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CURSO/ UFCD: 6236- SECRETARIADO FORENSE

FORMADOR(A): BERTA FERREIRA

Carga Horária: 25 Horas


CURSO/ UFCD: 6236- SECRETARIADO FORENSE
FORMADOR(A): BERTA FERREIRA

ÍNDICE:

Objetivos……………………………………………………………………………………………………………………3
Conteúdos programáticos do módulo…………………………………………………………………………4
Introdução …………………………………………………………………………………………………………………6
1. Perfil do secretário forense………………………………………………………………………………7
2. Conhecimento da terminologia forense …………………………………………………………..8
3. A etiqueta nos contactos ………………………………………………………………………….……..20
4.O secretariado no apoio às reuniões ……………………………………………………………….….23
5.O português/redação forense ………………………………………………………………………….…28
6.A Introdução ao Direito ………………………………………………………………………………….…..33
7. Os clientes …………………………………………………………………………………………………….……48
8. O dia a dia no escritório de advogados - a informação na era digital …………………..51
Conclusão ………………………………………………………………………………………………………….……56
Anexos ……………………………………………………………………………………………………………….…..57
Bibliografia ………………………………………………………………………………………………………….….60
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OBJETIVOS

 Executar as tarefas da função secretariado no apoio jurídico do escritórios e


advogados/sociedade de advogados;
 Avaliar a importância da comunicação para a boa imagem do escritório de
advogados/sociedade de advogados;
 Executar transmissões corretas de informação e evitar a distorção do conteúdo da
mensagem;
 Caracterizar e conhecer as organizações do ponto de vista jurídico;
 Identificar os procedimentos na assessoria jurídica das organizações;
 Identificar e conhecer regras básicas deontológicas na advocacia.
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CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DO MÓDULO:

1.O Perfil do secretario forense:


 Exigências éticas e deontológicas da função (segredo profissional)
 Requisitos, Funções e tarefas
 A imagem como fator diferencial
 O secretariado no apoio jurídico em empresas e/ou escritórios da especialidade
2.Conhecimento da terminologia forense
3.A Etiqueta nos Contactos
 Atendimento de clientes e hierarquias da organização
 Serviço de relações públicas
 O telefone como instrumento de imagem e de negócios
4.O secretariado no apoio às reuniões:
 Preparar a organização das reuniões do conselho: convocatórias, materiais, equipamentos
 As assembleias ordinárias e extraordinárias
 As actas
5.O português/redação forense:
 Comunicação escrita
 Tipologia de documentação forense
6.A Introdução ao Direito
 As fontes do Direito
 Características da norma jurídica
 Distinção entre Direito Público e Direito Privado
7. Os clientes
 Os clientes (pessoas singulares e pessoas colectivas)
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 Os diferentes tipos de empresas individuais e colectivas


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8. O dia a dia no escritório de advogados - a informação na era digital
 Principais tarefas: o correio, os prazos, as reuniões, os articulados, taxas de justiça e
custas
 Os tribunais
 Notariado e conservatórias
 Aplicação informática Citius e outras utilizadas diariamente nos escritórios forenses
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INTRODUÇÃO: 6

Para a obtenção de uma melhor performance, com qualidade de excelência, qualquer escritório
de advogados, quer seja em prática individual, ou sociedades de advogados necessita de estar
assessorado por um/a Secretário/a Forense.
O presente manual, tem como objetivo, transmitir aos participantes (formandos) a importância
da “figura” do Secretário Forense na imagem de um escritório da área jurídica, o qual deverá ser
útil , eficiente e competente num atendimento de qualidade, excelência e segurança no serviço
prestado.
Ficam dotados de capacidades para executar tarefas de apoio forense, preparação e organização
de reuniões, algumas peças processuais de apoio, comunicação oral e escrita com os diversos
intervenientes processuais ( clientes, funcionários judiciais, PSP;GNR; SEF, guardas prisionais, e
outras entidades públicas; tribunais, conservatórias, serviços de finanças, cartórios notariais e
outras pessoas com capacidade para a prática dos mesmos atos, administradores de insolvência,
agentes de execução, solicitadores e outros) e conhecer e analisar as diversas tipologias de
documentação forense.
O objetivo primordial desta ação é assim preparar profissionais para trabalharem ao nível do
apoio jurídico administrativo e de secretariado em empresas, escritórios de advogados,
administradores de insolvência e de agentes de execução e de solicitadores.
Os participantes terão oportunidade de aprender a utilizar plataformas informáticas relevantes
no âmbito jurídico, bem como estratégias de resolução de problemas e domínio de regras de
comunicação.
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1. PERFIL DO SECRETÁRIO FORENSE


A postura profissional de um secretário forense pode ter um impacto positivo ou negativo para a
aquisição e a fidelização de clientes.
Para atender as necessidades dos escritórios atuais, é fundamental que a conduta e os princípios
do (a) secretário (a) de advogado/ solicitador, administrador de insolvência, agente de execução
sejam compatíveis com a cultura do negócio jurídico.
É fundamental contar com uma pessoa que inspire confiança e que tenha aptidão e disposição
para assumir responsabilidades e se comprometer com as metas de crescimento do escritório.

a) Características de um secretário forense


 Discrição, confidencialidade e responsabilidade
 Elevado sentido de responsabilidade
 Boas competências comunicacionais
 Orientação para o detalhe
 Bons conhecimentos de informática na ótica do utilizador
 Perfil dinâmico e proativo
 Aparência cuidada e linguagem corporal adequada
 Empatia e simpatia
 Idoneidade, lealdade e honestidade ;
 Disponibilidade;

b) Tarefas de um secretário forense


 Assessoria
 Gestão de correspondência e arquivo físico e digital
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 Prepara a organização de reuniões: convocatórias, materiais, conteúdos e outros


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documentos
 Gestão de viagens e logística inerente
 Gestão de notificações e peças processuais e respetivos prazos
 Gestão de procedimentos de assessoria jurídica;
 Gestão de expetativas e emoções;
 Articulação com notariado e conservatórias;
 Contacto com clientes;
 Conhecimento de línguas;
 Triagem de documentação ;

2 - CONHECIMENTO DA TERMINOLOGIA FORENSE

O conhecimento da terminologia forense é essencial para qualquer profissional na área.


Os seguintes termos são frequentes e a sua definição jurídica pode fazer a diferença.

A
Ação – processo judicial, que decorre nos tribunais, com vista à reclamação de um direito.
Tipos de ação: ação de alimentos; ação declarativa, de condenação, de cumprimento, de
demarcação, de despejo, de divisão de coisa comum, de honorários, impugnação de paternidade,
de preferência, de revisão de sentença estrangeira, executiva, divórcio, etc.
Acórdão – sentença proferida por um tribunal coletivo.
Acordo – o acordo de vontades constitui o núcleo essencial dos contratos e consiste na
convergência das várias manifestações de vontade das partes.
Admoestação - medida tutelar que isolada ou cumulativamente com outras, pode ser aplicada
pelo tribunal de menores a um menor que se encontre sujeito à sua jurisdição.
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Adoção – Criação, por sentença judicial de um vínculo jurídico semelhante ao que resulta da
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filiação natura ente duas pessoas, independentemente dos laços de sangue.
Alçada – limite de valor da ação dentro do qual um tribunal julga .
Alegações – exposição, feita por advogado da parte ( autor , réu, arguido , lesado ofendido) , em
que aquele invoca os factos que quer ver provados e rebate os que entende que o não devem
ser, retirando daí as decorrentes consequências jurídicas.
Aluguer - contrato de locação que incide sobre um bem móvel, através do qual uma das partes
se obriga a proporcionar à outra o gozo temporário de uma coisa, mediante retribuição. (artigo
1022.º e 1023.º do Código Civil).
Apenso - Que se juntou ou anexou ao processo principal.
Arguido - é ser um sujeito processual, formalmente constituído como tal, ou contra quem haja
sido deduzida uma acusação ou aberta a instrução, sobre quem recaiam, num certo momento
processual, fundadas suspeitas de ter praticado ou comparticipado na prática de um crime.
Arrendamento – é o contrato de locação de coisa imóvel, através do qual uma das partes
se obriga a proporcionar à outra o gozo temporário de uma coisa, mediante retribuição.
Autor – é o titular de um direito que se dirige ao tribunal, a fim de o fazer reconhecer ou de o
efetivar.
Ata – é o documento em que se descreve e regista o que ocorre em certa reunião ou sessão.

B
Bastonário da ordem dos advogados – presidente da ordem dos advogados eleito pelos
advogados nela inscritos, a quem cabe representar a ordem e a quem são devidas honras e
tratamento idêntico ao Procurador-Geral da República.
Beca – traje profissional dos magistrados judiciais, usado por estes no exercício das suas funções
nos tribunais.
Bem – o termo bem é utilizado pela doutrina como sinónimo de coisa.
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Boa-fé- é a consideração razoável e equilibrada dos interesses dos outros, a honestidade, a


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lealdade nos comportamentos e na celebração e execução dos negócios jurídicos.

