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BACHARELADO EM ENFERMAGEM
Garça – SP
2022
SOCIEDADE CULTURAL E EDUCACIONAL DE GARÇA
FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR E FORMAÇÃO-FAEF
BACHARELADO EM ENFERMAGEM
Garça – SP
2022
SOCIEDADE CULTURAL E EDUCACIONAL DE GARÇA
FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR E FORMAÇÃO-FAEF
Garça – SP
2022
POLYANA HELY DIAS
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________________
Orientador: Prof. Esp. Priscila Bocchile de Lima Vieira
_____________________________________________
Examinador 1: Titulação e nome completo
_____________________________________________
Examinador 2: Titulação e nome completo
Aos meus pais Marcia Hely Moreno Dias e Sergio Reynaldo Dias, com todo
amor e gratidão de filha, que a todo momento permaneceram ao meu lado acreditando
no meu potencial e que sempre me apoiaram diante das dificuldades enfrentadas
guiando meus caminhos, tornando esse sonho possível, nunca me deixando desistir
dos meus objetivos e transmitindo todos os valores que norteiam minha vida.
As minhas irmãs Patrícia Moreno Dias e Priscila Hely Dias fontes de inspiração,
alegria e felicidade da minha vida com amor, carinho, companheirismo e amizade.
As minhas avós Sebastiana Maria de Jesus Moreno e Doraci Dias e aos meus
avôs José Adêncio Moreno e In Memoriam Antônio Dias, pelas lições que marcaram
minha vida.
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................11
2 FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA.............................................................................15
3 JUSTIFICATIVA....................................................................................................21
4 HIPÓTESE............................................................................................................22
5 OBJETIVO............................................................................................................23
5.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 23
6 MATERIAL E MÉTODO........................................................................................24
7 RESULTADOS......................................................................................................25
8 DISCUSSÃO.........................................................................................................33
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................36
REFERÊNCIAS........................................................................................................38
11
1 INTRODUÇÃO
A neonatologia é um campo recente e crescente da saúde, seja por meio de
atividades de enfermagem ou de pesquisa, voltadas para o cuidado ao recém-nascido
(RN) (KLOCK; ERDMANN, 2010). As inovações tecnológicas ocorridas nos últimos
anos têm sido benéficas no aumento da expectativa de vida dos neonatos, mas esses
avanços trouxeram novas preocupações, especialmente no que diz respeito à
qualidade de vida. O enfrentamento da vulnerabilidade do RN é um desafio
permanente para os profissionais de saúde que precisam estar atentos às
necessidades e especificidades do cuidado (STELMAK; FREIRE, 2017).
A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) é um campo que abrange a
assistência de enfermagem na alta complexidade, considerando o risco, as
vulnerabilidades e as demandas técnicas e tecnológicas na assistência aos RNs
prematuros e de baixo peso. Trabalhar com essa população é um desafio importante,
pois o RN está em estágio de maturação dos órgãos em um ambiente que contrasta
com as condições uterinas, desse modo, o âmbito da UTIN tem de proporcionar
segurança necessária a fim do cuidado e da sobrevivência do RN (SILVA et al., 2018).
As Unidades Neonatais têm como responsabilidade o cuidado integral e
humanizado ao neonato grave ou potencialmente grave, devendo estar estruturado a
uma linha de cuidados progressivos e tem por objetivo a função de aforar ações que
visem à redução da morbimortalidade perinatal e neonatal. Buscam a garantia de
acesso aos diferentes níveis de atenção neonatal, bem como capacitação e a
qualificação de recursos humanos para a atenção ao neonato (LUZ et al., 2021).
O cuidado prestado ao RN em UTIN passou por modificações, o modelo
tradicional de assistência centrado no RN doente vem dando espaço a um novo
modelo que concede a presença parental e envolvimento da família no cuidado, que
lhes permite permanecer com o RN hospitalizado, se assim almejarem, possibilitando
até mesmo, condições para sua acomodação nas instituições. Apesar dos avanços
na literatura sobre os direitos da criança e advento da legislação, na maioria dos
hospitais atualmente, a visita dos pais/família aos RNs hospitalizados ainda são
rigorosamente regulamentadas, e o envolvimento materno no cuidado ao bebê
permanece limitado. No cotidiano das UTINs muitas vezes as mães não são
admitidas, devido à realização de procedimentos invasivos, tempo de visita, pequeno
espaço físico e escassez de recursos humanos (GAÍVA; SCOCHI, 2005).
