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I

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA


FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
Fundada em 18 de Fevereiro de 1808

Monografia

Agrotóxicos na agricultura transgênica e seus efeitos à


saúde da população: uma revisão sistemática da literatura

BENJAMIN BEDIN

Salvador (Bahia)
Janeiro, 2017
II
III

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA


FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
Fundada em 18 de Fevereiro de 1808

MONOGRAFIA

Agrotóxicos na agricultura transgênica e seus efeitos à


saúde da população: uma revisão sistemática da literatura

Benjamin Bedin

Professor Orientador: Paulo Gilvane Lopes pena

Monografia de Conclusão do
Componente Curricular MED-B60,
como pré-requisito obrigatório e parcial
para conclusão do curso médico da
Faculdade de Medicina da Bahia da
Universidade Federal da Bahia,
apresentada ao Colegiado do Curso de
Graduação em Medicina

Salvador(Bahia)
2017
IV

Monografia: Agrotóxicos na agricultura transgênica: seus efeitos à saúde da


população, uma revisão sistemática, de Benjamin Bedin.

Professor orientador: Paulo Gilvane Lopes Pena

COMISSÃO REVISORA:

 Paulo Gilvane Lopes Pena, Professor do Departamento de Medicina Preventiva


e Social da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia.

Assinatura:__________________________________________

 Telma Sumie Masuko,Professor do Departamento de Departamento de


Biomorfologia do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Bahia.

Assinatura:__________________________________________

 Renée Amorim dos Santos Félix, Professor do Departamento de Patologia e


Medicina Legal da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da
Bahia.

Assinatura:__________________________________________

 Ronaldo Ribeiro Jacobina, Professor do Departamento de Medicina Preventiva


e Social da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia.

Assinatura:__________________________________________

TERMO DE REGISTRO ACADÊMICO: Monografia


avaliada pela Comissão Revisora, e julgada apta à apresentação
pública no Seminário Estudantil de Pesquisa da Faculdade de
Medicina da Bahia/UFBA, com posterior homologação do conceito
final pela coordenação do Núcleo de Formação Científica e de MED-
B60 (Monografia IV). Salvador (Bahia), em ___ de _____________
de 2017.
V
V

Começa a parecer que tudo que alguém faz para ganhar a vida ou por prazer
engorda, é imoral, ilegal ou, ainda pior, oncogênico.
Robbins & Cotran

Viva, portanto, amigo. Viva, viva


de qualquer jeito, na esperança viva
de que o câncer há-de morrer de câncer.
Carlos Drummond de Andrade
VI

DEDICATÓRIA

Aos meus pais Maria Natalina e Larri Bedin.


VII

EQUIPE
 Benjamin Bedin, Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA. Correio-
e:benjaminbedin@gmail.com;
 Paulo Gilvane Lopes Pena, Faculdade de Medicina da Bahia /UFBA
VIII

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

 Faculdade de Medicina da Bahia

FONTES DE FINANCIAMENTO

1. Recursos próprios.
IX

AGRADECIMENTOS

À minha família, em especial a minha mãe, Maria, a meu pai, Larri, aos
meus irmãos Marcos Vinicius e Aline, pelo apoio constante, palavras de estímulo e bom
humor.
À minha companheira Eva, sem a qual não teria conseguido realizar meu
trabalho de conclusão.
À meu Professor orientador, Paulo Gilvane Lopes Pena, pela confiança para
a realização desse trabalho, sua presença constante e substantivas orientações
acadêmicas e à minha vida profissional de futuro médico.
Às professoras Telma Sumie Masuko e Renée Amorim dos Santos, pela
compreensão e atenção dedicadas que foram essenciais para as correções finais deste
trabalho.
1

SUMÁRIO

ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS 2


ÍNDICE DE SIGLAS E ABREVIATURAS 3

I. RESUMO 4

II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 5

III. OBJETIVOS 9

IV. METODOLOGIA 10

V. RESULTADOS 12
V.1 Característica da amostra
V.2 Riscos de viés entre os artigos

VI. DISCUSSÃO 30
VI.1Implicações na saúde
VI.2Efeitos neurotóxicos
VI.3Exposição do trabalhador agrícola
VI.4Carência de estudos na população consumidora

VII. CONCLUSÕES 41

VIII. SUMMARY
42

IX . REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 43
2

ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS

FIGURA
Figura 1. Diagrama de fluxo de informação segundo a recomendação PRISMA 11
Figura 02. Agrotóxicos mais utilizados na comunidade rural de Córrego de 28
São Lourenço.
Figura 03. Agrotóxicos mais comercializados na cultura de soja no
29
município de Cascavel-PR

TABELA
Tabela 1. Resultados estudos de epidemiológico de 1997 a 2015 17
Tabela 2. Associações entre agrotóxicos estudados e doenças/alterações fisiológicas 24
3

SIGLAS E ABREVIATURAS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

AHS Estudo de Saúde Agrícola

BChE Butirilcolinesterase

CTNBio Comissão Técnica Nacional de Biossegurança

DCNT Doenças crônicas não transmissíveis

DCVs Doença cardiovascular

DNA Ácido desoxirribonucleico

DPOC Doença pulmonar obstrutiva crônica

DRT Doença renal terminal

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EPI Equipamentos de Proteção Individual

GSI Sistema de informação geográfica

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INCA Instituto Nacional do Câncer

LNC Lista de Notificação Compulsória

MN Micronúcleos

NIOSH Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional

OGM Organismos Geneticamente Modificados

OMS Organização Mundial da Saúde

ONU Organização Mundial da Saúde

OP Organofosforados

OSHA Administração de Segurança e Saúde Ocupacional

PON1 Paraoxonase

PR Paraná

SIM Sistema de Informação sobre Mortalidade

TCDD 2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina
4

2,4D 2,4-diclorofenoxiacético
5

I. RESUMO

[AGROTÓXICOS NA AGRICULTURA TRANSGÊNICA E SEUS


EFEITOS À SAÚDE DA POPULAÇÃO: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DA
LITERATURA] A produção agrícola no Brasil está baseada na agricultura intensiva, que
consiste em monoculturas, em geral para exportação, com grande uso de tecnologias
mecanizadas e agrotóxicos. O país tornou-se o principal consumidor mundial de agrotóxicos
nos últimos anos consumindo milhões de toneladas e é avaliado como um mercado muito
promissor. O presente estudo tem como objetivo analisar e identificar efeitos nocivos à saúde
da população decorrentes do uso de agrotóxicos aplicados na agricultura transgênica,
especialmente na soja. Método: Trata-se de estudo de revisão sistemática da literatura em que
foram selecionados artigos publicados no período entre 1998 a 2015, em periódicos virtuais
de bancos de dados nacionais e internacionais, publicadas em português, inglês e espanhol,
nas bases de dados indexadas no Lilacs, Scielo, PubMed, e BVS. Foram encontrados ao todo
721 trabalhos, dos quais 14 foram selecionados após aplicação dos critérios. Entre os
principais resultados, o estudo apresenta dados de consumo de agrotóxicos e a toxicidade
desses produtos com seus agravos e danos à população, assim como estratégias para
prevenção e promoção à saúde. Sendo os principais agravos decorrentes por intoxicação
crônica; doença de Parkinson idiopática, maior risco de arritmias e cânceres relacionados à
hormônios, incluindo mama, tireoide e ovário. Conclusão: Os agrotóxicos constituem um
problema a ser considerado na saúde pública. Esta revisão indicou uma escassez de estudos
realizados no Brasil, revelando a necessidade de mais estudos sobre o tema. A gravidade dos
riscos demanda e a implementação de ações diretas de educação e melhor uso de EPI’s,
conscientização da população sobre os riscos do uso de agrotóxicos e leis mais rigorosas
quanto a utilização e liberação e comercialização dos agroquímicos.
Palavras chaves: 1.Agrotóxicos. 2.Transgênico. 3.Saúde
6

II. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA

Os organismos geneticamente modificados (OGM) são organismos, no caso as


plantas, que têm seu material genético modificado pela introdução de um ou mais genes
através da técnica de biologia molecular. Assim, genes oriundos de diferentes vegetais,
animais ou microrganismos podem ser introduzidos em um genoma vegetal receptor,
conferindo às plantas, novas características para a otimização da produção de alimentos,
fármacos e outros produtos industriais (Nodari, 2003).
Em 1996 os Estudos Unidos começaram a utilizar de organismos geneticamente
modificados, com a introdução da soja Roundup Ready (James, 2010). Já em julho de 1998
houve a primeira requisição para o uso em escala comercial de uma semente modifica a ser
plantada em território nacional feito pela Monsanto à Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança (CTNBio). A “liberação ocorreu a partir de setembro de 2003 da soja Roundup
Ready.” (Finucci,2010)
Segundo Peres (2009), agronegócio é, hoje, o maior setor exportador brasileiro,
representando 42% das exportações de nosso país. Brasil é o maior produtor mundial de soja,
com uma produção anual de aproximadamente 68 milhões de toneladas. A maioria dos estados
brasileiros produz soja, com destaque para Mato Grosso maior produtor brasileiro do grão,
seguido por Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Goiás que, juntos, somam
81,55% de toda a produção nacional (Carvalho,2012) Esse aumento crescente da produção de
soja no país tem sido acompanhado pelo aumento também crescente do consumo de
agrotóxicos específicos para plantações transgênicas.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA,2013) o mercado
brasileiro de agrotóxicos expandiu rapidamente na última década (190%), num ritmo de
crescimento maior que o dobro do apresentado pelo mercado global (93%), o que coloca o
Brasil em primeiro lugar no ranking mundial, desde 2008 com um consumo de um milhão de
toneladas (INCA,2013).
O termo “agrotóxico” passou a ser adotado no Brasil a partir da Lei Federal nº
7.802/1989, regulamentada pelo Decreto nº 4.074/2002, e representa compostos de
substâncias químicas destinadas ao controle, destruição ou prevenção, direta ou indiretamente,
de agentes patogênicos para plantas e animais úteis e às pessoas (Santana,2013).
A modificação genética da soja transgênica comercializada atualmente tem por
objetivo o aumento da resistência da planta ao herbicida glifosato. Essa característica traz
7

como consequência a facilidade no manejo da cultura, ao permitir um menor número de


