, § 2º, permite ao relator,
considerando a relevância da matéria e a representatividade
dos postulantes, admitir a manifestação de outros órgãos ou
entidades, no prazo deferido para a apresentação de
informações pelas autoridades das quais emanou a lei ou o ato
normativo impugnado.”

Portanto, o presente recurso não merece conhecimento também em


razão da ausência de legitimidade.
Na verdade, observa-se nítido caráter infringente nas alegações
recursais, porquanto se busca a revisão da decisão embargada, embora a
omissão alegada pela parte Embargante não possua, sequer em plano
hipotético, aptidão a atribuir efeito modificativo na espécie. No caso, o
Supremo Tribunal Federal possui entendimento reiterado no sentido de
que os embargos de declaração não se prestam à rediscussão do
assentado no julgado, em decorrência de inconformismo da parte
Embargante.
Desse modo, podem ser citados os seguintes julgamentos: ARE
906.026 AgR-ED, rel. Min. Cármen Lúcia, DJe 03.11.2015; AI 768.149 AgR-
ED, rel. Min. Teori Zavascki, DJe 05.11.2015; Recl 20.061 AgR-ED-ED, rel.
Min. Luiz Fux, DJe 28.10.2015.

Ante o exposto, rejeito os embargos declaratórios.

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Supremo Tribunal Federal
Extrato de Ata - 23/02/2018

Inteiro Teor do Acórdão - Página 12 de 13

PLENÁRIO
EXTRATO DE ATA

EMB.DECL. NOS SEGUNDOS EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 593.849


PROCED. : MINAS GERAIS
RELATOR : MIN. EDSON FACHIN
EMBTE.(S) : UNIÃO
ADV.(A/S) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO
EMBDO.(A/S) : PARATI PETRÓLEO LTDA
ADV.(A/S) : ROGÉRIO ANDRADE MIRANDA (38460/MG)
INTDO.(A/S) : ESTADO DE MINAS GERAIS
ADV.(A/S) : ADVOGADO-GERAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS
AM. CURIAE. : INSTITUTO PARA DESENVOLVIMENTO DO VAREJO - IDV
ADV.(A/S) : MARCOS JOAQUIM GONCALVES ALVES (DF020389/) E
OUTRO(A/S)
AM. CURIAE. : DISTRITO FEDERAL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO DISTRITO FEDERAL
AM. CURIAE. : ESTADO DO ACRE
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO ACRE
AM. CURIAE. : ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
AM. CURIAE. : ESTADO DO PIAUÍ
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO PIAUÍ
AM. CURIAE. : ESTADO DE RONDÔNIA
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE RONDÔNIA
AM. CURIAE. : ESTADO DA BAHIA
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DA BAHIA
AM. CURIAE. : ESTADO DE RORAIMA
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE RORAIMA
AM. CURIAE. : ESTADO DO AMAPÁ
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO AMAPÁ
AM. CURIAE. : ESTADO DE SANTA CATARINA
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE SANTA CATARINA
AM. CURIAE. : ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
AM. CURIAE. : ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
AM. CURIAE. : ESTADO DE SÃO PAULO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
AM. CURIAE. : ESTADO DE PERNAMBUCO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, rejeitou os embargos de


declaração, e determinou a baixa imediata dos autos, nos termos do
voto do Relator. Plenário, Sessão Virtual de 16.2.2018 a
22.2.2018.

Composição: Ministros Cármen Lúcia (Presidente), Celso de

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Supremo Tribunal Federal
Extrato de Ata - 23/02/2018

Inteiro Teor do Acórdão - Página 13 de 13

Mello, Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Dias


Toffoli, Luiz Fux, Rosa Weber, Roberto Barroso, Edson Fachin e
Alexandre de Moraes.

p/ Doralúcia das Neves Santos


Assessora-Chefe do Plenário

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