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Parâmetros e propriedades psicrométricos 81

2.17 EQUAÇÃO DE ESTADO DO AR ÚMIDO E SEUS


COMPONENTES – VOLUME ESPECÍFICO
Na Seção 1.11, Capítulo 1, discutiu-se brevemente o fator de compressibilidade em
conexão com a obtenção do seu valor via uma expansão virial no volume específico
(Eq. 1.12). Para o ar seco, o vapor de água e a sua mistura, aquela equação pode ser
empregada com sucesso para calcular os seus correspondentes volumes específicos
nas faixas usuais de temperatura e pressão. Além disso, verifica-se que é suficiente
truncar a equação no terceiro coeficiente virial C. Seguindo o trabalho de Hyland e
Wexler (1983), o volume específico molar em cm3/mol será empregado em vez do vo-
lume específico na base mássica. A expressão fornecida por aqueles autores é:

Pv B C
= 1 + ii + iii2 , (2.18)
ℜT v v

em que os índices “i” podem ser “a” ou “v” para representar propriedades do ar seco e
do vapor de água, respectivamente. Os coeficientes viriais e de interações Bii e Ciii são
funções exclusivas da temperatura e estão listados na Tabela 2.8. Essa tabela foi gerada
a partir das expressões apresentadas por Hyland e Wexler (1983). O exemplo seguinte
ilustra o uso da Eq. (2.18).

Exemplo 2.8 Volume específico do ar seco e do vapor de água


Calcule o volume específico do ar seco e do vapor de água usando as Eqs. (1.8) e (2.18)
e compare seus resultados para pressão normal e T = 120 °C.

Solução
A solução será apresentada em detalhes para o ar seco. Em primeiro lugar, a solução de
gás perfeito será apresentada. Os dados de interesse são massa molecular do ar seco e
do vapor de água, que valem Mv = 28,9645 e Ma = 18,01534 kg/kgmo1, respectivamente.
Também, ℜ = 8,314 kJ/kmo1.K. Assim,

RT 8, 314 × (273,15 + 120) m3


va − perfeito = = = 1,114 .
PM a 101, 325 × 28, 9645 kg

Analogamente, para o vapor de água:

RT 8, 314 × (273,15 + 120) m3


vv − perfeito = = = 1, 791 .
PM v 101, 325 × 18, 01534 kg

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82 Fundamentos e aplicações da psicrometria

Para obtenção de resultados mais realistas, primeiramente devem ser obtidos os coefi-
cientes viriais do ar seco para T = 120 oC, os quais valem (Tabela 2.8) Baa = 5,87 cm3/mol
e Caaa = 1183 cm6/mol2 (cuidado com as unidades!). A esta altura o leitor já deve ter
percebido que a Eq.(2.18) é um polinômio cúbico no volume específico, ou seja:

Pva3
− v 2 − Baa va − Caaa = 0 ,
RT a

em que se subtende que o volume específico molar no contexto é o real. Além disso, um
traço sobre o símbolo do volume é usado para fazer distinção entre volume específico
molar e volume específico relativo à massa. Substituindo os valores conhecidos, tem-se:

101, 325
v 3 − va2 − 5, 87va − 1183 = 0
8314 × (273,15 + 120) a

o que, depois de algum tempo gasto na resolução iterativa, oferece o seguinte resulta-
do: va ≅ 32265,0 cm3/mol.
Agora é preciso fazer a conversão para volume específico em m3/kg, ou seja:

va 32265 cm 3/ mol
va = = = 1,1140 × 106 cm 3/kg = 1,1140 m 3/ kg.
M a 28, 9645 kg/kmol

Perceba que 1 kmol = 103 mol. Em seguida, os cálculos serão repetidos para o vapor de
água. Da Tabela 2.8, obtêm-se os coeficientes viriais do vapor Bvv = –373,43 cm3/mol e
Cvvv = –2,30 × 105 cm6/mol2, de forma que a expressão final para o vapor de água é:

3, 0999 × 10 −5 vv3 − vv2 + 373, 43vv + 2, 30 × 105 = 0 ⇒ vv ≅ 31873, 9 cm 3/mol,

que, após a conversão para a base mássica, resulta em vv = 1,769 m3/kg.


Perceba que, enquanto para o ar seco o comportamento ideal é muito satisfatório, para
o vapor de água a hipótese ideal começa a falhar para essas temperatura e pressão. Veja
novamente a discussão sobre o assunto na Seção 1.11.

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