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GUSTAVO CANCELIER
Blumenau
2019
Gustavo Cancelier
Blumenau
2019
Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária da Universidade Federal de
Santa Catarina.
Arquivo compilado às 10:49h do dia 18 de julho de 2019.
Cancelier, Gustavo
Uma Introdução à Teoria da Medida e Integração : / Gustavo
Cancelier; Orientador, Prof. Dr. Rafael dos Reis Abreu; - Blu-
menau, 10:49, 18 de julho de 2019.
82 p.
Inclui referências
Banca Examinadora:
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2 FUNÇÕES MENSURÁVEIS . . . . . . . . . 19
3 MEDIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4 INTEGRAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
5 FUNÇÕES INTEGRÁVEIS . . . . . . . . . 49
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . 57
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . 59
APÊNDICE B – ESPAÇO L1 . . . . . . . . 77
1 INTRODUÇÃO
esta teoria.
Em Matemática, é natural questionar se um conjunto de
funções em questão é um espaço normado. No Apêndice B deste
trabalho, tratamos sobre o espaço L1 , que é um espaço normado
construído a partir do conjunto das funções Lebesgue integráveis
As demonstrações foram realizadas "passo a passo", na ten-
tativa de deixar o trabalho auto contido e com o mínimo de pré
requisitos; porém, se faz necessário um conhecimento prévio sobre
Análise Real. Para o leitor interessado, sugere-se as referencias [3] e
[4].
2 FUNÇÕES MENSURÁVEIS
1. ∅, X ∈ σ(X);
2. Dado A ∈ σ(X), o complementar X\A ∈ σ(X);
3. Dada
[ uma sequência (An ) de conjuntos em σ(X), a união
An ∈ σ(X).
n∈N
\
imediato que X\A ∈ σλ (X). Por fim, dada uma sequência (An )
\ λ∈L [ \
em σλ (X), temos que An ∈ σλ (X).
λ∈L n∈N λ∈L
1. τ ⊂ σ(X; τ );
2. Se σ(X) é uma σ-álgebra de X tal que τ ⊂ σ(X), então
σ(X; τ ) ⊂ σ(X).
E1 := {E ∪ {−∞} : E ∈ B},
E2 := {E ∪ {+∞} : E ∈ B} e
{x ∈ X : f 2 (x) > α}
√ √
= {x ∈ X : f (x) > α} ∪ {x ∈ X : f (x) < − α} ∈ σ(X).
Daí,
[
{x ∈ X : (f1 + f2 )(x) > α} = Sr ∈ σ(X).
r∈Q
{x ∈ X : |f (x)| > α}
= {x ∈ X : f (x) > α} ∪ {x ∈ X : f (x) < −α} ∈ σ(X).
são mensuráveis.
1
h2 (x) = [f1 (x) + f2 (x) − |f1 (x) − f2 (x)|].
2
Então, pelas Proposições 2.5, 2.7 e 2.10, concluímos que as funções
h1 e h2 são mensuráveis.
25
Demonstração. Note que f (x) = lim fn (x) = lim inf fn (x). Como fn
é mensurável, segue do Lema 2.15 que a função f é mensurável.
de f , por
f (x),
se |f (x)| ≤ n
max{min{f (x), n}, −n} = fn (x) = n, se f (x) > n,
se f (x) < −n.
−n,
1. µ(∅) = 0;
2. µ(E) ≥ 0, ∀E ∈ σ(X);
e consequentemente µ(E) = 0.
1. µ(E) ≤ µ(F );
2. Se µ(E) < +∞, então µ(F \E) = µ(F ) − µ(E).
f = g q.t.p.
34 Capítulo 3. Medida
f = lim fn q.t.p.
n→+∞
1. λ(∅) = 0;
n
X
Quando c > 0, então cϕ = c aj χEj é a representação padrão de
j=1
cϕ. Daí,
Z n
X n
X Z
cϕ dµ = c aj µ(Ej ) = c aj µ(Ej ) = c ϕ dµ .
j=1 j=1
n
X
2. Tome ϕ e ψ com as representações padrão ϕ = aj χEj
j=1
m
X n X
X m
eψ= bk χFk . Então ϕ + ψ = (aj + bk )χEj ∩Fk . Contudo,
k=1 j=1 k=1
essa representação para ϕ + ψ é uma combinação linear de funções
características, não necessáriamente é a representação padrão para
ϕ + ψ, pois aj + bk podem não ser distintos.
Tome ch , com h = 1, 2, ..., p números distintos do conjunto
2, ..., m} e Gh = (Ej ∩ Fk ) tal que
S
{aj + bk : j = 1, 2, ..., n; k = 1,X
aj + bk = ch . Assim, µ(Gh ) = µ(Ej ∩ Fk ). Como
(h)
m m
!! !
