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1

Sumário

INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

PARTE 1: A VIRTUDE DA CASTIDADE

O QUE A CASTIDADE, NÃO É? . . . . . . . . . . . . . 5

O QUE É A CASTIDADE ENTÃO? . . . . . . . . . . . . . 7

CASTIDADE E INTEGRIDADE . . . . . . . . . . . . . . 11

PARTE 2: COMO FAÇO PARA VIVER A CASTIDADE?

UMA VISÃO POSITIVA DO CORPO E DA SEXUALIDADE. . . 15

DECISÃO E AUTODOMÍNIO . . . . . . . . . . . . . . 17

CONSELHOS PRÁTICOS PARA VIVER A CASTIDADE. . . . 19

AS FASES DA CASTIDADE. . . . . . . . . . . . . . . . 30

CASTIDADE E AMIZADE . . . . . . . . . . . . . . . . 33

EXTRA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

CONSIDERAÇÕES FINAIS. . . . . . . . . . . . . . . . 37

2
INTRODUÇÃO

Castidade, o que é isso? Porque a palavra castidade


é tão incompreendida, sobretudo nos dias de hoje? Será
que a castidade pode trazer algum benefício para a vida do
jovem? Será que ela não estaria fora de moda?
João Paulo II dizia que a virtude da castidade precisa
ser reabilitada. Porém, só reabilitamos algo que perdeu o
bom nome e o direito de respeito. Realmente não existe
uma virtude tão ridicularizada em nosso tempo como a
castidade.
Mas será que aqueles que a menosprezam, sabem o
que ela de fato significa? E quem a vive ou deseja vivê-la
será que conhece de fato o que ela é?
Uma coisa é certa: não podemos supervalorizar a cas-
tidade e esquecer as demais virtudes, pois seria viver o
puritanismo e não a pureza. Porém, desprezar a castidade
significa jamais fazer a experiência do amor autêntico.
Nesse e-book, eu quero ajudar você a desmistificar e
redescobrir a importância da castidade, afim de que ela re-
cupere seu devido lugar em sua vida, trazendo verdadeiros
benefícios.

3
PARTE 1

A VIRTUDE DA
CASTIDADE

4
CAPÍTULO 1

O QUE A
CASTIDADE,
NÃO É?

5
CAPÍTULO 1

O QUE A CASTIDADE, NÃO É?

Se buscarmos em qualquer dicionário a definição de


castidade, certamente encontraremos uma definição errô-
nea, ou no mínimo reduzida da mesma, pois normalmente
relaciona-se castidade à proibição ou abstenção do sexo. E
aqui está o primeiro grande equívoco. Embora em algumas
circunstâncias a castidade envolva abstinência sexual, ela
por si mesma não se reduz a isso. É por isso, que antes de
falar o que a castidade é, se faz necessário dizer o que ela
não é.
Castidade não é desvalorização da sexualidade, nem
desprezo do corpo e do sexo. Castidade não é negação, não
é repressão, não é castração. Castidade não é frustração e
nem fechamento aos desejos sexuais. Castidade não tem
nada a ver com “beatice” ou com pessoa mal resolvida e
deprimida. Castidade não é um programa de aprisiona-
mento dos jovens. Castidade não é “coisa” só para padre e
freiras; pois quem é casado, solteiro ou viúvo (a) também é
chamado a viver a castidade. Castidade não é negação do
valor do prazer em nossa vida e nem uma repulsa da vida
sexual.

6
CAPÍTULO 2

O QUE É A
CASTIDADE
ENTÃO?

7
CAPÍTULO 2

O QUE É A CASTIDADE ENTÃO?

A castidade é um GRANDE SIM ao amor autêntico. Co-


mandada pela virtude cardeal da temperança, a virtude da
castidade é aquela que ordena a nossa sexualidade. Longe
de ser uma negação, a castidade é a afirmação jubilosa de
quem é livre para amar. Em nossa sexualidade está presen-
te uma força para amar, que pode ser comparada a um for-
te rio: se arrancarmos as margens desse rio ele produzirá
um enorme alagamento. Se colocarmos barreiras e diques
impedindo o seu curso, sua força arrebentará as barreiras e
produzirá enormes estragos. Todo rio precisa de margens,
precisa ser canalizado. A castidade precisa ser entendida
como a canalização das nossas energias sexuais, da nossa
capacidade de amar. Por isso, que a castidade
não é entendida como uma virtude repressiva,
mas, pelo contrário, como a transparência e, ao
mesmo tempo, a guarda de um dom recebido,
precioso e rico, o dom do amor, em vista do dom
de si que se realiza na vocação específica de cada
um.1
Transparência e guarda do amor são sinônimas da
castidade. João Paulo II dizia que “ser casto significa rela-
cionar-se de maneira transparente com a pessoa de outro
sexo”2. Ser transparente é não camuflar suas reais inten-
ções e sentimentos, que muitas vezes estão disfarçadas de
amor, mas que no fundo é puro egoísmo e busca de satis-
1 Conselho pontifício para a família, sexualidade humana – verdade e significado, n.4.
2 Karol wojtyla, amor e responsabilidade, p. 151.