12
2 FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA
2.1 As principais legislações vigentes para uso do Método Canguru na UTIN
O MC foi estruturado em 1978 na Colômbia, pelos Dr. Rey e Dr. Martinez, por
reflexo à superlotação das incubadoras, correspondendo a altas taxas de infecção e
morte (COLAMEO; REA, 2006).
No Brasil, as primeiras instituições que aplicaram o MC foi o Hospital Guilherme
Álvaro, em Santos (SP), em 1992, e o Instituto Materno-Infantil de Pernambuco (IMIP),
em 1993 (VENANCIO; ALMEIDA, 2004).
A proposta de construir norteadores para os cuidados perinatais, no Brasil,
surgiu da inquietação de diferentes profissionais e do próprio Ministério da Saúde, se
originou em 5 de julho de 2000 a Norma de Orientação para a Implantação do Método
Canguru, apresentada pelo Diário Oficial como Portaria GM n° 693, tornando o método
em uma política pública, posteriormente revisada como Portaria n° 1.683, de 12 de
julho de 2007. Nesta, encontram-se os principais paradigmas deste método de
assistência a serem oferecidos aos RN que necessitam de hospitalização logo após o
nascimento (BRASIL, 2017).
Tendo em vista a Portaria nº 1.693/GM/MS, de 12 de julho de 2007, que efetiva
o MC e a Resolução - RDC ANVISA nº 7, de 24 de fevereiro de 2010, que dispõe
sobre as condições mínimas para o funcionamento da UTI, bem como a Portaria nº
4.279/GM/MS, de 30 de dezembro de 2010, que determina as diretrizes para organizar
a Rede de Atenção à Saúde no âmbito do SUS. A Portaria nº 1.459/GM/MS, de 24 de
junho de 2011, instaura a Rede Cegonha no âmbito do SUS e a Portaria nº
1.600/GM/MS, de 7 de julho de 2011, funda a Rede de Atenção às Urgências no
âmbito do SUS, tendo em consideração a necessidade de amplificar o acesso e
qualificar a atenção aos Cuidados Neonatal aos usuários do Sistema Único de Saúde
(BRASIL, 2012).
Conforme o Ministério da Saúde, a PORTARIA Nº 930, DE 10 DE MAIO DE
2012:
Define as diretrizes e objetivos para a organização da atenção integral e
humanizada ao recém-nascido grave ou potencialmente grave e os critérios
de classificação e habilitação de leitos de Unidade Neonatal no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2012).
sente falta do ambiente intrauterino onde, era transmitido através da mãe segurança,
apego e conforto (ELEUTÉRIO et al., 2008).
O distanciamento repentino provocado pela internação do RN, produz nos pais
uma sensação de perda, na qual, eles vivem um momento de luto antecipado. Outro
aspecto a considerar é que, no contexto de uma internação prolongada, a separação
precoce entre mãe-filho, o estresse psicológico e o descrédito dessa mãe com relação
a sua capacidade de cuidar do filho, criam barreiras para a amamentação
ocasionando um desmame precoce ou a falência do aleitamento materno. Devido a
isso, a falta do contato pele a pele da mãe-filho deixa de termorregular a temperatura
corporal do neonato (MEIRA et al., 2008).
Evidências apontam que o contato materno íntimo com o RN pré-termo pode
intervir positivamente na relação desse RN com o mundo. A pele é o maior órgão do
corpo e recebe estímulos sensoriais de várias magnitudes, e o contato pele a pele,
que no MC provoca o contato corpo/tórax entre o neonato e sua mãe, pode promover
múltiplas alterações no organismo tanto de um como do outro. Sabe-se que o contato
com a pele como estimulador da liberação de ocitocina parece ter um papel
significativo no comportamento da mãe e afeta positivamente seu humor, facilitando o
contato com o RN (VENANCIO; ALMEIDA, 2004).
Em ambiente hospitalar, tais condutas compreendem, por exemplo, a inserção
do companheiro/marido ou de um acompanhante com a gestante durante toda a
internação, para trazer mais segurança e conforto à gestante. Este incentivo no
acompanhamento à mulher de maneira integral no pré-parto, parto e pós-parto
possibilita um contato mais rápido e efetivo entre os familiares, o que favorece a
formação de laços afetivos (CARVALHO; MAIA; COSTA, 2018).