[ [
µ(Ej ) = µ(Ej ∩ X) = µ Ej ∩ Fk =µ (Ej ∩ Fk )
k=1 k=1
m
X
= µ(Ej ∩ Fk ) ,
k=1
temos que
p
X p
X X
ϕ+ψ = ch µ(Gh ) = ch µ(Ej ∩ Fk )
h=1 h=1 (h)
p X
X
= (aj + bk )µ(Ej ∩ Fk )
h=1 (h)
Xn Xm
= (aj + bk )µ(Ej ∩ Fk )
j=1 k=1
Xn X m n X
X m
= aj µ(Ej ∩ Fk ) + bk µ(Ej ∩ Fk )
j=1 k=1 j=1 k=1
40 Capítulo 4. Integral
n
X m
X m
X n
X
ϕ+ψ = aj µ(Ej ∩ Fk ) + bk µ(Ej ∩ Fk )
j=1 k=1 k=1 j=1
Xn m
X
= aj µ(Ej ) + bk µ(Fk ) .
j=1 k=1
Z Z Z
Portanto, (ϕ + ψ)dµ = ϕdµ + ψdµ.
n
X
3. Como ϕχE = aj χEj ∩E , segue que
j=1
Z n
X Z n
X
λ(E) = ϕχE dµ = aj χEj ∩E dµ = aj µ(Ej ∩ E) .
j=1 j=1
Z Z
≤ sup ϕdµ | ϕ ∈ M é simples e ϕ(x) ≤ g(x) = gdµ .
+
= f dµ.
F
Z ! Z
[
ϕdµ = µ(X) = µ An = lim µ(An ) = lim ϕdµ .
n→∞ n→∞ A
n∈N n
Z Z
Na inequação αϕdµ ≤ fn dµ, aplicando o limite em
An
Z Z
ambos os lados, temos que α ϕdµ ≤ lim fn dµ. Como 0 < α <
n→∞
1 é arbitrário, segue que
Z Z
ϕdµ ≤ lim fn dµ.
n→∞
m
X
Corolário 4.6. Sejam fi ∈ M + e i = 1, ..., m, então fi ∈ M + e
i=1
m
Z X m Z
X
fi dµ = fi dµ .
i=1 i=1
indução, que
Z Z
(f1 + ... + fk + fk+1 )dµ = [(f1 + ... + fk ) + fk+1 ]dµ
Z Z
= (f1 + ... + fk )dµ + fk+1 dµ
Z Z Z
= f1 dµ + ... + fk dµ + fk+1 .
lim gm (x) = sup gm (x) = sup inf fn (x) = lim inf fn (x) .
m∈N m m≤n
da por Z
λ(E) = f dµ ,
E
então λ é uma medida.
n Z
X n
X
= lim f dµ = lim λ(Ek ) .
n→∞ n→∞
k=1 Ek k=1
+
Z Seja f ∈ M . Temos que f (x) = 0 q.t.p. em X se,
Corolário 4.9.
e somente se, f dµ = 0.
Z
Reciprocamente, suponha que f dµ = 0. Tome En = {x ∈
1 1 1
Z Z
X : f (x) > }. Então f ≥ χEn e daí f dµ ≥ χE dµ =
n n n n
1 1
Z
µ(En ). Note que 0 = f dµ ≥ µ(En ) ≥ 0 e portanto µ(En ) = 0.
n n
[ +∞
X
Como 0 ≤ µ(A) = µ( En ) ≤ µ(En ) = 0, em que A = {x ∈
n∈N n=1
[
X : f (x) > 0} = En , concluímos que A tem medida nula. Logo,
n∈N
f (x) = 0 q.t.p.
+
Z 4.10. Suponha que f ∈ M e defina λ : σ(X) → R por
Corolário
λ(E) = f dµ. Então a medida λ é absolutamente contínua com
E
relação a µ, ou seja, se E ∈ σ(X) e µ(E) = 0, então λ(E) = 0.
Z Z
f χN dµ = lim fn χM . Como µ(N ) = 0, as funções f χN e
n→∞
fn χN são nulas em quase todo ponto.