C
Cabeça de casal – aquele a quem cabe a administração da herança até á sua liquidação e
partilha.
Capacidade – é a medida de direitos e obrigações que é susceptível um sujeito de direito. Existe a
capacidade de gozo e a capacidade de exercício
Casamento – é o contrato celebrado entre duas pessoas que pretendam constituir família
mediante uma plena comunhão de vida.
Certidão – documento autêntico destinado a comprovar atos constantes dos registos ou arquivos
de qualquer repartição pública.
Citação - é o ato pelo qual se dá conhecimento ao réu de que foi proposta contra ele
determinada ação e se chama ao processo para se defender. Ou ainda para, pela primeira vez,
chamar alguém ao processo que seja interessado na causa.
Conselho da Europa – organização internacional fundada em 1949 que tem como principais
pilares a defesa dos Direitos Humanos, do Estado de Direito e da Democracia.
Constituição – Lei fundamental que regula os direitos e os deveres os cidadãos e a estrutura
social, económica e política de um país. Em Portugal, a Constituição da República Portuguesa é de
1976, aprovada pela Assembleia Constituinte de 1975, numa conjuntura pós-25 de abril. Até hoje
já sofreu diversas alterações.
Coisa – é tudo aquilo que pode ser objeto de relações jurídicas;
Comodato – contrato gratuito pelo qual uma das partes entrega á outra certa coisa móvel ou
imóvel, para que se sirva dela, com a obrigação de a restituir.
Contestação - articulado em que o reu depois de citado, apresenta a sua defesa e respetivos
fundamentos de facto e de direito.
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Contrato – diz-se contrato qualquer acordo ou convenção para a execução de algo sob
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determinadas condições. Na criação de um contrato, todas as partes usufruem de liberdade
contratual, isto é, da “faculdade de fixar livremente o conteúdo dos contratos, celebrar
diferentes contratos (…) e incluir nestes as cláusulas que lhes aprouver” dentro dos limites
definidos pela lei (artigo 405.º do Código Civil);
Contrato-promessa – tipo de contrato em que os contraentes prometem fazer um contrato
definitivo, seja qual for o tipo deste último (trabalho, arrendamento, compra e venda, etc.)
(artigo 410.º do Código Civil) - é a convenção pela qual as partes se comprometem a celebrar,
entre si ou com terceiro, um outro contrato ou um negócio jurídico unilateral (contrato ou
negócio prometido)
Contumácia -
Custas – despesas judiciais relativas ao processo cível que compreendem a taxa de justiça e os
encargos.

D
Dados Pessoais - são informação relativa a uma pessoa viva, identificada ou identificável.
Também constituem dados pessoais o conjunto de informações distintas que podem levar à
identificação de uma determinada pessoa.
Dano – prejuízo material (perda ou deterioração de um bem, realização de uma despesa, perda
de um ganho…) ou moral (sofrimento físico ou moral, atentado á dignidade, ao respeito da vida
privada…) sofrido por uma pessoa, por facto de um terceiro;
Decreto-lei – Ato legislativo com força de lei elaborado pelo Governo e aprovado pelo Conselho
de Ministros.
Deferimento – resultado positivo de requerimento.
Despacho – decisão proferida por um juiz num processo sobre matéria pendente ou para
cumprimento de decisões de tribunais superiores.
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Direito – conjunto de regras gerais e abstratas, hipotéticas e dotadas de coercibilidade, que


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regem as relações numa determinada comunidade.
Documento autenticado – é o documento particular que são autenticados quando são
confirmados pelas partes, perante notário ou pessoa com poderes para tal.
Documento autêntico – é o documento exarada com as formalidades legais, pelas autoridades
publicas, nos limites da sua competência com fé publica.
Dolo - É todo ato com que, conscientemente, alguém induz, mantém ou confirma o outro em
erro. É a vontade dirigida à obtenção de um resultado criminoso ou o risco de produzi-lo.
DUC – Documento único de cobrança.

E
Economia processual- princípio através do qual, na tramitação dos processos, devem ser evitadas
dilações de qualquer ordem.
Entrada em vigor – a lei pode entrar em vigor no momento da sua publicação do diário da
república – se assim nela própria se determinar, ou, como é a regra, decorrido um certo lapso de
tempo (vacatio legis) após essa publicação.
Entrega judicial – processo executivo especial e que alguém, que tem a seu favor título que
transmite a propriedade de uma coisa, requer que esta lhe seja entregue.
Escritura pública – documento autêntico realizado pelo notário, que constitui a forma legal de
alguns negócios jurídicos.
Escusa - Liberar de determinada função, encargo ou compromisso;

F
Facto jurídico – qualquer facto, natural ou humano, que produz efeitos de direito.
Férias judicias – são normalmente os períodos de 22/12 a 03/01, entre o Domingo de Ramos e a
segunda-feira de Páscoa e entre 16 de julho e 1 de setembro.
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H
Habeas Corpus -(do latim "que tenhas o corpo") é uma medida judicial que tem como objetivo a
proteção da liberdade de locomoção do indivíduo, quando esta se encontra ameaçada ou
restringida de forma direta ou indireta.
Habilitação – quando na pendencia de uma ação, falece uma das partes, devem os seus
sucessores ou algum deles promover naquela um incidente, designado por habilitação, a fim de
nela poderem substituir o falecido.
Hipoteca – é a mais importante garantia especial das obrigações. Confere ao credor o direito de
ser pago pelo valor de certas coisas imóveis ou equiparadas, pertencentes ao devedor ou a
terceiro, com preferência sobre os demais credores que não gozem do privilégio especial ou de
prioridade no registo.
Honorários -remuneração de serviços prestados por dados profissionais, geralmente exercendo
profissões liberais.

I
Indeferimento – resultado negativo de requerimento.
Indeferimento tácito – é a recusa, por parte da Administração, da pretensão de um particular,
operada automaticamente pela falta de resposta, dentro do prazo legal, a um pedido deste.
Instrumento de Regulamentação Coletiva de Trabalho (IRCT) – são instrumentos que regulam
as relações de trabalho. Podem ser negociais ou não negociais. A sua aplicação pode ser
estendida por decisão unilateral do governo através de portarias de extensão e por portarias de
condições de trabalho.
Indemnização - é a reparação do prejuízo de uma pessoa, em razão da inexecução ou da
deficiente execução de uma obrigação ou da violação de um direito absoluto.
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Insolvência – constitui uma situação o factual de insuficiência patrimonial de qualquer sujeito


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jurídico, traduzida na insusceptibilidade de cumprimento das suas obrigações.
Instância – é a sucessão dos atos processuais que compõem um processo judicial.

J
Juiz – todo aquele que por lei ou designação das partes, exerce funções jurisdicionais, isto é, de
resolução de litígios (conflitos de interesses) entre particulares ou entre particulares e o Estado.
Juízo – órgão judicial resultante do desdobramento de um tribunal de 1º instância. Num juízo,
exercem funções um ou mais juízes de direito.
Julgamento – ato processual pelo qual o tribunal aprecia as provas produzidas ao longo de todo o
processo, e sobretudo, na audiência. O julgamento de uma causa materializa-se, em regra, numa
sentença ou num acórdão.

L
Lacunas – situações que a lei ou norma jurídica não legal não prevê, consequentemente, não
regula, ou aquelas que, estando previstas, não tem regime jurídico.
Lei – Fonte imediata do direito. Preceito ou regra estabelecida por direito. Em Portugal, as leis
são da competência exclusiva da Assembleia da República. A Assembleia da República pode fazer
leis sobre todas as matérias, salvo aquelas que são da competência exclusiva do Governo (artigo
161.º, n.º 1, al. c) da Constituição da República Portuguesa)
Lide – o mesmo que ação.
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M
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Ma fé – corresponde ao conceito oposto de boa-fé, consubstanciando, em regra, o conhecimento
de uma situação ou facto de que se pretende retirar um benefício ilegítimo ou provocar lesão de
um interesse de terceiro. Significa violação do princípio da probidade.
Magistrado – pessoa que exerce funções de autoridade pública, com poderes autónomos de
ordenar e decidir.
Mandante – é a parte num contrato de mandato, que encarrega outrem da realização de atos
jurídicos por sua conta – Art. 1167º c.c
Mandatário – é a parte que se obriga a realizar atos jurídicos por conta de outro contraente –
Art. 1161º c.c
Minuta – documento em que os sujeitos, que se encontrem em negociações para a deliberação
de um futuro contrato, vão recolhendo os acordos parcelares alcançados e que hão de vir a
consubstanciar clausulas no contrato a celebrar.

N
Negligencia – é assimilável ao de mera culpa, omissão do dever de diligencia, sendo a exigência
exigível aquela que teria um bom pai de família em fase das circunstâncias do caso.
Negócio jurídico – é um instrumento privilegiado de autonomia privada., é o facto voluntário
lícito cujo núcleo essencial é constituído por uma ou mais declarações de vontade privada, tendo
em vista a produção de certos efeitos práticos. Os negócios jurídicos podem ser unilaterais ou
bilaterais (contratos) .
Notificação – meio utilizado para chamamento das pessoas a juízo ou para lhes comunicar certos
factos, fora dos casos em que tem aplicação a citação.
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O
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Obrigação – vínculo jurídico por virtude do qual uma pessoa fica adstrita para com a outra à
realização de uma prestação - Art º 397º -c.c
Ónus - Encargo, obrigação
Ofício - é uma correspondência. Nela, são veiculadas ordens, solicitações ou informações com o
objetivo de atender a formalidades e produzir efeitos jurídicos. Assim, o documento representa a
comunicação oficial do remetente para o destinatário, pois usa do canal escolhido pela lei ou
pelas partes para esse fim.
Ofendido – lesado nos seus direitos (processo penal) significa ser a pessoa que sofreu uma
violação dos seus direitos à vida, integridade física ou moral, ou património, em virtude da
prática de um crime.