8
fação pessoal. Facilmente confundimos com amor os ha-
bituais movimentos de atração e de paixão que sentimos
pelo outro sexo, que nos fazem buscar a pessoa não por ela
mesma (por seu valor pessoal), mas pela satisfação que ela
pode nos oferecer. Ser transparente, significa admitir que
tenho desejos sexuais, mas que eles estão subordinados a
uma realidade muito maior: o amor!
Dessa forma, “a castidade não pode ser compreendi-
da sem a virtude do amor”3. Na verdade, a castidade está a
serviço do amor. Ao contrário do que muitos pensam a cas-
tidade não é inimiga, mas é a guardiã do amor autêntico4.
Aquele que permite que os seus desejos sexuais orien-
te suas relações, ignora outras formas de manifestar amor
e ternura. Pois a pessoa que só sabe “amar e dar carinho”
se tiver sexo, na verdade não entendeu nem o amor nem
o sexo. Só vive a castidade quem entendeu que o sexo é a
linguagem do amor maduro, a expressão do dom si mani-
festado através do corpo.
Uma pessoa não é só “corpo e sexo”, ela possui um
mistério pessoal que precisa ser respeitado. Desconsiderar
isso é tratá-la como um objeto. Objeto se “usa”, mas o ser
humano se ama. Usar significa usufruir, tirar todo o pro-
veito, explorar. Amar significa se doar pelo bem do outro.
Só o amor nos leva a ver o outro (a) como alguém que não
pode ser rebaixado a objeto de uso. Por isso que para João
Paulo II, o contrário do amor não é o ódio, mas o uso. Amar
é o contrário de utilizar5. Usa-se uma pessoa todas as ve-
zes que se coloca o valor do seu “corpo e sexo” acima do
seu valor pessoal. Assim, a única maneira de protegermos
3 Idem.
4 Cf. João paulo ii, ângelus, 06 de julho de 2013.
5 Karol wojtyla, amor e responsabilidade, p.27.

9
o amor é através da castidade.
Casto é aquele que diz: “Eu amo tanto você que não
posso te usar!”. A pessoa casta “não é centrada em si mes-
ma, nem tem um relacionamento egoísta com as outras
pessoas.”6 Por isso que
A castidade é a energia espiritual que liberta o amor
do egoísmo e da agressividade. Na medida em que,
no ser humano, a castidade enfraquece, nessa mesma
medida o seu amor se torna progressivamente egoísta,
isto é, a satisfação de um desejo de prazer e já não dom
de si.7
Portanto, castidade é sinônimo de um amor forte.
Como o amor de Cristo, que leva a renúncia de si, para
o dom de si. Assim como em todas as virtudes, é preciso
também preciso esforçar-se para viver a castidade. Faz-se
necessário um exercício de autodomínio, que envolve sa-
crifício e renúncia, da qual emerge o amor autêntico. Isso
significa que sem a capacidade de autopossuir-se é impos-
sível viver a autodoação. Pois ninguém pode dar aquilo que
não possui. A castidade necessariamente comporta uma
aprendizagem do domínio de si8. Sem esse autocontrole
jamais existirá verdadeira entrega9.
O amor vive de gratuidade, de sacrifício de si, de per-
dão e de respeito do outro.10

6
Conselho pontifício para a família, sexualidade humana – verdade e significado, n.17.
7
Idem, n.16.
8
Catecismo da igreja católica, n. 2339.
9
“É óbvio que o crescimento no amor, enquanto implica o dom sincero de si, é ajudado pela disciplina
dos sentimentos, das paixões e dos afetos que nos faz chegar ao autodomínio. Ninguém pode dar aquilo
que não possui: se a pessoa não é senhora de si — por meio da virtude e, concretamente, da castidade —
falta-lhe aquele autodomínio que a torna capaz de se dar” (conselho pontifício para a família, sexualidade
humana – verdade e significado, n.16).
10
Bento xvi, discurso aos jovens namorados de ancona, 21 de setembro de 2011.

