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Velha Ordem Mundial: a Guerra Fria!

(1945-1991)
A Guerra Fria e seus eventos marcantes, no que tange às tensões geopolíticas
e aos conflitos inerentes à disputa territorial, que envolveu as duas
superpotências em litígio no pós-Segunda Guerra Mundial é o que se chamaria
de mundo bipolar. Abordaremos, a princípio, o cenário que dividiu a Europa em
duas zonas de influência, os precedentes da disputa geopolítica num panorama
histórico desde os anos 1940 até a década de 1990. Ademais, falaremos sobre
as guerras por procuração, bem como as revoluções na Ásia, na América e da
tentativa de cooptação de países africanos nos anos 1960 e 1970.

Precedentes da Guerra Fria


Não seria exagero afirmarmos que as bombas de Hiroshima e Nagasaki,
lançadas sobre o Japão em agosto de 1945, foram as duas últimas bombas da
Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e as duas primeiras da Guerra Fria.

Tal afirmação denota claramente o quanto a Guerra Fria está intimamente


associada aos desdobramentos da Segunda Guerra Mundial. No caso, os
protagonistas do mundo bipolar (capitalismo x socialismo) foram os vencedores
da Segunda Guerra, junto aos Aliados. Ou noutras palavras, o cenário da Guerra
Fria estava sendo montado à medida que a Segunda Grande Guerra acabava
em solo europeu e ocorriam as conferências de paz. Pairava no ar uma dúvida:
como ficaria a guerra na Ásia, mais precisamente no Pacífico, com o fim da
guerra na Europa.

As Conferências: Yalta e Potsdam!


A Conferência de Yalta (fev-1945) também é conhecida como a Conferência da
Criméia. Houve encontro dos Aliados a fim de traçarem metas para o pós-
Guerra no que diz respeito às zonas de influência em solo europeu.

A Conferência de Yalta recebe este nome porque foram reuniões em fevereiro –


entre os dias 4 e 11 daquele mês – na cidade homônima no território da Criméia,
às margens do Mar Negro. Este evento é compreendido como o encontro dos
três grandes dada a importância que assumiram o Presidente dos EUA, Franklin
Roosevelt, o Primeiro-Ministro do Reino Unido, Winston Churchill, e o líder da
União Soviética, Josef Stálin. Participaram, em menor escala, a China e a
França.
Figura 1. Foto: Os três grandes: sentados da esquerda para direita, Winston Churchill, Franklin Roosevelt
e Josef Stálin.

Os objetivos em Yalta eram delimitar as zonas de influência na Europa e na


Alemanha do pós-Guerra, a desnazificação alemã, dar fim aos regimes nazista
e fascista. Teria se consolidado, neste contexto, a Cortina de Ferro.

A Cortina de Ferro é uma expressão que se refere à divisão geopolítica do


continente europeu que vigorou nos anos da Guerra Fria. É célebre o discurso
de Winston Churchill, em 1946 nos EUA, em que afirma, categoricamente, sobre
a influência negativa da União Soviética sobre os países do leste europeu.

Veja o trecho do discurso:


"De Estetino, no [mar] Báltico, até Trieste, no [mar] Adriático, uma cortina de ferro desceu
sobre o continente.
Atrás dessa linha estão todas as capitais dos antigos Estados da Europa Central e
Oriental. Varsóvia, Berlim, Praga, Viena, Budapeste, Belgrado, Bucareste e Sófia; todas
essas cidades famosas e as populações em torno delas estão no que devo chamar de
esfera soviética, e todas estão sujeitas, de uma forma ou de outra, não somente à
influência soviética mas também a fortes, e em certos casos crescentes, medidas de
controle emitidas de Moscou." Fonte: Wikipedia.
Figura 2. Cortina de Ferro.

A Conferência de Potsdam (jul/ago-1945) tem este nome por ter ocorrido em solo
alemão na cidade de Potsdam. Novamente os protagonistas dessa reunião
foram o EUA, o Reino Unido e a União Soviética. No caso, o Presidente
americano era Harry Truman, o Primeiro-Ministro do Reino Unido era Clement
Attlee e novamente o secretário geral do Partido Comunista, Josef Stalin.

