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Capítulo 2

Ferramentas úteis à atividade


filosófica: noções de Lógica
(formal e informal)

PowerPoint 1
LÓGICA

O QUE
ÉA
LÓ G I CA?

• A Lógica é a parte da Filosofia


que estuda a argumentação.

• A Lógica fornece instrumentos


úteis para a reflexão e para
os debates filosóficos.
PROPOSIÇÕES

E o que é uma proposição?


É o pensamento (ou ideia) literalmente expresso
por uma frase declarativa. O céu é
Por exemplo, a frase «O céu é azul» expressa azul.
a proposição o céu é azul.

Então, uma proposição


é uma frase?
Não. Não se deve confundir proposições com frases.
Uma frase é uma entidade linguística, mas a proposição
é mental. Quando alguém diz em voz alta «O céu é azul»,
a proposição não é os sons que ouvimos, mas
o pensamento ou ideia que nos vem à mente ao ouvi-los.
PROPOSIÇÕES: VALOR DE VERDADE

As proposições têm valor de verdade.

As proposições são verdadeiras ou falsas, ou seja,


têm valor de verdade.

Verdadeiro

Valor de
Proposições
verdade

Falso
QUAIS AS FRASES QUE EXPRESSAM
PROPOSIÇÕES?

Apenas as declarativas.
As frases não declarativas (perguntas, ordens,
Exemplos
exclamações, etc.) não expressam proposições,
de frasesnão
pois não têm valor de verdade
(não são verdadeiras nem falsas).
declarativas:
Queres ir jantar fora?
Ufa!
Vai limpar o quarto!
Desejo ser alto.
PROPOSIÇÕES: FRASES DECLARATIVAS

Frases declarativas diferentes podem expressar a mesma proposição.


A diferença entre frase e proposição torna-se mais clara se considerarmos o facto de frases declarativas
diferentes poderem expressar a mesma proposição.
Por exemplo:

Duas frases
declarativas
diferentes
O rio mas a A foz do rio
Minho proposição Minho é
desagua em
em
que
Caminha.
Caminha.
expressam é
a mesma
FRASES AMBÍGUAS
A ambiguidade ajuda a perceber
que as frases e as proposições
são coisas diferentes. O João está
a carregar uma
Quando uma frase é ambígua, bateria.
pode expressar proposições diferentes.

Existem áreas em que O João pode tar


estar … também pode es
a carregar u
a ambiguidade pode ser ma bateria a carregar a bateria
(instrumento que ficou
valorizada, como na poesia, musical) do seu automóvel,
s
para ir tocar com as luzes ligada
mas na Filosofia num concer toda a noite.
to...
as ambiguidades devem ser
evitadas para que o discurso
seja o mais claro possível.
PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS
Há diversos tipos de proposições, mas vamos distinguir dois grupos:
• as proposições categóricas;
• e as proposições formadas usando conetivas proposicionais:
não, e, ou, se… então, se e só se.

Proposições categóricas
As proposições categóricas são aquelas em que Todos os seres humanos são ambiciosos.
se afirma ou nega um predicado de um sujeito.
Podem incluir quantificadores (palavras como todos, QUANTIFICADOR SUJEITO PREDICADO

nenhum e alguns, que indicam a quantidade


de elementos da classe referida).

Um quantificador indica a quantidade de elementos


de uma classe referidos numa proposição.
PROPOSIÇÕESTítulo
CATEGÓRICAS
do projeto inserir aqui

Quanto à qualidade, as proposições Afirmativas


categóricas podem ser:
• Qualidade
afirmativas;
• ou negativas. Negativas

Quanto à quantidade, podem ser:


Universais
• universais;
• particulares; Quantidade Particulares
• ou singulares.
Singulares
TIPOS DE PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS
Título do projeto inserir aqui
Combinando a quantidade e a qualidade obtêm-se seis tipos de proposições.

