Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MANUAL
DE
PROCESSO DISCIPLINAR
DO
TRE-RJ
MANUAL DE PROCESSO
DISCIPLINAR DO TRIBUNAL
REGIONAL ELEITORAL DO RIO DE
JANEIRO
DA APLICAÇÃO DO MANUAL
E DA COMPOSIÇÃO DA COMISSÃO
1. Âmbito de aplicação
1.1 O presente Manual regula a abertura de sindicâncias e a instauração de
processos administrativos disciplinares e demais procedimentos de natureza
disciplinar, bem como a atuação dos respectivos trios processantes no que diz
respeito à metodologia de trabalho, procedimentos de instrução e resolução de
incidentes processuais.
1.2 O Manual se constitui, ainda, como fonte de referência para os arguidos e seus
defensores, para efeito de acesso às informações, intervenções nos atos
processuais e manifestação nos autos.
2. Composição
2.1 Tanto quanto possível, os trios processantes de sindicância e de processo
disciplinar serão presididos por servidor que, além de atender aos requisitos formais
previstos em lei, tenha formação em Direito.
3. Impedimentos
2
É impedido de oficiar em qualquer fase dos feitos disciplinares o servidor ou
autoridade que:
4. Impedimentos do secretário
O Secretário nomeado nos termos do item 2.2 incorre nos mesmos impedimentos
previstos no item 3.
6. Incompatibilidade
6.1 Não podem servir no mesmo processo os membros do trio processante que
forem, entre si, cônjuges, companheiros ou parentes consanguineos ou afins, em
linha reta ou colateral, até o terceiro grau.
7. Suspeição
7.1 Devem se declarar suspeitos os membros do trio processante nas seguintes
hipóteses:
3
7.2 A defesa pode suscitar exceção de suspeição de membro do trio processante,
que será processada em autos apartados.
7.3 A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida quando a parte injuriar
o membro do trio processante ou, de propósito, der motivo para criá-la.
9. Princípios e critérios
A atividade processante será desenvolvida em obediência aos princípios
constitucionais e, também, aos seguintes critérios:
4
11. Abuso do direito de defesa
11.1 Incorre em abuso de direito a conduta da defesa quando praticada sem
nenhum interesse legítimo; quando não busca a defesa, mas o ataque gratuito a
outrem; quando, embora praticado com legítimo interesse, mostra-se indiferente
aos interesses alheios; quando tenta induzir a autoridade ao erro, pela manipulação
irresponsável de fatos ou de normas; quando insiste na produção de provas
inviáveis, inexistentes ou desnecessárias.
11.2 Diante do abuso do direito de defesa, o trio processante deve registrar o fato
em ata, com a devida fundamentação, para que a conduta abusiva seja
considerada quando do relatório ou do julgamento.
5
a) falta de identificação do servidor acusado;
b) ausência de acusação objetiva;
c) não ser o fato infração disciplinar;
d) a prescrição evidente;
e) a morte do acusado.
14.3 O chamamento à ordem decorre de dever funcional dos servidores, que têm a
obrigação de levar ao conhecimento dos superiores as irregularidades de que têm
ciência em razão do ofício. A medida atende, ainda, aos princípios constitucionais da
legalidade e da eficiência; e aos princípios legais da economicidade e da
razoabilidade.
15.3 Embora se deva cuidar para que a instauração emane sempre de ato de
autoridade competente, o ato expedido por autoridade incompetente pode ser
objeto de convalidação. A manter-se, no entanto, a irregularidade, tem-se vício que
transforma o processo em constrangimento ilegal, violando a garantia constitucional
de que ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente.
6
17.2 A sindicância investigativa tramitando sob sigilo tem por objeto a apuração de
fatos e prescinde de contraditório e defesa e obedece, no que couber, à metodologia
do inquérito policial.