Note que quando N e M pertencem a σ(X) e são tais que
N ∩ M = ∅ e N ∪ M = X. Logo, χX (x) = χN (x) + χN (x) e segue
do Corolário 4.9 que
Como f = f χM + f χN e fn = fn χM + fn χN , temos
Z Z Z Z
f dµ = f χM dµ = lim fn χM dµ = lim fn dµ .
n→∞ n→∞
m
X
Demonstração. Defina fm = gn = g1 + ... + gm . Como gn ∈ M + ,
n=1
temos que fm ≤ fm+1 e ainda, como fm é soma de mensuráveis
não negativas, temos que fm ∈ M + . Visto que lim fm (x) =
m→+∞
m
X +∞
X
lim gn (x) = gn (x), temos
m→+∞
n=1 n=1
∞
Z X Z m
Z X
gn dµ = lim fm dµ = lim gn dµ
m→∞ m→∞
n=1 n=1
m Z
X ∞ Z
X
= lim gn dµ = gn dµ .
m→∞
n=1 n=1
5 FUNÇÕES INTEGRÁVEIS
Z
|f |− = 0 < +∞ ,
Z Z
= −cf − dµ − −cf + dµ
53
Z Z Z
cf dµ = c f + dµ − f − dµ
Z
=c f dµ .
Z Z Z
(f + g)dµ = (f + g )dµ − (f − + g − )dµ
+ +
Z Z Z Z
= f + dµ − f − dµ + g + dµ − g − dµ
Z Z
= f dµ + gdµ .
(
f (x), se x ∈ X\N
f˜(x) =
0, se x ∈ N
Note que (f˜n ) é integrável, lim f˜n (x) = f (x) e consequentemente,
lim |f˜n (x)| = |f˜(x)| para todo x ∈ X. Como f˜n (x) ≤ g(x) para
todo nZ∈ N e todo ˜ ˜
Z x ∈ X, temos que |f (x)| = lim |fn (x)| ≤ g(x)
então, |f˜|dµ ≤ |g|dµ < +∞. Logo,
Z Z Z Z
gdµ + f˜dµ = (g + f˜)dµ = lim inf(g + f˜n )dµ
n→+∞
Z Z
≤ lim inf gdµ + f˜n dµ
n→+∞
Z Z
= gdµ + lim inf f˜n dµ .
n→+∞
Z Z
Então, obtemos f˜dµ ≤ lim inf f˜n dµ. De forma análoga, ob-
Z Z Z
temos lim sup f˜n dµ ≤ f˜dµ. Assim, lim inf f˜n dµ ≤ lim sup
Z Z Z
f˜n ≤ f˜dµ ≤ lim inf f˜n dµ, então
Z Z
lim f˜n dµ = f˜dµ .
Z Z
Temos que ˜
fn dµ converge para f˜dµ e queremos mos-
Z Z
trar que fn dµ converge para f dµ.
Z Z Z
Como fn dµ = fn dµ + fn dµ, obtemos
X\N N
Z Z Z Z
f˜n dµ = fn dµ e f˜dµ = f dµ .
X\N X\N
Z Z
Então fn dµ converge para f dµ. Finalmente, pelo Coro-
X\N
Z Z X\N
Z Z
ou seja, lim fn dµ = f dµ.
Demonstração. Seja (tn ) uma sequência em [a, b]. Como fto (x) =
lim ft0 (x), então (tn ) converge para t0 e assim, (ftn (x)) converge
t→t0
para ft0 (x) para todo x ∈ X. Então Z|ftn (x)| ≤ g(x), para todo
Z n∈N
e x ∈ X; logo, pelo Teorema 5.5, ftn dµ converge para ft0 dµ.
Portanto,
Z Z Z Z
lim f dµ = ft0 dµ ⇒ ft0 dµ(x) = lim ft dµ(x) .
t→t0 t→t0
56 Capítulo 5. Funções Integráveis
∂F F (tn ) − F (t)
(t) = lim
∂t n→∞ tn − t
Z
1
Z
= lim f (x, tn )dµ(x) − f (x, t)dµ(x)
n→∞ tn − t
f (x, tn ) − f (x, t)
Z
= lim dµ(x)
n→∞ tn − t
∂f
Z
= (x, t)dµ(x) .
∂t
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
s(f : Q)−s(f : P ) = (mx −mr )(tx −tr−1 )+(mrx −mr )(tr −tx ) ≥ 0.
Z b
soma inferior, obtemos m(b − a) ≤ f (x) dx. De mesma forma,
a
Z b
prova-se que f (x) dx ≤ M (b − a).
a
Como consequência do Corolário A.4, temos que sup s(f :
Z b Z b
P ) ≤ inf S(f : Q) assim, f (x) dx ≤ f (x) dx.
a a
1. f é integrável;
Z b Z b
f (x) dx − f (x) dx =
a a
"Z #
Z c Z c b Z b
f (x) dx − f (x) dx + f (x) dx − f (x) dx = 0.