Proposições categóricas
Tipo de
Exemplos Forma lógica
proposição
Universal Todas as desigualdades são justas.
• Todo o S é P.
afirmativa (A) Todos os pássaros têm duas patas.
Universal Nenhuma desigualdade é justa.
• Nenhum S é P.
negativa (E) Nenhum pássaro fala português.
Particular Algumas desigualdades são justas.
• Algum S é P.
afirmativa (I) Algumas flores cheiram mal.
Particular Algumas desigualdades não são justas.
• Algum S não é P.
negativa (O) Alguns automóveis não são barulhentos.
Singular Sócrates era filósofo.
• S é P.
afirmativa A ilha da Madeira é muito florida.
Sócrates não era cético.
Singular negativa • S não é P.
Aquela cadeira não é de plástico.
PROPOSIÇÕES: FORMA LÓGICA E FORMA CANÓNICA

A forma lógica das proposições (e dos argumentos, como veremos) é a sua estrutura, o modo
como as suas partes estão relacionadas. Para encontrar a forma lógica de uma dada proposição
devemos abstrair-nos do seu conteúdo e representar as partes relevantes por símbolos.

A forma canónica é a maneira padrão de exprimir uma proposição: é a forma mais explícita
de o fazer, ocorrendo na linguagem natural (no nosso caso, em português).

• Utiliza-se uma linguagem simbólica.


REPRESENTAÇÃO NA • A proposição é expressa utilizando um
FORMA determinado conjunto de símbolos lógicos (por
exemplo: S, P…).
LÓGICA • Exemplo: Todo o S é P.
PROPOSIÇÃO
• Utiliza-se a linguagem natural.
REPRESENTAÇÃO NA • Expressam-se as proposições de uma forma
FORMA clara e explícita.
• Exemplo: Todas as árvores são vegetais.
CANÓNICA
A NEGAÇÃO DE PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS
Num debate existe frequentemente a necessidade de negar ideias. Contudo, nem sempre
é óbvia a correta negação de algumas proposições.

A negação é uma operação lógica que inverte o valor de verdade da proposição negada:

• se essa proposição é verdadeira, a sua negação é falsa;

Sócrates era grego. Sócrates não era grego.

PROPOSIÇÃO VERDADEIRA PROPOSIÇÃO FALSA

• se essa proposição é falsa, a sua negação é verdadeira.

Kant não era alemão. Kant era alemão.

PROPOSIÇÃO FALSA PROPOSIÇÃO VERDADEIRA


A NEGAÇÃO DETítulo
PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS
do projeto inserir aqui
Para negar corretamente proposições singulares basta recorrer ao «não»
ou a expressões equivalentes, como «não é verdade» ou «é falso».

Proposição Valor de
Valor
Exemplo Negação Exemplos de
inicial verdade
verdade

• John Rawls não era


John Rawls era norte-americano.
Singular Singular • Não é verdade que John Rawls era norte-
norte- V F
afirmativa negativa americano.
americano. • É falso que John Rawls era norte-
americano.

• Kant era alemão.


Singular Kant não era Singular
F • Não é verdade que Kant não era alemão. V
negativa alemão. afirmativa • É falso que Kant não era alemão.

Em resumo: para negar uma proposição singular basta alterar a qualidade da


proposição, pois esse procedimento é suficiente para o valor de verdade se inverter.
A NEGAÇÃO DETítulo
PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS
do projeto inserir aqui
Já no caso das proposições universais e particulares, a negação implica mudar tanto a quantidade como a qualidade da proposição inicial.

Só assim se garante que o valor de verdade da proposição é invertido pela negação.

Quando uma negação é corretamente efetuada, a proposição inicial e a sua negação não podem ser simultaneamente verdadeiras nem
simultaneamente falsas.

Tipo de Tipo da proposição


Proposição Valor de Negação Valor de
proposição obtida com a
inicial verdade verdade
negação

Como se pode
Universal Todas as cobras Algumas cobras Particular negativa
V F observar nos
afirmativa (A) são répteis. não são répteis. (O)
exemplos
apresentados,
Universal Nenhuma mulher Algumas mulheres Particular afirmativa o valor de
V F verdade da
negativa (E) mede 3 metros. medem 3 metros. (I)
proposição
inicial é
Particular Alguns artistas Nenhum artista Universal negativa
F V invertido pela
afirmativa (I) são couves. é uma couve. (E)
negação.
Alguns atletas
Particular Todos os atletas Universal afirmativa
não são F V
negativa (O) são mamíferos. (A)
mamíferos.
O QUADRADO DA OPOSIÇÃO

O quadrado da oposição baseia-se


na análise que Aristóteles fez
das proposições A, E, I e O, contrariedade
A E
apresentando-nos as relações

co
nt
ra
lógicas que existem entre elas.

