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Janet Dailey
Levando uma vidinha pacata de cidade pequena, Eve não tinha muitas
ilusões de encontrar o grande amor. Achava -se uma garota comum, sem brilho
nem graça, e tudo o que queria era ser um pouco mai s bonita mais sofisticada.
Esse desejo se tornou intenso quando, certa noite, deu de cara com um
estranho magnífico, de olhos azuis e meio bêbado, que a chamou de
"camundonguinho marrom". Era Luck McClure, viúvo, que procurava uma mãe
para seu filho; um homem especial, atraente e perigosamente viril. Eve ficou
fascinada, mas tentou esquecê-lo. O destino, porém, acostumado a pregar
peças, voltou a unir os dois à beira de um lago romântico, cheio de flores. E
Eve se apaixonou perdidamente...
Projeto Revisoras 1
A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
Julia no. 156
CAPÍTULO I
prático continuar vivendo com os pais. Além disso, ela se dava muito bem com
eles; e tinha tanta independência quanto teria se morasse só.
Perdida em pensamentos, Eve não notou que se aproximava de um bar,
cuja janela estava aberta para deixar sair a fumaça e permitir a en trada de
ar fresco. Lá de dentro vinha o som de uma canção popular, mas ela não
ouviu nem a música nem o riso, e as vozes animadas que ecoavam pela rua. De
cabeça baixa, caminhava com o olhar fixo no chão.
De repente, um homem surgiu à sua frente. Sem tempo para parar ou
desviar, Eve levantou as mãos, tentando diminuir a força do impacto. Ele
evidentemente também não a tinha visto, pois deu mais um passo, o que
provocou uma violenta colisão. Instintivamente, o homem ergueu os braços
para segurá-la, carregando-a meio metro para trás com o ímpeto desse
movimento.
Atordoada pelo acidente totalmente inesperado, Eve levantou a cabeça.
Ela ainda não sabia de quem era a culpa e, incapaz de fafar por causa do
choque, ficou olhando fixamente para o estranho com o qua l tinha colidido.
A luz de néon do letreiro do bar caía em cheio sobre o rosto dele. Bem
mais alto que ela, o desconhecido tinha cabelos escuros e lisos, feições
másculas e um sorriso aberto, que deixava a mostra uma fileira de dentes muito
brancos, criando um lindo contraste com sua pele queimada de sol. Com seu
jeito malandro, ele era um homem bastante atraente.
— O que é isso que eu peguei? — A voz zombeteira combinava bem com
a expressão risonha dos olhos azuis, que a examinavam da cabeça aos pés,
reparando no tom castanho dos cabelos, dos olhos e do casaco de Eve. —
Acho que é um camundonguinho marrom.
Depois do que já tinha ouvido do reverendo, Eve não recebeu bem o
comentário brincalhão, e desviou o olhar para a camisa azul e o pulòver creme
que ele usava. Ela não se surpreendeu com o cheiro de bebida que havia no
hálito do estranho, pois obviamente acabara de sair do bar. Ele mantinha -se
firme nos pés, e seus olhos azuis não tinham aquela expressão vidrada,
característica de pessoas que bebem demais.
— Desculpe — Eve murmurou, embaraçada. — Eu não estava prestando
atenção aonde ia.
Só então ela percebeu que o desconhecido ainda a abraçava, e que suas
próprias mãos continuavam espalmadas sobre o peito dele. Um peito sólido e
viril, por sinal.
— Eu também não estava olhando para onde ia, por isso acho que nós
dois temos culpa, camundonguinho marrom, Machuquei você?
Ao perceber que era mais perturbador ouvir a voz grave e máscula sem
ver o rosto dele, Eve levantou a cabeça. Mas pior ainda era ter que
encarar aqueles olhos azuis semicerrados.
— Não, não me machucou. — E, como ele não fizesse nenhum gesto
para soltá-la, Eve continuou: — Eu estou bem. Pode me soltar.
— Eu preciso mesmo fazer isso? — o desconhecido quis saber. Suas
mãos se moveram, mas não se afastaram dela. Em vez disso, começaram a
percorrer os ombros e as costas de Eve, como se ele e stivesse tentando
descobrir qual era a sensação de tê-la nos braços. — Você sabe há quanto
tempo eu não abraço uma mulher?
A boca máscula e bem-feita assumiu então uma expressão de latente
sensualidade, confirmando as suspeitas de Eve sobre o rumo que os
— O que é que você está fazendo fora da cama? Você devia estar
dormindo — acusou numa voz zangada e ligeiramente pastosa.
— Você me acordou — Toby replicou. — Você sempre faz isso, quando
tenta entrar as escondidas.
— Eu não estava entrando às escondidas! — o pai exclamou
enfaticamente, olhando em volta. — Onde está a sra. Jackson? Ela não devia
estar aqui, tomando conta de você?
— Ela cobra duas vezes mais, depois da meia-noite, por isso eu paguei o
que lhe devia e a mandei para casa. Você me deve doze dólares.
CAPÍTULO II
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Livros Florzinha - 11 -
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entrelaçadas na nuca. Seus olhos azuis tinham uma expressão pensa tiva,
enquanto acompanhavam as nuvens brancas que deslizavam pelo céu.
Luck também estava relaxado, apesar de encarar com uma certa
desconfiança o silêncio do local, que só era quebrado pelo grito ocasional de
um pássaro ou pela água batendo de encontro ao casco do barco.
Disfarçadamente, ele estudava a expressão no rostinho do filho.
— Você parece estar preocupado com alguma coisa, Toby —
comentou, desviando o olhar para o céu quando o menino se virou para ele. —
Posso saber o que está se passando nessa sua cabecinha?
— Eu estava tentando descobrir uma coisa. — Toby voltou a posição
anterior, sem perder a expressão preocupada. — O que é, exatamente,
que uma mãe faz?
A pergunta surpreendeu Luck, fazendo-o perceber que seu filho nunca
havia participado da vida característica de uma família, composta de pai, mãe e
filhos. Toby só tinha um avô vivo, e também nunca conviveu com tios e primos.
Durante o ano escolar, os fins de semana eram os únicos dias que os dois
podiam ficar juntos. Muitas vezes Luck havia permitido
que o menino convidasse um coleguinha para um passeio; no entanto,
Toby nunca tinha passado um fim de semana, ou mesmo um dia, na casa de um
amiguinho.
A pergunta era vaga, mas muito importante, e não havia jeito de deixar de
respondê-la.
— As mães fazem todo tipo de coisas. Elas cozinham, lavam louça,
limpam a casa, tomam conta dos filhos, cuidam deles quando ficam doentes,
lavam e passam roupa, e outras coisas como essas. Muitas vezes, elas tambem
trabalham fora durante o dia. As mães se lembram sempre dos aniversários das
pessoas da família, dão presentes para a gente sem terem nenhum razão
especial para isso, e inventam jogos para distrair os filhos, quando eles estão
aborrecidos.
Luck sabia que sua resposta era incompleta, po rque deixara de falar
sobre o amor e o carinho que as mães dedicam às pessoas da família, mas é
que ele não sabia como explicar isso. Quando terminou de falar, olhou para o
filho. Toby continuava a fitar o céu, mas a expressão preocupada havia sumido
de seu rostinho.
— Pois então, eu acho que estamos precisando de uma mãe — ele
disse, depois de pensar alguns momentos.
— Por quê? — O desabafo de Toby despertou um mecanismo de defesa
em Luck:, que tentou contestar o filho: — Nós não temos nos arranjado bem,
sozinhos? Pensei que o nosso fosse um bom jeito de viver.
— E é, papai — o garoto assegurou, mas depois deixou escapar um
profundo suspiro. — Sabe, é que eu estou me cansando de ter que lavar louça
e arrumar a minha cama todos os dias!
Um sorriso se formou na boca bem-feita de Luck.
— Ter uma mãe não quer dizer que você vá se livrar da sua parte nas
tarefas de casa.
Tirando as mãos da nuca, Toby endireitou o corpo. — Como é que a
gente arruma uma mãe?
— Para você ter uma mãe, eu teria que me casar de novo.
— Você acha que gostaria de se casar de novo?
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Eve ergueu os olhos para o céu claro e inspirou o ar puro com ar oma de
pinheiro. Depois, com um suspiro de contentamento, virou-se e entrou no chalé.
Ele era pequeno, com apenas dois quartos e uma cozinha, separada da s ala
por uma mesa presa na parede. Deixando a porta de tela bater atrás de si, ela
se aproximou da mesa, onde o pai consertava uma vara de carretilha, com todo
o resto do material de pesca que possuía espalhado à frente. A mãe estava na
cozinha, preparando uma salada de batatas para o jantar.
— Será que eu posso usar o carro? — Eve perguntou. — Estou
precisando ir até aquela loja na beira da estrada, para comprar xampu. O meu
acabou. Além disso, também preciso comprar um bronzeador.
— Claro que pode! — Enfiando a mão no bolso da calça, o sr.
Rowland pegou as chaves do carro e estendeu -as para a filha.
— Vocês estão precisando de alguma coisa que eu possa trazer? — E foi
até o sofá, onde tinha deixado sua bolsa de lona.
— Acho que um pouco de leite — sua mãe respondeu. — Fora isso, não
consigo me lembrar de mais nada que estejamos precisando.
— Está bem. Eu volto logo — Eve falou por cima do ombro, enquanto
abria a porta que dava para a varanda.
Ao se acomodar no assento do carro, Eve sentia -se alegre e
despreocupada. Sua roupa tinha sido especialmente escolhida para combinar
com seus sentimentos; o tom amarelo da calça e da camiseta que usava
parecia refletir o próprio dourado do sol de verão. Uma fita branca mantinha
seus cabelos castanhos presos para trás, emoldurando a forma ovalada de seu
rosto.
A loja que servia a comunidade local, uma mistura de mercearia, farmácia
e quitanda, não ficava longe. A família Rowland comprara lá muitas vezes, nos
verões anteriores, por isso Eve era conhecida dos proprietários. Depois de
conversar com eles por alguns minutos, ela pegou seu pacote e v irou-se para
sair.
Já estava quase na porta quando ouviu um homem chamando o dono da
loja. A voz dele lhe pareceu vagamente familiar, e ela
olhou para trás, para ver se conhecia a pessoa, mas havia uma estante
de mercadorias no caminho, tapando sua visão. Dando de ombros, Eve
continuou seu caminho, já quase esquecida do incidente. Afinal, era com o
dono da loja, e não com ela, que o recém -chegado queria falar.
Tinha deixado o carro no estacionamento da loja, e só quando estava
perto dele é que percebeu que havia alguma coisa e rrada. Seus olhos se
arregalaram de surpresa ao darem com o pára -brisa quebrado, no meio do qual
havia um rombo de mais ou menos dez centímetros de diâmetro.
Pasma, Eve olhou pela janelinha e viu uma bola de beisebol no banco da
frente, rodeada por pedacinhos de vidro. Agindo mecanicamente, ela abriu a
porta e a pegou.
— Essa bola é minha — a voz de uma criança declarou.
Ainda surpresa demais para ficar zangada ou aborrecida, Eve virou -se
para olhar o dono da voz. Com um boné de beisebol equilibrado no alt o de uma
massa de cabelos castanhos, um garotinho de mais ou menos oito anos de
idade aproximava-se dela, contemplando-a com um par de olhos azuis que era
a própria imagem da inocência. Com a estranha sensação de que já o tinha
visto antes em algum lugar: ela apontou para o pára-brisa quebrado e
perguntou:
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CAPITULO III
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Luck e Toby estavam saindo com os braços cheios de pac otes quando
Eve chegou à porta da loja.
—Olá— Seu cumprimento animado não escondia uma leve excitação, e o
sorriso indolente que Luck lhe dirigiu fez seu coração disparar.
— Você não precisa se preocupar hoje. Toby deixou a bola de beisebol
em casa — ele disse.
— Ótimo! Eu ainda estava na duvida se devia parar aqui ou não. — Eve
riu, pois não tinha pensado nem um segundo no pára -brisa quebrado, durante
aqueles dias,
— Olhe o que nós compramos! — Enfiando a mão dentro de um dos
pacotes que carregava, Toby tirou uma caixa de biscoitos de chocolate, — Nós
vamos tentar fazé-los, na próxima vez que chover.