P
“Pacta sunt servanta” – princípio segundo o qual os contratos devem ser cumpridos nos exatos
termos em que foram celebrados.
Pacto – é um acordo entre as partes.
Parecer – proposição de uma comissão ou entidade sobre qualquer matéria sujeita ao seu
estudo.
Pessoa jurídica – é o ente em que a lei atribui personalidade jurídica. Pode ser pessoa singular ou
pessoa coletiva, consoante se trate de uma pessoa física ou de uma organização de pessoas e
bens.
Petição – é o articulado em que se propõe uma ação, formulando um certo pedido e expondo os
respetivos fundamentos de facto e de direito.
Pena – Punição ou castigo imposto por lei a algum crime, delito ou contravenção
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Penhora - A penhora é a apreensão judicial dos bens e/ou rendimentos do executado para o
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pagamento aos credores no âmbito de processos executivos ou processos de execução fiscal
instaurados.
Efetivamente, se o devedor entra em incumprimento da obrigação a que se encontra adstrito, a
Lei concede ao credor a possibilidade de agir, por intermédio dos Tribunais, contra o património
do devedor.
Portaria – documento oficial assinado pelo ministro em nome do chefe de Estado.
Prazo judicial- prazo fixado por lei ou por despacho do juiz, para a prática de um ato processual.
Presunção – ilações que a lei ou o julgador tira de um facto conhecido para afirmar um facto
desconhecido.
Presunção ilidível – presunções que podem ser argumentadas em contrário, quando a lei não o
proíbe.
Presunção inilidível – presunções que a lei ou o julgador estabelece e que o legislador considera
absolutas, proibindo a sua refutação.
Procuração forense- é um documento que atribui poderes ao mandatário para representar em
todos os atos e termos do processo principal e respetivos incidentes, incluindo os poderes de
substabelecer.
Promulgação – publicar ou mandar publicar uma lei com todos os requisitos executórios para a
tornar executória. Em Portugal, a promulgação é um ato próprio do Presidente da República .
Partes de um processo - Todas a pessoas que fazem parte de uma relação jurídica processual na
condição de interessados numa causa.
Partilha - Divisão de uma herança, de um património, entre os diversos herdeiros.
Patente - Direito exclusivo que se obtém sobre invenções; Contrato entre o Estado e quem faz o
pedido. Dá ao titular o direito exclusivo de produzir e comercializar uma invenção, tendo como
contrapartida a sua divulgação pública.
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Paternidade - Ligação de afinidade que relaciona o pai a seus filhos, podendo ser adoptiva, ou
civil.
Património público - Conjunto de bens materiais ou não, pertencentes a uma entidade de
direito público, que são consideradas de utilidade pública, satisfazendo necessidades colectivas.
Patrocínio judiciário - Exercício de poderes de representação por profissionais do foro
(advogados, advogados estagiários ou solicitadores) na condução técnica do processo, atribuídos
por meio de mandato judicial.
Patrono - Advogados que desempenham um papel fundamental ao longo do período de estágio
da advocacia, sendo a sua função iniciar e preparar os estagiários para o exercício pleno da
profissão.
Perícia - Procedimento de investigação, feita por pessoa habilitada, que visa provar, através de
exame, vistoria e avaliação, de caráter técnico e especializado, um facto que é objecto de litígio,
ou processo.
Periculosidade - Tendência para cometer crimes; Conjunto de factos que podem indicar o
desenvolvimento e/ou execução de um crime, tendo em conta antecedentes criminosos.
Perito - Pessoa com erudição técnica, específica e comprovada aptidão e idoneidade
profissional, nomeada pela autoridade o judicial, a fim de esclarecer e ajudar a Justiça nas suas
investigações.
Presunção de inocência - A presunção de inocência significa que toda a pessoa é considerada
inocente até ter sido condenada por sentença transitada em julgado — portanto, da qual já não
se pode recorrer.
Prisão preventiva - Medida de coacção de natureza cautelar decretada pelo juiz. Sanção máxima
que um suspeito de crime pode ter antes do julgamento.
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Processo cautelar - Aquele que estabelece um padrão de caráter acautelador ou de prevenção.
Processo cível - Processo cível ou civil é a forma de fazer reconhecer em tribunal um direito,
prevenir a sua violação ou impor a sua realização.
Processo criminal - Sequência de atos destinados a apurar se houve um crime e, em caso
afirmativo, que consequências jurídicas deve ter a sua prática.
Processo sumário - Processo penal simples destinado a julgar pessoas que tenham sido detidas
em flagrante delito em crimes a que não seja aplicável pena superior a cinco anos de prisão.
Procedimento criminal - Processo para dar seguimento à apresentação em tribunal de um facto
susceptível de integrar um crime.
Procriação Medicamente Assistida - Conjunto de técnicas e de tratamentos médicos destinados
a favorecer a gravidez, em caso de problemas de fertilidade masculina, feminina ou ambos.
Prorrogação - Adiamento do prazo.
Providência cautelar - Medida judicial urgente que corre paralelamente a uma acção judicial,
visando a obtenção de uma decisão provisória que acautele um determinado direito ameaçado.
Pulseira eletrónica - Dispositivo para garantir a vigilância eletrónica, uma medida alternativa à
cadeia. Dispositivo que funciona como um bilhete de identidade eletrónico do arguido enquanto
sujeito à vigilância, transmitindo sinais em rádio frequência codificados, a intervalos de tempo
curtos. Esses sinais são captados por uma unidade de monitorização instalada na habitação e que
contém um ficheiro informático com os dados da decisão judicial referentes aos horários
(confinamento de 24 horas por dia ou outro), assegurando-se assim a aferição do
comportamento do dispositivo.
Q
Quinhão – direito a receber uma parte da renda, ou uma quota fixa paga em géneros, de um
prédio, que é possuído, ou encabeçado, por um dos seus supostos comproprietários.
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Quota – é utilizada para designar uma parte abstracta do património hereditário – por exemplo-
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quota hereditária.
Nas sociedades a quota do sócio é o conjunto de direitos e obrigações para ele resultantes do
contrato de sociedade e cujo âmbito se determina em função da respetiva entrada ou de outros
fatores previstos na lei.

R
Ratificação – Ato do Presidente da República que atesta a vinculação do Estado português aos
tratados internacionais aprovados pela Assembleia da República.
Recurso - impugnação da decisão de um tribunal. O recurso deve ser interposto para o tribunal a
que está hierarquicamente subordinado aquele de que se recorre.
Referendo - Instrumento de democracia direta através do qual os cidadãos eleitores são
chamados a pronunciar-se por sufrágio direto e secreto sobre determinados assuntos de
relevante interesse nacional.
Registo civil - organiza e realiza a publicidade de factos que interessam à condição jurídica das
pessoas singulares. Exemplo - filiação, nascimento, adoção, casamento, divórcio, morte.
Registo predial - organiza e realiza a publicidade de factos que respeitam à situação dos prédios,
e tendo em vista a segurança do comercio jurídico imobiliário.
Registo comercial - organiza e realiza a publicidade de factos que interessam à condição jurídica
das pessoas coletivas.
Registo automóvel - O registo automóvel identifica o proprietário e a matrícula do veículo, sendo
obrigatório em qualquer compra e venda. Para quem compra, este documento atesta que,
legalmente, o veículo lhe pertence. Já para quem vende, o registo automóvel desonera-o da
responsabilidade de eventuais problemas que ocorram com o veículo, uma vez que já não é o seu
proprietário legal.
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Regulamento – disposição oficial através da qual se explica ou se regulamenta a execução de


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uma lei ou decreto. Os regulamentos devem indicar expressamente quais as leis que visam
regulamentar ou que definem que estes devem ser emitidos (artigo 112.º, n.º 6 da Constituição
da República Portuguesa).
Requerimento -documento pelo qual uma parte faz ao juiz uma solicitação. Os requerimentos
podem ser assinados pelos interessados ou pelos seus mandatários judiciais.
Requerente -
Requerido -
Retificação – correção de determinado diploma legal.
Réu – parte principal numa ação, é aquele contra quem a ação é proposta.
Revogação de procuração – a procuração é livremente revogável pelo representado, não
obstante convenção em contrário ou renuncia ao direito de revogação.
Revogação de testamento- faculdade que o testador tem de revogar, no todo ou em parte.
Rol de testemunhas – as testemunhas num processo são apresentadas pelos seus nomes,
profissões e moradas.

S
Secretaria judicial – conjunto de funcionários encarregados de assegurar os serviços de
expediente dos tribunais judiciais.
Sentença – decisão final de um litígio – quer se trate da causa principal, quer de algum incidente
desta-proferida pelo juiz.
Quando a sentença é proferida por um tribunal superior designa-se por acórdão.
Sigilo profissional – quer os advogados, magistrados, procuradores do ministério publico e
funcionários judiciais e secretários forenses estão obrigados ao sigilo profissional. Devendo
abster-se de discutir em publico ou nos meios de comunicação social questões pendentes ou a
instaurar perante os tribunais ou outros órgãos do estado;
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Substabelecimento – é o contrato de mandato que o mandatário faz com outrem, no âmbito do


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seu primitivo contrato.
Com reserva e sem reserva-
T
Testamento – ato unilateral e revogável pelo qual uma pessoa dispõe, para depois da morte, de
todos os seus bens ou de parte deles.
Toga – traje profissional dos advogados e dos advogados estagiários, cujo uso é obrigatório
quando pleitam oralmente e cujo modelo é fixado pelo conselho geral da ordem dos advogados.
Transito em julgado – uma decisão judicial cuja sentença ou despacho, transita em julgado
quando se torna insuscetível de recurso ou de reclamação.
A sentença transita em julgado, tornando-se firme, quando, pelo valor da causa ou por outro
fator previsto na lei, não seja admissível recurso ordinário ou reclamação.
A definição de sentença transitada em julgado consta do art.º 628.º do Código de Processo Civil
(CPC).
Tratado – acordo internacional concluído por escrito entre Estado e regido pelo direito
internacional (artigo 2.º, n.º 1, al. a) da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados)
Tribunal Constitucional – é o tribunal que ocupa o lugar mais alto na hierarquia judiciária da
organização judiciária portuguesa. Este órgão de soberania ocupa-se da proteção da Constituição
enquanto lei fundamental da República Portuguesa. E o único tribunal cujas decisões são
definitivas e inapeláveis. É o único tribunal da jurisdição constitucional.
Tribunal da Relação – tribunais de segunda instância, isto é, tribunais para os quais o cidadão
pode dirigir um recurso quando não concorda com uma decisão de um tribunal de primeira
instância. Estes tribunais são organizados em secções que tratam as matérias cíveis, penais e
sociais, poderão também existir secções em matéria família e menores, matéria de comércio, de
propriedade intelectual e de concorrência, regulação e supervisão. Em Portugal, podemos
encontrar tribunais da relação no Porto, em Guimarães, em Coimbra, em Lisboa e em Évora.
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Tribunal Judicial – tribunais de primeira instância aos quais os cidadãos podem dirigir um pedido
23
para resolução de um conflito.