di

subalternidade
subalternidade

to
rie
Ajuda-nos a perceber a negação

da
de
das proposições universais

d e
da
e particulares.

rie
ã o está também

to
d o da o p o s iç
No quadra ção lógica que

di
re la

ra
ta d a u m a
represen não contribui

nt
o s , d a d o qu e
não estudarem

co
e nt e p a ra compreender
direta m
s u balternidade I O
C h a m a -s e
a negação. e ta s laterais subcontrariedade
d a p e la s s
e é indica iç õ e s A e I e E e O.
ro p o s
que ligam as p
O QUADRADO Título
DA OPOSIÇÃO
do projeto inserir aqui
Vejamos as seguintes relações lógicas.

Tipo Descrição Consequência


de relação lógica da relação lógica da relação lógica
Se duas proposições são contraditórias,
não podem ter o mesmo valor de verdade: As proposições contraditórias são a
Contraditoriedade se uma é verdadeira, a outra é falsa, e negação uma da outra.
vice-versa.
Se duas proposições são contrárias, não
As proposições contrárias não são a
podem ser ambas verdadeiras: podem ser
Contrariedade ambas falsas ou uma verdadeira e outra
negação uma da outra (pois existe a
possibilidade de serem ambas falsas).
falsa.

Se duas proposições são subcontrárias, As proposições subcontrárias não são


não podem ser ambas falsas: podem ser a negação uma da outra (pois existe a
Subcontrariedade ambas verdadeiras ou uma verdadeira e possibilidade de serem ambas
outra falsa. verdadeiras).
O QUADRADO DA OPOSIÇÃO
Vejamos a relação de contraditoriedade.

Todos os seres humanos são contrariedade Nenhum ser humano é mamífero.


mamíferos. A E

co
n
tr
ad
subalternidade

subalternidade
it
o
ri
e d
ad
e
e
ad
d
ie
or
it
ad
tr
n
co

Alguns seres humanos são I O


mamíferos. subcontrariedade
Alguns seres humanos não são mamíferos.
O QUADRADO DA OPOSIÇÃO
Vejamos a relação de contrariedade.

Nenhum ser humano é mamífero.


contrariedade
Todos os seres humanos são A E
mamíferos.

subalternidade

subalternidade
I O
subcontrariedade
O QUADRADO DA OPOSIÇÃO
Vejamos a relação de subcontrariedade.

contrariedade
A E

co
nt
ra
d
subalternidade

subalternidade
it
ori
ed
ad
e
e
ad
ed
o ri
it
ad
tr
n
co

I O
Alguns seres subcontrariedade Alguns seres humanos
humanos são mamíferos. não são mamíferos.
O QUADRADO DA OPOSIÇÃO

contrariedade Nenhum ser humano


Todos os seres humanos são A E é mamífero.
mamíferos.

co
nt
ra
d
subalternidade

subalternidade
it
ori
ed
ad
e
e
ad
ed
o ri
it
ad
tr
n
co

Alguns seres humanos são I O Alguns seres humanos


mamíferos. subcontrariedade não são mamíferos.
PROPOSIÇÕES COM CONETIVAS PROPOSICIONAIS
Vamos agora considerar as proposições formadas através do uso
de conetivas proposicionais (ou operadores proposicionais):

Conetiva Nome Exemplo


• não
• e não Negação Alice não gosta de Lógica.

• ou e Conjunção Alice gosta de Lógica e de Ética.

• se… então ou
Disjunção
Alice gosta de Lógica ou de Ética.
inclusiva
• se e só se
O tema do segundo capítulo do teu
Disjunção
ou… ou manual de filosofia de 10.º ano
Estas conetivas, aplicadas a proposições simples, exclusiva
ou é a Lógica ou é a Ética.
permitem formar novas proposições (compostas):
se... Se Alice sabe Lógica, então é capaz
• negação então
Condicional
de pensar com rigor.
• conjunção
Alice tem classificação positiva
• disjunção
se e só se Bicondicional no teste se e só se tem pelo
• condicional menos 10 valores.

• bicondicional
FORMALIZAÇÃO

Como já referimos, a forma lógica de uma proposição é a sua estrutura


ou organização, isto é, o modo como as suas partes estão relacionadas.