— Espero que tudo dê certo.
— Eu também — Luck murmurou com bom humor. — Agora vamos, Toby.
Vejo você qualquer hora, Eve — acrescentou, usando uma frase indefinida, que
não prometia nada.
— Tchau, Eve.
O sorriso sumiu dos lábios dela, enquanto os observava ir embora.
Virando-lhes as costas, Eve entrou na loja.
— Quando é que você acha que vai chover de novo? — Toby
examinou o céu azul, à procura de alguma nuvem escura, mas não
encontrou nada. Desanimado, ajoelhou -se na toalha que Luck havia
estendido para ele, na praia. Grãos de areia cobriam seus pezinhos nus, que
estavam tão molhados quanto o resto de seu corpo. — Já faz quase uma
semana que não chove!
— Talvez o país esteja entrando numa fase de seca — Luck brincou, ao
ver a impaciência do filho.
— Muito engraçado. — Com uma careta, Toby virou-se para olhar o sol
refletindo na superfície do lago. — A água está bem quentinha. Vamos nadar
um pouco?
— Depois. — Luck espreguiçou. Os raios de sol atingiam em cheio sua
pele, trazendo-lhe arrepios de prazer. Foi nesse momento que uma bola
vermelha de praia bateu na areia perto dele e rolou, parando junto de seu
corpo.
— Desculpe — disse uma ofegante voz feminina.
Apoiando-se no cotovelo, Luck observou a jovem — uma linda loira
usando um biquini reduzido — ajoelhar-se na areia a seu lado e pegar a bola. O
sorriso dela era um convite aberto.
— Não foi nada — afirmou, reparando na boa parte de seio que ficou à
mostra quando ela se inclinou. Levantando a cabeça, ele percebeu o brilho
malicioso nos olhos dela, e viu logo que não passava de uma cena, armada
para chamar sua atenção. Era um velho jogo, e, apesar da parceira, Lu ck
descobriu que não estava nem um pouco interessado em participar dele.
A loira esperou durante vários segundos, e uma expressão de
desapontamento surgiu em seu rosto quando ela percebeu que Luck não ia
corresponder a seu avanço. Levantando-se com um movimento gracioso, ela
correu para junto dos amigos.
— Aquela loira é de deixar qualquer um doido, não é, papai? Divertido,
Luck olhou por cima do ombro para o filho, que ainda
seguia a moça com os olhos.
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beisebol. — Talvez o tempo melhore esta tarde, e o jogo possa ser realizado.
Se isso acontecer... — Foi interrompido pelo telefone tocando. — Deixem que
eu atendo.
— Se for Mabel, diga para ela vir com Frank pra cá — a sra. Rowland
avisou. — O dia está ótimo para um jogo de cartas.
Mas o telefonema era para Eve. Depois de enxugar rapidamente as mãos
com o pano de pratos, ela foi atender.
— Alô?
— Eve? Aqui é Toby. Toby McCIure.
— Como vai, Toby? — O prazer que ela sentiu estava evidente em sua
voz e em seu rosto.
— Eu estou tentando fazer uns biscoitos de chocolate — ele disse, e Eve
sorriu, lembrando-se de quando ele e Luck tinham aparecido no chalé, para ver
se o sr. Rowland não estava precisando do Jaguar. — Só que eu não consigo
entender como é que a gente faz para deixar o açúcar e a manteiga cremosos.
— O quê? — Eve franziu a testa, enquanto tentava descobrir qual era a
dificuldade do menino.
— A receita diz para tornar o açúcar e a manteiga cremosos, e eu não
sei como fazer isto.
Ela teve que se controlar para não rir. A receita provavelmente não fazia
o menor sentido para Toby.
— Isto significa que você deve misturar os dois e bater bem, até formar
um creme.
Um suspiro chegou até ela, pelo fio do telefone.
— Eu pensei que ia ser fácil, mas não vai, não. — Houve uma pausa,
logo seguida por um relutante pedido: — Eve, será que não dava para você vir
até aqui me mostrar como é que a gente faz esses biscoitos?
— Onde está o seu pai? Ele é capaz de ajudar você.
— Ontem à noite ele chegou muito tarde em casa, e agora está tirando
uma soneca. Você pode vir?
Era impossível recusar, principalmente porque Eve não queria fazer isso.
— Eu vou, sim. Onde, exatamente, fica a sua casa? — Ela sabia que não
devia ficar longe, pelos comentários que pai e filho tinham feito. Depois que
Toby explicou tudo direitinho, prometeu que estaria iá dentro de poucos
minutos e desligou o telefone. — Papai, vocês estão planejando usar
o carro esta tarde?
— Não. Você quer ficar com ele? — O sr. Rowland já estava com a mão
no bolso, para pegar as chaves.
— Eu vou até a casa dos McCIure, dar a Toby a sua primeira lição de
arte culinária. — Rindo, Eve explicou a dificuldade do garoto com a receita dos
biscoitos.
— Não se preocupe com a louça do almoço. Eu acabo de lavar — a sra.
Rowland se ofereceu. — É melhor você pegar um casaco e levar uma
sombrinha. Ainda está chovendo bastante.
Em seu quarto, Eve penteou os cabelos e colocou um pouco de brilho nos
lábios. Não parou para pensar na razão por que estava tendo o trabalho de se
arrumar, já que ia ver apenas uma criança de oito anos de idade. Hesitante,
olhou o casaco marrom dentro do armário; mas, como ele era o único que tinha
para um dia como aquele, acabou por pegá-lo e vesti-lo.
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— Porque às vezes meus amigos caçoam de mim, por eu ter que tirar o
pó dos móveis e dobrar minhas roupas. E o papai me contou que as mães
costumam fazer todo o trabalho doméstico.
— É verdade. — Ela estava fazendo um tremendo esforço para não rir,
Devia ser realmenie duro, para um menino de oito anos, ter sua
masculinidade questionada pelos amiguinhos. Era fácil, agora, entender como
Toby havia adquirido aquele ar amadurecido. Muita
responsabilidade tinha sido dada a ele, desde cedo, fazendo com que
perdesse a atitude despreocupada, característica da maior parte das
crianças de sua idade.
Terminando de lavar a pia, Eve secou-a e depois enxugou as mãos.
Olhando para o relógio ela percebeu, surpresa, que a tarde já estava no fim.
— Agora que tudo está limpo e em ordem, eu vou embora —
declarou.
— Você não pode ficar mais?
— Não, já é tarde. — Tirando o casaco marrom das costas da cadeira
onde o tinha deixado, Eve vestiu-o.
Toby pegou a sombrinha dela, que estava do lado de fora, e trouxe -a para
dentro.
— Obrigado por ter vindo, Eve. — Ele parou de falar de repente, como se
um súbito pensamento tivesse passado por sua cabeça. — Não é melhor eu
chamar você de srta. Rowland de agora em diante? Afinal, você é uma
professora de verdade.
— Eu prefiro que você me chame de Eve, mesmo — ela replicou,
dirigindo-se para o hall de entrada.
— Está bem, Eve — Toby concordou, sorrindo, e foi atrás dela. Quando
passou pela sala, ela olhou automaticamente para o canto onde
ficava a lareira. Luck estava sentado no sofá, esfregando o rosto com as
mãos, como se tivesse acordado naquele exato minuto. O movimento no hall
chamou sua atenção e ele levantou os olhos, imobilizando -se totalmente ao ver
Eve.
Por causa das nuvens que cobriam o céu, havia pouca luz no hall. Mas
Eve nem pensou nisso; abriu a boca para falar, sorrindo da expressão de Luck.
Ele, no entanto, foi mais rápido.
— Não se esconda novamente na escuridão... camundonguinho
marrom — disse, como se estivesse em transe.
Eve quase tropeçou nos próprios pés. Eles já tinham se encontrado tantas
vezes, sem que Luck a reconhecesse, que ela deixara de temer esse momento.
Agora, ele havia se lembrado! Sentindo-se mal. Eve virou-lhe as costas e
correu para a porta, abrindo-a. Ainda ouviu a voz dele, chamando-a, mas não
parou.
— Eve! — Luck repetiu.
Mas tudo o que Eve queria era fugir dali. Sem nem se lembrar de abrir a
sombrinha, saiu para a chuva intensa, pisando em poças que não via, e correu
para o carro.
CAPÍTULO IV
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cabeça dela que Luck pudesse segui-la principalmente com toda aqueia chuva.
Mas ali estava ele, em pé à sua frente, o peito nu brilhando como bronze sob a
água que caía sem cessar, molhando-lhe os cabelos escuros. Relutante, Eve
levantou a cabeça e encontrou o olhar que agora mostrava o brilho do
reconhecimento em suas profundezas.
— Você é a moça que se chocou comigo na saída do bar, naquela noite
— Luck declarou, aceitando o fato como inegável.
— Sou.
O olhar dele percorreu o rosto e os cabelos de Eve, detendo -se I
finalmente em seus olhos.
— Eu pensei que você fosse uma alucinação de bêbado. Não sei como
eu não percebi tudo, quando nos encontramos da outra vez. — Uma ruga surgiu
em sua testa, desaparecendo rapidamente quando seus olhos deram com o
casaco marrom, — Eu devo ter reconhecido você agora por causa da
combinação das sombras, do casaco e daquela espécie de torpor que a gente
sente, logo que acaba de acordar. Por que você não me disse antes?
— Para quê? Para fazer você lembrar que eu era o camundongo marrom
daquela noile? — Havia uma certa amargura na risada que Eve ; soltou.
— Que mal há em ser um camundongo marrom? — Um sorriso
atraente surgiu em seus lábios. — Se bem me lembro, eu gostei muito do I
camundonguinho marrom que encontrei naquela noite.
— Um camundongo marrom não passa de um rato pequeno. Não é um
apelido que alguém goste de ter. — Dessa vez, ela conseguiu manler a
amargura longe de sua voz, falando num tom brincalhão que pelo menos
lhe salvou o orgulho. — E não é o tipo da coisa que a gente faça questão
de lembrar aos outros, se eles já esqueceram.
— Tudo depende muito do modo como a gente encara, Eve — Luck
censurou-a com suavidade. — Você vê um rato num camundongo
marrom, mas eu vejo uma criaturinha macia e meiga. Você é u ma mulher forte e
sensível, mas não é segura de si mesma. Eu gostaria que tivesse ficado comigo
naquela noite. Tudo poderia ter sido tão diferente!
Como ela poderia dizer que também gostaria de ter ficado, principalmente
sabendo o que sabia agora? Analisar um fato, depois de algum tempo
geralmente altera o ponto de vista de uma pessoa.
— Papai! — Toby gritou da porta. — É melhor você entrar. Está ficando
ensopado aí fora.
— Toby tem razão — disse Eve. Seu olhar caiu sobre os fiozinhos de
água que corriam pelo peito nu de Luck, tão musculoso e bronzeado pelo sol de
verão. A evidente masculinidade dele despertou em seu corpo uma onda de
sensações novas. — Você está ficando todo ensopado. É melhor entrar.
— Venha comigo! — Luck não soltou os braços dela, puxando-a um
pouco para a frente ao fazer o convite.
— Não, eu preciso ir para casa. — Eve resistiu à tentação de aceitar,
certa de que seu coração batia tão rápido dentro do peito quanto os pingos de
chuva no chão.
— Foi isso mesmo o que você disse, naquela noite.
— Já é tarde. Eu... — Ela parou de falar, quando a mão molhada de Luck
envolveu seu rosto, esquecendo completamente o que ia dizer, perturbada
demais pelo toque acariciante.
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— Ah, isso não! — Luck protestou, com um bom humor igual ao dela.
Ainda rindo, Eve passou-lhe a cesta de piquenique, que ele acomodou
no fundo do barco. Depois, Luck virou-se para ajudá-la a embarcar. Ela já
suspeitava da força de seus braços e ombros musculoso s, mas só quando ele a
levantou no ar, com a mesma facilidade com que tinha erguido a cest as de
piquenique, é que percebeu o quanto aquele homem era forte, na realidade.
A sensação daquelas mãos firmes em volta de sua cintura não a
abandonou durante muito tempo, e, quando Eve finalmente conseguiu controlar
a respiração alterada, Toby já estava a bordo e Luck empurrava o barco para
águas mais profundas. Pouco depois, ele também subiu a bordo.
