Você está na página 1de 34

FACULDADE UNIRB CEARÁ

COORDENAÇÃO DE CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO


SOCIAL

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU EM GESTÃO SOCIAL

LISIANE MORAES DE HOLANDA

AVALIAÇÃO DE METODOLOGIAS APLICADAS NAS CAPACITAÇÕES SOBRE


ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E SAUDÁVEL EM FORTALEZA/CE

FORTALEZA-CE

2023
LISIANE MORAES DE HOLANDA

AVALIAÇÃO DE METODOLOGIAS APLICADAS NAS CAPACITAÇÕES SOBRE


ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E SAUDÁVEL EM FORTALEZA/CE

Trabalho de conclusão de curso


apresentado à Faculdade Unirb Ceará
como requisito parcial para obtenção
de título de especialista em Gestão
Social.

Orientador(a): Prof. Dr. Francisco José


Lopes Cajado

FORTALEZA-CE
2023
LISIANE MORAES DE HOLANDA

AVALIAÇÃO DE METODOLOGIAS APLICADAS NAS CAPACITAÇÕES SOBRE


ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E SAUDÁVEL EM FORTALEZA/CE

Defesa em: ____/____/_____

Conceito obtido: ___________

Nota obtida: ______________

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________

Prof. TITULAÇÃO

Orientador

_______________________________________________

Prof. TITULAÇÃO

1º Membro

______________________________________________

Prof. TITULAÇÃO

2º Membro
DEDICATÓRIA

Este artigo é dedicado primeiramente a Deus, aos meus colegas de


trabalho na Célula de Segurança Alimentar e Nutricional da SPS.
Juntos, temos trabalhado arduamente para garantir a segurança
alimentar e nutricional da população, e eu não poderia estar mais
orgulhosa de fazer parte deste grupo dedicado e talentoso.

Agradeço a cada um de vocês por sua dedicação, colaboração e apoio


incansável. Juntos, continuaremos a fazer a diferença no mundo. A
vocês dedico com profundo respeito e gratidão.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a Deus por sua orientação e benção em todos os aspectos
de nossas vidas e à minha família por seu amor incondicional e apoio constante.
Agradeço ao Igor Holanda Coelho, Beatriz Lange, Maria Beatriz Andrade Basílio,
Silvana C. Souza, Carlos Teles, Denise dos Santos Lima Mendonça, Maria de Fátima Sales
Montezuma, Rosilane Ribeiro, Regina Sales Praciano, Mary Anne Libório de Patrício
Ribeiro, Francisco Lopes Cajado, Jacson Rodrigues Damasceno, Cicera Emanuelle Gomes de
Oliveira que me apoiaram e contribuíram para que este trabalho fosse produzido.
Finalmente, gostaria de agradecer aos colegas e professores por sua inspiração,
orientação e motivação ao longo de minha jornada acadêmica.

Agradeço a cada um de vocês por sua contribuição valiosa para o sucesso deste
trabalho.
AVALIAÇÃO DE METODOLOGIAS APLICADAS NAS CAPACITAÇÕES SOBRE
ALIMENTAÇÃO ADEQUADA E SAUDÁVEL EM FORTALEZA/CE

Lisiane Moraes de Holanda1


Francisco José Lopes Cajado 2

RESUMO

Segurança alimentar é a garantia de todas as dimensões que inibem a ocorrência da


fome. Disponibilidade e acesso permanente de alimentos, pleno consumo sob o ponto de vista
nutricional e sustentabilidade em processos produtivos. Fatores importantes como higienizar
as mãos antes de manipular e consumir os alimentos, não misturar alimentos crus de origem
animal com os demais, manter os alimentos a temperaturas seguras para prevenir o
crescimento de microrganismos e usar água limpa para higienização dos alimentos são
essenciais para garantir a qualidade da alimentação. Assim, este estudo objetivou avaliar o
nível de aprendizagem sobre segurança alimentar em cinco unidades da Secretaria da
Proteção Social (SPS), para um público-alvo de 204 usuários de ambos os sexos, com faixa
etária de 14 a 90 anos. A pesquisa utilizada foi quantitativa, qualitativa e descritiva por tratar-
se da aplicação de duas metodologias de ensino, com palestra tradicional e a outra na forma
de palestra lúdica e foi realizada durante o período de junho a agosto de 2022. Foi constatado
que a palestra lúdica se mostrou superior à palestra tradicional, reforçando a importância do
lúdico na educação e consolidação do aprendizado. O trabalho apontou que os educandos
capacitados com a metodologia palestra tradicional apresentaram aprendizagem inferior aos
que foram treinados com a palestra lúdica.

Palavras-chave: Segurança Alimentar. Metodologias educacionais. Ludicidade. Palestras.

1
Aluna do Curso de pós-Graduação Lato Sensu em Gestão Social, do Centro Universitário Regional do Brasil.
Email: lisiane.holanda@gmail.com;

2
Professor orientador, Licenciado em Biologia; Bacharel em Ciências Biológicas; Especialista em Análises
Clínicas; Mestre em Engenharia de Pesca; Doutor em Biotecnologia; Professor colaborador do Centro
Universitário Regional do Brasil. Email: lopesbio@yahoo.com.br
ABSTRCT

Food security is the guarantee of all dimensions that inhibit the occurrence of hunger.
Availability and permanent access to food, full consumption from a nutritional point of view
and sustainability in production processes. Important factors such as hand hygiene before
handling and consuming food, not mixing raw animal foods with others, keeping food at safe
temperatures to prevent the growth of microorganisms and using clean water to sanitize food
are essential to ensure the food quality. Thus, this study aimed to evaluate the level of
learning about food safety in five units of the Secretariat for Social Protection (SPS), for a
target audience of 204 users of both sexes, with an age group of 14 to 90 years. The research
used was quantitative, qualitative and descriptive because it was the application of two
teaching methodologies, with a traditional lecture and the other in the form of a ludic lecture
and was carried out during the period from June to August 2022. It was found that the lecture
ludic was superior to the traditional lecture, reinforcing the importance of ludic in education
and consolidation of learning. The work pointed out that students trained with the traditional
lecture methodology presented lower learning than those who were trained with the ludic
lecture.