10
CAPÍTULO 3

CASTIDADE E
INTEGRIDADE

11
CAPÍTULO 3

CASTIDADE E INTEGRIDADE

Integridade significa estar inteiro. Uma coisa é certa:


ninguém quer viver um amor repartido. Porém, quem não
é casto é escravo dos joguetes dos seus desejos, está dila-
cerado, repartido, e não é livre. Como alguém que não é
inteiro poderá se doar por inteiro? Somente quem é íntegro
pode doar-se de forma íntegra. Esse é o papel da castidade:
ela nos recompõe11. Ela nos ajuda a reunir todas as nossas
energias para uma doação plena. A virtude da castidade
faz de nós pessoas íntegras (inteiras) para amarmos intei-
ramente. Porque somente “o amor casto é um amor que
se defende contra todas as forças internas e externas que o
procuram destruir”12. Sem a virtude da castidade você vai
querer amar, mas na verdade a única coisa que consegui-
rá fazer é usar a outra pessoa para satisfazer as suas von-
tades. Acredite: “só o homem e a mulher castos podem
amar verdadeiramente”13!
Em nossa sexualidade experimentamos a força e a ca-
pacidade de amar inscrita em nós pelo próprio Deus. Po-
rém, não somos anjos, e muito menos animais, nós somos
seres corpóreo-espirituais. Portanto, “nem o espírito ama
sozinho, nem o corpo: é o ser humano, a pessoa, que ama
como criatura unitária, de que fazem parte o corpo e a al-
ma”14.

11
Catecismo da igreja católica, n. 2340.
12
Youcat, n. 404.
13
Karol wojtyla, amor e responsabilidade, p. 152.
14
Bento xvi, deus caritas est, n. 5.

12
Portanto, a castidade “significa a integração correta
da sexualidade na pessoa”15.

Como “a sexualidade deve ser orientada, elevada e


integrada pelo amor”16, a única que pode fazer isso é a
virtude da castidade. Sem a castidade a nossa sexualidade
fica completamente desordenada e banalizada, o amor en-
fraquece e perde o seu sentido. João Paulo II denunciava
isso afirmando que quando
falta o sentido e o significado do dom na sexuali-
dade, acontece ‘uma civilização das “coisas” e não
das “pessoas”; uma civilização onde as pessoas
se usam como se usam as coisas. No contexto
da civilização do desfrutamento, a mulher pode
tornar-se para o homem um objeto, os filhos um
obstáculo para os pais.17

E é justamente numa civilização utilitarista assim que


estamos vivendo. Realmente é urgente reabilitar a virtude
da castidade, pois só assim redescobriremos o verdadeiro
sentido do amor e da sexualidade. Portanto, se quero vi-
ver a minha sexualidade de maneira correta e almejo fazer
a experiência de um “amor que seja mais forte do que a
morte”18, não tem outro caminho: eu preciso da virtude da
castidade!

15
Catecismo da igreja católica, n. 2337.
16
Sagrada congregação para a educação católica, orientações educativas sobre o amor humano - linhas ge-
rais para uma educação sexual, n. 6.
17
joão paulo ii, carta às famílias, n. 13.
18
Cântico dos cânticos 8, 6.

13
PARTE 2

COMO FAÇO
PARA VIVER A
CASTIDADE?