— Todos prontos? — perguntou, olhando por cima do ombro, já com a
chave na ignição.
Eve e Toby disseram que sim, e ele deu a partida. O potente motor da
lancha espocou e começou a funcionar, espirrando água para todos os lados.
Pegando o leme, Luck levou vagarosamente o barco para longe da margem,
antes de subir a válvula que injetava gasolina no motor e partir a toda.
O vento provocado pela velocidade levantava os cabelos castanhos de
Eve, soprando-os para trás. Só aí ela percebeu que seria melhor ter
trazido um lenço. Agora, não havia nada que pudesse fazer. Com esse
pensamento na cabeça, virou-se de frente para o vento, deixando que ele a
atingisse diretamente no rosto.
Sentada num dos bancos, com o braço apoiado na lateral do barco, Eve
tinha uma visão clara de tudo o que estava diante dela, inclusive Luck. Ele
continuava em pé segurando o leme, com os pés ligeiramente separados. Os
contornos bronzeados de seu corpo destacavam -se contra o céu, que estava
tão azul quanto seus olhos. O vento despenteava os cabelos escuros,
colocando sua camisa contra a pele revelando assi m toda a musculatura que
ela escondia. As calças justas delineavam seus quadris estreitos, realçando as
pemas fortes e reforçando sua aura de sensualidade.
No íntimo de Eve, alguma coisa se agitou. Foi nesse momento que ela
percebeu que, desde o momento em que partira, não havia tirado os olhos de
Luck. Rapidamente, virou-se para o garoto em pé ali perto, uma verdadeira
miniatura do pai. Toby tinha deixado para trás sua máscara de maturidade,
adotando naquele dia a atitude despreocupada que geralmente era t ão evidente
em Luck, cujos olhos azuis estavam sempre brilhando de alegria e vontade de
viver.
Era impossível conversar com o barulho do motor, mas Eve ouviu Toby
pedindo ao pai para ir mais depressa. Ela viu Luck sorrir para o filho, e logo
depois a potente lancha deslizava pela superfície do lago numa velocidade
ainda maior, batendo nas ondas criadas pelas outras lanchas e lançando uma
chuva de gotículas para o alto.
Luck olhou por cima do ombro e sorriu para Eve, que correspondeu. Por
um breve momento, ela se permitiu considerar o quadro que eles formavam: um
homem, uma mulher e uma criança: E por um momento ainda mais breve,
permitiu-se imaginar que os três formavam uma família. Mas logo a realidade se
impôs, forçando-a a tirar da cabeça essa idéia.
Pouco depois, LucK diminuiu a velocidade da lancha e passou o comando
para o filho. Cheio de orgulho, Toby deixou que seu tremendo senso de
responsabilidade o dominasse novamente, assumindo uma expressão séria.
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Luck ficou junto dele alguns minutos; ao perceber que o menino ia bem,
afastou-se para o lado, mantendo uma vigilância discreta.
Sua posição colocou-o diretamente na linha de visão de Eve, e, quando
ele se virou inesperadamente alguns segundos depois, pegou -a a
observá-lo.
— O dia está lindo! — comentou.
— Está mesmo — Eve respondeu, pensando que o dia estava, na
verdade, perfeito. O vento mudou então subitamente de direção,
jogando-lhe os cabelos no rosto. Quando ela finalmente conseguiu
afastá-los e olhou para Luck, ele já tinha se virado para a frente de novo.
Mais ou menos uns quinze minutos depois, ele fez um gesto chamando -a
e gritou:
— E a sua vez de dirigir!
— Sim, senhor — Eve respondeu, sorrindo, e aproximou-se de Toby. Não
foi difícil perceber que o menino estava começando a se cansar de
dirigir o barco. Sabiamente, Luck tinha pedido a Eve para substituí-lo,
antes que a sensação de prazer de Toby terminasse, transformando o
divertimento em algo cansativo e desagradável. Com o canto dos olhos, ela viu
o garoto aproximar-se do pai, esperando um elogio pelo modo como havia
dirigido o barco. Depois, concentrou-se em fazer o mesmo.
Luck disse-lhe alguma coisa, mas o vento e o barulho do motor não a
deixaram ouvir. Sacudindo a cabeça, Eve fez um gesto indicando que não tinha
escutado nada. Ele então aproximou-se, parando junto às costas dela.
— Vamos para a parte norte do lago —: repetiu, inclinando-se para
diante.
— Eu não conheço aquela área. Geralmente nós não vamos tão longe. —
Eve virou um pouco a cabeça para responder, descobrindo que Luck tinha se
inclinado ainda mais para ouvi-la, o que os deixava muito próximos um do
outro. Seu olhar deslizou rapidamente para a boca provocante, voltando
em seguida para os vívidos olhos azuis, que pareciam ter o poder de
hipnotizá-la.
— Nem eu. Então, vamos explorar juntos essas águas estranhas — ele
respondeu, sorrindo abertamente.
— Está bem — Eve murmurou, com o coração acelerado.
Depois que ela virou a lancha para o norte, um bom tempo se passou
antes que Luck saísse de onde estava. E foi só depois que ele se afastou que
Eve percebeu o quanto sua proximidade a deixara tensa, com todos os nervos à
flor da pele, apesar de não terem se tocado nem uma vez.
Daí em diante, os três se aventuraram em águas desconhecidas, largando
para trás o território familiar. Vendo uma série de ilhazinhas a
pouca distância, Eve diminuiu a velocidade, sem saber que caminho
tomar.
— Quer que eu dirija? — Luck perguntou.
— Quero, sim. — Com um sorriso, ela entregou-lhe o leme. — Desse
modo, se a lancha atingir um tronco submerso, a culpa será sua, e não minha.
— Bem pensado. — Ele também riu.
— Olhem! — Toby gritou, apontando para um dos lados. — Um
veadinho atravessando o lago!
Cortando as águas, a pouca distância de onde eles estavam, dava para
ver a cabeça de um veadinho. Luck desligou o motor, para que ele não se
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A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
Julia no. 156
CAPÍTULO V
Livros Florzinha - 38 -
A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
Julia no. 156
Livros Florzinha - 39 -
A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
Julia no. 156
cobertor, ela estava tão consciente daquela presença viril que seu corpo
chegou a tremer de excitação.
— A comida estava muito boa. Obrigado pelo piquenique, Eve.
Estendendo uma das mãos, Luck segurou Eve pela nuca e puxou -a para
a frente. Ao levantar a cabeça, ela observou a boca bem -feita e sensual
aproximando-se cada vez mais. Mesmo que quisesse, Eve não seria
capaz de resistir agora; fechou os olhos um segundo antes que seus lábios se
encontrassem. O beijo a fez estremecer da cabeça aos pés, mas cedo demais
Luck se afastou, deixando sua boca sequiosa pela pressão da dele.
A brevidade do beijo serviu para lembrar de que aquele era um gesto de
gratidão, tão cheio de significado quanto uma palmadinha nas costas. Se ria
tolice tentar ver nele mais do que isso. Abaixando a cabeça, ela se es forçou
para encarar o momento com tanta indiferença quanto Luck.
— Você quer pôr a cesta no barco agora? — perguntou, olhando-o com a
maior naturalidade possível.
Por um instante, os olhos azuis de Luck examinaram -na por entre as pál-
pebras semicerradas. Depois, ele sorriu e apanhou a cesta que ela lhe es -
tendia.
— Posso pôr — murmurou, ficando em pé.
Levantando-se também, Eve resistiu com esforço à vontade de observá -lo
caminhando até a lancha. Sacudiu o cobertor e dobrou -o cuidadosamente.
Sentindo-se de novo isolada, ela olhou para o interior da i lha, assustada: O som
dos passos de Luck na areia a fez voltar-se rapidamente para ele.
— Para onde será que Toby foi? — perguntou.
— Deixe o cobertor aí e vamos procurá-lo — Luck sugeriu e pegou-!he a
mão, depois que Eve colocou o cobertor no chão.
O modo natural como ele agia deu-lhe uma sensação agradável, e ela
gostou de sentir a própria mão perder-se entre os dedos fortes de Luck. Juntos,
eles foram até a trilha que Toby tinha tomado, de onde prossegui ram em fila
indiana,
— Eu vou na frente, para abrir caminho — Luck disse, lançando um olhar
para as pernas de Eve, que o short deixava quase que inteiramente
descobertas. — Não quero que essa sua pele bonita fique arranhada.
Mas, em vez de soltar-lhe a mão, como Eve esperava, ele continuou a
segurá-la, enquanto liderava a caminhada. As sombras da mata logo os en-
goliam e, respirando o ar que cheirava a resina de pinheiro, os dois prosse -
guiam pela trilha estreita, o barulho de seus passos abafado pela terra
umedecida.
Não demorou muito para eles alcançarem um pinheiro tombado, que
bloqueava a trilha com seu tronco enorme. Luck soltou a mão de Eve, es calou-o
e ficou esperando do outro lado, para ajudá -la. Com seus sapatos de lona, logo
ela conseguiu subir também, parando lá no alto para contem plar a densa
folhagem que os envolvia.
— Estou contente por esta ilha ser pequena — comentou. — Não seria
difícil alguém se perder por aqui.
— E verdade — Luck concordou. — A vegetação é bem fechada, nessas
ilhazinhas.
Suas mãos envolveram então a cintura de Eve, para ajudá -la a descer.
Ela se apoiou nos ombros dele e, quando finalmente seus pés tocaram o chão,
apenas um palmo de distância separava um do outro.
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A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
Julia no. 156
Sob as palmas das mãos, Eve sentiu a musculatura firme dos ombros de
Luck enrijecer, ao mesmo tempo que os dedos fortes que envolviam sua cintura
aumentaram a pressão. Levantando a cabeça, ela observou o olhar azul intenso
percorrer cada centímetro de seu rosto, fazendo -a lembrar que não havia se
maquiado e que seus cabelos deviam estar despenteados pelo vento. Pouco à
vontade, Eve tentou quebrar o momento de tensão, e disse:
— Eu devia ter trazido um pente. Meus cabelos estão embaraçados.
O olhar de Luck examinou vagarosamente a massa de cabelos casta nhos,
antes de se fixar de novo no rosto dela.
— Está parecendo que você foi despenteada por um homem, enquanto
ele fazia amor com você.
Com uma das mãos. Luck empurrou os cabelos de Eve para trás, antes
de segurar-lhe a nuca. A leve carícia fez os lábios úmidos de Eve se en -
treabrirem, chamando sua atenção, e vagarosamente ele a puxou pa ra junto de
si, inclinando ao mesmo tempo a cabeça.
Toda a tensão desapareceu do corpo de Eve, quando finalmente a boca
sensual encontrou o que procurava, começando uma delicada exploração. Com
o coração batendo acelerado, ela se entregou à íntima investi gação dos lábios
firmes de Luck, que desceram por seu rosto até alcançar a área sensível em
torno de sua orelha. Sentindo-se cada vez mais fraca e atordoada, Eve agarrou-
se a ele, esforçando-se para recuperar o controle que se esvaía.
— Você faz idéia do que estou sentindo neste momento, Eve? — Luck
murmurou num tom de voz rouco e alterado.
A resposta de Eve a essa pergunta foi um murmúrio imcompreensível, o
que fez Luck apossar-se novamente de seus lábios com um ardor ainda maior
do que antes, se é que isso era possível. Levantando os braços, ela envolveu -
lhe o pescoço, adorando a sensação das mãos fortes que agora acariciavam
seus ombros nus e suas costas, pressionando com força seu corpo macio de
encontro ao dele, rijo e musculoso.
O beijo intensificava-se cada vez mais, até que Eve teve a impressão de
que não conseguiria mais aguentar o torvelinho de emoções que agitava
seu íntimo. Foi nesse momento que ela sentiu a paixão começar a abando nar
gradualmente os lábios de Luck; e terminou totalmente antes mesmo que suas
bocas se separassem por completo.
Ofegante e atordoada, abaixou a cabeça, percebendo o esforço que Luck
fazia para normalizar a respiração alterada. Enchendo os pulmões de ar, ela
lutou para dominar as próprias emoções, sem o menor sucesso.
— Desse jeito, nós não vamos achar Toby nunca — Luck disse final-
mente.