Nessa conferência, que se estendeu dos dias 17/julho até 02/agosto, decidiram
pela divisão da Alemanha em 4 zonas de influências, impuseram indenizações
econômicas à Alemanha, buscaram controlar o país germânico por meio de
severas sanções a fim de manterem a paz mundial: desarmaram o país e
impediram sua re-militarização, além de colocarem na ilegalidade o Partido
Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, o partido nazista.
Figura 3. Divisão da Alemanha em 4 zonas de influência como resultado da Conferência de Potsdam.

Como se pode constatar, após as conferências a Europa estava dividida pelas


potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial. No caso, porém, o
continente ficaria sob influência dos impérios soviético e norte-americano,
começaria a Guerra Fria e a disputa leste versus oeste.

Um comentário sobre a data


Segundo alguns historiadores, a Guerra Fria não teria começado em 1945, mas
em 1947. No ano de 1947 houve a adoção do Plano Marshall e este seria o
primeiro movimento geoeconômico do mundo bipolar. Além disso, é comum se
discutir que o final da Guerra Fria foi em 1989 com a queda do Muro de Berlim,
embora a maioria considere seu fim o ano de 1991 em decorrência do fim da
URSS.

Histórico
A disputa entre os Estados Unidos e a União das Repúblicas Socialistas e
Soviéticas (URSS) recebe diferentes nomeações, além de Guerra Fria: mundo
bipolar, bipolaridade, conflito leste x oeste, disputa ocidente x oriente e Velha
Ordem Mundial.

Não houve centímetro na superfície terrestre que não estivesse em disputa pelas
duas potências com pretensões hegemônicas. A disputa da Guerra Fria começa
por dividir a Europa nos anos 1940 por meio das conferências em Yalta e em
Potsdam, nos anos 1950 se estende para a Ásia – e o exemplo notório se dá
com a criação das duas Coréia em 1953 –, a partir dos anos 1960 houve divisão
e influência no continente americano em virtude da Revolução Cubana (1959) e
seus desdobramentos regionais e, por fim, a disputa por influência em regiões
do continente africano nas décadas de 1960 e 1970, quando os países africanos
buscavam independência num longo processo de descolonização.

Doutrina Truman
O presidente dos Estados Unidos, Harry Truman (1945-1953), levou adiante uma
série de medidas políticas e econômicas a fim de conter o avanço do socialismo
em regiões do chamado ‘’elo frágil‘’ do capitalismo. Tais práticas ficaram
conhecidas como Doutrina Truman. O então Presidente norte-americano se
pronunciou no Congresso dos EUA em março de 1947 e discursou a propósito
da defesa do ‘’mundo livre contra a ameaça comunista’’. As guerras civis na
Turquia e na Grécia, ao longo de 1947, envolviam as monarquias locais e os
comunistas, tais acontecimentos levaram Truman a assumir uma postura anti-
socialista e a buscar meios de influenciar politicamente esses países.

Plano Marshall
Trata-se de um plano econômico projetado para reconstruir a Europa no pós-
Guerra. O Plano Marshall, sob a influência dos Estados Unidos e no contexto da
Doutrina Truman, concedia empréstimos e financiamento aos países que se
transformavam em aliados dos EUA. O Plano Marshall se estendeu de 1947 a
1951, a estimativa é que os EUA enviaram 18 bilhões de dólares aos países que
aceitaram tal ajuda, os maiores beneficiados foram a Inglaterra, a França e a
Itália. O idealizador do plano foi o general norte-americano George Catlet
Marshall que era Secretário de Estado dos EUA quando projetou a reconstrução
da Europa. Houve uma recusa dos recursos oriundos do Plano Marshall por
países do leste europeu, notadamente Polônia e Hungria, todos sob influência
soviética, e isto reafirma a divisão leste x oeste.

Entretanto, as ações de caráter econômico e ideológico não se restringiram aos


movimentos norte-americanos, pois a União Soviética também se movimentava
no tabuleiro do xadrez geopolítico da incipiente Guerra Fria.

KOMIFORM
O Comitê de Informação dos Partidos Comunistas e Operários (KOMIFORM) foi
criado pela União Soviética e procurou unir os Partidos Comunistas da Europa a
fim de conter a influência ocidental.