O MC é um modelo de cuidado que estimula e valoriza a presença e a
participação materna e dos demais familiares na UTIN. Tendo um papel relevante para
assegurar a saúde do RN de baixo peso após a alta hospitalar, tanto pela oportunidade
de fortalecimento de laços afetivo que oferece, como pelas altas taxas de
amamentação que proporciona (COLAMEO; REA, 2006).
Diante do MC, a mãe passa a substituir a incubadora, progressivamente,
mantendo o neonato aquecido por meio do contato do bebê com sua pele. A prática
se inicia dentro do hospital e continua em casa, com acompanhamento ambulatorial
(TOMA, 2003).
20
3 JUSTIFICATIVA
4 HIPÓTESE
5 OBJETIVO
5.1 OBJETIVO GERAL
Identificar e analisar como o uso do método canguru auxilia na qualidade de
vida dos recém-nascidos internados em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.
6 MATERIAL E MÉTODO
Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica da literatura, mais
especificamente de artigos publicados em revistas e periódicos, com abordagem
qualitativa. Os critérios de inclusão utilizados para selecionar os artigos que serviram
de base para a elaboração do presente trabalho foram artigos, em português e inglês
na íntegra, obtidos a partir dos seguintes descritores: Qualidade de vida, Recém-
nascido, Método Canguru e Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.
Foram utilizadas como fontes publicações de 2017 a 2022 durante a pesquisa
obtivemos 117 artigos dos quais 13 responderam aos objetivos gerais e específicos
da pesquisa.
Os critérios de exclusão foram artigos publicados em outros idiomas, artigos
repetidos, artigos publicados fora do período de 5 anos, artigos pagos, artigos que não
estavam disponíveis na íntegra e sem consonância com a temática de estudo. Os
dados foram extraídos e depositados em planilhas específicas utilizadas para a
extração de dados. Os trabalhos selecionados, com base nos critérios de inclusão e
exclusão, foram mantidos em pastas, formando a análise específica.
Foram concretizadas buscas no portal Regional da Biblioteca Virtual em Saúde
(BVS), nas suas principais bases de dados: Scientific Eletronic Library Online
(SciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS),
Banco de Dados da Enfermagem (BDENF).
25
7 RESULTADOS
Dentre os 13 artigos incluídos para compor o quadro de resultados verificou-se
que a maioria foi publicada entre os anos de 2018 e 2022; sendo um em 2017, três
em 2018, dois em 2019, um em 2020, quatro em 2021 e dois em 2022. Sendo, dos 13
artigos cinco em língua portuguesa e oito em inglês.
Quanto a população dos estudos realizados, envolveram equipe
multiprofissional, mães e pais dos neonatos e RNs. Abaixo o quadro 1 estão
apresentados de forma sintetizada todos os artigos.
Quadro 1:
Autor/Ano Artigo Objetivo Principais resultados e O uso do Método
conclusão Canguru na
Qualidade de vida
dos RNs
ANGELHOFF Efeito do contato Avaliar o efeito do As medidas de desfecho O MC contribui de
et al., 2018 pele a pele na contato pele a pele compreendem o forma que sua
qualidade do contínua na rastreador de atividades; utilização minimiza a
sono, humor, qualidade do sono e questionários auto separação entre pais
interação pai- no humor dos pais estimados validados e filhos, contribui na
bebê e de bebês relativos ao sono, humor e estabilização
concentrações prematuros vínculo; observou cardiorrespiratória,
de cortisol em nascidos < 33 pontuações de em menos sinais de
unidades de semanas de sensibilidade parental e estresse e um ciclo
cuidados gestação, bem disponibilidade emocional de sono-vigília mais
neonatais: como a interação e cortisol salivar. organizado.
protocolo de pai-bebê e as Concluiu-se que o contato
estudo de um concentrações de pele a pele é um método
ensaio cortisol salivar no de cuidado adequado na
controlado momento da alta. UTIN que minimiza a
randomizado. separação entre pais e
bebês, reduzindo o
estresse do RN.
ARYA et al., Imediato Identificar a Notavelmente, aqueles O MC contribuiu,
2021 "Cuidado segurança e a que receberam cuidados pois, reduziu a taxa
materno eficácia dos imediatos de mãe canguru de mortalidade em
canguru" e cuidados maternos tiveram um risco menor de neonatos que
sobrevivência cangurus iniciados morrer em 28 dias do que receberam os
de bebês com logo após o aqueles que iniciaram o cuidados imediatos.
baixo peso ao nascimento entre tratamento tradicional de
nascer. bebês com baixo mãe canguru após a
peso ao nascer. estabilização.