— É verdade — Eve concordou e, embaraçada, retirou as mãos do pes -
coço dele.
Ele soltou-a então, dando um passo para trás para aumentar a distância
que os separava. Olhando-o disfarçadamente, Eve tentava adivinhar como ele
esperava que ela encarasse aquele beijo. Preocupado, Luck observava a trilha
por cima do ombro. Seus olhos tinham uma expressão levemente confusa,
apesar de seus lábios estarem sorrindo, quando ele se virou para olh á-la
novamente.
— Toby não pode estar longe. A ilha é pequena demais — ele disse e,
pegando-a pela mão, recomeçou a andar pela trilha.
Livros Florzinha - 41 -
A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
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Livros Florzinha - 42 -
A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
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Mais tarde, naquela mesma noite, Toby estirou -se no chão da sala para
ver televisão, com os cotovelos apoiados numa almofada e o queixo na palma
das mãos. Durante um comercial, virou-se para falar com o pai, que tinha se
acomodado numa poltrona. Só que ele não estava mais lá.
Surpreso, o menino levantou-se e foi até a cozinha, mas lá não havia
ninguém. Ciente de que desde o passeio de barco Luck não estava agindo
normalmente, Toby resolveu ir atrás dele.
Encontrou-o no quarto, às escuras. A luz que vinha do hall iluminava
fracamente a figura sentada na cama, com os cotovelos nos joelhos e o queixo
apoiado nos punhos fechados. Confuso, Toby parou na soleira da porta por um
minuto, e só quando seus olhos fixos se acostumaram com a penumbr a é que
percebeu que o pai tinha o olhar fixo no retrato de sua mãe, que costumava
ficar em cima da mesinha-de-cabeceira.
Aproximando-se, ele colocou uma mãozinha confortadora no ombro de
Luck.
— O que foi que aconteceu, papai?
Abaixando as mãos, Luck virou a cabeça e observou o filho por alguns
segundos, antes de responder com um sorriso desanimado: — Nada,
companheiro.
— Você estava pensando na mamãe? — Toby perguntou, lançando um
olhar para o retrato da mãe,
Uma expressão estranha surgiu no rosto de Lu ck.
— Não, eu não estava. — Levantando-se, ele colocou uma das mãos no
ombro do filho e juntos os dois saíram do quarto.
Na soleira da porta, Toby virou-se para olhar mais uma vez o retrato da
loira sorridente, igual ao que tinham na casa da cidade. Depoi s, mesmo sa-
bendo que isso seria um pequeno consolo, enfiou a mãozinha na do pai e
apertou-a com ternura.
No dia seguinte, o estômago de Toby preveniu -o de que já era hora do
almoço. Entrando em casa pela porta dos fundos, ele foi até a cozinha, on de
chegou exatamente no momento em que seu pai se despedia de al guém, na
extensão telefônica que havia ali.
— Eu digo a ele. Está bem... Até logo, então — Luck disse, antes de
recolocar o fone no gancho.
Como sempre, a curiosidade de Toby levou a melhor, e ele perguntou:
— Quem era? Você vai me dizer? Aonde é que você vai? — As palavras
saíam de sua boca atropeladamente, mal lhe dando tempo para respirar.
— Seu avô mandou-lhe um abraço — Luck falou, respondendo duas
perguntas de uma só vez.
— Por que você não me deixou conversar com ele? — o menino quis
saber, desapontado.
— Porque ele estava muito ocupado. Da próxima vez, você fala com ele,
esta bem? — o pai prometeu, lançando um olhar para o relógio pendu rado na
parede da cozinha. — Já está na hora do seu almoço. O que vai
querer? Hamburgueres? Um bife com ovos? Ou prefere um pouco de
sopa?
— Hambúrgueres — Toby escolheu, sem muito interesse ou entusiasmo.
Apoiando o braço nas costas de uma cadeira, ele observou Luck tirar a carne
da geladeira e colocá-la sobre a chapa do fogão, para fritá-la. — Você vai
encontrar o vovó? Quando? Onde?
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A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
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A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
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Ele deu de ombros e jogou a cabeça para trás, lançando -lhe um olhar que
a fez lembrar-se vivamente de Luck.
— Não sei. Quer jogar beisebol comigo?
— Será que não vamos quebrar nenhuma vidraça?
— Espero que não — o garoto falou, com uma careta. — Eu tive que
dar metade do dinheiro que estava economizando para comprar uma bici -
cleta para pagar o pára-brisa novo do carro do meu pai. O papai pagou a maior
parte, porque a culpa foi principalmente dele, por ter jogado a bola alta demais.
Mas ele não estaria jogando, se não fosse por minha causa. Portanto, eu
também tive culpa.
— Entendo — Eve comentou, percebendo que pai e filho tinham um re -
lacionamento notável, diferente de todos que já vira em sua vida.
— Você quer mesmo jogar beisebol comigo? — Toby repetiu.
— Quero, sim — ela concordou, sentindo-se atraída pela idéia de fazer
um pouco de exercício. — Vá buscar sua luva e a bola.
— Eu vou trazer a luva do papai para você. Às vezes eu jogo a bola com
muita força, e a sua mão pode ficar ardendo, se não tiver proteção.
O pátio parecia o lugar, mais seguro para jogar beisebol, já que não ha via
nenhuma janela por perto para ser atingida. Quando Toby se cansou, os do is
caminharam até a beira do lago, onde ficaram jogando pedrinhas na água por
um bom tempo. Ao meio-dia, eles voltaram para casa.
— O que você quer almoçar? — Eve perguntou.
— Um sanduíche de queijo e um copo de leite gelado está bom. — Toby
não parecia muito entusiasmado com a própria sugestão.
— É isso que você come, geralmente?
— É mais fácil assim. Papai e eu não somos grande coisa, na cozinha.
— O que você acha de eu dar uma olhada na geladeira e ver se tem al go
melhor para comermos? — Eve sugeriu, certa de que o menino gostaria de um
almoço diferente, para variar.
— Acho ótimo! Mas a nossa geladeira não tem muita coisa, além de co -
mida congelada, que papai e eu costumamos esquentar à noite.
Ela viu logo que Toby estava certo, quando abriu a gela deira. As prate-
leiras estavam praticamente vazias, a não ser um litro de leite, alguns ovos, um
pacote de queijo, uma caixa de fatias de bacon e duas jarras de suco.
Observando sua expressão, ele lembrou:
— Eu disse que a nossa geladeira não tinha quase nada. O papai prepa-
ra o café da manhã, e de vez em quando faz bifes grelhados. Outras ve zes, nós
comemos fora ou preparamos jantares congelados. Sabe, comida congelada
não é ruim!
Pegando o pacotinho de queijo no fundo da geladeira, Eve perguntou:
— Você gostaria de sanduíches de queijo grelhado?
— E como!
Enquanto a grelha esquentava, ela passou em revista os armários e aca -
bou descobrindo uma lata de sopa de tomate, que diluiu com leite e aque -
ceu no fogo. Quando o almoço foi para a mesa, Toby consumiu toda sua
parte com um apetite de dar gosto.
— Puxa, estava uma delícia, Eve! — ele declarou, recostando-se na
cadeira e esfregando o estômago cheio. — Você é uma grande cozinheira!
— Fazer um sanduíche de queijo grelhado e abrir uma lata de sopa de
tomate não é exatamente cozinhar — Eve respondeu, sorrindo. — Eu estava
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A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
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pensando que nós podíamos telefonar para o meu pai e ver se ele nos le va até
a loja esta tarde, para comprarmos algumas coisinhas. Aí então eu posso
preparar para você um verdadeiro jantar. O que acha?
— Acho maravilhoso.
CAPÍTULO VI
Fazendo algumas perguntas, foi fácil para Eve descobrir quais eram os
pratos preferidos de Toby. Sendo ainda muito jovem, ele tinha gostos simples, e
o jantar daquela noite consistiu de galinha frita, pure de batatas e milho cozido.
Para sobremesa, ela preparou uma torta de morangos, que foi servida com
bastante creme chantilly.
— Acho que eu nunca comi uma comida tão gostosa na minha vida —
Toby elogiou, no fim. — Está tudo uma delícia, Eve!
— Ora, obrigada, meu senhor! — Com as mãos cheias de pratos sujos
para serem lavados, ela fez uma reverência brincalhona para o menino.
— Eu ajudo você a lavar os pratos — ele se ofereceu, pulando para fora
da cadeira. — Geralmente, o papai enxuga e eu lavo.
— Muito obrigada, mas não é preciso. — Eve já havia descoberto,
enquanto preparava a refeição, que Toby estava acostumado a fazer
tarefas domésticas. Seu senso de dever era algo realmente admirável, mas el e
ainda era muito pequeno e precisava de uma folga, de vez em quando. — Pode
tirar essa noite de folga.
— Verdade! — Ele estava abismado.
— Verdade, sim.
— Mas, de qualquer jeito, eu vou ficar aqui, para lhe fazer companhia
— Toby anunciou, puxando uma cadeira para perto da pia.
— Muito obrigada — Eve disse, jogando detergente na pia e
enchendo-a de água.
Ajoelhando-se no assento da cadeira, Toby apoiou os braços no encosto
e ficou a a observá-la.
— Sabe, seria mesmo uma maravilha ter uma mãe — comentou,
depois de alguns segundos de silêncio. — Eu já estou ficando cansado de lavar
pratos, limpar a casa e fazer todas essas coisas que as mães geralmente
fazem.
— Eu posso imaginar..:— Sorrindo, Eve começou a lavar os pratos e a
enxaguá-los na água da torneira, colocando os em seguida no escorredor, para
secar.
— Eu gostaria muito de achar um jeito de encontrar alguém para casar
com o meu pai o menino murmurou.. com um suspiro de frustração. — Eu
pensei em, pôr um anúncio no jornal, mas o papai ficou tão bravo quando soube
que eu desisti da idéia.
A primeira coisa que Eve sentiu, ouvindo as palavras do menino, foi uma
onda de inveja da mulher que, um dia, desempenharia o papel de mãe de Toby
e esposa de Luck, pois essa era uma condição que ela desejava para si
mesma. E não seria preciso muito esforço para que se apaixonasse
perdidamente por Luck. Para dizer a verdade, já estava mais do que meio
apaixonada por ele!
No entanto, esse sentimento de inveja logo a abandonou, sendo
substituído por um certo divertimento e muita simpatia pelas dificuldades que
Livros Florzinha - 47 -
A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
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Luck devia estar tendo com o filho. A idéia do anúncio no jornal, procurando
uma esposa, devia ter lhe causado um choque!
— Um anúncio desses seria um pouco embaraçoso para o seu pai, Toby
— Eve murmurou, tentando disfarçar a vontade de rir.
— Papai também achou a mesma coisa. Foi aí que eu disse a ele que
você daria uma boa mãe, e que ele devia casar com você.
— Toby, você não pode ter feito uma coisa dessas! — Vermelha de
vergonha, ela quase deixou cair o prato que tinha nas mãos.
— Fiz, sim — Toby garantiu, com toda a inocência desse mundo. — O
que há de errado nisso? Ele gosta de você! Eu sei! Eu vi o papai beijando você.
Tentando esconder sua agitação e seu embaraço, Eve se concentrou por
uns momentos nos pratos que lavava, antes de dizer:
— O fato de um homem beijar uma mulher não significa necessariamente
que ele queira casar com ela, Toby.
— Foi isso mesmo que o papai me disse.
— O que mais o seu pai disse, quando você lhe sugeriu que casasse
comigo? — Eve perguntou, odiando-se pela própria curiosidade.
— Nada. Ele disse que o assunto estava encerrado e que não era para
eu falar disso com ninguém. Mas nós realmente precisamos de alguém para
tomar conta da gente — ele comentou, mostrando que a idéia de casamento
ainda não havia abandonado sua cabecinha. — Há muito trabalho nesta
casa, para um garoto do meu tamanho fazer, e papai é um
homem muito ocupado. Em algum lugar existe uma garota com a qual ele
vai casar. Eu só tenho que achá-la.
— Toby McCIure, eu acho que você devia deixar isso a cargo de seu
pai.
— Eu sei, mas ele não está se esforçando para achar alguém — o
garoto pretestou. — Achei que talvez eu tivesse mais sorte.