U
União Europeia – organização supranacional com vista à união económica e política da qual
fazem parte (ainda) 28 Estados-Membros europeus, incluindo Portugal. Portugal aderiu a esta
União em 1985, em simultâneo com a vizinha Espanha.
Unidades orgânicas – são apenas formas de organização interna das secretarias dos tribunais
administrativos e fiscais. Permitem distinguir e distribuir de forma mais clara os processos.
É uma repartição administrativa de uma entidade, que faz parte da sua estrutura e não tem
autonomia jurídica.
Usucapião – instituto legal através do qual o possuidor pode adquirir propriedade através da
posse pacífica e por determinado período de tempo (artigo 1287.º do Código Civil).
Usufruto – é o direito de gozar temporária e plenamente uma coisa ou direito alheio, sem alterar
a sua forma ou substância.
Usurpação - O tipo criminal em questão envolve a conduta de, por meio de violência ou ameaça
grave, invadir ou ocupar coisa imóvel alheia, com intenção de exercer direito de propriedade, uso
ou servidão não tutelados por lei, sentença ou ato administrativo.
V
Vacatio legis – período que decorre entre a publicação de uma lei e a sua entrada em vigor,
destinado a possibilitar o seu conhecimento pelos respetivos destinatários.
Valor da causa – a toda a causa tem de ser atribuído um valor certo, expresso em moeda legal,
determinado no momento da propositura da ação e que deve constar da petição inicial.
Veto político - Recusa da promulgação pelo Presidente da República ou da assinatura pelo
Representante da República de qualquer decreto por motivos de oposição política ao seu
conteúdo.
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Violação de correspondência - Abertura, sem consentimento, de encomenda, carta ou qualquer


24
outro escrito que se encontre fechado e lhe não seja dirigido, ou tomar conhecimento, por
processos técnicos, do seu conteúdo, ou impedir, por qualquer modo, que seja recebido pelo
destinatário.
Violação de domicílio - Quem se introduzir na habitação de outra pessoa contra a vontade do
seu proprietário
Violação da Obrigação de Alimentos - Violação da obrigação legal de prestação de alimentos em
relação a quem deles tenha direito, a quem é sujeito de uma relação familiar ligada ao
casamento ou à filiação e outras formas qualificadas de parentesco. A obrigação da prestação de
alimentos visa a proteção das “necessidades fundamentais” do titular do direito a alimentos, o
qual é sujeito de uma relação familiar ligada ao casamento ou à filiação e outras formas
qualificadas de parentesco.
Violência doméstica - Pratica o crime de violência doméstica quem infligir maus-tratos físicos ou
psíquicos, uma ou várias vezes, sobre cônjuge ou ex-cônjuge, unido/a de facto ou ex-unido/a de
facto, namorado/a ou ex-namorado/a ou progenitor de descendente comum em 1.º grau, quer
haja ou não coabitação. Também pratica o crime de violência doméstica quem infligir maus-
tratos físicos ou psíquicos, uma ou várias vezes, sobre pessoa particularmente indefesa em razão
da idade, deficiência, doença, gravidez ou dependência económica, desde que com ela coabite.
Vítima de crime - Pessoa que, em consequência de acto ou omissão violadora das leis penais em
vigor, sofreu um atentado à sua integridade física ou mental, um sofrimento de ordem moral ou
uma perda material. O conceito de vítima abrange também a família próxima ou as pessoas a
cargo da vítima directa e as pessoas que tenham sofrido um prejuízo ao intervirem para prestar
assistência às vítimas em situação de carência ou para impedir a vitimação.
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X
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Xenofobia - Ódio a estrangeiros. Considerado crime de ódio. É crime se preencher os requisitos
previstos no Artigo 240.º do Código Penal (discriminação racial) que tipifica e pune o crime de
discriminação e incitamento ao ódio e à violência.
Xenófobo - Que demonstra aversão ao que é estrangeiro.

Z
Zelo – Dever de zelo – dever deontológico
Zoofilia – pratica de atos sexuais com animais
____________________________________”____________________________________

3 - A Etiqueta nos Contactos:

A etiqueta empresarial é necessária em todos os relacionamentos comerciais a fim de os


negócios se realizarem com cortesia e gentileza, de forma a tornar o ambiente mais agradável e
facilitar a interação com pares, clientes e hierarquias.

3.1 - Atendimento de clientes e hierarquias da organização

Adotar uma postura discreta e boas maneiras, sendo-se socialmente correto, é, para qualquer
profissional, obrigatoriamente indispensável no atendimento e comunicação ao cliente.

Existem regras profissionais e de etiqueta que simplificam a boa convivência no ambiente de


trabalho:
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 Respeito - "Sempre tratar todos como gostaria de ser tratado". Desde o estagiário até o
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presidente. E isso vale para todo os níveis de interação: vertical para cima (relação com
chefes), horizontal (relação com pares) e vertical para baixo (com seus subordinados).
 Simpatia e Educação - Cumprimentar todos de forma educada e simpática, sempre.
 Respeito a Hierarquia – Exemplos: – a pessoa mais importante ou de maior autoridade é
mencionada primeiro nas apresentações; O cliente (sempre a pessoa mais importante) é
apresentado aos colegas, independente da hierarquia.
 Empatia

Assuntos que o secretário forense não deve abordar nas relações profissionais:

 Alterações de peso ou na aparência;


 Problemas de saúde ou problemas em casa;
 Fofocas, boatos;
 Vida amorosa;
 Questões financeiras;
 Piadas referentes a algum grupo, etnia, religião;
 Pontos de vista fortes sobre religião, política ou orientações sexuais.

Assim o secretário forense deve sempre:

a) Adotar uma postura positiva, discreta e cordial a nível pessoal, fazendo-se notar as
qualificações profissionais;
b) Ser simpático, mas sem ser subserviente para o cliente;
c) Apresentar um sorriso alegre e natural;
d) Apresentar uma postura elegante para com o cliente, e não uma postura estática e
militar;
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e) Saber ouvir a reclamação do cliente até ao fim, já diz a velha máxima ‘o cliente tem
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sempre razão’, embora, na verdade, nem sempre se verifique;
f) Ser pontual;
g) Nunca cruzar os braços perante um cliente, dado que denota uma atitude defensiva,
negativa e hostil;
h) Não encolher os ombros, caso contrário transmite uma postura de insegurança e
incerteza perante o cliente;
i) Esfregar o olho ou desviar o olhar, uma vez que denota uma atitude de algum
desinteresse ou falta de atenção para com o cliente;
j) Na receção, o rececionista, quando sentado, deve ajustar o seu corpo às costas da
cadeira, adotando uma postura direita;
k) Nunca descansar os cotovelos no balcão da receção;
l) Deve pedir desculpa e pedir licença sempre que um colega de trabalho o aborda, ou o
telefone toca, ou qualquer outra situação que reclame a sua atenção;
m) Nunca deve distrair-se com questões pessoais (o seu telemóvel por exemplo) enquanto
está a atender um cliente.

3.2 - Serviço de relações públicas


O secretário forense é também visto como relação publicas dum escritório, pois contribui para
criar e fortalecer vínculos, aproximando a organização (escritório de advogados, solicitadores e
agentes de execução ou sociedade de advogados) de seus objetivos.
A aparência de um (a) secretário (a) espelha a imagem de toda empresa, na medida em que ele
(a) é o “cartão de visitas” da organização e, dessa forma, deve possuir uma aparência sóbria
(discreta), que não comprometa a imagem de sua EMPRESA.
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O (a) secretário (a) deve ter lealdade e discrição, não devendo por isso, fazer qualquer tipo de
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comentário em público sobre seu superior. O (a) secretário (a) tem acesso a documentos
confidenciais e, por isso:
• Não deverá revelar os segredos comerciais/ profissionais, nem mesmo após deixar o escritório.
• Deverá saber o limite de sua autoridade.
• Solicitar instruções completas e claras, agindo com a máxima competência e procurando
sempre não comentar nem especular sobre o que lhe for informado.

3.3 - O telefone/ telemóvel e o -email (correio eletrónico) como instrumento de imagem e de


negócios

Por mais antigo que seja, entre a panóplia de meios de comunicação que hoje temos à nossa
disposição, o telefone/ telemóvel ainda é uma grande ferramenta de trabalho, ao serviço da
advocacia bem como o correio eletrónico.

4 - O secretariado no apoio às reuniões:

4.1 Preparação de uma reunião


1. Objetivos da reunião
As reuniões podem ter os seguintes objetivos:
● Troca de informações
● Planeamento
● Solução de problemas
● Combinação de todos estes elementos
2. Logística
Deve-se considerar o seguinte:
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● Reservar sala
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● Colocação do material necessário:
○ Blocos de notas, canetas
○ Data show,
○ Documentos a disponibilizar aos participantes que também devem ser enviados antes para
análise dos mesmos;
3. Check-list para reunião
• Ordem de trabalhos
• Convocatória
• Confirmações
• Marcação de sala + material necessário à reunião
• Marcação de lugares
• Coffee Break

4.0 Verificar quem tem a responsabilidade de tirar notas das conclusões da reunião para
redação da ata
 4.1 - Redação de convocatórias e atas.

4.2 - Convocatória
Elementos essenciais de uma convocatória:
● Local
● Hora
● Data
● Ordem do dia/Assuntos a discu r.

A convocatória pode seguir por email, por telefone ou por carta.


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Se a reunião tiver um carácter urgente, poderá ser necessário que a convocatória seja feita por
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telefone, contudo, deverá sempre existir um email que contenha todos os elementos e se
possível uma confirmação escrita.

4.3 - Atas
Uma ata é um manuscrito elaborado para relatar o decurso de uma reunião, com o fim de
manter um registo oficial, destinado a consultas e verificações futuras.
Características especiais: É sempre aprovada pelos participantes na reunião e deve ser redigida
de modo a não permitir modificação posterior.

Elementos obrigatórios:
 Indicação do número de ordem da ata – usualmente as atas são inseridas em livros de ata
e devem ter a identificação da ordem;
 Data, hora e local da reunião;
 Menção das suas características (se se trata de sessão ordinária ou extraordinária; se é
realizada em primeira ou segunda convocatória, ETC)
 Referência à orgânica do funcionamento da reunião - identificação do presidente, do
secretário e orientação dos trabalhos.
 Identificação das pessoas presentes e ausentes da reunião (lista de presenças);
 Indicação da existência ou não de quórum
 Transcrição dos pontos de agenda que foram tratados (ordem de trabalhos)
 Referência dos documentos e relatórios submetidos à consideração na reunião
 Relato fiel da sequência cronológica das ocorrências e das intervenções – nestas
ocorrências e intervenções incluímos comunicações, avisos, declarações, propostas, debates,
deliberações;
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 Menção de alguma circunstância que tenha impedido o funcionamento da assembleia ou


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a continuação dos trabalhos;
 Comunicações feitas pelo presidente da mesa;
 Resultado das votações efetuadas, especificando so votos a favor e contra e eventuais
declarações de voto proferidas;
 Menções de incidentes eventualmente ocorridos e respetiva solução;
 Havendo interrupção dos trabalhos, especificação do tempo que esta durou e indicação
da hora de reinício.
 Indicação da hora em que os trabalhos foram encerrados ou suspensos;
 Indicação do dia da continuação dos trabalhos (se for o caso);
 Menção de que a ata foi lida e votada nessa sessão ( se for o caso);
 Assinatura do presidente e dos secretários.