Para detetarmos a forma lógica das proposições (e dos argumentos) temos


de substituir as palavras por símbolos, ou seja, traduzir as frases usadas A este
na linguagem natural (no nosso caso, o português), para a linguagem formal procedimento
chamamos
da Lógica proposicional. formalização.

Forma lógica

Recorre-se a símbolos
Utiliza-se uma
(variáveis proposicionais
linguagem
e constantes lógicas)
simbólica
para formalizar as proposições
FORMALIZAÇÃO
Quando formalizamos, cada proposição simples é substituída
por uma letra maiúscula (P, Q, R, S, etc.), a que chamamos
variável proposicional.

As palavras que expressam as conetivas proposicionais Tipo de


Conetiva Constante
proposição
também são representáveis por símbolos, a que lógica

chamamos constantes lógicas (chamam-se Negação não ¬

«constantes» porque cada um deles representa Conjunção e ∧

sempre a mesma conetiva). Disjunção inclusiva ou ∨


Disjunção
ou… ou ⩒
Vejamos um exemplo de formalização: exclusiva
Condicional se... então →
O Pedro não é alto. ¬P Bicondicional se e só se ↔

Linguagem natural Linguagem formal (ou simbólica)


FORMALIZAÇÃO Frases do dicionário:
completas
e gramaticalmente
Fazer o dicionário e formalizar bem construídas
OU
O rio é longo não expressarão
Tendo em conta a proposição composta que e profundo. nenhuma
proposição!
queremos formalizar, o dicionário
DICIONÁRIO FORMALIZAÇÃO
é composto pelas proposições simples
existentes, acompanhadas pela P: O rio é longo. P∧Q
Q: O rio é profundo.
correspondente variável proposicional.

O deserto
é árido e seco.

O dicionário não DICIONÁRIO


s
deve conter conetiva FORMALIZAÇÃO
P: O deserto é árido. P∧Q
proposicionais!!!
Q: O deserto é seco.
FORMALIZAÇÃO
Fazer o dicionário e formalizar
MAIS EXEMPLOS DE FORMALIZAÇÕES
Por vezes, é preciso fazer pequenas
alterações linguísticas para garantir
a correção gramatical do dicionário.

Se chover,
então fico em casa.

RIO IC I O NÁRIO
N Á D
DIC IO
C O R RETO
ETO IN
CORR
P: Chove. P: Chove
r.
Q: Eu fico Q: Eu fico
em casa. em casa.
FORMALIZAÇÃO

Se não sais e não corres,

então chegas atrasado.


A formalização de proposições compostas
requer atenção ao âmbito das conetivas Neste caso temos uma condicional,
duas negações e uma conjunção.
(isto é, à sua maior ou menor abrangência).
É necessário usar os parêntesis
DICIONÁRIO para indicar o âmbito,
ou seja, o alcance de uma
P: Sais
Para distinguir o âmbito recorre-se aos determinada conetiva.
Q: Corres
parênteses. Vejamos um exemplo. R: Chegas
atrasado (¬ P ∧ ¬ Q) → R
TABELAS DE VERDADE
Uma tabela de verdade é um dispositivo gráfico que permite determinar
as condições ou circunstâncias em que uma certa forma proposicional
é verdadeira ou falsa.

Na coluna da esquerda da tabela são apresentadas as circunstâncias


possíveis em que uma proposição pode ser verdadeira ou falsa.
Com duas proposições
Tratando-se só de uma (P, Q), a tabela
proposição (P), a tabela terá quatro linhas.
terá duas linhas.
P Q
P V V
V V F
F F V
F F
TABELAS DE VERDADE

P Q R
V V V
V V F
Com três proposições V F V
(P, Q, R), a tabela Com quatro
V F F proposições
terá oito linhas.
F V V (P, Q, R, S),
a tabela
F V F terá
F F V dezasseis
linhas.
F F F
CONDIÇÕES DE VERDADE

Cada uma das conetivas tem


condições de verdade
diferentes, ou seja, é
verdadeira ou falsa em

NEGAo inÇveà O JUN Ç Ã O


circunstâncias diferentes.
Uma negaçã
rte CON é verdadeira

As condições de verdade de Uma conjunção
o valor de verda ba s as conjuntas forem
icial. se am
de cada conetiva podem da proposição in
verdadeiras.
ser apresentadas através P ¬P P Q P∧Q
de tabelas de verdade. V F V V V
F V V F F
Vejamos:
F V F
F F F
CONDIÇÕES DE VERDADE

DISJUNÇÃO
INCLUSIVA DISJUNÇÃO
Uma disjunção inclusiva só é
falsa se ambas as disjuntas EXCLUSIVA
forem falsas. Uma disjunção exclusiva
é verdadeira se as disjuntas tiverem
P Q P∨Q valores de verdade diferentes e falsa
V V V se estes forem iguais..