Depois que a louça foi lavada, os dois foram para a sala, ver televisão. As
nove horas, ela sugeriu a Toby que já era tempo de ele tomar um banho e ir
para a cama. O garoto acatou a sugestão sem protestos e sem tentar persuadi -
la a deixá-lo esperar acordado a volta do pai.
Cheirando a sabonete, Toby saiu do banheiro de pijama, descalço, e foi
até a sala. Jogando-se no braço da poltrona em que Eve estava sentada,
perguntou:
— Você não vai me colocar na cama?
— Claro que vou! — Sorriu, vendo o olhar suplicante do menino. Toby
era capaz de conseguir tudo o que queria, assim como o pai dele.
No quarto, Toby se acomodou na cama e esperou que Eve ajeitasse as
cobertas em cima de seu corpinho, os olhos azuis brilhando de alegria. Aquilo
era uma novidade em sua vida. Quando terminou de prender o cobe rtor sob o
colchão, ela sentou-se na beirada da cama.
— Não precisa me contar uma história — Toby disse. — Eu já estou
grande demais para isso.
— Está bem. Quer que eu deixe a luz do abajur acesa? — Eve
perguntou.
— Não.
Nesse momento, o retrato da linda loira;com brilhantes olhos verdes, que
estava em cima da mesinha-de-cabeceira, chamou a atenção de Eve. Uma vaga
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A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
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Livros Florzinha - 49 -
A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
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A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
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— Nada — respondeu.
— Eu não estava com a intenção de arranjar uma babá de graça, quando
lhe pedi para ficar com Toby. Se você não pudesse ir, eu teria que pagar a uma
outra pessoa — Luck argumentou.
— Por favor, não me peça para por um preço nisso — ela falou,
detestando a idéia de ser paga por uma coisa que tinha feito com tanta alegria.
— Considere tudo como um favor prestado por um vizinho a outro.
— Está bem — ele concordou com relutância. — Não vou discutir com
você.
— Obrigada. — Eve procurou então a maçaneta para abrir a porta, mas
foi impedida pela mão dele, que a tocou no braço.
Quase contra a vontade, ela se voltou para olhá -lo. O luar dava um
aspecto de bronze aos traços do rosto másculo, aumentando sua força de
atração. Um desejo impossível de ser ignorado tomou conta de Eve, e só com
muito esforço ela conseguiu se controlar e encará -lo com naturalidade.
— Obrigado por ficar com Toby — Luck disse. Sua voz tinha um tom
baixo e perturbador.
— Não foi nada — ela respondeu num murmúrio, afetada demais pela
proximidade e pelo toque dele para falar normalmente.
Foi impossível também se afastar quando a cabeça de Luck inclinou -se
em direção a sua. Tremula, ela se submeteu ao domínio daqueles lábios
exigentes, esquecida de todas as decisões que havia tomado. Quando as mãos
dele envolveram seu corpo, logo abaixo dos seios, puxando -a em silêncio para
mais perto, Eve não resistiu. Tudo o que queria era satisfazer a fome que o
consumia. Com o sangue pulsando violentamente nas veias, entreabriu os
lábios, deixando Luck saborear sem reservas o mel de sua boca.
Gemidos roucos escapavam da garganta de Eve, provocados pelo desejo
que Luck despertava em seu íntimo. Naquele momento, ele era tudo para ela.
Suas emoções não passavam de simples joguete nas mãos dele. A sensação
daqueles músculos rijos de encontro a seu corpo excitava -a de um modo
incrível, deixando-a quase alucinada. A mistura de cheiros que ele emanava —
tabaco, loção pós-barba e um aroma másculo e próprio — enchia-lhe os
pulmões, atordoando-a. E o gosto de Luck estava em sua boca!
O mundo girava loucamente a sua volta, mas Eve não ligava para isso, já
que podia agarrar-se a Luck. Beijá-lo era ao mesmo tempo uma delícia e um
tormento. E apesar de todo o sofrimento que amá -lo podia causar, parecia ser
esse, inevitavelmente, seu destino.
Luck afastou os lábios dos dela e passou-os de leve pela face macia,
numa carícia deliciosa. Seus dedos enterraram -se nos sedosos cabelos
castanhos, como se ele quisesse manter a cab eça de Eve totalmente
imóvel, e sua voz tinha um tom rouco ao murmurar em sua orelha:
— Obrigado por ter esperado por mim, Eve. Já faz tanto tempo que
ninguém faz isso... Não dá para lhe explicar a sensação que isso me deu!
— Luck, eu... — Mas ela teve medo de continuar, e se interrompeu
bruscamente.
Logo em seguida os lábios dele se apossaram novamente dos dela, e não
havia mais necessidade de dizer nada. Dessa vez o beijo foi curto, mas Eve
teve o consolo de ver que foi com muita relutância que Luck se afastou.
— Tenho que ir embora. Toby está sozinho — ele disse, como se
precisasse dar uma explicação.
Livros Florzinha - 52 -
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— Eu sei. Boa noite. — Ela saiu do carro sem que Luck fizesse o menor
gesto para deté-la.
— Boa noite, Eve.
Ela tinha a impressão de que flutuava pelo ar quando se encaminhou até
a varanda. Sentindo o tempo todo que Luck estava esperando que ela entrasse
para ir embora, abriu a porta e acenou para ele. Mas só quando as lanternas
traseiras do carro desapareceram na escuridão foi que entrou no chalé.
Seria tão fácii dar um significado mais sério aos beijos dele!
Desesperadamente, Eve tentou se prevenir contra falsas esperanças. Pensar
no retrato da falecida esposa de Luck ajudou bastante, e enquanto se
preparava para dormir ela se censurou por ter sido tão tola a ponto de se
apaixonar por ele. Mas era muito difícil alguém ouvir as próprias reprimendas,
quando se sentia tão bem!
Não havia mais luzes acesas na casa, para lhe dar as boas -vindas,
quando Luck entrou novamente. Sem se dar ao trabalho de acendê -las, ele se
dirigiu no escuro para o quarto.
— Papai? — a vozinha sonolenta de Toby chamou.
— O que é, filho? — ele perguntou, parando na porta do quarto do
menino.
— Você foi levar Eve para casa?
— Fui, sim. Estou acabando de voltar. Você está bem?
— Estou. E o vovô, como vai?
— Ele está ótimo — Luck garantiu. — Mas é melhor você voltar a dormir,
Toby. Já é muito tarde. Nós podemos conversar amanhã.
— Está bem, papai — Toby replicou, bocejando. — Boa noite.
— Boa noite, filho.
Luck esperou até o menino ficar em silêncio antes de seguir para seu
quarto. O luar que entrava pela janela iluminava tudo, permitindo -lhe
trocar de roupa sem precisar acender as luzes. Desabotoando a camisa,
ele tirou-a e jogou-a sobre uma cadeira, e depois fez o mesmo com a calça.
Os sapatos ele guardou no armário, sentando-se depois na beirada da
cama. Um raio de luar batia diretamente sobre a foto na mesinha -de-cabeceira
e Luck inclinou-se para a frente, para vê-la melhor.
— O que nós tivemos foi bom, Lisa — murmurou —, mas já acabou há
tanto tempo!
Um sorriso leve e divertido surgiu em sua boca.
— Por que será que estou com esta estranha impressão de que você não
vai se importar, se eu me apaixonar por outra pessoa?
Mas a moça sorridente do retrato não lhe deu nenhuma resposta; já fazia
muito tempo que ela não dava. As imagens do passado não mais perseguiam
Luck. E ele não se sentia nem um pouco culpado por causa disso.
CAPÍTULO VII
O sol da tarde queimava sem clemência a pele lambu sada de Eve, e ela
mudou de posição, reclinando-se na cadeira de praia. Óculos escuros
protegiam seus olhos da luminosidade do dia, e as alças do maio vermelho
estavam abaixadas, para que seus ombros pudessem se bronzear por igual.
Depois de mais alguns minutos aguentando o sol implacável, Eve sentou -
se e, segurando com uma das mãos a parte do maio que lhe cobria os seios,
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inclinou-se para a frente e pegou o copo de chá gelado que estava no chão, ao
lado da cadeira. Um bom gole de bebida a refrescou momenta neamente,
fazendo-a adiar por mais alguns minutos o mergulho que vinha desejando há
quase uma hora, mas que até agora não tivera energia suficiente para realizar.
A porta de tela da sala rangeu nas dobradiças, e Eve virou a cabeça para
trás, no exato momento em que sua mãe apareceu na varanda.
Ao ver a filha, a sra. Rowland sorriu.
— Ah, você está aí! — disse. — Eu já estava pronta para dar uma corrida
até o lago. Telefone para você.
— Para mim? Quem é? — Luck McClure.
Eve quase esqueceu que estava com as alças do maio soltas, quando se
sentou abruptamente. Um arrepio de excitação percorreu -lhe o corpo, da
cabeça aos pés, ao ouvir a resposta da mãe.
— Diga-lhe que já vou atender.
Seus dedos pareciam não ter mais vida, só servindo para atrapalhar,
quando apressadamente ela tentou recolocar as alças do maio no lugar. As
sandálias de tiras de couro também se recusavam a cooperar, e só depois de
várias tentativas Eve conseguiu calçá-las.
Fazia pouco tempo que a sra. Rowland havia entrado, depois de dar o
recado a Luck, mas Eve já estava com medo de que ele se cansasse de
esperar e desligasse o telefone. Por isso, assim que acabou de se arrumar,
dirigiu-se correndo para o chalé.
O fone estava fora do gancho, e ela agarrou-o com ansiedade, sem se
importar com os olhares que seus pais lhe lançaram.
— Alô! — Estava ofegante, por causa da corrida que tinha dado e da
excitação sem limites que sentia, e que não estava conseguindo controlar.
— Eve? Você parece cansada. O que foi que houve? — a voz de Luck
perguntou, do outro lado do fio.
Uma onda de alívio a invadiu ao ver que ele não tinha desligado, — É que
eu estava lá fora, e vim correndo — respondeu, fazendo um esforço para
controlar a respiração alterada. — Sua mãe me disse mesmo que você devia
estar nadando no lago.
— Não — Eve explicou —, eu estava aqui em frente, tomando sol no
pátio.
— Com um biquini minúsculo, aposto — Luck murmurou.
— Para dizer a verdade, eu estava com um maio inteiriço, bastante
respeitável.
— Eu já deveria ter adivinhado! — Sua voz tinha um tom divertido.
Mas essa resposta magoou a natureza sensível de Eve. Ela sabia
exatamente o que Luck devia estar pensando. Um camundongo marrom só
poderia escolher um maio inteiriço para usar. Afinal, esses animaizinhos não
são criaturas muito corajosas, mesmo.
— Por que você está me telefonando, Luck?
Na certa ele queria que ela ficasse com Toby novamente. Era mesmo
uma vantagem e tanto, ter uma babá que podia ser paga com beijos. E depois
de seu comportamento na noite anterior, o que ele poderia pen sar?
— Estou telefonando para convidá-la para jantar conosco esta noite. Já
que você não aceitou um centavo de pagamento por ter tomado conta de Toby,
eu achei que talvez não recusasse um convite para jantar.
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A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
Julia no. 156
Livros Florzinha - 55 -
A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
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pai tivesse a chance de levar avante sua ameaça de ter "uma conversinha" com
Luck.
Toby, que estava no banco de trás, assobiou como um adulto quando a
viu. Eve corou intensamente. Não tinha imaginado que roupas de estilo e cores
diferentes das que normalmente usava pudessem alterar tanto sua aparência, a
ponto de chamar a atenção de um garoto de oito anos.
Sentando-se ao lado de Luck, ela teve que aguentar o olhar cheio de
admiração com que ele a examinou vagarosamente, da cabeça aos pés.
— Nada mau — ele murmurou finalmente.
Elogios da parte dele eram uma coisa que ela ainda não sabia aceitar
com naturalidade, e, para tentar disfarçar seu embaraço, corrigiu:
— O que você está querendo dizer é que não está mau para um
camundongo marrom, não é?
— Não, você não é mais um camundonguinho marrom. Agora, é u m
camundonguinho azul — Luck declarou, lançando um olhar para a calça que ela
vestia, antes de verificar o tráfego e sair pa ra a estrada.