Conclui-se que, o cuidado
materno canguru é uma
das intervenções mais
eficazes para prevenir a
mortalidade infantil de
baixo peso ao nascer.
Também proporciona ao
RN menor risco de
infecção, maiores taxas
de aleitamento materno
exclusivo e mais ganho de
26
estruturais determinam a
capacidade da mãe de
visitar a UTIN e fornecer o
MC. Fornece apoio social,
como políticas de licença
maternidade aprimoradas
e acesso confiável a
hospitais por meio de
serviços de assistência à
criança, acomodação e
transporte, pode abordar
as barreiras que inibem o
MC, reduzir custos
onerosos e melhorar a
saúde das mães e dos
RNs.
LUZ et al., Método Identificar as Obteve como resultados MC proporciona uma
2021 Canguru: potencialidades, alguns pontos em maior qualidade de
potencialidades, barreiras e específicos como vida aos RNs,
barreiras e dificuldades para a Competências para o promovendo um
dificuldades nos implantação do cuidado humanizado na maior
cuidados cuidado perspectiva do MC; desenvolvimento
humanizados ao humanizado na Barreiras ou dificuldades neurológico, além do
recém-nascido perspectiva do para a implementação do ganho de peso mais
na UTI Neonatal Método Canguru. MC. Várias rápido e a criação do
potencialidades para o vínculo afetivo com a
cuidado humanizado mãe. Em
aliadas à tecnologia e à contrapartida
educação permanente também é possível
foram identificadas, notar algumas
também foi identificado barreiras para a
várias barreiras na realização do
implementação do MC, método que vão
tais como falta de espaço desde a falta de
físico, falta de conhecimento da
profissionais e de equipe
treinamento da equipe, multiprofissional até
desconhecimento, falta de a falta de estrutura
adesão e desmotivação física.
profissional.
Conclui-se, que existem
várias barreiras e
dificuldades para a
implementação e falta de
adesão dos profissionais
adequada para o uso do
MC. A sensibilização da
equipe, educação
permanente, adequação
de recursos humanos,
trabalho multiprofissional,
valorização dos saberes
profissionais,
humanização do ambiente
e apoio gerencial são
fatores que facilitariam a
implantação do MC em
qualquer lugar do mundo.
Percebe-se a importância
do papel do enfermeiro
29
de evidências de que o
MC melhora a
sobrevivência de RN
estáveis. Priorizar novas
pesquisas de medição do
MC é importante para que
dados de alta qualidade
possa ser usados para
acelerar a ampliação do
cuidado de alto impacto
para os mais vulneráveis.
SILVA et al., Desafios Compreender as As condições Para uma aplicação
2018 gerenciais para condições que intervenientes na adesão de qualidade do MC
boas práticas do influenciam a às boas práticas de é preciso que haja
Método Canguru adesão e aplicação humanização na UTIN investimento para
na UTI Neonatal de boas práticas estão relacionadas uma melhor estrutura
por enfermeiros no principalmente aos nas equipes e
contexto do recursos humanos, gerenciamento para
gerenciamento do interação entre os se ter uma melhor
cuidado de profissionais, processos adesão de boas
Enfermagem no de trabalho e estratégias práticas na UTIN,
Método Canguru na de liderança e pelos profissionais.
UTI Neonatal. gerenciamento do
cuidado.
Considerando que o MC
apresenta diferentes
níveis de implementação
programática nas
maternidades e hospitais,
o MC como um conjunto
de boas práticas que
apesar de fortalecer os
valores humanísticos no
cuidado neonatal, ainda
enfrenta resistências e
limitações no que se
refere à adesão dos
profissionais. Os
enfermeiros relatam como
principais necessidades a
adequação de recursos
humanos, trabalho
multiprofissional,
programas de Educação
Permanente e
humanização do ambiente
da UTIN. Compreende-se
que o investimento em
melhorias para a
aplicação do MC depende
do significado e da
dimensão que a
experiência com o modelo
tem para os gestores e
líderes.
STELMAK; Aplicabilidade Identificar a O acolhimento, o incentivo A maior contribuição
FREIRE, 2017 das ações prevalência das ao toque, o aleitamento que o MC fornece
preconizadas ações preconizadas materno e o controle para uma assistência
pelo método pelo MC na prática ambiental são as ações de qualidade ao RN é
canguru de cuidados ao mais executadas pela o vínculo afetivo
32
8 DISCUSSÃO
Os resultados obtidos por meio da revisão de literatura realizada refletem o
potencial que o MC tem em garantir uma assistência de qualidade ao RN na UTIN,
aliando as tecnologias duras e leves para a sensibilização da equipe multiprofissional.