Início da ata:
“Aos __________ dias do mês de _________ de _____________, pelas ______ horas e
_______ minutos reuniu-se a ___________”, no local_____________ com a seguinte ordem de
trabalhos:

Término da ata
“E nada mais havendo a tratar, foi encerrada a sessão, quando eram vinte horas e trinta
minutos, da qual foi lavrada a presente ata que, depois de lida e aprovada, vai
ser assinada pelo presidente e por mim que a secretariei.”
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O que deve e não deve conter as atas:

SIM NÃO
 Escrita dos números por extenso para  Uso de algarismos, de modo que não
assegurar a fiabilidade, evitar dúvidas e assegura eficazmente a permanência
interpretações incorretas da fiabilidade dos dados registados.
 Inexistência de espaços em branco,  Existência de linhas não ocupadas
que devem, todos eles, ser trancados, pela escrita ou trancadas por traços.
evitando qualquer acrescento de palavras.  Uso de abreviaturas.
 Inexistência de abreviaturas.  Texto rasurado.
 Inexistência de rasuras.  Uso de corretor.
 Emenda de erros ou lapsos, através  Utilização de folhas sem linhas, soltas
da palavra retificativa digo, seguida do e não numeradas.
registo correto do que se pretendia  Ilegibilidade da caligrafia.
 Uso de verbos no pretérito perfeito do  Erros de linguagem.
 indicativo.  Aspeto gráfico confuso e pouco limpo.
 Retificação de erros ou omissões, após
lavrada a ata, através da expressão:
Em devido tempo se declara que onde
se lê….., se deve ler…..
 Utilização, como suporte, de um livro
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cartonado de folhas pautadas e


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numeradas.
 Cuidado com a legibilidade da
caligrafia.
 - Correção linguística.
 - Limpeza e clareza do aspeto gráfico
em geral

Assim e em conclusão:
Os 6 checklists para uma reunião de sucesso:

Planeamento da reunião: é preciso fazer um planeamento de quais são os pontos relevantes


para a necessidade da reunião.
Antes da reunião: antes de iniciar a reunião é preciso certificar-se se tudo está preparado para
que não exista nenhuma interrupção indesejável e que não se desvie o foco. Nesse caso, é
preciso verificar as condições do projetor,do vídeo, a ordem dos documentos, os slides e gráficos,
os papéis, marcadores de quadro, entre outros que se farão necessários para o possível
andamento ininterrupto da reunião.
Pré-reunião: ao receber os convidados / colegas/ participantes, antecipar o tempo que a
reunião vai demorar. Conferir se todos estão bem acomodados, se alguém precisa de água, café.
Tente ser cordial e simpático nesse momento, para diminuir a tensão e que a reunião possa
render melhor.
Durante a reunião: anunciar previamente a agenda da reunião, é importante levar à risca o
cronograma dos assuntos ( ordem de trabalhos) e a cada assunto encerrado verificar se existe
alguma dúvida.
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No fim da reunião: Para que as reuniões tenham efeito, é importante que o tempo seja
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respeitado, caso contrário haverá a notória diminuição dos níveis de concentração e
comprometimento dos convocados.
Pós-reunião: além da limpeza e organização do local, certificar-se do envio das atas das
reuniões por e-mail para todos os presentes. Essa é uma excelente maneira de frisar todos os
pontos e comprovar que determinado assunto já foi abordado na reunião.

5.O português/redação forense:


O escrever corretamente assume no campo do Direito valor maior do que em qualquer outro
setor. O advogado que arrazoa ou peticiona ou o juiz que sentencia ou despacha têm de
empregar linguagem escorreita e técnica. A boa linguagem é um dever do advogado para consigo
mesmo.
O Direito é a profissão da palavra, e o operador do Direito, mais do que qualquer outro
profissional, precisa saber usá-la com conhecimento, tática e habilidade. Deve-se prestar muita
atenção à principal ferramenta de trabalho, que é a palavra escrita e falada, procurando
transmitir melhor o pensamento com elegância, brevidade e clareza.
Nesse contexto surge a redação forense ou o português jurídico.

A linguagem jurídica corresponde à linguagem utilizada por juristas e operadores do direito para
criar diálogos inerentes a essa ciência, através do bom uso da redação forense e do português
jurídico.
 Comunicação escrita
Os documentos redigidos com o português jurídico devem ter sempre as seguintes
características:
•Clareza;
•Coerência;
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•Concisão;
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• Correção;
• Precisão;
•Simplicidade;
•Conhecimento;
•Criatividade.

 Tipologia de documentação forense (ver Anexo I – minutas de contrato, cartas, minutas,


procuração, substabelecimento)
1.Como redigir um contrato?
2.Como redigir uma procuração?
3.Como redigir um requerimento

1.Como redigir um contrato de trabalho?


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O contrato de trabalho é aquele pelo qual uma pessoa se obriga, mediante retribuição, a prestar
a sua atividade intelectual ou manual a outra pessoa, sob a sua autoridade ou direção desta
(artigo 1152.º do Código Civil).
Para que o contrato de trabalho esteja em conformidade com a lei é preciso que respeite
diversas formalidades. A mais importante é o cumprimento do dever de informação, explanado
no artigo 106.º do Código do Trabalho.

Assim diz-nos o artigo 106º do Código do trabalho, o seguinte:


Artigo 106.º- Dever de informação
1 - O empregador deve informar o trabalhador sobre aspetos relevantes do contrato de
trabalho.
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2 - O trabalhador deve informar o empregador sobre aspetos relevantes para a prestação


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da atividade laboral.
3 - O empregador deve prestar ao trabalhador, pelo menos, as seguintes informações:
a) A respetiva identificação, nomeadamente, sendo sociedade, a existência de uma
relação de coligação societária, de participações recíprocas, de domínio ou de grupo, bem
como a sede ou domicílio;
b) O local de trabalho ou, não havendo um fixo ou predominante, a indicação de que o
trabalho é prestado em várias localizações;
c) A categoria do trabalhador ou a descrição sumária das funções correspondentes;
d) A data de celebração do contrato e a do início dos seus efeitos;
e) A duração previsível do contrato, se este for celebrado a termo;
f) A duração das férias ou o critério para a sua determinação;
g) Os prazos de aviso prévio a observar pelo empregador e pelo trabalhador para a
cessação do contrato, ou o critério para a sua determinação;
h) O valor e a periodicidade da retribuição;
i) O período normal de trabalho diário e semanal, especificando os casos em que é
definido em termos médios;
j) O número da apólice de seguro de acidentes de trabalho e a identificação da entidade
seguradora;
l) O instrumento de regulamentação coletiva de trabalho aplicável, se houver.
m) A identificação do fundo de compensação do trabalho ou de mecanismo equivalente,
bem como do fundo de garantia de compensação do trabalho, previstos em legislação
específica.
4 - A informação sobre os elementos referidos nas alíneas f) a i) do número anterior pode
ser substituída pela referência às disposições pertinentes da lei, do instrumento de
regulamentação coletiva de trabalho aplicável ou do regulamento interno de empresa.
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5 - Constitui contraordenação grave a violação do disposto em qualquer alínea do n.º 3.


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2. Como se redige uma procuração?


A procuração é um documento através do qual uma pessoa singular ou coletiva pode
atribuir poderes a outra, isto é, conferir autoridade para a prossecução de determinados
atos.
O Código Civil define procuração como:
Artigo 262.º do Código Civil (Procuração)
1. Diz-se procuração o ato pelo qual alguém atribui a outrem, voluntariamente, poderes
representativos.
2. Salvo disposição legal em contrário, a procuração revestirá a forma exigida para o
negócio que o procurador deva realizar.
O objeto da procuração pode incidir sobre questões gerais ou questões específicas.
Deve-se ter em atenção se a lei permite que a representação através de procuração geral
ou específica, como é o caso, por exemplo do casamento por procuração previsto no
Código Civil:
Artigo 1620.º do Código Civil (Casamento por procuração)
1. É lícito a um dos nubentes fazer-se representar por procurador na celebração do
casamento.
2. A procuração deve conter poderes especiais para o ato, a designação expressa do
outro nubente e a indicação da modalidade de casamento.

Nos termos do artigo 116º do Código de Notariado , as procurações que exijam


intervenção notarial podem ser lavradas por instrumento publico, por documento escrito
e assinado pelo representado com reconhecimento presencial da letra e assinatura ou por
documento autenticado.
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Elementos essenciais que deve contar uma procuração:
- Identificação das partes;
- Quem quer ser representado;
- Quem representa;
- Finalidade e poderes transferidos;
- Localidade e data;
- Assinatura de ambas as partes e de testemunha (caso seja necessário)

3. Como redigir um requerimento?


Um requerimento é um documento escrito dirigido a um serviço público, por meio do
qual se faz, à autoridade competente, um pedido ou uma solicitação sobre um assunto
que é do interesse do requerente.

Elementos essenciais dum requerimento:


• Vocativo – Exmo.(a). Sr.(a).
• Identificação do requerente (3.ª pessoa)
• “vem requerer a… que”
• “Pede deferimento” ou “E.D” (data e assinatura)
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6.
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A Introdução ao Direito
Noções de Direito
A palavra direito possui mais de que um significado:
O termo direito provém da palavra latina directum, que significa reto, no sentido retidão, o certo,
o correto, o mais adequado.
É o ramo das ciências sociais que estuda o sistema de normas que regulam as relações sociais: o
que os juristas chamam de ciência do direito.
1 - O Direito é a solução fundamentada de problemas práticos.
2 - «O Direito é a arte do bom e do justo»;
3 - «O Direito é justiça pensada»;
4 - «O Direito é vontade de justiça» ;
5 - «O direito consiste [num] válido dever-ser que é.» ;
6 - «O direito é o ato histórico do autónomo dever-ser do homem convivente»;
7 - O Direito é a solução fundamentada de problemas práticos;
8 - Direito são os critérios de resolução de litígios sociais, etc, etc.

