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Duas das

regiões
mais
ricas do
mundo

O
Pantanal e a Amazônia são dois dos maiores ecossistemas do mundo. O primeiro, marcado por
grande quantidade de chuva – que deixa boa parte de suas terras debaixo d’água –, possui mais
de 4.600 espécies de plantas e animais. Já o segundo, há muito tempo erroneamente denominado

Fotos: Divulgação Sedtur


“pulmão do mundo”, abriga mais de 5,5 milhões de espécies vegetais, peixes, pássaros, além de anfíbios e
mamíferos, todos já catalogados por pesquisadores.
Tanta riqueza é resultado da combinação de vários fatores naturais, como estruturas geológicas, relevos
diferenciados e solos heterogêneos. Assim, quem aprecia os animais e as plantas, certamente encontra, nessas
duas regiões, um celeiro de riqueza inestimável.
Neste Guia de Animais Brasileiros, trazemos um pouco da biodiversidade existente nestes locais de nosso país.
Além de informações sobre as regiões em si, selecionamos os principais animais que as habitam. Assim, entre
as páginas 18 e 77, você encontra toda a ficha técnica destes bichos. E, para finalizar, uma matéria especial
alerta para os animais que estão em risco de extinção.

Boa leitura,

Os Editores
redacao@editoraonline.com.br
www.revistaonline.com.br
Sumário
Pantanal 06
Amazônia 10
Bichos de Estimação 15
Espécies 18
Répteis
Jacaré-do-Pantanal (Caiman crocodilus yacare) 19
Jiboia (Boa constrictor Linnaeus, 1758) 20
Muçuã (Kinosternon scorpioides Linnaeus, 1766) 21
Surucucu-do-Pantanal ou Boipevaçu (Hydrodinastes gigas Duméril, 1853) 22
Tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa Schweigger, 1812) 23
Lagarto-teiú (Tupinambis merinae Duméril & Bibron) 24
Sucuri (Eunectes murinus Linnaeus, 1758) 25
Jabuti-piranga (Geochelone carbonaria Spix, 1824) 26

Aves
Arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus Lathan, 1790) 27
Arara-canindé (Ara ararauna Linnaeus, 1758) 28
Ararajuba(Aratinga guarouba Gmelin, 1788) 29
Tuiuiú (Jabiru mycteria Lichtenstein, 1819) 30
Caracará ou carancho (Polyborus plancus Miller, JF 1777) 31
Cardeal (Paroaria capitata Orbigny & Lafresnaye, 1837) 32
Colheireiro (Platalea ajaja Lineu, 1758) 33
Coruja-buraqueira (Speotyto cunicularia Molina, 1782) 34
Coruja-suindara (Tyto alba Scopoli, 1769) 35
Ema (Struthioniforme) 36
Garça-branca (Ardea alba Linnaeus, 1758) 37
Urutau (Nyctibius griseus Gmelin, 1789) 38
Jaçanã (Jacana jacana) 39
Maguari (Ciconia maguari Gmelin, 1789) 40
Maria-faceira (Syrigma sibilatrix Temminck, 1824) 41
Mutum de bico amarelo (Crax fasciolata pinima Pelzeln, 1870) 42
Papagaio-do-mangue (Amazona amazonica Lineu, 1766) 43
Pica-pau-do-campo (Colaptes campestris Vieillot, 1818) 44
Quero-quero (Vanelus chilensis Molina, 1782) 45
Savacu (Nycticorax nycticorax Linnaeus, 1758) 46
Tucano-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus Linnaeus, 1766) 47
Tucanuçu (Ramphastos toco Statius Muller, 1776) 48
Arara vermelha (Ara chloroptera Gray, 1859) 49

Mamíferos
Boto (Inia geoffrensis Blainville, 1817) 50
Cachorro-do-mato-vinagre (Speothos venaticus Lund, 1842) 51
Capivara (Hydrochoerus hydrocaeris Linnaeus, 1766) 52
Cateto (Tayasu tajacu Linnaeus, 1758) 53
Cotia (Dasyprocta aguti Linnaeus, 1766) 54

4 - Guia de Animais Brasileiros


Gambá (Didelphis marsupialis Linné, 1758) 55
Gato-do-mato (Oncifelis geofroyi D´rrbigny e Gervais, 1844) 56
Irara (Eyra barbara Lineu, 1758) 56
Bicho-preguiça (Bradypus tridactylus Linnaeus, 1758) 57
Macaco-de-cheiro (Saimiri sciureus Linnaeus, 1758) 58
Macaco Sauim-de-Manaus (Saguinus bicolor Spix, 1823) 59
Macaco Parauacu (Pithecia pithecia Linnaeus, 1766) 60
Paca (Agouti paca Linnaeus, 1766) 61
Ouriço-cacheiro (Coendou prehensilis Linnaeus, 1758) 62
Suçuarana (Puma concolor Linnaeus, 1771) 63
Peixe-boi (Trichechus inunguis Natterer, 1883) 64
Lontra (Lutra longicaudis Olfers, 1818) 65

Peixes
Traíra (Hoplias malabaricus Bloch, 1794) 66
Tambaqui (Colossoma macropomum Curvier, 1818) 67
Poraquê (Electrophorus electricus Linnaeus, 1766) 68
Pirarucu (Arapaima gigas Curvier, 1829) 69
Acará-disco (Symphysodon discus Heckel, 1840) 70
Tucunaré (Cichla spp) 70
Aruanã prata (Osteoglossum bicirrhosum Vandelli, 1829) 71
Dourado (Salminus maxillosus Valenciennes, 1850) 71

Anfíbios
Cobra-cega (Siphonops annulatus Mikan, 1820) 72
Rã-pimenta ou Jia verdadeira(Leptodactylus labyrinthicus Spix, 1824) 73
Sapo de chifre (Ceratophrys cornuta Linnaeus, 1758) 74
Sapo-garimpeiro (Dendrobates tinctorius Schneider, 1799) 75
Rã venenosa (Epipedobates pulchripectus) 76
Rã venenosa (Epipedobates trivittatus Von Spix, 1824) 77

Extinção 78
Onde encontrar 82
Greenpeace/ Rodrigo Baleia

Fotos capa: Adriana Barbosa,


Fábio Colombini, SESC Pantanal,
Eduardo Félix Justiniano
Pantanal Pantanal
Pantanal

Uma região rica em


FAUNAÏEÏmOR Mais de 4.600 espécies Por Gabriela Megale

de plantas e animais
povoam o Pantanal

Mais que sinônimo de diversidade, o Pan- 177 de répteis, 41 de anfíbios e 325 de peixes de água
tanal significa quantidade. De plantas, aves, cobras, doce.
jacarés, mas, principalmente, de água. É isso mesmo: Devido às constantes inundações, fica difícil saber
sem as chuvas e enchentes que determinam os cená- as dimensões exatas do Pantanal. Estima-se que te-
rios da região, esse patrimônio da humanidade não nha, aproximadamente, 230 mil km², o que lhe con-
seria o que é. fere o título de maior planície alagável do mundo.
O título concedido pela UNESCO mostra Cerca de 150 mil km² ficam no Brasil, sendo 35%
o reconhecimento internacional do Pantanal como no Mato Grosso e 65% no Mato Grosso do Sul. O
uma das reservas naturais mais exuberantes do mun- restante se estende pelos territórios do Paraguai e da
do. Não é para menos, já que a região é um mosaico Bolívia.
de ricas formações vegetais, como a amazônica, os Mas não é só o tamanho do Pantanal que
Divulgação Sedtur

cerrados e os chacos (paraguaios e bolivianos). De é variável. As paisagens da região também


acordo com os dados da ONG Conservação Inter- nunca são as mesmas. A razão de tanta mudança é
nacional, a região abriga mais de 3.500 espécies de a alternância entre períodos secos e chuvosos, que
plantas, além de 463 tipos de aves, 124 de mamíferos, desenham rios e baías diferentes a cada estação. E

6 - Guia de Animais Brasileiros


os animais acompanham o curso das águas, sempre xas são cobertas por gramíneas, que funcionam como
em busca de alimento. pastagens naturais para o gado. Em alturas intermedi-
O MUNDO DAS ÁGUAS árias aparece o cerrado, com plantas rasteiras e de porte
O Pantanal vive sob o desígnio das águas, que divi- médio. Os locais mais altos, devido ao clima seco, têm
dem a vida da região em basicamente dois períodos. Um aspecto parecido com o da caatinga.

RA
é o de seca, que se estende de maio a outubro, marca- A vegetação aquática também é essencial para o equi-
do pela baixa das águas, permitindo o aparecimento dos líbrio do Pantanal, já que carrega grande quantidade de
campos de gramíneas e cerrado e bancos de areia, à me- matéria orgânica nos períodos de cheia. Durante a va-
dida que os rios retornam aos seus leitos naturais. É nessa zante, essa vegetação, junto a animais mortos, deposita-
época que surgem os corixos, cursos fluviais perenes que -se nas margens dos rios, constituindo um importante
conectam baías e lagoas a rios próximos. elemento fertilizador da planície.
Entre novembro e abril, esse cenário se transforma Apesar disso, grande parte dos solos pantaneiros
com a chegada das chuvas, facilmente absorvidas pelo é arenosa e pobre, tendo seu uso ainda mais limitado
solo poroso. Devido à umidade da terra e às plantas que pelo excesso de água, suportando apenas as pastagens
resistiram à escassez de água nos meses anteriores, a pla- nativas que alimentam os gados bovinos introduzidos
nície seca e sem cor se torna verde. Durante as enchen- pelos colonizadores.
tes, ocorre a interligação entre rios, braços e baías, que, Por ser uma planície, o Pantanal tem altitudes bai-
unidos, formam um imenso mar interior, conhecido nas xíssimas, que não ultrapassam 200 m acima do nível do
lendas indígenas, como “mar de Xaraés”. mar. Na realidade, a região é uma continuação ao norte
Esse é considerado o pior período para visitar a re- da Planície do Chaco, localizada no Paraguai, que está
gião, já que muitas estradas ficam interditadas por causa circundada por cuestas e outras formações mais altas, de-
do volume de água. No período de cheias, o transporte nominadas cordilheiras. As áreas baixas, sujeitas a inun-
de mercadorias e de pessoas só é feito através de embarca- dações frequentes, são conhecidas como baixos lagos.
ções ou no lombo de animais. Outro problema causado
pelas chuvas é o isolamento dos povoados situados em FAUNA: SOB O CICLO DAS ÁGUAS
áreas baixas, que ficam sem comunicação com seus cen- Como tudo no Pantanal é regido pelas águas, com
tros de abastecimento. a fauna não seria diferente. Grande parte dos animais,
Com o aguaceiro, rios transbordam e alagam os incluindo aves e mamíferos, depende da alimentação
campos à sua volta, fazendo que morros isolados sal- aquática. Quando o período de chuvas chega ao fim,
tem à vista como verdadeiras ilhas verdes cobertas pela plantas e bichos ficam retidos em algumas lagoas e em
exuberante vegetação pantaneira. Devido à baixa de- corixos isolados, que se transformam em alimentos para
clividade da região, as águas que caem nas cabeceiras a fauna pantaneira nos períodos de seca. Vale lembrar
do rio Paraguai – que, com seus afluentes, abastece que o Pantanal também se destaca como importante
todo Pantanal – podem demorar mais de quatro meses abrigo de aves aquáticas e espécies migratórias, que usam
para atravessar a região. a região para a reprodução e a alimentação de filhotes.
Hidrograficamente, todo o Pantanal faz parte da Ba- Os peixes que dominam as águas são o pacu, o cascudo,
cia do Paraguai, que tem mais de 1.400 km de extensão o pintado, o dourado e as piranhas. Estas são alvos dos
só no Brasil, abrangendo cerca de 170 rios. Além disso, é jacarés, importantes reguladores da fauna e agentes de
elo entre as duas maiores bacias sul-americanas: a Ama- reciclagem de nutrientes. As cobras também funcionam
zônica e a do Prata, possibilitando o contato e a troca como predadores aquáticos e semiterrestres, e a sucuri é
de espécies animais e vegetais das regiões abastecidas por uma das espécies mais perseguidas pelos pantaneiros. As
elas. Este processo é um dos grandes responsáveis pela aves aparecem como um dos maiores atrativos do Pan-
diversidade biológica do Pantanal. tanal, formando grandes grupos que buscam alimentos,
principalmente nos rios. A arara-azul e o aracuã são típi-
FLORA cos do local, além das aves de rapina.
Não existe um, mas sim diversos pantanais, que se Espécies que vivem no cerrado também são encon-
subdividem em regiões com características e ciclos pró- tradas em grande quantidade na região, atraídas pelos
prios. Contudo, há três tipos de formações claramente alimentos das áreas alagadas. Entre eles, estão o lobo-
distintas: amazônica, cerrado e chaco. As áreas mais bai- -guará e o tamanduá-bandeira, muito procurados pe-

Guia de Animais Brasileiros - 7


Pantanal

los caçadores. Mas, ao contrário do que se imagina, “o conjunto de áreas extensas, baixa densidade populacio-
Pantanal é pobre em espécies endêmicas, ou seja, aquelas nal e alta diversidade biológica.
restritas a um tipo de ambiente, como é o caso da mata Mas o Pantanal não está a salvo das ameaças hu-
atlântica e de algumas regiões da Amazônia”, afirma San- manas. Um estudo sobre o desmatamento da Bacia do
dro Menezes, gerente do Programa Pantanal, da ONG Alto Paraguai, feito pela ONG CI, mostra que medi-
Conservação Internacional – Brasil (CI – Brasil). De das urgentes devem ser tomadas para que a vegetação
acordo com o pesquisador, o que mais caracteriza a fauna original não desapareça nos próximos 45 anos.
pantaneira são as grandes e saudáveis populações de ani- Sandro Menezes aponta o desmatamento da ve-
mais, algumas ameaçadas de extinção, como a arara-azul, getação nativa para o desenvolvimento de atividades
a ariranha, a lontra, o cervo-do-pantanal, o tamanduá- agropecuárias como a maior ameaça ao ecossistema.
-bandeira, a onça-pintada e o tatu-canastra, provenientes “Isso se deve à mudança da pecuária extensiva de bai-
de regiões vizinhas, como o cerrado, a Amazônia, a mata xo impacto para a pecuária intensiva, e à intensifica-
atlântica e o chaco.
ção agrícola nas regiões de nascentes dos rios da Bacia
do Alto Paraguai, que têm como consequências a ero-
PRESERVAÇÃO DO PANTANAL
são, o assoreamento dos rios e a poluição por resíduos
Apesar das crescentes ameaças ao meio ambiente,
de agroquímicos”, explica o profissional.
uma área que abrange mais de 80% da planície do Pan-
Outras ameaças apontadas pelo pesquisador são
tanal está preservada. Muitos animais que desaparece-
a introdução de espécies exóticas, a implantação da
ram das florestas brasileiras, como a arara-azul-grande
(Anodorhynchus hyacinthinus), a ariranha (Pteronura hidrovia Paraguai-Paraná, que implica alterações no
brasiliensis) e o cervo-do-Pantanal (Blastocerus dicho- regime hídrico do Pantanal, e a industrialização de al-
tomus), só são vistos nas matas pantaneiras. Sandro gumas regiões, entre elas Corumbá, que abriga indús-
diz que essa situação se deve, principalmente, ao re- trias siderúrgica e petroquímica.
gime de cheias da região, “que impede formas usuais Apesar dos problemas, pouco vem sendo feito pela
de ocupação do solo e a conversão de áreas nativas em conservação da planície. “As unidades de conservação,
espaços usados pelo homem”. que deveriam ser instrumentos efetivos para a prote-
É graças à conservação pantaneira, combinada às pe- ção das espécies, carecem de recursos e de condições
culiaridades regionais, que a planície é considerada uma adequadas de operação”, afirma Sandro. O pesquisa-
das últimas grandes regiões naturais do planeta, conhe- dor também denuncia a ausência de políticas públicas
cidas internacionalmente como wilderness, sinônimo do que integrem os Estados do Mato Grosso do Sul e do
Divulgação Sedtur

Mato Grosso considerando suas peculiaridades – pelo


menos no que diz respeito à região pantaneira.

8 - Guia de Animais Brasileiros


Guia do turista
VACINAS OBRIGATÓRIAS: vacinas contra
febre amarela e antitetânica. O ideal é receber as ONDE DESEMBARCAR: no Mato Grosso,
doses 30 dias antes da data de início da viagem. o turista desembarca do avião na capital Cuiabá
Informações: e, depois, pode seguir até Cáceres, a 225 Km de
Núcleo de Medicina do Viajante Cuiabá, de carro ou ônibus. A partir de Cáceres,
http://www.emilioribas.sp.gov.br/pacientes-e o transporte é feito através de barco até o coração
-acompanhantes/medicina-do-viajante/ do Pantanal. Outra opção é Barão de Melgaço, a
Ambulatório dos Viajantes 113 Km da capital. Esta é uma das cidades loca-
Tel.: (11) 2661-6392 lizadas no Pantanal mato-grossense. Este percurso
também pode ser feito de carro ou ônibus. Outra
O QUE LEVAR: repelente, protetor solar, opção é Poconé, a cerca de 100 Km de Cuiabá. Em
chapéu ou boné, óculos escuros e roupas leves e seguida, o turista pode entrar no Pantanal através
compridas são itens essenciais na mala de qual- da Transpantaneira, uma estrada com 120 Km e
quer visitante. Se possível, leve soro hidratante e 122 pontes que cortam o Pantanal.
um creme pós-sol.
MELHOR ÉPOCA PARA VISITAR: a seca
MELHOR MEIO DE TRANSPORTE: até (maio a setembro) é indicada para quem quer ver
Cuiabá, o ideal é chegar de avião. A partir da capi- grupos de mamíferos e répteis, além das belas pai-
tal, o mais indicado é carro ou ônibus até as cidades sagens pantaneiras. Já as cheias (outubro a março)
de entrada. Depois, o barco é a melhor opção para são mais indicadas para os apreciadores de pássaros
conhecer o Pantanal. e borboletas, mas quase não há vegetação à mostra.

Divulgação SESC Pantanal

Guia de Animais Brasileiros - 9


A m a z ^o n i a Amazônia

O maior banco genético


da TERRA A Amazônia corresponde a um terço das
Por Gabriela Megale
reservas tropicais úmidas do planeta

Não é só na ficção que a Amazônia atua como de a principal característica. Os 7,7 milhões de qui-
protagonista, transformando-se até em título de lômetros quadrados da região são compostos não só
minissérie da Globo, exibida em janeiro de 2007. pelas conhecidas formações florestais, mas por ou-
Na vida real, a importância da maior floresta tropi- tras unidades que garantem uma imensa biodiver-
cal do mundo vai muito além, correspondendo a um
sidade. De acordo com dados do IBAMA, a floresta
terço das reservas tropicais úmidas existentes, além de
abrigar o maior banco genético terrestre. abriga 1,5 milhão de espécies vegetais, 3 mil espécies
O superlativo “um dos maiores do mundo” é a de peixes, 950 tipos de pássaros, além centenas de
única constante na Amazônia, que tem na diversida- anfíbios e mamíferos já catalogados por pesquisadores.