COMECON
No ano de 1949 a União Soviética ‘’lança mão’’ do COMECON com objetivo de
ajuda mútua e econômica entre os países comunistas. É compreendida como o
‘’Plano Marshall’’ soviético.

A divisão da Alemanha
Conforme discutimos acima, a Alemanha fora ocupada no final da Segunda
Guerra e dividida em zonas de influências pelos vencedores franceses, ingleses,
mas sobretudo norte-americanos e comunistas. Em 1949, a Europa se viu
dividida mais uma vez e nesse momento eram criadas duas Alemanhas. Essa
ocupação territorial deixaria marcas profundas na Alemanha, pois em maio de
1949 foi criada a República Federal da Alemanha (RFA), ou Alemanha Ocidental
e com capital na cidade de Bonn, já em outubro de 1949 a República
Democrática Alemã (RDA), ou Alemanha Oriental e a ‘’nova’’ Alemanha tinha
capital na cidade de Berlim Oriental.

A reunificação da Alemanha ocorreria apenas em 1990 no dia 3 de outubro,


foram longas décadas separadas.
O Muro de Berlim!
Talvez o maior símbolo da divisão européia nos anos da Guerra Fria seja o muro
na capital alemã. Em 1945, a Alemanha fora ocupada pelas potências aliadas e
soviéticos, sua capital também foi dividida em quatro zonas de influências, a
exemplo de todo território germânico.

O fato curioso é que o Exército Vermelho e os soviéticos chegaram à Berlim em


25 de abril de 1945, antes dos Aliados, e as consequências da Batalha de Berlim
ter sido ganha pelos soviéticos foram significativas e trouxeram mudanças
consideráveis no mapa da capital alemã, da própria Alemanha e da Europa como
um todo. Os Aliados só chegaram em Berlim em 2 de maio de 1945. Quer seja,
Berlim ficou em território de influência soviética, entretanto a divisão da capital
alemã entre os vencedores. Em outras palavras: Berlim estaria localizada na
Alemanha Oriental. Observe o mapa abaixo.

Figura 4. A divisão de Berlim.

Ao longo da Guerra Fria, as diferenças econômicas e a qualidade de vida nas


duas regiões em disputa se acentuaram consideravelmente. Houve maiores
avanços econômicos e inquestionável melhor qualidade de vida nos países sob
influência dos Estados Unidos e em Berlim não foi diferente, logo houve
emigrações e tentativas de fuga em massa da União Soviética e da Berlim
Oriental em direção à Berlim sob influência dos Aliados. No ano de 1961,
portanto, a solução que os comunistas da Alemanha Oriental encontraram em
13 de agosto foi a construção do famigerado Muro de Berlim a fim de isolar a
porção ocidental da cidade.

Sob a coordenação de Erich Honecker, Secretário do Comitê Central da


Alemanha Oriental e futuro presidente da República Democrática Alemã, foi
erguido o muro em tempo recorde. A queda do muro só se daria 28 anos depois,
em 1989!
As Revoluções
Ao longo da Guerra Fria houve três revoluções que levaram os países a se
associarem à União Soviética. No caso, as revoluções se derem na China, em
Cuba e no Irã.

China!
O ano de 1949 é marcante para a disputa entre EUA e União Soviética, além da
Revolução Chinesa, houve os testes nucleares pela Rússia em 29/agosto e a
formação da Organização do Tratado do Atlântico Norte.

A Revolução Chinesa ocorreu em 1° de outubro de 1949. Após longos anos de


tensão social e guerra civil interna, os comunistas chegam ao poder e Mao Tsé-
tung aprofundará as transformações no dragão asiático.

Cuba!
O ano de 1959 redefine o mapa-múndi na disputa entre as potências
hegemônicas. Houve a revolução de Fidel Castro e Che Guevara, os comunistas
chegam ao poder na ilha caribenha. A revolução em Cuba tem consequências
consideráveis no continente americano porque irá influenciar movimentos
guerrilheiros ao sul do Equador e na América Central.