14
CAPÍTULO 4

UMA VISÃO
POSITIVA DO
CORPO E DA
SEXUALIDADE

15
CAPÍTULO 4

UMA VISÃO POSITIVA DO CORPO E DA


SEXUALIDADE

. Para se viver corretamente a castidade é preciso ter


uma visão positiva sobre o corpo e a sexualidade. Isso
significa que não podemos nos deixar levar pelas expe-
riências negativas da nossa história, nem pelos maus
exemplos que tivemos em casa, e muito menos pela men-
talidade permissividade amplamente difundida em nossa
sociedade. Por outro lado, também não podemos nos dei-
xar influenciar por uma mentalidade puritana, onde tudo
é pecado e obra do demônio.
Portanto, para viver a castidade é necessário ter a
convicção de que a sexualidade é um dom de Deus, e que
temos o dever de orientá-la e protegê-la. Não podemos
esquecer que o ser humano é ao mesmo tempo um ser
corporal e espiritual. E essa unidade de corpo e alma é
tão profunda, que formam uma única natureza: a huma-
na! Precisamos entender que: “não somos anjos, nem ani-
mais: somos gente! ”. E os desejos e impulsos sexuais fa-
zem parte da nossa natureza humana. Esses impulsos não
podem ser negados ou reprimidos, mas devem ser canali-
zados para o dom de si mesmo, através da oferta da pró-
pria vida. O corpo e a sexualidade não são inimigos para a
nossa santidade, nem mesmo as nossas reações sexuais,
mas se encontram na própria via da santidade.
CAPÍTULO 5

16
DECISÃO E
AUTODOMÍNIO

17
CAPÍTULO 5

DECISÃO E AUTODOMÍNIO

Viver a castidade é uma escolha, que precisa ser posi-


tiva e consciente. Para vivê-la devemos ter uma convicção
bem formada da sua importância e benefícios na nossa vida.
Sem isso, a castidade se tornará para nós um fardo e uma
tortura, e não um estilo alegre de vida. Quando estamos
convictos de algo, mesmo que exista sacrifício, lutamos por
aquilo. Uma pessoa que não tem profundas razões para vi-
ver a castidade, não vai lutar com todas as suas forças para
vivê-la, e irá desanimar com facilidade. Apresentamos até
aqui algumas motivações e argumentos sobre a importân-
cia da castidade, mas agora é você que deve fazer ou reno-
var a sua escolha de forma consciente e livre. Pense, reflita
e faça uma opção firme e corajosa.

Uma vez decidido é preciso saber que só vamos con-


seguir viver a castidade através de uma autodisciplina19.
Pois sem autodomínio ninguém é livre para amar. E só vive
castamente “quem é livre para o amor e não quem é escra-
vo dos seus impulsos e paixões”20. Portanto, a alternativa
é clara: “ou o ser humano domina suas paixões e obtêm
a paz, ou se deixa subjugar por elas e torna-se infeliz”21. E
esse domínio de si “comporta tanto o evitar as ocasiões de
provocação e de incentivo ao pecado, como o saber supe-
rar os impulsos instintivos da própria natureza”22.
19
Cf. Youcat, n. 405.
20
Idem.
21
Catecismo da igreja católica, n. 2339.
22
Conselho pontifício para a família, sexualidade humana – verdade e significado, n.18.

18
CAPÍTULO 6

CONSELHOS
PRÁTICOS
PARA
VIVER A
CASTIDADE

19
CAPÍTULO 6

CONSELHOS PRÁTICOS PARA


VIVER A CASTIDADE

Para ajudar-nos a adquirir e crescer na virtude da cas-


tidade, coloco abaixo alguns conselhos práticos. Esses con-
selhos são inspirados no genuíno ensinamento da Igreja e
na recomendação e exemplo de muitos santos e mestres
espirituais. De forma geral, eles também podem ser encon-
trados no Documento Sexualidade humana - verdade e sig-
nificado, do Conselho Pontifício para a Família.
Selecionei 10 conselhos e farei um breve comentário
de cada um deles:
1. Vida de oração Pessoal (associada à oração comunitária/ vida
sacramental).
2. Conheça mais profundamente a verdade sobre o amor e a
sexualidade.
3. Fuja das ocasiões de pecado.
4. Pratique o jejum e mortificação.
5. Busque o equilíbrio em relação ao sono.
6. O trabalho manual (pode adaptar aqui a prática dos esportes)
7. A guarda dos sentidos.
8. O uso adequado da Internet.
9. Pudor e modéstia.
10. Alimente uma especial Devoção à Virgem Maria.

20
1. A ORAÇÃO

Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será


aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem
busca, acha. A quem bate, abrir-se-á. (Mateus 7, 7-8)

A castidade além de ser uma virtude moral, “é também


um dom de deus, uma graça”23. Portanto, quem quer viver
a castidade de todo o coração, deve antes de tudo implorar
essa graça a Deus, que é rico em misericórdia.
Santo Agostinho, por exemplo, entendeu que ninguém é
casto se Deus não lhe concede. Por isso ele rezou a Deus
pedindo: “Dá-me o que me pedes, e pedi o que me con-
cedes!”. E Deus ouviu a súplica desse santo, que embora
tenha vivido uma vida de grande promiscuidade, adquiriu
essa virtude. A graça o livrou da luta, mas fez a luta não fos-
se em vão. Portanto, cultive uma amizade profunda com
Deus, busque assiduamente os sacramentos, sobretudo a
Confissão e a Eucaristia, leia frequentemente a Palavra de
Deus. Além disso, cultive uma profunda devoção a Nossa
Senhora, que é a Mãe da pureza, especialmente na hora
que bater forte a tentação, invoque-a com fé e você obterá
a força e a vitória.

