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CARTILHA DE

ORIENTAÇÕES SOBRE
INVESTIGAÇÃO
DEFENSIVA
PALAVRA DA PRESIDENTE

“Caro advogado e advogada catarinense. É


com grande prazer que lhes apresentamos a
Cartilha de Orientações sobre Investigação
Defensiva, realizada por meio de nossa
Comissão de Investigação Defensiva e
Justiça Penal. Este material tem o objetivo de
facilitar o seu acesso a orientações que são
essenciais em nosso dia a dia. Aproveite.”

Cláudia
da Silva
Prudêncio
Presidente da
OAB/SC 

¹ Disponível em: https://www.oab.org.br/leisnormas/legislacao/provimentos/188-2018


INTRODUÇÃO
A Comissão de Investigação Defensiva e Justiça Penal Negociada da OAB/SC (CID-
JUPEN), criada em 2020, foi a primeira do país a tratar especificamente de ambas
as temáticas. Desde a sua formação, inúmeros colegas de todo o estado de Santa
Catarina entraram em contato com a Comissão com uma série de dúvidas a res-
peito de aspectos procedimentais da realização de investigação defensiva, relatan-
do desafios enfrentados na prática para a aceitação nas etapas pré-processuais e
processuais de elementos coletados em sede de investigação defensiva, bem
como solicitando orientações a respeito da necessidade ou não de comunicar à
OAB sobre a instauração dos procedimentos de investigação defensiva.

Muitos dos questionamentos decorrem da ausência de previsão procedimental


específica no Provimento 188/2018 do CFOAB¹, que regulamenta, em linhas gerais,
o exercício da prerrogativa profissional do(a) advogado(a) em realizar diligências
investigatórias para instrução em procedimentos administrativos e judiciais.
Porém, mesmo diante da lacuna a respeito de eventuais regras de procedimento
para se realizar uma investigação defensiva, é certo que esta deverá ser pautada
pelo máximo respeito às normas legais e constitucionais vigentes no ordenamen-
to jurídico brasileiro, assim como pode ser considerada uma prerrogativa do(a)
advogado(a) e um direito do cidadão de se defender, com a possibilidade de pro-
dução probatória em todas as instâncias e âmbitos.

Sendo assim, diante dos sucessivos questionamentos e do grande número de


comunicações de instauração de investigação defensiva remetidas à Comissão de
Investigação Defensiva e Justiça Penal Negociada da OAB/SC, optou-se por elabo-
rar esta cartilha, contendo orientações mínimas de padronização da comunicação
de instauração da investigação defensiva à OAB/SC, aos e às colegas que assim o
desejarem fazer.

Ressalta-se que não é obrigatória a comunicação de instauração de investigação


defensiva à OAB, diante da ausência de previsão legal e/ou administrativa. Contu-
do, tampouco existe vedação nesse sentido. O advogado ou a advogada que optar
por comunicar à OAB/SC sobre a instauração do procedimento deverá seguir os
parâmetros abaixo.

Ao final das orientações, há também uma lista de referências com artigos, livros e
orientações já publicadas sobre o tema da investigação defensiva, que podem
auxiliar os(as) advogados(as) no seu dia-a-dia profissional.

¹ Disponível em: https://www.oab.org.br/leisnormas/legislacao/provimentos/188-2018


ORIENTAÇÕES
A Comissão de Investigação Defensiva e Justiça Penal Negociada

1 da OAB/SC (CIDJUPEN) tem caráter consultivo e pedagógico, não


exercendo fiscalização sobre a Investigação Defensiva levada a
efeito pela advocacia.

É facultado ao(à) advogado(a) comunicar à OAB/SC sobre instaura-


ção de Investigação Defensiva. 2
A atribuição para ciência da comunicação de instauração de Inves-

3 tigação Defensiva por advogados(as) no Estado de Santa Catarina


será da Comissão de Investigação Defensiva e Justiça Penal Nego-
ciada da OAB/SC.

O(a) advogado(a) que desejar comunicar à Comissão de Investiga-


ção Defensiva e Justiça Penal Negociada da OAB/SC deverá assim
proceder:
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Encaminhar e-mail para comissoes@oab-sc.org.br com a portaria de
instauração² da investigação defensiva solicitando remessa à Comissão de
Investigação Defensiva e Justiça Penal Negociada da OAB/SC;

A portaria deverá conter:

I. Nome do(a) advogado(a) com inscrição da OAB que irá presidir a Inves-
tigação Defensiva e o seu endereço profissional;

II. Breve exposição dos fatos;

III. A limitação de finalidade que orienta a coleta de elementos, devendo


ser determinada, explícita e legítima;

IV. Indicação do(s) número(s) do(s) autos, judiciais, administrativos ou


extrajudiciais que, eventualmente, apure a ocorrência do fato;

² Não é obrigatória a formulação de portaria de instauração para se iniciar uma investiga-


ção defensiva, sendo facultado ao(à) advogado(a) a escolha de como procederá à formali-
zação da investigação e do compilado de seus resultados para uso posterior ou não.
V. Nome do(a) constituinte em favor de quem está sendo realizada a
investigação defensiva, com qualificação completa;

VI. Descrição das diligências a serem desenvolvidas;

VII. Prazo de conclusão;

VIII. Data e local em que foi instaurada.

O(a) advogado(a) poderá omitir quaisquer das informações constantes nos


itens II a V, justificando a necessidade do sigilo.