De acordo com ARYA et al. (2021) com a utilização do MC são reduzidas as
chances de mortalidade melhorando assim a sobrevida neonatal, reduzindo também
o risco de infecção. Em vista disso CAÑADAS et al. (2022), também afirma a visível
redução na mortalidade e de infecções hospitalares, além disso o MC contribui para o
desenvolvimento do vínculo afetivo através da amamentação exclusiva que o método
proporciona os RNs desencadeando na melhora cardiorrespiratória do
desenvolvimento neurológico, cognitivo e emocional.
Diante disso, STELMAK; FREIRE (2017) mostrou em seu estudo a satisfação
das mães em relação a amamentação exclusiva diante do MC, apesar da equipe saber
aplicar o MC os profissionais demonstraram dificuldade em identificar as etapas do
MC no cotidiano do trabalho, sendo, necessário a capacitação da equipe
multiprofissional.
Portanto SALIM et al. (2021), demonstra que apesar dos fatores do MC
apresentarem efetividade na sobrevida dos RNs, sua aplicação ainda é lenta em
instituições hospitalares, faz-se necessário a divulgação do MC demonstrando suas
contribuições aos RNs.
ANGELHOFF et al. (2018), complementa que o método minimiza a separação
de pais/filhos, contribui com a estabilização cardiorrespiratória, destacando a resposta
positiva no nível de estresse sofrido devido ao ambiente da UTIN auxiliando assim,
em um ciclo de sono-vigília de qualidade. De acordo com NISI et al (2020) há uma
melhora no desenvolvimento do neonato de forma a garantir um ganho de peso e
segurança com a estabilização dos sinais vitais.
Em contrapartida, COUTTS et al. (2021) concorda em relação aos benefícios
fornecido pelo MC como um melhor desenvolvimento neurológico, diminuição do
estresse, melhora no vínculo entre mãe/filho, redução dos riscos de infecção, melhora
no padrão de sono e na diminuição da dor, porém, salienta que para a implantação do
MC tem-se algumas barreiras, como a falta de profissionais, falta de educação
permanente e treinamento sobre o assunto.
De acordo com esse pensamento CHELLANI et al. (2022) e o de LUZ et al.
(2021) relatam que apesar das contribuições positivas disponibilizadas pelo MC ao
34
RN, ainda é preciso investimento por parte das instituições para a adequação da
infraestrutura e contribuição para proporcionar conhecimento sobre o assunto para a
equipe multiprofissional.
De acordo com MEIRA et al. (2008), existem alguns fatores importantes que
podem contribuir para a dificuldade de implantar o MC na UTIN, sendo, o espaço
físico, a não formação especializada do enfermeiro para o ambiente de trabalho e a
falta de conhecimento e de interesse da equipe de enfermagem sobre o método. A
falta de conhecimento sobre o método faz com que os profissionais de saúde
associam o mesmo somente à amamentação e a posição do bebê concomitante com
a mãe, esquecendo assim das diversas vantagens e de seu ótimo custo-benefício
fornecido.
A gerência de enfermagem não bem exercida pode colaborar com as
dificuldades de implantação do MC, de forma a não proporcionar para a sua equipe
motivação, treinamento, estrutura apropriada do processo de trabalho e uma
supervisão adequada, tendo uma resistência dos profissionais de saúde em realizar o
método. Outros fatores que também devem ser citados é a falta de sensibilização
periódicas sobre o MC, insegurança dos profissionais, recursos humanos insuficiente,
falta de tempo e de autonomia profissional (LUZ et al., 2021).
Tendo em visto que o MC é realizado em três etapas, pode-se notar que a
dificuldade de implantação do método está associada na segunda e terceira etapas,
em questão do ambulatório para dar seguimento ao método após a alta hospitalar,
obtendo também uma resistência por parte dos profissionais, mães e familiares
(GONTIJO et al., 2010).
Pode-se também, encontrar dificuldades em relação a associação entre
tecnologia, relacionamento interpessoal, cuidado humano e participação familiar. O
MC não exige grandes investimentos, porém para a sua implantação e efetividade é
necessário que haja capacitação por parte dos profissionais de saúde, uma vez que a
mãe é a protagonista principal do cuidado ao RN (NEVES et al., 2006).
