ÍNDICES

EXPORTAÇÃO
DO AGRONEGÓCIO
DE JANEIRO A DEZEMBRO DE 2022
EXPORTAÇÃO DO AGRONEGÓCIO DE JANEIRO A DEZEMBRO DE 2022
Faturamento externo do agro bate novo recorde em
2022 com alta de preços e de volume exportado
As vendas externas do setor agroexpor-
tador brasileiro apresentaram crescimento, mais
uma vez, no ano de 2022 em relação a 2021.
O valor obtido com o faturamento em dólar do
setor avançou 33% em 2022, ficando próximo
de US$ 160 bilhões. Mesmo com o arrefecimen-
to ao longo do ano, os preços em dólar fecha-
ram com a média 19% acima da registrada em
2021, e a quantidade vendida (quantum) cres-
ceu 12%. A manutenção dos preços médios de
alimentos e energia ainda elevados no mercado
internacional esteve atrelada ao aquecimento
da demanda, sobretudo de importantes eco-
nomias mundiais – China, Estados Unidos e
países europeus. Do lado da oferta, houve ex-
pansão, apesar das dificuldades climáticas e
logísticas que elevaram os custos de produção.
Os produtos que tiveram maior aumen-
to de vendas ao exterior no período, consideran-
do-se volume, foram o milho (+112,6%), óleo de
soja (+58,1), carne bovina in natura (+27,6%),
etanol (+26,3%), celulose (+21,8%), fare-
lo de soja (+18,7), suco de laranja (+10,3%)
e carne de frango (+4,2%). Quando se verifi-
ca o comportamento dos preços dos principais
produtos exportados, a exceção foi a carne
ÍNDICE
suína, que teve queda de 1,2%, enquanto to-
dos os outros produtos pesquisados apresenta-
ram aumento, com destaques para as altas de
Evolução das Exportações do Agronegócio Brasileiro
nos anos de 2021 e 2022
A Figura 1 traz a evolução mensal dos
2 indicadores de preços em dólares e de volume
de exportação, calculados pelo Cepea para os
últimos dois anos. Observa-se que os volumes
exportados (IVE-Agro/Cepea), com exceção dos
meses de abril e maio, durante todos os outros
meses de 2022 superaram as quantidades em-
CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP
55% para café, de 39% para o milho, de 31%
para o etanol e de 24% para o óleo de soja.
A moeda nacional, no entanto, se va-
lorizou em relação ao dólar, tanto em termos
nominais quanto em termos reais, pois descon-
tando-se a inflação brasileira (medida pelo Índi-
ce Geral de Preços Disponibilidade Interna, IGP-
-DI) do valor do câmbio médio do ano (R$/US$),
houve variação negativa de 13%. Com isso,
nem todos os produtos conseguiram valoriza-
ção acima da inflação brasileira. Desse modo, a
despeito do forte crescimento de 33% do fatu-
ramento em dólar, em Reais, o faturamento real
médio cresceu 15% em 2022 frente a 2021.
Assim, a pesquisa do Cepea (Centro de
Estudos Avançados em Economia Aplicada), da
Esalq/USP, com base em dados do Ministério da
Economia (ME), Secretaria de Comércio Exterior
– sistema Comexstat –, mostra que o bom de-
sempenho das exportações agrícolas em 2022 se
deveu tanto ao aumento dos preços de exporta-
ção em dólar quanto ao avanço dos embarques,
sobretudo do milho, dos produtos do complexo
da soja (farelo e óleo), das carnes (bovina e de
frango), celulose, etanol e suco de laranja. A evo-
lução da taxa real de câmbio doméstica não foi
favorável ao setor, mas não impediu o aumento
do seu faturamento real em moeda nacional.
barcadas em 2021, com destaque para os úl-
timos cinco meses do ano, em que a diferença
mensal é mais forte. O segundo semestre de
cada ano é caraterizado por maiores volumes
embarcados de milho e açúcar, que tiveram for-
te queda em 2021, devido a fatores climáticos,
mas, com a recuperação da colheita brasileira
 DE JANEIRO A DEZEMBRO DE 2022

ÍNDICE
em 2022, principalmente no caso do cereal, valor médio de 2021. No comparativo de de-
as exportações retomaram fôlego e cresceram zembro/22 contra dezembro/21, a alta foi de
com força, mais que dobrando em relação ao quase 7%, mas, em relação ao mês anterior
volume embarcado no ano anterior. Assim, o (novembro/22), houve queda de 3,5%. Esse
quantum exportado em dezembro de 2022 su- movimento dos preços ao longo dos últimos