Keywords: Food Safety. Educational methodologies. Playfulness. Speeches.


LISTA DE SIGLAS

EAN - Educação Alimentar e Nutricional

BNCC - Base Nacional Comum Curricular

CAISAN-CE - Câmara Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional do Ceará

CONSEA-CE - Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional do Ceará

ENDEF - Estudo Nacional de Despesa Familiar

EVA - Acetato de vanila

EVG - Espaço Viva Gente

INSAN - Insegurança Alimentar e Nutricional

LDB - Lei de diretrizes e bases da educação nacional

LOSAN - Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional

OMS – Organização Mundial de Saúde

OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde

PNAE - Programa Nacional de Alimentação Escolar

PNSAN - Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

SISAN - Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

SPS – Secretaria da Proteção Social


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 - Gênero dos educandos ………….………………….……………………...

Gráfico 02 - Faixa etária dos educandos…………………….……………………….….

Gráfico 03 - Escolaridade dos educandos ………………………………………………

Gráfico 04 - Pessoas que conhecem os temas ministrados ……………………………..

Gráfico 05 - Teste ex-post - Aprendizagem do conteúdo ……………………………….

Gráfico 6 - A aplicação diária dos princípios da capacitação……………………………

Gráfico 7 - Faixa etária dos entrevistados ……………………………………………….

Gráfico 8 - Escolaridade dos participantes ………………………………………………

Gráfico 9 - Pessoas que conhecem os temas ministrados ………..………………………

Gráfico 10 - Teste ex-post - Aprendizagem do conteúdo ……………………..…………

Gráfico 11 - A possibilidade da aplicação do conteúdo aprendido na capacitação ……...


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Segurança Alimentar
2.1.1 A Célula de Segurança Alimentar e Nutricional
2.2 Doenças Transmitidas pela Água e Alimentos
3 METODOLOGIA
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Análise da Metodologia sobre Palestra Tradicional
4.2 Análise da Metodologia da Palestra Lúdica
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ANEXOS
Anexo 1 - Questionário1- Para ser usado antes da palestra tradicional e antes da palestra
lúdica
Anexo 2 - Questionário2 - Para ser usado após a palestra tradicional e antes da palestra lúdica
1 INTRODUÇÃO

A Educação Alimentar e Nutricional (EAN) se insere em uma das diretrizes da


Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN), configurando-se como
uma estratégia essencial para melhoria dos problemas ocasionados pela má nutrição. É o
campo do conhecimento e de ação contínua na qual participam profissionais transdisciplinares
e intersetoriais com a perspectiva de promover a prática autônoma e voluntária de hábitos
saudáveis, contribuindo para assegurar o Direito à Alimentação Adequada e Saudável
(DHAA) (BRASIL, 2018).
No Brasil, a preocupação com a educação alimentar e nutricional teve sua
efervescência no período de 1940 a 1960, quando o governo brasileiro se viu na contingência
de usar estratégias “educativas” para introduzir a soja na alimentação brasileira (BOOG,
1997). A partir de meados de 1970, outras modificações vieram nesse cenário, um estudo
realizado pelo Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF), revelou que a desnutrição no
Brasil não era devido à falta de informação nutricional, mas sim devido à renda. Em
decorrência disso o “binômio alimentação-educação prevalecente começou a ceder espaço
para o binômio alimentação-renda” (SANTOS, 2005), o que levou a educação alimentar a ser
deixada de lado.
Na década de oitenta, começa a surgir no Brasil a inserção de políticas públicas
fomentadas pelas pesquisas, congressos, conferência nacional de segurança alimentar e
nutricional, iniciando um intenso processo de renovação, com a educação nutricional crítica,
que se baseava nos princípios da pedagogia crítica dos conteúdos, contextualizada com
valorização dos saberes e práticas populares com relações horizontais aliadas aos movimentos
de equidade e democratização (FREIRE, 1996; SANTOS, 2005).
No final dos anos 90, a promoção de práticas alimentares saudáveis, aliada à promoção
de estilos de vida saudáveis, se constitui uma estratégia de vital importância para o
enfrentamento dos problemas alimentares e nutricionais.
As práticas alimentares saudáveis passaram a ser observadas em diversas ações
políticas e estratégias relacionadas à alimentação e nutrição, como resultado da intersecção
entre o conceito de promoção da segurança alimentar e o da promoção da saúde (SANTOS,
2005).
Os anos 2000 foram marcados por desafios, cria-se e implementa o Programa Fome
Zero, contemplando a EAN nas linhas de ações, campanhas publicitárias e palestra sobre
educação alimentar e educação para o consumo e aprimoramento da rotulagem de alimentos
(BRASIL, 2012).
Nesta época o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) fortalece a EAN,
incluindo a educação alimentar e nutricional no processo ensino e aprendizagem, passando a
fazer parte do currículo escolar, na perspectiva da segurança alimentar e nutricional,
abordando o tema alimentação e nutrição e o desenvolvimento de práticas saudáveis de vida
(BRASIL, 2012).
Com essa caminhada percebe-se que os fatores econômicos, políticos, culturais,
determinam as escolhas e hábitos alimentares, bem como a maneira de selecionar: o que
comer segundo as preferências pessoais, culturais na qual as pessoas estão inseridas;
qualidade; oferta e o preço dos alimentos, podendo promover a alimentação adequada e
saudável ou dificultar o seu alcance para a população. Essa construção teve como suporte
teórico os autores: Freire (1996); Esperança e Galisa (2014); Vaz (2014), dentre outros.
Na perspectiva de diminuir o consumo de alimentos processados e ultraprocessados,
incentivando o aumento do consumo de alimentos in natura, minimamente processados, a SPS
realiza ações educacionais para os usuários da Política de Assistência Social, visando
aumentar o conhecimento sobre alimentação e nutrição adequada. Com isso, surgiu a
inquietação, curiosidade de analisar e avaliar qual metodologia de ensino, ofereceria melhores
condições de aprendizagem de conteúdo sobre alimentação adequada e saudável.
Esse artigo tem como objeto avaliar o nível de aprendizagem de duas metodologias
educacionais: a palestras tradicional e a palestra lúdica, usadas nas capacitações de educação
alimentar e nutricional na Célula de Segurança Alimentar e Nutricional da SPS) e identificar a
metodologia que oferece melhor nível de ensino e aprendizagem.
2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Segurança Alimentar