aplicações de herbicida, que resulta em menores custos de produção (Pelaez,2008). Contudo,
há relação positiva entre a produção de soja transgênica e consumo do herbicida glifosato,
visto que segundo Carvalho et al.(2012) o glifosato é o agrotóxico mais consumido no país,
respondendo por quase metade do volume de todos os ingredientes ativos comercializados no
país.
Na produção da soja transgênica emprega-se vários tipos de agrotóxicos os mais
ultizados são; os herbicidas glifosato roundup (N-fosfonometil-glicina) e U-46 prime (Sal de
dimetilamina do ácido 2,4-diclorofenoxiacético). Os inseticidas, Emamectin benzoato
(benzoato de emamectina), Fastac 100 (Alfa–Cipermetrina), Nomolt® 150 (teflubenzurom),
Nortox® (acefato), Tamaron® (metamidofos) e malatião. Fungicidas zignal® (Fluazinam).
Os pesticidas ácido diclorofenoxiacético (2,4D), dimilin® 80 WG (diflubenzurom) e
Intrepid® 240 SC (metoxifenozida) e Clorpirifós. Todos com grau de toxidades comprovado
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA,2013).
Vários estudos vêm acumulando evidências de que a exposição a substâncias
químicas dos agrotóxicos pode causar danos ao meio ambiente e à saúde humana
(Anndrade,2012). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as intoxicações
agudas por agrotóxicos são da ordem de três milhões anuais, com 2,1 milhões de casos só nos
países em desenvolvimento. Além das intoxicações agudas, Pignati et al.(2014) afirma
também que são notificadas as intoxicações crônicas relacionadas aos agrotóxicos (alguns
tipos de cânceres e malformações fetais, distúrbios neurológicos, endócrinos, mentais e
cognitivos). Também a Riederer et al. (2010) e Lebov et al. (2015) evidenciam que casos de
intoxicações humanas sugerem que a exposição a pesticidas pode causar danos permanentes
nos rins. Para Porto et al. (2012) mostra que há associação dos agrotóxicos com casos de
depressão e suicídios.
Agrotóxicos do grupo organofosforado como Nortox® (acefato) são inseticidas
atuam no organismo humano inibindo um grupo de enzimas denominadas colinesterases, que
atua na degradação da acetilcolina, um neurotransmissor responsável pela condução de
impulsos no sistema nervoso (central e periférico). Uma vez inibida, esta enzima não
consegue degradar a acetilcolina, o que afeta toda a cadeia de transmissão de impulsos
nervosos no organismo, ocasionando diversos distúrbios, que vão desde dores , tremores,
incluindo cefaleias tonturas e, em alguns casos, a perda de consciência/desmaios.15 Outros
efeitos à saúde são relatados por para Bortolli et al. (2009) que encontraram alterações
8

nucleares de células vestibulares em estudos realizados nos trabalhadores rurais expostos


Adad et al. (2015) , que revelaram também alterações nucleares em células da mucosa bucal.

Segundo Fritschi et al. (2015), o glifosato pode aumento dos riscos relatados para
linfoma não-Hodgkin, pela sua genotoxicidade e estresse oxidativo. Outro herbicida que a
longo prazo gera graves problemas é Sal de dimetilamina do ácido 2,4-
diclorofenoxiacético(2,4D) que segundo YI et al. (2014), aumenta a prevalência
principalmente de cirrose hepática e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), Também
Landrigan et al. (2015), afirma que Sal de dimetilamina do ácido 2,4-diclorofenoxiacético
(2,4 D) é um possível carcinógeno humano, mas ressalta que devemser feito mais estudos
sobre o assunto. Já para o inseticida Benzoato de Emamectina não há ainda registros na
literatura sobre seus efeitos crônico, apenas efeitos agudos tais como: náuseas, vômitos e
diarreias. Há também o Alfa–Cipermetrina que Lafiura et al. (2007) sugerem que a exposição
pré-natal ao inseticida pode ser fatores causais para a geração de cromossômica associada à
leucemia.
Na literatura está muito bem documentado trabalhos relacionados sobre à saúde
humana e o uso de agrotóxicos de maneira geral, contudo, ela carece em relação aos
agrotóxicos específicos para a agricultura transgênica, principalmente à soja transgênica, por
não ter revisões recente sobre o assunto. Portanto, este trabalho visa elucidar a seguinte
premissa: Quais os efeitos à saúde humana decorrentes do uso de agrotóxicos específicos para
agricultura transgênica?
Isto posto, o presente trabalho justificasse pela necessidade de fornecer
informações e ampliar as discussões, no âmbito da saúde humana, saúde ocupacional, e ainda
a objetiva identificar e debater alguns dos principais riscos associados ao uso de agrotóxicos
na produção de soja transgênica.
9

III OBJETIVOS

3.1 PRINCIPAL

Identificar e analisar efeitos nocivos à saúde humana resultantes do uso de


agrotóxicos aplicados na soja e demais produtos transgênicos, com ênfase no consumidor
final e na saúde ocupacional do trabalhador rural.

3.2 SECUNDÁRIOS

1. Avaliar ações dos serviços públicos no Brasil na literatura em relação ao


controle dos efeitos da intoxicação por agrotóxicos.
2. Analisar os desafios em relação a problemática do uso indiscriminado de
agrotóxicos em plantações transgênicas.
10

IV METODOLOGIA

Trata-se de estudo de revisão sistemática da literatura com base em artigos


publicados sobre os efeitos nocivos à exposição ao agrotóxico, por exposição direta ou
indireta, e relacionados a soja transgênica, Foram encontrados 721 artigos no período
selecionado (1998 a maio de 2015). Para tanto foram utilizadas as seguintes bases de dados:
Scientific Eletronic Library Online (Scielo), Literatura Latino-americana y del Caribe en
Ciências de la Salud (Lilacs), Pub Med (U.S.National Library of Medicine -National Institutes
of Health), biblioteca virtual de saúde e bancos de dados oficiais e de organismos
internacionais como NIOSH, OSHA e outros, por terem grandes abrangências bibliográfica.
Para cada base utilizou-se filtros (publication date, palavras-chaves, species) para a seleção de
artigos.
Como critérios de inclusão tornaram-se elegíveis: artigos originais de pesquisa,
dissertações, trabalhos de mestrado e doutorado publicados nos anos de 1998 a 2015, em
português, inglês e espanhol, que estudaram os efeitos agudos ou crônicos na saúde da
população dos agrotóxicos usados na soja e outros produtos transgênicos. Foram incluídos os
tipos de estudo: ensaio clínico, estudo de coorte e caso controle. Não houve restrições com
relação ao sexo e idade das populações estudadas, nem ao tempo de exposição, desde que
estejam relacionadas ao uso de produtos da agricultura transgênica.
Foram excluídos artigos de editoriais e relatos de casos, publicações anteriores a
1998 (ano da introdução de culturas transgênicas), ensaios clínicos feitos em animais, e
artigos que abordavam somente questões referente ao uso da soja transgênica sem relações
com a saúde, assim como estudos ecológicos e revisões sistemáticas. Em relação à estes dois
últimos, decidiu-se por não incluir estes estudos na amostra, apesar de alguns artigos de
revisão serem citados ao longo do trabalho.
Na estratégia de busca dos artigos foram utilizados descritores, combinados entre
si, e os operadores booleanos AND e OR, como: “agrotóxicos” OR “soja transgênica” OR
“genetically modified soybean” OR “agrotóxicos e saúde humana” OR “pesticides human
health” OR “agrotóxicos e saúde trabalhador” OR “pesticides health worker” AND
11

“organofosforado” OR “organophosphates”. Outros descritores foram utilizados em função da


seleção a ser feita nos artigos encontrados no estudo preliminar.
Os estudos selecionados foram organizados em banco de dados para análise e
sistematização. A primeira parte da análise foi feita a partir da leitura dos títulos e dos
resumos selecionados segundo categorias abrangentes definidas no objetivo, como exposição
ocupacional e ambiental à saúde humana decorrentes do uso de agrotóxicos na agricultura
transgênica. Uma segunda etapa envolveu a análise completa dos artigos. Aqueles em que o
estudo pesquisou associação do agrotóxico e saúde foram analisados na íntegra.
O projeto não necessita de ser submetido ao comitê de ética e pesquisa (CEP) e
nem ser cadastrados na Plataforma Brasil, por se tratar de uma revisão sistemática.

Figura 1. Diagrama de fluxo de informação segundo a recomendação PRISMA, adaptado de


Brasil (2012)
12

V. RESULTADOS.

CARACTERÍSTICA DA AMOSTRA

Foram encontrados 721 artigos até maio de 2015. Destes, após a exclusão de 11
duplicados, restaram 710 artigos, sendo 606 excluídos por não preencherem os critérios de
inclusão descritos na metodologia. Em seguida, foram selecionados 104 artigos para a leitura
completa. Destes, excluíram-se 90 artigos devido aos seguintes fatores; não especificar o tipo
de agrotóxico utilizado na amostra e/ou ser estudo ecológico e/ou especificar o tipo de
agrotóxico, porém, não ser utilizado na cultura da soja transgênica e/ou fugir o tema proposto.
Como mostra a figura 1. As características de cada artigo selecionado para o trabalho podem
ser observadas na tabela 01.
Um total de 14 artigos foram selecionados após leitura integral do texto. Desses,
em sua totalidade tratam sobre estudos observacionais; 6 estudos de corte transversal ,5 de
caso controle, 2 de corte prospectiva e 1 de corte retrospectiva. Sendo realizados em 9
países;4 nos Estados Unidos, 3 no Brasil ,1 no Vietnã,1 no México, 1 em Taiwan,1 no Peru, 1
na Índia,1 na Argentina e 1 na Palestina. Dentre os estudos analisados, sua maioria (n=11)
eram em trabalhadores rurais expostos diretamente e indiretamente ao agrotóxico e ao grupo
químico dos organofosforados, o qual foi o mais abordado neste trabalho devido ao seu alto
grau de toxicidade.
Renteria et al. (2012) realizaram um estudo de corte transversal no México no
período de maio a agosto de 2009. A população estudada foi constituída por 25 homens
expostos a pesticidas e 21 que não foram expostos. Os objetivos deste estudo foram conhecer
os problemas de saúde dos trabalhadores agrícolas cronicamente expostos a pesticidas, avaliar
possíveis danos genético, bem como explorar algumas alterações hepáticas, renais e
hematológicas. Os resultados obtidos foram que o grupo exposto apresentou intoxicação
aguda (20% dos casos) e diversas alterações do sistema digestivo, neurológico, respiratório,
circulatório, dermatológico, renal e reprodutivo, provavelmente associadas à exposição a
pesticidas. Mais importante ainda, eles apresentaram fragmentos de DNA livre no plasma
bem como um maior nível de peroxidação lipídica.
Adad et al. (2015) realizaram um estudo de caso controle no Piauí, Brasil. A
amostra foi constituída de 100 trabalhadores do sexo masculino expostos a pesticidas,
divididos em dois grupos: grupo l com 80 indivíduos registrados no Centro de Referência de
13