Fotos: divulgação Sedtur

10 - Guia de Animais Brasileiros


AMAZÔNIA: O BANCO GENÉTICO DA TERRA some, durante a noite, todo o oxigênio que produz de
Apesar de não ser a maior floresta do mundo, se- dia. No entanto, pode ser chamada de “ar condicio-
guindo apenas as formações boreais da Rússia, do Ca- nado terrestre”, por ser fundamental no equilíbrio da
nadá e do Alasca, que se estendem por mais de um temperatura de todo o planeta.
continente, é na Amazônia que se concentra a grande
biodiversidade mundial, sendo palco da reprodução de BACIA AMAZÔNICA
um terço de todas as espécies existentes na Terra. A Amazônia não existiria sem a bacia hidrográfica
No solo vivem, além de animais rastejadores, gran- que banha a floresta: a Bacia Amazônica, considerada
des mamíferos e algumas aves de chão – entre elas, os a maior do mundo, com 1.100 afluentes que cobrem
mutuns e inhambus. Anfíbios, como os sapos, desen- mais de 6 milhões Km2.
volveram adaptações para garantir o crescimento dos Mais da metade da bacia fica no território brasilei-
girinos, que dependem da água para viver. ro, atravessando os Estados do Acre, do Amazonas, do
A maior diversidade animal se concentra entre as Amapá, do Pará, de Rondônia, de Roraima e do Mato
copas das árvores, repletas de aves dos tamanhos mais Grosso. O restante cobre grande para da América do
variados. Os níveis superiores também são explorados Sul, passando pelo Peru, pela Colômbia, pelo Equador,
por animais à procura de alimentos, como morcegos e pela Venezuela, pela Guiana e pela Bolívia.
macacos frutívoros, que, ao lado de abelhas, borboletas A região é servida por 13 portos com infra-estru-
e outros polinizadores tradicionais, têm papel impor- tura, entre eles Manaus, Belém e Ponta da Madeira.
tante na disseminação de frutos e sementes. Os insetos Há 24 rios principais, são utilizados como importantes
estão em todos os cantos da floresta, formando a maior vias de transporte da região Norte, sendo alguns deles o
biomassa de animais da Amazônia. único meio de comunicação das povoações ribeirinhas
Quando o assunto é a flora, os números são ain- com o restante do mundo.
da mais impressionantes. De acordo com pesquisas da A bacia é de extrema importância para a composi-
ONG Conservação Internacional, a Amazônia é o abri- ção da vegetação, que varia de acordo com o tipo de rio
go de um terço de toda a madeira tropical do planeta que abastece a região. As águas amazônicas têm carac-
e de 30% das espécies de plantas da América Latina. terísticas diferentes, resultantes da geologia das bacias
Tanta riqueza é resultado da combinação de vários fluviais, dividindo-se em três tipos.
fatores naturais, como estruturas geológicas, relevos di-
ferenciados e solos heterogêneos. Todos esses elementos
foram subjugados às elevadas temperaturas e precipi-
tações do clima equatorial úmido, que cobre a maior
parte da floresta. ÁREA: 7, 7 milhões de km²
De acordo com a diretora do Serviço Florestal Bra- • Corresponde a 67% das florestas tropicais do mundo
sileiro do Ministério do Meio Ambiente Cláudia Ra-
• Ocupa 58,8% do território brasileiro
mos, “existem muitas teorias para explicar a diversida-
• 80% da Amazônia fica no Brasil
de biológica da Amazônia. No entanto, é possível dizer
• Detém 1/5 da água doce do mundo
que sua complexidade ambiental possibilitou uma alta
especialização da fauna e da flora, permitindo a coexis- ABRIGA: de 10 a 15 milhões de insetos;
tência de um maior número de espécies”, relata. 3 mil espécies de peixes;
Mas, em contraste com tamanha exuberância, há 1.622 espécies de pássaros;
um solo de baixa fertilidade. O mais rico em nutrientes 524 espécies de mamíferos;
é o de várzea, que fica justamente onde se desenvolve- 517 espécies de anfíbios;
ram as grandes cidades da região Norte. 468 espécies de répteis.
Além de abrigar a maior biodiversidade do planeta
e de ser centro de conservação da cultura indígena bra- * Dados estimados disponibilizados pelo Ministério
sileira, a floresta desempenha papel fundamental nos do Meio Ambiente, que se referem ao número de
ciclos regionais e mundiais do carbono. Hoje, sabe-se espécies catalogadas.
que a Amazônia não é o “pulmão do mundo”, pois con-

Guia de Animais Brasileiros - 11


A m a z ^o n i a
Os chamados rios de água branca, como o Solimões tados do Pará, do Mato Grosso e de Rondônia.
e o Madeira, apresentam águas turvas, ricas em partícu- Contudo, a extração e a ocupação desordenadas
las suspensas e com visibilidade de até 15 cm, enquanto vêm trazendo sérias consequências à floresta, que sofreu
os de água preta, como o Negro e alguns lagos, têm essa degradação de aproximadamente 17% da sua área, to-
coloração por cobrir solos ricos em matéria orgânica. talizando 680 mil km² desmatados, conforme os dados
Já os de água clara são transparentes e pobres em nu- do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
trientes, espalhando-se por toda a Amazônia. Os rios
de água branca apresentam maior número de peixes DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
que os pretos, considerados “rios de forme”. As regiões A maior parte dos programas de uso sustentável dos
onde essas águas se misturam, como a cidade de Ma- recursos amazônicos é desenvolvida por ONGs em par-
naus, costumam ser bastante férteis. ceria com órgãos públicos e com as populações locais,
que dominam técnicas de uso consciente dos recursos
VEGETAÇÃO AMAZÔNICA naturais. As unidades de conservação brasileiras corres-
A vegetação banhada por rios de água branca é pondem a 12% da Amazônia Legal, sendo divididas
conhecida como floresta de várzea, enquanto a banha- em unidades de proteção restrita, que englobam os
da por águas pretas é chamada de floresta de igapós. parques e as reservas biológicas, além das unidades de
Ambas apresentam características semelhantes, como uso sustentável, abrangendo reservas extrativistas e de
árvores de até 40 m de altura, além de permanecer ala- desenvolvimento sustentável.
gadas cerca de seis meses por ano. Contudo, a floresta De acordo com a diretora Cláudia Ramos, “é im-
de várzea é mais rica em espécies animais e vegetais do portante ressaltar que, embora parques e reservas na
que a de igapós, devido à fertilidade das águas brancas. Amazônia tenham importância indiscutível, eles re-
As terras mais altas da Amazônia são cobertas por presentam apenas mais um elo na estratégia de uso e
florestas de terra firme, que também se associam a ou- conservação de recursos naturais. Nessa equação, o or-
tros tipos de formações, como campos e cerrados. O in- denamento territorial e o uso da terra fora de Unidades
terior dessas regiões é bastante úmido e escuro, devido de Conservação também são essenciais para o sucesso
à estrutura da mata: fechada e com árvores de até 60 m, da conservação da cobertura florestal amazônica e dos
que dificultam a entrada de luz. seus serviços ecológicos”.
Por serem as áreas mais ricas e produtivas, é nas
várzeas que se encontram as maiores concentrações
A AMAZÔNIA LEGAL É BRASILEIRA
indígenas e os grandes projetos agropecuários. Devi-
Pode parecer, mas a frase acima não é brincadeira.
do ao crescimento urbano desordenado, combinado
O termo Amazônia Legal consiste na Amazônia Bra-
à poluição e a atividades extrativistas, algumas espé-
sileira, ou seja, na área formada pelos Estados nacio-
cies da várzea já entraram na lista da fauna e da flora
nais que pertencem à Bacia Amazônica: Acre, Amapá,
ameaçadas de extinção, entre elas o boto, o peixe-boi,
Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato
a tartaruga-verdadeira e o pirarucu, o maior peixe de
Grosso e oeste do Maranhão. Isso corresponde a nada
água doce do mundo.
menos que 61% do território do País.
Há também as áreas de transição em virtude da
O nome surgiu de uma iniciativa do governo fe-
menor quantidade de chuvas e natureza do solo, como
deral, que buscava planejar o desenvolvimento socioe-
campos sem árvores, chamados de campinas, e os in-
conômico dessas regiões. Em 1953, com a Lei 1.806,
termediários, conhecidos como campinaranas, como as
caatingas do rio Negro, que contêm grandes árvores. nasceu a “Amazônia Legal”. Tal designação foi fruto de
É nas matas alagadas que estão as árvores de maior um conceito mais político do que geográfico, unindo
utilidade econômica, inclusive as madeiras de lei. Espé- em um mesmo conjunto regiões com problemas eco-
Fotos: divulgação Sedtur

cies como seringueira, andiroba e buriti originam bor- nômicos, políticos e sociais semelhantes, mas com ca-
rachas, óleos e fibras de considerável valor econômico. racterísticas naturais independentes.
De acordo com a ONG WWF, a Amazônia é a princi- Apesar de ter 80% de suas terras no Brasil, a Flores-
pal fonte de madeiras nativas do Brasil, contribuindo ta Amazônica vai além das fronteiras verde-amarelas,
com até 20% do Produto Interno Bruto (PIB) dos Es- estendendo-se por países como Bolívia, Colômbia,

12 - Guia de Animais Brasileiros


Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname Algumas ONGs, como a TNC (The Nature Con-
e Venezuela. servancy), ajudam os índios a proteger seus territórios
por meio de apoio institucional na extensão de polí-
POVOS DA AMAZÔNIA ticas públicas e na representação indígena da Amazô-
A densidade demográfica dos Estados da Amazô- nia. “Partimos do princípio de que a conservação da
nia Legal é baixa: em média, dois habitantes por qui- floresta, a longo prazo, depende do uso que os índios
lômetro quadrado. Mas é lá que vive mais da metade fazem do território. Por isso, nossos projetos buscam
da população indígena brasileira: são quase 300 mil criar mecanismos para fortalecer sistemas de uso sus-
pessoas de 180 etnias. tentável das populações indígenas, que têm 22% da
Existem alguns grupos que até hoje conseguem se Amazônia”, afirma Marcio Sztutman, coordenador do
Programa da TNC de Apoio à Conservação em Áreas
manter distantes do contato com o homem branco,
Indígenas da Amazônia.
chamados de “isolados”. Eles se encontram nas cabe-
De acordo com Márcio, há uma interdependência
ceiras de rios do norte do Mato Grosso e do noroeste
entre a alta biodiversidade ambiental e a sobrevivência
do Pará devido a constantes fugas, enquanto outros
das comunidades indígenas, que fizeram uso sustentá-
tiveram uma aproximação crescente das sociedades,
vel dos recursos naturais das áreas habitadas. Márcio
inserindo-se nas esferas culturais, sociais, econômicas
mostra que “as áreas habitadas por indígenas são as
e até políticas.
mais conservadas”.
O grande desafio é preservar essa riqueza cultural. Mas os índios não são os únicos prejudicados com
Manter viva a tradição dos povos indígenas é incen- a falta de uma política sustentável na Amazônia. Toda
tivar o desenvolvimento sustentável da floresta, pois a população sofre com a deficiência de infra-estrutura
são eles que detêm o conhecimento de técnicas extra- e serviços públicos. Isso se agrega às ameaças crescentes
tivistas que conservam o meio ambiente, e de outras ao equilíbrio ambiental, como desmatamento, queima-
tradições regionais. das e construção de grandes obras.

Guia de Animais Brasileiros - 13


A m a z ^o n i a

Guia do turista
VACINAS: as vacinas de febre amarela e tétano são indicadas para todos aqueles que viajam
não só pela Amazônia, mas por todo o Brasil. São válidas por dez anos, e devem ser tomadas no
máximo em até dez dias antes da viagem, mas o aconselhável é estar imunizado um mês antes da
chegada no País. Caso utilize medicamentos de uso contínuo, traga-os, pois pode não encon-
trá-los nas farmácias locais. Por precaução, um antialérgico é recomendado para os alérgicos a
picadas de insetos.
INFORMAÇÕES: Núcleo de Medicina do Viajante, http://www.emilioribas.sp.gov.br/pa-
cientes-e-acompanhantes/medicina-do-viajante/, E-mail: agendamento@emilioribas.sp.gov.
br ; Ambulatório dos Viajantes, Tel.: (11) 2661-6392.
O QUE LEVAR: roupas leves e confortáveis, como bermudas, camisetas e calças de ginás-
tica, além de trajes de banho. Repelente, protetor solar e um tênis ou algum calçado para
caminhadas são indispensáveis. Entre os acessórios, não esqueça os óculos de sol e o chapéu.
Devido ao clima quente e úmido, leve uma capa de chuva leve. Para quem gosta de apreciar
os pássaros, a dica é adquirir um binóculo. Canivetes e facas são desaconselháveis.
FUSO HORÁRIO: a capital do Estado do Amazonas, Manaus, está uma hora abaixo do
horário de Brasília, e quatro do Meridiano de Greenwich (GMT).
ALIMENTAÇÃO: em Manaus, é possível comer
em bons restaurantes e provar a culinária re-
gional. No interior, procure sempre os locais
mais movimentados. Para evitar problemas
como infecção intestinal e diarréia, beba
bastante água mineral e líquidos durante
a viagem, mas fique atento para a higiene
em bares e restaurantes onde for consu-
mir sucos naturais.
CLIMA: a temperatura no Amazonas varia
de 26° C a 30° C, mas a umidade faz que
a sensação térmica seja muito maior. O
inverno (dezembro a junho) é marcado
pelas chuvas, enquanto o verão (julho
a novembro) é a estação da seca,
que, apesar do nome, também é
marcada pelas chuvas. A cheia do
rio Negro tem seu ponto má-
ximo em meados de junho, e
a maior vazante acontece no
mês de setembro.
Fotos: divulgação Sedtur

14 - Guia de Animais Brasileiros GGuia


Gu
uia
ia de
de Animais
AAnniim
maaiis Brasileiros
Bras
Br asiillei
eirroos - 14
14
Criação de animais silvestres ~
bichos de estimaçaO

Se você deseja ter em


Criação de casa um desses animais,

animais é importante que conhe-


ça os prós e os contras
antes de adquiri-los para

silvestres não se arrepender depois


nem maltratar os bichos
Por Gabriela Megale
Greenpeace/Novis

Guia de Animais Brasileiros - 15


~
Bichos de estimaçao
Pode não parecer, mas os cães nem sempre foram que fuja dos convencionais gatos e cachorros, o pro-
os melhores amigos do homem. Para se tornar dó- cesso é simples. Basta comprar o bicho com nota fiscal
ceis como hoje são, eles foram submetidos a um lon- e identificação pessoal de criadouros e vendedores re-
go processo de domesticação que, de acordo com os gistrados no Ibama, pois é este o documento que pro-
arqueólogos, aconteceu há aproximadamente 12 mil vará a origem legal do filhote, conforme mencionado.
anos. Essa relação de cumplicidade entre duas espécies O analista ambiental do Ibama Octávio Valente
tão distintas foi resultado de uma associação vantajosa alerta para o perigo de adquirir animais em estradas,
para ambas, prolongando seu tempo de vida e garan- depósitos, feiras livres, ou por meio de encomendas
tindo-lhes mais segurança. O processo evolutivo que suspeitas: “Além de ser considerado crime, o comércio
se deu com cães, gatos e cavalos não deve servir como ilegal incentiva a captura de animais na natureza sem
exemplo para as demais espécies, que prezam a liber- qualquer preocupação com seu bem-estar e com a pre-
dade acima de tudo. Mas quem não se contenta com servação dos ecossistemas”, explica. Caso a intenção
os dóceis amigos do homem pode encontrar alter- seja reproduzir a espécie, é necessário ter o registro e o
nativas regulamentadas pelo Ibama, criando espécies licenciamento adequados ao estabelecimento. Tais do-
silvestres sem prejudicar o meio ambiente. O primei- cumentos são retirados junto ao Ibama, que autoriza
ro passo é se informar bem sobre o animal que será dois tipos de criadouros: os comerciais, que, como o
adquirido. É importante saber algumas peculiaridades nome indica, vendem espécies lá nascidas, e os conser-
da espécie, como a expectativa de vida, o tamanho vacionistas, que não envolvem comércio, e só efetuam
atingido na fase adulta, o peso médio, a alimentação, transferências de animais com aprovação do órgão.
o hábitat natural, entre outras características. Essas in- O zootecnista Renato Costa, proprietário do pri-
formações são importantes não só para a prevenção meiro criadouro comercial de São Paulo, em socie-
de riscos decorrentes de ter um animal silvestre em dade com a veterinária Sílvia Gonçalves, dá a dica
casa, mas também para saber o tempo e o dinheiro para quem pensa em abrir um criadouro comercial:
que serão despendidos para atender adequadamente “O primeiro passo é contratar um profissional com
às necessidades do bicho. experiência em animais silvestres que possa orientar o
Para quem pensa em ter um papagaio, por exem- futuro proprietário sobre as vantagens e desvantagens
plo, o zootecnista e criador comercial Ricardo Costa da criação comercial”.
diz ser importante saber que este é um animal carente Há, também, os criadores amadoristas de passeri-
de atenção, além de viver facilmente mais de 50 anos. formes silvestres, que estão cadastrados no SISPASS
Aves como as jandaias são apontadas pelo criador como (Sistema de Cadastro de Criadores de Passeriformes)
excessivamente barulhentas, podendo se transformar e que transferem espécies entre si. Para mais informa-
em um problema para moradores de apartamentos. ções, acesse: http://www.ibama.gov.br/servicosonline/in-
Depois de uma pesquisa detalhada, pense sobre o as- dex.php/licencas/criacao-de-passaros-silvestres-sispass
sunto, pois há muitas pessoas que adquirem filhotes e Quem quiser saber quais são os criadouros comer-
decidem abandoná-los quando começam a dar muito ciais licenciados deve acessar o link www.ibama.gov.
trabalho e despesas. Os proprietários de animais silves- br/fauna/criadouros/comerciais.pdf. Além da lista de
tres não podem simplesmente soltá-los nas ruas, já que estabelecimentos acompanhada de telefone e endere-
há um procedimento legal orientado pelo Ibama. ço, há informações adicionais, como espécies disponí-
Por falar em legalidade, fique atento para a origem veis e nome do proprietário. Mesmo que o comercian-
do animal. É imprescindível que ele tenha sido adqui- te faça parte da lista, não deixe de exigir a nota fiscal,
rido de um criadouro ou vendedor com permissão do pois ela é a garantia de que você está dentro da lei.
Ibama para exercer atividades comerciais. Por isso, exi-
ja a nota fiscal com os nomes popular e científico da DENTRO DA LEI
espécie, acompanhada de sua marcação pessoal (anilha Em alguns casos, o Ibama deixa o animal aos cui-
ou microchip). dados do chamado “fiel depositário”, como permite a
resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio
ONDE COMPRAR Ambiente), publicada em dezembro de 2006. Segun-
Se o objetivo é apenas ter um animal de estimação do ela, animais silvestres apreendidos pelo Ibama e