“Vigiai e orai para que não entreis em tentação.


O espírito está pronto, mas a carne é fraca”
(Mateus 26, 41-42).

23
Catecismo da igreja católica, n. 2345.

21
2. CONHEÇA MAIS PROFUNDAMENTE A VERDADE
SOBRE O AMOR E A SEXUALIDADE.

“Nós, porém, temos o pensamento de Cristo”


(1 Coríntios 2, 16)

Jesus disse no Evangelho: Conhecereis a verdade e a


verdade vos libertará (Jo 8, 32). Quanto mais conhecermos
a verdade sobre o amor humano e a sexualidade mais re-
ceberemos a inspiração para viver a virtude da castidade.
Pois a verdade nos liberta da ignorância e do erro, e projeta
luz em nossa consciência.

Conheça mais profundamente sobre o mistério da se-


xualidade à luz da doutrina cristã católica. Procure saber
o que a Bíblia e os Documentos da Igreja ensinam sobre o
assunto. Leia bons livros de formação humana e espiritual.
Inspire-se no testemunho dos santos. Pois é puro de co-
ração quem têm, entre outras coisas “amor à verdade e a
ortodoxia da fé”24

Quanto mais você preencher a sua mente de coisas


boas, além de conhecer a verdade, você vai desintoxicar a
sua mente de coisas ruins e se inspirar naquilo que é Bom,
Belo e Verdadeiro.

24
Catecismo da igreja católica, n. 2518.

22
3. FUJA DAS OCASIÕES.

“Fugi da imoralidade sexual” (I Coríntios 6, 18)

São Josemaria Escrivá quando explicava sobre as


tentações contra a castidade, dizia: “Não tenhas a covar-
dia de ser valente; foge!”25 Nós muitas vezes somos
imprudentes e brincamos com fogo, e é por isso que
nos queimamos. Queremos mostrar que somos fortes e
estamos no controle da situação.

É preciso ter a “coragem de ser covarde”, isto é, fugir


de toda e qualquer situação ou pessoa que seja para nós
ocasião de queda. Afastar-se do perigo é ser prudente. Por
exemplo: “ficar conversando em local isolado com uma
pessoa que não nos convêm; ficar sozinho em casa com
a namorada (o) ou namorar dentro do carro no escuro;
permanecermos num ambiente promíscuo e sensual;
participar ou assistir a festas, espetáculos, programas de
televisão impregnados de erotismo”26; são atitudes que,
entre outras, podem ser evitadas e substituídas por ações
mais proveitosas.
“Foge do pecado como se foge de uma serpente;
porque, se dela te aproximares, ela te morderá”.
(Eclesiástico 21, 2)

25
São josemaria escrivá, apud, francisco faus, a conquista das virtudes, p. 198.
26
Cf. Idem, p. 199.

23
4. JEJUM E MORTIFICAÇÃO.

“Por isso jejuamos e invocamos o nosso Deus, e ele


nos ouviu.” (Esdras 8, 23)

Os jovens e a sociedade atual não gostam muito des-


sas expressões. Mas a experiência milenar da Igreja atesta
que quem quer vencer a desordem sexual, precisa vencer
a gula. Pois o princípio espiritual da gula é o mesmo da lu-
xúria. Quem cai na luxúria é porque antes já caiu na gula.
Portanto é impossível vencer a luxúria sem algum tipo de
jejum e abstinência.

Jejum significa tirar uma das refeições, e abstinên-


cia seria abrir mão de alguns alimentos mais saborosos, e
transformar essa atitude em oração. Não é ficar sem co-
mer simplesmente. É fazer um exercício espiritual que en-
volve o corpo. O jejum deve ser sempre acompanhado da
oração.

O jejum é uma atitude que educa a nossa vontade e


nos ajuda a crescer no autodomínio. Pois se não formos
moderados na comida e bebida, certamente não o sere-
mos em relação aos impulsos da nossa sexualidade.