Saúde Ocupacional do estado e Grupo 2 com 20 trabalhadores de uma empresa privada que
produz limões e mangas e 62 de grupo controle. O objetivo foi avaliar as alterações
citogenéticas utilizando o ensaio de micronúcleo bucal, parâmetros hematológicos e lipídicos,
atividade de butirilcolinesterase (BChE) e polimorfismos genéticos de enzimas envolvidas no
metabolismo de agrotóxicos. Como esultado aumento significativo observado nas freqüências
de micronúcleos, cariorrex, , cariólise e células binucleadas nos grupos expostos em relação
aos controles. Não foram detectadas diferenças quanto aos parâmetros hematológicos, perfil
lipídico e atividade de BChE.
Hung et al. (2015) realizaram estudo realizado em Taiwan de coorte retrospectivo,
no período de 2000 a 2011.Os participantes foram 7.561 pacientes segurados e acometidos
envenenamento de organofosforado, e 30,244 pacientes do grupo controle sem
envenenamento por organofosforado. Objetivo do estudo foi estimar os riscos de arritmia,
coronariopatia e insuficiência cardíaca congestiva em pacientes com histórico de intoxicação
aguda por organofosforado. Resultados indicaram que pacientes que tiveram intoxicação
aguda por organofosforados apresentaram maiores taxas de incidência de arritmia,
coronariopatia e insuficiência cardíaca congestiva em comparação ao grupo controle ao longo
do tempo.
Yucra et al. (2008) fizeram um estudo no Peru de corte transversal, cuja a amostra
foi de 31 expostos à pesticidas organofosforados e 31 não expostos pareados por idade.O
objetivo foi avaliar a associação entre os metabólitos de fosfato de dialcofila de
organofosforados e a qualidade do sêmen entre os aplicadores de pesticidas. Os Resultados
indicaram uma redução significativa do volume de sêmen e um aumento do pH do sêmen em
homens com metabólitos de organofosforado (OP).
Hundekari et al. (2013) Realizaram uma pesquisa na Índia de corte transversal,
estudando 150 casos de intoxicação por OP clinicamente diagnosticados e 30 indivíduos
normais de grupo controle. O objetivo do estudo foi avaliar o dano oxidativo, o nível de
hemoglobina e a contagem de leucócitos no envenenamento agudo por agrotóxicos.
Utilizaram como método, a análise da colinesterase plasmática como um marcador de
toxicidade. O dano oxidativo foi avaliado estimando-se os níveis séricos de malondialdeído
(MDA), a capacidade antioxidante total do plasma (TAC), a superóxido dismutase
eritrocitária (SOD), a catalase (CAT) e a glutationa peroxidase (GPx). Obtiveram como
resultados, um declínio progressivo e significativo (p <0,001) da colinesterase plasmática em
correlação com a gravidade da intoxicação por organofosforados. Os níveis séricos de MDA
14

aumentaram significativamente (p <0,001) em todos os graus de casos de intoxicações por


organofosforados em comparação com os controles. Os níveis séricos de cada item analisado
(SOD, CAT e GPx) foram significativamente maiores (p <0,05) em grau leve e (p <0,001) em
casos graves de intoxicação por organofosforados, em comparação com os controles. Esse
estudo também revelou uma leucocitose nos casos de intoxicação analisados.
Roos et al. (2003) acompanham três estudos de casos controles realizados em
Nebraska, Iowa e Minnesota nos Estados Unidos, no período de 1981 a 1986. Os participantes
foram 870 casos diagnosticados com linfoma não Hodgkin(NHL) em hospitais e 2.569 do
grupo controle. O objetivo foi avaliar a interação de múltiplos pesticidas em um total de 47
agrotóxicos como fatores de risco para o linfoma não Hodgkin entre os homens. Os resultados
evidenciaram que vários pesticidas individuais reportados tiveram uma associação com
aumento da incidência NHL, incluindo inseticidas organofosforado (coumafós, diazinon, e
fonofos), inseticidas (clordano, dieldrina e Acetoarsenito cobre), e herbicidas atrazina,
glifosato, e clorato de sódio. Uma sub análise destes "potencialmente cancerígenos" pesticidas
sugeriu uma tendência positiva de risco com a exposição a números crescentes de paciente
com NHL.
Bulgaroni et al. (2013) realizaram um de corte transversal na Patagônia Argentina
no período de 2008 a 2011. A população estudada foi de 82 mulheres gravidas, sendo 46 que
com história de exposição à pesticidas, moradoras de áreas rurais e 36 moradoras de zona
urbana do grupo controle. O objetivo foi estudar o impacto ambiental da exposição das
mulheres grávidas aos pesticidas, analisando os inibidores da acetilcolinesterase, alteração da
expressão de citocinas (IL-6, TNF, IL-8, IL-10, IL-13 e TGF) na placenta durante a estação de
pulverização de pesticidas e durante a estação de não-pulverização. As enzimas arginase e
ornitina descarboxilase-relevantes para a proliferação de trofoblasto e crescimento
placentário-podem ser modulada por essas citocinas, além de determinar sua atividade e
expressão aos pesticidas. Os resultados mostraram que enzimas arginase e ornitina
decarboxilase (ODC) foram induzidas em células sincitiotrofoblasto e endoteliais. Os autores
consideram peculiar a diminuição da atividade de Butirilcolinesterase associada à indução da
actividade de arginase e ODC. Esses achados sugerem que a exposição ambiental a esse
pesticidas geram alterações na placenta, aumentando a frequência de expressão da citocina
anti-inflamatória IL-13, esta que pode estar relacionada à regulação de enzimas implicadas no
reparo tecidual.
15

Safi et al. (2005) realizaram um estudo de corte transversal na Faixa de Gaza no


verão de 1999. A amostra foi de 48 trabalhadores rurais expostos a pesticidas e 20 pessoas de
grupo controle. O objetivo foi avaliar o conhecimento, atitude, prática e sintomas de
toxicidade associados com o uso de pesticidas com a exposição. Os resultados indicam
que trabalhadores agrícolas relataram altos níveis de conhecimento sobre o impacto na saúde
de pesticidas (97,9%). Registaram níveis de conhecimento moderados a elevados nos
sintomas de toxicidade relacionados com pesticidas. A maioria dos trabalhadores agrícolas
estava ciente das medidas de proteção a serem usadas durante a aplicação de pesticidas. No
entanto, ninguém tomou precauções, a menos que soubessem sobre as medidas. A sensação
de queimação nos olhos / face foi o sintoma mais comum (64,3%). A prevalência de sintomas
de toxicidade auto-relatados dependia da mistura e uso de altas concentrações de pesticidas. O
maior percentual de sintomas de toxicidade auto relatados foi encontrado entre os
trabalhadores agrícolas que retornaram para campos pulverizados dentro de uma hora após a
aplicação de pesticidas.
Bortoli et al. (2009) fizeram de caso controle no Rio Grande do Sul, Brasil, tendo
como participantes da pesquisa 66 homens, sendo 29 trabalhadores agrícolas diretamente
envolvidos na preparação e aplicação de pesticidas em campos de soja e 37 de grupo controle.
Tiveram como objetivo realizar o biomonitoramento citogenético dos trabalhadores expostos
a pesticidas por meio da análise de micronúcleos(MN) em células epiteliais bucais de
cultivadores de soja. Os resultados obtidos indicaram que o número médio de células com
MN no grupo exposto (3,55 +/- 2,13) foi significativamente maior do que no grupo controle
(1,78 +/- 1,23). O número de células com MN não foi influenciado pela idade, hábito de
fumar, tempo de fumar, número de cigarros / dia, consumo de álcool e anos de exposição a
pesticidas.
Lerro et al. (2015) fizeram um estudo de coorte prospectiva realizado na Carolina
do Norte e Iowa, Estados Unidos, no período de 1993 a 1997. A população estudada foi de
30.003 cônjuges de aplicadores de pesticidas. O objetivo foi avaliar o uso de
organofosforados (OP) específicos e a incidência de câncer entre esposas de aplicadores de
pesticidas na coorte prospectiva. Entre as 30.003 mulheres, 25,9% relataram exposição ao OP,
dentre estas, 718 expostas ao OP foram diagnosticadas com câncer durante o período de
acompanhamento. Os autores concluíram que o uso de OP esteve associado a um risco
elevado de câncer de mama (RR = 1,20, IC 95%: 1,01, 1,43). Concluíram que também risco
de câncer de tireoide foi maior (RR = 2,04, IC 95%: 1,14, 3,63) entre as mulheres expostas,
16

assim como de diazinon que esteve associado com câncer de ovário (RR = 1,87, IC 95%:
1,02, 3,43). Quanto ao linfoma não-Hodgkin observaram risco reduzido nesse grupo de estudo
(RR = 0,64; IC 95%: 0,41; 0,99).
Outros autores como, Lebov et al. (2015), ultilizando do da mesma coorte
prospectiva realizada na Carolina do Norte e Iowa, Estados Unidos, no período de 1993 até 31
de dezembro de 2011. Realizaram estudo com objetivo de investigar a incidência entre a
doença renal terminal (DRT) em mulheres de aplicadores de pesticidas licenciados. Como
resultado identificaram 98 casos de DRT diagnosticados entre o início do estudo e 31 de
dezembro de 2011. Entre as mulheres que aplicam pesticidas, a taxa de DRT foi
significativamente elevada entre aqueles que relataram a alta exposição (vs. menor) utilização
cumulativa de pesticidas geral (HR: 4,22; IC 95%: 1,26, 14,20)
17

Tabela 1. Resultados estudos de epidemiológico de 1998 a 2015:

Artigo Autor Base de País Objetivo Metodologia N Tipo de agrotóxico Resultados encontrados
(ano) dados

1 YI S et Pub med. Vietnã O objetivo deste estudo Corte- 111.726 diclorofenoxiacético Exposição ao agente laranja/2,4-D/ TCDD
al. foi avaliar a associação transversal (2,4-D) aumentou a prevalência de doenças endócrinas,
(2014) entre a exposição ao especialmente na tireóide e hipófise, uma variedade
“agente laranja” à de doenças neurológicas; DPOC;e cirose hepática.
prevalência de doenças No geral , o estudo sugere que agente laranja / 2,4-
do sistema endócrino, D / TCDD exposição de várias décadas anterior
nervoso, circulatório, pode aumentar a morbilidade de várias doenças,
respiratório, digestivo e algumas das quais têm sido raramente exploradas
sistemas. em estudos epidemiológicos anteriores.