Um dos fatos mais notórios e tenso da disputa leste versus oeste se deu em
Cuba, em 1962! Nos longos 13 dias de outubro (de 16 até 28), os olhos do mundo
estavam voltados para a Crise dos Mísseis. Os Mísseis soviéticos estavam à
porta dos Estados Unidos e teriam condições de atingir qualquer território num
raio de 3 mil quilômetros. Ou seja, as principais cidades da Costa Leste dos
Estados Unidos estavam na mira. À época, o governo dos Estados Unidos era
do Presidente John Kennedy que anunciou na TV a presença dos mísseis
soviéticos em Cuba. O líder soviético era Nikita Khrushchev que buscou um
acordo da seguinte maneira: não haveria intervenção dos EUA em Cuba de Fidel
Castro e os mísseis na Turquia, instalado em junho de 1961, deveriam ser
removidos da região.

Figura 5. Região de alcance dos mísseis soviéticos em Cuba.


Irã!
A revolução no Irã aconteceu em 1979 e é chamada de Revolução Islâmica.
Ainda que não tenha levado ao poder revolucionários socialistas, a exemplo das
revoluções chinesa e cubana, o que se assistiu foi um Irã em crescente oposição
aos Estados Unidos após as mudanças políticas internas e a deposição do xá
Reza Palehvi a partir de 1979.

O Irã fora importante aliado dos Estados Unidos até a queda do xá Reza Palehvi
que se asilou nos EUA, após sua queda, e aí permaneceu até sua morte.
Governou o Irã de 1941 até 1979. Após a derrubada de seu governo, o Irã será
governado pelo aiatolá Ruhollah Khomeini. Após as transformações
revolucionárias do Irã o país se distanciou do Ocidente, notadamente dos
Estados Unidos e a partir de então faria oposição aos interesses norte-
americanos no Oriente Médio. O Irã se transformava numa teocracia islâmica.

As alianças militares: OTAN x Pacto de Varsóvia!


Pelo fato de a Guerra Fria ter sido travada em muitos planos, não faltaria a
aliança militar em busca de autodefesa. À medida que a tensão crescia entre
EUA e URSS foram criadas as alianças militares de mútua defesa.

OTAN
A Organização do Tratado do Atlântico Norte foi criada em 4 de abril de 1949 e
tem como fundamento a mútua defesa caso um dos Estados-membros ou alguns
Estados-membros sejam atacados, criada sob a égide da Guerra Fria tem no
Estados Unidos seu principal líder.

No contexto da disputa entre os EUA e a União Soviética só pertenciam à OTAN


países ocidentais e do bloco capitalista, entretanto, houve a expansão da aliança
militar para o leste europeu após a dissolução do bloco soviético.

No caso, houve adesão de países da antiga zona de influência da União


Soviética nos últimos anos. Em 1997 a Hungria, a Polônia e a República Tcheca
entraram para a aliança. Tal expansão não parou por aí, pois em 2004 a Bulgária,
Romênia, Estônia, Letônia e Lituânia, bem como Eslováquia e Eslovênia aderiam
às diretrizes da aliança militar e se tornaram membros-plenos da OTAN. Os
últimos países, também do leste europeu, que entraram para OTAN foram a
Albânia e a Croácia em 2009. O fato notável nessa expansão da aliança militar,
com sede em Bruxelas na Bélgica, é que os países Tchecoslováquia (República
Tcheca e Eslováquia), Hungria e Polônia, Bulgária, Estônia, Letônia, Lituânia,
Romênia e Eslovênia pertenceram ao Pacto de Varsóvia.

Apesar da Guerra Fria ter chegado ao fim em 1991, a OTAN não parou de se
expandir e participou de alguns teatros de guerra nas últimas duas décadas. Nos
anos 1990, agiu militarmente na Guerra Civil da Bósnia (1992-1995), na crise da
ex-Iugoslávia em 1999, nas guerras recentes do Afeganistão, do Iraque e da
Líbia.
Pacto de Varsóvia
‘’União de paz e socialismo!’’ este é o lema da ex-aliança militar do bloco
socialista.

O pacto militar, assinado na capital polonesa em 14 de maio de 1955, é uma


espécie de resposta à OTAN no plano militar no contexto de disputa entre as
superpotências. Houve forte alinhamento à Moscou e ficara estabelecida uma
ajuda mútua caso houvesse agressão militar contra algum de seus membros.