No Brasil, a desnutrição chegou a 5,2 milhões de brasileiros no período do triênio


2015-2017. A taxa de crianças nascidas abaixo do peso se manteve em 8,4%. Além da
desnutrição, o sobrepeso e a obesidade foram fatores que continuam a crescer em todas as
regiões, particularmente entre adolescentes e adultos (FAO, 2019). Assim, em algumas delas
enfrentam epidemia que combinou a obesidade e a desnutrição (UZÊDA, 2019). A baixa
ingestão de micronutrientes como ferro, cálcio e vitaminas A e D, doenças carências
conhecidas como “fome oculta”, permanecem sendo importantes problemas nutricionais no
país (VASCONCELOS, 2018). Essa condição traz sérias implicações para a saúde e o
desenvolvimento físico e cognitivo do ser humano e causam danos na qualidade de vida das
pessoas. A anemia é ainda um dos problemas nutricionais que representam riscos mais
significativos para a saúde, particularmente quando ocorre durante a gravidez. Segundo
relatório da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), 27,2% das
mulheres em idade fértil no Brasil (14 a 49 anos) sofriam de anemia (FAO, 2019).
No Brasil, as políticas sociais visam garantir os direitos estabelecidos pela
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, onde importantes avanços,
especificamente, na política pública de Segurança Alimentar e Nutricional foram iniciados.
A Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional, (LOSAN, nº 11.346/2006)
define em seu Art. 3º que:
“A segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito de
todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em
quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades
essenciais, tendo como bases práticas alimentares promotoras de saúde
que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural,
econômica e socialmente sustentáveis (BRASIL, 2006).”

A LOSAN, diz que a alimentação adequada é direito fundamental do ser humano, e


em conformidade com a meta de garantir esse direito, busca-se promover a educação
alimentar e nutricional como forma de contribuir para a reversão da situação de desnutrição
ou mesmo da insegurança alimentar e nutricional, situação tão alarmante em que nosso país se
encontra atualmente. Ressalta-se, portanto, a importância de investimento em ações
educativas que promovam a aprendizagem e propiciem ao treinando mais conhecimentos para
a escolha de alimentos adequados e saudáveis (BRASIL, 2016).
Tendo como base a importância de desenvolvimento em processos educativos, de
acordo com Paulo Freire, "ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades
para a sua produção ou a sua construção"(FREIRE, 1996).