Não é recomendado encaminhar à OAB/SC o resultado da investi-

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gação defensiva ou a íntegra do procedimento, em atenção à
observância de eventual segredo de justiça na tramitação do feito
judicial ou administrativo, e/ou cumprimento dos deveres ético e
de sigilo entre advogado(a)/cliente.

A gestão dos dados coletados no procedimento de Investigação


Defensiva, em especial aqueles protegidos pela Constituição
Federal, é de inteira responsabilidade do(a) advogado(a), na
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forma da Lei.

Comunicada a instauração da investigação defensiva à OAB/SC, a

7 Comissão de Investigação Defensiva e Justiça Penal Negociada


declarará ciência da comunicação, e, em seguida, determinará o
arquivamento do feito, com o devido sigilo.

A Comissão de Investigação Defensiva e Justiça Penal Negociada


permanecerá à disposição para auxiliar na resolução de dúvidas a

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respeito do procedimento de investigação defensiva, por meio de
consultas ou pedidos de intervenção, em casos de obstaculiza-
ção irregular da realização da investigação defensiva. Novos pedi-
dos e necessidade de execução de novas diligências não contidas
na comunicação inicial deverão ser encaminhados ao e-mail
comissoes@oab-sc.org.br, solicitando remessa à CIDJUPEN.
INDICAÇÃO DE FONTES
SOBRE O TEMA PARA A ADVOCACIA
BINDER, Alberto; CAPE, Ed; NAMORADZE. Defesa Penal Efectiva em America
Latina: Argentina, Brasil, Colômbia, Guatemala, México, Peru. [S. l.]: ADC, Cer-
jusc, Conectas, DeJusticia, ICCPG, IDDD, IJPP, Inecip, 2015.

CAMARGO, Rodrigo Oliveira de; BULHÕES, Gabriel. Defesa Penal Efetiva no Brasil:
desafios da atuação defensiva na investigação preliminar em meio ao sistema
acusatório. In: GONZÁLEZ, Leonel; BALLESTREROS, Paula. Desafiando a Inquisi-
ção: ideias e propostas para a reforma processual no Brasil. Santiago: Ceja-JS-
CA. 2019.

COMISSÃO DE INVESTIGAÇÃO DEFENSIVA E NOVAS TECNOLOGIAS DA ABRA-


CRIM. Código Deontológico de Boas Práticas da Investigação Defensiva. Flo-
rianópolis: Emais Editora, 2022.

DIAS, Gabriel Bulhões Nóbrega. Manual prático de investigação defensiva. 2. ed.


Florianópolis: Emais, 2022.

LUZ, Carlos Rodolpho Glavam Pinto da. Investigação defensiva na prática. Floria-
nópolis: Habitus, 2021.

LUZ, Carlos Rodolpho Glavam Pinto da. Investigação defensiva no inquérito


policial. Florianópolis: Habitus, 2020.

OAB/PR. FERRASSIOLI, Bárbara Mostachio; COSTA, Ronaldo dos Santos (coord.).


Investigação defensiva. Curitiba: OABPR, 2022.

ROSA, Alexandre Morais da; CAMARGO, Rodrigo Oliveira de. O desafio de qualificar
a prática da investigação defensiva. Revista Consultor Jurídico, 23 de setembro
de 2022. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2022-set-23/limite-penal-desa-
fio- qualificar-pratica-investigacao-defensiva.

SILVA, Franklyn Roger Alves da. Investigação Direta pela Defesa. 2. ed. Salvador:
Editora Juspodivm, 2020.
DIRETORIA DO CONSELHO
SECCIONAL - GESTÃO 2022/2024
Cláudia da Silva Prudêncio
Presidente
Eduardo de Mello e Souza
Vice-Presidente
Maria Teresinha Erbs
Secretária-Geral
Thiago Degasperin
Secretário-Geral Adjunto
Rafael Burigo Serafim
Diretor-Tesoureiro
Caroline Terezinha Rasmussen da Silva
Tesoureira-Adjunta

COORDENADORIA-GERAL
DAS COMISSÕES
Pedro Cascaes Neto
Coordenador-Geral
Rodrigo Indalêncio Vilela Veiga
Coordenador- Adjunto das Comissões
Clarissa Medeiros Cardoso
Coordenadora-Adjunta das Comissões
Lidiane Maciel Feijó
Coordenadora - Adjunta das Comissões
Ludmila Amanda Hanisch
Coordenadora - Adjunta das Comissões
AUTORES(AS) DA CARTILHA
Coordenação:
Luísa Walter da Rosa
OAB/SC 53.168

Direção e revisão:
Luísa Walter da Rosa
OAB/SC 53.168
Rodrigo Oliveira de Camargo
OAB/SC 59.694

Produção:
Larissa Zeferino Jordão
OAB/SC 58.605
Luísa Walter da Rosa
OAB/SC 53.168
Rodrigo Oliveira de Camargo
OAB/SC 59.694
Wiliam de Melo Shinzato
OAB/SC 30.655

OAB/SC. Comissão de Investigação Defensiva e Justiça Penal Negociada.


ROSA, Luísa Walter da (coord.). Cartilha de orientações sobre investigação
defensiva. Florianópolis, 2024.

Comissão de
Investigação Defensiva e
Justiça Penal Negociada

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