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Aula I: Conceitos Fundamentais de Turismo

(Pontos Principais da Referência Bibliográfica)

Considerações Preliminares

* Do ponto de vista conceitual, para alguns historiadores, o turismo surge na


História a partir do século XVII, na Inglaterra. Outros já localizam tal
surgimento entre os séculos XVIII e XIX.

* A palavra tour é de origem francesa e quer dizer volta (inglês turn e latim
tornare).

* Turismo – viagens - migrações.

* A riqueza ou renda disponível e o padrão de vida da população, juntamente


com as melhorias no setor de transporte e a motivação da demanda serviram
de alavancadores da atividade turística.

* ”O surgimento do turismo na forma que o conhecemos hoje não foi um fato


isolado; o turismo sempre esteve ligado ao modo de produção e ao
desenvolvimento tecnológico”. (Margarita Barretto, 1995)

I - Desenvolvimento Histórico do Conceito de Turismo

Durante os anos, surgiram várias definições de estudiosos que procuram


fornecer um conceito mais claro de turismo. Destas destacam-se:

a)Hermann von Schullard (1910) - primeira definição registrada de turismo,


que o apresenta como o conjunto de todas as operações, sobretudo as
econômicas, vistas durante todo o processo de visitação de um estrangeiro a
um dado destino turístico, desde de sua chegada, até sua saída.

b)A Escola de Berlim (1929) - primeiramente, apresentou o turismo como


um fenômeno de transporte, de tráfego turístico ( Robert Glücksmann). Num
aprimoramento posterior, deixou claro que ele ocorre a partir das relações
desenvolvidas quando os turistas chegam ao destino da viagem e entram em
contato como a população local.

Textos de Referência:
- BARRETO, Margaritta. Definições de turismo. In: Manual de Iniciação ao Estudo do Turismo. Campinas: Papirus, 1995. 9 a. ed.
164p. p 9-17.
- IGNARRA, Luís Renato. Conceitos básicos de turismo. In: Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira, 2000. 135 p. p 23-
26.
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(Pontos Principais da Referência Bibliográfica)

O enfoque principal dessa escola estava nos seus aspectos econômicos do


turismo.

Na definição da Escola Berlinesa, o turismo surge a partir do movimento das


pessoas do seu local habitual de residência para outro diferente, em caráter
temporário, não tendo em vista propósitos econômicos, e buscando satisfazer
certas necessidades. (prazer, comércio, procissão, cultura, luxo, status, etc.)

Os principais estudiosos dessa escola foram Artur Borman, Shwink, Joseph


Stradner, Morgenroth e Benscheidt.

c)A Escola Polonesa (Lesczyck) – posterior à Escola Berlinesa, via o turismo


como um movimento temporário de estrangeiros ou forasteiro num certo
lugar, não só sem caráter lucrativo, mas também sem caráter oficial ou
militar.

d)A Escola Americana - entende o turismo organizado de hoje à luz de três


aspectos básicos: a estrutura de atendimento ao turista no seu local de
origem, a estrutura de transporte e a estrutura de atendimento ao turista no
núcleo receptivo, juntamente com as relações ocorridas entre eles.

e)Outros Estudiosos Modernos – além das escolas acima citadas, muitos


estudiosos deram importantes contribuições para a elevação do conceito de
turismo, no decorrer dos últimos anos. Dentre tais, destacam-se:

* A J. Norwal (Inglaterra, 1936) - acrescenta à definição das escolas em


voga um elemento importante: o gasto no destino da renda pessoal do turista,
ganho no seu país.

* Michele Troisi (Itália, 1942) - mostra que as motivações para o turismo


podem envolver necessidade de repouso, cura, espirituais e intelectuais .

* Luís Fernandez Fuster (Espanha, 1973) - apresenta uma visão mais ampla
e processual de turismo, que abrange não só os turistas, mas também os
fenômenos e relações que estes produzem com suas viagens .
Textos de Referência:
- BARRETO, Margaritta. Definições de turismo. In: Manual de Iniciação ao Estudo do Turismo. Campinas: Papirus, 1995. 9 a. ed.
164p. p 9-17.
- IGNARRA, Luís Renato. Conceitos básicos de turismo. In: Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira, 2000. 135 p. p 23-
26.
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* Walter Huunziker e Kurt Krapf (Suíça,1942) - vêm o turismo como o


conjunto de relações e fenômeno produzidos pelos deslocamentos dos
turistas, desde que tais deslocamentos não sejam movidos por razões
lucrativas (definição adotada pela AIEST- Associação Internacional dos
Especialistas na Ciência do Turismo.)

* Donald Ludberg (USA, 1974) - desdobra o turismo em dois componentes


básicos: o econômico e o social , destacando as profundas implicações deste
último.

* J. I. Arrillaga (Espanha, 1976) - confirma os dois componentes básicos


do turismo expostos por Ludberg, juntamente como a necessidade de
motivações alheias ao lucro na caracterização da atividade turísticas.

* Jafar Jafari - apresenta o turismo de forma mais holística, como o estudo


do homem fora do seu local habitual de residência, da indústria que satisfaz
suas necessidades e dos impactos gerados na área receptora.