2.1.1 A Célula de Segurança Alimentar e Nutricional

A Célula de Segurança Alimentar e Nutricional, do Governo do Estado do Ceará,


ambiente setorial que compõe a estrutura da Secretaria de Proteção Social - SPS, é o setor
responsável pela organização de ações, programas e projetos para promover a segurança
alimentar junto à população mais vulnerável do estado. Destacando-se a competência de
realizar processos de capacitação junto a gestores, técnicos e entidades da sociedade civil e
população usuária dos serviços da SPS. As capacitações ou oficinas ministradas pela Célula
de Segurança Alimentar e Nutricional têm como um dos referenciais teóricos, o Guia
Alimentar para a População Brasileira (BRASIL, 2014), que considera o propósito e a
extensão do processo industrial dos alimentos, classificando-os em categorias, alimentos in
natura, alimentos minimamente processados, e ultraprocessados. As ações de capacitação
visam possibilitar aos treinados, acesso à informação, conhecimentos e habilidades que
possam gerar autonomia para realizarem escolhas alimentares, que promovam a alimentação
adequada e saudável.
A ação de capacitação da Célula de Segurança Alimentar e Nutricional insere-se no
plano de governo do Estado, dentro do Eixo Ceará Acolhedor, o qual consiste em um
conjunto de políticas públicas pautadas na inclusão social dos segmentos vulneráveis, e na
garantia dos direitos humanos. Nesse eixo valida-se a preocupação em ampliar o acesso ao
conhecimento, visando garantir a Segurança Alimentar e Nutricional da população.
Nos últimos anos, vem crescendo muito o consumo prioritário de alimentos processados e
ultraprocessados, sinalizando, por tanto, a necessidade de capacitação da população para o
aprender a se alimentar de maneira saudável. Dessa forma a conscientização da população
torna-se fundamental para uma mudança efetiva na vida e percepção crítica, reflexiva sobre a
alimentação, os riscos da má alimentação e benefícios de uma alimentação saudável, já
ressaltado por Esperança e Galisa, que trata da “conscientização dos benefícios resultantes da
adoção voluntária das práticas alimentares saudáveis” (ESPERANÇA e GALISA, 2014).
O comportamento alimentar promove o hábito alimentar. Portanto, entender a relação
entre estes conceitos é importante para determinar ações de educação alimentar e nutricional,
pois, são interligados e complementares. Comportamento alimentar está relacionado a um
conjunto de ações que envolvem o alimento, que se inicia na escolha e finaliza na ingestão. O
hábito alimentar está diretamente associado à resposta do indivíduo frente ao consumo de
alimentos, ficando determinado pela repetição desse ato (VAZ, 2014).
Alguns fatores influenciam o comportamento alimentar, tendo uma extrema relação
com a influência do poder aquisitivo, a renda, a mídia, o ambiente familiar e sociocultural. No
entanto, o comportamento e o hábito alimentar podem ser modificados através de educação
alimentar e nutricional, prevenindo abusos e fomentando uma cultura de consumo crítico,
consciente e responsável. Muitas vezes, a população principalmente a de baixa renda não tem
possibilidade de exercer sua autonomia para fazer escolhas alimentares saudáveis e
adequadas. Isto viola um dos direitos que fundamentam a Política de Segurança Alimentar e
Nutricional, que é o Direito Humano à Alimentação Adequada.
Estratégias da aplicação de diferentes metodologias de ensino podem ser úteis,
vivenciando não só o aspecto prático do que comer ou como comer, mas o refletir sobre a
questão cultural e educacional. Métodos diferenciados são necessários para que ocorra uma
mudança efetiva de atitudes, pois, as mudanças alimentares são difíceis e complexas e
necessitam de diversas ações para atingir esse comportamento (VAZ, 2014).
Ensinar as crianças, adolescentes, jovens e adultos e estimular a adoção de práticas
mais saudáveis e melhores condições de saúde, é uma estratégia que deve ser adotada, pois,
poderá formar novos hábitos alimentares que determinarão seu comportamento alimentar e
assim abrir possibilidades para influenciar novas gerações (VAZ, 2014).
Nessa perspectiva de construção, cabe salientar dois conceitos: educação bancária, a
qual considera reprodutora de meras informações que caracteriza uma educação dissertadora
com sonoridade da palavra e não sua força transformadora. A outra consiste na educação
dialógica, problematizadora e lúdica que se opõem a educação bancária quando diz que
através das trocas dialógicas constrói-se o caminho para uma formação da consciência crítica
considerada fundamental para a elaboração do conhecimento e fixação do mesmo (FREIRE,
2005).
Considerando ainda, aspectos relevantes quanto à segurança alimentar e nutricional
deve-se destacar que no Brasil foram garantidos os direitos estabelecidos pela Constituição da
República de 1988 e importantes avanços na política de segurança alimentar foram
acelerados. A segurança alimentar se encontra embasada legalmente na Lei Orgânica de
Segurança Alimentar e Nutricional que cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional (SISAN) e garante a alimentação adequada como Direito Fundamental ao ser
humano, estando ainda definida no artigo 3º da citada lei, como já foi dito nesse artigo
(BRASIL, 2006).
A lei representa uma concepção abrangente e intersetorial de segurança alimentar e
nutricional. O Estado do Ceará, no ano de 2011, aderiu ao SISAN e vinha ao longo dos anos
avançando na elaboração de seus marcos regulatórios e funcionamento dos componentes do
SISAN, tais como: LOSAN Estadual, Conselho Estadual de Segurança Alimentar e
Nutricional do Ceará (CONSEA-CE), Câmara Intersetorial de Segurança Alimentar e
Nutricional do Ceará (CAISAN-CE) e elaboração de planos de segurança alimentar e
nutricional, passando assim a atuar de forma mais eficaz, com relação aos programas/projetos
e ações no Estado. No entanto, com o corte orçamentário, e retrocessos de programas e
projetos nos últimos anos, bem como indefinições quanto à política de segurança alimentar e
nutricional, e falta de investimento sistemático em políticas de enfrentamento à insegurança
alimentar, foram situações, que contribuíram com o aumento de indicadores negativos
referente insegurança alimentar e até mesmo a fome, tendo ainda o registro da recente
pandemia do Coronavírus (Covid-19) que acelerou o agravamento da situação dessa
Insegurança Alimentar e Nutricional (INSAN) (CASTRO, 2021).
A importância de ações educativas se faz necessárias para promover a aprendizagem
bem como propiciar aos educandos conhecimentos para a escolha de alimentos adequados e
saudáveis.
Vale registrar também as funções de saúde no setor de alimentação e nutrição. Nesse
sentido é interessante observar que ao sugerirem medidas de caráter educativo “os técnicos
não citam os Serviços de Saúde, atribuindo-as aos educadores da rede de ensino básico. As
publicações específicas sobre Educação Nutricional da Organização Mundial da Saúde
(OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), por sua vez, não tratam de
questões emergentes que dizem diretamente respeito à necessidade de mudança de hábitos
alimentares, tendo em vista a prevenção de doenças crônico-degenerativas que vem ocupando
o primeiro plano na discussão dos problemas alimentares emergentes". Com isso identifica-se
que o problema não é somente educação nutricional, mas passa por um viés
predominantemente econômico, empoderando a mudança de hábitos alimentares da
população. A educação nutricional parece que “sai de cena quando surgem evidências de que
hábitos alimentares estão se constituindo em risco para a saúde, devido ao consumo excessivo
de certos alimentos, principalmente alimentos industrializados” (BOOG, 1997).
2.2 Doenças Transmitidas pela Água e Alimentos