— O papai já lhe disse que vamos ter bistecas esta noite? — Toby
perguntou, inclínando-se por cima do encosto do banco dianteiro.
— Já, sim.
— Como é que você gosta de bistecas? — Luck quis saber.
— No ponto,
— Pois eu pensei que você fosse do tipo que gosta de sangue!
Luck tirou os olhos da estrada o tempo suficiente para lançar um olhar
zombeteiro. Sua insinuação de que ela tinha uma natureza passional só serviu
para torná-la ainda mais consciente de sua presença.
— Nós também gostamos das nossas assim, não é, papai? — Toby
disse, sem perceber o significado oculto da conversa.
— E, sim — Luck concordou, sorrindo.
— Mas a gente precisa tomar conta dele, Eve — Toby continuou —,
senão ele acaba queimando tudo.
— Agora, espere um pouco — Luck protestou. — Quem é o
cozinheiro aqui?
— Eve — o garoto respondeu sem hesitar, o que fez seu pai soltar uma
gostosa gargalhada.
— Ponto para você, filho — ele disse, diminuindo a velocidade do carro,
pois já estavam se aproximando da casa.
Os preparativos para o jantar acabaram se tomando um acontecimento de
família. Luck acendeu a churrasqueira no quintal e pôs as bistecas no fogo,
enquanto Toby arrumava a mesa e ajudava Eve. Ela fez um arroz de forno e
uma salada mista, para acompanhar as bistecas. Com os morangos que tinham
sobrado da noite anterior e mais algumas frutas que encontrou na geladeira,
preparou uma salada de frutas.
Quando eles se sentaram à mesa para jantar, parecia não haver o mínimo
defeito em nada. Eve não sabia se a comida estava mesmo boa ou se era a
companhia deles que fazia tudo ter um gosto tão bom. De qualquer modo,
nenhum dos três deixou de comer até o fim o que tinha colocado no prato.
— Eu não lhe disse que Eve era uma cozinheira maravilhosa? — Toby
perguntou no final da refeição, quando Luck e Eve já estavam se servindo de
café.
— Disse, sim — ele concordou. — E tinha razão!
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A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
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A sensação de andar assim, abraçada a ele, era boa demais para Eve
protestar. Ela estava começando a se mostrar satisfeita com migalhas de
atenção, uma coisa que nunca pensara que seu orgulho fosse permitir.
A porta do quarto de Toby estava aberta e eles pararam na soleira, lado a
lado. Na penumbra, dava para ver o rostinho adormecido do menino, irradiando
inocência. Seus cabelos escuros caíam-lhe sobre a testa, como se fossem a
aba de um boné, e Eve sentiu uma onda profunda de amor por aquela criança
invadir-lhe o coração.
— Essa é a única hora em que ele fica quieto — Luck comentou
baixinho.
Sorrindo de leve, Eve virou-se para olhá-lo. Ela entendia o que ele queria
dizer. Toby estava sempre falando, fazendo ou planejando alguma
coisa.
Quando seus olhares se encontraram, em silencioso en tendimento, uma
expressão terna e cativante surgiu no rosto de Luck. Havia carinho no modo
como seus olhos azuis examinaram as feições de Eve, fazendo o coração dela
disparar.
Ele se inclinou então para a frente, roçando -lhe os lábios num beijo leve,
que a deixou emocionada e ansiando por mais. Mas escondeu bem o desejo
que crescia em seu íntimo, não permitindo que nada transparecesse.
Afinal, nada na atitude de Luck mostrava interesse por seus desejos e
necessidades, e Eve não possuía a agressividade e a segurança
necessárias para levar avante um jogo daquele tipo.
— Será que o café ainda está quente? — ele perguntou num murmúrio,
sem afastar muito o rosto do deia.
— Acho que sim — Eve sussurrou, certa de que não teria forças para
falar num tom de voz normal, mesmo que quisesse.
Nenhum dos dois viu Toby abrir cautelosamente um dos olhos, nem
reparou no sorriso satisfeito que entreabriu sua boquinha, quando deixaram o
quarto dele para ir para a cozinha.
Luck levou as xícaras de café para a sala. Passando p elo sofá e pelas
poltronas, ele sentou-se novamente no chão, em frente da lareira. Estendendo
então uma das mãos, puxou para junto de si duas das almofadas que ficavam
em cima do sofá. convidando Eve, com um gesto, para se acomodar sobre elas.
Ela se sentou numa delas e pegou a xícara que ele lhe estendia.
— Toby gosta muito de você, Eve — Luck comentou, observando-a com
o canto dos olhos.
— Eu também gosto muito dele — ela admitiu.
— Toby e eu estamos levando vida de solteiro há muito tempo — ele
disse, continuando a observá-la. — Às vezes, eu acho que temos nos , saído
bem. — Luck interrompeu-se por um breve segundo. — Mas esta noite eu
percebi que estamos perdendo uma infinidade de coisas. Foi bom você ter
vindo jantar conosco.
— Fiquei contente por você ter me convidado — Eve replicou,
adivinhando a solidão que se escondia por trás do comentário dele.
As palavras e atitudes de Luck mostravam que ele gostava dela, que até
mesmo a considerava uma mulher razoavelmente atraente. Eve sabia que devia
se contentar com isso, mas uma parte de sua mente queria que ele pudesse se
apaixonar loucamente por ela, desejando-a acima de todas as outras mulheres
do mundo.
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No entanto, como dizia o velho e sábio ditado popular, era tolice desejar a
lua, quando não se podia alcançá-la. O melhor mesmo era se contentar com o
que tinha.
— O que estou tentando lhe dizer, Eve, é que encontrar você foi uma das
melhores coisas que podia nos acontecer.
Luck parecia decidido a convencê-la de algo, embora Eve não tivesse
certeza do quê. Mas ela não pôde deixar de reparar no modo como ele sempre
usava o pronome "nós" na conversa, e nunca o pronome "eu". Luck não
conseguia pensar em si mesmo, separado do filho. Era sempre o
efeito que ela causava sobre "eles", jamais sobre "ele". Abaixan do a
cabeça, Eve fixou o olhar na xícara que tinha nas mãos.
— Eu estou me explicando mal, não estou? — Sua voz continha uma
nota de auto zombaria.
— Não sei, porque ainda não descobri o que você está tentando me
explicar — Eve tentou falar espontaneamente. No entanto, foi incapaz de
levantar os olhos para ele.
— É simples. — Segurando-lhe o queixo com firmeza. Luck obrigou-a a
olhar para ele. — Eu quero beijar você. Senti vontade de fazer isso a noite
inteira, mas não tive nenhuma oportunidade. Por is so, eu estava tentando criar
uma.
Eve sentiu o coração acelerar ao ver o desejo que brilhava no fundo dos
olhos azuis. Finalmente ele havia usado o pronome "eu", lançando suas
emoções num verdadeiro redemoinho e deixando -a quase fora de si com a
promessa contida naquelas palavras.
Sem ligar para o fato de estar agindo de modo deliberado, Luck tirou a
xícara de café das mãos de Eve e colocou-a no chão, ao lado da dele.
Eve estava totalmente abismada, imaginando como é que ele podia
proceder com tanta calma. Só de pensar no que estava para acontecer, ela
tremia da cabeça aos pés! E sua vontade de ser abraçada e beijada por ele
estava se tomando tão intensa que provavelmente, dentro em pouco, não seria
mais capaz de escondê-la.
Quando as mãos de Luck se fecharam em tomo de seus braços, puxando-
a para junto dele, Eve não resistiu e abandonou -se inteiramente ao desejo que
a consumia. O fogo na lareira estava se apagando, mas o fogo que queimava
em seu íntimo havia se transformado numa verdadeira fogueira, que exig ia
satisfação.
As mãos fortes de Luck enterraram-se na massa de cabelos castanhos,
forçando a cabeça de Eve para trás e mantendo -a nessa posição, enquanto
seus lábios cobriam-lhe o rosto de beijos, detendo-se finalmente na boca
tremula.
Os braços dela envolveram então a cintura de Luck, e o contato com
aquele corpo musculoso, tão rijo, firme e viril excitou -a ainda mais. Uma névoa
de sensualidade dominou sua mente, afastando de sua cabeça todos os
pensamentos de cautela. A mão dele percorrendo -lhe as costas, acariciando-a
e puxando-a para mais perto, despertava em seu íntimo sensações
enlouquecedoras. Arqueando o corpo, Eve colou os seios no peito forte, mas
não foi suficiente. Ela queria mais, muito mais!
Quando Luck afinal desprendeu os lábios dos seus e começou- a
mordiscar de leve sua orelha, acariciando com a ponta da língua o ponto
sensível logo abaixo do lóbulo, Eve não conseguiu mais se controlar. A
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A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
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intensidade da paixão que sentia era tão grande que sua respiração, ofegante e
truncada exigia que todos os desejos fossem saciados.
— Já faz tanto tempo que eu preciso disso, Eve — Luck murmurou com
voz rouca, o calor de sua respiração queimando -lhe a pele. — Eu tenho me
sentido tão vazio. Ajude-me a acabar com essa sensação de vazio, Eve, ajude -
me!
Mas não havia necessidade desse pedido. O vazio no íntimo de Ev e tinha
sido tão grande quanto o de Luck, e seus lábios entreabertos j a, procuravam
ansiosamente os dele mal essas palavrras acabaram de ser pronunciadas.
Luck correspondeu plenamente, empurrando-a cada vez mais para trás
até conseguir fazê-la escorregar da almofada para o chão carpetado.
Poucos segundos depois os dois estavam deitados no tapete, o corpo
musculoso de Luck pressionando o de Eve de tal modo que ambo s pareciam
ter se fundido num só. Não tendo mais necessidade de segurá-la,
as mãos dele estavam agora livres para explorar as curvas macias, que se
ofereciam às suas carícias.
Quando Luck mudou ligeiramente de posição, um botão de sua camisa
prendeu-se na renda da blusa de Eve. Ele praguejou baixinho, tão descontente
com isso quanto ela. Impacientemente, seus dedos tentaram soltá -lo, roçando
sem querer nos seios rijos. Uma onda violenta de desejo assolou o corpo de
Eve, fazendo-a prender a respiração.
A reação dela não passou despercebida. Assim que conseguiu se livrar
do empecilho, Luck cobriu o seio de Eve com a mão enorme, tendo o prazer de
ouvir um soluço de satisfação escapar-lhe dos lábios. Ele beijou-lhe então a
garganta, procurando com a língua os pontos sensíveis do pescoço dela.
Com os olhos fechados, para melhor sentir e guardar na memória as
sensações delirantes de prazer que a assolavam, Eve acariciou os
músculos tensos dos ombros dele.
Mas Luck ainda não estava satisfeito, e seus dedos, depois de
desabotoarem com incrível habilidade a blusa de Eve, insinuaram -se por baixo
do tecido, libertando-lhe os seios.
Se antes Eve estava excitada, ela agora era a verdadeira imagem do
desejo. Sua ansiedade tornou-se quase insuportável quando os lábios dele
desceram por seu colo e se fixaram na curva macia de seu seio. A perna
musculosa prendia suas coxas de encontro ao chão, e ela sentiu toda a
vibração daquele corpo dominado pelo desejo.
Uma estranha sensação, misturada de prazer e dor, s urgiu em seu íntimo
quando a boca deslizou pela carne macia de seu seio, apossando -se finalmente
do bico intumescido e rosado. Por dentro, Eve se debatia, alucinada.
— Eu pensei que só as pessoas casadas pudessem fazer isso, papai.
CAPÍTULO VIII
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A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
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seu íntimo ainda não havia acabado, e a última coisa que ela queria, naquele
momento, era perder novamente o controle da
situação.
— Eve... — Luck começou baixinho, num tom de voz que traía, sem
disfarces, o mesmo desejo que ela estava sentindo.
Certa de que seria loucura ouvir o que ele pretendia dizer, Eve
interrompeu-o rapidamente:
— Acho que é melhor você me levar para casa, Luck.
Mesmo sem olhar para ele, Eve sentiu sua hesitação e estremeceu
intimamente, com medo de ser obrigada a resistir caso Luc k decidisse tentar
persuadi-la a mudar de idéia. No fundo, ela sabia que não teria força de
vontade suficiente para aguentar uma longa luta.