2 Araujo et Scielo Brasil Conhecer os aspectos Caso-controle 410 Metamidofos Os resultados apontam para a ocorrência de
al. (2007) epidemiológicos, clínicos episódios recorrentes de sobre-exposição múltipla,
e laboratoriais da a elevadas concentrações de diversos produtos
exposição múltipla a químicos, com grave prejuízo para as funções vitais
agrotóxicos em uma desses trabalhadores, especialmente por se
amostra representativa de encontrarem em uma faixa etária jovem (média =
102pequenos agricultores, 35 ± 11anos) e período produtivo da vida. Estes
de ambos os sexo dados demonstram a importância do
monitoramento da múltipla exposição a
agrotóxicos, uma cadeia de eventos de grande
repercussão na saúde pública e para o meio
ambiente.

Continua
18

3 Wang et Pubmed USA Estudo examina o risco Caso-controle 1.109 Acefato O estudo acrescenta forte evidência de que
al. de desenvolver doença de organofosforado estão implicados na etiologia da
Parkinson associado a Metamidofos doença de Parkinson idiopática. No entanto,
(2014) pesticidas específicos de estudos de PO em baixas doses que refletem a
organofosforados e seus exposição ao ambiente real são necessários para
mecanismos de determinar os mecanismos de neurotoxicidade.
toxicidade.

4 Renterıa, Pubmed Méxic Conhecer os problemas Coorte 46 Metamidofos e outros O grupo exposto apresentou intoxicação aguda
et al. o de saúde dos Transversal organofosforados (20% casos) e diversas alterações do aparelho
(2012) trabalhadores agrícolas digestivo, neurológico, respiratório, circulatório,
expostos cronicamente a dermatológico, renal e reprodutivo provavelmente
pesticidas. associado à exposição a pesticidas. Mais
importante, eles apresentaram fragmentos de DNA
Avaliar possíveis danos a livres no plasma (90,8 vs 49,05 ng / mL), bem
nível genético, bem como como um maior nível de lipídios e peroxidação
explorar algumas (41,85 vs 31,91 nmol / mL) em comparação com os
alterações hepáticas, dados de trabalhadores agrícolas não expostos.
renais e hematológica. Estes resultados sugerem que existem riscos para a
saúde dos trabalhadores agrícolas expostos a
pesticidas orgânicos e celulares.

5 Adad et Lilacs Brasil O objetivo, é avaliar Caso controle 162 Glifosato e outros Um aumento significativo foi observado nas
al. (2015) micronúcleos bucal, organofosforados frequências de micronúcleos, cariólise e células
parâmetros hematológicos e binucleadas em que os grupos expostos (n = 100)
lipídios, butirilcolinesterase
em comparação com controle (n = 100). Não foram
atividade (BChE) e genética
polimorfismos de enzimas detectadas diferenças em relação aos parâmetros
envolvidas no metabolismo hematológicos, perfil lipídico. Nenhuma diferença
de pesticidas, tais como significativa foi observada tanto em relação danos
PON1, bem como da ao DNA e reparo do DNA nos grupos expostos
reparação do DNA sistema investigados.
(OGG1, XRCC1 e a
XRCC4).

Continua
19

6 Hung et SCIELO Taiw Os Efeitos a Longo Coorte 37.765 Organofosforado O envenenamento por OP aguda pode impactar
al. an Prazo do retrospectivo continuamente a saúde humana através de
(2015) Envenenamento por mecanismos que não são claros. Quaisquer
Organofosfatos como medições de suporte que possam contribuir para a
Fator de Risco de DCVs redução do risco de doença cardíaca podem ser
benéficas em casos de sobreviventes de
intoxicação por OP.

7 Yucra et Scielo Peru Qualidade do sêmen em Coorte 62 Metamidofós e mais O estudo demonstrou que a exposição ocupacional
al. aplicadores de pesticidas transversal cinco a pesticidas estava mais estreitamente relacionada
(2008) peruanos: associação organofosforado com alterações na qualidade do sêmen do que uma
entre metabólitos única medição de metabólitos de organofosforados
urinários de na urina. A medição atual dos metabólitos de
organofosforados e organofosforados na urina pode não refletir o risco
parâmetros do sêmen. total.

8 Hundek Pubmed India Avaliar o dano Corte 180 Triazofos Os compostos organofosforados inibem a ação da
ari et al. oxidativo, o nível de transversal colinesterase levando a hiperatividade colinérgica.
(2013) hemoglobina e a Aumento do nível de malondialdeído pode levar a
contagem de leucócitos danos peroxidativos deteriorando a integridade
no envenenamento estrutural e funcional da membrana neuronal. O
agudo por agrotóxicos. aumento das atividades de superóxido dismutase
eritrocitária, catalase e glutationa peroxidase em
eritrócitos sugerem uma medida adaptativa para
combater a acumulação de pesticidas. Assim,
conclui-se que a inibição da colinesterase pode
iniciar a disfunção celular levando a danos
oxidativos induzidos pela acetilcolina.

Continua
20

9 Roos et al. Pubmed USA Avaliação integrativa de Caso controle 3.417 Diclorofenoxiacético O uso relatado de vários pesticidas individuais foi
múltiplos pesticidas (2,4-D), Glifosfato e associado com o aumento da incidência do
(2003) como risco fatores para mais 45 agrotoxico linfoma não-Hodgkin, incluindo inseticidas
linfoma não-Hodgkin organofosforados coumafos, diazinon, e fonofos,
entre os homens. inseticidas Clordano, Dieldrina e Acetoarsenito de
cobre e herbicidas atrazina, glifosato e clorato de
sódio. Uma sub análise destes pesticidas
"potencialmente cancerígenos" sugeriu uma
tendência positiva de risco com a exposição para
aumentar o número. Considerações de exposições
múltiplas é importante para estimar com precisão
efeitos específicos e na avaliação do cenário de
exposição realista

10 Bulgaroni BVS Arge Avaliar o equilíbrio de Corte 82 Metilico Estes resultados sugerem que a exposição
et al. ntina citocinas e as alterações transversal ambiental a pesticida tem impacto na placenta,
enzimáticas induzidas aumentando a frequência da citocina anti-
(2013)
pela exposição inflamatória IL-13, que pode estar relacionada
ambiental de pesticidas com a regulação positiva das enzimas envolvidas
durante a gravidez. na reparação tecidual.

11 Safi et al. Pubmed Gaza, Avaliar biomarcadores Corte 68 Metamidofos A maior redução ao fim do dia da atividade
Palest hematológicos em transversal butirilcolinesterase sérica ocorreu em
(2005) ina. trabalhadores rurais trabalhadores mais jovens, trabalhadores que
expostos a fizeram mistura pesticidas, e que trabalharam por
organofosforados mais horas no local de trabalho. Os autores
pesticidas na Faixa de detectaram alterações em alguns índices de
Gaza. sangue. O estudo confirmou a constatação de que
doenças podem ocorrer com reduções triviais da
colinesterase em trabalhadores expostos a
pesticidas organofosforados.

Continua
21

12 Bortoli Pub med Brasil Caso-controle 66 Glifosato Os resultados obtidos indicam que o número
et al. Análisar micronúcleos homens médio de células com micronúcleos (MN) no
(2009) em células epiteliais grupo exposto (3,55 ± 2,13) foi significativamente
bucais de cultivadores de maior do que no grupo de controle (1,78 ± 1,23).
O número de células com MN não foi influenciada
soja. pela idade, hábito de fumar, o tempo de
tabagismo, número de cigarros / dia, consumo de
álcool e anos de exposição a pesticidas. O
potencial genotóxico dos pesticidas usados em
plantações de soja pode explicar a detectável
aumento de células com MN em trabalhadores

13 Lerro et Pubmed USA Avaliar Coorte 30.003 Malatião Observamos aumento do risco com uso de
al. organofosforados prospectiva organosfosforados em vários cânceres
específicos e a relacionados a hormônios, incluindo mama,
(2015) incidência de câncer tireóide e ovário. Este estudo representa a primeira
entre esposas de análise abrangente do uso de organofosforados e
aplicadores de pesticidas risco de câncer entre as mulheres, e, portanto,
na coorte prospectiva de existe uma necessidade de uma avaliação mais
Estudo de Saúde aprofundada.
Agropecuária.

14 Lebov et Pub med EUA Investigar a relação entre Corte- 31.142 Diclorofenoxiacétic A DRT pode estar associada à exposição direta e /
al. a doença renal terminal prospectiva. o (2,4-D), Glifosato ou indireta a pesticidas entre mulheres
(DRT) entre mulheres de agricultoras. Estudos futuros devem avaliar o risco
(2015) aplicadores de pesticidas de exposição indireta entre outras populações
licenciados (N = 31.142) rurais.
no Estudo Agrícola
Saúde (AHS) e o uso de
pesticidas pessoal, a
exposição ao uso de
pesticidas do marido, e
(3) outras atividades
agrícolas e domésticas
associadas a pesticidas.
22

A tabela 2 consiste numa síntese relacionando o agrotóxico estudado e as


alterações observadas em cada trabalho selecionado. Além disso, há a classificação de cada
agrotóxico quanto ao grupo químico e a praga a ser combatida, que pode ser: insetos ervas
daninhas, roedores, fungos, entre outros.
Dentre esses estudos, destacam-se
-Yi et al. (2014) trabalharam com o agrotóxico diclorofenoxiacético (2,4-D) do
grupo quimico fenoxiacetico que é um herbicida e no seu estudo mostrou um aumentou da
prevalência de doenças endócrinas, especialmente na tireóide e hipófise, uma variedade de
doenças neurológicas; DPOC; e cirose hepática.
-Araujo et al. (2007) trabalharam com o agrotóxico metamidofos do grupo
químico organofosforado que é um inseticida e no seu estudo mostrou na intoxicação crônica
neuropatia tardia induzida por organofosforados e na intoxicação aguda hipersalivação,
lacrimejamento, coriza, espasmos e cãibras abdominais, náuseas e vômitos.
-Wang et al. (2014) trabalharam com o agrotóxico metamidofos do grupo químico
organofosforado que é um inseticida e no seu estudo mostrou a associação positiva para
Doença de Parkinson idiopática.
-Renterıa, et al. (2012) trabalharam com o agrotóxico metamidofos e outros
organofosforados que é um inseticida e no seu estudo mostrou a associação positiva para
alterações do aparelho digestivo, neurológico, respiratório, circulatório, dermatológico, renal,
reprodutivo e fragmentos de DNA livres no plasma.
-Adad et al. (2015) trabalharam com o agrotóxico glifosato e outros
organofosforados que é um herbicida e no seu estudo mostrou um aumento significativo nas
frequências de micronúcleos, cariólise e células binucleadas.
-Hung et al. (2015) trabalharam com o grupo químico organofosforados que são
herbicidas, em seu estudo mostrou um maior risco de arritmias em pessoas que ja tinham sido
diagnosticadas por intoxicação por organoofosforados.
-Yucra et al. (2008) trabalharam com o agrotóxico metamidofos e mais cinco
organofosforados e que são inseticidas, em seu estudo mostrou alterações na qualidade do
sêmen.
-Hundekari et al. (2013) trabalharam com o agrotóxico Triazofos que é do grupo
químico organofosforado e que é um inseticida, em seu estudo mostrou que compostos
organofosforados inibem a ação da colinesterase levando a hiperatividade colinérgica.
23