16 - Guia de Animais Brasileiros


~
bichos de estimaçaO
que não podem ser libertados em seu hábitat natural porque não é apenas o indivíduo retirado que fará
nem levados imediatamente para jardins zoológicos, falta ao ambiente, mas também os descendentes que
fundações ambientalistas ou criadouros registrados ele deixará de ter.
poderão ser confiados a terceiros, denominados “fiéis Outro fator é que todas as espécies funcionam
depositários”. como elos de uma corrente, a chamada cadeia alimen-
Mas o procedimento não é tão simples quanto tar, na qual animais comem e são comidos por outros,
parece, já que a decisão de deixar o animal silvestre além de se alimentarem de plantas, realizando ativi-
em áreas domésticas é a última alternativa. Segundo dades como polinização e dispersão de suas sementes,
o analista ambiental Octávio Valente, a resolução imprescindíveis para o meio ambiente.
estabelece exigências a ser cumpridas pelos candi- O Ibama estima que aproximadamente 12 milhões
datos a fiel depositário e determina que, futuramen- de animais silvestres sejam retirados anualmente de
te, deverá ser criado um cadastro para identificar nossas matas. As estimativas se baseiam, basicamente,
e habilitar pessoas físicas interessadas no depósito nas apreensões e denúncias, que representam uma pe-
doméstico provisório”. quena parcela frente ao número traficado.
O ambientalista esclarece que a nova medida do O esquema ilegal envolve uma ampla rede de pes-
Conama não pretende regulamentar a situação das soas pobres e ignorantes, que capturam animais em
pessoas que já mantêm animais silvestres de forma troca de pouco dinheiro, repassando-os a coleciona-
irregular. Se este é seu caso, o melhor é procurar o dores milionários, capazes de pagar grandes quantias
Ibama do seu Estado e esclarecer a situação. por raridades. O transporte é realizado por atravessa-
dores por meio de caminhões que chegam a levar 3
RISCOS PARA O DONO mil bichos de uma só vez. As condições de captura e
Todo animal, seja ele silvestre ou não, oferece ris- condução são as mais precárias possíveis, culminan-
cos para o dono. Porém, o mais grave são as zoonoses, do na morte de grande parte deles. Por essas razões,
que consistem em infecções e doenças adquiridas pelo Octávio Valente recomenda, às pessoas que decidirem
homem por meio do contato com os bichos. Além por animais silvestres, “não os adquirir de criadouros
disso, eles são seres irracionais, ou seja, agem por ins- ilegais ou do comércio clandestino”, ajudando na ma-
tinto, podendo tomar atitudes defensivas capazes de nutenção da prática legal de aquisição desses bichos.
machucar, como morder, arranhar ou picar.
Por isso, a melhor maneira de evitar problemas
é respeitar o seu amigo e o espaço que ele ocupa.
Também é importante que o animal esteja sob a su-
pervisão de um médico-veterinário capaz de cons-
cientizar as pessoas sobre a existência dos riscos físi-
cos, assim como suas vias de transmissão e contágio.

TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES


De acordo com o Ibama, o tráfico tem como prin-
cipal objetivo abastecer o mercado consumidor que
adquire animais para deleite próprio ou para o comér-
cio de matérias-primas, como couro, peles e penas.
Contudo, os donos de espécies silvestres devem estar
cientes quanto a dois aspectos: o animal preferia estar
livre, e o comprador contribui para que outros bichos
sejam capturados, torturados e mortos pelo tráfico.
O analista ambiental Octávio Valente alerta que,
além de a caça colaborar para a extinção da espécie,
ela altera o equilíbrio dos ecossistemas, ajudando
na destruição dos hábitats naturais. Isto acontece

Guia de Animais Brasileiros - 17


Espécies

Diversidade
ANIMAL
Répteis, mamíferos, aves e
peixes: conheça as principais
características e os hábitos de 62
representantes da fauna brasileira

18 - Guia de Animais Brasileiros


r e´ p t e i S

Caiman crocodilus yacare


Répteis Reprodução: constrói ninho com folhas e fragmentos de plantas, nas bordas
de capões do cerradão e das matas, ou sobre tapetes de vegetações flutuantes.
Nome popular da espécie: Jacaré-do-
Desova de 20 a 30 ovos em uma câmara no interior do ninho. O período de
-Pantanal – PANTANAL
nidificação coincide com as enchentes (janeiro a março)
Ordem: Crocodylia
Alimentação: peixes e outros vertebrados aquáticos, além de invertebrados,
Família: Crocodilidae Alligatoridae
como caranguejos, caramujos e insetos
Hábitats: Norte da Argentina,
Características gerais: tem escamas osteodérmicas bem-desenvolvidas e flan-
Centro-Sul do Brasil, Sul da Bolívia
cos menos ossificados. No pantanal, é chamado de jacaré-de-piranha, devi-
e Paraguai
do à exposição visível de seus dentes, uma característica não muito comum
Tamanho médio: até 3 metros
entre os aligatorídeos. Os dentes da mandíbula podem se projetar para cima,
ultrapassando a maxila superior. É encontrado em vários Hábitats, associa-
dos à vegetação flutuante, como pântanos, áreas alagadas, rios e lagos
Adriana Barbosa

Guia de Animais Brasileiros - 19


R e´ p t e i s

Boa constrictor Linnaeus, 1758

Reprodução: vivípara, produz de 8 a 49 filhotes por ninhada, após


gestação de 127 a 249 dias
Nome popular da espécie: Jiboia Longevidade: aproximadamente 20 anos
– PANTANAL Alimentação: carnívora. Alimenta-se de aves, mamíferos pequenos e
Ordem: Squamata lagartos grandes
Família: Boidae Características gerais: não é um animal peçonhento. Ataca sua ví-
Hábitats: copas das árvores de florestas tima silenciosamente, enroscando-se no pescoço dela e contraindo
da América Central e do Sul. No Brasil, seu corpo até que ela não consiga respirar. Depois, engole-a tragan-
encontra-se em restinga, mangue, cerrado, do primeiro a cabeça, caindo num torpor que pode durar semanas.
caatinga, e em locais como a Floresta Ama- Despende pouca energia e pode ficar muito tempo sem comer. Passa
zônica e a mata atlântica a maior parte do tempo nas árvores. Quando ameaçada, foge lenta-
Tamanho médio: 4,5 m de comprimento mente, ou pode assustar o inimigo silvando alto. A jiboia tem cor
parda com manchas arredondadas e escuras no dorso e nos flancos.
É um animal de hábitos noturnos (característica verificável por suas
pupilas verticais), apesar de também exercer atividades durante o dia
José Roberto Martins

20 - Guia de Animais Brasileiros


r e´ p t e i S

Kinosternon scorpioides Linnaeus, 1766

Peso médio: 0,5 kg


Reprodução: o acasalamento ocorre durante todo o ano, e a deso-
Nome popular da espécie: Muçuã va acontece de quatro em quatro meses. Cada fêmea põe de um a
– AMAZÔNIA sete ovos, e o período de incubação varia de quatro a cinco meses
Ordem: Cryptodira Longevidade: aproximadamente 15 anos
Família: Kinosternidae Alimentação: onívora (peixes, girinos, anfíbios, insetos e algas)
Hábitats: lodo do fundo de rios e lagos do Características gerais: conhecido como tartaruga do lodo ou
Panamá até o norte da América do Sul. almiscarada. Quando atacado, exala uma substância de odor
No Brasil, é encontrado nas caatingas do intenso, chamada almíscar, que é secretada por glândulas locali-
Nordeste, nos Lençóis Maranhenses e zadas nas patas posteriores do muçuã. Considerado um animal
na região Amazônica de pequeno porte, raramente atinge mais de 27 cm de compri-
Tamanho médio: 15 cm mento, e é caracterizado por sua cabeça grande em relação ao
resto do corpo, e pelo maxilar forte. Apresenta coloração mar-
rom-escura com manchas vermelhas, e uma carapaça oval com
quilhas dorsais no sentido longitudinal. Os machos têm cauda
comprida, enquanto as das fêmeas são curtas
Gloria Jafet Zoo SP

Guia de Animais Brasileiros - 21


R e´ p t e i s

Hydrodinastes gigas Duméril, 1853


Reprodução: pode pôr até 36 ovos. Os filhotes nascem com aproxima-
damente 20 cm de comprimento e 40 g, e não podem ser mantidos em
grupo, pois um tende a atacar o outro
Longevidade: cerca de 20 anos
Nome popular da espécie: Suru- Alimentação: carnívora
cucu-do-Pantanal/ Boipevaçu – Características: apresenta um colorido castanho-amarelado, com man-
PANTANAL e AMAZÔNIA chas pretas pelo corpo e uma faixa negra atrás dos olhos. Quando ame-
Ordem: Squamata açada, comporta-se com agressividade, achatando a região do pescoço,
Família: Colubridae desferindo botes que parecem ameaçadores, mas não é peçonhenta. As
Hábitats: floresta e campos surucucus são consideradas semi-aquáticas, mas vivem próximas a cor-
Tamanho médio: até 2,5 m pos d’água, onde frequentemente são encontradas. Durante a caça, usam
de comprimento uma tática curiosa: com a ponta da cauda, cutucam rãs escondidas na
água, induzindo-as a saltos para capturá-las e engoli-las. Outra carac-
terística da espécie é o dente diferenciado na parte superior da boca,
utilizado para furar os pulmões dos anfíbios. Agressiva, morde com fa-
cilidade, mas não é peçonhenta. É erroneamente chamada de jararacu-
çu-do-pantanal e de surucucu, ambos os nomes atribuídos a serpentes
venenosas. A mais apropriada é a denominação indígena “boipevaçu”,
que significa cobra grande

Giuseppe Puorto Instituto Butantã

22 - Guia de Animais Brasileiros


r e´ p t e i S

Podocnemis expansa Schweigger, 1812


Peso médio: até 60 kg
Reprodução: o período de nidificação varia conforme a localidade,
Nome popular: Tartaruga-da-Amazônia –
ocorrendo no Brasil entre os meses de setembro e dezembro. A de-
AMAZÔNIA
sova acontece na maioria das vezes à noite, quando são colocados
Ordem: Pleurodira
cerca de cem ovos por cada fêmea. A incubação demora 60 dias
Família: Podocnemidae
Longevidade: aproximadamente cem anos
Hábitats: aparece em rios da Colômbia, da
Alimentação: onívora (vegetais e peixes)
Venezuela, da Guiana, do Leste do Equador,
Características gerais: espécie mais conhecida do gênero Podocnemis
do Nordeste do Peru e do Norte da Bolívia.
encontrada no Brasil, além de compor o maior quelônio de água-do-
No Brasil, ocupa águas da Bacia Amazônica
ce da América do Sul. Entre as peculiaridades da espécie, destacam-se
Tamanho médio: 80 cm de comprimento e
o casco achatado, a coloração gris-escura da carapaça e os barbelos
60 cm de largura
amarelados. Os machos são maiores que as fêmeas, ostentando uma
cauda mais longa. A espécie depende exclusivamente do ambiente
aquático para crescer, locomover-se e acasalar-se, só deixando a água
por algumas horas para se aquecer ao sol e para desovar
Adriana Barbosa

Guia de Animais Brasileiros - 23


R e´ p t e i s

Tupinambis merianae Duméril & Bibron

Reprodução: ovípara. Desova aproximadamente 30 ovos por


postura, que eclodem após dois ou três meses de incubação
Longevidade: aproximadamente 16 anos
Alimentação: onívora (ovos, frutos, carniça, folhas verdes, inse-
Nome popular: Lagarto-teiú – AMAZÔNIA
tos, pequenas aves, lagartos e roedores)
Ordem: Crocodilia
Características gerais: tem a cabeça comprida e pontiaguda,
Família: Teiidae
além de uma mandíbula forte, provida de pequenos dentes
Hábitatss: encontra-se em quase toda Amé-
pontiagudos, e de uma língua comprida e bífida. A cauda é
rica do Sul, tendo como hábitat principal os
longa e arredondada. A coloração geral é negra, com manchas
buracos cavados na terra, nas florestas, nos
amareladas ou brancas sobre a cabeça e os membros. Tem a
cerrados e nas caatingas
região gular e a face ventral brancas com manchas negras. Os
Tamanho médio: até 1,20 m, incluindo
filhotes são esverdeados, porém a coloração vai desaparecendo
60 cm de cauda
conforme o desenvolvimento dos animais. É um animal tími-
do, mas que se defende ao desferir chicotadas com a cauda
quando atacado

José Roberto Martins

24 - Guia de Animais Brasileiros


r e´ p t e i S

Eunectes murinus Linnaeus, 1758

Reprodução: vivípara, nascendo entre dez e 20 filhotes


Alimentação: carnívora (peixes, sapos, tartarugas, lagar-
Nome popular da espécie: Sucuri – AMAZÔNIA tos, serpentes, jacarés, aves, cutias, pacas, capivaras, quei-
Ordem: Squamata xadas, caititus, antas, veados e macacos).
Família: Boidae Características gerais: a sucuri não é venenosa, mas se
Hábitats: pântanos, rios e lagoas da América do Sul vale de uma notável força muscular e um rápido movi-
Tamanho médio: mede em geral de 5 a 7 m, podendo mento, capazes de paralisar a circulação sanguínea e tri-
atingir até 12 m turar os ossos de sua vítima. As duas metades do maxilar
Peso médio: geralmente de 30 a 90 kg, podendo chegar da cobra se movem independentemente, possibilitando
a 250 kg em casos raros que ela engula um animal quatro vezes maior que sua
cabeça. A coloração da sucuri revela variações de padrão,
mas, tipicamente, é marrom-esverdeada com uma dupla
série de grandes manchas pretas, que a deixam bastante
camuflada na vegetação aquática
Giuseppe Puorto Instituo Butantan

Guia de Animais Brasileiros - 25


R e´ p t e i s

Geochelone carbonaria Spix, 1824


Reprodução: a idade para reprodução se inicia por volta dos 6 anos.
A abertura da cloaca indica o início do período de acasalamento. As
fêmeas põem de 2 a 15 ovos, podendo realizar mais de uma postu-
ra por período de nidificação. A época de postura é muito variada,
podendo, em determinado ano, ocorrer entre os meses de agosto e
Pantanal
fevereiro e, no ano seguinte, entre junho e janeiro. O curioso é que
Nome popular da espécie: Jabuti-piranga –
tais animais incubam seus ovos por um período muito longo, que
AMAZÔNIA
varia até dez meses, com uma média de 150 dias
Ordem: Cryptodira
Longevidade: 80 anos
Família: Testudinidae
Alimentação: onívora (carne, frutas doces, verduras e legumes)
Hábitats: Panamá, Colômbia, Venezuela,
Características gerais: coloração negra com auréolas amarelas ou em
Guiana e Bolívia, até o Paraguai e a Argen-
laranja. Esses quelônios apresentam crescimento contínuo e vida lon-
tina. No Brasil, tem ocorrência registrada
ga. Têm os pés em forma de coluna, com dedos indistintos, garras
do médio ao baixo rio Amazonas e pontos
robustas e casco ovalado. O dimorfismo sexual, ou seja, as diferenças
das regiões Nordeste e Centro-Oeste
físicas que distinquem masculino e feminino, consiste no fato de os
Tamanho médio: 30 cm
machos geralmente apresentarem uma concavidade no plastrão que
Peso médio: 6 a 12 kg
se estende desde as placas humerais até as bordas posteriores das pla-
cas femorais, funcionando como um encaixe no momento da cópula.
Quando jovens, essa diferença não é acentuada, e a sexagem pode ser
realizada por uma análise da cauda, sendo maior nos machos. São
animais muito rústicos, utilizando, de preferência, o olfato para de-
tectar e diferenciar o alimento, e a visão para localizar a parceira

Adriana Barbosa

26 - Guia de Animais Brasileiros


aveS

Anodorhynchus hyacinthinus Latham, 1790


Aves Reprodução: na primavera, as araras, em geral, fazem ninhos no oco de árvores, onde
são postos os ovos (de um a dois). O choco começa com o primeiro ovo, e há um in-
Nome popular da espécie: Arara- tervalo de postura de dois a três dias. Dessa maneira, há sempre uma enorme diferença
-azul-grande – PANTANAL de tamanho entre os filhotes nos primeiros dias, decorrente da falta de sincronia de
Ordem: Psittaciforme nascimento. Depois de três meses, o filhote começa a voar. Em geral, cada ninho dá
Família: Psittacidae fruto a um filhote, em um bom ano reprodutivo. Considerando-se toda a região, o
Hábitats: matas ciliares e cerrado sucesso reprodutivo varia entre os anos, podendo chegar a um extremo de só 10% dos
das regiões Norte e Central ninhos produzirem filhotes em uma estação. A maior parte dos ninhos está ativa entre
do Brasil julho e dezembro. Os jovens saem deles com a plumagem semelhante à do adulto
Tamanho: 1 m de comprimento Longevidade: 30 a 40 anos
Peso: 1 a 2 kg Alimentação: sementes e frutos
Características gerais: é a maior ave da família das araras e dos papagaios, alcançando
1 metro de comprimento com a cauda. Tem um voo majestoso, sendo responsável
por uma das mais espetaculares visões do Pantanal. Alimenta-se quase exclusivamente
dos cocos das palmeiras, que guardam no seu interior uma massa branca. O bico da
arara é tão poderoso que corta o coco ao meio, chegando a ter a força equivalente a
uma tonelada. Os pés ajudam a manipular o alimento. Apesar do forte bico, a ara-
ra-azul se aproveita de ninhos antigos de pica-pau ou de locais com galhos podres,
menos resistentes à escavação. O casal aumenta o ninho a cada ano, produzindo uma
fina serragem de cobertura. Apesar do nome, a ararara-azul-grande ostenta uma certa
variação de cores, formada por bicos e pés negros, e uma pele nua amarelada ao redor
dos olhos. Para a reprodução, o casal afasta-se do bando, estabelecendo o ninho em
locais tradicionais. Nos bandos em voo, os casais se mantêm próximos
Eduardo Félix Justiniano