19. Consulta
Havendo dúvida na interpretação dos dispositivos legais e regulamentares
concernentes à matéria disciplinar, suscitada pelo trio processante, será
encaminhada consulta para análise da Comissão Permanente de Processo
Disciplinar – CPDIS.
21. Quorum
21.1 As audiências de instrução em processo disciplinar e sindicância de natureza
acusatória dependem da presença da integralidade dos membros do trio
processante.
1
Heptâmetro de Quintiliano: quem, o quê, onde, quando, como, com que auxílio e porquê.
7
21.2 Para a realização de inspeções e diligências, e para participação em reuniões
externas, o presidente do trio processante pode designar um ou dois membros.
DA ORGANIZAÇÃO INTERNA
8
g) zelar pelas garantias do arguido e pela segurança jurídica do processo,
promovendo o saneamento ou encaminhando promoção à autoridade
instauradora quando confrontado com situação de ilegalidade insanável;
h) proferir decisões interlocutórias.
a) aceitar a designação;
b) organizar os espaços de reuniões e audiências, com o material necessário;
c) colaborar nas inspeções e executar diligências;
d) atender às determinações do presidente, pertinentes aos autos, à instrução e
a providências correlatas;
e) redigir as peças processuais, zelando pela estética, ortografia e formato
oficial;
f) autuar e juntar as peças, em obediência à técnica;
g) administrar a secretaria, organizando os documentos e arquivos;
h) ter, sob responsabilidade, a guarda dos autos e documentos;
i) atender advogados, arguidos e interessados, encaminhando, quando for o
caso, para o presidente;
j) receber e expedir oficialmente correspondências, papéis e documentos;
k) atender aos contatos via telefone, fax e Internet;
l) juntar imediatamente aos autos as vias dos mandados cumpridos;
27. Postura
27.1 Os membros do trio processante deverão se apresentar nas audiências em
trajes compatíveis com a formalidade dos atos processuais.
27.3 Aos advogados será reservado tratamento digno, nos termos do art. 6º do
Estatuto da Advocacia, além da absoluta obediência às demais prerrogativas
profissionais, sem prejuízo de representação ao órgão de classe por eventual
violação ética.
28. Dedicação
A autoridade instauradora poderá determinar, mediante prévia consulta à
Presidência do TRE-RJ, no ato de instauração ou a pedido do presidente do trio
processante, ao longo do feito disciplinar, que todos os membros do respectivo trio
9
tenham dedicação exclusiva aos trabalhos, sempre que essa medida for
recomendada para maior eficiência. (art. 152, §1º, da Lei nº 8.112/90).
DO RITO PROCESSUAL
10
com o apoio do Gabinete da Corregedoria Regional Eleitoral, a autuação em
separado do feito;
IV – solicitar à Secretaria da Comissão Permanente de Processo Disciplinar –
CPDIS, com o apoio do Gabinete da Corregedoria Regional Eleitoral, a extração de
cópias para a instrução do feito;
V - solicitar à Secretaria da Comissão Permanente de Processo Disciplinar –
CPDIS,com o apoio do Gabinete da Corregedoria Regional Eleitoral, a juntada aos
autos de cópia do ato que nomeou o trio processante publicado no Diário da Justiça
Eletrônico do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro - DJE.
VI – solicitar à Secretaria da Comissão Permanente de Processo Disciplinar –
CPDIS, com o apoio do Gabinete da Corregedoria Regional Eleitoral, que
comunique à autoridade instauradora a instalação da Comissão formada pelo trio
processante;
VII – examinar os autos.
DA PROVA
33. Repetição da prova
33.1 Cumprida a notificação do arguido, será iniciada a instrução do processo com a
repetição da prova, se for o caso (artigo 155 do Código de Processo Penal).
33.4 Para avaliar a qualidade da prova repetida, podem ser programadas a oitiva
das mencionadas testemunhas, diligências e reproduções simuladas. Os
documentos podem ser conferidos, entre outros meios, por explicações tomadas a
termo de firmatários ou pessoas mencionadas ou, em caso de suspeita de falsidade
material, por realização de perícia; e as perícias devem ser avaliadas de acordo com
critérios específicos que constam no presente Manual.