 Distinção entre Direito Público e Direito Privado

O DIREITO é constituído por dois grandes ramos do Direito:


- DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO

DIREITO PÚBLICO - É aquele ramo do direito que regula as relações jurídicas entre o Estado e os
cidadãos, em que o Estado intervém com o seu poder de autoridade, ou poder soberano (
imperium).
Exemplo: quando o Estado cria os impostos intervém munido do seu poder de autoridade.
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RAMOS DE DIREITO PÚBLICO:


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Direito Constitucional,
Direito Penal,
Direito Administrativo,
Direito Fiscal,
Direito Internacional Público.

DIREITO PRIVADO -É aquele ramo do direito que regula as relações jurídicas dos cidadãos entre
si, ou entre os cidadãos e o Estado, em que o Estado atua sem o seu poder de autoridade, atua
em pé de igualdade com os cidadãos.
RAMOS DO DIREITO PRIVADO:
Direito Civil (direito comum),
Direito Comercial,
Direito do Trabalho,
Direito Internacional Privado.
Exemplo:
O Estado pretende arrendar um imóvel a um particular, para nele instalar determinado serviço.
O Estado pretende comprar um automóvel a um particular.
Aqui o Estado vai celebrar um contrato de arrendamento ou um contrato de compra e venda, em
pé de igualdade com o senhorio ou com o vendedor.
Portanto o Estado neste caso atua como se fosse um particular.
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42

Assim:
O direito é essencial à vida em sociedade, ao definir direitos e obrigações entre as pessoas e ao
resolver os conflitos de interesse.
Ou seja: O direito privado não inclui apenas os interesses individuais, mas inclui também a
proteção de valores e de interesse coletivo, como a família, por exemplo.
Pertencem ao direito privado ramos como o direito civil e o direito comercial.
O direito privado baseia-se no princípio da autonomia da vontade, isto é, as pessoas gozam da
faculdade de estabelecer entre si as normas que desejarem.
Já o direito público segue princípio diverso, o chamado princípio da legalidade estrita, pelo qual
o Estado somente pode fazer o que é previsto na lei.
A autonomia da vontade também está sujeita ao princípio da legalidade, mas em menor grau -
em direito privado, tudo que não é proibido é permitido.
Alguns ramos do direito são considerados mistos, por ali coincidirem interesses públicos e
privados.
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43
As fontes do Direito
As normas do direito são criadas, modificadas e extintas por meio de certos tipos de atos,
chamados pelos juristas de fontes do direito.
Fontes de Direito:
1 – Costume;
2 – Lei;
3 – Jurisprudência;
4 – Doutrina

1 - COSTUME - Historicamente, a primeira manifestação do direito é encontrada no costume,


consubstanciado no hábito de os indivíduos se submeterem à observância reiterada de certos
usos, convertidos em regras de conduta.
2 - LEI – regra jurídica escrita - Entendida como o conjunto de textos editados pela autoridade
superior (em geral, o poder Legislativo ou a Administração pública).
Costuma-se incluir aqui os regulamentos administrativos.
Os diplomas emanados da Assembleia da República têm a designação de Leis;
Os diplomas emanados do Governo têm a designação de Decretos-Lei.
3 - Jurisprudência: conjunto de interpretações das normas do direito proferidas pelo poder
Judiciário.
É o conjunto de decisões (sentenças e acórdãos) proferidas pelos tribunais ao fazerem a
interpretação e aplicação da lei aos casos concretos que lhe são submetidos.
Assim:
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44

Tipos de decisões judiciárias:


SENTENÇAS - São as decisões proferidas pelos tribunais singulares, ou seja, decisões proferidas
por um único juiz;
ACÓRDÃOS - São as decisões proferidas por tribunais coletivos, que são constituídos por três
juízes.
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4 - DOUTRINA - a opinião dos juristas sobre uma matéria concreta do direito.


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É o conjunto de estudos, opiniões e pareceres dos jurisconsultos sobre a forma adequada de
interpretação, integração ou aplicação do Direito.
Jurisconsultos são juristas qualificados, em geral, professores nas Universidades.
A doutrina consta de tratados, manuais, comentários às leis (códigos) e à jurisprudência,
monografias e estudos jurídicos vários.

 Características da norma jurídica

Normas jurídicas são, essencialmente, regras sociais, isso significa que a função das normas
jurídicas é disciplinar o comportamento social dos homens.
As normas jurídicas, ou seja, a lei, possuem as seguintes características:

 Bilateralidade
Essa característica tem relação com a própria estrutura da norma, pois, normalmente, a norma é
dirigida a duas partes, sendo que uma parte tem o dever jurídico, ou seja, deverá exercer
determinada conduta em favor de outra, enquanto, essa outra, tem o direito subjetivo, ou seja, a
norma concede a possibilidade de agir diante da outra parte. Uma parte, então, teria um direito
fixado pela norma e a outra uma obrigação, decorrente do direito que foi concedido.
 Generalidade
Relacionada ao facto da norma valer para qualquer um, sem distinção de qualquer natureza, para
os indivíduos, também iguais entre si, que se encontram na mesma situação. Esta característica
consagra um dos princípios basilares do Direito: igualdade de todos perante a lei.
 Abstrata
A norma não foi criada para regular uma situação concreta ocorrida, mas para regular, de forma
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abstrata, abrangendo o maior número possível de casos semelhantes, que, normalmente,


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ocorrem de uma forma. A norma não pode disciplinar situações concretas, mas tão somente
formular os modelos de situação, com as características fundamentais, sem mencionar as
particularidades de cada situação, pois é impossível ao legislador prever todas as possibilidades
que possam ocorrer nas relações sociais.
 Imperatividade
A norma, para ser cumprida e observada por todos, deverá ser imperativa, ou seja, impor aos
destinatários a obrigação de obedecer. Não depende da vontade dos indivíduos, pois a norma
não é conselho, mas ordem a ser seguida.
 Coercibilidade
É a possibilidade do uso da força para combater aqueles que não observam as normas. Essa força
pode se dar mediante coação, que atua na esfera psicológica, ou por sanção (penalidade), que é
o resultado do efetivo incumprimento.

6.1 – ORGÃOS DE SOBERANIA

Os órgãos de soberania são: A Assembleia da República, o Presidente da República, o Governo e


os Tribunais são os órgãos de soberania portugueses. Os órgãos de soberania exercem os
poderes soberanos do Estado e estão previstos na Constituição da República Portuguesa (CRP).

A Assembleia como órgão de soberania


O Parlamento português, ou Assembleia da República, é constituído por uma câmara de
Deputados que representa todos os portugueses.
Os Deputados são eleitos por sufrágio universal direto e secreto.
A Assembleia da República representa todos os cidadãos portugueses, age em seu nome e é
responsável perante estes.
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A Assembleia da República tem os poderes principais de legislar, isto é, de fazer as leis, e de
fiscalizar a atuação do Governo. Além disso, destaca-se no sistema político, não só pela sua
função primordial de representação dos cidadãos, mas também por estar na base de formação
do Governo e ser o órgão perante o qual o Governo tem de responder.
Só a Assembleia da República pode legislar sobre determinadas matérias definidas na
Constituição (competência legislativa exclusiva).
Alguns exemplos de matérias sobre as quais só o Parlamento pode legislar:

 Constituição da República Portuguesa


 Lei Eleitoral
 Organização e funcionamento do Tribunal Constitucional
 Lei dos partidos políticos
 Orçamento do Estado, sob proposta do Governo
 Regime do Referendo
 Regime do Sistema de Informações da República
 Regime do Segredo de Estado
 Bases gerais do ensino
 Defesa nacional
Além disso, pode também legislar, a par de outros órgãos, em todas as restantes matérias, com
exceção das relativas à organização e funcionamento do Governo.

O Presidente da República

O Presidente da República é o Chefe de Estado. Assim, nos termos da Constituição da Republica


Portuguesa, ele “representa a República Portuguesa”, “garante a independência nacional, a
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unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas” e é o Comandante


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Supremo das Forças Armadas.
Como garante do regular funcionamento das instituições democráticas tem como especial
incumbência a de nos termos do juramento que presta no seu ato de posse, “defender, cumprir e
fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa”.
A legitimidade democrática que lhe é conferida através da eleição direta pelos portugueses é a
explicação dos poderes formais e informais que a Constituição lhe reconhece, explícita ou
implicitamente, e que os vários Presidentes da República têm utilizado.

O Governo
O Governo é essencialmente o órgão de soberania que conduz a política geral do país e é o órgão
superior da Administração Pública.
Compete ao Governo: fazer decretos‑leis em matérias não reservadas à Assembleia da República;
fazer decretos‑leis em matérias de reserva relativa da Assembleia da República (por exemplo,
direitos, liberdades e garantias, crimes e penas, expropriação por utilidade pública, etc.),
mediante autorização desta; fazer decretos‑leis de desenvolvimento dos princípios contidos em
leis que contenham bases gerais de regimes jurídicos.
Os Tribunais
Procedeu-se ao reajustamento, por referência a Janeiro de 2017, do mapa judiciário,
disponibilizando-se, em áreas territoriais marcadas pela interioridade, 47 juízos de proximidade –
20 por reativação de tribunais encerrados em 2014 e 23 por conversão de secções de
proximidade, tornou-se injuntiva, em 43 deles, a realização da audiência de julgamento perante o
tribunal singular, e estendeu-se, em alguns deles, a competência para a jurisdição de menores;
criaram-se, por desdobramento de juízos de família e menores 7 novos juízos, 4 dos quais já se
mostram instalados.
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AVALIAÇÃO DO MAPA JUDICIÁRIO