a a c c
Z b
Demonstração. Temos que f (x) dx = sup{s(f : P ) : P é parti-
a
ção de [a, b]}, e ainda como f é escada,
n
X n
X
s(f : P ) = mi (ti − ti−1 ) = ci (ti − ti−1 ) (A.1)
i=1 i=1
Z b
Por outro lado, f (x) dx = inf{S(f : P ) : P é partição de [a, b]},
com a
n
X n
X
S(f : P ) = Mi (ti − ti−1 ) = ci (ti − ti−1 ) (A.2)
i=1 i=1
Z b
Analisando A.1 A.2, obtemos que f é integrável e f (x)dx =
a
n
X
ci (ti − ti−1 ).
i=1
c· f (x)dx.
a
f 1 1
Demonstração. Como = f · , basta provar que é integrável.
g g g
Temos que g é integrável e 0 < k ≤ |g(x)| para todo x ∈ [a, b]. Sejam
A.4. Propriedades da Integral 73
1
ωi e ωi0 as oscilações de g e, respectivamente no i-ésimo intervalo
g
1 1
de uma partição P . Note que se k ≤ |g(x)|, então ≤ .
|g(x)| k
Como g é integrável para todo η > 0 existe uma partição P
tal que S(g : P ) − s(g : P ) < η, considerando η = k 2 , temos que
Xn
S(g : P ) − s(g : P ) = ωi (ti − ti−1 ) < η = k 2 . Por outro lado
i=1
1 1
para quaisquer x, y no i-ésimo intervalo de P , tem-se | − |=
g(y) g(x)
n
|g(x) − g(y)| ωi ωi X
≤ 2 . Então ωi ≤ 2 , e ainda ωi0 (ti − ti−1 ) < .
|g(y)g(x)| k k i=1
1
Portanto é integrável.
g
Teorema A.14. Sejam f : [a, b] → R e g : [a, b] → R funções
Z b
integráveis. Se f (x) ≤ g(x) para todo x ∈ [a, b], então f (x)dx ≤
Z b a
g(x)dx.
a
Observação A.5. É possível ter f (x) ≥ 0 para todo x ∈ [a, b], com
A.4. Propriedades da Integral 75
Z b
f (x)dx = 0 sem que f seja identidamente nula. Tome f (x) = 1
a
em uma quantidade finita de pontos e f (x) = 0 fora deste conjunto
finito.
Observação A.6. Se f é contínua e f (x) ≥ 0, a única forma de
Z b
f (x)dx = 0 é f sendo identicamente nula.
a
2. N (v) = 0 ⇔ v = 0;
n n n
! p1 n
! q1
p q
X X X X
|xi yi | = x i yi ≤ |xi | · |yi | .
i=1 i=1 i=1 i=1
p q
|xi | |yi | 1 1
Demonstração. Sejam aj = P p , bj = P q, α = eβ= ,
|xi | |yi | p q
daí aα bβ ≤ α · a + β · b. Então,
|xi |p 1 |yi |q
P P P
|xi yi | 1
1 P q q1
≤ · p
+ ·
|yi |q
p p
P P
P
( |xi | ) ( |yi | ) p |xi | q
1 X 1 1
p 1 q 1 · |xi yi | ≤ + =1
(
P
|xi | ) (
p
P
|yi | ) q p q
X p1 X q1
p q
X
|xi yi | ≤ |xi | · |yi | .
n
! p1 n
! p1 n
! p1
p p p
X X X
|xi + yi | ≤ |xi | + |yi | .
i=1 i=1 i=1
Demonstração.
X p
X p−1
|xi + yi | = |xi + yi ||xi + yi |
79
X
≤ [(|xi | + |yi |) · |xi + yi |]
X p−1
X
p−1
= |xi ||xi + yi | + |yi ||xi + yi |
X p1 X q1
p q·(p−1)
≤ |xi | |xi + yi |
X p1 X 1
p q·(p−1) q
+ |yi | |xi + yi |
X 1 X 1 X 1
p p p p p q
= |xi | + |yi | |xi + xi |
X p1 X p1
p p
≤ |xi | + |yi | .
p 1 1
2. Tome Np (0, ..., 0) = (|0| + ... + |0|)p = (0, ..., 0) p = 0 p =
1
0. Reciprocamente, seja (|u1 |p + ... + |un |p ) p = 0 então 0 ≤ |ui | =
p 1 P p 1
(|ui | ) p < ( |ui | ) p = 0.
p p
3. Note que Np (αu1 + ... + αun ) = (|αu1 | + ... + |αun | ) =
p p p p 1 p p 1
(|α| · |u1 | + ... + |α| · |un | ) p = |α|(|u1 | + ... + |un | ) p = |α|
Np (u1 , ..., un ).
4. Direto da Desigualdade de Minkowski (Teorema B.2).
N (f ) = sup{|f (x)| : x ∈ X} .
82 APÊNDICE B. Espaço L1