Guia de Animais Brasileiros - 27


Aves

Ara ararauna Linnaeus, 1758

Nome popular da espécie: Arara-ca-


nindé – AMAZÔNIA
Ordem: Psittaciforme
Família: Psittacidae
Hábitats: copas das árvores, beiras de
matas, várzeas de buritizais. Aparece
do Brasil à América Central
Tamanho médio: até 80 cm de
comprimento

Reprodução: constrói ninhos em pal-


meiras mortas, entrando pela parte
superior e escavando o interior da
árvore. Coloca até três ovos, embora
o normal seja a sobrevivência de um
filhote por ninho. Os jovens saem
com a mesma plumagem colorida dos
adultos, ostentando os contrastes de
azul-celeste e amarelo. A incubação
dura aproximadamente 28 dias
Longevidade: cerca de 60 anos
em cativeiro
Alimentação: frugívora. Aprecia os
cocos do bacuri e os frutos do comba-
ru, do jatobá, do mandovi e, sobretu-
do, do pequi
Características gerais: penas bran-
cas cortadas por uma série de linhas
de minúsculas penas negras cobrem
a face e as narinas da ave, que tem as
partes superiores azuis, e as inferio-
res, amarelas. O alto da cabeça é ver-
de, e a garganta, negra. O bico é me-
nor e mais proporcional que os das
outras araras. No adulto, os olhos são
quase brancos, mas, nos jovens, são
escuros. Desloca-se bastante, ocasio-
Manoel Carvalho

nalmente aparecendo em uma área


por algum tempo

28 - Guia de Animais Brasileiros


aveS

Aratinga guarouba Gmelin, 1788


Reprodução: estende-se de agosto a dezembro, e a incu-
bação é de 30 dias. O número de filhotes por ninho não
ultrapassa três. Atinge a maturidade com 2 anos
Nome popular da espécie: Ararajuba – Longevidade: aproximadamente 35 anos
AMAZÔNIA Alimentação: sementes e frutos. Os cocos do açaí são o ali-
Ordem: Psittaciforme mento predileto
Família: Psittacidae Características gerais: conhecida também como guaruba, é
Hábitats: florestas chuvosas da região uma das aves mais belas da família Psittacidae, com porte
tropical, no Norte do Brasil, especialmente similar ao de um papagaio, porém com cauda longa, penas
no Pará e no Maranhão de tamanho desigual e bico curvo, característico da família.
Tamanho médio: 34 cm de comprimento As cores da plumagem são amarelo-ouro e verde-bandeira,
conferindo-lhe o nome indígena guaruba, que significa pás-
saro amarelo em tupi, já que o verde aparece apenas nas asas
da ave. São aves silenciosas e muito sociáveis, até durante a
reprodução. Vivem em bandos de quatro a dez indivíduos
Eduardo Félix Justiniano

Guia de Animais Brasileiros - 29


Aves

Jabiru mycteria Lichtenstein, 1819

Reprodução: a fêmea coloca até três ovos durante o período reproduti-


vo, que vai de maio a novembro. O ninho, de galhos de arbustos secos,
Nome popular da espécie: Tuiuiú é construído no alto das árvores ou em troncos. Na época da incubação,
ou Jaburu – PANTANAL enquanto um parceiro choca os ovos, o outro fica de pé sobre a beirada
Ordem: Ciconiiforme do ninho em constante vigília. O casal permanece unido pelo menos
Família: Ciconiidae durante o ciclo reprodutivo, executando danças em dueto e batendo seus
Hábitats: beira de rios, brejos, longos bicos. Nessas ocasiões, a pele vermelha do papo fica mais ressalta-
lagoas, vazantes e pântanos do Sul da, devido ao aumento da irrigação sanguínea
do México até a Argentina, exceto a Alimentação: insetos, peixes, anfíbios, moluscos e crustáceos
parte ocidental dos Andes Características gerais: símbolo do Pantanal, o tuiuiú é a maior ave vo-
Tamanho médio: 1,60 m de altura adora da planície, sendo responsável pela formação de grandes ninhos
e 2,80 m de envergadura (medida de que se espalham pela região. Por ser uma cegonha, voa com pescoço
uma ponta à outra, de asas abertas) e pernas esticados. É uma ave de corpo robusto, bico grosso e afilado
na ponta, dotada de notável elasticidade. As penas são, na maioria das
vezes, de cor branca. Os filhotes saem do ninho aos 3 meses de idade,
acompanhando os pais nas primeiras semanas de vida. É uma ave que
realiza movimentos migratórios
Divulgação SESC Pantanal

30 - Guia de Animais Brasileiros


aveS

Polyborus plancus Miller, JF 1777


Nome popular da espécie: Caracará ou carancho – PANTANAL
Ordem: Ciconiforme
Família: Falconidae
Hábitats: regiões abertas como campos e cerrados do extremo sul norte-americano até a América do Sul
Tamanho médio: 50 a 60 cm de comprimento

Reprodução: utiliza ninhos de ou-


tras aves localizados em folhas de
palmeiras, ou constrói o seu com ga-
lhos secos. A fêmea bota dois ovos e
os choca por até 32 dias. O filhote
voa apenas no terceiro mês de vida
Alimentação: onívora. Sua dieta inclui
tanto animais vivos quanto mortos. Ali-
menta-se de insetos, lagartixas, cobras,
minhocas, lesmas e restos de animais
mortos. Saqueia ninhos de garças, co-
lhereiros e gaviões-carrapateiros
Características gerais: reúne-se a ou-
tros caracarás para matar uma presa
maior, já que é uma ave comedora de
carniça. Aparece em todos os ambien-
tes abertos do Pantanal, sobrevoando as
matas mais densas e pousando nas cla-
reiras. Busca seu alimento no solo, seja
no meio da vegetação, seja em praias de
rios. Sua pele inconfundível é nua ao
redor da narina, geralmente vermelha
ou carmim. No entanto, a coloração
da ave muda para amarelada em segun-
dos, devido à alteração da quantidade
de sangue que circula na pele, variável
de acordo com o estado emocional do
momento. O jovem se diferencia pelas
listras em preto-e-branco, que cobrem
o peito e a cabeça do adulto. O corpo
é cinza-escuro, quase negro. Durante
a noite ou nas horas mais quentes do
Eduardo Félix Justiniano

dia, o caracará costuma permanecer em


galhos altos, sob a copa de árvores isola-
das ou em matas ribeirinhas. Para avisar
os companheiros, emite um chamado
enquanto dobra o pescoço e mantém a
cabeça sobre as costas

Guia de Animais Brasileiros - 31


Aves

Paroaria capitata Orbigny & Lafresnaye, 1837

Reprodução: o período reprodutivo se estende de julho


a novembro
Alimentação: grãos e invertebrados
Características gerais: a principal característica da espé-
cie é o seu longo penacho vermelho com uma mancha
Nome popular da espécie: Cardeal – PANTANAL preta, sempre mantido ereto ou semi-ereto. O vermelho
Ordem: Passeriforme se estende por toda a cabeça, formando um babador que
Família: Fringillidae vai se estreitando até o alto do peito da ave, que é branca
Hábitats: brejos e matas ciliares da Bolívia ao oeste no restante das partes inferiores. Esse colar separa o cin-
do Estado do Mato Grosso, bem como no Paraguai za do resto do corpo. As aves jovens saem do ninho com
e na Argentina as cores apagadas e a cabeça parda (já com penacho),
Tamanho médio: 16,5 cm de comprimento mudando para vermelho ao longo do primeiro ano de
vida. Juvenis, quase adquirindo a plumagem adulta,
mesclam penas pardas na cabeça. Geralmente calado,
vive solitário ou em casais durante o período reprodu-
tivo. É o momento em que os machos cantam – em
especial, no clarear do dia. Canto flautado, com pios
altos intermediários

Divulgação Sedtur

32 - Guia de Animais Brasileiros


aveS

Platalea ajaja Lineu, 1758

Nome popular da espécie: Colhereiro – PANTANAL


Ordem: Ciconiiforme
Família: Threskiornithidae
Hábitats: mangue e alagados do Sul dos EUA à Argentina
Tamanho médio: 81 cm

Reprodução: o período reprodutivo se estende


de julho a outubro. A fêmea geralmente realiza
a postura de dois a três ovos, que são incuba-
dos por cerca de 22 dias. Após seis semanas,
o filhote começa a voar e, aos 3 anos de ida-
de, atinge a maturidade sexual, apresentando a
plumagem adulta. Os ninhos são construídos
com gravetos e talos secos de gramíneas
Longevidade: entre 10 e 15 anos
Alimentação: carnívora (peixes, insetos, cama-
rões, moluscos e crustáceos)
Características gerais: é uma das aves mais espe-
taculares do Pantanal, destacando-se pelas suas
cores vivas. As penas são amarelas, geralmente
recobertas pela cor rosa na região do ventre,
que também predomina nos filhotes e ani-
mais jovens. A coloração do colhereiro muda
ao longo dos primeiros cinco anos, à medida
que o pescoço e a cabeça da ave vão se tornan-
do carecas. Sua principal peculiaridade, como
seu próprio nome indica, é o bico, em forma-
to de colher e repleto de terminações nervosas
na ponta, capazes de detectar os movimentos
das presas na água. Para apanhar o alimento,
o animal mantém o bico semi-aberto e sub-
merso, ao mesmo tempo em que faz movimen-
tos em semicírculo com a cabeça. É por meio
dos pigmentos das presas, principalmente dos
crustáceos, que a ave adquire sua coloração. Na
época das cheias, ocorre a escassez de alimento,
e o colhereiro desaparece da planície pantanei-
Fábio Colombini

ra. Embora a maior população reprodutora da


espécie esteja no Pantanal e um grupamento
significativo tenha sido anilhado, ainda não se
sabe quais são os movimentos dessa ave

Guia de Animais Brasileiros - 33


Aves

Speotyto cunicularia Molina, 1782


Reprodução: entre março e abril, a coruja buraqueira faz seu ninho em
buracos no solo, aproveitando antigas tocas de tatu e de outros ani-
mais. A espécie bota de seis a 11 ovos, que ficam encubados por cerca
de 30 dias. Enquanto a fêmea bota os ovos, o macho providencia a
alimentação e a proteção para os futuros filhotes. Após o nascimento,
Nome popular da espécie: Coruja-bura- a cria fica sob os cuidados do macho, deixando o ninho com aproxi-
queira – PANTANAL madamente 40 dias de vida
Ordem: Strigiforme Alimentação: insetos e pequenos animais
Família: Strigidae Características gerais: é a mais conhecida das corujas, por ser facil-
Hábitats: cerrado, campos e restingas mente vista durante a luz do dia. Caracteriza-se por ter uma visão cem
que vão desde o Canadá até o extremo vezes mais penetrante que a do homem, além de uma ótima audição.
sul da América do Sul Sua cabeça é arredondada, e os olhos são amarelos, enquanto as penas
Tamanho médio: 21 a 27 cm de compri- da ave remetem a tons terrosos, predominando o vermelho. O nome
mento, com envergadura de 50 a 61 cm “buraqueira” vem dos locais onde se encontram os ninhos, verdadeiros
Peso médio: 170 g buracos abertos pelas próprias corujas ou por tatus. Quando se sentem
em perigo, emitem um som alto, forte e estridente, que funciona
como alarme. Os filhotes, ao escutar o alerta, entram no ninho,
enquanto os adultos seguem para pousos expostos e atacam a fonte
de perigo. Ao anoitecer, as atividades da ave se acentuam por ser não
só o momento da caça, mas também do acasalamento das corujas-bu-
raqueiras. Ocupam ambientes bastante alterados pelo homem, como
cidades e pistas de aeroportos

Eduardo Félix Justiniano

34 - Guia de Animais Brasileiros


aveS

Tyto alba Scopoli, 1769

Nome popular da espécie: Coruja-suindara


– PANTANAL
Ordem: Strigiformes
Família: Tytonidae
Hábitats: campos, cerrados e matas secas da
América do Sul
Tamanho médio: 36 cm
Peso médio: 570 g

Reprodução: as aves se reproduzem entre


julho e dezembro, botando até quatro ovos
por vez, que ficam de 30 a 40 dias incuba-
dos. Após 12 semanas no ninho, os jovens
pássaros voam para longe
Longevidade: 20 anos
Alimentação: vertebrados de pequeno porte,
como roedores, marsupiais, morcegos, além
de alguns anfíbios, répteis e aves
Características gerais: localiza suas presas
durante a caça, principalmente pela audição,
que é acentuada devido às penas da face e
do pescoço da ave, em forma de coração,
ajudando a levar o som à entrada do ouvido
externo. Graças a essa estrutura única, se
separa das demais corujas, enquadrando-se
numa família especial. Contudo, tem carac-
terísticas semelhantes às das demais corujas,
como a ingestão de alimentos inteiros, que
têm as partes digeríveis e não digeríveis
separadas no estômago. Quando perturbada,
Ricardo Maia

emite um sibilo rápido e agudo. À noite, é


fácil avistá-la pelo ventre e pela cara brancos,
que se destacam quando iluminados

Guia de Animais Brasileiros - 35


Aves

Struthioniforme

Reprodução: na época de acasalamento, o macho reúne um harém de cin-


co ou seis fêmeas e escolhe um território para fazer o seu ninho. Para atrair
Nome popular da espécie: Ema – as parceiras, abre as asas dançando e cantando. Quando o ninho está cheio
PANTANAL de ovos – cerca de uma dúzia –, o macho se afasta para que as fêmeas
Família: Rheidae possam chocá-los. Os filhotes saem dos ovos seis semanas depois, e são
Hábitats: campos e cerrados da cuidados pelo pai, tornando-se adultos após dois anos
América do Sul, principalmente do Alimentação: onívora (folhas, brotos, sementes, insetos)
Brasil e da Argentina Características gerais: é a maior ave do continente americano, e uma das
Tamanho médio: até 2 m de compri- mais antigas, com fósseis de 40 milhões de anos. Caracteriza-se por ser
mento, com envergadura de 1,50 m corredora e não voadora, embora tenha grandes asas, importantes para o
Peso médio: 34 kg equilíbrio do animal e para a mudança de direção durante a corrida. Vive
em grupo a maior parte do ano. Alimenta-se de pequenas pedras para au-
xiliar a moela a digerir os componentes mais duros de sua dieta. Embora
nade com facilidade, prefere as áreas mais secas do Pantanal para viver

Eduardo Félix Justiniano

36 - Guia de Animais Brasileiros


aveS

Ardea alba Linnaeus, 1758

Reprodução: na época da reprodução, aparecem no


dorso dos indivíduos de ambos os sexos as egretas, penas
delicadas que se eriçam durante a dança nupcial. No final
Nome popular da espécie: Garça-branca
do período reprodutivo, elas ficam bem desgastadas e são
– PANTANAL
substituídas por penas de cobertura normal
Ordem: Ciconiiforme
Alimentação: peixes, anfíbios, répteis e invertebrados
Família: Ardeidae
Características gerais: tem uma penugem de pó concen-
Hábitats: borda de lagos, rios e banha-
trada no peito e na região uropigiana. Essas penas cres-
dos de todo o Brasil
cem continuamente, até se desintegrarem, dando origem
Tamanho médio: 75 cm
a um pó azulado, que é espalhado com o bico por toda
a plumagem da ave, absorvendo suas impurezas. Com o
auxílio da unha, transformada em pente, a ave promove
a limpeza da plumagem. Voa com o pescoço encolhido e
as pernas estendidas
Divulgação Sedtur

Guia de Animais Brasileiros - 37


Aves

Nyctibius griseus Gmelin, 1789

Nome popular da espécie: Urutau – PANTANAL


Nome científico: Nyctibius griseus Gmelin, 1789
Ordem: Strigiforme
Família: Nyctibiidae
Hábitats: cerrado, orla da mata e campo
Tamanho médio: 37 cm de comprimento e uma enver-
gadura de 85 cm
Peso médio: 160 g e 190 g

Reprodução: no período reprodutivo (julho a novem-


bro), coloca um ovo sobre a ponta de um galho ou
tronco. O filhote nasce após 33 dias de encubação, e
logo adota a postura de proteção, quando deixado sozi-
nho. Voa cerca de 50 dias após o nascimento
Alimentação: invertebrados, especialmente os insetos
Características gerais: por ter plumagens de tons
cinza-claro e escuro intercalados a círculos sobre as asas
amarronzadas, o urutau acaba se camuflando entre as
árvores e os troncos com facilidade, tendo essa caracte-
rística como sua maior defesa. É um animal de hábitos
noturnos, que passa os dias na ponta de galhos secos.
Durante a noite, é mais fácil encontrá-lo, já que o
urutau emite cantos longos, compostos por cinco notas
descendentes, assobiadas, claras e espaçadas por interva-
los regulares. Tem duas pequenas janelas nas pálpebras
que lhe permitem observar os arredores, detectando
qualquer situação de perigo. Ao se sentir ameaçado,
estica lentamente o pescoço, dirigindo o bico para cima
e encostando a cauda no tronco de apoio, tornando-se
praticamente invisível no ambiente
Divulgação Sedtur

38 - Guia de Animais Brasileiros


aveS

Jacana jacana
Reprodução: os ovos ficam em estruturas formadas por talos de plantas
aquáticas flutuantes. São chocados durante 28 dias, sendo papel masculino
todo o trabalho de criação
Alimentação: insetos, moluscos, pequenos peixes, folhas e sementes
Nome popular da espécie: Jaçanã ou Características gerais: o cafezinho é uma das aves mais comuns dos brejos e
Cafezinho – PANTANAL margens de rios do Pantanal, tendo como características marcantes os pés,
Ordem: Charadriiforme enormes para seu tamanho, e os dedos, longos e finos com unhas muito
Família: Jacanidae compridas – algumas maiores que os próprios dedos. É graças a essas pecu-
Hábitats: ocorre em pequenos brejos liaridades que a ave consegue caminhar sobre as plantas aquáticas como se
de todo Brasil e da maior parte da estivesse no chão seco, dividindo o peso do corpo por toda a base. Ela vive
América tropical em casais ou em pequenos grupos, sendo a fêmea maior que o macho e a
Tamanho médio: 23 cm responsável pela formação dos haréns, enquanto os parceiros tomam conta
Peso médio: 159 gramas (fêmea) e dos ninhos. Embora seja relativamente sociável, em alguns locais e épocas
69 gramas (macho) do ano, o cafezinho precisa defender seu território contra aves da mes-
ma espécie, sendo as fêmeas particularmente agressivas. Nessas ocasiões,
ele voa diretamente para o intruso, emitindo um chamado peculiar, como
uma risada fina e longa. Para intimidar o invasor, mantem as asas abertas
e esticadas para o alto, destacando as penas longas e amarelas de suas asas.
Ocasionalmente, ocorre luta corporal
Divulgação Sedtur