O Pacto de Varsóvia chegou ao final em julho de 1991. Após o fim da União


Soviética e sob a influência da Rússia foi criada a Comunidade dos Países
Independentes (CEI) a fim de proteção e influência russa no leste europeu. Os
membros da CEI assinaram um acordo de segurança coletiva – Organização do
Tratado de Segurança Coletiva (OTSC) – em 1992 que entraria em vigor em
1994.

O Tratado de Tashkent foi assinado em 1992 a fim de mútua defesa. É um


tratado militar intergovernamental também conhecido como Organização do
Tratado de Cooperação e Segurança ou OTSC que entraria em vigor a parir de
1994 e procurava, em alguma medida, substituir o Pacto de Varsóvia.

União Soviética
Há uma longa história da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas que nos
remonta ao ano de 1917 e os desdobramentos da Revolução Russa. A União
Soviética constitui, no auge da Guerra Fria, num gigante império de 15 repúblicas
que orbitavam Moscou e que a partir dali e de sua adesão à URSS eram dirigidos
e fortemente influenciados pela capital russa.

Apesar da hegemonia comunista no seio das repúblicas socialistas é possível


dividirmos os países em subgrupos culturais.

Os países da Estônia, Letônia e Lituânia são conhecidos como países Bálticos.


Essa referência se deve ao fato de serem banhados pelo Mar Báltico. Estônia e
Letônia são países majoritariamente protestantes, apesar de minorias católicas
e ortodoxas. Essa maioria protestante é resultado da influência luterana dos
países nórdicos. A Lituânia tem no catolicismo a sua maior expressão religiosa.

Os países do Cáucaso estão no limite civilizacional entre a Europa e a Ásia. São


banhados pelo Mar Negro e pelo Mar Cáspio e figuram como fronteira geográfica
entre a Europa do leste e a Ásia. Pertencem ao Cáucaso os países da Turquia,
do Irã e partes da Rússia, bem como os três ex-integrantes da União Soviética:
Azerbaijão, Armênia e Geórgia. A região do Cáucaso é marcada por tensões de
ordem étnica e religiosa.

Ao sul da Rússia há os países da Ásia Central com população muçulmana. São


os países Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Uzbequistão, Turcomenistão.
Em termos regionais, a Ásia Central envolve o Afeganistão e porções territoriais
do Paquistão, do Irã, da China, da Índia, da Mongólia e da Rússia.
No mais, os demais países da ex-URSS são majoritariamente, religiosa e
etnicamente cristãos ortodoxos e eslavos, respectivamente.

Um fato importante é a influência cultural russa em toda essa região que Moscou
entende como ‘’exterior próximo’’, cujo idioma mais falado, depois dos nativos, é
o russo.

Figura 6. Os países são Rússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Uzbequistão, Turcomenistão,


Azerbaijão, Armênia, Geórgia, Ucrânia, Moldávia, Belarus, Lituânia, Letônia e Estônia.

A Corrida Espacial
O grande marco da disputa tecnológica que envolvia as duas superpotências dos
anos 1950 e 1960 era a busca pela conquista do espaço. Essa disputa é
conhecida como Corrida Espacial em virtude dos eventos de 1957 a 1968.

No dia 4 de outubro de 1957 os russos lançaram o satélite Sputnik I. No mesmo


ano, em 3 de novembro, foi lançado o satélite Sputnik II com a cachorrinha Laika.
Foi uma experiência e tanto, a cachorra Laika foi o primeiro ser vivo a viajar no
espaço. ‘’A Terra é azul’’, Yuri Gagarin, primeiro astronauta a viajar no espaço
teria dito tal frase que marcou sua época, estava a bordo da nave Vostok I em
12 de abril de 1961.

À medida que a Rússia conseguia chegar ao espaço, os Estados Unidos também


buscaram tal feito e investiram na construção de satélites. Os Estados Unidos
buscaram não ficar para trás, pois em 1958 lançaram em órbita o satélite
Explorer I.