-Roos et al. (2003) trabalharam com os agrotóxicos Diclorofenoxiacético (2,4-D),


Glifosfato e mais 45 agrotóxicos dos grupos químicos Fenoxiacetico, Glicina substituída,
organofosforados, são herbicidas.No estudo mostrou aumento da incidência do linfoma não-
Hodgkin nos indivíduos expostos.
-Bulgaroni et al. (2013) trabalharam com o agrotóxico metamidofo do grupo
químico organofosforado, que é um inseticida. No estudo mostrou que na placenta
aumentando a frequência da citocina anti-inflamatória IL-13, que pode estar relacionada com
a regulação positiva das enzimas envolvidas na reparação tecidual.
-Safi et al. (2005) trabalharam com os agrotóxicos acefato e metamidofos que são
do grupo químico organofosforado, que são inseticidas. No estudo mostrou reduções triviais
na colinesterase.
-Bortoli et al. (2009) trabalharam com os agrotóxico glifosato que é do grupo
químico glicina substituída, que é um herbicida. No estudo mostrou aumento de células com
MN em trabalhadores expostos.
-Lerro et al. (2015) trabalharam com o agrotóxico malatião do grupo químico
organofosforado, que é um herbicida. No estudo mostrou que teve uma relação de cânceres
hormonalmente, incluindo mama, tireoide e ovário, sugerindo potencial para efeitos mediados
por hormônios.
-Lebov et al. (2015) trabalharam com os agrotóxicos diclorofenoxiacético (2,4-D)
e glifosfato dos grupos químicos fenoxiacetico glicina substituída, que são herbicidas. No
estudo demostrou uma relação positiva entre doença renal terminal (DRT) e a população
exposta.
24

Tabela 2. Associações entre agrotóxicos estudados e doenças/alterações fisiológicas

Artigo Autor Agrotóxico Grupo Quanto a natureza da praga combatida Doença/agravo apontada como associada
(ano) estudado químico
01 YI et al. diclorofenoxiacético fenoxiacetico HERBICIDA Aumentou da prevalência de doenças endócrinas, especialmente
(2,4-D)
(2014) na tireóide e hipófise, uma variedade de doenças neurológicas;
DPOC;e cirose hepática.

02 Araujo et al. Metamidofos Organofosforado INSETICIDA Neuropatia tardia induzida por organofosforados.
(2007)
Hipersalivação, lacrimejamento, coriza, espasmos e cãibras
abdominais, náuseas e vômitos

03 Wang et al. Metamidofos Organofosforado INSETICIDA Doença de Parkinson idiopática.

(2014)

04 Renterıa,et Metamidofos e outros Organofosforado Alterações do aparelho digestivo, neurológico, respiratório,


al. (2012) organofosforados
circulatório, dermatológico, renal e reprodutivo e fragmentos de
INSETICIDA DNA livres no plasma

05 Adad et al. Organofosforados Organofosforado INSETICIDA Um aumento significativo foi observado nas frequências de
micronúcleos, cariólise e células binucleadas.
(2015)
25

06 Hung et Organofosforado Organofosforado INSETICIDA Maior risco de arritmias


al.(2015)

07 Yucra et al. Metamidofós e mais Organofosforado INSETICIDA Alterações na qualidade do sêmen


cinco organofosforado
(2008)

08 Hundekari Triazofos Organofosforado INSETICIDA Os compostos organofosforados inibem a ação da colinesterase


et al. (2013) levando a hiperatividade colinérgica

09 Roos et al. Diclorofenoxiacético Fenoxiacetico, HERBICIDA Aumento da incidência do linfoma não-Hodgkin.


(2003) (2,4-D), Glifosfato e Glicina
mais 45 agrotoxico
substituída
organofosforados

10 Bulgaroni et Metamidofos Organofosforado INSETICIDA Placenta aumentando a frequência da citocina anti-inflamatória


al. (2013) IL-13 , que pode estar relacionada com a regulação positiva das
enzimas envolvidas na reparação tecidual.

11 Safi et al. Acefato e metamidofos Organofosforado INSETICIDA Reduções triviais em colinesterase.


(2005)

12 Bortoli et al. Glifosato Glicina HERBICIDA Aumento de células com MN em trabalhadores expostos.
(2009)
substituída

13 Lerro et al. Malatião Organofosforado INSETICIDA Cânceres relacionados hormonalmente, incluindo mama,

(2015) tireóide e ovário, sugerindo potencial para efeitos mediados por


hormonas.

14 Lebov et al. diclorofenoxiacético fenoxiacetico HERBICIDA Doença renal terminal (DRT)


(2,4-D), Glifosfato
(2015)
26

RISCO DE VIÉS ENTRE OS ARTIGOS:

O principal viés encontrado neste trabalho é o viés de publicação, devido a maior


probabilidade de encontrar estudos com resultados positivos. Isso se deve ao fato de estudos
com resultados positivos serem publicados com maior frequência do que com estudos com
resultados negativos; terem maior probabilidade de serem publicados em revistas indexadas,
terem maior probabilidade de serem publicados em língua inglesa. Outro vies é o de seleção,
ocorre quando certos indivíduos têm mais chance de serem selecionados em uma amostra,
outro vies é o de Confundimento: é a situação em um estudo epidemiológico, onde existe uma
falta de condições de comparação entre as populações exposta e não exposta, em relação ao
risco de adoece.

DESFECHO DETALHADO DOS RESULTADOS DOS MAIORES ESTUDOS

ARTIGO 01

Yi et al.(2014) em seu estudo realizado no Vietnã e na coreia no período de 1


janeiro 2000 a 30 de setembro 2005, analisando a exposição ao agente laranja (era uma
mistura de ácido 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D) e ácido 2,4,5-triclorofenoxiacético e
continha uma impureza de 2,3,7,8-tetraclorodibenzo -p-dioxina (TCDD)) que foi utilizado na
guerra do Vietnã no período de 1961 a 1971 por meio de um modelo de sistema de
informação geográfica. A população estudada foi total de 111.726 veteranos do Vietnã da
Coreia, analisados quanto à prevalência de doenças usando os dados dos Sistema de Seguro
Nacional de Saúde da Coréia. Os resultados após ajuste para covariáveis, o grupo de alta
exposição apresentou odds ratios moderadamente elevados para doenças endócrinas
combinadas e doenças neurológicas combinado, As OR ajustadas foram significativamente
mais altas no grupo de alta exposição do que no grupo de baixa exposição para o
hipotireoidismo (OR = 1,13), tireoidite auto-imune (OR = 1,93), diabetes mellitus (OR =
1,04), outros distúrbios das glândulas endócrinas incluindo transtornos da glândula pituitária
OR = 1,43), amiloidose (OR = 3,02), atrofias sistêmicas que afetam o sistema nervoso
incluindo atrofia muscular espinhal (OR = 1,27), doença de Alzheimer (OR = 1,64),
polineuropatias periféricas (OR = 1,09), angina de peito ), AVC (OR = 1,09), doença
27

pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), incluindo bronquite crônica (OR = 1,05) e


bronquiectasias (OR = 1,16), asma (OR = 1,04), úlcera péptica (OR = 1,03) e cirrose hepática
(OR = 1,08).

ARTIGO 02

Araujo et al. (2007), em seu estudo transversal realizado em Nova Friburgo, Rio
de Janeiro, Brasil em 2007, analisou exposição múltipla a agrotóxicos e efeitos à saúde, com
102 trabalhadores rurais (sendo 21% mulheres e 79% homens) e 308 de caso controle. Por
meio da metodologia adotada que Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda para
investigação do campo da Toxicologia Ocupacional, sendo incluídos os seguintes
procedimentos :a) Aplicação de questionário epidemiológico-ocupacional; b) Coleta de
amostras de sangue para análise toxicológica: mensuração dos níveis de atividade das
colinesterases plasmática e eritrocitária; c) Coleta de amostras biológicas (sangue eurina) para
mensuração de parâmetros da função de diferentes órgãos e sistemas alvo; d) Entrevista
médica com questionário padronizado para levantamento de sinais e sintomas sugestivos de
intoxicação por pesticidas e ,e) Exame clínico geral com minucioso exame neurológico. Em
relação aos agrotóxicos utilizados, foramcitadas 58 diferentes formulações, incluindo Todas
as classes de agrotóxicos (inseticidas,fungicidas, herbicidas, inorgânicos e antibióticos).As
substâncias utilizadas que foram mais citadas encontram-se descritas na Tabela 2.No
momento da avaliação, 44% referiram ter aplicado agrotóxicos na última semana, sendo o
coquetel mais empregado aquele constituído porinseticidas (organofosforado e piretróide).O
resultados foram, Níveis de colinesterase plasmática reduzidos em 21(20%) da amostra e
Níveis de acetilcolinesterase eritrocitária reduzidos em 8(7%) da amostra, a elevada
prevalência 47 (46,1%) de quadros de intoxicação (aguda, subaguda ou crônica), as queixas
mais freqüentes foram de sudorese, hipersalivação, lacrimejamento, coriza, espasmos e
cãibras abdominais, náuseas e vômitos. Foi também correlaciona com Neuropatia tardia
induzida por organofosforados (metamidofos) em 13(12,8%) da amostra.
28

Figura 02. Agrotóxicos mais utilizados na comunidade rural de Córrego de


São Lourenço. (Araújo, 2007)