Procedeu-se a uma avaliação global do mapa judiciário:
 Clarificação das competências do MP e PJ na prevenção e combate ao branqueamento
de capitais e financiamento do terrorismo
 Piloto tribunal: melhor atendimento e otimização do funcionamento das secretarias
 Roll out tribunal : melhor atendimento e otimização do funcionamento das secretarias
 Programa justiça + próxima: 73 medidas concluídas
 Alertas eletrónicos para os mandatários - Criou-se o serviço de alerta dos mandatários
judiciais de notificações, por SMS ou correio eletrónico, relativas a alteração de
diligências, evitando atrasos e ou deslocações inúteis, serviço que, em março de 2018,
registava já uma taxa de adesão dos mandatários judiciais de 78%.
 Registo criminal online - Facultou-se a dedução, por via eletrónica, do pedido de
certificado do registo criminal, com a consequente dispensa de deslocação dos cidadãos
para a obtenção presencial desse documento e libertação das secretarias judiciais da
atividade correspondente https://registocriminal.justica.gov.pt;
 Simplificação da linguagem nas injunções
 Aumento do limite eletrónico das peças processuais - Aumentou-se o limite da
dimensão das peças processuais a submeter no Citius e SITAF pelos mandatários
judiciais de 3MB para 10 MB.
 Comunicação eletrónica dos acordos de regulação parental entre conservatórias e
tribunais
 Integração eletrónica com psp em todo o território (inquéritos para mp)
 Alargamento do citius ao penal e promoção\proteção (família e menores) - Desde julho
2017 que o regime de tramitação eletrónica é aplicado em todas as áreas processuais dos
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tribunais judiciais, com a extensão da sua aplicação aos processos penais (neste caso
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apenas a partir do julgamento), aos processos de contraordenação e aos processos de
promoção e proteção de crianças e jovens em perigo.
 Automatização do ciclo de vida do duc\comprovativo de pagamentos de taxas de justiça
 Citius nos tribunais superiores - O regime de tramitação eletrónica de processos foi
estendido aos Tribunais da Relação a 9 de setembro de 2018 e aplicável aos processos do
Supremo Tribunal de Justiça desde o dia 11 de dezembro de 2018, concluindo-se assim o
processo de aplicação do regime de tramitação eletrónica em todos os tribunais da
jurisdição.
 AUDIÇÃO DE TESTEMUNHAS POR VIDEOCONFERÊNCIA NO INTERIOR DA COMARCA - No
âmbito dos processos de natureza cível e, excecionalmente, nos processos criminais, as
testemunhas residentes fora do município onde se encontra sediado o tribunal ou juízo,
podem ser ouvidas por meio de equipamento tecnológico que permita a comunicação,
por meio visual e sonoro, em tempo real, a partir do tribunal ou do juízo da área da sua
residência.
 Videoconferência nos estabelecimentos prisionais

A divisão base da organização judiciária é entre tribunais judiciais (aos quais cabe julgar a
generalidade das questões, por isso também chamados «tribunais comuns») e tribunais
administrativos e fiscais. Existem ainda o Tribunal Constitucional e o Tribunal de Contas, os
tribunais arbitrais e os julgados de paz. Por fim, durante a vigência do estado de guerra
constituem‑se tribunais militares com competência para o julgamento de crimes ligados à
actividade militar.
Nos tribunais comuns, há uma organização hierárquica que permite apreciar uma causa a vários
níveis:
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Tribunais judiciais de 1.ª e de 2.ª instância — estes últimos chamam‑se tribunais da Relação —
51
e o Supremo Tribunal de Justiça. (Note‑se que nem todas as causas podem chegar ao Supremo
Tribunal de Justiça).

TRIBUNAIS JUDICIAIS DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Habitualmente, é aos tribunais de primeira instância que os Cidadãos devem dirigir o seu
primeiro pedido de resolução de um conflito. Ou seja, é neles que se deve iniciar um processo em
tribunal. O tribunal responsável pela primeira instância é, geralmente, o tribunal da comarca.
Chama-se comarca à área geográfica sob a jurisdição de um tribunal.

Também podem ser de primeira instância os tribunais de competência territorial alargada, que
abrangem mais do que uma comarca.

Existem 23 tribunais de comarca. Cada um destes tribunais tem competência numa determinada
zona do território português (uma comarca).

Os tribunais de comarca desdobram-se em juízos que podem ser de competência:


 genérica
 especializada
 de proximidade.

São juízos de competência especializada:


 Central cível
 Local cível
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 Central criminal
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 Local criminal
 Local de pequena criminalidade
 Instrução criminal
 Família e menores
 Trabalho
 Comércio
 Execução.

Existem ainda tribunais de competência especializada e competência territorial alargada:


 o tribunal da propriedade intelectual
 o tribunal da concorrência, regulação e supervisão
 o tribunal marítimo
 o tribunal de execução de penas
 o tribunal central de instrução criminal

Estes tribunais de competência especializada têm competência territorial alargada (jurisdição


mais vasta que a comarca onde estão sediados) e apenas julgam processos de determinadas
matérias (independentemente da forma de processo aplicável).

TRIBUNAIS JUDICIAIS DE SEGUNDA INSTÂNCIA

Os tribunais judiciais de segunda instância também são conhecidos como tribunais da Relação e
funcionam, nomeadamente, como tribunais de recurso. Ou seja, em regra, o Cidadão dirige-se a
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um tribunal de segunda instância quando não concorda com uma decisão de um tribunal de
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primeira instância.
Chama-se recurso à impugnação da decisão de um tribunal. O recurso deve ser interposto para o
tribunal a que está hierarquicamente subordinado aquele de que se recorre.
Nota: Consulte o mapa dos tribunais judiciais de segunda instância (ou da Relação) em Portugal
na Plataforma Citius

SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

O Supremo Tribunal de Justiça é o órgão superior da hierarquia dos tribunais judiciais, sem
prejuízo da competência própria do Tribunal Constitucional.
Em regra, recorre-se ao Supremo Tribunal de Justiça para recorrer de uma decisão de um tribunal
da Relação. É o último tribunal onde se pode apresentar um recurso da decisão de um tribunal
judicial.

Nota : sobre a organização judiciária consulte: DR - Lei n.º 62/2013, de 26 de Agosto - LEI DA
ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA JUDICIÁRIO (versão atualizada).

MINISTÉRIO PÚBLICO

O Ministério Público está presente em todos os tribunais. O Ministério Público representa o


Estado, defende os interesses que a lei determinar, participa na execução da política criminal
definida pelos órgãos de soberania, exerce a ação penal orientada pelo princípio da legalidade e
defende a legalidade democrática, nos termos da Constituição, do respetivo estatuto e da lei.
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O Ministério Público goza de estatuto próprio e de autonomia em relação aos demais órgãos do
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poder central, regional e local, nos termos da lei.
A autonomia do Ministério Público caracteriza-se pela sua vinculação a critérios de legalidade e
objetividade e pela exclusiva sujeição dos magistrados do Ministério Público às diretivas, ordens
e instruções previstas na lei.
A Procuradoria-Geral da República é o órgão superior do Ministério Público e é presidida pelo
Procurador-Geral da República.

A todos é assegurado o acesso ao Direito e aos tribunais


Quem não tiver condições para suportar os custos de um processo, tem direito a PROTEÇÃO
JURÍDICA. A proteção jurídica pode ser pedida por cidadãos nacionais e da União Europeia, bem
como por estrangeiros e apátridas com título de residência válido num Estado membro da União
Europeia. (Requerimento retirado no site da Segurança Social) .

7. Os clientes
 Os clientes (pessoas singulares e pessoas colectivas)
 Os diferentes tipos de empresas individuais e colectivas

Os clientes podem ser: pessoas singulares ou pessoas coletivas.


A pessoa singular adquire personalidade jurídica, isto é, torna‑se susceptível de ter direitos e
obrigações, no momento do nascimento completo e com vida. Já a pessoa colectiva é um
organismo a que o direito atribui a qualidade de pessoa jurídica para que possa prosseguir certos
fins.
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1 – As pessoas singulares – todo o individuo nascido com vida (pessoa física) é uma pessoa
55
jurídica. O direito reconhece personalidade a todos os seres humanos.

2. As pessoas colectivas são organismos sociais dotados de personalidade jurídica e constituídos


para realizar interesses comuns ou colectivos, que podem ser de direito público ou de direito
privado.

2.1 As pessoas colectivas de direito público – como por exemplo a Comissão do Mercado de
Valores Mobiliários (CMVM) – são criadas pelo próprio Estado, para assegurar a prossecução de
interesses públicos e, por isso, são dotadas de prerrogativas de autoridade (ou seja, poderes e
deveres públicos).
2.2 Existem, também, as pessoas colectivas de utilidade pública – como por exemplo, as
entidades municipais encarregues do fornecimento e distribuição de água –, que são pessoas
colectivas privadas sem fins lucrativos (associações, fundações ou certas cooperativas), as quais
prosseguem fins de interesse geral em cooperação com a Administração central ou local.
2.3 - As restantes pessoas colectivas, que não se integram nas categorias anteriores, designam‑se
pessoas colectivas de direito privado.
O legislador ordenou‑as em três tipos:
1 – Associações - visam fins não lucrativos e podem ser de índole cultural, social ou outras –
veja‑se, por exemplo, as associações de defesa do consumidor ou as associações de moradores.
2 - Fundações - são pessoas coletivas que gerem um conjunto de bens afectos à prossecução de
determinado fim duradouro e socialmente relevante, seja religioso, moral, cultural ou de
assistência – como por exemplo, a Fundação Calouste Gulbenkian.
3 - Sociedades - constituem um conjunto de pessoas físicas (ou seja, indivíduos) que se unem
para a prática de determinada actividade económica, com vista à obtenção e repartição dos
lucros daí resultantes.
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As sociedades podem ser civis ou comerciais (em nome colectivo, por quotas, anónimas ou em
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comandita).

PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS

O Regulamento Geral de Proteção de Dados – como tratar os dados das pessoas singulares
Âmbito de aplicação do RGPD
 Material
O RGPD aplica-se a dados pessoais, tratados por meios, total ou parcialmente automatizados,
ou tratados por meios não automatizados de dados pessoais contidos em ficheiros ou a eles
destinados.
 Territorial
O RGPD aplica-se dentro da União Europeia quando o tratamento é efetuado no contexto das
atividades de um estabelecimento de um responsável pelo tratamento ou subcontratante
situado no território da UE, independentemente de o tratamento ocorrer dentro ou fora da
União Europeia.
O RGPD aplica-se fora da União Europeia, tendo uma aplicação extraterritorial, quando o
tratamento incida sobre dados pessoais de titulares que estão na UE, e seja efetuado por um
responsável pelo tratamento ou subcontratante não estabelecido na União, quando as suas
atividades estejam relacionadas com oferta de bens e serviços (pagos ou gratuitos) ou com o
controlo do comportamento dos titulares de dados.