Boa coisa é a oração acompanhada de jejum


(Tobias 12,8)

24
5. O EQUILÍBRIO EM RELAÇÃO AO SONO.

A disciplina do sono também está intimamente ligada


à castidade, porque a pessoa que é indisciplinada em rela-
ção ao sono, geralmente, é comandada pelo corpo.

É necessário modificar os hábitos na medida do


possível. O corpo deve ser comandado como uma “criança
desobediente” que não quer ir cedo para a cama ou não
quer levantar na hora certa. Embora a necessidade de sono
seja diferente conforme a idade e o organismo de cada
um, a busca pela moderação do sono é importante. Nem
demais, nem de menos. O suficiente para ter um bom dia
de trabalho e estudos.

6. O TRABALHO MANUAL.

Inúmeros santos falam da importância do trabalho


manual, cuja finalidade é evitar o ócio e proporcionar um
sadio cansaço físico.

Existe um ditado antigo que diz assim: Cabeça vazia


é oficina do diabo”. Portanto, fugir da ociosidade significa
manter-se ocupado, para que o demônio não o preocupe
com as suas tentações. São Boaventura diz que: “Quem
trabalha é tentado por um demônio só; quem vive ocioso,
é atacado por uma multidão deles”.

Além das diversas tarefas que podemos fazer, pode-


mos incluir a sadia prática de esportes.

25
7. A GUARDA DOS SENTIDOS.

“Além disso, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o


que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro,
tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o
que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos
pensamentos.” (Filipenses 4, 8)

A autodisciplina envolve também os sentidos, espe-


cialmente o olhar, a audição e o tato. A pessoa que pensa
que pode ver de tudo, ouvir de tudo, ler de tudo, tocar em
tudo, e ainda manter a castidade está completamente en-
ganada.

Em uma sociedade como a nossa onde os estímulos


eróticos são constantes e até agressivos, se faz preciso lu-
tar para guardar os sentidos. Isso significa, por exemplo,
guardar os olhos de certas imagens na televisão, revistas,
celulares, e especialmente na Internet. O mesmo se diz
de certas músicas, que exaltam apenas o prazer e o sexo.
Quanto ao tato, sabemos muito bem que a nossa sensibili-
dade física desperta nossos desejos sexuais. Dessa forma,
uma pessoa solteira, por exemplo, se quer viver a castida-
de, precisará educar seu contato físico com seu namorado
(a). Isso implica a moderação nos beijos e abraços, que ten-
dem a provocar a excitação sexual. Esses cuidados expostos
acima visam não encher a nossa memória de material que
possa turbinar a nossa imaginação de fantasias eróticas. É
preciso escolher o que vemos e ouvimos para não transfor-
mar o nosso interior numa lata de lixo. O cérebro é nosso
principal órgão sexual. Sendo assim, é preciso exercitar-se
no autodomínio da imaginação, e jamais deleitar-se e ficar

26
alimentando um pensamento erótico. É preciso estar vigi-
lante para rejeitá-lo imediatamente, quando esse aparecer.

8. O USO ADEQUADO DA INTERNET.

Esse conselho é continuidade do anterior. Pois o fe-


nômeno da Internet e seu atual uso exagerado estão tor-
nando-se uma prática cada vez mais comum na vida das
pessoas, sobretudo os jovens. Assim não basta apenas se-
lecionar o que se vê na Internet, mas a quantidade do que
se vê. Pois “ainda que as imagens sejam bem escolhidas,
é sempre um ritual passivo pelo qual a pessoa se deixa in-
fluenciar por imagens agradáveis e isto, com o passar do
tempo, gera insatisfação e indolência. Não se trata aqui
de demonizar tal hábito, mas de conscientizar-se de que
a nossa formação ou deformação se realiza com estas pe-
quenas escolhas”27. É seguir o conselho da Igreja e fazer o
“uso comedido dos meios de comunicação social”28. O se-
gredo é a moderação.

9. PUDOR E MODÉSTIA.

Para finalizar é importante ressaltar que “a prática do


pudor e da modéstia, no falar, no agir e no vestir, é muito
importante para criar um clima apropriado à conservação
da castidade, mas isto deve ser bem motivado pelo respei-
to do próprio corpo e da dignidade dos outros. ”29 Pois o
27
Padre paulo ricardo, um olhar que cura, p. 114.
28
Conselho pontifício para a família, sexualidade humana – verdade e significado, n. 72.
29
Idem, n. 56.

