Carolina Maria de Jesus escreveu um diário entre 1955-1960 descrevendo sua vida difícil morando em uma favela em São Paulo com seus três filhos. Ela lutava contra a fome todos os dias catando papel para sobreviver. Seu livro "Quarto de Despejo" deu voz às milhares de pessoas marginalizadas e ignoradas pela sociedade brasileira. Apesar de erros gramaticais, o livro é uma denúncia crua e necessária da desigualdade e pobreza extrema vividas por muitos no Brasil.
Carolina Maria de Jesus escreveu um diário entre 1955-1960 descrevendo sua vida difícil morando em uma favela em São Paulo com seus três filhos. Ela lutava contra a fome todos os dias catando papel para sobreviver. Seu livro "Quarto de Despejo" deu voz às milhares de pessoas marginalizadas e ignoradas pela sociedade brasileira. Apesar de erros gramaticais, o livro é uma denúncia crua e necessária da desigualdade e pobreza extrema vividas por muitos no Brasil.
Carolina Maria de Jesus escreveu um diário entre 1955-1960 descrevendo sua vida difícil morando em uma favela em São Paulo com seus três filhos. Ela lutava contra a fome todos os dias catando papel para sobreviver. Seu livro "Quarto de Despejo" deu voz às milhares de pessoas marginalizadas e ignoradas pela sociedade brasileira. Apesar de erros gramaticais, o livro é uma denúncia crua e necessária da desigualdade e pobreza extrema vividas por muitos no Brasil.
Resenha do livro Quarto de Despejo: Diário de uma favelada
Leandra de Lana Lopes - 177589 - 20/05/20
Mulher, negra, mãe e moradora da favela. Carolina Maria de Jesus é também,
escritora e autora de uma das literaturas mais necessárias que o Brasil já teve. Quarto de Despejo é um diário, escrito entre julho de 1955 e janeiro de 1960, no qual ela digere e descreve fielmente o duro cotidiano de sua vivência na favela do Canindé, em São Paulo, ao lado de seus três filhos. Comecemos pela análise do próprio título. Com a modernização que vinha acontecendo na época, veio também o aumento da desigualdade e a invisibilidade social sofrida por aqueles que não tem o ingresso de acesso a essa vida. Casas e habitações foram demolidas para que novas e modernas fossem construídas no lugar, comunidades inteiras tiveram que abandonar suas casas. Foram despejados. Mandados para um espaço que não atrapalhe o “progresso” do país, a favela. Carolina, instruída até o segundo ano em uma escola primária de Sacramento, interior de Minas Gerais, descobriu na leitura de páginas encontradas no lixo e na escrita formas de escapismo de sua amarga realidade, um modo de canalizar o sentimento de não poder comprar sapatos para filha mais nova ou pão para o café. Uma maneira de tentar enganar o buraco no estomago de fome das refeições que não aconteceram. “A educação de qualidade ainda é um privilégio de pouca gente em nosso país, uma quantidade gigantesca de brasileiros permanece à margem do domínio das formas prestigiadas de uso da língua” (BAGNO, 2015, p.29). Dentre os aspectos enfrentados por Carolina um deles é a alfabetização. Por esse motivo, seus escritos contêm, por vezes desvios da norma padrão, erros gramaticais e sintáticos que, no entanto, foram mantidos na publicação do livro justamente com o intuito de conferir maior realismo e expressividade ao relato. E por vezes incorpora palavras rebuscadas que suas leituras lhe apresentaram. A descrição da vida na favela é direta e crua. Os momentos de subjetividade e lirismo aparecem em anotações sobre a natureza, que surge como contraponto a miséria. O que conduz o fluxo da vida de Carolina é a fome e a luta diária contra ela, tirando o sustento mínimo seu e dos filhos de seu ofício, catar papel. “...No Frigorifico eles não põe mais lixo na rua por causa das mulheres que catavam carne podre pra comer.” (JESUS, p. 121). O que difere essa obra de outras que relatam a terrível desigualdade do nosso país? A perspectiva. A perspectiva interna de alguém que vive o que escreve. A dor, a fome, a luta são experiências reais da autora. Além disso, Carolina Maria de Jesus dá voz a milhares de outras pessoas que insistem em ser ignoradas e marginalizadas pela sociedade e pelo Estado. Publicado em agosto de 1960, o receio é que este diário seja atual por ainda muitos anos. Quarto de Despejo é uma literatura difícil de ser digerida e, sobretudo, com enorme caráter de denúncia. A imersão nesta obra é extremamente necessária para entender aquilo que alguns não conhecem, mas muitos de nós vivem.
Referências bibliográficas
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de Despejo: Diário de uma favelada. 10 ed. São Paulo: Ática , 2014.