Conceitos-base
Dados Pessoais
“informação relativa a uma pessoa singular identificada ou identificável («titular de dados»), é
considerada identificável uma pessoa singular que possa ser identificada, direta ou
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indiretamente, em especial por referência a um identificador, um nome, um número de


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identificação, dados de localização, identificadores por via eletrónica, um ou mais elementos
específicos da identidade física, fisiológica, genética, mental, cultural ou social dessa pessoa”

Sistematizando podemos dividir dados pessoais em diferentes categorias:


o Biografia – data e local de nascimento, local ou locais de residência, filiação, etc
o Saúde – historial clínico, dados de medicina no trabalho, etc
o Vida Privada – estado civil, histórico online, etc
o Aparência – dados biométricos
o Educação e trabalho – Informação do CV, locais de trabalho atuais e anteriores,
escolas frequentadas, classificações, etc.

Dados Sensíveis
Há determinadas categorias de dados que são consideradas sensíveis:
• Origem Racial ou Étnica
• Opiniões Políticas
• Convicções Religiosas ou Filosóficas
• Filiação Sindical
• Dados genéticos
• Dados biométricos
• Dados relativos à saúde
• Dados relativos à vida sexual
• Orientação sexual
Consentimento
Características do consentimento:
• Demonstrável
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• Quando for escrito deve ter uma linguagem clara e simples


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• O titular tem o direito de retirar o consentimento a qualquer momento
• O consentimento deve ser tão fácil de retirar como de dar
• Deve ser livre e específico para cada finalidade

8. O DIA A DIA NO ESCRITÓRIO DE ADVOGADOS - A INFORMAÇÃO NA ERA DIGITAL

A utilização das novas ferramentas digitais nos escritórios de advogados e de outros serviços
jurídicos passou a ser pratica corrente.
As redes sociais e os serviços de envio de mensagens instantâneas (como o WhatsApp) tornaram-
se importantes auxiliares na otimização da comunicação interna, bem como na relação entre
advogado e cliente. Mostram-se ainda cada vez mais adequados não só como facilitadores da
comunicação, mas também para a consulta de legislação ou jurisprudência, nacional e
internacional.
Também as plataformas onde opera a prestação de serviços jurídicos, como o Citius, criadas com
o intuito de desmaterializar os processos nos tribunais judiciais e de facilitar o seu acesso por via
da digitalização, vieram alterar a morosidade que costumava caracterizar os processos de
pesquisa.
O Portal Citius é um ponto único de acesso para os profissionais da Justiça, cidadãos e
empresas, onde se podem encontrar informações sobre o dia-a-dia dos tribunais.

Questões importantes:

O que é o CITIUS?
O CITIUS é a aplicação informática, que no âmbito do projecto CITIUS, se destina aos mandatários
judiciais.
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O CITIUS (do latim mais rápido, mais célere) é o projecto de desmaterialização dos processos nos
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tribunais judiciais desenvolvido pelo Ministério da Justiça.

Quais são as vantagens de utilização desta aplicação informática?

O CITIUS é a aplicação que permite ao mandatário desenvolver algumas das suas actividades
profissionais de interacção com o tribunal, sem necessidade de deslocação.
Assim, é possível ao mandatário, a partir do seu escritório, proceder à apresentação de peças
processuais e respectivos documentos, requerimentos executivos e injunções, conhecer o
resultado da distribuição, consultar processos judiciais e as diligências que lhes respeitam, e
acompanhar o estado das suas notas de honorários no âmbito do apoio judiciário.

Quais as funcionalidades do CITIUS?

O CITIUS, visa responder às necessidades de trabalho dos mandatários, permitindo-lhes:

 Conhecer o movimento ocorrido nos seus processos nos últimos trinta dias;
 Visualizar e aceder ao histórico dos processos em que é mandatário, bem como consultar
os actos processuais desses processos que existam em formato electrónico;
 Conhecer da distribuição de processos em que é mandatário;
 Aceder aos agendamentos de diligências nos seus processos;
 Conhecer o estado das notas de honorários da responsabilidade do Instituto de Gestão
Financeira e Infra-estruturas da Justiça;
 Proceder à entrega electrónica de peças processuais, requerimentos de execução e de
injunções.
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Quem pode utilizar esta aplicação?

O CITIUS pode ser utilizado por advogados, advogados estagiários e solicitadores que estejam
registados para o efeito junto da entidade responsável pela gestão dos acessos.

Qual a forma de acesso à aplicação?


Uma vez efectuado o registo, são atribuídos ao mandatário os elementos secretos, pessoais e
intransmissíveis (nomeadamente nome de utilizador e palavra-chave) que permitem o acesso à
área reservada do sistema informático CITIUS.

Quais as garantias de segurança da aplicação?

A aplicação Citius recorre a padrões standard de segurança. Toda as comunicações entre o


computador do utilizador e o site do Citius ocorrem de forma encriptada (através do protocolo
https) de modo a garantir a confidencialidade dos dados transmitidos.
Por outro lado, as Peças Processuais ao serem assinadas com o certificado digital do utilizador,
garantem autenticidade, integridade e não repúdio do documento gerado.

Ferramentas relevantes no dia-a-dia

Site da Assembleia da República: http://www.parlamento.pt/

Diário da República Eletrónico: https://dre.pt/


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Consulta de Legislação – Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa:


http://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_main.php 61

Consulta de Jurisprudência: http://www.dgsi.pt/

Consulta de Contratos Coletivos de Trabalho – Direção Geral do Emprego e das Relações de


Trabalho: https://www.dgert.gov.pt/ferramenta-para-pesquisa-de-convencoes-coletivas#irct
form
Comissão Nacional de Proteção de Dados: https://www.cnpd.pt/
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CONCLUSÃO: 62

Sem a atuação do (a) secretário ( a) forense num escritório de advogados, solicitadores , agentes
de execução ou administradores de insolvência – a rotina destes fica comprometida pelo excesso
de burocracia . As pessoas que atuam nessa área cuidam da organização da rotina do escritório,
de algumas questões administrativas e são uma ponte (importantíssima!) entre o cliente e o
advogado.
Contar com profissionais competentes em todas as áreas é um pré-requisito para que o escritório
tenha uma atuação de sucesso e alta performance. Essas perceções das atividades forenses
contribuem (e muito!) para o crescimento de qualquer escritório que trate de assuntos jurídicos.
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ANEXOS:

1. ( MINUTA DE SUBSTABELECIMENTO)

ANA XXX , Advogada, portadora da cédula profissional n.ºXX, com domicilio profissional na
Rua XXXXXX, substabelece com reserva na sua ilustre colega Dr.ª Ana XXXXX , advogada, com a
cédula profissional XXXX , com escritório na Rua XXXX , os poderes forenses que lhe foram
conferidos, constantes da nomeação de defensora oficiosa do arguido XXXXX , para o Processo
Comum Coletivo, que corre termos no Juízo Central Criminal de Coimbra - Juiz 3, com o
n.ºXXXXX.

..............( Local ) ,( DATA)........................................

ASSINATURA
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2. (MINUTA DE PROCURAÇÃO ) :

PROCURAÇÃO

XXXXXXXX , Contribuinte fiscal nº XXXXXX, residente Rua Principal, Nº XXXX , em


XXXXX , constitui sua bastante procuradora a Dr.ª XXXXX, com cédula profissional nº
XXXX com escritório na Rua XXXX , na cidade e comarca da XXXXX , a quem confere os
mais amplos poderes forenses por lei permitidos, com a faculdade de substabelecerem.

Local e data
ASSINATURA
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3. EXEMPLO DE MINUTA S DE REQUERIMENTOS ENTREGUES EM TRIBUNAL:


A) Desistência de queixa-crime

Exmo. Sr. Dr. Juiz de direito do tribunal Judicial da comarca de XXXXXX


Processo n.º 11111/22
XXXX, ofendido no processo à margem referenciado, vem aos autos declarar que desiste da
queixa-crime anteriormente apresentada contra YYYYYY, arguido nos presentes autos, uma vez
que se encontra pago o cheque que deu origem ao procedimento criminal.
Mais se requer que os autos sejam arquivados.

E.D
O ofendido
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B) NÃO OPOSIÇÃO À DESISTÊNCIA DE QUEIXA-CRIME

Exmo. Sr. Dr. Juiz de direito do tribunal Judicial da comarca de XXXXXX


Processo n.º 11111/22

YYYY, arguido no processo à margem referenciado, vem declarar que não se opõe à desistência
de queixa apresentada pelo participante XXXXXX.
E.D
O requerente
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C) JUNÇÃO AOS AUTOS DE PROCURAÇÃO

Exmo. Sr. Dr. Juiz de direito do tribunal Judicial da comarca de XXXXXX


Processo n.º 11111/22

XXXX, solteiro, maior, professor, residente na rua VVVVVVV, Porto, Réu nos autos em referência,
vem requerer a junção aos autos da procuração que segue em anexo.

JUNTA: procuração forense

E.D
O advogado
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BIBLIOGRAFIA: 68

Código do Trabalho - Edição Universitária (14ª edição ed.). (2020). Edições Almedina.

Dicionário Jurídico – 3º edição revista e atualizada (2007) . Edições Almedina;

O Direito - Introdução e Teoria Geral - 13ª Edição - Edições Almedina - José de Oliveira
Ascensão – 2021;

Secretariado e Estratégia Organizacional - Paula Marques dos Santos - Editora: Edições


Esgotadas, Ano 2009;

Estatuto da Ordem dos advogados ,António Arnaut – 4ª edição - Edições Fora do Texto;

Formulário BDJUR – requerimentos, Procurações e Atas – Esmeralda Nascimento e Márcia


Trabulo – 3ª Edição - Edições Almedina;

https://comarcas.tribunais.org.pt/comarcas;

https://www.citius.mj.pt/

https://www.cnpd.pt/

http://www.parlamento.pt/

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