As doenças de transmissão hídrica e alimentar de potencial zoonótico são


normalmente provocadas, por bactérias entéricas, aeróbias e anaeróbias, parasitas e vírus,
fungos e príons. Estas são consideradas como problema de saúde global, os quais têm sido
reconhecidos como uma preocupação crescente para a indústria alimentícia (SHIRAZI et al.,
2018). Estes microrganismos podem ser classificados em dois grandes grupos: clássicos e
emergentes; os clássicos são aqueles conhecidos clínica e epidemiologicamente. Os
emergentes são aqueles já conhecidos e identificados, que não eram considerados como
ameaças, mas recentemente foram reconhecidos como agentes etiológicos envolvidos em
diversos surtos ou epidemias de doenças alimentares em vários países do mundo
(GONÇALVES et al., 2017).
Deste modo, quando microrganismos clássicos, considerados controlados, causam
doenças de maneira diferente, sendo associados a novos alimentos ou aparecendo em uma
região demográfica onde anteriormente não existiam, são chamados de patógenos
reemergentes (KAYMAN et al., 2012). Assim, diversos microrganismos têm sido descritos
como principais patógenos emergentes relacionados com doenças alimentares como:
Escherichia coli O157:H7, Campylobacter jejuni, Listeria monocytogenes, Salmonella
enteritidis; Helicobacter pylori, vírus Norwalk, norovírus (NoV), entre outros (GONÇALVES
et al., 2017).
Portanto, deve-se garantir o direito à alimentação, promover o acesso e a produção de
alimentos saudáveis e investir em processos de capacitação e educação sistemáticos. Isso é
importante para evitar problemas de saúde no futuro, caso medidas de prevenção e incentivo a
hábitos e consumo saudáveis não sejam frequentemente adotados e estimulados.
3 METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada em cinco unidades da SPS (Espaço Viva Gente - EVG,
Complexo Social Mais Infância João XXIII, Complexo Social Mais Infância Cristo Redentor,
Centro Comunitário São Francisco e Centro Comunitário Farol), com 204 usuários de ambos
os sexos, na faixa etária de 14–90 anos, moradores da comunidade e beneficiários dos
diversos serviços prestados por estes equipamentos públicos.
As capacitações em Educação Alimentar e Nutricional – EAN, foram realizadas por
solicitação das Unidades, à Célula de Segurança Alimentar e Nutricional da SPS.
A pesquisa utilizada foi quantitativa, qualitativa e descritiva por tratar-se da aplicação
de duas metodologias de ensino, com palestra tradicional e a outra na forma de palestra
lúdica.
Para coletar os dados foi necessário aplicar um método específico da investigação com
uso de 204 questionários, estruturados com perguntas objetivas, relacionadas à educação
alimentar e saudável detectando o nível de aprendizagem dos educandos.
Para tanto foi aplicado um questionário de igual teor, em dois momentos, que
chamamos de ex-ante, aplicado antes da oficina com a finalidade de saber o nível de
conhecimento sobre o assunto a ser abordado e o ex-post aplicado no final da explanação,
fazendo uma comparação dos questionários com o objetivo de observar o nível de
aprendizagem em cada metodologia aplicada. Foi questionado também se os princípios
aprendidos na capacitação poderiam ser utilizados no cotidiano dos educandos.
Os trabalhos foram realizados no período de junho a agosto de 2022, sob a forma de
oficinas com o tema Alimentação Adequada e Saudável ministrada por profissionais de
Economia Doméstica, Engenharia de Alimentos e Nutrição, trabalhando o conteúdo com a
metodologia palestra tradicional, com um total de 101 participantes, no EVG com 29
participantes na faixa etária de 50-80 anos, no Complexo Social Mais Infância Cristo
Redentor com 24 participantes, na faixa etária de 20-60 anos de idade, no Centro Comunitário
São Francisco com 36 participantes, na faixa etária de 60-80 anos de idade e Complexo Mais
Infância João XXIII com 12 participantes na faixa etária de 20-40 anos.
Na abordagem lúdica, ocorreu com a participação de 103 educandos, no Centro
Comunitário São Francisco com 42 participantes, na faixa etária de 11-70 anos, Centro
Comunitário Farol com 43 participantes na faixa etária de 14-90 anos e no EVG com 18
participantes, na faixa etária de 10-79 anos.
A escolha das metodologias, palestra lúdica e tradicional, a ser aplicada em cada
unidade da SPS, foi definida pelos palestrantes.
Na abordagem tradicional, com explanação explicativa-expositiva, foram utilizados
recursos de multimídia (como data show, som, vídeos,) e na abordagem lúdica, alimentos de
silicone e de plástico e um semáforo construído através de Acetato de vinila (EVA), com local
para inserir as figuras dos alimentos, conforme o aprendizado e nas cores do sinal. Deste
modo, o vermelho indicava alimentos proibidos (ultraprocessados), o amarelo alimentos de
consumo moderado e em verde alimentos liberados, in natura e minimamente processados.
Posteriormente, foi aplicado uma dinâmica denominada “dinâmica do repolho” onde colocou-
se uma música e um bloco de perguntas, envolto em formato de um “repolho”, que passava de
mão em mão até parar a música e o participante ler e responder a pergunta.
A metodologia deu ênfase ao pensar, ao sentir e ao agir, sobre o papel de cada
educando, usando linguagem que propiciou aos participantes, dentro de sua faixa etária,
construir critérios que embasem suas escolhas alimentares considerando o meio em que vive,
suas características socioculturais e a forma como ele compreende os fatos, visando fortalecer
a segurança alimentar e nutricional e possibilitar escolhas mais críticas, conscientes e seguras
para selecionar e consumir alimentos e ter uma alimentação adequada e saudável.
Formulários foram aplicados pelas instrutoras do projeto, que, através de diálogos e/ou
entrevistas, após explanação dos objetivos da pesquisa e da forma de utilização dos dados
obtidos, e após consentimento dos participantes, de forma voluntária. O nome dos
participantes não foi identificado no instrumento de pesquisa. O processo do texto e imagens
foi realizado no Word 365 e os dados e gráficos foram analisados e construídos utilizando o
Excel 365.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A amostra nas duas metodologias (palestra tradicional e palestra lúdica) foi composta
em sua maioria por mulheres. Apesar das explicações referentes ao preenchimento terem sido
dadas a todos da mesma forma, parte dos educandos entregou o questionário com respostas
que contradizem o que foi apresentado e explicado em slides, o que pode ser atribuído à
dispersão durante a explanação.
De todos que responderam ao questionário, 75% foram compostos por pessoas do
gênero feminino, 24% de pessoas do gênero masculino e 1% não responderam, conforme
gráfico a seguir.