EXPORTAÇÃO DO AGRONEGÓCIO
perou em 13% os embarques de dezembro/21, dois anos, e principalmente em 2022, se deveu
e, no acumulado do ano, a alta foi de 12%, à normalização, em alguma medida, da oferta
enquanto na comparação de dezembro/22 mundial, devido ao retorno das exportações
com novembro/22, houve queda de quase 5%. de grãos da Ucrânia e ao crescimento da pro-
Os preços nominais médios em dólares dução em importantes países, como o Brasil. A
(IPE-Agro/Cepea) recebidos pelos exportadores safra brasileira de grãos na temporada 2021/22
do setor superaram, em 2022, todos os valo- cresceu frente ao ciclo anterior, e, para 2023,
res mensais de 2021; no entanto, as taxas de espera-se um avanço ainda maior, na casa de
crescimento se reduziram ao longo dos meses, 14%, segundo a Conab (Companhia Nacional
e a média anual fechou no ano 19% acima do de Abastecimento).

Figura 1 - Índices de preço médio de exportação IPE-Agro/Cepea e Quantum exportado IVE-Agro/Cepea. Dados mensais de
janeiro de 2021 a dezembro de 2022 (índice: jan/21=100)

IPE-Agro/Cepea IVE-Agro/Cepea
200
180 300
160
índce= janeiro2020=100

250
índce= janeiro2020=100

140
120 200
100
150
80
60 100
40
50
20
0 0

2021 2022 2021 2022

Fonte: Cepea-Esalq/USP; com base em dados da Comexstat (ME).

No mercado de câmbio, a moeda brasi- moeda nacional de 13% de janeiro a dezem-

leira se manteve mais valorizada frente ao dólar bro e de 12% em dezembro de 2022 frente ao
norte-americano em todos os meses de 2022, mesmo mês de 2021 – Figura 2. Assim, o preço
na comparação com o mesmo período de 2021. médio em Reais, que é o valor em dólar conver-
A inflação, que se acelerou no País no primeiro tido para Reais a partir da taxa de câmbio real
semestre de 2022, perdeu força final do ano, e, (ICR/Cepea), recebido pelos exportadores do 3
com isso, o comportamento do Índice de Câmbio agronegócio (IPER-Agro/Cepea) avançou 3,5%
Real (ICR/Cepea), taxa de câmbio que considera na média do ano de 2022 frente à de 2021,
o desconto da inflação brasileira, ficou abaixo mas caiu quase 6% em dezembro/22 frente a
dos valores observados na comparação mensal novembro/22 - Figura 2.
com o ano de 2021, indicando valorização da