27
pudor e a modéstia protegem o mistério e a intimidade da
pessoa, e leva guardar o que deve ficar escondido, pois o
que é tão valioso não pode ser banalizado.
Existe o pudor dos sentimentos e do corpo. Isso signi-
fica que devemos prestar atenção em como nos compor-
tamos. Primeiro é ter cuidado sobre como e o que se fala.
Não ir longe demais nas confidências íntimas e guardar
aquela necessária reserva diante da curiosidade alheia. É
ser discreto.
O pudor e a modéstia no vestir implicam na consciên-
cia de que existem partes do nosso corpo que naturalmen-
te chamam mais a atenção do sexo oposto, sobretudo na
mulher. Embora o homem precise ser discreto no vestir,
essa tarefa cabe ainda mais a mulher, pelo simples fato
dela possuir uma beleza única que atrai o olhar masculino.
Lembramos que sexualmente falando o homem é muito
mais visual do que a mulher. De forma prática, recomenda-
-se que a mulher procure em suas vestes não exibir costas
nuas, barriga, coxas, decotes, parte dos seios, ou usar rou-
pas que marquem muito seu corpo, o que além de resguar-
dar a sua dignidade, orientará o olhar e os gestos masculi-
nos para além de seu corpo, mas para toda a sua pessoa.
Porém, é preciso interpretar bem o que é o pudor e
modéstia para não cairmos em moralismos, e ficarmos fi-
xados somente na questão corporal-sexual. Pois o vestir-se
bem está dentro de uma arquitetura que envolve outras
virtudes. Temos que evitar os extremos. Pois a pureza é um
todo: corpo e alma.

28
10. ALIMENTE UMA ESPECIAL DEVOÇÃO À VIRGEM
MARIA.

Nossa Senhora é a mãe da Pureza! E muitos se conser-


vam castos, graças a essa especial devoção à Virgem Maria,
a Imaculada!
Jamais ficou desamparado quem consagrou à Nossa
Senhora o seu desejo e decisão de viver a castidade. Ela é
mãe, portanto, conhece a necessidade dos seus filhos. Ma-
ria é “forma de Deus”, que modela a cada um de nós em
seu Filho Jesus, o Casto por excelência.

29
CAPÍTULO 7

AS FASES DA
CASTIDADE

30
CAPÍTULO 7

AS FASES DA CASTIDADE

A castidade não é algo mágico, mas sim um processo.


É uma virtude que vai sendo adquirida aos poucos, com
a graça de Deus e o esforço pessoal de cada um. Nesse
sentido, sempre me chamou a atenção dois parágrafos do
Catecismo da Igreja Católica que ensinam sobre isso: 2342
e 2343. Como eles são praticamente autoexplicativos, re-
solvi citá-los na íntegra:

• 2342. O domínio de si é uma obra de grande fôle-


go. Nunca poderá considerar-se total e definitivamen-
te adquirido. Implica um esforço constantemente re-
tomado, em todas as idades da vida; mas o esforço
requerido pode ser mais intenso em certas épocas,
como quando se forma a personalidade, durante a
iwnfância e a adolescência.

• 2343. A castidade conhece leis de crescimento e passa


por fases marcadas pela imperfeição, muitas vezes até
pelo pecado. O homem virtuoso e casto “constrói-se
dia a dia com as suas numerosas decisões livres. Por
isso, conhece, ama e cumpre o bem moral segundo
fases de crescimento”.
Perceba quantos ensinamentos contidos em tão poucas
linhas. Pois nos revela que é necessário um esforço cons-
tante e ao mesmo tempo uma consciência que existem leis
de crescimento da castidade, ou seja, ela é um processo,
que tem suas fases. E esse processo muitas vezes é marca-

31
do pela queda. E nós não podemos desanimar, desistir e
muitas afrouxar diante das quedas, ao contrário, é preciso
recomeçar, continuar lutando e prosseguir decididamente.
E isso é motivo de esperança para todos nós, pois sempre
é tempo de recomeçar!

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CAPÍTULO 8

CASTIDADE
E AMIZADE

33
CAPÍTULO 8

CASTIDADE E AMIZADE

A amizade é uma sublime forma de amor, pois busca o


bem do outro, leva em conta a pessoa em seu valor e não
o que se pode usufruir dela.