Guia de Animais Brasileiros - 39


Aves

Ciconia maguari Gmelin 1789


Reprodução: entre janeiro e outubro, as aves, geralmente solitárias,
reúnem-se em ninhais que ficam na parte superior de árvores altas.
Cada ninhada, chocada e cuidada pelo casal, dá origem a três ou qua-
tro filhotes
Nome popular da espécie: Maguari – Alimentação: peixes, rãs e pererecas
AMAZÔNIA Características gerais: uma das suas peculiaridades são os voos, em
Ordem: Ciconiiforme linha reta e com lentas batidas ritmadas das asas. Costuma ficar pou-
Família: Ciconiidae sado nas margens dos rios, em meio à vegetação. Na época de repro-
Hábitats: grande parte da América do Sul, dução, a plumagem se diferencia pelo pequeno tufo de penas brancas
principalmente o Rio Grande do Sul, a que surge na base do pescoço, contrastando o branco do colo com o
Amazônia e o Nordeste dorso acinzentado e os lados escuros do ventre. A listra negra da parte
Tamanho médio: envergadura de 1,80 m inferior da ave também fica mais visível, bem como o negro do alto
da cabeça. Neste período, o azul ao redor dos olhos fica mais intenso,
assim como o amarelo do bico. Quando saem do ninhal, as aves têm a
mesma cor geral dos adultos, mas com menor contraste e sem a listra
negra do pescoço ou os lados negros do ventre

Eduardo Félix Justiniano

40 - Guia de Animais Brasileiros


aveS

Syrigma sibilatrix Temminck, 1824

Reprodução: faz ninhos sobre árvores e arbustos, ou em ilhas, bo-


tando ovos levemente manchados. Reproduz-se também em casais
isolados, sem formar colônias
Nome popular da espécie: Maria-faceira
Alimentação: insetos
– PANTANAL
Características gerais: tem a face azul-clara e o bico róseo. Anda
Ordem: Ciconiiformes
a passos largos e calculados, como se observasse um perigo ou
Família: Ardeidae
uma oportunidade. Os casais ficam juntos a maior parte do tem-
Hábitats: campos secos e lugares pouco
po, mantendo contato durante os voos por meio de um chamado
alagados
especial, melodioso e longo. No final da tarde, a maria-faceira pousa
Tamanho médio: 53 cm
em árvores altas para dormir. Na manhã seguinte, retorna ao local
de alimentação, onde permanece no solo a maior parte do tempo,
caçando os insetos em caminhadas lentas. Tem uma batida de asas
característica, de baixa amplitude e alta velocidade. O nome “faceira”
está ligado às cores espetaculares da cabeça. Quando jovem, a espécie
é esmaecida, mas se parece muito com os adultos
Fábio Colombini

Guia de Animais Brasileiros - 41


Aves

Crax fasciolata pinima Pelzeln, 1870

Nome popular da espécie: Mutum de bico amarelo – AMAZÔNIA


Ordem: Galliforme
Família: Cracidae
Hábitats: florestas, às margens dos rios. No Brasil, aparece no Para-
ná, no Norte do Maranhão, no Leste e no Sul de Goiás e no Oeste
de Minas Gerais. Na América, pode ser encontrado na Argentina, na
Bolívia, no Paraguai e no Panamá
Tamanho médio: 83 a 85 cm
Peso médio: macho: 2,8 Kg; fêmea: 2,7 Kg

Ricardo Maia

42 - Guia de Animais Brasileiros


aveS

Amazona amazonica Lineu, 1766


Nome popular da espécie: Papagaio-do-mangue – PANTANAL
Ordem: Psittaciforme
Família: Psittacidae
Hábitats: florestas e cerrados da Colômbia, da Venezuela, das
Guianas e do Brasil
Tamanho médio: 34 cm

Reprodução: de julho a novem-


bro, a ave bota até três ovos,
de onde saem os filhotes após
30 dias de incubação
Longevidade: aproximadamente
40 anos
Alimentação: frugívora e
granívora
Características gerais: é menor
que o papagaio-verdadeiro, tendo
o espelho e a marca da cauda
alaranjados, enquanto o bico é
amarelado na base e cinza no res-
tante. Tem a cabeça pequena em
relação ao corpo, ostentando a
cor amarela na garganta e em par-
te da cara. Uma faixa azul corta a
frente dos olhos e a testa. É uma
espécie restrita na planície panta-
neira. Em voos, o casal mantém
contato por meio de gritos longos
e elaborados
Eduardo Félix Justiniano

Guia de Animais Brasileiros - 43


Aves

Colaptes campestris Vieillot, 1818

Nome popular da espécie: Pica-pau-do-campo – PANTANAL


Ordem: Piciforme
Família: Picidae
Hábitats: campos e cerrados
Tamanho médio: 30 cm de comprimento

Reprodução: faz o ninho em troncos


ocos, cupinzeiros e buracos. A postura
é de três a quatro ovos, e macho e fê-
mea fazem a incubação. Ao nascer, os
filhotes são alimentados com insetos
regurgitados
Alimentação: insetos, principalmente
formigas e cupins. Libera uma secre-
ção da glândula mandibular similar
a uma cola, fazendo que a língua
funcione como uma vara de fisgo para
capturar os insetos
Características gerais: espécie grande,
terrícola, acostumada a se esconder
em árvores e pedras. É inconfundível
pela sua coloração amarela, que cobre
o peito anterior, os lados da cabeça e
o pescoço. O dorso e a barriga são es-
branquiçados, com faixas pretas trans-
versais. O macho se diferencia pela
faixa vermelha que ostenta nas laterais
da cabeça. O pica-pau-do-campo vive
em dupla ou em pequenos grupos
Eduardo Félix Justiniano

44 - Guia de Animais Brasileiros


aveS

Vanelus chilensis Molina, 1782


Nome popular da espécie: Quero-quero – PANTANAL
Ordem: Charadriiforme
Família: Charadriidae
Hábitats: campinas úmidas e espraiados dos rios e lagoas. Na América do Sul, é encontrado
na Argentina, e do Leste da Bolívia até a margem direita do baixo Amazonas
Tamanho médio: 33 cm
Peso médio: 300 gramas

Reprodução: não chega a construir um ninho, bo-


tando os ovos em folhas secas, geralmente de gra-
míneas, que são depositadas numa rasa depressão
no solo. Põe até quatro ovos, todos de coloração
pardo-amarelada com desenhos pretos, que se ca-
muflam com o substrato. A incubação é realizada
pela fêmea, demorando 28 dias. Quando nas-
cem os filhotes, é ela quem os alimenta. O ma-
cho é responsável pela defesa do ninho, realizando
voos rasantes sobre os intrusos que se aproximam
Alimentação: insetos e outros artrópodes capturados
no solo
Características gerais: muito agressivo, ataca outras
aves quando sente que seu território está ameaçado.
Tem um grito de alarme alto e contínuo, entendido
como “quero-quero” ou “téo-téo”, conforme a região
do País. Fora do período reprodutivo, quando o ma-
cho reúne duas fêmeas para botar os ovos, ele aceita
ocasionalmente a presença de outras aves da mesma
espécie no seu território, formando pequenos gru-
pos. Antes da nova estação reprodutiva, os filhotes
são afastados do território do trio. Se algo perturba a
ave chocando, ela se afasta do ninho, andando abai-
xada. A uma distância segura dos ovos, levanta voo
e dá o alarme, indo contra o invasor. A plumagem
adulta é marcada pela mescla de cores nas costas e
nas asas, enquanto os olhos são grandes e averme-
lhados. Na nuca, o penacho pontudo se destaca da
cabeça. Ao voar, o quero-quero mostra um contraste
de branco-e-preto nas asas. Quando excitado, faz
voos territoriais com lentas batidas de asas, seme-
Eduardo Félix Justiniano

lhantes às das borboletas. Ao pousar, o casal mantém


as asas entreabertas e viradas para trás, destacando o
esporão avermelhado

Guia de Animais Brasileiros - 45


Aves

Nycticorax nycticorax Linnaeus, 1758

Reprodução: em colônias formadas por ninhos construídos entre


1 e 7 metros de altura. Põe de dois a três ovos verde-azulados ou
branco-amarelados no período que se estende de maio a setembro,
Nome popular da espécie: Savacu – quando as águas começam a baixar
PANTANAL Alimentação: peixes e anfíbios
Ordem: Ciconiiforme Características gerais: crepuscular e noturna em sua alimentação, a
Família: Ardeidae ave é avistada durante o dia nas árvores e nos arbustos das margens
Hábitats: margens de rios, lagos e dos rios. Para se comunicar com membros do bando durante os
manguezais de todo o continente ame- voos, emite um som similar ao monossílabo “qua”. Reproduz-se
ricano, além de regiões da Europa associada a outras espécies, geralmente em colônias. Seus filhotes
Tamanho médio: 60 a 70 cm costumam ser muito agressivos, chegando a comer os próprios ir-
mãos. Os jovens iniciam os voos com uma plumagem parda e raja-
da, mais escura no dorso. Essa coloração se diferencia do cinza-claro
dominante no adulto, que, na idade reprodutiva, ostenta duas pe-
nas longas brancas sobressaindo da nuca

FAAS

46 - Guia de Animais Brasileiros


aveS

Ramphastos dicolorus Linnaeus, 1766


Nome popular da espécie: Tucano-de-bico-verde – AMAZÔNIA
Ordem: Piciforme
Família: Ramphastidae
Hábitats: áreas florestadas da América do Sul, que vão do litoral às
zonas montanhosas, incluindo as florestas de planalto
Tamanho médio: 47,5 cm
Peso médio: 500 g

Reprodução: constroem o ninho em


cavidades de árvores, sejam estas natu-
rais ou previamente escavadas por pica-
-paus. Apesar de ter aparência robusta,
o bico pode apenas alargar os buracos
já existentes, desde que a madeira não
seja muito dura. Durante o ritual de
corte e construção do ninho, é comum
observar o macho oferecendo alimento
à fêmea. No entanto, a fêmea também
pode alimentar o macho. Após aceitar o
alimento, o casal se coloca num mesmo
poleiro horizontal, a alguns metros do
solo. Quando o macho é aceito, ocor-
re a cópula, que dura poucos segundos.
Durante a incubação dos ovos, com
18 dias de duração, é a fêmea quem
permanece a maior parte do tempo no
ninho, sendo, em geral, alimentada pelo
parceiro. Cada ninho abriga de dois a
quatro ovos
Longevidade: aproximadamente
40 anos
Alimentação: frutos, artrópodes e pe-
quenos vertebrados
Características gerais: apesar da aparên-
cia robusta, o bico dos tucanos é extre-
mamente leve e sem condições anatô-
micas para cortar a comida ou escavar
madeiras duras. Quando se alimenta de
frutos, atua como dispersor de sementes,
já que as regurgita algum tempo depois
da ingestão, geralmente num local afas-
tado da planta de onde foram retiradas.
Se pequenas, as sementes fazem o per-
Manoel Carvalho

curso intestinal antes de ser defecadas

Guia de Animais Brasileiros - 47


Aves

Ramphastos toco Statius Muller, 1776


Reprodução: ocorre de julho a dezembro, e a fêmea bota até quatro ovos
em ninhos localizados no alto dos troncos das árvores. O casal se reveza
na tarefa de chocar os ovos, os quais eclodem entre 16 e 20 dias. Quando
nascem, a aparência dos filhotes é desproporcional, sendo o bico grande, e
Nome popular da espécie: Tucanu- o corpo, pequeno. Os olhos só abrem após três semanas, e os pais cuidam
çu – AMAZÔNIA e PANTANAL de seus filhotes até eles saírem dos ninhos, o que ocorre em seis semanas. A
Ordem: Piciforme coloração do bico só é definida meses após o nascimento
Família: Ramphastidae Longevidade: 20 anos
Hábitats: bordas das matas das Alimentação: onívora (frutas, insetos e artrópodes)
regiões norte e central da América do Características gerais: é o maior dos tucanos, caracterizado pelo seu bico
Sul. No Brasil, ele é encontrado no grande e alaranjado, com uma mancha negra na ponta. Apesar de parecer
Pantanal, no cerrado e na Amazônia pesado, o bico dos tucanos é formado por uma estrutura óssea areada, que
Tamanho médio: Até 66 cm com o lembra um favo de mel. Isso o torna mais leve, facilitando o voo. Apesar
bico de não ser maciço, é bastante resistente, destacando-se como a mais notá-
Peso médio: 540 g vel característica dos tucanos. É útil para apanhar frutos em locais difíceis,
intimidar outros animais, perfurar madeira, sondar a lama e impressionar
as fêmeas. O bico também é utilizado para jogar frutos uns nos outros,
durante o ritual de acasalamento. A plumagem da ave é negra, destoando
do papo branco e do crisso manchado de vermelho. Há, também, uma
área de pele nua laranja ao redor dos olhos, além das pálpebras azuis.
Tem os pés zigodáctilos, ou seja, dois dedos para a frente e dois para trás,
facilitando a aderência nos galhos. Vive em pares ou em bandos de duas
dezenas de aves, que voam em fila indiana. Ao dormir, vira a cabeça para
descansar o bico nas costas

Divulgação SESC Pantanal

48 - Guia de Animais Brasileiros


aveS

Ara chloroptera Gray, 1859


Reprodução: constrói ninhos em ocos de árvores ou utiliza ninhos
de arara-azul abandonados, chegando a disputá-los com elas em
épocas reprodutivas. Por ser uma ave de grande porte, busca árvores
Nome popular da espécie: Arara vermelha
com diâmetro largo, escavando o ninho a cada reprodução para
– PANTANAL
forrá-lo com serragem. Põe de dois a três ovos, que são chocados
Ordem: Psittaciforme
durante 28 dias. Com sorte, cada ninho gera um filhote por ano,
Família: Psittacidae
que fica até três meses no ovo antes de voar. Ao sair do ovo, a arara
Hábitats: matas e florestas que margeiam
vermelha já tem a mesma plumagem dos adultos, porém com cau-
os rios do Panamá ao Brasil, além de regi-
da menor e olho marrom, e não claro como na fase adulta
ões ribeirinhas do Paraguai e da Argentina
Alimentação: frutos, sementes, insetos e pequenos vertebrados
Tamanho médio: 90 cm de comprimento
Características gerais: é a bela plumagem da arara vermelha que lhe
Peso médio: 1,5 kg
confere tal nome, já que esta é a cor dominante em quase todo o
corpo da ave, exceto nas asas, cobertas por um azul-escuro e uma
faixa esverdeada. A face é branca com linhas vermelhas na frente dos
olhos. A arara vermelha costuma viver só ou em casais no pantanal,
formando bandos em outras regiões
Divulgação Sedtur

Guia de Animais Brasileiros - 49


M a m i´ f e r o s

Inia geoffrensis Blainville, 1817


Mamíferos
Reprodução: a estação de procriação se estende de ou-
tubro a novembro, e o nascimento dos filhotes acontece
oito meses depois, quando os níveis de água chegam ao
limite. Os jovens nascem com 80 cm
Alimentação: peixes, lulas e crustáceos
Nome popular da espécie: Boto – AMAZÔNIA Características gerais: normalmente, vive solitário ou
Ordem: Cetacea em pares, unindo-se para se alimentar e acasalar. São
Família: Platanistidae nadadores lentos, capazes de chegar, no máximo, a
Hábitats: rios de água doce do Peru, do Equador, 23 km/h. Têm hábitos diurnos, com o pico das atividades
da Bolívia, da Venezuela e da Colômbia. No Brasil, – como os mergulhos – que dura cerca de 40 segundos, e
aparece nos rios Amazonas, Negro e Orinoco os saltos vão até um metro de altura no amanhecer e no
Tamanho médio: 1,8 a 2,5 m entardecer. O corpo do boto é granuloso, composto por
Peso médio: 85 a160 kg nadadeiras dianteiras muito grandes. Na cabeça, se des-
taca um bico longo e estreito, além da saliência responsá-
vel pela emissão de ondas ultra-sônicas. Ao se chocarem
com corpos sólidos, estas ondas retornam aos animais
como ecos, localizando-os. Por habitarem águas turvas
e barrentas, a seleção natural permitiu que a visão dos
botos se reduzisse, resultando nos seus pequenos olhos.
As cores da espécie estão vinculadas à irrigação sanguínea
da pele, variando conforme a idade, a atividade e o local
em que o animal vive. Existem duas tonalidades: a cor-
-de-rosa e a branca. Quando nascem, são cinzentos

Fábio Colombini

50 - Guia de Animais Brasileiros


m a m i´ f e r o S

Speothos venaticus Lund, 1842


Reprodução: a gestação dura entre 65 e 80 dias, nascendo geralmente
três ou quatro filhotes, que desmamam com três meses de idade. As
fêmeas entram no cio duas vezes ao ano, mas o acasalamento pode não
ser periódico. Os filhotes nascem em cavernas cavadas pelos próprios
pais. Os recém-nascidos pesam de 130 a 190 gramas, apresentando uma
pelagem de coloração preto-acinzentada. Os machos ajudam na criação
Nome popular da espécie: Cachorro- dos filhotes, levando comida até a caverna. A maturidade sexual da fêmea
-do-mato-vinagre – AMAZÔNIA é alcançada no primeiro ano de vida
Ordem: Carnívora Longevidade: aproximadamente dez anos
Família: Canidae Alimentação: pequenos vertebrados, mas chegam a caçar até
Hábitats: florestas e campos da Ama- pacas e capivaras
zônia, do Pantanal e a mata atlântica. Características gerais: são os menores canídeos silvestres do Brasil. Sua
Aparecem desde a fronteira da Colôm- pelagem é de coloração marrom-ocre, chegando a ser quase preta na parte
bia com o Panamá até Santa Catarina de baixo do pescoço, no ventre, nas patas e na cauda. O dorso é coberto
Tamanho médio: 57 e 75 cm de com- por um marrom-amarelado. O cachorro possui orelhas pequenas, patas
primento, e 30 cm de altura curtas e dedos ligados por uma membrana. São os mais sociais canídeos
Peso médio: 5 a 8 kg do Brasil, podendo reunir-se em matilhas familiares e hierarquizadas.
Quando em bandos, emitem sons variados e agudos para se comunicar
no interior da mata. São ótimos cavadores, abrindo galerias no chão com
suas unhas. Abrigam-se em ocos de árvores e buracos de tatus. São caça-
dores e buscam o alimento em família
Divulgação Sedtur

