CARTAZ 16
,
REFLEXÃO
ESTEVÃO CHILALA CASSOMA
O despudor da vespa
Celebridade
Ex-mulher e actual companheira
prestam homenagem a Bruce Willis
Nos EUA celebrou-se o Dia do Pai este domingo, 18, e a data não foi
esquecida por Demi Moore e Emma Heming. A ex-mulher e a actual
companheira de Bruce Willis não deixaram este dia especial passar
em branco e fizeram questão de homenagear o actor que se encon-
tra afastado da representação devido ao diagnóstico de demência
frontotemporal (DTF). “Eternamente grata a ti, BW, por me teres
dado estas três lindas miúdas”, escreveu Demi Moore, de 60 anos,
na legenda de uma fotografia antiga a preto e branco do actor com as
filhas que têm em comum. “Amamos-te. Feliz Dia do Pai”, comple-
tou. Por sua vez, Emma Heming disse: “O Dia do Pai é um momento
em que consigo reflectir no profundo apreço e respeito que tenho
pelo Bruce ao vê-lo a ser pai das nossas filhas. Onde pode não ser
‘convencional’, o que ele está a ensinar irá abranger gerações. Amor
incondicional, bondade, força, compaixão, paciência, generosida-
de, resiliência. Feliz Dia do Pai para o melhor pai que conheço”.
M
akas no reino dos in-
sectos. Na região das
abelhas, a ordem foi
abalada. As abelhas
em debandada, cada uma procu-
rava virar-se como podia. Nem
o zangão, nem a abelha rainha
conseguiam conter tal fúria. O
mel tornou-se insípido, a colmeia
converteu-se em lugar perigoso.
Não havia condições para per-
manecer. A solução era emigrar.
Como podiam, se a passagem foi
interditada?! Sair da colmeia fi-
cou mais difícil do que nunca, só
os mais habilidosos conseguiam
Obituário através de uma saída clandesti-
na. Era essa a rota de fuga utili-
Rapper Big Pokey morre aos 45 zada por quem sentisse a sua vida
iminentemente ameaçada. Eram
anos, depois de desmaiar em palco poucos os que ousavam “dar cor-
po à bala”. Os mais corajosos en-
Figura maior da cena do hip-hop de Houston, nos Estados Unidos, Big frentavam-na, mesmo sabendo
Pokey morreu no passado Sábado. “Era fácil amá-lo e difícil odiá-lo”,
comentou um companheiro de profissão
dos perigos e consequências que
adviriam das suas acções. “Pe-
O rapper desmaiou durante um concerto no Texas, não se sabendo los nossos filhos, irmãos, pais e
para já as causas da sua morte. Em comunicado, a sua equipa de pro-
dução afirmou que o funeral se irá realizar nos próximos dias.
familiares, vale morrer” – assim
diziam eles – “pela nossa col-
Big Pokey era um dos membros originais da Screwed Up Click, colec-
tivo liderado por DJ Screw, criador do estilo chopped and screwed. Ao
meia, não nos renderemos até que
alcancemos a liberdade e recon-
longo da carreira, lançou seis álbuns de estúdio (o último, “Sensei”, quistemos a nossa região”. Cora-
em 2021) e oito mixtapes.
Bun B, outro dos nomes inescapáveis da cena de Houston, lamentou
gem dos insectos que falta a mui-
tos humanos, que preferem ver-
a morte de Big Pokey no Instagram. “Não estava preparado para isto. gar-se ao sofrimento, à miséria
Era um dos artistas mais talentosos da cidade”, escreveu. “Era fácil
amá-lo e difícil odiá-lo. Nunca haverá outro como ele”.
provocada e subserviência a lu-
tar por condições melhores. Vol-
temos à região dos insectos. O que
OPAÍS Terça-feira, 20 de Junho de 2023
DR
aconteceu?
O reino dos insectos era bastan-
te invejado, por possuir rique-
zas naturais, desde matéria pa-
ra a medicina a produtos para as
grandes indústrias e tecnologias.
A região das abelhas era abun-
dante e próspera, pela docilida-
de do seu mel. Era incontável o
número de insectos que deseja-
va chegar a dominar a região das
abelhas. E… o infortúnio acon-
teceu.
Viviam-se tempos bons, de bo-
nança. Não era um paraíso, mas
a felicidade era visível no enxa-
me. Felicidade? Sim. Para eles,
o termo ainda não tinha evolu-
ído na sua semântica, diferen-
te dos humanos. Felicidade, pa-
A sua demonstra-
ção letal intimidou
a todos, inclusive o
zangão e a abelha
rainha, que viram
três dos seus se-
guranças a su-
cumbirem pelo
despudor da vespa
ra aqueles, era ter as asas com-
pletas e o que comer, embora de
forma intermitente. E comiam, às
vezes sim, às vezes não, mas co-
miam. Pela diversidade de fontes,
não faltava o que colher para co-
mer. Nos aterros, nos necrotérios,
nos mercados, nas flores dos be-
los jardins, entre outros espaços,
colhiam o néctar para o mel. O
lixo era a fonte mais requisitada.
Se os humanos pensassem, que o
que é doce e apreciado por si era
a soma de muitas desgraças e mi-
sérias, talvez repartissem o mel
com os seus verdadeiros produ-
tores, as abelhas, e não surripia-
riam, sem dó nem piedade, para
o seu exclusivo usufruto.
Gozava de simpatia entre os seus,
pela sua intrepidez. Dava a cara
sempre que houvesse situações
melindrosas. A vespa era respei-
tada e ganhava o seu espaço para
chegar a rei. Porém, conhecen-
do a sua ambição, que contrasta-
va com a sua coragem, descon-
fiando os seus antecessores que
lhes estragasse o legado, foi ex-
pulso da sua região e se tornou
nómada. Nomadeou até chegar
a região das abelhas. Ali impôs-
se pela força e poder da sua pica-
da. Sempre que quisesse atacar,
levantava as suas asas e, com o
pico do seu traseiro, imobiliza-
va a vítima injetando nela o seu
veneno. Trêmula, a vítima mor-
ria dentro de alguns minutos. A
sua demonstração letal intimi-
dou a todos, inclusive o zangão e
a abelha rainha, que viram três
dos seus seguranças a sucumbi-
rem pelo despudor da vespa. Te-
mendo-a todos, a vespa subiu ao
trono. Era estranho, um insec-
to incomum entre os comuns,
pior, com poderes absolutos, era
ele legislador, tribunal, executi-
vo e mais alguma coisa. Introdu-
ziu práticas carrascas. Os tributos
aumentaram. Para ter acesso ao
mel, era necessário bastante es-
mero. Um pouco mais fácil para
quem lhe jurasse fidelidade e le-
aldade, com demonstrações pú-
blicas. A vespa seguia com a sua
astúcia e despudor. No entanto,
como “o sofrimento não acostu-
ma”, o exército de corajosos foi
crescendo, dia após dia, ganhan-
do cada vez mais força de enfren-
tá-lo. Que final teve vespa? Con-
tinua…