‘’Um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para


humanidade’’, disse Neil Armstrong em sua conquista da Lua. O homem teria
pisado no Satélite Natural da Terra em 1969, precisamente em 20 de julho
daquele ano e sob os olhares terrestres que assistiam a cada gesto pela TV.
Uma característica do Projeto Apollo era a grande atenção midiática que seus
feitos atraíam. Este projeto foi desencadeado pelos Estados Unidos e tinha como
objetivo chegar à Lua, fato conseguido em 1968 através do sobre-vôo em torno
da Lua. Os astronautas norte-americanos que pisaram na Lua foram Neil
Armstrong e Edwin Aldrin.
A corrida espacial chegaria ao seu fim em 1975 quando da missão em que
astronautas norte-americanos e cosmonautas soviéticos trocaram presentes no
espaço. A cooperação entre EUA e União Soviética ocorreu através do projeto
cooperativo Apollo-Soyus que envolveu as duas potências a fim de
desenvolverem projetos espaciais em comum a partir de 1972.

Corrida Armamentista e Espionagem


Destaque-se que a Guerra Fria também ocorreu nas diversas esferas da
tecnologia militar e da espionagem. Estados Unidos e União Soviética criaram
agências de inteligência e espionagem. CIA e KGB são as mais conhecidas.

As bombas lançadas no Japão repercutiram demasiadamente nas esferas


militares e a partir de então os países buscaram aperfeiçoar seus armamentos.
A melhoria gradual de suas instalações militares e o desenvolvimento de grande
arsenal nuclear é a grande marca da corrida armamentista. No decurso das
décadas surgiram algumas potências nucleares. Em 1949 a União Soviética
chegou à bomba atômica graças a sua rede de espionagem, pois o casal norte-
americano – Julius e Ethel Rosenberg – teriam transferido informações para a
União Soviética.

As demais potências nucleares chegaram a tal tecnologia ao longo das décadas


seguintes. A Inglaterra chegou à bomba atômica em 1950, a França em 1960, a
China em 1964. No ano de 1968 os países assinariam um Acordo de não
Proliferação de Armas (TNP) que entraria em vigor a partir de 1970.

Índia e Paquistão não são signatários do TNP e chegaram à tecnologia nuclear


e à bomba atômica em 1974 e 1998, respectivamente.

O desenvolvimento atômico tem objetivos defensivos e dissuasórios, ou seja, os


países que desenvolveram bombas nucleares o fizeram dentro de suas regiões
a fim de minimizar as tensões locais e regionais. Em outras palavras, a disputa
entre a Índia e o Paquistão é enorme e há indefinição em suas fronteiras. Quando
tais países chegam à tecnologia e bomba nuclear seu objetivo é dissuadir o
potencial inimigo na fronteira.

Israel seria uma potência nuclear não declarada. A Coréia do Norte fez testes
nucleares em 2006 e em 2009. Nos anos de 2017 a Coréia do Norte fez novos
testes e lançou mísseis sobre o território japonês e um com alcance suficiente
para atingir a Califórnia, nos EUA. O Irã está envolvido num projeto nuclear que
é fortemente criticado pelos EUA.

As Guerras da Guerra Fria


Como resultado da divisão do planeta Terra em zonas de influência, os anos da
disputa bipolar foram marcados por alguns conflitos localizados em regiões
estratégicas da superfície do globo. Um fato curioso é que as guerras no contexto
da bipolaridade ocorrem na Ásia.

Guerra da Coréia (1950-1953)


Os norte-coreanos, sob a influência comunista, invadem a Coréia do Sul a 25 de
junho de 1950. Teríamos a partir de então uma das guerras mais sangrentas do
século XX sob a ameaça das potências nucleares também irem à guerra e
desencadearem uma hecatombe nuclear.

A península da Coréia ficara sob a administração japonesa desde 1910. O Japão


era uma potência imperialista desde o final do século XIX e assim permaneceu
até o final da Segunda Guerra Mundial. A Coréia se tornou independente do
Japão só em 1945 com o fim da guerra no Pacífico com os desfechos atômicos
nas cidades nipônicas.

Com o fim da Segunda Guerra e a retirada do Japão da Península a porção


setentrional ficou sob a influência soviética e a porção meridional sob influência
dos Estados Unidos, tais divisões em zonas de influências seriam marcantes nos
anos seguintes e se aprofundariam.