Gráfico 01 - Gênero dos educandos

Fonte: Autora

No questionário foi solicitado que o educando respondesse perguntas abertas sobre


idade, escolaridade, sexo e perguntas fechadas referentes à capacitação ministrada, que
objetivam determinar o nível de aprendizagem de cada um. Sobre a escolaridade, conforme
relatado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei nº 9.394/96):
Art. 62 – A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível
superior, em curso de licenciatura, de graduação, admitida, como formação mínima
para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do
ensino fundamental (BRASIL, 1996).

A formação humana na Base Nacional Comum Curricular – BNCC é costurada por


uma dimensão humana e jurídica do direito de aprender, bem como fundamentada na
educação baseada em competências. É uma política de currículo baseada em experiências
internacionais e justificada também por essas experiências. É importante salientar que
nenhum documento curricular possui pureza epistemológica ou está ausente de processos de
lutas e múltiplas colagens; ele é interdiscursivo e intertextual. Nesse sentido, a BNCC traz
marcas ideológicas, tensões e diferenças, negadas em seu processo de construção. O texto de
apresentação da Base a define como “um documento de caráter normativo que define o
conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais” (BRASIL, 2018, p. 7).
É importante compreender as inter-relações da alimentação no Brasil, onde existe um
crescente número de mulheres de baixa renda que, sozinhas, são chefes de suas famílias e
podem vivenciar desigualdades no acesso/consumo dos alimentos. Além disso, para melhor
compressão desse cenário, os estudos precisam avançar e incluir variáveis que possibilitem a
compreensão das dinâmicas de exclusão social nas relações conjugais homoafetivas
(CANUTO, 2019).

4.1 Análise da Metodologia Palestra Tradicional

Com base nos dados levantados, foi possível identificar que 6% da amostra escolhida
são compostas por educandos de faixa etária de 25-30 anos; 18% por educandos de faixa
etária de 31-50 anos e 76% por educandos com faixa etária de 51-89, caracterizando uma
maior incidência de idosos entre os entrevistados, conforme consta o Gráfico 02.

Gráfico 02 – Faixa etária dos educandos

Fonte: Autora

No que se refere a escolaridade dos entrevistados, 42% possuem ensino fundamental


incompleto ou completo; 34% possuem o ensino médio completo ou incompleto; 5% possuem
grau superior completo ou incompleto; 12% são alfabetizados; 4% são analfabetos e 4% não
responderam esta pergunta do Gráfico 03, a seguir.
Gráfico 03 – Escolaridade dos educandos

Fonte: Autora

Para Cirino e Goergen (2016), a educação para a humanidade, depende do


compromisso das instituições de ensino e de seus professores, que devem visar à formação de
cidadãos em perspectiva de humanidade.
Para Mondini (2010), o maior consumo de frutas, legumes e hortaliças, observado nos
indivíduos de maior renda e escolaridade, corrobora os achados na literatura, que evidenciam
frequentemente a associação entre maior nível socioeconômico e cultural e consumo desses
alimentos. Assim, com relação ao conhecimento dos conteúdos ministrados, alimentação
adequada e saudável, antes de iniciar a oficina, foram ofertadas ao público assistido pelas
unidades da SPS, o teste ex-ante, mostraram que 61% conheciam o assunto ministrado, 37%
responderam não ter conhecimento e 1% não responderam (Gráfico 04).

Gráfico 04 - Pessoas que conhecem os temas ministrados


Fonte: Autora
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é destinado à oferta de
alimentação adequada e saudável e ações de educação alimentar e nutricional a estudantes da
educação básica pública. Por meio do programa, o governo federal repassa a estados,
municípios e escolas federais recursos para compor o orçamento para compras de gêneros
alimentícios durante o ano letivo, conforme número de matriculados. O PNAE considera que
a alimentação escolar é direito de todos os alunos da educação básica pública e dever do
Estado, e objetiva garantir a SAN, com acesso igualitário, priorizando os mais
vulnerabilizados (BRASIL, 2009). Estudos recentes realizados com comunidades quilombolas
em diferentes estados do país, indicaram alta prevalência da hipertensão, variando de 23% a
52,5% e estavam associadas a população com baixo grau de escolaridade e classes
econômicas inferiores (PAULI et al., 2019), ainda foi constatado alta prevalência de
insegurança alimentar e nutricional, em assentamentos de Sergipe que associada aos hábitos
alimentares pode favorecer a prevalência destas patologias (ALMEIDA et al., 2017).
Na última etapa, o teste ex-post, foram questionadas as mesmas perguntas do ex-ante.
Obteve-se 89% de educandos responderam ter aprendido sobre o assunto, 6% responderam
não ter aprendido e 5% não responderam (Gráfico 05). Assim, observa-se índice de
aprendizado de 28%. ao compararmos o teste ex-ante, no gráfico 04 (pessoas que conhecem
os temas ministrados) com o teste ex-post gráfico 05 (teste ex-post - Aprendizagem do
conteúdo).

Gráfico 05 – Teste ex-post - Aprendizagem do conteúdo

Fonte: Autora

Ainda, foi realizada uma pergunta extra: se eles achavam ser possíveis aplicar no seu
dia a dia os princípios aprendidos na capacitação. Dentre as respostas, 89% afirmaram que
sim, 5% que disseram não ser possível a aplicação do conteúdo ministrado e 6% não
responderam conforme mostra o Gráfico 06.