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EXPORTAÇÃO DO AGRONEGÓCIO DE JANEIRO A DEZEMBRO DE 2022
Figura 2 - ICR/Cepea, IPER-Agro/Cepea. Dados mensais de janeiro de 2021 a dezembro de 2022 (índice: jan/21=100)
ICR/Cepea
120
100
índce= janeiro2020=100
80
60
40
20
0
2021
Fonte: Cepea-Esalq/USP; com base em dados da Comexstat (ME).
A China manteve-se como maior parcei-
ro comercial do agronegócio brasileiro em 2022
com participação de quase 32% nas vendas ex-
ternas do setor. Esse percentual representa qua-
se um terço de todo valor gerado com os em-
barques dos produtos agropecuários nesse ano,
mas essa participação ficou um pouco abaixo da
participação do ano anterior (2021). O país asi-
ático é um grande comprador de produtos como
soja em grão, carnes (bovina, suína e de frango),
celulose, açúcar e pluma de algodão – Figura 3.
A Europa, considerando-se os 27 paí-
ses que fazem parte da zona do Euro, é o se-
gundo destino mais importante para os pro-
ÍNDICE
dutos do agronegócio brasileiros (Figura 3).
Esses países demandaram 16% do valor total
exportado pelo agronegócio em 2022, superan-
do a participação observada no ano anterior.
Os principais produtos adquiridos pelos países
europeus são os florestais, café, frutas e suco
de laranja. Entre os europeus, a Alemanha é
4 um importante destino do café brasileiro, com
participação de 18% na aquisição das vendas
externas brasileiras; 10% na aquisição do fare-
lo de soja brasileiro e 2% das frutas. Os Países
Baixos foram destino de quase 33% das frutas
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IPER-Agro/Cepea
140
120
índce= janeiro2020=100
100
80
60
40
20
0
2022 2021 2022
Principais destinos
brasileiras, 26% do suco brasileiro de laran-
ja, 10% do farelo de soja e 2% do grão, 9%
da celulose, 30% do etanol e 5% da carne de
frango. Espanha ficou com 11% do milho, 9%
das frutas, 4% do grão de soja, 5% do farelo
e 3% do café brasileiros vendidos ao exterior.
Os Estados Unidos são o terceiro des-
tino das exportações do agronegócio brasilei-
ro, com participação de 6,6% em 2022, um
pouco abaixo da de 2021 (Figura 3). O país foi
importante destino para madeira (49%), suco
de laranja (27%), etanol (18%), café (20%),
frutas (13%), celulose (14%), papel (10%)
e carne bovina in natura (4%) brasileiros.
Outros países asiáticos que têm mantido
boa participação nas vendas brasileiras de pro-
dutos do agronegócio são Japão, Coreia do Sul,
Tailândia, além dos países árabes, Arábia Saudi-
ta, Irã e Emirados Árabes Unidos. A participação
do grupo dos “demais países” absorveu 38%
das vendas externas dos produtos agrícolas –
esse grupo envolve mais de 180 países com pe-
quena participação individual, mas, que, juntos,
tiveram a maior relevância em 2022 (Figura 3).
 DE JANEIRO A DEZEMBRO DE 2022

ÍNDICE
Figura 3 - Principais destinos das exportações do agronegócio brasileiro em 2022, de acordo com participação no faturamento
em dólar.

CHINA

EXPORTAÇÃO DO AGRONEGÓCIO
UNIÃO EUROPEIA (EU-27)

ESTADOS UNIDOS
38,0% 31,9%
IRÃ

JAPÃO

TAILÂNDIA

COREIA DO SUL
16,1%
OUTROS 2,0%
2,0% 6,6%
2,7%
2,7%

Fonte: Cepea-Esalq/USP; com base em dados do Comexstat (ME) e Agrostat (Mapa).

PRINCIPAIS SETORES E PRODUTOS

Complexo da soja e milho
Nos últimos anos, o setor que mais tem
contribuído para o bom desempenho das expor-
tações agrícolas brasileiras é o complexo da soja.
Em 2022, os produtos do setor geraram quase
US$ 61 bilhões em receita para os exportadores
brasileiros, o que representou aproximadamente
38% de todo valor gerado com as vendas exter-
nas do agronegócio. Para esse segmento, a Chi-
na é o maior comprador, e o grão de soja, com
participação de 68% no valor das vendas do
país, é o principal produto vendido aos chineses.
No caso do óleo de soja, a Índia tem se firmado
como maior compradora, e teve participação de
60% no último ano; o farelo de soja, por outro
lado, é um produto que atende a uma diversida-
de maior de mercados, em que a Indonésia, Tai-
lândia, Alemanha, Países Baixos e Vietnã foram
os principais compradores em 2022 – Figura 4.
O milho é um produto que tem aumen-
tado cada vez mais a parcela da produção do-
méstica destinada ao mercado internacional. Em
2022, o produto gerou mais de US$ 12 bilhões
aos exportadores brasileiros, resultado da recu-
peração dos embarques que haviam se reduzido
no ano anterior, devido às perdas de produção
ocorridas no País. O crescimento da produção
brasileira possibilitou que o País atendesse as de-
mandas doméstica e externa, sobretudo do Irã,
Espanha, Egito, Japão e Coreia do Sul – Figura 4.
5

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EXPORTAÇÃO DO AGRONEGÓCIO DE JANEIRO A DEZEMBRO DE 2022

Figura 4 - Importância dos cinco principais parceiros comerciais nas vendas externas dos produtos do complexo da soja e do
milho em grão em 2022, de acordo com participação no faturamento em dólar.