Guia de Animais Brasileiros - 51


M a m i´ f e r o s

Hydrochoerus hydrochaeris Linnaeus, 1766

Reprodução: a fêmea dá duas crias por ano, gerando até


oito filhotes em cada uma. Durante o ato sexual, o macho
chega a cobrir as fêmeas quinze vezes seguidas, em menos
de cinco minutos. Embora a reprodução aconteça o ano
todo, há maior concentração de fêmeas prenhas nos pri-
meiros meses da estação chuvosa. As manadas com cerca de
30 animais são compostas por adultos e filhotes de ambos
Nome popular da espécie: Capivara –
os sexos. Entretanto, sempre existe um macho que domina
AMAZÔNIA E PANTANAL
a tropa e conquista as fêmeas. Os demais podem tornar-se
Ordem: Rodentia
submissos, chegando a ajudar na criação dos filhotes do
Família: Hydrochoeridae
líder. As fêmeas são dóceis, companheiras e ótimas mães.
Hábitats: florestas úmidas e secas,
São elas que constroem os ninhos com folhas secas, locali-
pastagens próximas à água (em toda a
zados em áreas isoladas e abrigadas. Dão de mamar de pé,
América latina)
com seus cinco pares de tetas. Nos grupos, amamentam fi-
Tamanho médio: 1 m de comprimento,
lhos de outras mães, que podem ser ou não parentes. Assim
50 cm de altura
que os filhotes nascem, a fêmea procura manter distância
Peso médio: 60 kg
dos machos, já que estes ficam agressivos com os recém-
-nascidos, podendo até matá-los. A amamentação vai até os
4 meses de idade. Durante este período, a cria segue a mãe
por toda parte, sempre em fila indiana
Longevidade: dez a 12 anos
Alimentação: herbívora
Características gerais: a capivara é o maior roedor do mun-
do, ostentando incisivos gigantescos que medem mais de 1
centímetro de largura. Estes dentes crescem sem parar e po-
dem medir até 7 centímetros se não forem desgastados. A
pelagem do animal é escassa e grosseira, de cor acastanhada,
com reflexos escuros e avermelhados. Tem quatro dedos nas
patas dianteiras e três nas traseiras, todos unidos por uma
membrana, o que faz dela uma ótima nadadora. Olhos, ore-
lhas e narinas são alinhados. Ao nadar, a capivara mantém
apenas essa parte da cabeça acima da água. Tem muito fôlego
e é capaz de ficar sem respirar por cinco minutos ou mais.
Vive em manadas e tem hábitos noturnos. A diferença sexual
é feita pelo calombo que o macho tem entre o focinho e a
testa, uma glândula de odor forte e característico que esfrega
nas fêmeas conquistadas, nos filhotes e nas árvores, marcan-
do seu território. Vive em manadas e tem hábitos noturnos.
De manhã, descansa à sombra, à tarde gosta de nadar, e, à
Manoel Carvalho

noite, sai em busca de alimento. O grupo anda sempre em


trilhas fixas, caminhando em fila, um com a cabeça sobre a
anca do outro. Parado, adota um postura incomum entre os
mamíferos, permanecendo sentado, como o cão

52 - Guia de Animais Brasileiros


m a m i´ f e r o S

Tayassu tajacu Linnaeus, 1758

Reprodução: reproduz-se durante todo ano. Os filhotes são precoces e


chegam a acompanhar a mãe no dia do nascimento. Os machos são sexu-
almente ativos a partir de 1 ano de idade, e as fêmeas, pouco antes disso
Nome popular da espécie: Cateto –
Longevidade: 15 anos
PANTANAL
Alimentação: onívora (frutos, lesmas, castanhas, raízes e invertebrados)
Ordem: Rodentia
Características gerais: formam bandos de cinco a 15 animais, sendo
Família: Tayassuidae
agressivos quando um membro é perseguido ou ferido. Os sexos andam
Hábitats: florestas tropicais e savanas
misturados, e não há determinação de quem é o chefe. Existe, ainda,
desde o Sul dos Estados Unidos até o
em todos os catetos, uma glândula característica próxima à cauda, que
Norte da Argentina
segrega uma substância oleaginosa, cujo odor tem papel fundamental
Peso médio: 30 kg
no reconhecimento individual e de território. Andam em fileiras sobre
atalhos e se dispersam na mata durante a alimentação. Ao se sentir ame-
açados, eriçam os pelos e emitem um forte odor. Os catetos podem ter
atividade durante o dia ou à noite, dependendo do tempo, da estação e
da disponibilidade de alimento
Eduardo Félix Justiniano

Guia de Animais Brasileiros - 53


M a m i´ f e r o s

Dasyprocta aguti Linnaeus, 1766

Reprodução: depois de um período de gestação de 120 dias, nasce um


(ou dois) filhotes. Os pequenos se refugiam num esconderijo cavado
por outro animal, e saem para a mãe alimentá-los. São monógamos
Longevidade: 18 anos
Nome popular da espécie: Cotia – Alimentação: herbívora (sementes, raízes e frutos)
AMAZÔNIA Características gerais: roedor de tamanho intermediário. As extre-
Ordem: Rodentia midades anteriores são bem mais curtas que as posteriores, os pés são
Família: Dasyproctidae compridos e compostos por cinco dedos, sendo três desenvolvidos,
Hábitats: florestas, cerrados e caatingas com unhas cortantes equivalentes a pequenos cascos. Tem patas longas
Tamanho médio: 40 a 60 cm de comprimento e finas, com uma cauda rudimentar, que costuma ficar escondida entre
Peso médio: entre 3 e 5,9 kg os pelos. A cabeça é estreita, com o focinho achatado, os olhos grandes
e as orelhas médias e largas. Sua pelagem é curta e áspera, de cor ver-
melho-amarelada. Costumam fazer uma coleta cuidadosa na época de
abundância para utilizar o que sobrar em períodos de escassez. Animal
de hábitos diurnos, cava galerias nas margens dos rios, no chão da
floresta e, principalmente, nas raízes das árvores. Corre com grande
rapidez entre a vegetação. Repousa sobre as patas traseiras e segura os
alimentos com as anteriores

Eduardo Félix Justiniano

54 - Guia de Animais Brasileiros


m a m i´ f e r o S

Didelphis marsupialis Linné, 1758

Reprodução: tem de dez a 156 filhotes por ninhada, que en-


tram na bolsa com 1 cm e ficam lá dentro cerca de 70 dias, onde
se desenvolvem
Nome popular da espécie: Gambá – Longevidade: dois a quatro anos
PANTANAL Alimentação: frutos silvestres, ovos e filhotes de pássaros
Ordem: Didelphimorphia Características gerais: o gambá é um marsupial do porte de um
Família: Didelphidae gato, com hábitos noturnos. Apesar dos movimentos lentos, trepa
Hábitats: florestas e campos (Canadá, em árvores com facilidade, usando a cauda preênsil para agarrar-
ao Norte da Argentina, no Brasil, no -se aos galhos. A cor da sua pelagem varia do branco (animais ve-
Paraguai, na Guiana e na Venezuela) lhos) ao negro (jovens), passando por todas as tonalidades de cinza.
Tamanho médio: 1 m de comprimen- Apresenta corpo maciço, pescoço grosso, focinho alongado e pon-
to, contando com a cauda tudo, membros curtos e cauda preênsil bastante grossa. O restante
do corpo é revestido por pequenas escamas. Quando perseguido,
o gambá se finge de morto ou expele um líquido fétido produzido
por glândulas axilares. Na fase do cio, a fêmea também exala esse
cheiro forte, facilmente reconhecível
Fábio Colombini

Guia de Animais Brasileiros - 55


M a m i´ f e r o s

Oncifelis geofroyi D’rrbigny


e Gervais, 1844 Eyra barbara Lineu, 1758

Nome popular da espécie: Gato-do-mato Nome popular da espécie: Irara – AMAZÔNIA


– AMAZÔNIA Ordem: Carnívora
Ordem: Carnívora Família: Mustelidae
Família: Felidae Hábitats: florestas e campos do Sul do México até a Argenti-
Hábitats: até o sul do continente americano, ocu- na
pando áreas com cobertura vegetal que variam do Tamanho médio: 65 cm de comprimento
porte arbustivo ao arbóreo Peso médio: 4 a 5 kg
Tamanho médio: 70 a 90 cm Reprodução: a gestação dura cerca de 70 dias, com nasci-
Peso médio: 3 a 6 kg mento de um a três filhotes
Reprodução: a gestação dura cerca de 70 dias, ge- Alimentação: carnívora. Porém, adora frutos e mel
rando dois a três filhotes. Atinge a maturidade sexual Características gerais: tem pelagem curta e espessa, de colora-
aos 14 meses ção escura em todo o corpo e castanho-clara ou acinzentada na
Alimentação: pássaros, lagartos, insetos e roedores cabeça e no pescoço. As orelhas são curtas e arredondadas, e o
pequenos corpo é alongado, levemente arqueado. As patas curtas contras-
Características gerais: é um felino de pequeno por- tam com a cauda comprida. As iraras são ativas de dia e à noite,
te e bastante ágil. A pelagem tem coloração que varia descansando apenas nas horas quentes do dia. São escaladoras
do tom cinza-claro ao ocre, e é recoberta por poucas muito ágeis devido às suas garras parcialmente retráteis, e as
manchas negras. O dorso e as patas são cobertos por articulações de suas pernas lhe permitem “virar as patas” para
pequenas listras negras, e a cauda é anelada. Por ser descer das árvores com a cabeça voltada para baixo. Vivem aos
um animal ainda não muito estudado, há informa- pares e costumam deixar marcas de cheiro nos galhos por onde
ções escassas a respeito de suas características sociais passam. Os filhotes nascem cegos, inteiramente cobertos de pe-
nugem negra. Tanto o nome científico Eira bárbara, quanto o
popular, irara, significam comedor de mel

Manoel Carvalho, na Toca da Raposa


Ricardo Maia

56 - Guia de Animais Brasileiros


m a m i´ f e r o S

Bradypus tridactylus Linnaeus, 1758


Nome popular da espécie: Bicho-pre-
guiça – AMAZÔNIA
Ordem: Xenarthra
Família: Bradypodidae
Hábitats: florestas tropicais da América
do Sul
Tamanho médio: 60 cm de compri-
mento, mais 8 cm de cauda
Peso médio: 8 kg

Reprodução: a gestação dura quase seis


meses. O recém-nascido tem cerca de
25 cm e 350 g. As fêmeas dos bichos-pre-
guiça carregam o filhote nas costas e no
ventre durante aproximadamente os nove
primeiros meses de vida. Nesse período,
a mãe protege o filhote, enquanto ele
se prepara para sobreviver sozinho no
ambiente da mata
Longevidade: 30 a 40 anos
Alimentação: herbívora. Come folhas
tenras e frutos
Características gerais: como o nome
indica, é um animal sossegado e lento,
além de inofensivo e de poucos amigos.
Dorme praticamente o dia todo nas
árvores pendurado nos galhos pelos pés,
de costas para o chão e com a cabeça pen-
dida sobre o peito, ficando nessa posição
durante horas, sem se mexer. As reações,
a digestão, e até a respiração, são lentas.
Vive em pequenos bandos e é um animal
de atividade noturna. Raramente desce
das árvores, e quase não se movimenta no
chão, embora saiba nadar muito bem. A
visão e a audição da preguiça são fracas,
fazendo que se oriente pelo olfato, seu
Eduardo Félix Justiniano

sentido mais aguçado. No tempo frio,


entra em letargia. O orvalho é sua única
bebida. É capaz de girar a cabeça de tal
forma que a cara pode ficar nas costas. Os
pés são dotados de três dedos, e as unhas
são grossas, compridas e curvadas

Guia de Animais Brasileiros - 57


M a m i´ f e r o s

Saimiri sciureus Linnaeus, 1758

Nome popular da espécie: Maca-


co-de-cheiro – AMAZÔNIA
Ordem: Primata
Família: Cebidae
Hábitats: topo das árvores das flo-
restas tropicais da América do Sul
Tamanho médio: 35 cm de compri-
mento, e 40 cm de cauda
Peso médio: 600 g

Alimentação: insetos, frutos e a seiva


das árvores
Características gerais: os macacos-
-de-cheiro são encontrados nas flores-
tas tropicais da Costa Rica até o chaco
paraguaio, aparecendo também nas
vertentes orientais dos Andes. Vivem
no topo das árvores altas, a 30 ou
40 m do chão, frequentemente em
bandos de centenas de indivíduos.
São esbeltos e ágeis. Raramente des-
cem para o chão
Eduardo Félix Justiniano

58 - Guia de Animais Brasileiros


m a m i´ f e r o S

Saguinus bicolor Spix, 1823

Nome popular da espécie: Macaco Sauim-de-Manaus –


AMAZÔNIA
Ordem: Primata
Família: Cebidae
Hábitats: alto das árvores (Floresta Amazônica)
Tamanho médio: 20 cm
Peso médio: 500 g

Reprodução: média de dois filhotes por parto, atingindo


a maturidade sexual aos 30 anos de idade. A gestação se
estende de 138 a 170 dias. A fêmea pode cruzar dois dias
após o parto, procriando a cada seis meses
Longevidade: 10 anos
Alimentação: répteis, insetos, pequenos mamíferos, aves,
lesmas, ovos, alguns vegetais e frutas
Características gerais: vive em grupos de dez indivídu-
os. É ágil, inteligente e muito apreciado como bicho de
estimação. Usa suas garras para escalar árvores e superfí-
cies ásperas, ostentando uma cauda grande em relação ao
corpo. Na maior parte do corpo, predomina o tom preto.
Além disso, há o castanho no dorso e o dourado na área
interna das pernas. Tem hábitos diurnos e vive nas copas
das árvores. Salta com facilidade devido à forte propulsão
dos membros posteriores. Abriga-se em troncos ocos, e
pode repetir o mesmo percurso todos os dias na mata.
Organiza-se socialmente em grupos liderados por casais
monogâmicos. A liderança é disputada em lutas violen-
tas. Os pais ensinam os filhos a se alimentar, servindo de
modelo nas funções de cópula, caça e cuidado parental
Fábio Colombini

Guia de Animais Brasileiros - 59


M a m i´ f e r o s

Pithecia pithecia Linnaeus, 1766


Nome popular da espécie: Macaco-parauacu
– AMAZÔNIA
Ordem: Primates
Família: Cebidae
Hábitats: florestas da região norte da América
do Sul. No Brasil, aparece na Amazônia
Tamanho médio: o corpo mede de 30 a
48 cm, e a cauda, de 25 a 55 cm
Peso médio: 1,5 Kg

Reprodução: sua gestação dura até 176 dias,


nascendo apenas um filhote, que desmama
aos 8 meses de idade, atingindo a maturida-
de sexual aos 6 anos. Até aproximadamente
os dois primeiros meses de vida, a cria apre-
senta coloração igual à da fêmea adulta. A
partir desta época, os filhotes machos come-
çam a apresentar a coloração do macho adulto
Longevidade: aproximadamente 14 anos
Alimentação: herbívora (frutas e sementes,
mas também se alimenta de flores, folhas, e até
de pequenos animais, como morcegos e aves)
Características gerais: apresenta hábitos arbo-
rícolas e explora, principalmente, a região abai-
xo da copa das árvores. Tem uma vasta pelagem
na cabeça, no dorso e na cauda, porém a ventral
do corpo é praticamente pelada. Caracteriza-se
por ser a única espécie do gênero Pithecia em
que existe dimorfismo sexual, ou seja, o macho
e a fêmea apresentam características diferentes.
O macho possui um corpo de coloração negra
e a face branco-amarelada, enquanto a fêmea
tem uma cor amarronzada ou acinzentado-
-grisalha, com duas linhas brancas ou marrons
que vão do canto dos olhos ao canto da boca.
Apresenta hábitos diurnos. Alimenta-se de se-
mentes e consegue quebrar nozes duras com os
dentes caninos. Locomove-se por meio do an-
dar quadrúpede, escalando ou saltando, sendo
Fábio Colombini

chamado de macaco-voador. Frequentemente


forma grupos familiares contendo cerca de dois
a cinco indivíduos, compostos pelos pais e por
seus filhotes

60 - Guia de Animais Brasileiros


m a m i´ f e r o S

Agouti paca Linnaeus, 1766

Reprodução: a fêmea tem duas ninhadas, cada uma de um único filhote


Nome popular da espécie: Paca Longevidade: 18 anos
– AMAZÔNIA E PANTANAL Alimentação: folhas, raízes e frutos
Ordem: Rodentia Características gerais: caracteriza-se pelo seu pelame duro e eriçado de
Família: Cuniculidae cor vermelha com manchas brancas. Tem uma pequena cauda. Contu-
Hábitats: florestas tropicais da Amé- do, as pernas são fortes. As patas dianteiras comportam quatro dedos,
rica do Sul, encontrado da Bacia do e as traseiras, cinco – todos com unhas fortes e utilizadas para defesa
Orenoco até o Paraguai e escavação. É boa nadadora e gosta da água, que é o local onde ela se
Tamanho médio: 60 a 80 cm refugia quando está em perigo. Sua toca tem muitas saídas de emergên-
Peso médio: 6 a 10 kg cia, que são bem escondidas por folhas. A paca passa o dia lá
Manoel Carvalho no Zoológico de São Paulo

Guia de Animais Brasileiros - 61


M a m i´ f e r o s

Coendou prehensilis Linnaeus, 1758


Reprodução: após uma gestação de 195 a 210 dias, nasce um filhote (ou dois)
com cerca de 390 g. Ele é alimentado pelos pais por 70 dias, em média
Longevidade: dez anos
Nome popular da espécie: Ouriço- Alimentação: sementes de frutos, cascas de árvores e folhas
-cacheiro – PANTANAL Características gerais: o ouriço-cacheiro conta com uma perigosa arma para
Ordem: Rodentia se defender do inimigo: o dorso totalmente coberto por espinhos que se
Família: Erethizontidae destacam facilmente de seu corpo, espetando-se em quem quer que tenha a
Hábitats: florestas (Venezuela, Guia- ingenuidade de atacá-lo. Com farpas afiadas, como arpão, o espinho pene-
nas, Brasil, Bolívia e Trinidad) tra lentamente no corpo da vítima, chegando cada vez mais fundo. Por isso
Tamanho médio: 30 a 65 cm, mais mesmo, a maioria dos animais evita o ouriço-cacheiro, que nunca precisa
30 ou 38 cm de cauda. Comprimen- lutar. Se ameaçado, simplesmente eriça os espinhos e aguarda, tornando-se
to dos espinhos: 10 cm praticamente inatacável. Guarda toda a sua agressividade para os da mesma
Peso médio: 1 a 5 kg espécie, com os quais briga violentamente, usando espinhos e dentes. Muito
frequentes na fauna brasileira, estão adaptados à vida nas árvores. Usam a
cauda para prender-se aos galhos e mover-se entre as árvores. Sua cauda longa
é preênsil. Solitários, saem à noite ou na hora do crepúsculo em busca de
alimento. De dia, descansam no alto das copas das árvores ou abrigam-se em
troncos ocos. Têm movimentos lentos