Gráfico 06 – A aplicação diária dos princípios da capacitação

Fonte: autora

4.2 Análise da Metodologia da Palestra Lúdica

Deste modo, também foi solicitado que o educando respondesse perguntas abertas
sobre a idade, escolaridade, sexo e perguntas fechadas referentes a capacitação ministrada na
palestra lúdica, a fim de determinar o nível de aprendizagem de cada um, nesta metodologia.
Com base nos dados levantados, foi possível identificar que 37% da amostra escolhida são
compostas por educandos de faixa etária de 11 a 24 anos, 2% na faixa etária de 25 a 30 anos,
16% na faixa etária de 31 a 50 anos e 45% na faixa etária de 51-90, caracterizando uma maior
incidência de idosos entre os entrevistados (Gráfico 07).

Gráfico 07 – Faixa etária dos entrevistados


Fonte: Autora

No que concerne à escolaridade, 60% responderam ter o ensino fundamental


incompleto ou completo; 25% o ensino médio completo ou incompleto; 5% grau superior
completo ou incompleto; 1% corresponde ao percentual de educandos alfabetizados; 3% de
educandos analfabetos e 6% não responderam esta pergunta (Gráfico 08).

Gráfico 08 – Escolaridade dos participantes

Fonte: autora

Com relação ao conhecimento dos conteúdos ministrados antes da oficina, o teste ex-
ante, 62% sabiam ou conheciam o assunto, 38% responderam não ter conhecimento e 0% não
responderam (Gráfico 09).

Gráfico 09 – Pessoas que conhecem os temas ministrados


Fonte: autora

Na última etapa, o teste ex-post, foram questionadas as mesmas perguntas do ex-ante.


97% dos educandos que responderam ter aprendido sobre o assunto, 2% responderam não ter
aprendido e 1% não responderam. Observa-se um índice de aprendizado de 35%, se
compararmos o teste ex-ante, gráfico 09 (pessoas que conhecem os temas ministrados) com o
gráfico10 (teste ex-post - Aprendizagem do conteúdo).

Gráfico 10 – Teste ex-post - Aprendizagem do conteúdo

Fonte: Autora
Conforme a metodologia anterior, foi realizada uma pergunta extra: se eles achavam
ser possíveis aplicar no seu dia a dia os princípios aprendidos na capacitação. Dos
participantes, 96% afirmaram que sim, 3% disseram não ser possível a aplicação do conteúdo
ministrado e 1% não responderam (Gráfico 11).

Gráfico 11 - A possibilidade da aplicação do conteúdo aprendido na capacitação

Fonte: autora
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse artigo teve como objetivo avaliar o nível de aprendizagem de duas metodologias
educacionais, a palestra tradicional e a palestra lúdica, as quais foram usadas nas capacitações
de educação alimentar e nutricional na Célula de Segurança Alimentar e Nutricional da
Secretaria da Proteção Social, visando identificar qual metodologia oferece melhor nível de
ensino e aprendizagem.
A presente pesquisa aponta que os educandos capacitados com a metodologia palestra
tradicional apresentaram aprendizagem inferior aos que foram treinados com a palestra lúdica.
Isto tem amparo nas teorias dos especialistas mencionados no artigo. Deste modo, é
evidenciado que o lúdico é uma ferramenta essencial para estimular a inteligência, a
motivação e o prazer do treinando.
A importância do lúdico na educação é incontestável, pois pode ser usado pelo
professor para aumentar o interesse dos educandos pelo aprendizado e facilitar a consolidação
do conhecimento.
REFERÊNCIAS

ALMEIDA, J. A. et al. Fatores associados ao risco de insegurança alimentar e nutricional


em famílias de assentamentos rurais. Ciência & Saúde Coletiva, [s. l.], v. 22, n. 2, p. 479–
488, 2017.

BRASIL. Lei nº. 11.346, de 15 de setembro de 2006. Dispõe sobre a segurança alimentar e
nutricional. Diário Oficial da União. 2006.

BRASIL, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de referência de


educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. Brasília, DF: MDS; Secretaria
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2012.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9394, 20 de


dezembro de 1996.

BRASIL. Ministério da Educação. Proposta para Base Nacional Comum da Formação de


Professores da Educação Básica. 2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Guia alimentar para a


população brasileira. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2014.

BRASIL. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL. Princípios e práticas para


educação alimentar e nutricional. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social, 2018. 50
p.

BRASIL. Lei no 11.947, de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da


alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica;
altera as Leis nos 10.880, de 9 de junho de 2004, 11.273, de 6 de fevereiro de 2006, 11.507,
de 20 de julho de 2007; revoga dispositivos da Medida Provisória no 2.178-36, de 24 de
agosto de 2001, e a Lei no 8.913, de 12 de julho de 1994; e dá outras providências. Diário
Oficial da União; 2009.

CANUTO, R.; FANTON, M.; LIRA, P.I.C. de. Iniquidades sociais no consumo alimentar no
Brasil: uma revisão crítica dos inquéritos nacionais. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24, p.
3193-3212, 2019.

CIRINO, B.A.; GOERGEN, P. Universidade, relação entre educação superior e ética. Série-
Estudos, Campo Grande, MS, v. 21, n. 42, p. 93-105, maio/ago. 2016.

CASTRO, T.P et al. O DHANA e a Covid 19 (livro eletrônico): O direito humano à


alimentação e à nutrição adequadas no contexto da epidemia. 2021. FIAN.

FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS (FAO),


International Fund for Agricultural Development (IFAD), United Nations Children’s Fund
(UNICEF), World Food Programme (WFP), World Health Organization (WHO). The state of
food security and nutrition in the world: Safeguarding against economic slowdowns and
downturns. Rome: FAO; 2019

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.


FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

ESPERANÇA, L.M.B. e GALISA, M.S. Programa de educação alimentar e nutricional:


diagnóstico, objetivos, conteúdo e avaliação. In: GALISA, M.S., NUNES,A.P.O., GARCIA,
L.S., CHEMIN, S.M. Educação Alimentar e Nutricional: da teoria à prática. Vila Mariana,
SP: Roca, 2014.

GONÇALVES R C, FALEIRO J H, SANTOS M N G dos, et al. Micro-organismos


emergentes de importância em alimentos: uma revisão da literatura. SaBios-Revista De
Saúde E Biologia, 11(2), 71–83, 2017.

KAYMAN, T.; ATABAY H I, ABAY, S. Human acute gastroenteritis associated with


Arcobacter butzleri. Clinical Microbiology Newsletters, Netherlands, v. 34, n. 24, p. 197-
199, 2012.

MONDINI L, Moraes AS, Freitas ICM, Gimeno SGA. Consumo de frutas e hortaliças por
adultos em Ribeirão Preto, SP. Rev Saúde Pública. 2010; 44(4): 686-94.

PAULI, S. et al. Prevalência autorreferida de hipertensão e fatores associados em


comunidades quilombolas do Rio Grande do Sul, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, [s. l.], v.
24, n. 9, p. 3293–3303, 2019.

SANTOS, Ligia Amparo da Silva. Educação alimentar e nutricional no contexto da


promoção de práticas alimentares saudáveis. Revista de Nutrição, [S.L.], v. 18, n. 5, p.
681-692, out. 2005. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1415-
52732005000500011.

SHIRAZI R, POZZI P, WAX M, et al. Hepatitis E in pigs in Israel: Seroprevalence,


molecular characterization and potential impact on humans. EuroSurveillance; 23: 1800067;
2018.

UZÊDA J.C.O.; RIBEIRO-SILVA, R.D.C.; SILVA N.D.J., FIACCONE, R.L.; MALTA


D.C.; ORTELAN N.; BARRATO, M.L. Factors associated with the double burden of
malnutrition among adolescents, National Adolescent School-Based Health Survey (PENSE
2009 and 2015). PLoS ONE 2019; 14(6):e0218566.

VASCONCELOS F.D.A.G. Josué de Castro e a Geografia da fome no Brasil. Cad Saude


Pública 2008; 24(11):2710- 2717.

VAZ, D. S. S.; BENNEMANN, R. M. Comportamento alimentar e hábito alimentar: uma


revisão. Revista UNINGÁ Review, v. 20, n. 1, 2014
ANEXOS

Anexo 1 – Questionário 1 – Para ser usado antes da palestra tradicional e antes da


prática lúdica.

EX-ANTE

MONITORAMENTO DAS AÇÕES DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL

IDADE ESCOLARIDADE SEXO

MARQUE SIM OU NÃO

1. Você conhece o Guia Alimentar para a População Brasileira? SIM NÃO

2. Você sabe a importância de uma alimentação adequada e saudável?

3. Você sabe o que devemos consumir para termos uma alimentação


adequada e saudável?

4. Você já ouviu falar de alimentos in natura (alimentos naturais)?

5. Você já ouviu falar de alimentos minimamente processados?

6. Você já ouviu falar de alimentos processados?

7. Você já ouviu falar de alimentos ultraprocessados?

8. Você tem o hábito de consumir frutas, verduras e legumes


regularmente?

9. Você tem o hábito de utilizar temperos culinários ultraprocessados,


como knorr, sazón, entre outros?

10. Você utiliza óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades


ao temperar e cozinhar alimentos?

11. Você sabe a importância de beber água diariamente e


regularmente?

12. Você sabe o risco do consumo de refrigerantes, biscoitos, xilitos,


entre outros?

13. Você acha importante fazer atividades físicas?


Anexo 2 – Questionário 2 – Para ser usado após a palestra tradicional e após a palestra
lúdica.

EX-POST

MONITORAMENTO DAS AÇÕES DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL

IDADE ESCOLARIDADE SEXO

MARQUE SIM OU NÃO

1. Após a nossa conversa você conseguiu conhecer o Guia


SIM NÃO
Alimentar para a População Brasileira?

2. Após a nossa conversa você aprendeu a importância de uma


alimentação adequada e saudável?

3. Após a nossa conversa você aprendeu o que devemos consumir


para termos uma alimentação adequada e saudável?

4. Após a nossa conversa você aprendeu quais são os alimentos in


natura (alimentos naturais)?

5. Após a nossa conversa você aprendeu quais são os alimentos


minimamente processados?

6. Após a nossa conversa você aprendeu quais são os alimentos


processados?

7. Após a nossa conversa você aprendeu quais são os alimentos


ultraprocessados?

8. Após a nossa conversa você aprendeu a importância de


consumir frutas, verduras e legumes regularmente?

9. Após a nossa conversa você aprendeu a importância de


substituir os temperos ultraprocessados por temperos naturais
(cheiro verde, alho, cebola, entre outros)?

10. Após a nossa conversa você aprendeu a importância em


diminuir o uso de óleos, gorduras, sal e açúcar?

11. Após a nossa conversa você aprendeu a importância de beber


água diariamente e regularmente?

12. Após a nossa conversa você aprendeu quais os riscos de


consumir alimentos ultraprocessados, como refrigerantes,
biscoitos, xilitos, entre outros?

13. Após a nossa conversa você compreendeu a importância de


fazer atividades físicas?

14. Você acha que é possível aplicar no seu dia a dia os princípios
aprendidos na capacitação?

Você também pode gostar