Após a invasão norte-coreana da porção sul da península, chegaram a


conquistar a capital do sul, Seul. Com a invasão do sul, a ONU – sob liderança
dos EUA –, enviaram tropas para libertarem Seul e a porção meridional
peninsular. Os EUA entraram definitivamente no conflito, com o envio de tropas,
quando a China enviou tropas para zona de conflito a fim de apoiarem os
comunistas ao norte.

A guerra perdurou por longos meses e se estendeu até 1953. Nesse ano os EUA
ameaçaram usar bombas nucleares na porção norte-coreana, também na China,
se não houvesse rendição norte-coreana. A 28 de março de 1953, a Coréia do
Norte aceita a proposta de paz das Nações Unidas e a 27 de julho é assinado o
armistício que põe fim às ações militares. O armistício estabeleceu a criação de
uma Zona Desmilitarizada da Coréia. A península era divididas oficialmente em
dois países no famigerado Paralelo 38.

Figura 7. Zona desmilitarizada entre as Coréias no Paralelo 38.

Guerra do Vietnã (1960-1975)


A mais longa guerra da Guerra Fria. Localizado na Península da Indochina o
Vietnã é um dos territórios envolvidos na famigerada guerra que envolveu
fartamente o exército dos Estados Unidos e foi muito representada nos filmes
hollywoodianos. A Guerra do Vietnã ocorreu em territórios do Laos e do
Camboja, além do Vietnã.

O Vietnã é ex-colônia francesa e se tornou independente após duras batalhas


na Guerra da Indochina (1946-1954). Ao término da Guerra da Indochina a
península se transformou independente da França e foram criados três países
em 1954: Camboja, Laos e Vietnã.

Em 1954, houve a Conferência de Genebra que além de reconhecer a península


independente divide o Vietnã em dois países no Paralelo 17.

Na porção norte havia influência soviética, cujo líder era Ho Chi Minh que
governou doravante o fim da Guerra da Indochina. Na porção sul havia influência
dos Estados Unidos, governada desde então por Bao Daí.

O Vietnã do Sul com o apoio norte-americano se constituiu numa ditadura que


era contestada por vietcongues. Os vietcongues eram sul-vietnamitas
comunistas que recebiam apoio dos norte-vietnamitas e seu governo comunista
de Ho Chi Minh. A posição dos Estados Unidos para a região da Indochina ficou
conhecida como Teoria do Efeito Dominó em decorrência da postura do
presidente Eisenhower a partir de 1954.

Figura 8. Teoria do Efeito Dominó. “Se os comunistas se consolidarem, estarão encorajados para dominar
a Birmânia, Tailândia e Indonésia, todos com importantes movimentos populares influenciados pelos
comunistas. Isto daria a eles uma vantagem econômica e estratégica e faria do Japão, Taiwan, Filipinas,
Austrália e Nova Zelândia os próximos alvos” Eisenhower

À guerra finalmente! Em 1959, os vietcongues, com apoio dos soviéticos e de


Ho Chi Minh, atacaram uma base militar norte-americana no Vietnã do Sul.
Houve uma escalada dos Estados Unidos no Vietnã desde então. Os EUA
usaram helicópteros, Napalm e diversos equipamentos militares modernos
nessa guerra. A resistência norte-vietnamita usou a seu favor seu conhecimento
do terreno em florestas equatoriais úmidas e inóspitas, pior ao soldado que
desconhece a geografia local.
Guerra do Afeganistão (1979-1989)
O país da Ásia Central, pouco conhecido dos ocidentais, foi palco de disputas no
final da Guerra Fria. A Guerra do Afeganistão é concedida como o Vietnã
soviético.

O Afeganistão é um mosaico de características naturais e humanas, seus limites


geográficos e políticos se dão com o Paquistão, o Irã, Índia, China, Tajiquistão e
Uzbequistão.

Os limites fronteiriços afegãos exercem forte influência cultural no país, tanto


persa do Irã, quanto indiano e hindu através da fronteira com o Paquistão e Índia.
Sua população se distribui entre a maioria Pashtuns (sunitas), Tadjiques (etnia
próxima dos persas, são sunitas), Hazarás (descendentes mongóis, são xiitas e
invariavelmente são perseguidos pelos Pashtuns) e Turcófonos (conjunto étnico
de uzbeques, turcomenos e quirguizes).

