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Quarto De Despejo

Diário De Uma Favelada - 10ª Ed

Infos gerais:
Primeira data de publicação: 1960.
Ano de edição: 2014.
Número de páginas: 200.
Autora: Carolina Maria de Jesus.
Gêneros: Biografia, Autobiografia.
Idioma original: Português.
Editora: Francisco Alves (1ª edição)
Começo:
Quarto de Despejo - Diário de uma Favelada é um livro formado por 20
diários escritos entre 15 de julho de 1955 e 1 de janeiro de 1960 por Carolina Maria
de Jesus, que, antes da publicação de seu livro, em 1960, era uma anônima
moradora da favela de Canindé, em São Paulo.
Seu livro foi editado e publicado por Audálio Dantas (jornalista que visitou a
comunidade e se interessou por sua história) e, por muito tempo, lutou-se para que a
obra de Carolina pudesse ser considerada literatura, pois vários críticos literários
consideraram-na apenas como um tipo de literatura marginal.

O livro é um diário (como já dito) que relata a vida cotidiana, as lutas e as


reflexões de Carolina, uma mulher negra, mãe solteira de três filhos, que vivia na
favela do Canindé, na cidade de São Paulo.
A obra se destaca por sua abordagem crua e realista da pobreza extrema,
da discriminação racial e de gênero, e das duras condições de vida nas favelas
brasileiras, exposta a escassez de alimentos e à constante ameaça da
violência. Carolina descreve sua luta diária pela sobrevivência, coletando papel e
metal para vender, enquanto aspira a uma vida melhor para si e seus filhos.
Ela também expressa suas opiniões sobre política, sociedade e os eventos
cotidianos que testemunha.

Ela não apenas retrata a miséria material, mas também reflete sobre os
aspectos emocionais e psicológicos da vida em condições adversas. Ao longo do
diário, é evidente o profundo desejo da autora por educação e por melhores
condições de vida para seus filhos.
O título "Quarto de Despejo" refere-se à ideia de que as favelas são lugares
onde a sociedade "despeja" aqueles que são considerados indesejados ou
insignificantes. Para Carolina, a favela é um depósito de pessoas que foram
excluídas e negligenciadas pelo resto da sociedade.
Quando publicada, a obra chamou a atenção para as realidades muitas vezes
ignoradas da vida nas favelas e desafiou as percepções populares e
estereotipadas sobre os favelados.
Carolina de Jesus foi uma das primeiras escritoras negras do Brasil a
receber reconhecimento nacional e internacional, destacando-se por sua capacidade
de documentar a realidade da vida nas favelas com uma perspectiva crítica e
poética.
Principais características:
Diário pessoal: A obra é apresentada em forma de diário, com entradas que
cobrem o período de 1955 a 1960. Carolina documenta seu cotidiano, seus
pensamentos, frustrações e observações sobre o mundo ao seu redor.

Realismo cruel: A escrita de Carolina é direta e sem rodeios. Ela descreve


com detalhes a dura realidade da vida na favela, desde a busca por comida até os
conflitos com vizinhos e a constante ameaça da violência.

Luta diária pela sobrevivência: O livro destaca a contínua luta de Carolina


para alimentar seus filhos, encontrar trabalho e melhorar sua situação, em meio a
um ambiente de extrema pobreza e desesperança.

Comentários sociais: Além de descrever sua vida cotidiana, Carolina


também faz comentários perspicazes sobre a sociedade brasileira, abordando temas
como racismo, desigualdade social e o abandono das favelas pelo Estado.

Linguagem e estilo únicos: Carolina tinha uma formação educacional


limitada, e isso se reflete em sua escrita. No entanto, sua linguagem é poderosa e
autêntica, o que torna sua narrativa ainda mais impactante.

Importância histórica: O livro oferece uma visão única da vida nas favelas
de São Paulo nos anos 1950 e 1960. É uma documentação valiosa das condições
de vida de uma parcela significativa da população brasileira naquela época.