34.2 São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas
puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.
DAS AUDIÊNCIAS
12
36.1 Após as perguntas do presidente do trio processante, será passada a palavra
aos vogais e à defesa para que encaminhem as reperguntas diretamente à
testemunha.
37.2 Serão consignadas em termo apenas as perguntas que não forem respondidas
e os motivos alegados para o silêncio; ou aquelas que, a requerimento, devam ser
registradas para a avaliação do contexto.
38.2 No caso de registro por meio audiovisual, será disponibilizada às partes cópia
do registro original, sem necessidade de transcrição.
39.3 A adoção de qualquer dessas medidas deverá constar do termo, assim como
os motivos que a determinaram.
13
DA PROVA TESTEMUNHAL
41.2 Para avaliar a condição do item anterior, são levadas em conta a razão do
conhecimento e as circunstâncias.
41.3 Para aferir a credibilidade do testemunho, o trio processante pode, ainda, ouvir
testemunhas referidas e realizar diligências. Para conferir a possibilidade material
dos fatos narrados, pode determinar a reprodução simulada 2. 2
42. Acareação
Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se infirmem poderá ser procedida
acareação, desde que a dúvida recaia sobre ponto relevante e que não possa ser
esclarecido por outro meio de prova, de maior segurança.
44. Intimações
44.1 As testemunhas serão intimadas por mandado, expedido com, no mínimo, três
(3) dias úteis de antecedência.
44.3 Se a testemunha for servidor de outro órgão, ao chefe da repartição onde serve
será comunicada a expedição do mandado de intimação, bem como a indicação do
local, dia e hora marcados para inquirição.
2
Simulação feita utilizando o réu, a vítima e outras pessoas convidadas a participar, objetivando a
melhor visualização e o esclarecimento dos fatos. (CPP – art. 7º)
14
48 . Depoimentos e declarações
48 1 . As testemunhas isentas prestam depoimentos, sob compromisso.
15
52.3 O depoimento da testemunha que não falar a língua nacional poderá ser
colhido com o auxilio de interprete designado pela Comissão Permanente de
Processo Disciplinar, dentre os servidores lotados no Tribunal Regional Eleitoral do
Rio de Janeiro que domine a língua nativa do depoente, excetuando-se os membros
que compõem a Comissão Permanente de Processo Disciplinar (artigo 193 do
Código de Processo Penal).
16
53. Oitiva em separado
As testemunhas serão inquiridas separadamente, de modo que umas não ouçam
nem saibam o que as outras dizem. O trio processante adotará providências para
que, durante a espera, as testemunhas não se comuniquem.
54.2 A recusa em prestar compromisso, fora das hipóteses relacionadas no item 48,
equivale à situação jurídica de desobediência e insubordinação.
DAS PERÍCIAS
55. Perícia obrigatória
55.1 A perícia é indispensável quando o esclarecimento do fato depender de
conhecimento especializado.
57. Sobrestamento
O presidente do trio processante poderá requerer à autoridade instauradora o
sobrestamento do processo, quando a continuidade da instrução depender da
realização de perícia cujo laudo não possa ser apresentado em prazo inferior a 30
dias.
17
DOS DOCUMENTOS
59. Conceito
Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou
particulares.
60. Cartas
60.1 . As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios criminosos, não
serão admitidas.
60. 2 As cartas poderão ser exibidas pelo respectivo destinatário, para a defesa de
seu direito, ainda que não haja consentimento do signatário.
61. Autenticidade
A letra e firma dos documentos particulares serão submetidas a exame pericial,
quando contestada a sua autenticidade.
DAS DILIGÊNCIAS
18
63.5 O ato instrucional deve ser presenciado por todos os integrantes do trio
processante, sendo o seu resultado registrado por meio de termo de diligência, no
qual deverão ser descritos os detalhes da diligência, relatando-se todo o apurado.