ARTIGO 03

Wang et al. (2014) em seu estudo de caso controle, analisou o risco de


desenvolver doença de Parkinson associado a pesticidas específicos de organofosforados e
seus mecanismos de toxicidade. Este estudo caso-controle utiliza uma ferramenta de avaliação
da exposição baseada no sistema de informação geográfica (GIS) para estimar a exposição
ambiental a 36 organofosforados (OP) comumente usados entre 1974-1999. Todos os
organofosforados selecionados foram analisados individualmente e também em grupos
formados de acordo com seus mecanismos de toxicidade presumidos. O estudo incluiu 357
casos de Doença de Parkinson a maioria acima de 60 anos e 752 controles de população que
vivem no Vale Central da Califórnia. A exposição ambiental a cada organosfosforado
avaliada separadamente aumentou o risco de desenvolver Doença de Parkison . No entanto, a
maioria dos participantes foi exposta a combinações de organofosforados (Metamidofos,
Acefato , dentre outros)em vez de um único pesticida. As estimativas de risco para
organofosforados agrupados de acordo com diferentes funcionalidades e toxicidades
presumidas foram semelhantes e não permitiram distinguir entre eles. No entanto, observamos
padrões de exposição-resposta com exposição a um número crescente de organofosforados.
29

Figura 03. Agrotóxicos mais comercializados na cultura de soja no município


de Cascavel-PR. (Cosmann,2012)
30

VI. DISCUSSÃO

VI.1IMPLICAÇÕES NA SAÚDE

Para iniciarmos esta discussão, partiremos das formulações produzidas sobre a


toxicidade, classificação das categorias dos agrotóxicos e quais são os agrotóxicos mais
utilizados na produção agrícola de soja transgênica. Após isto, será realizada uma
contextualização dos resultados com a literatura.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a
promulgação da lei 7.802 em 11 de julho de 1989, regulamenta pelo Decreto 4.074, de 4
janeiro de 2002, pode-dizer que o Brasil deu o passo definitivo no sentido de alinhar-se às
exigências de qualidade para produtos agrícolas em âmbito nacional e internacional. A
classificação dos agrotóxicos é apresentada no parágrafo art. 2º sendo classificados de
acordo com a toxidade em:
 Classe I: extremamente tóxico (faixa vermelha);
 Classe II: altamente tóxico (faixa azul);
 Classe III medianamente tóxico (faixa amarela);
 Classe IV: pouco tóxico (faixa verde).
Quanto ao modo de ação do ingrediente ativo no organismo alvo ou à natureza
da praga combatida, os agrotóxicos são classificados como (Andrei, 2005p.1141, Larini,
1999, p.230):
 Inseticidas: provocam a morte de insetos,
 Fungicidas: destrói ou inibe a ação dos fungos que geralmente atacam as
plantas
 Herbicidas: matar ou inibir drasticamente o crescimento de determinadas
plantas, muitas vezes sem afetar as culturas
 Rodenticidas e/ou raticidas: eliminam roedores
 Acaricidas: eliminam ácaros,
 Nematicidas: usado para matar nematóides parasitas
 Fumigantes,
 Moluscicidas
Cosmann (2012, p26), em seu estudo realizado em cascavel, Paraná, avaliou quais
31

os agrotóxicos mais utilizados na soja, sua toxidade e grupo, que foram apresentados na
Figura 2 do capítulo dos resultados e a partir destas informações foi elaborado a Tabela 02.
Nesta, pode-se observar que os efeitos dos organofosforados foram mais abordados pelos
artigos selecionados na busca. Possivelmente isso se deve ao fato desse grupo ser classe I, que
corresponde a classe mais tóxica utilizada no Brasil e ao fato de ser o mais utilizado nas
lavouras. Além disso, Trapé (2011, p.9) descreve que são os organofosforados, dentre os
diversos tipos de inseticidas, os responsáveis pelo maior número de casos de intoxicação com
mortes no Brasil, dado ratificado por Cosmann (2012, p .21), o qual relata que 27% de todas
as intoxicações e 43% dos óbitos por agrotóxicos no estado do Paraná entre 1998 e 2003
foram devido a este grupo.
Na literatura consta que os inseticidas organofosforados são produtos altamente
lipossolúveis. São de modo geral como aerossóis, os compostos são rapidamente absorvidos
por quase todas as vias, nomeadamente a pele, mucosas, pulmões e via gastrointestinal. Os
organofosforados inativam a acetilcolinesterase, uma proteína molecular presente nas sinapses
colinérgicas. Essa enzima é responsável pela hidrólise da acetilcolina e ácido acético. A
acetilcolina é uma substância transmissora em várias sinapses do sistema nervos autônomo,
que proporciona a veiculação dos impulsos nervosos a uma velocidade surpreendente de 1 a 2
milissegundos. Os organofosforados, inibindo irreversivelmente a acetilcolinesterase, causam
a acumulação de acetilcolina nas sinapses muscarínicas e nicotínicas. (Junior et al., 1997, p.
88).
Tais informações são compatíveis com os as discussões dos artigos selecionados
nesta revisão, podendo-se citar Safi et al. (2005, p.235) que percebeu níveis séricos reduzidos
da acetilcolinesterase em trabalhadores rurais da Faixa de Gaza e Hundekari et al. (2013
p.129), o qual afirma que a inibição da colinesterase pode iniciar a disfunção celular levando a
danos oxidativos induzidos por acetilcolina, em especial, danos neurológicos. Cita ainda que a
mortalidade depende de vários fatores, com: quantidade ingerida, presença ou não de
comorbidades, tempo de diagnóstico e tratamento.
Em relação aos sinais e sintomas clínicos presentes na literatura sobre intoxicação
por organofosforados existe um grande espectro de efeitos à saúde, dentre as quais pode-se
citar: síndrome colinérgica constituída de sudorese, salivação excessiva, pupilas puntiformes
(miose), hipersecreção brônquica, vômitos, cólicas e diarreia; síndrome nicotínica
caracterizada por tremores, abalos musculares, alterações da pressão arterial; e síndrome
32

neurológica que apresenta confusão mental, dificuldade para andar, convulsões, depressão
cardiorrespiratória, coma e morte. (Trapé, 2011, p.10)

Os efeito tóxicos encontrados nesta revisão também foram amplos, sendo eles
diversas alterações do aparelho digestivo, neurológico, respiratório, circulatório,
dermatológico, renal e reprodutivo, risco de doença cardíaca aumentado. Outras alterações
que devem ser consideradas foram as percebidas por Adad et al. (2015, p.311) e Renteria et
al. (2013, p.22). Eles encontraram a apresentação de fragmentos de DNA livres no plasma e
um aumento significativo nas frequências de micronúcleos, cariólise e células binucleadas nos
grupos expostos em comparação com controle, respectivamente. Renteria et al. justificam
esses achados devido ao extress oxidativo causado pelo agente agrícola e se referenciam em
estudos na literatura que relacionam tais consequencias à manifestações de doenças auto-
imunes, certas doenças infecciosas, a neoplasias malignas e a um pior prognostico desta
última. Entretanto, Adad et al. (2015, p.312) afirmam que, apesar das alterações observadas,
não detectaram diferenças significativas ao se comparar o grupo exposto com o controle.
Sendo que este foi o único artigo entre os selecionados com resultado negativo.
A relação entre organofosforados e neoplasias apresentada por Renteria et al
também é comentada por Lerro et al (2015, p.5-6). Este, observou um risco aumentado para
cânceres relacionados à hormônios, incluindo mama, tireóide e ovário em mulheres. Neste
caso, além do estresse oxidativo, o malatião (organofosforado abordado no estudo) exibe
propriedades estrogênicas e tem um efeito genotóxico nas células mucosas humanas.
Um achado interessante foi o de Yucra et al. (2008, p.8), que investigaram a
associação entre a qualidade do sêmen em aplicadores de pesticidas peruanos e metabólitos
urinários de organofosforados, onde ele afirma que a presença metabólitos na urina não é um
marcador adequado para demonstrar o efeito da exposição a longo prazo de pesticidas
organofosforados devido à rapida metabolização e excreção pelo organismo.
Em relação aos outros grupos de agrotóxicos como carbamatos, seus sinais e
sintomas clássicos são semelhantes aos dos organofosforados. Isso se deve, em parte, a
dificuldade de estudar os efeitos individuais de cada substância em humanos, uma vez que nas
lavouras dificilmente trabalha-se com apenas um único tipo de agrotóxico, havendo uma
multiplicidade de exposições a diversos grupos de maneira sistemática e de longo prazo com
episódios agudos de intoxicação por um dos grupos específicos. (Trapé, 2011, p.14) Isso é
33

evidenciado por Araújo et al (2007, p.117) em sua metodologia, em que optou por investigar a
sobreposição dos efeitos ao invés de trabalhar com uma única substância.
A maioria dos artigos desta revisão apontam a necessidade de mais avaliações
individuais dos princípios ativos e as consequências das múltiplas exposições ao longo dos
anos.
Dentre os efeitos sinérgicos entre categorias de agrotóxicos abordados nesta
revisão pode-se citar: sudorese, hipersalivação, lacrimejamento, coriza, espasmos e cãibras
abdominais, náuseas e vômitos, rubor facial, irritação e ardência dos olhos, prurido nasal e
dermatite, sendo que estas foram relacionados à aplicação de piretróides, ftalonitrilas e
metamidofós. Queixas de miofasciculação, principalmente braquial e palpebral; palpitação,
cefaleia habitual, fadiga, astenia, vertigem, insônia, ansiedade e irritabilidade. Aumento da
prevalência de doenças endócrinas, especialmente na tireóide e hipófise, uma variedade de
doenças neurológicas; DPOC; cirrose hepática, aumento da incidência do linfoma não-
Hodgkin e doença de Parkinson de origem idiopática.

VI.2EFEITOS NEUROTÓXICOS

Na literatura é reconhecido que os agrotóxicos são neurotóxicos e que sua atuação


pode ser lenta e insidiosa (ASMUS et al., 2002, p .400). Wang et al .(2014,p .1 ). Examinam o
risco de desenvolver doença de Parkinson associado a pesticidas específicos de
organofosforados (metamidofós, acefato, dentre outros). Seus mecanismos de toxicidade, no
estudo de caso controle realizado com a população exposta ambientalmente acrescenta uma
forte evidência de que OP estão implicados na etiologia da doença de Parkinson idiopática.
(Narayan et al 2013, p.1476) acrescenta ainda a existência de variantes do gene ABCB1 que
codifica a P-glicoproteína, um transportador de xenobióticos, podendo aumentar a
susceptibilidade à exposição a pesticidas ligados ao risco da doença de Parkinson, em especial
a classe dos organofosforados (metamidofós).
Já Trapé et al. (2011, P.10) comenta que organosfosforados podem inibir certas
enzimas, chamadas esterases neurotóxicas, que agem por mecanismos ainda pouco
conhecidos, porém, sabe-se que elas têm uma ação protetora dos nervos longos dos membros
inferiores e superiores. Deste modo, quando ocorre uma inibição destas, a pessoa contaminada
34

pode apresentar uma neuropatia periférica com atrofia dos músculos das pernas e braços,
paralisia que pode ser irreversível.
É importante salientar que segundo a ANVISA (2016, p.18) a utilização de
metamidofós na agricultura brasileira está proibida desde 2011. Contudo, não deve-se
menosprezar o risco de potencial contaminação dos alimentos por agrotóxicos ilegais, tema
que será abordado mais adiante nesta monografia.