— Está bem, eu vou levar você para casa — ele concordou com uma
certa má vontade, tirando a mão do ombro dela.
— Acho que é o melhor — Eve insistiu com voz fraca.
— Naturalmente. Havia uma tensão em seu modo de falar, — Dê-me um
minuto, para dizer a Toby onde vou.
— Está bem.
Assim que ficou sozinha, Eve começou a tremer de um modo
incontrolável. Ela sabia que o amava, mas até aquela noite não tinha noção da
profundidade de seus sentimentos. Nos braços dele, todos os seus
preconceitos morais haviam desaparecido, sem deixar o menor vestígio. E o
pior era saber que provavelmente faria tudo de novo, caso tivesse a
oportunidade.
Quando Luck entrou no quarto de Toby, o menino olhou -o com um ar
profundamente ofendido. A vontade de agarra -lo pelos ombros e sacudi-lo até
cansar ainda era grande em Luck, e foi só apelando para toda sua força de
vontade que ele conseguiu se controlar.
— Eu vou levar Eve para casa. — A raiva dava a seu tom de voz uma
certa aspereza. Quando eu voltar, nós dois vamos ter uma conversinha.
— Está bem — Toby concordou, no mesmo tom. — Mas eu não vejo
razão para você estar tão zangado.
— Não diga mais nem uma palavra — Luck avisou —, ou vamos ter essa
conversa agora mesmo!
Toby comprimiu os lábios numa linha fina, mostrando o ressentimento que
as palavras do pai despertavam nele, mas não disse nada.
Dando meia-volta, Luck saiu do quarto abruptamente. Sua raiva vinha
principalmente da vontade que tinha de proteger Eve. Essa vontade havia
nascido com força em seu íntimo no momento em que Toby os surpreendera,
fazendo-o esconder a nudez dos seios dela com o próprio corpo. E fora essa
mesma vontade que o tinha levado a falar com tanta aspereza ao filho, alguns
segundos mais tarde.
Quando se juntou novamente a Eve, Luck percebeu logo que ela havia se
fechado mais ainda, protegendo-se dentro da concha criada por sua timidez e
insegurança.
No entanto, ele ainda se lembrava do modo desinibido como Eve tinha
correspondido a suas caricias, e ansiava por viver tudo aquilo novamente. Mas
depois do modo como seu próprio filho a havia constrangido, Luck não se sentia
com coragem para forçá-la a repetir a experiência. Seria muito egoísmo da sua
parte.
Livros Florzinha - 64 -
A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
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Sem dizer nada, Eve se virou e caminhou para a porta, evitando o olhar
dele. Luck não teve outra escolha, a não ser segui -la. Por um breve
momento, uma expressão de desespero surgiu em seu rosto, mas foi logo
apagada. Sentimentos profundos e conflitantes lutavam em seu íntimo, e o mais
forte de todos era a vontade intensa de corrigir os danos que pudessem ter sido
causados na natureza sensível de Eve.
O ambiente permaneceu tenso durante toda a viagem até o chalé dos
pais dela. Sentada rigidamente no banco do passageiro, Eve não tirou os olhos
da estrada. Luck tentou iniciar uma conversa por duas ou três vezes, mas as
respostas dela foram tão curtas e secas que ele acabou por desistir.
Eve não tinha coragem de relaxar a guarda por um segundo que fosse,
porque estava com medo de deixar transparecer seus verdadeiros sentimentos.
Graças a Deus, era adulta o suficiente para saber que um homem podia querer
fazer amor com uma mulher sem estar apaixonado por ela.
Luck parou o Jaguar atrás do carro do sr. Rowland. Dessa vez ele
desligou o motor, desceu e deu a volta para abrir a porta para Eve. Em seguida,
acompanhou-a em silêncio até a varanda.
— Boa noite, Luck.
Tudo o que ela queria, naquele momento, era se refugiar no chalé o m ais
depressa possível. Mas Luck não prefendia deixá -la escapar assim; segurando-
a pelo cotovelo, disse:
— Eu não vou permitir que você entre, enquanto estiver se sentindo
desse jeito.
— Mas eu estou bem — Eve mentiu.
Com uma expressão extremamente séria no rosto, ele segurou-lhe o
queixo.
— Eu não quero que a atitude de Toby estrague o significado daquele
momento para nós.
— Não tem importância —:ela disse, tentando fugir do assunto.
— Tem, sim. Para mim, tem muita importância.
— Por favor... —Eve pediu, não querendo falar sobre aquilo. Mas ele não
a deixou escapar.
— Eu não me sinto envergonhado por querer fazer amor com você, Eve.
E também não quero que você se sinta.
A franqueza dele aliviou toda a tensão que a dominava. Depois de ter
evitado seus olhos por tanto tempo, ela finalmente o encarou. Luck
correspondeu com um olhar firme e sério.
— Está bem? — ele insistiu.
— Está.
Luck beijou-a afetuosamente, com imensa ternura, como se estivesse
querendo selar um acordo entre eles.
— Você e eu vamos conversar sobre este assunto com mais calma,
amanhã — ele disse, levantando a cabeça. — Agora, eu vou voltar para casa e
explicar algumas coisinhas para Toby.
— Está bem.
Eve não sabia ao certo sobre o que ele queria conversar, e essa
insegurança transpareceu em sua voz. Luck percebeu, e hesitou um pouco
antes de soltá-la.
— Boa noite, Eve.
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iluminou seu rostinho. Com os olhos brilhando de satisfação, ele virou -se para o
pai.
— Já está na hora de sair da cama, papai.
Toby sacudiu com força o ombro bronzeado de Luck, que se mexeu com
relutância e abriu os olhos ainda vermelhos de sono. Mas ele os fechou
rapidamente de novo, quando viu o filho.
— Vamos, papai! — o garoto chamou mais uma vez, cutucando-o com
insistência. — Acorde! Já são sete e meia. Eu trouxe um copo de suco de
laranja e uma xícara de café para você.
Luck abriu novamente os sonolentos olhos azuis e sentou -se na cama,
com evidente dificuldade. Toby estendeu-lhe o copo de suco e subiu na cama,
sentando-se com as pernas cruzadas sobre as cobertas.
Depois de beber todo o suco, Luck colocou o copo sobr e a bandeja, que
Toby tinha deixado em cima da mesinha-de-cabeceira, e pegou o maço de
cigarros e o isqueiro que estavam ao lado,
— Você está me parecendo muito bem disposto esta manhã!
Havia um ligeiro traço de inveja na voz grossa de sono de Luck ao faz er
esse comentário. Sem tirar os olhos do filho, ele acendeu um cigarro e soprou a
fumaça azulada para o alto.
— Já faz algum tempo que estou acordado — Toby contou. — Fiz o café,
comi meu prato de flocos de milho com leite gelado e lavei toda a
louça que usei.
Luck pegou a xícara de café que estava na bandeja e tomou um gole.
— Depois de ontem à noite, acho que é melhor você passar a bater na
porta do quarto dos outros, antes de entrar.
— Você está dizendo isso porque não quer que eu embarace Eve quando
ela mudar para cá, depois que vocês se casarem? — Toby perguntou.
— É...
A resposta afirmativa saiu dos lábios de Luck antes que ele percebesse o
que estava admitindo. No entanto, a consciência do que tinha dito logo o
atingiu, fazendo-o acordar por completo.
— Você resolveu se casar com Eve! — Toby exclamou rindo,
felicíssimo.
— Espere um pouco, mocinho — ele disse, mas já não dava mais para
negar sua declaração anterior. — O fato de eu ter decidido pedir Eve em
casamento não significa que ela concorde em casar comigo.
— Eu sei — o garoto respondeu, ainda sorrindo de orelha a orelha. —
Ela pode querer ou não aceitar seu pedido de casamento. Quando é que você
vai falar com ela?
— Antes de eu falar com ela, você vai ter que lhe pedir descu lpas por
ontem à noite — Luck lembrou. — Você não vai se livrar disso.
— Eu posso fazer isso hoje de manhã, exatamente como planejamos
ontem — Toby falou, pensando animadamente na estratégia daquele dia.
— E depois que eu pedir desculpas a Eve, você a pe de em casamento.
Certo?
— Não, Toby — Luck respondeu, meneando a cabeça. — Não é assim
que vai ser. Nós vamos até a casa de Eve e você vai lhe pedir descu lpas. Só
isso!
— Ah, papai! — o garoto protestou. — Você vai pedir Eve em
casamento de qualquer jeito. Porque não esta manhã?
Livros Florzinha - 68 -
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— Porque um homem não pede a uma mulher para ser sua esposa com
um garoto de oito anos por perto, escutando cada palavra que ele diz — Luck
explicou, ligeiramente exasperado.
— Então, quando é que você vai falar com ela? — Toby já estava ficando
impaciente.
— Eu vou convidar Eve para jantar comigo esta noite. Mas você vai ficar
em casa. E eu vou pedir à sra. Jackson para lhe fazer companhia.
— A sra. Jackson? — o garoto repetiu, com uma careta de desgosto.
— Mas por que ela tem que vir ficar comigo?
— Nós já conversamos a respeito disso — Luck lembrou. — Você não vai
ficar sozinho!
— Mas, afinal, por que é que você tem que ir jan tar fora com Eve? Por
que ela não pode vir jantar aqui, como ontem à noite? Eu prometo deixar v ocês
dois sozinhos e não escutar atrás da porta.
Com um profundo suspiro de resignação, Luck levantou os olhos para o
teto.
— Como é que eu posso fazer você entender? — Luck refletiu em voz
alta, antes de tentar explicar: — Quando uma mulher recebe um pedido de
casamento, ela tem o direito de esperar que esse pedido venha
acompanhado de alguns toques de romantismo, como vinho, luz de velas e
flores. Não se pode trazê-la para dentro de casa, fazer com que cozinhe o
jantar, tire a mesa e lave os pratos, para depois pedi-la em casamento! É
simplesmente impossível!
— Isto que você está falando me parece um monte de bobagens — Toby
resmungou. — Tenho certeza de que Eve não se importaria se você a pedisse
simplesmente em casamento, sem fazer nada disso.
— O fato de ela se importar, ou não, não faz diferença para mim —
Luck declarou, esmagando o cigarro ainda pela metade no cinzeiro. —
Agora, fora da minha cama! Eu quero me vestir.
— Para ir até a casa de Eve?
— Não a esta hora da manhã. Nós vamos esperar até mais tarde.
— Mas hoje é domingo! Pode ser que ela resolva ir até a igreja, mais
tarde.
— Então, acho melhor irmos até a casa dela logo depois do almoço.
— Oh, papai!
Desapontado, Toby pulou para fora da cama e saiu do quarto arrastan do
os pés.
Já era meio-dia quando Eve e os pais voltaram para o chalé, depois de
assistirem à missa. O almoço estava pronto, no forno, e eles logo se sentaram
para comer. Mais ou menos à uma hora toda a louça estava lavada e Eve foi
para o quarto, trocar de roupa.
— Eve... — O chamado da sra. Rowland foi acompanhado por uma leve
batida na porta. — Seu pai e eu vamos dar um passeio de barco, no lago. Quer
vir conosco?
Subindo o zíper da calça jeans, Eve foi até a porta e abriu -a.
— Não, obrigada, mamãe. Eu vou ficar, para ver se termino um livro
que comecei a ler.
Eve não mencionou que havia a possibilidade de Luck aparecer para vê -
la, naquela tarde. Eles não tinham combinado nada ao se despedirem, mas ela
preferia que os pais não ficassem sabendo que era por isso que
Livros Florzinha - 69 -
A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
Julia no. 156
CAPÍTULO IX
Livros Florzinha - 70 -
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Livros Florzinha - 71 -
A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
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Livros Florzinha - 72 -
A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
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Livros Florzinha - 73 -
A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
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sério o que ele diz. Portanto, não pense que estou esperando um pedido de
casamento da sua parte.
O pulso de Eve se acelerou quando Luck se aproximou e parou junto
dela. As mãos fortes e grandes pousaram de leve sobre seus ombros
bronzeados, fazendo uma onda de desejo percorrer-lhe o corpo de alto a baixo.
Com um estremecimento involuntário, ela percebeu, naquele momento, que
jamais seria capaz de resistir ao toque dele.
— Por que não? — Luck murmurou, muito próximo dela. Eve fingiu que
não estava entendendo.