V F V
P Q P⩒ Q
F V V
V V F
F F F
V F V
F V V
F F F
CONDIÇÕES DE VERDADE

DICI O N AL
CON NDIC I O N A L
é falsa se
Uma condiciona
l só
verdadeira
BICO al é verdadeira
fo r n
a antece den te Uma bicondicio
con seq ue n te for falsa. an do a s p ro po sições
e a qu
p o ne n te s têm valores de
com quando as
e ig ua is e falsa
verdad
P Q P→Q
po siç õ es co m ponentes têm
pro
V V V s d e v erd ad e d iferentes..
valor e
V F F
P Q P↔Q
F V V
V V V
F F V
V F F
F V F
F F V
TABELAS DE VERDADE
Análise de proposições complexas
Consideremos o seguinte exemplo:

(¬ P ∨ Q) → Q P Q (¬ P ∨ Q)
→ Q
V V
Na tabela, nas duas primeiras colunas coloca-se
V F
a combinatória de valores de verdade de P e Q.
F V
Estas duas colunas são iguais em todas as tabelas
com quatro linhas.
F F

Na variável P, coloca-se duas vezes V e duas vezes F.

Na variável Q, coloca-se uma vez V e uma vez F,


uma vez V e uma vez F.
TABELAS DE VERDADE
Análise de proposições complexas
Em primeiro lugar, calcula-se os valores de verdade
de cada conetiva.
1.º 2.º 3.º
A ordem pela qual a tabela deve ser preenchida está P Q (¬ P ∨ Q) → Q
assinalada por números: V V V V
começa-se pela conetiva V F F F
de menor âmbito, ficando sempre a de maior âmbito
F V V V
para o fim.
F F V F
No caso apresentado, calcula-se primeiro a negação de P.
(Os valores de verdade de Q são a mera transposição
dos valores de verdade da segunda coluna.)
TABELAS DE VERDADE
Análise de proposições complexas

Em segundo lugar, calcula-se a disjunção (¬ P v Q).


1º 2º 3º
P Q (¬ P ∨ Q) → Q
V V V V V
V F F F F
F V V V V
F F V V F
TABELAS DE VERDADE
Análise de proposições complexas

Em terceiro lugar, calcula-se a condicional


(cuja antecedente é a disjunção e cuja consequente é Q; 1.º 2.º 3.º
os valores de verdade de Q mais uma vez são a mera P Q (¬ P ∨ Q) → Q
transposição dos valores de verdade da segunda coluna).
V V V V V V V
Por razões de clareza, convém destacar a coluna
V F F F F V F
da conetiva principal (no caso, a condicional).
F V V V V F V

E se tivermos uma
forma F F V V F V F
proposicional mais
plo,
complexa, por exem
com três conetivas?
É o que vamos ver
em seguida.
TABELAS DE VERDADE
Análise de proposições complexas

Vamos agora analisar uma forma proposicional


mais complexa. Por exemplo:

(P → ¬ Q) ∧ (Q ∨ ¬ R)

Como são utilizadas três variáveis proposicionais


(P, Q e R), a tabela de verdade tem oito linhas,
mas o seu preenchimento faz-se de modo
semelhante às tabelas com quatro linhas.
TABELAS DE VERDADE
Análise de proposições complexas
Na variável P, coloca-se quatro vezes V e quatro 2.º 1.º 5.º 4.º 3.º
vezes F.