VI.3 EXPOSIÇÃO DO TRABALHADOR AGRÍCOLA

Os trabalhadores agrícolas constituem uma população importante a ser avaliada


quanto aos efeitos tóxicos dos agrotóxicos devido a maior exposição tanto em quantidade
quanto em frequência. Segundo Trapé et al. (2011, p 9) a exposição é influenciada por
diversos fatores, sendo eles: “pela organização do trabalho (horas trabalhadas, tecnologia de
aplicação), local de trabalho (ambiente aberto ou fechado como estufas), suscetibilidade
individual, classe toxicológica dos produtos (classe I, II, III ou IV) e a utilização dos
equipamentos de proteção individual pelos agricultores.”
Araújo et al. (2007, p.120) ao aplicar um questionário sobre a utilização de
equipamentos de proteção individual em 102 trabalhadores rurais em Nova Friburgo, Rio de
Janeiro observaram que em 5 dos 6 itens avaliados mais de 90% dos indivíduos não utilizava
nenhum tipo de proteção quando manejava o defensivo agrícola. Adad et al. (2015, p. 312)
também comenta sobre o baixo uso de EPI, mesmo assim em um dos grupos avaliados no
Piauí apenas 32,5% fizeram uso dessa forma de proteção. O que consiste numa falha grave
das empresas agrícolas e do Estado, que não fiscalizam essa forma de proteção, já que a
Legislação brasileira determina a obrigatoriedade do empregador de fornecer o EPI, sendo
cabível denuncia junto à Secretaria Estadual de Agricultura e também à Delegacia Regional
do trabalho. (Londres, 2011)
Soares et al. (2005, p. 695), ao realizarem um levantamento de dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) das condições de uso de agrotóxicos no
município de Teresópolis, RJ, observaram que usar óculos de proteção diminui as chances de
intoxicação em 56%; usar macacão diminui as chances de intoxicação em 14%; usar máscara
diminui as chances de intoxicação em 83%.
35

Em 2004, o Ministério da Saúde publicou a Portaria 777, que incluiu as


intoxicações por agrotóxicos na Lista de Notificação Compulsória (LNC), mas restringiu a
obrigatoriedade de notificação aos “acidentes e doenças relacionadas ao trabalho” (excluindo
acidentes e intoxicações ocorridos fora do ambiente de trabalho). E em agosto de 2010 a
obrigação quanto à notificação de intoxicações por agrotóxicos passou a ser universal, com a
publicação da Portaria 2.472 do Ministério da Saúde. Em janeiro de 2011 esta Portaria foi
revogada e substituída pela Portaria 1047, que manteve a intoxicação por agrotóxicos na
Lista. (Londres,2011, p.36)
Um levantamento de dados do SIM realizado por Santana et al. (2009, p.604)
mostra que no Brasil 679 trabalhadores da agropecuária faleceram em decorrência de
intoxicações ocupacionais por agrotóxicos, entre 2000 e 2009. Deve-se levar em consideração
que este número pode ser mais elevado devido ao grande número de declarações de óbito nas
quais faltavam informações sobre ocupação e a circunstância do óbito. Este trabalho também
aponta que o coeficiente de mortalidade por intoxicação por agrotóxicos no Brasil para o
biênio 2008-2009 foi de 0,39/100.000 habitantes, sendo que houve uma grande variação neste
coeficiente entre as unidades federativas. O Mato Grosso do Sul teve maior coeficiente de
mortalidade:1,42/100.000, seguido por Rio de Janeiro:1,27/100.000, Acre:1,00/100.000 e
Goiás:0,72/100.000. Conduto, não houve registros de óbitos no Amapá, Roraima, Rondônia,
Sergipe, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Santa Catarina e Distrito Federal. Já a Bahia
obteve 0,26/100.000. Ao comparar a variação entre o número de óbitos por intoxicação entre
trabalhadores agropecuários entre os anos de 2001 a 2009, nota-se uma queda de 75% na
região Norte, 0% no Nordeste, 59,2% Sudeste, 10,2% Sul e 61,5% Centro-Oeste. Já quanto ao
percentual de óbitos, a região nordeste obteve a maior porcentagem (43,8%), seguido pela
região Sul (31,2%), Sudeste (17,9%), Centro-Oeste(4,5) e Norte (2,7%).
A situação do Nordeste é preocupante e requer atenção das autoridades sanitárias
devido ter sido a única região onde não houve uma diminuição dos casos de intoxicação por
agrotóxicos no Brasil, além da maior proporção de casos registrados nas declarações de óbito
e o número de mortes por acidentes do trabalho. Os autores afirmam a existência de duas
explicações, sendo elas: “A explicação é que esteja havendo melhoria da qualidade do registro
das declarações de óbito, mas não se pode descartar a situação inversa, de crescimento de
casos resultante de maior exposição e/ ou condições inseguras no uso de agrotóxicos entre
trabalhadores.” (Santana et al., 2009, p. 604)
36

O trabalho conclui que as experiências bem-sucedidas de prevenção de outros


autores presentes na literatura mostram que as mais importantes ações para a redução da
mortalidade focalizaram a retirada de comercialização e uso de agrotóxicos, em especial os da
Classe I e II, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS). Substituindo-os por outros
menos tóxicos e poluentes. Somado a isso, mais efetividade das normas de controle, melhor
treinamento dos profissionais de saúde para identificar e tratar casos e realizar a vigilância à
saúde. Além da disseminação do conhecimento e de práticas de armazenamento e do
manuseio seguro dessas substâncias.

VI.4 ESTUDOS NA POPULAÇAO CONSUMIDORA

Com exceção do artigo de Yi et al.(2014), todas as populações estudadas nos


artigos selecionados (brasileiros e estrangeiros) eram trabalhadores agrícolas, dos 104 artigos
lidos nenhum deles se tratava de estudos de ensaios clínicos ou estudos de coorte ou casos
controles na população em geral, que é exposta pela ingestão de alimentos não-orgânicos e
água contaminada. Isso mostra outra insuficiência na literatura no quesito de estudos
específicos sobre o efeito de agrotóxicos nos consumidores dos alimentos produzidos. Está
claro na literatura que o nível de exposição está relacionado aos efeitos tóxicos no organismo,
então, qual o limite seguro de consumo desses produtos?
Segundo a ANVISA (2016, p.39) no período de 2013 a 2015 o programa de
análise de resíduos de agrotóxicos em alimentos (PARA) monitorou 25 alimentos,
abrangendo as seguintes categorias: cereais/leguminosas, frutas, hortaliças folhosas, hortaliças
não folhosas e tubérculos/raízes/bulbos. Das 12.051 amostras analisadas, 2.371 amostras
(19,7%) foram consideradas insatisfatórias, sendo que dessas 2.371 amostras, 362
apresentaram resíduos em concentrações acima do Limite Máximo de Resíduos (LMR) e
2.211 amostras apresentaram resíduos de agrotóxicos não autorizados para a cultura.
Dos agrotóxicos de utilização proibida no Brasil que foram encontrados em
alimentos pode-se citar os metamidofós (organofosforado amplamente trabalhado nos artigos
selecionados desta revisão) cuja utilização está proibida desde 2011. Este agrotóxico foi
detectado em concentrações iguais ou superiores a 0,01 mg/kg nas amostras monitoradas de
37

arroz, feijão, mamão, morango, uva, alface, couve, repolho, abobrinha, pepino, pimentão,
tomate, beterraba e cenoura.
A ANVISA (2016, p.105) afirma que o risco à saúde foi considerado aceitável no
PARA de 2013, uma vez que não houve a extrapolação da Ingestão Diária Aceitável (IDA)
para os agrotóxicos investigados, que consiste na quantidade máxima que, se ingerida
diariamente durante toda a vida, parece não oferecer risco à saúde. Uma das justificativas
apontadas seria o fato de que na “na maior parte dos casos seria necessário o consumo de
vários alimentos contendo uma quantidade de determinado agrotóxico sempre superior aos
limites máximos estabelecidos todos os dias durante anos. Os diversos Limites Máximos de
Resíduos (LMR) aprovados para um determinado agrotóxico levam em consideração a
ingestão diária desses resíduos ao longo da vida. Dessa forma, deve-se considerar que é pouco
provável a ocorrência concomitante de todos esses eventos.” (Anvisa,2016, p.105) Contudo, é
necessário salientar que a população é exposta a múltiplos agrotóxicos diariamente, e que o
raciocínio acima descrito não leva em consideração a possibilidade de efeitos sinérgicos de
diferentes agrotóxicos, potencializando as chances intoxicação aguda e crônica pela
população. Além disso, não foi levado em consideração outras fontes de fontes de exposição a
um agrotóxico, tais como, exposição pela pele e ingestão de outros alimentos não
monitorados pelo PARA, como água potável, carnes, leite e ovos.
A ANVISA (2016, p.107) avaliou o risco por a intoxicação aguda, e segundo o
programa, foi verificado um potencial de risco agudo em 1,11% do total de amostras
monitoradas no período de 2013 a 2015 devido à situações específicas, as quais estão sendo
abordadas pela Anvisa para sua devida mitigação. Nesse aspecto, ressalta-se que está em
curso a reavaliação do carbofurano, detectado em 73,5% do total de 134 amostras em que se
identificou um potencial de risco agudo.
Apesar dos resultados serem aparentemente satisfatórios, é necessário ressaltar
que apesar da grande quantidade de agrotóxicos pesquisados nem todos estão incluídos nas
avaliações da ANVISA. Pode-se citar os agrotóxicos glifosato e 2,4-D (herbicidas de classe
IV e classe I, respectivamente), que são utilizados em culturas como arroz, cana de açúcar,
milho, pastagem, soja e trigo. Vale ressaltar que uso dos glifosatos é proibido em diversos
países da Europa, mas liberado no Brasil.
O PARA 2013-2015 não avaliou o risco crônico, possivelmente devido à maior
complexidade do estudo. Assim, são necessários mais estudos sobre o tema, avaliando
38