Com isso nota-se no estudo de NIETSCHE et al. (2019), que a implantação do
MC se torna fraca devido à falta de engajamento, capacitação, treinamento por parte
da equipe e falta de recursos humanos, sendo possível também uma resistência por
parte da mãe na realização o MC.
No contexto da UTIN, na maioria das vezes não é possível que o neonato inicie
o MC por estar muito debilitado e estar utilizando muitos equipamentos para auxiliar
35
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se que o presente estudo buscou identificar e analisar como o uso
do Método Canguru auxilia na qualidade de vida dos recém-nascidos internados em
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, atingiu o objetivo proposto, pois efetivamente
o estudo demonstrou que foi possível identificar e discutir que o MC contribui para a
qualidade de vida do RN trazendo muitos benefícios, mais para isso é necessário
algumas intervenções como, a necessidade de aperfeiçoamento da equipe
multiprofissional através de educação permanente/continuada, treinamento e
motivação para exercer o cuidado com uma assistência adequada, estrutura das
instituições no que tange aos recursos físicos e humanos para melhorar a adesão do
MC através de investimentos com ambiente confortável e apropriado para a mãe pôr
em prática o método canguru.
O estudo partiu da hipótese, onde, a melhor forma de prestar uma assistência
para melhorar a qualidade de vida dos RNs internados na UTIN é através da utilização
do MC, porque seu público-alvo tem pouco tempo de contato com seus familiares. No
estudo fica claro a melhora significativa dos RNs após a utilização do método, sendo
confirmado a hipótese.
Observa-se que o método é capaz de contribuir para a qualidade de vida dos
RNs de forma que seus benefícios são validos o suficiente para reduzir taxas de
mortalidade e alta hospitalar precoce, desta forma, o conhecimento dos profissionais
sobre as diretrizes do MC é fundamental.
Diante disso, os benefícios que o MC dispõe ao RN auxiliam na sua qualidade
de vida de curto e a longo prazo, tendo como um dos primordiais a estabilização dos
sinais vitais trazendo resultados de imediato, possibilitando uma alta hospitalar
precoce.
Um ponto importante que foi abordado no estudo foi as legislações vigentes
para o uso do MC, destacando a Portaria nº 1.683, de 12 de julho de 2007, sendo
esta, a norteadora do processo por aprovar as Normas de Orientações para a
Implantação do MC, sendo composta com os principais paradigmas do método de
assistência, contribuindo assim para uma maior adesão no MC.
O MC traz vantagens ao RN quanto para a mãe que vai prestar o cuidado de
forma a utilizar a posição canguru, apontando como os mais citados o aleitamento
materno exclusivo, vínculo afetivo entre pais/filhos, desenvolvimento cognitivo,
intelectual e neurológico, redução da taxa de mortalidade e de infecções graves e alta
37
hospitalar precoce. Porém, pode notar que o MC pode oferecer malefícios aos RNs
em questão da estabilidade clínica, que muitas vezes não pode ser colocado em
posição canguru por necessitar de um suporte intensivo como a ventilação mecânica,
tornando o método inviável.
Através do uso do MC percebe-se que o vínculo afetivo entre pais/filhos é
aprimorado, de modo que o contato pele a pele dos membros promove estímulos
sensoriais e múltiplas alterações no organismo, visto que, a pele estimula a liberação
de ocitocina uma função importante no comportamento da mãe e RN, fornecendo
também a reconstrução rítmica.
Contudo, compreende-se que no cotidiano da prática profissional ainda há uma
baixa adesão da equipe multiprofissional na execução do método pela falta de
especialização, sobrecarga de trabalho, dificuldades no reconhecimento das
indicações para colocar o neonato em posição canguru e resistência por parte das
mães para executar a prática, com isso, uma gerência mal exercida colabora com
essas dificuldades na implantação do MC, decaindo sua efetividade.
Portanto, observou-se no estudo que as instituições se preocupam com a falta
de conhecimento por parte dos profissionais e se manifestam para que haja ações
educativas aos profissionais da UTIN, antes mesmo de implantar o MC, sendo
importante salientar a necessidade de discussões sobre o tema constantemente para
aperfeiçoar o trabalho desenvolvido pela equipe de enfermagem. Nota-se que existe,
um movimento de revigoramento do MC, e uma expressiva adesão às ações
preconizadas relativas ao acolhimento, inserção dos pais nos cuidados, incentivo ao
aleitamento materno e adequação da infraestrutura, e que a assistência centrada na
família expressa grande representatividade no processo de humanização.
38
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