64.1 O trio processante poderá deliberar sobre busca e apreensão, dentro das
unidades do Tribunal, nas seguintes situações:
19
DOS INDÍCIOS
65. Conceito
Indícios são fragmentos de prova que, separadamente, não têm valor; agrupados
por raciocínio lógico permitem, por indução, concluir acerca de fato ou de autoria.
20
A comunicação dos atos processuais ao advogado ou defensor nomeado independe
da notificação ao arguido.
DO INTERROGATÓRIO
74.2 O defensor nomeado terá a função principal de zelar pela regularidade dos
procedimentos e pela fidelidade dos registros.
76.2 O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em
prejuízo da defesa.
77. Metodologia
No interrogatório, a comissão adotará, no que couber, a metodologia do art. 187 do
Código de Processo Penal.
21
78. Confissão
Se o servidor confessar a autoria, será perguntado sobre os motivos e
circunstâncias do fato e se outras pessoas concorreram para a infração, e quais são
essas pessoas.
81. Quesitos
São quesitos fundamentais ao esclarecimento da questão:
DO DEFENSOR
84. Abandono
22
O defensor nomeado não poderá abandonar o processo senão por motivo
imperioso, comunicado previamente nos autos, sob pena de, sendo servidor,
incorrer em infração disciplinar.
DA INDICIAÇÃO, DA DEFESA
E DO RELATÓRIO
87.2 Na hipótese do item anterior, o arguido será notificado dos fatos novos; e ao
servidor incluído no processo será oferecida oportunidade para se manifestar sobre
os atos até então produzidos, podendo requerer a repetição daqueles que lhe forem
manifestamente prejudiciais.
23
d) estiver presente situação que afaste a antijuridicidade ou que leve à
inimputabilidade do agente;
e) tiver ocorrido causa legal de extinção de processo ou da punibilidade.
90. Citação
A citação pessoal será realizada por mandado a ser cumprido por membro do trio
processante à escolha do seu presidente .
91.2 A citação por edital será precedida de, pelo menos, três diligências que
concluam pela impossibilidade de localização do acusado.
94. Revelia
94. 1 Decorrido o prazo e não tendo comparecido o arguido, nem constituído
advogado ou apresentada defesa, será declarada a revelia, em termo próprio, e
requerida à autoridade instauradora a nomeação de defensor dativo
24
DO PRAZO PARA CONCLUSÃO
98. Recondução
98.1 A autoridade instauradora poderá, ainda, mediante requerimento
fundamentado, autorizar a recondução do trio processante da sindicância ou do
processo administrativo, além do prazo prorrogado, para implementação de medidas
necessárias ao esclarecimento da verdade ou em atenção ao exercício da plenitude
da defesa.
DO RELATÓRIO
101. Agravantes
São circunstâncias agravantes:
I - a premeditação;
25
II - a reincidência;
III - o conluio;
IV - a continuação;
V - o cometimento do ilícito:
a) mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte o processo
disciplinar;
b) com abuso de autoridade;
c) durante o cumprimento de punição;
d) em público.
102. Atenuantes
São circunstâncias atenuantes:
26
II- caracterizadas como equívocos eventuais e em situações que não
despertam nenhuma atenção especial;
III- de ínfimo poder ofensivo
28
109.4 O procedimento de estudo de oferta de ajustamento de conduta é sigiloso, no
resguardo dos interesses da Administração, sendo automaticamente desclassificado
após a decisão do Corregedor Regional Eleitoral quanto à oportunidade e
conveniência da oferta do ajustamento de conduta ao servidor processado.
109.6 Aceita a proposta pelo servidor, será designada audiência especial para
lavratura do Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta, nos termos da
Resolução TRE-RJ nº 779/2011 e demais normas complementares.
29
Os seguintes servidores contribuíram para a elaboração deste Manual:
30