especialmente o risco crônico para a população, ressaltando também a necessidade de


verificar se existe associação ou potencialização dos efeitos tóxicos com outras doenças de
caráter crônico, como obesidade e câncer.
Essa indispensabilidade deve-se, dentre outros motivos, à transição
epidemiológica em curso, que a superintendência de vigilância e Proteção a da Saúde do
Estado da Bahia comenta: “Nas últimas décadas, o cenário epidemiológico brasileiro vem se
tornando complexo em decorrência da transição demográfica, da forma polarizada da
transição epidemiológica e da transição nutricional, levando ao aumento expressivo da
doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).” A elevação dos casos de doenças crônicas, no
caso câncer, também é comentado pelo INCA (2016, p.25), onde: “A estimativa
mundial,realizada em 2012, pelo projeto Globocan/Iarc, apontou que, dos 14 milhões (exceto
câncer de pele não melanoma) de casos novos estimados, mais de 60% ocorreram em países
em desenvolvimento. Para a mortalidade, a situação agrava-se quando se constata que, dos 8
milhões de óbitos previstos, 70% ocorreram nesses mesmos países... A estimativa para o
Brasil, biênio 2016-2017, aponta a ocorrência de cerca de 600 mil casos novos de câncer.”
Este vínculo entre câncer e agrotóxicos foi investigada por Lerro et al. (2015,
p.741), onde eles afirmam a relação entre o uso de inseticidas organofosforados e risco de
câncer entre mulheres expostas na agricultura, sendo relatados neoplasias em diferentes locais
do corpo, como tireóide, ovário e mama. Os autores afirmam que os organofosforados podem
ter propriedades de desregulação endócrina, influenciando na homeostase de hormônios
sexuais, provocando alterações nos níveis circulantes dos mesmos no organismo. Assim,
influenciaria afetando potencialmente a proliferação celular e aumentando o risco de cânceres
relacionados à hormônios.
Outro problema relacionado à população consumidora é apontado por Londres
(2011) que comenta a potencial contaminação da população da região da lavoura que não
trabalha ou vive da agricultura, mas é contaminada devido a presença de produtos químicos
na água e no solo. Londres (2011, p.) também afirma a existência de estudos na literatura
mostrando que em aplicações aéreas de agrotóxicos apenas 30% atinge a lavoura, sendo o
restante perdido, contaminando o solo e agua. Tal afirmação pode ser ratificada pelo que
consta no dossiê Abrasco (2012, p32) que cita o Atlas de Saneamento e Saúde do IBGE,
lançado em 2011, o qual afirma: “Considerando os municípios que declararam poluição ou
contaminação, juntos, o esgoto sanitário, os resíduos de agrotóxicos e a destinação inadequada
39

do lixo foram relatados como responsáveis por 72% das incidências de poluição na captação
em mananciais superficiais, 54% em poços profundos e 60% em poços rasos.”
Ainda segundo o dossiê, outro problema também grave a ser considerado é a
ampliação das substâncias químicas permitidas nas normas de potabilidade da água. Desde a
primeira norma de potabilidade da água do Brasil, a portaria no 56/1977, para a mais recente,
a de no 2.914/2011, houve um mudança gradativa da permissão da presença de agrotóxicos,
produtos químicos inorgânicos e orgânicos na água consumida pela população. A variação foi
de 12 tipos de agrotóxicos, de 10 produtos químicos inorgânicos (metais pesados), de nenhum
produto químico orgânico (solventes) e de nenhum produto químico secundário da
desinfecção domiciliar permitidos na portaria no 56/1977 para 27 tipos de agrotóxicos, de 15
produtos químicos inorgânicos (metais pesados), de 15 produtos químicos orgânicos
(solventes), de 07 produtos químicos secundários da desinfecção domiciliar e a permissão
para o uso de algicidas nos mananciais e estações de tratamentos na portaria no 2.914/2011.
Esta ampliação, segundo os autores, refletem ao longo do tempo a crescente poluição do
processo produtivo industrial; do processo agrícola que usa dezenas de agrotóxicos e
fertilizantes químicos; e da poluição residencial na desinfecção doméstica. Uma preocupação
apontada é esta ampliação poder levar a uma cultura de naturalização e consequente
banalização da contaminação.
Portanto, são necessário mais estudos de ensaios clínicos ou estudos de coorte ou
casos controles na população em geral para avaliação dos efeitos crônicos à saúde decorrente
da contaminação por agrotóxicos. Também pode-se citar ações concretas propostas pelo
Dossiê Abrasco (2012, p.56) para o enfrentamento da questão do agrotóxico como um
problema de saúde pública, sendo elas:
“Fomentar e apoiar a produção de conhecimentos e a formação técnica/científica
sobre a questão dos agrotóxicos em suas diversas dimensões, enfrentando os desafios teórico-
metodológicos, facilitando a interdisciplinaridade, a ecologia de saberes e a articulação entre
os grupos de pesquisa e com a sociedade; e garantir a adequada abordagem do tema nos
diferentes níveis e áreas disciplinares do sistema educacional.”
“Banir os agrotóxicos já proibidos em outros países e que apresentam graves
riscos à saúde humana e ao ambiente, prosseguindo para uma reconversão tecnológica a uma
agricultura livre de agrotóxicos, transgênicos e fertilizantes químicos. Proibir a introdução de
novos tóxicos agrícolas em qualquer concentração, tal como a proposta do CONAMA de
40

utilização de resíduos industriais contaminados por substâncias perigosas na produção de


micronutrientes para a agricultura.”
“Rever os parâmetros de potabilidade da água, regulamentados pela Portaria MS
nº 2914/2011 do Ministério da Saúde, no sentido de limitar o número de substâncias químicas
aceitáveis (agrotóxicos, solventes e metais) e diminuir os níveis dos seus Valores Máximos
Permitidos, assim como realizar a sua vigilância em todo o território nacional.”
“Proibir a pulverização aérea de agrotóxicos, tendo em vista a grande e acelerada
expansão desta forma de aplicação de venenos, especialmente em áreas de monocultivos,
expondo territórios e populações a doses cada vez maiores de contaminantes com produtos
tóxicos gerando agravos à saúde humana e à dos ecossistemas.”
“Fortalecer e ampliar as políticas de aquisição de alimentos produzidos sem
agrotóxicos para a alimentação escolar e outros mercados institucionais.
“Fortalecer e ampliar o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em
Alimentos (PARA) da ANVISA incluindo alimentos processados, água, carnes, outros
alimentos in natura com base em uma estrutura laboratorial de saúde pública regionalizada em
todo o país.”
“Considerar para o registro e reavaliação de agrotóxicos evidências:
epidemiológicas; de efeito crônicos, incluindo baixas concentrações e a multiexposição; sinais
e sintomas clínicos em populações expostas, anatomopatológicas e indicadores preditivos.
Estabelecer prazos curtos para a reavaliação de agrotóxicos registrados.”
41

VII. CONCLUSÕES

O Brasil é o principal consumidor mundial de agrotóxicos, assim, é importante


avaliar os potenciais efeitos nocivos à saúde da população decorrentes do uso fitossanitários
aplicados agricultura transgênica, especialmente na soja. Os efeito tóxicos encontrados nesta
revisão foram amplos, sendo eles diversas alterações do aparelho digestivo, neurológico,
respiratório, circulatório, dermatológico, renal e reprodutivo, risco de doença cardíaca
aumentado, entre outros. Dentre os efeitos sinérgicos entre categorias de agrotóxicos
abordados nesta revisão pode-se citar: sudorese, hipersalivação, lacrimejamento, coriza,
espasmos e cãibras abdominais, náuseas e vômitos, rubor facial, irritação e ardência dos
olhos, prurido nasal e dermatite, sendo que estas foram relacionados à aplicação de
piretróides, ftalonitrilas e metamidofós.
Outro problema apontado nesse estudo foi a pouca utilização dos equipamentos
de proteção individual nos trabalhadores rurais brasileiros. Este problema se deve
principalmente ao desconhecimento dos agravos à saúde que podem surgir com a exposição a
longo prazo.
Já quanto ao controle dos agrotóxicos permitidos no Brasil, este é realizado pela
ANVISA, podendo-se citar o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos
(PARA) que consiste em uma ação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS),
sendo um indicador da ocorrência de resíduos de agrotóxicos em alimentos. Os relatórios do
programa têm se constituído em um dos principais indicadores da presença de resíduos de
agrotóxicos em alimentos adquiridos no mercado varejista e consumidos pela população.
Contudo, foi observado neste trabalho alguns problemas relacionados ao PARA, levantando
questionamentos sobre a qualidade da fiscalização dos agrotóxicos no Brasil.
Portanto, é preciso mais estudos especialmente brasileiros voltados
principalmente para os efeitos a longo prazo dos agrotóxicos, com enfoque na avaliação
individual de cada agroquímico, para um consumo seguro dos alimentos pela população.
42

VIII. SUMMARY

Title:

Agrochemicals in transgenic agriculture and its effects on the health of the population: a
systematic review of the literature.

Background: Agricultural production in Brazil is based on monocultures for export that are
intensive in mechanized technologies and in the use of agrochemicals. The country has
become the world's leading consumer of pesticides in recent years consuming million tons
and is rated as a very promising market. The present study aims to analyze and identify
harmful effects on the health of the population due to the use of agrochemicals applied in
transgenic agriculture, especially in soybean. Method: This is a systematic review of the
literature in which articles published in the period between 1998 and 2015 were selected in
virtual journals of national and international databases, published in Portuguese, English and
Spanish, in databases indexed in the Lilacs, Scielo, PubMed, and VHL. Results: A total of
721 studies were found, of which 14 were selected after application of the criteria. Among the
main results, the study presents data on the consumption of pesticides and the toxicity of these
products with their aggravations and damages to the population, as well as strategies for
prevention and health promotion. The main aggravations resulting from chronic intoxication;
Idiopathic Parkinson's disease, increased risk of arrhythmias and cancers related to hormones,
including breast, thyroid and ovary. Conclusion: The pesticides are a problem to be
considered in public health. This review indicated a shortage of studies conducted in Brazil,
revealing the need for further studies on the subject. The severity of the risks demand and the
implementation of direct actions of education and better use of PPE's, awareness of the
population on the risks of the use of agrochemicals and stricter laws regarding the use and
release and commercialization of agrochemicals.

Key words: 1. Agrochemicals. 2.Transgenic. 3.Health.


43

IX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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