Ricardo Maia

62 - Guia de Animais Brasileiros


m a m i´ f e r o S

Puma concolor Linnaeus, 1771


Reprodução: acasala no início do ano, gerando de um a qua-
tro filhotes. Na América do Sul, os nascimentos acontecem
entre fevereiro e junho, e a gestação dura em torno de três me-
Nome popular da espécie: Suçuarana ou on- ses. O cio é de quatro dias, com intervalos de 23 dias. A fêmea
ça-parda – AMAZÔNIA E PANTANAL tem três pares de mamilos, justamente o número máximo de
Ordem: Carnivora filhotes que nascem. Pesa de 200 a 400 gramas, e as manchas
Família: Felidae desaparecem aos 6 meses. As fêmeas atingem maturidade se-
Hábitats: montanhas, florestas e cerrados de xual depois dos 2 anos e meio, e os machos, só aos 3 anos
toda a América Longevidade: as fêmeas vivem até 12 anos, e os machos até
Tamanho médio: os machos medem, da ca- 20, aproximadamente
beça ao final do corpo, de 105 a 195 cm, Alimentação: carnívora
com cauda de 66 a 78 cm. Já as fêmeas, da Características gerais: tem um corpo alongado, a cabeça pe-
cabeça ao final do corpo, medem 96 a 151 quena, pescoço e cauda longos, membros inferiores e poste-
cm, com cauda de 53 cm a 80 cm riores muito fortes e orelhas pequenas, curtas e arredonda-
Peso médio: fêmeas pesam de 36 a 60 kg, e das. É um animal de grande agilidade, exercendo atividades a
machos pesam de 67 a 103 kg qualquer hora do dia, mas tendendo para o horário do crepús-
culo. Nada apenas quando necessário, geralmente em busca
de alimentos
Fábio Colombini

Guia de Animais Brasileiros - 63


M a m i´ f e r o s

Trichechus inunguis Natterer, 1883


Reprodução: tem uma baixa taxa reprodutiva – cerca de um filhote por
fêmea a cada três anos, sendo um ano de gestação e dois de amamentação
Longevidade: 50 anos
Alimentação: herbívora (algas, aguapés, mangues, capins aquáticos,
Nome popular da espécie: Peixe-boi entre outras plantas)
ou Manati – AMAZÔNIA Características gerais: mamífero aquático que já existe há cerca de 60
Ordem: Sirenia milhões de anos. Destaca-se como a única espécie da ordem sirenia
Família: Trichechidae exclusiva de água doce. Tem um corpo robusto e pesado, além da
Hábitats: Rio Amazonas (nas bacias cauda achatada e larga, disposta de forma horizontal. Suas nadadeiras
dos rios Amazonas e Orinoco) apresentam resquícios de unhas, que ajudam o animal na escavação em
Tamanho médio: 2,5 m busca de vegetação aquática para se alimentar. Tem hábitos solitários, e
Peso médio: 300 kg raramente é visto em grupo fora da época de acasalamento. Seus dentes
se reduzem aos molares, que se regeneram constantemente. Pode
comer até 16 kg de plantas por dia, tendo a capacidade de armazenar
até 50 litros de gordura como fonte energética para a época da seca.
As nadadeiras, que ainda apresentam resquícios de unhas, ajudam o
animal a escavar e arrancar a vegetação aquática enraizada no fundo

Eduardo Félix Justiniano

64 - Guia de Animais Brasileiros


m a m i´ f e r o S

Lutra longicaudis Olfers, 1818


Reprodução: gestação de 60 dias, com nascimento de
até seis filhotes, que pesam de 120 a 160 gramas. O des-
mame acontece aos 6 meses de idade, e a maturidade
sexual é atingida aos 2 anos
Nome popular da espécie: Lontra – AMAZÔNIA Longevidade: aproximadamente 20 anos
Ordem: Carnívora Alimentação: carnívora (peixes, crustáceos, anfíbios,
Família: Mustelidae répteis e, ocasionalmente, aves e mamíferos)
Hábitats: rios e lagos da Amazônia, cerrado, Flores- Características gerais: ocupa ambientes aquáticos de
ta Atlântica, Pantanal e campos do Sul. Encontra-se água doce e salgada, privilegiando locais de baixa densi-
também no México, na América Central e ao norte dade populacional humana. Sua ocorrência está vincula-
da Argentina da à presença de substratos duros, que funcionam como
Tamanho médio: 1 m de comprimento (machos abrigo para estes animais, acostumados a passar os dias
maiores que as fêmeas) dormindo entre pedras e ocos de árvores próximos às
Peso médio: 5 a 12 kg águas. Alimenta-se geralmente durante a noite, comendo
suas presas sempre nas margens dos rios. Para marcar seu
território, urina por meio de suas glândulas secretoras. A
coloração da parte superior das lontras varia da marrom-
-clara à escura, sendo a pelagem curta e macia, porém
bastante densa. O grupo social consiste em uma fêmea
adulta e seus filhos jovens, juntando-se ao macho apenas
nas épocas reprodutivas
Ricardo Maia

Guia de Animais Brasileiros - 65


Peixes

Hoplias malabaricus Bloch, 1794


Peixes
Reprodução: o gênero Hoplias apresenta uma reprodução parcelada,
ou seja, faz várias pequenas desovas na temporada reprodutiva. O ca-
sal procura ou constrói os ninhos em pequenas depressões de cerca de
Nome popular da espécie: Traíra – 20 cm, onde a fêmea deposita seus ovos enquanto o macho os fertiliza,
AMAZÔNIA e PANTANAL e cuida deles por alguns dias, até eclodirem
Ordem: Characiformes Alimentação: carnívora (peixes e sapos)
Familia: Erythrinidae Características gerais: peixe de escamas, com corpo cilíndrico, boca
Hábitats: encontrado em todos os grande e dentes caninos bastante afiados. Olhos grandes e nadadeiras
rios e lagos da América do Sul, prin- arredondadas, exceto a dorsal. Quando habita os lagos, sua coloração
cipalmente nas bacias Amazônica, adquire um tom cinza-escuro, com ventre esbranquiçado. Em água
Araguaia-Tocantins e São Francisco corrente, sua cor muda para cinza-amarelado, com ventre branco. É
Tamanho: 60 cm um predador voraz e solitário. Pode ser encontrado em águas paradas,
Peso: 4 kg lagos, lagoas, brejos, matas inundadas, córregos e igarapés, geralmente
entre as plantas aquáticas, onde fica à espreita de presas como peixes,
sapos e insetos. É mais ativo durante a noite

Fábio Colombini

66 - Guia de Animais Brasileiros


peixeS

Colossoma macropomum Curvier, 1818


Reprodução: os adultos migram para os rios de águas barrentas no
período da desova
Alimentação: nas cheias, os tambaquis seguem para as matas inun-
dadas, onde se alimentam de frutos e sementes. Na seca, os jovens
permanecem nos lagos de várzea, nutrindo-se de zooplâncton, en-
Nome popular da espécie: Tambaqui – quanto os adultos migram para rios de água barrenta para desovar
AMAZÔNIA Características gerais: é uma das espécies comerciais mais importan-
Ordem: Characiforme tes da Amazônia Central, diferenciando-se pela sua boca prognata,
Família: Characidae semelhante a uma gaveta aberta, por suas escamas em forma de lo-
Hábitat: Bacia Amazônica sangos e pelas nadadeiras curtas e rajadas nas extremidades. A meta-
Tamanho médio: cerca de 90 cm de superior do corpo é coberta por uma coloração parda, enquanto a
de comprimento inferior é preta, podendo variar para mais clara ou escura, conforme
Peso médio: até 45 kg a água. É uma espécie que realiza migrações reprodutivas, seguindo
para rios barrentos no período da desova e para as matas inundadas
nas cheias. Durante a seca, os indivíduos jovens ficam nos lagos de
várzea, onde se alimentam de zooplâncton. Nessa época, os adultos
não se alimentam, vivendo apenas da gordura que acumularam du-
rante o período de cheia
Sidney Doll

Guia de Animais Brasileiros - 67


Peixes

Electrophorus electricus
Linnaeus, 1766

Nome popular da espécie: Poraquê – AMAZÔNIA


Ordem: Gymnotiforme
Família:Gymnotidae
Hábitats: Amazônia, principalmente os rios Amazonas e Ori-
noco. Também aparece nos rios do Mato Grosso e em quase
toda a América do Sul
Tamanho médio: até 3 m de comprimento
Peso médio: 30 kg

Reprodução: durante a estação seca. Os ovos são deposita-


dos em um ninho bem escondido feito de saliva, construí-
do pelo macho. Em observações de campo, uma média de
1200 embriões é chocada
Longevidade: dez a 15 anos em cativeiro
Alimentação: pequenos peixes
Características gerais: é uma espécie de peixe-elétrico
capaz de gerar de 300 a 1500 volts em uma única descarga,
matando um animal do porte de um cavalo. O nome po-
raquê vem da língua indígena tupi, significando “o que faz
dormir” ou “o que entorpece”, devido às descargas elétricas
que produz. Tal característica lhe conferiu reconhecimento
mundial, despertando curiosidade de muitos pesquisado-
res. As descargas são produzidas por células musculares
modificadas – os eletrócitos – que, em conjunto, formam
de dois a dez mil mioeletroplacas, concentradas na cauda
do peixe, ocupando quatro quintos de seu comprimento
geral. As células se dispõem em série, como pilhas de uma
lanterna, ativando-se quando o peixe captura uma presa ou
no momento em que ele se defende de um ataque. Nessas
ocasiões, os três órgãos elétricos do poraquê – o de Sach, o
de Hunter e o principal – descarregam cargas elétricas. A
energia canalizada para o ambiente não afeta o peixe, que
possui adaptações especiais contra os choques. Seu corpo é
longo e cilíndrico, ostentando apenas uma nadadeira anal.
Os escamas têm coloração preta salpicada por pequenas
Fábio Colombini

manchas amarelas, vermelhas ou brancas. Sobe para a


superfície a cada oito minutos, para respirar melhor

68 - Guia de Animais Brasileiros


peixeS

Arapaima gigas Cuvier, 1829


Reprodução: formam casais que procuram ambientes calmos para
preparar seus ninhos, construídos durante a época de enchente. O
macho é o responsável pela proteção da prole por cerca de seis meses,
mantendo os filhotes, que nadam sempre ao redor de sua cabeça, pró-
ximos à superfície, facilitando, assim, o exercício da respiração aérea
Longevidade: 18 anos
Nome popular da espécie: Pirarucu Alimentação: carnívora
– AMAZÔNIA Características gerais: conhecido popularmente como “bacalhau da
Ordem: Osteoglossiforme Amazônia”, encontra-se nas áreas de várzea, onde as águas são mais
Família: Osteoglossidae calmas, claras e ligeiramente alcalinas, com temperaturas que variam
Hábitats: áreas de várzea da parte seten- de 24° a 37°C. É uma das maiores espécies de água doce do mundo,
trional da América do Sul, principalmen- chegando a pesar 250 kg. O nome vem da junção de duas palavras
te na Bacia Amazônica indígenas: “pira”, que significa peixe, e “urucum”, que quer dizer ver-
Tamanho médio: 3 m de comprimento melho, remetendo à cor da cauda do pirarucu. Este peixe tem carac-
Peso médio: 250 kg terísticas biológicas e ecológicas bem distintas, como sua cabeça acha-
tada e ossificada, o corpo alongado e escamoso, e o porte para lá de
exuberante. A respiração é feita não só através das convencionais brân-
quias, mas também pelos seus dois aparelhos respiratórios, auxiliados
pela bexiga natatória modificada, que funciona como um pulmão no
exercício da respiração aérea, obrigatória na época da seca. Após o nas-
cimento dos filhotes, o macho sobe à superfície com mais frequência,
para facilitar a respiração dos recém-nascidos que o acompanham. É
neste período que a perseguição aos pirarucus por predadores se acen-
tua, já que a longa fase de imaturidade sexual dos filhotes, conhecidos
como “bodecos”, propicia sua captura
Eduardo Félix Justiniano

Guia de Animais Brasileiros - 69


Peixes

Cichla spp Symphysodon discus


Heckel, 1840

Nome popular da espécie: Tucunaré – AMAZÔNIA Nome popular da espécie: Acará-disco – AMAZÔNIA
Ordem: Perciforme Ordem: Perciforme
Família: Cichlidae Família: Cichlidae
Hábitats: rios da América do Sul, especialmente das Tamanho: 25 cm de altura e 20 cm de comprimento
bacias Amazônica e do Araguaia Hábitat: Bacia Amazônica
Tamanho médio: comprimento entre 30 cm e 1 m Reprodução: ovípara, desovando em folhas e pedras.
Peso médio: 15 a 16 kg Destaca-se pelo cuidado que tem com sua prole. Após a
Reprodução: na época de reprodução, formam casais postura e a fertilização dos ovos, pai e mãe intercalam-
que partilham a responsabilidade de proteger o ninho, -se cuidando dos ovos, para defender os alevinos. Ao
que abriga de três a quatro mil ovos nascer, estes se juntam ao corpo dos pais, onde encon-
Alimentação: pequenos peixes e crustáceos tram uma secreção leitosa que serve para alimentá-los
Características gerais: peixes de médio porte que só Alimentação: onívora
existem na água doce, tendo como característica prin- Características gerais: corpo marrom-escuro, com fai-
cipal o ocelo que apresentam na cauda. São animais se- xas escuras verticais e linhas azuladas; nadadeiras orla-
dentários, preferindo zonas de águas lentas ou paradas. das de azul
Na época de reprodução, formam casais que partilham
a responsabilidade de proteger o ninho e os ovos. Exis-
tem cerca de 14 espécies de tucunaré
Fábio Colombini
Sidney Doll

70 - Guia de Animais Brasileiros


peixeS

Osteoglossum bicirrhosum Salminus maxillosus


Vandelli, 1829 Valenciennes, 1850

Nome popular da espécie: Aruanã prata – AMAZÔNIA Nome popular: Dourado – PANTANAL
Ordem: Osteoglossiforme Ordem: Chrarciforme
Família: Osteoglossidae Família: Characidae
Hábitats: bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins. Hábitats: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Mi-
Tamanho médio: 1 m de comprimento nas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco,
Peso médio: 2kg Alagoas e Sergipe, em águas rápidas, afluentes e boca de corixos
Reprodução: reproduz-se durante a enchente. Os machos (pequenos cursos fluviais perenes, de leito próprio, que ligam
guardam os ovos (entre cem e 200) e larvas na boca. Os alevi- “baías” contíguas)
nos alcançam alto valor comercial como peixes ornamentais Tamanho médio: 1 m de comprimento
Alimentação: insetos e aranhas Peso médio: 25 kg
Características gerais: peixe de escamas, de corpo muito Reprodução: peixe de piracema, reproduz-se (de novembro
alongado e comprimido; boca enorme; língua óssea e ás- a janeiro) e desova na cabeceira dos rios (onde a água é mais
pera, como a do pirarucu; barbilhões na ponta do queixo; limpa e os alevinos podem sobreviver). Necessita da correnteza
escamas grandes; coloração branca, mas com escamas aver- para completar seu ciclo reprodutivo. Consegue vencer quedas
melhadas na época da desova. No rio Negro também ocorre d´água com grande facilidade
uma outra espécie: O. Ferreirai, de coloração mais escura. Alimentação: pequenos peixes
Vive na beira dos lagos, ao longo dos igapós ou dos capins Características gerais: carnívoro e voraz, com elevada taxa de
aquáticos, sempre à espreita de insetos (principalmente be- canibalismo, conhecido como o “rei dos rios”. Tem coloração
souros) e aranhas que caem na água. É provavelmente o amarelo-dourada, e atinge grande porte; sua carne nobre é
maior peixe do mundo, cuja dieta é constituída, principal- muito apreciada. Agrada aos pescadores devido à agressividade
mente, de insetos e aranhas. Nada logo abaixo da superfície e destaca-se pelos saltos. É um dos melhores para pesca des-
,com os barbilhões projetados para a frente, os quais servem portiva em água doce. Pode ser capturado durante todo o ano,
para guiar as larvas à boca do macho quando saem para se principalmente em corredeiras, cachoeiras e águas rápidas. Suas
alimentar. Em águas pouco oxigenadas, os barbilhões po- escamas têm um pequeno risco preto no meio, formando li-
dem ser utilizados para conseguir oxigênio na superfície da nhas longitudinais da cabeça à cauda. Atualmente, encontra-se
água. Costuma saltar fora da água e apanhar as presas ainda ameaçado de desaparecimento por causa de intensa atividade
nos troncos, galhos e cipós. O adulto pode saltar mais de pesca profissional e amadora, destruição do hábitat e constru-
1 m fora d’água ção de diversas barragens – em inúmeros rios, já não é encon-
trado.
Fábio Colombini

Fábio Colombini

Guia de Animais Brasileiros - 71


A n f i´ b i o s

Siphonops annulatus Mikan, 1820


Anfíbios
Reprodução: os ovos são depositados em buracos cava-
dos no solo. Apresenta cuidado parental com a prole em
um padrão distinto entre os anfíbios, mas provavelmente
difundido entre espécies de cecílias. O que acontece é
que, durante o cuidado com a prole, a pele da mãe se
altera com uma mudança de cor, e é produzida uma se-
Nome popular da espécie: Cobra-cega –
creção nutritiva, a qual os filhotes, dotados de dentes,
AMAZÔNIA e PANTANAL
raspam da pele da mãe e se alimentam
Família: Caecilidae
Características gerais: apresenta de 84 a 94 pregas anu-
Hábitats: em todo o Brasil, na Colômbia, no
lares e coloração ardósia-azulada. O macho e a fêmea
Equador, no Peru, na Venezuela, nas Guianas,
são semelhantes, e, assim como as demais espécies da
no Paraguai, e em uma pequena porção do
família, não possuem qualquer distinção entre a cabeça
Norte da Argentina
e o tronco, isto é, não há pescoço. Os olhos são redu-
Tamanho: de 17,5cm a 37cm
zidos, e o crânio é ossificado. Na região entre os olhos
e o nariz, há um tentáculo mole e pontudo, de função
sensorial táctil. Por percorrer galerias sem luz, esse órgão
tem importante função na orientação espacial do animal.
É uma espécie bastante versátil, e se adapta a ambientes
perturbados, sendo comum observá-la em zonas urbanas