Na variável Q, duas vezes V e duas vezes F, duas V VV V F F F V V F


vezes V e duas vezes F.
V VF V F F F V V V
Na variável R, alternadamente V e F.
V F V V V V F F F F
A ordem pela qual a tabela deve ser preenchida está V F F V V V V F V V
assinalada por números. F VV F V F V V V F
F V F F V F V V V V
A conetiva de maior âmbito é a conjunção e, por isso,
F F V F V V F F F F
é calculada em último lugar. Trata-se de uma conjunção
F F F F V V V F V V
entre a condicional (2.º) e a disjunção (4.º).
ARGUMENTOS

Um argumento é um conjunto de proposições em que se pretende que uma delas


(a conclusão) seja defendida ou apoiada pela(s) outra(s) – a(s) premissa(s).

Assim, a conclusão de um argumento é a ideia que se visa defender, sendo


as premissas as razões apresentadas para a sustentar. Os argumentos são co
njuntos
de proposições, mas
nem todos
os conjuntos de prop
osições
Exemplificando: são argumentos.
Um argumento é mais
Se os animais sentem dor, então não devem ser maltratados. do que
uma lista de proposiç
PREMISSAS Os animais sentem dor. ões.
Para se tratar de um ar
gumento,
as proposições têm d
CONCLUSÃO Logo, os animais não devem ser maltratados. e estar
organizadas de um m
odo tal que
uma delas (a conclusã
o) se
apresente como a con
INDICADOR DE CONCLUSÃO sequência
das outras (as premis
sas).
ARGUMENTOS NA FORMA CANÓNICA

A forma canónica de um argumento é a maneira mais clara e explícita


de o apresentar.

Para isso suceder:


• as premissas devem surgir primeiro do que a conclusão;
Uma fr
• deve usar-se o indicador de conclusão «logo»; as
a conc e não é
lu
• cada uma das proposições constituintes deve ser escrita argum são de um
en
posiçã to pela
da maneira mais explícita possível; o
ocupa que nele
, ma s p
• o «ruído» (palavras irrelevantes para o argumento) deve relaçã el
o lógic a
que te a
ser eliminado; m com
as out
ra
• se existir alguma proposição (relevante para o argumento) do arg s frases
ument
o.
subentendida deve ser explicitamente apresentada.
ARGUMENTOS NA FORMA CANÓNICA

Num argumento na forma canónica, a conclusão surge no final, antecedida da palavra


«Logo»; mas na comunicação real os argumentos têm apresentações variadas, podendo
a conclusão surgir no início ou no meio.
Exemplificando:

ARGUMENTO
No argumento inicial,
a conclusão («fazes

NA FORMA
bem em ler livros»)

ARGUMENTO está entre


as premissas.

INICIAL CANÓNICA
ula a inteligênc ia e melhora
a in te ligê n cia e melhora Ler livros estim
Ler livros estimula re s s ão ; como tal, a capacidade de expressão
.
e e x p
a capacidade d s. A lé m disso, Geralmente, os livros não sã
o caros.
le r livro
fazes bem em o s ão caros. Logo, fazes bem em ler livro
s.
s livro s nã
geralmente, o
ENTIMEMAS
A mutilação genital
feminina devia ser proibida,
Alguns argumentos, os porque constitui uma violação
PREMISSA
entimemas, têm premissas OCULTA
dos direitos humanos.
subentendidas e a sua Tudo aquilo que
clarificação e reconstituição viola os direitos
humanos devia FORMA
canónica exige que estas sejam ser proibido. CANÓNICA
identificadas e explicitadas. Tudo o que viola os direitos humanos
Ao reescrever o argumento para devia ser proibido.
o expressar na forma canónica A mutilação genital feminina constitui
uma violação dos direitos humanos.
devemos explicitar as premissas
Logo, a mutilação genital feminina
omitidas, pois estas podem dar devia ser proibida.
origem a confusões.
FORMALIZAÇÃO DE ARGUMENTOS

A formalização dos argumentos recorre ao símbolo ∴ ,que representa o «logo».

Se Deus existe, então não temos livre-arbítrio.


Se não temos livre-arbítrio, então andamos iludidos a maior parte do tempo.
Se andamos iludidos a maior parte do tempo, então a nossa vida é absurda.
Logo, se Deus existe, então a nossa vida é absurda.

FORMALIZAÇÃO
DICIONÁRIO
P→¬Q
P: Deus existe. ¬Q→R
Q: Temos livre-arbítrio. R→S
R: Andamos iludidos a maior parte do
tempo.
∴P→S
S: A nossa vida é absurda..

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