* Luís R. Ignorra (Brasil, 1999) - visando ampliar o conceito de turismo, de


forma a admitir as categorias de turismo de eventos e de negócios, Ignarra
define-o como o deslocamento de pessoas de seu local habitual de residência
por motivos determinados e não motivados por razões de exercício
profissional constante.

II – Conceitos Fundamentais de Turismo

 Turismo é visto atualmente como ”o deslocamento para fora do local de


residência por período superior a 24 horas e inferior a 60 dias motivado
por razões não-econômicas”. (Organização Mundial de Turismo - OMT)

 A definição de turismo da OMT não visa apresentar uma visão completa da


magnitude total da atividade turística, antes pretende fornecer um
conceito padrão de Turismo, para sincronizar o pensamento mundial em
torno dessa atividade.

Textos de Referência:
- BARRETO, Margaritta. Definições de turismo. In: Manual de Iniciação ao Estudo do Turismo. Campinas: Papirus, 1995. 9 a. ed.
164p. p 9-17.
- IGNARRA, Luís Renato. Conceitos básicos de turismo. In: Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira, 2000. 135 p. p 23-
26.
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(Pontos Principais da Referência Bibliográfica)

 A OMT também aceita algumas definições mais abrangentes, de alguns


estudiosos mundiais do turismo, tais como:

“O turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e


temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por
motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem do seu local de
residência habitual para outro, no qual não exerce nenhuma atividade
lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância
social, econômica e cultural.” (Oscar de La Torre, México – 1992)

 Viajantes são consumidores de serviços turísticos, independentes da


motivação, e deslocam em viagens pela superfície terrestre. Assim
pessoas que viajam por motivos alheios ao Turismo também utilizam os
mesmos serviços que os turistas e, às vezes, agem da mesma forma. Por
isso, a OMT classifica esses consumidores como turistas, excursionistas e
visitantes:

a) Turistas - “aquele que viaja para um local diferente do de sua residência


habitual e que lá permaneça por mais de 24 horas e no máximo 06 meses,
dentro de um período de 12 meses consecutivos, com a finalidade de
turismo, recreio, esporte, saúde, motivos familiares, estudos,
peregrinação religiosas ou negócios, mas sem propósito de imigração.”
(ONU-1954)

b) Excursionistas - pessoas que viajam e permanecem menos de 24 horas em


localidades diferentes de seu local habitual de residência, com as mesmas
finalidades dos turistas, mas que não pernoitam.

c) Visitantes – costuma-se chamar de visitantes aqueles que participam de


cruzeiros marítimos ou fluviais que visitam uma localidade, mas que
pernoitam nas embarcações, ou aqueles que em residências secundárias ou
em casas de parentes. Contudo, admite-se que este termo se aplica tanto
a turistas como a excursionistas. Em geral, visitantes são pessoas que
estão temporariamente em um local diferente do seu habitual de
residência.

Textos de Referência:
- BARRETO, Margaritta. Definições de turismo. In: Manual de Iniciação ao Estudo do Turismo. Campinas: Papirus, 1995. 9 a. ed.
164p. p 9-17.
- IGNARRA, Luís Renato. Conceitos básicos de turismo. In: Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira, 2000. 135 p. p 23-
26.
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(Pontos Principais da Referência Bibliográfica)

Embora não seja contemplada na classificação da OMT acima, ao se analisar


as categorias de visitantes, deve-se considerar também a existência dos
veranistas que, devido à própria dinâmica da atividade criam no turismo um
fenômeno bem singular, no qual as pessoas realizam movimentos periódicos,
determinados, prolongados na sua maioria, ocupando geralmente residências
secundarias, fora da estrutura hoteleira.

III – Algumas Informações Complementares

* Viagem e turismo não são a mesma coisa. Há viagem que não visam o prazer;
são compromissos sóciais.

* Os conceitos mais modernos de Turismo levam em conta que este é uma


atividade sócio-econômica, realizada por pessoas em lugares e situações
diferentes de seu cotidiano, em visitas de caráter temporário, sem
vistas ao lucro obtido de um vínculo profissional com o mercado local, e à
procura de prazer.

* Não é prudente conceituamos a atividade turística sem levamos em conta


todos os aspectos envolvidos na preparação da viagem, seu planejamento e a
estrutura de serviços da qual esta sobrevive.

*Nos conceitos observados de Turismo há geralmente dois elementos


importantes: o elemento dinâmico ( viagem) e o elemento estático ( estada).
Estes, por sua vez, são sustentados por três aspectos básicos: permanência
temporária, o caráter não lucrativo e a procura de prazer por livre escolha.

* Atualmente, o Turismo não esta apenas ligado ao velho tripé Agência de


Viagens – Hotel - Transportadoras.

*Embora haja um conceito definido de Turismo, se admite a existência de


situações que se caracterizam como exceções, como as viagens turísticas da
classe alta que duram mais de 90 dias. Por isso, antes de definimos se uma
viagem é turística ou não, precisamos antes analisar as motivações da pessoa
e o propósito da viagem.

Textos de Referência:
- BARRETO, Margaritta. Definições de turismo. In: Manual de Iniciação ao Estudo do Turismo. Campinas: Papirus, 1995. 9 a. ed.
164p. p 9-17.
- IGNARRA, Luís Renato. Conceitos básicos de turismo. In: Fundamentos do Turismo. São Paulo: Pioneira, 2000. 135 p. p 23-
26.

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