Docente: Pe. Iuri Ribeiro Data: 12/4/2022 Discente: Rafael Oliveira Disciplina: Ética I
Segundo Sponville (1999), a seguinte virtude é a mais difícil de se
aprender, ou ainda, será se esta pode ser considerada uma virtude? No fim ele irá confirmar que sim. Mas nos detenhamos por primeiro no que significa esta palavra no latim e no francês: Puro é o que é limpo, sem mancha, sem mácula. Podemos também perceber que na vida é impossível ser tudo puro, enquanto tomamos esta concepção, pois tudo que é puro, é morto, a exemplo da água em sua forma H2O, não há vida, pois para isto tem que haver minerais, dentre tantas outras coisas, assim, tudo que vive suja e tudo que limpa mata, a pureza é impossível, temos a opção de higiene, diversos tipos de pureza. “Só o nada é puro; ora, o nada não é nada: o ser é uma mancha no infinito do vazio, e toda existência é impura.” (SPONVILLE, 1999). Uma crítica a religião é feita quando ela: “deram-se essa distinção entre o que a lei impõe ou autoriza, que é puro, e o que ela proíbe ou sanciona, que é impuro. O sagrado é antes de tudo o que pode ser profanado, e talvez seja apenas isso. Inversamente, a pureza é o estado que permite aproximar-se das coisas sagradas sem as macular e sem se perder nelas.” (SPONVILLE, 1999). A pureza é diferente do angelismo, esta é um atributo que todos nós teríamos ou não, não é essência, a pureza, pode-se dizer que é não ver o mal onde fato o mal não existe, o impuro vê o mal em toda a parte e tem prazer nele, o puro não vê mal em lugar algum, as não ser onde ele realmente existe, na crueza, no egoísmo, na maldade, o impuro então é tudo que se faz de má vontade e com vontade má. O que nos leva a relacionar com o amor puro: “Amar, amar de verdade, amar puramente não é tomar: amar é olhar, é aceitar, é dar e perder, é regozijar-nos com o que não podemos possuir, é regozijar-nos com o que nos falta (ou que faltaria se quiséssemos possuí-lo), com o que nos faz infinitamente pobres, e é o único bem, e é a única riqueza.” (SPONVILLE, 1999). Entende-se por fim que não pureza absoluta nem há impureza total ou definitiva, pois o amor, o prazer ou a alegria, nos liberte um pouco de nós, da avidez e do egoísmo, que o amor purifique o amor, até o ponto de se salvar. “A beatitude”, dizia Spinoza, “não é o preço da virtude, mas a própria virtude; e essa plenitude não é obtida pela redução de nossos apetites sensuais, mas, ao contrário, é essa plenitude que torna possível a redução de nossos apetites sensuais.” É a última proposição da Ética, e isso mostra bem o caminho que disso nos separa.