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Com isso, nós somos aquele que vai se aproximar de determinada pessoa. Ela
quer viver conosco uma possibilidade de abertura do modo mais próprio dela
ser, muitas vezes um modo que ela própria desconhece. A partir do contato
com outra pessoa, esses modos vão se mostrando. Essa experiência de
partilhamento com alguém da nossa própria maneira de ser é que constitui o
trabalho clínico. O objetivo nada mais é que esse partilhamento. Esse trabalho
mesmo de viver um progressivo aprofundamento da nossa maneira de estar no
mundo com outra pessoa, faz com que isso provoque uma “cura” – cura é
alcançar a melhor configuração possível das minhas possibilidades de ser.
A fenomenologia é m método que não pode ser instituído como uma coisa
genérica, que sirva para qualquer coisa. Mas é como se recomendasse para
cada um de nós uma abertura para uma grande aventura de entrar em contato
com o diferente de nós, e de acolher e procurar compreender esse diferente.
Esse diferente tem em relação a nós e a todas as outras pessoas alguma
referências ontológicas. Todo ser humano é enquanto mais próprio de ser algo
como angústia e culpabilidade. Todo ser humano é ser para a morte. Todo ser
humano é, ao mesmo tempo que finitude, transcendência. Todo ser humano
vive isso tudo ao mesmo tempo. Todo ser humano vive ser e não ser. E todo
ser humano é no mundo. O seu modo mais próprio de ser é na sua presença
em, no mundo, com os outros. Mas cada um de nós vive estas dimensões
ontológicas a cada momento de um certo modo.
Tendo o filósofo com seu trabalho rigoroso, em sentido de manter-se fiel àquilo
que o toca, e construir toda uma obra que é a expressão mais direta disso, de
um lado, e de o outro lado, a poética, que tem essa tarefa de uma maneira
muito sintética e direta em tudo o que for considerado arte, qual é a referência
dos psicólogos? É se valer da filosofia e se valer da poética como referência
dentro da psicologia, dentro da chamada ciência.