É por isso que o Catecismo da Igreja Católica ensina que


a virtude da castidade se expande na amizade. Pois uma
vez desenvolvida entre pessoas do mesmo sexo ou de se-
xos diferentes, a amizade representa um grande bem para
todos. Conduz à comunhão espiritual. (Cf. n.2347)

Portanto, todas as pessoas que querem viver a castidade


necessitam desenvolver sadias relações de amizade, por-
que isso ajuda a desenvolver e amadurecer a sua dimensão
afetiva.

É por isso que a Sagrada Escritura diz quem encontrou


um amigo, encontrou um tesouro.
“Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o
achou, descobriu um tesouro. Nada é comparável a um
amigo fiel, o ouro e a prata não merecem ser postos
em paralelo com a sinceridade de sua fé. Um amigo fiel
é um remédio de vida e imortalidade; quem teme ao
Senhor, achará esse amigo.” (Eclesiástico 6, 14-16)

34
EXTRA

35
EXTRA

Muito mais poderia se dizer sobre a virtude da castida-


de. Mas o que expus até aqui visa alcançar todas as pes-
soas em geral, visto que todos os cristãos são chamados à
castidade. Porém, cada um deve vivê-la de acordo com o
seu próprio estado de vida.
Pois as pessoas casadas são chamadas a viver a castida-
de conjugal e as outras pessoas (solteiros, viúvos, celibatá-
rios) são chamados a viver a castidade na continência, ou
seja, na total abstinência sexual.
Elencar e explicar detalhadamente a vivência da casti-
dade em cada estado de vida, certamente extrapolaria os
limites de e-book, e essa tarefa fica como tema para outros
materiais.
O importante é não esquecer que os namorados e noi-
vos devem guardar as carícias íntimas e a intimidade sexual
para o casamento. Os casados são chamados a viver a casti-
dade conjugal na fidelidade mútua, em seus pensamentos
palavras e ações; serem responsáveis na tarefa da trans-
missão da vida recusando todos os métodos contracepti-
vos artificiais; e por fim, mantendo sua vida sexual dentro
dos limites de uma moderação justa. Os celibatários, sacer-
dotes e religiosos devem também manter a castidade na
continência, resguardando uma postura e comportamento
dignos de sua condição.
Por fim, as pessoas viúvas, pessoas que tem atração pelo
mesmo sexo, pessoas separadas ou divorciadas, também
devem igualmente abraçar a castidade na continência.

36
CONSIDERAÇÕES
FINAIS

37
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A aquisição da virtude da castidade pode ser comparada


a alguém que está aprendendo a tocar um instrumental
musical. No início, logo que se aprende a manusear o ins-
trumento e realizar as primeiras notas, normalmente o som
não sai tão harmonioso. Porque a harmonia irá melhorar
de acordo com a prática, o exercício constante e a dedica-
ção do aluno. Assim é com a virtude da castidade, quando
mais ela é praticada e exercitada, mas nos tornamos cas-
tos, e nossa forma de amar se torna mais harmoniosa.
Espero que as orientações e reflexões aqui deixadas aju-
dem você no seu treino diário para viver a castidade. Tenho
certeza que não lhe faltará a graça de Deus. Pois a decisão
é nossa, mas o poder é de Deus!

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VAMOS APROFUNDAR?

Se você deseja descobrir mais profundamente o mis-


tério da sexualidade humana, eu convido-lhe a conhecer a
Teologia do Corpo do Papa São João Paulo II.
Eu gravei um Treinamento Online de Introdução à
Teologia do Corpo de São João Paulo II, onde ensino de
forma prática e profunda esses belíssimos ensinamentos
deixados a nós pela Papa.
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email: contato@amorautentico.com.br

Abraços!
Eu acredito no Amor Autêntico
Fernando Gomes

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O AUTOR

Fernando Gomes
Casado com Lucilene Gomes. Membro da Comunida-
de Católica Presença com sede em São José do Rio Pardo/
SP. Graduado em Filosofia e Teologia. Escritor e conferen-
cista católico internacional. Tendo influenciado e contribuí-
do na formação e evangelização de milhares de jovens e
líderes católicos. Já ministrou palestras nos EUA, Espanha,
Polônia , Inglaterra, Bolívia, e em todo o Brasil.

É idealizador do Projeto Amor Autêntico, que estimula


jovens e adultos a viveram a sua afetividade e sexualidade de
forma positiva e responsável, à luz do pensamento cristão
católico. Atualmente é uma das principais referências do
Brasil no ensino da Teologia do Corpo de São João Paulo II.

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