— Por que não o quê? — perguntou com voz trémula.
— Já que Toby deixou escapar o segredo, eu posso muito bem pedir que
se case comigo agora, em vez de esperar até a noite — ele replicou.
Ela se virou um pouco, olhando-o por cima do ombro. Luck não podia
estar falando sério! No entanto, a expressão de seu olhar parecia confirmar o
que ele tinha dito. Mas não, não podia ser verdade!
— Luck, você não tem que fazer isso — Eve murmurou, dando a ele a
chance de recuar. Ela o amava demais para pre ndê-lo a um pedido de
casamento feito sem amor.
Luck deu um sorriso leve e indolente, o que tornou ainda mais irresistível
seu charme masculino.
— Eu sei que não tenho.
— Então... —ela começou, hesitante.
— Eu quero que você seja minha esposa — Luck disse, tentando deixar
claro que estava falando sério. Sua proposta não era nenhuma brincadeira
inconsequente. — E Toby quer que você seja mãe dele. Se bem que não possa
culpá-la, se não estiver se sentindo muito animada para exercer esse papel. Ele
fala quando deveria ficar de boca fechada, vê coisas que não são para ele ver e
conhece assuntos sobre os quais outros meninos da mesma idade não têm a
menor idéia. Terminar de criá-lo não vai ser fácil.
— Eu não me importo — Eve murmurou bem baixinho, começando a
acreditar que seu sonho mais louco estava se tornando realidade.
— É melhor você ter certeza sobre isso. — Luck virou-a de frente para ele
e deslizou as mãos pelas costas dela, puxando-a para mais perto. — Nós não
nos conhecemos há muito tempo e eu não que ro que você tome uma decisão
precipitada. Quero que pense bem, antes de me dar uma resposta. Posso
esperar o tempo que for necessário.
Eve apoiou as mãos no peito dele, sentindo o calor do corpo musculoso
através do tecido fino da camisa. As batidas fortes do coração de Luck lhe
deram a certeza de que não estava sonhando. Era tudo realidade!
— Não é isso. — Só nesse momento Eve percebeu que ainda não tinha
dito uma palavra que indicasse que ela aceitava o pedido de casamento dele.
—Eu gostaria muito de casar com você...
Segurando-lhe o queixo, Luck inclinou a cabeça dela para trás.
— Será que eu ouvi um "mas" no fim dessa sua fra se, ou foi
imaginação minha. — ele perguntou.
— Não, você está imaginando coisas. — Mas ela sabia que não seria
capaz de enganá-lo. O "mas" estava lá, apesar de silencioso. — É que foi tudo
tão rápido! Eu não consigo pensar numa razão para você querer casar comigo
— admitiu finalmente.
— Eu quero casar com você pela razão mais comum: eu amo você, Eve.
Livros Florzinha - 74 -
A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
Julia no. 156
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A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
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resultado, mesmo para seus olhos críticos, não foi mau. A cor rosa do vestido
era um pouco apagada, mas o corte elegante realçava as linhas de sua figura
esbelta, e seus cabelos castanhos e brilhantes emolduravam-lhe o rosto
iluminado pela felicidade, causando um bonito efeito.
Como prometera, Luck chegou pontualmente às sete horas, trazendo um
buque de rosas vermelhas para ela. Eve não tinha dito nada aos pais sobre o
pedido de casamento, preferindo esperar a chegada de Luck para juntos darem
a eles a notícia.
Os dois ficaram muito contentes com a novidade, principalmente a sra.
Rowland, que havia perdido as esperanças de ver a filha arranjar um homem
que a agradasse. O sr. Rowland ficou orgulhoso com o gesto fora de moda de
Luck, que lhe pediu a mão de Eve em casamento, e deu sua permissão sem
titubear.
Mais ou menos as sete e meia, depois de comemorarem devidamente o
noivado, Eve e Luck saíram para ir ao restaurante. Com a mão apoiada n o
assento do carro e envolta carinhosamente pela dele, Eve percebeu, mais uma
vez, o quanto era difícil conservar os pés no chão, quando estava ao lado de
Luck.
— Feliz? — ele perguntou de repente.
— Muito.
Isso ela podia dizer sem a menor dúvida, mesmo sabendo das razões que
o tinham levado a pedi-la em casamento.
— Eu estava pensando que poderíamos ir até Duluth amanhã — Luck
continuou. — Vou comprar o seu anel de noivado, e quero ter certeza de que
você vai gostar dele. Portanto, é melhor nós irmos es colher um, juntos. Está
bem assim, para você?
— Está ótimo.
— Além disso, eu gostaria de apresentar você a meu pai, enquanto
estivermos lá. O que acha de jantarmos com ele?
— Seria ótimo. E eu estou com muita vontade de conhecê -lo.
— Você vai gostar dele — Luck comentou, sorrindo para ela. — Ele
também vai gostar de você. Quanto a isso, não tenho a menor dúvida.
— Espero que você tenha razão.
Mas, no fundo, Eve tinha medo de que o sr. McCiure a comparasse com a
primeira esposa do filho e imaginasse o qu e Luck via "'naquela feiosa".
Provavelmente todos os amigos deles, que tinham conhecido Lisa, iam fazer a
mesma pergunta. E ela não podia culpá-los por isso.
— Você se importa se Toby for conosco, amanhã? — Luck perguntou,
enquanto diminuía a velocidade do carro para entrar no estacionamento do
restaurante que havia escolhido.
— Claro que não! — Eve garantiu. — Se nós não o levarmos, ele
provavelmente vai se convencer de que não é querido, e eu não quero isso.
— Foi o que eu pensei, também. — Ele estacionou o Jaguar entre dois
outros carros.
Descendo, Luck deu a volta e abriu a porta para Eve, ajudando -a a sair.
Durante alguns momentos ele continuou parado onde estava, segurando a mão
dela e sorrindo com ternura.
— Eu já lhe disse que você está um encanto, esta noite? — perguntou
finalmente, com suavidade.
— Não, mas muito obrigada.
Livros Florzinha - 79 -
A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
Julia no. 156
Eve sorriu para ele, imaginando ao mesmo tempo se Luck não estaria
sendo apenas bondoso e delicado. Talvez aquele fosse um jeito agradável de
ele lhe dizer que estava o melhor possível, para alguém com uma aparência tão
comum.
Inclinando a cabeça, Luck encostou os lábios nos dela. O beijo não durou
muito, mas serviu para que Eve recuperasse a confiança em seu
afeto. No entanto, ela duvidava que aquele breve toque o
tivesse perturbado tanto quanto a perturbara.
Em seguida, ele a escoltou até a porta do restaurante, com a mão
firmemente apoiada em suas costas. Lá dentro, o maítre os conduziu até uma
mesa para dois, localizada num canto isolado c aconchegante.
— Eu não lhe prometi luz de velas?
Com um gesto, Luck indicou a vela que queimava dentro de um copo alto,
de cor âmbar, quando eles se sentaram em cadeiras colocadas frente a frente.
— Prometeu, sim — Eve concordou, com um sorriso. — Mas você se
esqueceu de mencionar que também teríamos música suave, de fundo.
Ela estava se referindo aos sons abafados de uma música romântica que
um aparelho de som espalhava pelo ambiente.
— Eu guardei segredo disso, para lhe fazer uma surpresa final. — Ele
sorriu, divertido.
Uma garçonete jovem e muito atraente aproximou -se então da mesa
deles. De cabelos loiros e olhos azuis, ela era a própria imagem da mulher
sexy, sem parecer vulgar. Seu sorriso alegre foi dirigido aos dois, mas Eve não
conseguiu deixar de notar que havia algo mais do que um simples interesse
profissional no modo como ela olhou para Luck.
— Vocês gostariam de tomar alguma coisa, antes do jantar? — a
garota perguntou, sem deixar de sorrir.
— Gostaríamos, sim. Você poderia nos trazer uma g arrafa de
champanhe? — Luck pediu, correspondendo ao sorriso.
Se Luck não tivesse notado a evidente beleza da loira, Eve teria
verificado a temperatura dele, para ver se não estava doente. No entanto,
quando ele reparou na moça, ela se sentiu magoada. Is so não fazia o menor
sentido, e foi só apelando para todas as suas forças que Eve conseguiu evitar
que seu rosto expressivo revelasse as emoções conflitantes que a assaltavam.
A garçonete saiu e voltou logo depois com uma garrafa de champanhe.
Depois de abri-la, ela colocou um pouquinho num copo, para Luck
experimentar. Quando ele manifestou sua aprovação, a garota terminou de
servi-los.
Depois que ela se foi, Luck ergueu o corpo e fez um brinde:
— À mulher que é o amor da minha vida, e que logo será minha esposa.
Foi um brinde tocante, mas Eve sabia que era exagerado. Luck havia
lhe prometido uma noite romântica e estava fazendo o possível para
cumprir a promessa. No entanto, ela preferia que seu relacionamento
permanecesse honesto e não fosse estragado po r falsos cumprimentos.
— Isso foi muito bonito, Luck — Eve reconheceu —, mas não era
necessário.
Ele ergueu interrogativamente as sobrancelhas, ao ouvir o comentário.
— Não? Por que não?
Livros Florzinha - 80 -
A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
Julia no. 156
Livros Florzinha - 81 -
A felicidade bate à porta (With little luck) Janet Dailey
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— Eu posso lhe oferecer algumas das coisas que estão faltando em sua
vida — Eve começou embaraçada, sem saber ao certo por que ele estava
exigindo aquilo. A menos que fosse para ter certeza de que e la havia entendido
tudo direitinho.
— Tais como? — Luck quis saber, forçando-a a dar uma resposta mais
detalhada.
— Você precisa de uma mãe para o seu filho, de alguém para tomar
conta da casa, cozinhar, cuidar de você e estar por perto, quando você sentir
necessidade de ter uma companhia... — Nesse ponto ela se
interrompeu, hesitante.
— Você se esqueceu de mencionar "parceira de cama" — ele
lembrou, com frieza.
— Isso, também — Eve concordou.
— Fico contente. Por um minuto, cheguei a pensar que
estava
arrumando uma empregada de tempo integral, em vez de uma esposa. —
Dessa vez, a raiva era evidente em sua voz.
— Eu... eu não estou entendendo.
— Sua tola! Só existe uma razão pela qual eu a pedi em casamento: eu a
amo e não quero viver sem você! — Luck falou com aspereza.
— Mas Toby...
— Eu não fiz um trabalho tão ruim assim, criando Toby sozinho. E se ele
se arranjou muito bem sem mãe até agora, pode continuar desse jeito o resto
da vida. Acredite em mim, Eve! Eu fico contente por vo cês gostarem um
do outro, mas estou apaixonado por você e não ligaria a mínima se Toby a
odiasse!
— Mas eu pensei...
Eve tentou novamente falar sobre o que tinha pensado, mas foi
interrompida mais uma vez por Luck:
— Quanto a cozinhar e limpar, eu poderia ter contratado uma
empregada para isso. Eu sei que você não fez perguntas sobre a minha
situação financeira, mas eu poderia bem arcar com esta despesa, se quisesse.
— Você admitiu que se sentia sozinho — ela aproveitou para dizer
depressa, quando ele fez uma pausa. — "Naquela noite, do lado de fora do bar,
você admitiu que sua casa era um lugar solitário!
— E verdade — Luck reconheceu, — Mas, Eve, um homem pode viver
na mesma casa com uma centena de mulheres e se sentir solitário, se nenhuma
delas for a companheira certa para çle.
— Por favor, Luck... — Eve virou a cabeça para o outro lado, com medo
de ser convencida por ele. — Eu sei o quanto você amou a sua primeira
esposa.
— Eu amei Lisa — Luck disse, acentuando as palavras —, mas isso foi
no passado, Eve. Eu realmente amei minha esposa, mas agora é você que eu
amo. É completamente diferente!
— Eu sei que é — ela murmurou, sentindo uma dor aguda no coração.
— Sabe mesmo? — Luck soltou um profundo suspiro, antes de
estender as mãos e segurar Eve pelos ombros, forçando -a a se virar para ele.
— Eu amei Lisa como um rapaz ama. Mas não sou mais a mesma pessoa. Eu
mudei. Amadureci. Eu agora sou um homem adulto, e quero e amo você como
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FIM
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