Soja em grão Farelo de Soja

Indonesia;
15%
Outros; 19%

Turquia; 2% Tailandia;
Países Baixos ; 2% Outros; 45% 13%
Tailandia; 4%

China; 68%
Espanha; 4% Alemanha;
10%
Países
Baixos ;
Vietnã; 8%
10%

Oleo de Soja Milho

Outros; 15%
Irã; 17%
Argelia; 4%

China; 6%
Espanha; 11%
India; 60%
Irã; 5%
Outros; 47%
Egito; 9%
Bangladesh;
10%
Japao; 11%
Coreia Sul; 5%

Fonte: Cepea-Esalq/USP; com base em dados do Comexstat (ME) e Agrostat (Mapa).

Carnes e frutas
O setor da pecuária, considerando-se
as carnes bovina, suína e de frango, ficou em
segundo lugar em termos de participação na
pauta de exportações do agronegócio, repre-
sentando 16% do faturamento em dólar obtido
em 2022, ou aproximadamente US$ 26 bilhões.
A China novamente aparece como a grande
compradora de carne bovina in natura (par-
ticipação de 67% valor em dólar gerado com
ÍNDICE
da carne de frango, essa participação ficou em
14% em 2022; para esse segmento produtivo,
o mercado árabe tem grande relevância, cujos
maiores compradores têm sido os Emirados
Árabes Unidos (10%) e a Arábia Saudita (9%).
No caso das frutas, considerando-se
também nozes e castanhas, os mercados nor-
te-americano e europeu são os principais des-
tinos; na Europa, os maiores compradores têm

exportações) e da carne suína (44%). No caso sido Países Baixos, Reino Unido e Espanha.
Figura 5 - Importância dos cinco principais parceiros comerciais nas vendas externas de carnes e frutas em 2022, de acordo
com participação no faturamento em dólar.

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 DE JANEIRO A DEZEMBRO DE 2022

ÍNDICE
EXPORTAÇÃO DO AGRONEGÓCIO
Fonte: Cepea-Esalq/USP; com base em dados do Comexstat (ME) e Agrostat (Mapa).

Setor florestal e algodão

O setor florestal tem incrementado suas
exportações nos últimos anos e já ultrapassou a
geração de receita externa do setor sucroalco-
oleiro, ficando em terceiro lugar em 2022, com
participação de 10%, e geração de receita de
aproximadamente US$ 16 bilhões. Os principais
produtos do setor são a madeira, que tem como
destino sobretudo os Estados Unidos, que ad-
quiriu quase metade do produto exportado pelo
Brasil em 2022; a celulose, que tem como des-
tino especialmente a China; e papel, que tem a
Argentina e Chile como importantes parceiros
comerciais.

Figura 6 - Importância dos cinco principais parceiros comerciais nas vendas externas dos produtos do setor florestal e do
algodão em 2022, de acordo com participação no faturamento em dólar.

Fonte: Cepea-Esalq/USP; com base em dados do Comexstat (ME) e Agrostat (Mapa).

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EXPORTAÇÃO DO AGRONEGÓCIO DE JANEIRO A DEZEMBRO DE 2022

Setor sucroalcooleiro
O setor sucroalcooleiro, por sua vez, se termos de parceiros comerciais, com a China
manteve na quarta posição, com participação de liderando as aquisições. Quanto ao etanol, Co-
8% nas exportações agrícolas totais brasileiras, reia do Sul, Países Baixos e Estados Unidos são
com vendas que superaram os US$ 12 bilhões. os grandes compradores – Figura 7.
No caso do açúcar, há uma boa diversidade em
Figura 7 - Importância dos cinco principais parceiros comerciais nas vendas externas dos produtos do setor sucroalcooleiro em
2022, de acordo com participação no faturamento em dólar.

Etanol Açúcar
China; 15%

Outros; 27% Coreia do

Sul; 31% Argelia; 7%
Indonésia;
4%
Turquia; 1% Outros; 65% Emirados -
Japão; 3% EAU; 4%
Bangladesh;
Países
4%
EUA; 18% Baixos ;
20%

Fonte: Cepea-Esalq/USP; com base em dados do Comexstat (ME) e Agrostat (Mapa).

Café e suco de laranja

O setor cafeeiro manteve participação de laranja, os maiores destinos foram Estados
de quase 6%, com vendas superando os US$ 9 Unidos e Europa, sobretudo Países Baixos e Bél-
bilhões em 2022. Os principais destinos foram gica – Figura 8.
Estados Unidos e Alemanha. No caso do suco
Figura 8 - Importância dos cinco principais parceiros comerciais nas vendas externas dos produtos do setor sucroalcooleiro em
2022, de acordo com participação no faturamento em dólar.
ÍNDICE

Café Suco de Laranja

Outros; 9%
Japão; 3%
EUA; 20% China; 5%
EUA; 27%
Outros; 46%

8 Alemanha;
18%
Belgica;
31%
Países
Baixos ; 26%
Espanha; Belgica; 8%
3% Japão; 5%

Fonte: Cepea-Esalq/USP; com base em dados do Comexstat (ME) e Agrostat (Mapa).