Questão de gênero: Carolina também aborda a difícil posição das mulheres


nas favelas, lidando com machismo, violência doméstica e a luta para sustentar e
cuidar dos filhos sozinha.

Esperança e resiliência: Apesar da dura realidade retratada, o diário


também destaca a resiliência e a esperança de Carolina. Ela sonha com uma vida
melhor e se esforça constantemente para alcançá-la.
Críticas denunciadas no livro:
Pobreza e miséria: A autora descreve em detalhes a luta diária para
conseguir alimento, água e necessidades básicas para si mesma e seus filhos. A
falta constante de recursos e a precariedade das moradias são aspectos centrais da
narrativa

Discriminação racial: Como uma mulher negra vivendo na favela, Carolina


experimenta e retrata a discriminação racial enfrentada por ela e por outros
moradores negros, que são frequentemente marginalizados e menosprezados pela
sociedade mais ampla.
DICA: UM FATO HISTÓRICO QUE ESTÁ MUITO INTERLIGADO A ISSO É
O MOVIMENTO NEGRO.
Site que serve para eventuais pesquisas:
https://querobolsa.com.br/enem/sociologia/movimento-negro

Desigualdade de gênero: Carolina também aborda a vulnerabilidade das


mulheres na favela, onde muitas são vítimas de violência doméstica e exploração.
Ela mesma, como mãe solteira, enfrenta estigmas e desafios adicionais.

Violência e crime: O livro detalha as frequentes brigas e confrontos dentro


da favela, bem como a presença constante do crime. Isso é agravado pela falta de
estrutura e de policiamento eficaz.

Relações comunitárias: Apesar das dificuldades, também há momentos de


solidariedade e apoio mútuo entre os moradores. No entanto, intrigas, fofocas e
tensões são comuns, influenciando as dinâmicas sociais do ambiente.

Educação: Carolina valoriza muito a educação e lamenta as limitadas


oportunidades educacionais disponíveis para seus filhos. Seu próprio desejo de
aprendizado e seu hábito de escrita são testemunhos de sua busca por
autodesenvolvimento.

Migração: A obra ilustra a vida dos migrantes que vêm de outras partes do
Brasil em busca de melhores oportunidades em São Paulo, apenas para se
encontrarem presos nas favelas com poucas chances de melhorar suas condições
de vida.

Deslocamento e urbanização: O livro aborda indiretamente as políticas de


urbanização que levaram ao deslocamento forçado de comunidades faveladas,
empurrando-as para periferias ou "quartos de despejo".
Política e desigualdade: Embora não seja o foco principal, há referências às
políticas governamentais (ou à falta delas) que afetam a vida dos favelados e
perpetuam desigualdades.
Principais personagens:

Carolina Maria de Jesus: Autora dos diários e personagem principal. É uma


mãe solteira que trabalha como catadora de lixo e metal para sustentar sua casa e
comprar comida para si e para seus filhos. Ela escreve seus diários como forma de
escapismo e de denúncia social, relatando como é o cotidiano da favela, com os
problemas da miséria, da violência e da fome.

Vera Eunice: Filha de Carolina. Ela é mencionada frequentemente nas


páginas do diário, onde sua mãe expressa o amor profundo que sente por ela, bem
como suas esperanças e sonhos para o futuro de Vera Eunice.

João José: Filho de Carolina. Carolina expressa preocupações com a


educação e o bem-estar de João José, assim como faz com seus outros filhos,
mostrando seu esforço para prover uma vida melhor para eles apesar das severas
limitações impostas pela pobreza e pela marginalização social.

José Carlos: Filho de Carolina. As menções a José Carlos, como aos outros
filhos, evidenciam o amor profundo de Carolina por sua família e seu incansável
esforço para protegê-los e prover-lhes um futuro promissor, apesar das
adversidades.

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