Fábio Colombini

72 - Guia de Animtais Brasileiros


a n f ´i b i o S

Leptodactylus labyrinthicus Spix, 1824

Nome popular: Rã-pimenta ou Jia verdadeira Reprodução: forma ninhos de espuma, onde os ovos são
– AMAZÔNIA depositados. Os girinos se desenvolvem em águas lên-
Família: Leptodactilidae ticas (aparentemente paradas, mas que, na verdade, são
Hábitats: cerrado e caatinga (Nordeste, Sudeste e região sempre renovadas)
Central do Brasil), além dos Estados de Rondônia, Ama- Características: o nome popular é derivado de uma se-
pá, Roraima e Pará. São encontradas também na costa da creção da pele que irrita as mucosas dos olhos e nariz. A
Venezuela, no leste do Paraguai, na Bolívia e no Nordeste coloração é escura, com manchas avermelhadas na região
da Argentina (região das Províncias de Misiones e Cor- das coxas, as quais permitem diferenciar a espécie. É mais
rientes). Esta espécie é considerada bastante flexível em robusta e pesada, sendo capaz de comer dois camundongos
relação ao hábitat, pois pode ser encontrada em regiões em uma só abocanhada. Tem potencial econômico, devido
altas (1000 m), abertas, secas ou úmidas à pele e à carne. Caracteriza-se por hábitos noturnos
Tamanho médio: cerca de 18 cm
Fábio Colombini

Guia de Animais Brasileiros - 73


A n f i´ b i o s

Ceratophrys cornuta Linnaeus, 1758

Reprodução: Não há muita diferença visual entre o macho e a


fêmea. Os primeiros cantam à noite e são um pouco maiores do
Nome popular da espécie: sapo-de-chifre – que elas. O amplexo sexual, ou seja, a cópula entre os anfíbios,
AMAZÔNIA ocorre perto de um corpo d´água. Os ovos permanecem deposi-
Ordem: Anura tados durante alguns dias, até que nascem os girinos, que logo se
Família: Leptodactylidae desenvolvem em anfíbios adultos
Hábitats: solo das florestas tropicais úmi- Longevidade: seis a 12 anos
das. Gostam de ficar semi-enterrados no Alimentação: carnívora (grilos, baratas, gafanhotos, minhocas, fi-
solo, no meio de folhas secas caídas, mus- lhotes de camundongos e peixes)
gos e capins secos. Também podem ser en- Características gerais: sua coloração geralmente mescla marrom e
contrados no Suriname e no Peru bege ou verde. Apesar de não ter a pele lisa e ser parecido com um
Tamanho médio: 20 cm de comprimento sapo, na verdade é uma rã pouco ativa, que permanece em uma
Peso: 500 gramas mesma posição o dia inteiro. Possui elevações acima dos olhos, as
quais remetem a dois chifres, e servem para que se mostre ameaça-
dor às presas. Tem hábito terrestre e noturno, e sai apenas para se
alimentar e procurar fêmeas para acasalar

Fábio Colombini

74 - Guia de Animais Brasileiros


a n f ´i b i o S

Dendrobates tinctorius Schneider, 1799

Reprodução: a metamorfose (transformação do girino em


adulto) dura entre 70 e 85 dias
Longevidade: aproximadamente oito anos em cativeiro
Alimentação: carnívora (insetos, como cupins e formigas, e
Nome popular da espécie: Sapo-garimpeiro pequenas aranhas)
– AMAZÔNIA Características gerais: tem a pele bastante colorida (verde,
Ordem: Anura amarela e preta) e possui veneno, o qual é tóxico tanto aos
Família: Dendrobatidae animais quanto ao homem. É ativo durante o dia, e possui
Hábitat: floresta tropical úmida (Suriname, hábitos terrestres. Apresenta um complexo cuidado parental,
Guiana Francesa e Norte do Brasil) no qual está envolvido um dos pais (ou ambos). Os ovos (de
Tamanho médio: 5 cm de comprimento dez a 25) são depositados em poças d’água no chão ou em
folhas de árvores, e são umedecidos por um dos pais até o
nascimento. Após algumas semanas de incubação, os girinos
nascem e, geralmente, se aderem ao dorso de um dos pais, e
lá permanecem, até poderem ficar sozinhos na água. Animais
mantidos em cativeiro tendem a perder a toxicidade de seu
veneno, provavelmente pela falta de alguma fonte alimentar
Fábio Colombini

Guia de Animais Brasileiros - 75


A n f i´ b i o s

Epipedobates pulchripectus Silverstone, 1976


Reprodução: colocam os ovos no chão da floresta, normalmente sob
folhas, onde um dos pais toma conta até que eles eclodam. Em segui-
da, o macho ou a fêmea leva os girinos em suas costas até a cavidade
de alguma árvore ou uma poça d’água em bromélias
Nome popular da espécie: rã venenosa – Longevidade: cinco a 12 anos
AMAZÔNIA Alimentação: formigas (principalmente)
Ordem: Anura Características gerais: esta família é formada por oito gêneros e cerca
Família: Dendrobatidae de 192 espécies, entre as quais estão os famosos sapinhos-ponta-de-
Hábitat: no chão de florestas tropicais das -flexa, animais de cores vivas, como vermelha, amarela, azul e verde.
Américas Central e do Sul O veneno desenvolvido por estas espécies é fortíssimo e pode causar
Tamanho médio: 22,5 mm a 27 mm a morte de quem as manipular com as mãos sem a proteção de luvas.
A produção destas toxinas pode ocorrer indiretamente pela ingestão
de formigas que se alimentam de plantas com propriedades tóxicas.
Algumas tribos da América do Sul utilizam este veneno na ponta de
setas destinadas às caçadas

Fábio Colombini

76 - Guia de Animais Brasileiros


a n f ´i b i o S

Epipedobates trivittatus Von Spix, 1824

Reprodução: colocam os ovos no chão da floresta, normalmente


sob folhas, onde um dos pais toma conta até que eles eclodam. Em
Nome popular da espécie: rã venenosa –
seguida, o macho ou a fêmea leva os girinos em suas costas até a
AMAZÔNIA
cavidade de alguma árvore ou uma poça d’água em bromélias
Ordem: Anura
Longevidade: 5 a 12 anos
Família: Dendrobatidae
Alimentação: carnívora (insetos)
Hábitat: no chão de florestas tropicais das
Características gerais: a pele dorsal é granular, nas cores preta e
Américas Central e do Sul
verde. Os flancos são pretos, limitados por uma linha dorsolateral
Tamanho médio: 37 a 40 mm (machos);
elétrico-verde brilhante e larga. O ventre é preto com pontos azuis,
42 a 46 mm (fêmeas)
e a íris é marrom-escura.
Fábio Colombini

Guia de Animais Brasileiros - 77


Extinção
~
Extinção

Lista
VERMELHA
Muitos animais de organização. Por isso, é difícil compará-lo a levanta-
mentos anteriores. Isso só será possível em 2008, quando
encontram-se será feita uma revisão da tabela atual. Viana também des-
taca a importância da lista, já que “ela é a base de organi-
ameaçados de extinção. zação dos comitês assessores do Ibama, responsáveis pela
formação e pela execução de políticas públicas voltadas
Confira a última lista para a conservação da fauna”.
Além de ajudar a definir quais ecossistemas e
divulgada pelo Ibama espécies devem ser prioritariamente protegidos, a lista é
um meio de mostrar à sociedade os efeitos que a explo-
ração humana desordenada tem sobre as áreas nativas e
Por Gabriela Megale sua biodiversidade. Estimativas de vários países mostram
que não é só a fauna brasileira que está em risco, mas a de
todo o planeta. De acordo com a Fundação Biodiversi-
As florestas do Brasil ostentam o título de banco
tas, de 5% a 20% das espécies animais e vegetais já iden-
genético mundial. Porém, se medidas urgentes não fo-
tificadas entrarão para as listas vermelhas em algumas
rem tomadas, o verde ficará apenas na bandeira nacional,
décadas. Além disso, há a preocupação de que espécies
e os animais exóticos não serão mais que tristes lembran-
desconhecidas pelos pesquisadores estejam desaparecen-
ças do passado.
do antes mesmo de ser catalogadas.
Isso é o que mostra a lista nacional de animais
ameaçados de extinção, elaborada em 2003 pelo Ibama
Ameaça em números
em parceria com a Sociedade Brasileira de Zoologia, a
ONG Conservação Nacional, a Fundação Biodiversitas e
Os altos índices de biodiversidade nacional
o Instituto Terra Brasilis. Conhecida também como Lista
são acompanhados pelos crescentes números de ani-
Vermelha, remetendo ao perigo que os animais nela cita-
mais em risco. Das 627 espécies que compõem a lista
dos correm, tem quase 200 espécies a mais que a relação
vermelha do Brasil, denominadas cientificamente de
anterior, feita em 1989, totalizando 627 animais.
táxons, 618 estão classificadas nas categorias de ame-
Leonardo Viana, pesquisador do Ibama, no entanto,
aça, enquanto nove já são consideradas extintas, ou
alerta para o risco de comparações. Este é o primeiro do-
existem apenas em cativeiros. Entre os biomas brasi-
cumento ligado à extinção que adotou critérios mundiais

78 - Guia de Animais Brasileiros


leiros, a Amazônia é o quarto com maior número de De acordo com o coordenador do Programa Pantanal
espécies ameaçadas, enquanto o Pantanal é o lanterni- da ONG Conservação Internacional Sandro Menezes,
nha: não só por ter menos táxons, mas por não abri- os bons índices de conservação do Pantanal em rela-
gar nenhum animal que corra risco nacional, já que ção aos demais biomas são consequências do sistema
eles também aparecem em outras matas do território. regional de cheias, que dificulta a introdução de mo-
(Veja o quadro) noculturas agrícolas e a criação de gado.

BIOMAS *CATEGORIAS DE AMEAÇA


Extinta na Criticamente em
Extinta Em perigo Vulnerável
natureza perigo
Mata Atlântica 5 1 86 103 188
Cerrado 2 0 13 22 75
Marinho 0 0 10 20 56
Campos Sulinos 0 0 11 16 33
Amazônia 1 0 10 14 33
Caatinga 0 1 10 6 26
Pantanal 1 0 1 3 25
Brasil* 7 2 125 163 330

* Dados cedidos pela Fundação Biodiversitas referentes a:


EX (Extinta): espécies que deixaram de existir no território nacional.
EW (Extinta na natureza): somente são conhecidas espécimes cultivadas em cativeiro ou com uma ou mais populações naturalizadas,
vivendo muito afastadas de sua distribuição histórica.
CR (Criticamente em perigo): encontra-se em risco extremamente alto de extinção na natureza. Redução maior ou igual a 80%.
EN (Em perigo): encontra-se em risco muito alto de extinção na natureza. Redução maior ou igual a 50%.
VU (Vulnerável): encontra-se em risco alto de extinção na natureza. Redução maior ou igual a 30%.

Razões da destruição A salvação

A exploração desordenada do território brasi- Quando o assunto são as políticas de conser-


leiro, que acompanha o crescimento populacional, é a vação, especialistas em meio ambiente parecem unâ-
maior ameaça à fauna do País, pois é dela que decorrem nimes. “A criação de áreas protegidas ou unidades de
todos os problemas ambientais. conservação (UCs) é o primeiro passo para garantir a
O maior deles, de acordo com Leonardo Viana, é a continuação de ecossistemas, espécies e processos na-
destruição de ambientes naturais para a monocultura de soja turais”, asseguram Leandro Scoss e Rafael Carmo, co-
e a formação de pastagens. “Todos os animais em risco de ex- ordenador de Áreas Protegidas e Gerente do Programa
tinção, em especial no cerrado e na Amazônia, têm na degra- Espécies, respectivamente. “Quanto maior a área pro-
dação das árvores o fator principal”, explica. Outro compli- tegida, maior o número de espécies e de indivíduos
cador apontado pelo pesquisador é a introdução de espécies
das populações naturais”, afirmam os pesquisadores da
exóticas no território nacional. Ou seja, de animais que não
Fundação Biodiversitas.
são do Brasil, mas que acabam competindo por alimentos
Simultaneamente à formação das UCs, as ins-
com os bichos nativos.
tituições ambientalistas implementam pesquisas e pla-
A caça, tanto de subsistência quanto predatória,
nos de manejo, além de diretrizes de planejamento e
também é decisiva para a extinção da fauna. Na maioria
educação ambiental que aumentam a viabilidade gené-
dos casos, as espécies são vítimas do tráfico ilegal, que abas-
tece feiras, depósitos, e até mesmo pequenos comerciantes tica das populações animais, principaid preocupações
nas beiras de estradas. Algumas são mortas para abastecer o para a manutenção das UCs.
mercado de matéria-prima, consumidor de pena e couro, A salvação não depende só de ONGs e dos
entre outros produtos. governos federal e estadual, mas, principalmente, de
Especialista em avifauna, Leonardo afirma ser a fa- nós, grandes consumidores dos recursos naturais. O
mília dos cracídeos uma das mais procuradas pelos caçadores. uso consciente de água, luz e outras matérias-primas é
Papagaios e araras também são grandes alvos do tráfico ilegal. capaz de transformar a triste realidade de hoje.

Guia de Animais Brasileiros - 79


~
Extinçao
Lista da fauna brasileira ameaçada de extinção no Pantanal e na Amazônia

NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR BIOMA CATEGORIA DE AMEAÇA


Caprimulgus candicans (ave) Bacurau-de-rabo-branco Pantanal Vulnerável
Thalasseus maximus (ave) Trinta-réis-real Amazônia Em Perigo
Numenius borealis (ave) Maçario-esquimó Amazônia e Pantanal Extinta
Tigrisoma fasciatum (ave) Socó-boi-escuro Pantanal Vulnerável
Urubitinga coronata (ave) Águia-cinzenta Pantanal Em Perigo
Penelope ochrogaster (ave) Jacu-de-barriga-castanha Pantanal Vulnerável
Psophia viridis obscura (ave) Jacamim-de-costas-escuras Amazônia Criticamente em Perigo
Procnias albus wallacei (ave) Araponga-da-amazônia Amazônia Vulnerável
Dendrexetastes rufigula paraensis (ave) Arapaçu-canela-de-Belém Amazônia Em Perigo
Dendrocincla taunayi (ave) Arapaçu-pardo Pantanal Em Perigo
Dendrocincla merula badia (ave) Arapaçu-da-taoca Amazônia Vulnerável
Coryphaspiza melanotis (ave) Tico-tico-de-máscara-negra Pantanal Em Perigo
Sporophila maximiliani (ave) bicudo-verdadeiro Amazônia Criticamente em Perigo
Caboclinho-de-barriga-
Sporophila hypoxantha (ave) Amazônia e Pantanal Vulnerável
vermelha
Sporophila nigrorufa (ave) Caboclinho-do-serão Pantanal Vulnerável
Caboclinho-de-papo-
Sporophila palustris (ave) Pantanal Vulnerável
-branco
Maria-do-campo ou
Culicivora caudacuta (ave) Pantanal Vulnerável
papa-moscas-do-campo
Tricolino-canela ou
Polystictus pectoralis pectoralis (ave) Pantanal Vulnerável
papa-moscas-canela
Anodorhynchus glaucus (ave) Arara-azul-pequena Pantanal Extinta
Anodorhynchus hyacinthinus (ave) Arara-azul-grande Amazônia Vulnerável
Guaruba guarouba (ave) Ararajuba Amazônia Vulnerável
Pyrrhura lepida lépida (ave) Tiriba-pérola Pantanal Vulnerável
Pararrhopalites papaveroi (inseto) Colembolo Pantanal Em Perigo
Megasoma actaeon janus (inseto) Besouro-de-chifre Amazônia Vulnerável
Parides lysander mattogrossensis (inseto) Borboleta Amazônia Vulnerável
Stegodyphus manaus (invertebrado _ Pantanal Vulnerável
terrestre)
Blastocerus dichotomus (mamífero) Cervo-do-pantanal Pantanal Vulnerável
Chrysocyon brachyurus (mamífero) Lobo-guará Amazônia e Pantanal Vulnerável
Speothos venaticus (mamífero) Cachorro-vinagre Pantanal Vulnerável
Leopardus pardalis mitis (mamífero) Jaguatirica Amazônia e Pantanal Vulnerável
Leopardus trigrinus (mamífero) Gato-do-mato Amazônia e Pantanal Em Perigo
Leopardus wiedii (mamífero) Gato-maracajá Pantanal Vulnerável
Oncifelis colocolo (mamífero) Gato-palheiro Amazônia e Pantanal Vulnerável
Panthera onca (mamífero) Onça-pintada Pantanal Vulnerável
Puma concolor capricornensis (mamífero) Onça-parda Pantanal Vulnerável
Pteronura brasiliensis (mamífero) Ariranha Amazônia e Pantanal Vulnerável
Caluromysiops irrupta (mamífero) Cuíca-de-colete Amazônia Criticamente em Perigo
Ateles belzebuth (mamífero) Macaco-aranha Amazônia Vulnerável

80 - Guia de Animais Brasileiros


NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR BIOMA CATEGORIA DE AMEAÇA
Ateles marginatus (mamífero) Coatá-da-testa-branca Amazônia Em Perigo
Saguinus bicolor (mamífero) Saguim-de-coleira Amazônia Criticamente em Perigo
Cebus kaapori (mamífero) Caiarara Amazônia Criticamente em Perigo
Saimiri vanzolinii (mamífero) Macaco-de-cheiro Amazônia Vulnerável
Cacajao hosomi (mamífero) Uacari Amazônia Em Perigo
Cacajao calvus novaesi (mamífero) Uacari-de-Novaes Amazônia Vulnerável
Cacajao calvus rubicundus (mamífero) Uacari-de-vermelho Amazônia Vulnerável
Chiropotes satanas (mamífero) Cuxiú-preto Amazônia Criticamente em Perigo
Chiropotes utahicki (mamífero) Cuxiú Amazônia Vulnerável
Trichechus inunguis (mamífero) Peixe-boi-da-Amazônia Amazônia Vulnerável
Priodontes maximus (mamífero) Tatu-canastra Amazônia e Pantanal Vulnerável
Myrmecophaga tridactyla (mamífero) Tamanduá-bandeira Amazônia e Pantanal Vulnerável

Guia de Animais Brasileiros - 81


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