Era dezembro de 1979 e simpatizantes dos soviéticos tentaram dar um Golpe de


Estado. Os soviéticos apoiam os revolucionários e envia tropas ao país. Os
combatentes afegãos contrários à ocupação militar são conhecidos como
Mujahidin (ver nota abaixo). Os mujahidin vieram de vários países vizinhos para
lutarem contra o exército soviético. Destacam-se os mujahidin que vieram da
Arábia Saudita e do Paquistão. Os xiitas iranianos apoiaram os xiitas afegãos
contrários à ocupação soviética. Um notável mujahidin dessa guerra é Osama
Bin Laden que mais tarde lideraria o grupo fundamentalista da Al-Qaeda e é tido
como responsável e arquiteto dos atentados de 11 de setembro de 2001.

Houve apoio logístico e militar dos Estados Unidos, da Arábia Saudita e do Reino
Unido aos mujahidin que lutaram no Afeganistão. Os combatentes contra a
invasão soviética criariam o Taleban.

A Guerra do Afeganistão foi custosa para a União Soviética e não resultou em


vitória aos comunistas. Em 1989 os soviéticos resolveram se retirar do país. A
partir de então os mujahidin entrariam em profunda guerra civil entre si.
Figura 9. Rotas da invasão soviética.

Nota: Mujahidin! Os mujahidins são guerrilheiros motivados pela fé no Islã.


Traduz-se do árabe como combatente. É alguém que se empenha na luta
(Guerra Santa – Jihad). Nem sempre o guerreiro é motivado pela fé, embora
tenhamos associado no ocidente o mujahid como homem do Jihad. Nos últimos
anos, em decorrência da Guerra ao Terror dos Estados Unidos – em
desdobramentos ao 11 de setembro – têm-se associado os mujahidin aos
fundamentalistas islâmicos.

A última fronteira
Houve tentativa de cooptação dos países da África à medida que viviam seu
processo de independência nas décadas de 1950, 1960 até a década de 1970.
Tal tentativa se estendeu à Ásia que vivia o mesmo processo de descolonização
no mesmo período. O continente africano fora partilhado no final do século XIX
através da Conferência de Berlim (1885) no processo conhecido como
Neocolonialismo. As potências européias, em franco processo de
industrialização, levaram adiante uma política imperialista e dividiram a África
para explorar suas riquezas minerais.
Figura 10. Mapa da África colonial em 1914.

O contexto da descolonização africana é o pós-Segunda Guerra quando as


potências européias estavam enfraquecidas na geopolítica internacional. Houve
ascensão do nacionalismo no continente com forte influência da Carta da ONU
que trazia o princípio do Direito à Autodeterminação dos Povos. Ademais, o
nacionalismo reverberou o Pan-Africanismo (cuja liderança era do Quênia) e o
Pan-Arabismo (cuja liderança era do Egito com Gamal Abdel Nasser).
Certamente a disputa leste x oeste influenciaram o processo de descolonização
africana.

Figura 11. Ano de independência dos países africanos.


Os últimos dias da Guerra Fria
Nos anos 1980 houve uma infinidade de eventos que levariam ao fim do mundo
bipolar.

Em 1979, o Reino Unido vê ascender ao poder Margaret Thatcher, que ficaria


conhecida como a Dama de Ferro, que levou adiante uma postura neoliberal e
influenciaria os países ocidentais.

Em 1980, Ronald Reagan chegaria à Casa Branca, nos EUA, e junto com
Thatcher fariam esforços pelo avanço da política econômica do neoliberalismo
nos países em que exerciam influência.

Na União Soviética, chega ao poder Mikhail Gorbachev em 1985 que faria as


aberturas estruturais na economia (Perestroika) e na política (Glasnot) que
dariam fim à União Soviética.

Ainda na década de 1980, um dos grandes símbolos da Guerra Fria viria abaixo.
O Muro de Berlim foi desmanchado e ruiu em 1989 no dia 9 de novembro.

Em 1991, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas deixa de existir. O ano


de 1991 é marcante também na Rússia com a eleição de Boris Yeltsin.

Boris Yeltsin criaria a Comunidade dos Estados Independentes (CEI) a fim de a


Rússia manter sob influência os países do leste europeu.

Começava a globalização...

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