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CONCLUSÕES
O Brasil é reconhecido mundialmen-
te por ser um grande ofertante de produtos
agropecuários e tem elevado cada vez mais
sua importância no comércio internacional de
alimentos, fibras e energia renovável. O for-
te desempenho das vendas externas do setor
agropecuário tem ajudado o País a manter seu
balanço de comércio com o resto do mundo
superavitário. Em 2022, as vendas externas
do agronegócio se aproximaram da marca his-
tórica de US$ 160 bilhões, o que representou
participação de aproximadamente 47% nas
exportações totais do país e contribuiu decisi-
vamente para um superávit comercial que ficou
na casa de US$ 60 bilhões. Com isso, houve
entrada líquida de moeda estrangeira (divisas)
que proporcionou ao País elevar as importa-
ções de outros setores da economia, sem pres-
são sobre o valor do câmbio, que até se valo-
rizou diante do dólar norte-americano, mesmo
em um ano de conturbada disputa eleitoral.
O resultado ao final do ano foi de
aumento de 33% no valor em dólar dos pro-
dutos exportados, devido ao crescimento de
19% dos preços médios em dólar e 12% no
volume, mostrando um ótimo desempenho
em meio a tantas crises internas e externas.
Considerando-se o valor real em moeda na-
cional do faturamento obtido, houve alta de
15% em 2022 frente ao de 2021, isso por-
que o Real se valorizou 13% em termos reais.
Mais uma vez, o carro chefe das ex-
portações foi a soja e seus derivados, repre-
sentando 38% do faturamento exportador do
agronegócio. Em segundo e terceiro lugares
apareceram carnes e produtos florestais, com
16% e 10%. O complexo sucroalcooleiro e
o café mantiveram 8% e 5% de participação
respectivamente, e o milho apresentou forte re-
cuperação das vendas, mais que dobrando em
relação ao ano anterior. Do lado comprador, o
CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP
DE JANEIRO A DEZEMBRO DE 2022
ÍNDICE
destaque foi a China, como esperado, propor-
cionado 32% do faturamento, enquanto Euro-
peus e Estados Unidos seguem com 16% e 7%.
EXPORTAÇÃO DO AGRONEGÓCIO
Depois do forte crescimento mun-
dial em 2022, com importantes compradores
do Brasil crescendo a taxas próximas a 3%, o
que ajudou a manter os preços de commodi-
ties altos no mercado internacional, para 2023,
a perspectiva é de arrefecimento, incluindo o
caso do Brasil, em que a economia deve crescer
a uma taxa próxima a 1%, segundo o Fundo
Monetário Internacional (FMI). Assim, a pressão
sobre os preços de commodities por parte da
demanda deve perder força no ano que inicia,
aliás, o índice de preços das Nações Unidas já
mostra que a queda teve início há 10 meses.
Do lado da oferta, as projeções da Co-
nab indicam crescimento de 14% para a safra
brasileira de grãos no ciclo 2022/23, além de
haver expectativa também de avanço no abate
de animais, sugerindo expansão da oferta no
Brasil. No entanto, fatores de ordens climática
e sanitária, haja vista o surgimento de casos de
influenza aviária em países vizinhos, podem re-
sultar em diminuição na oferta em relação às
expectativas para o ano de 2023, o que pode-
ria reduzir o volume de excedentes exportáveis.
Em relação ao câmbio, importante fator
de atratividade dos produtos brasileiros no ex-
terior e rentabilidade dos exportadores – este,
caso a nova gestão se mantenha vigilante e
certeira –, não deve contribuir para que haja
pressão para desvalorização da moeda nacio-
nal, que pode até se valorizar em relação ao
dólar; no entanto, prever o comportamento
do câmbio tem sido uma tarefa quase impos- 9
sível. O setor agropecuário brasileiro deve co-
locar energia neste ano para bater a meta de
US$160 bilhões em faturamento, depois do
impressionante desempenho obtido em 2022.