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Os blocos econômicos nasceram com objetivos de integração regional entre

economias de países próximos e com fortes relações econômicas e no horizonte


pretendem diminuir ou eliminar barreiras alfandegárias, almejam a livre
circulação de capitais, bens e mercadorias e, no caso específico da União
Européia, a união monetária. Ademais, os blocos econômicos pretendem a livre
circulação de pessoas intra-bloco.
A integração exige enorme e complexo processo histórico, o qual pode ser
dividido em diferentes estágios, a serem cumpridos, para formação do bloco
econômico. No caso, as integrações econômicas podem ser em maior ou em
menor escala a depender dos tipos de acordos em que os países de determinado
bloco chegaram.
Os tipos e níveis de integração e de blocos econômicos são
- Zona de Livre Comércio;
- União Aduaneira;
- Mercado Comum e União Monetária.

Zona de Livre Comércio


Redução gradativa de impostos alfandegários ou sua total eliminação. Seu
objetivo é estimular o comércio entre os países-membros. Utilizam uma mesma
Tarifa Interna Comum (TIC), ou seja, os tributos são únicos para os países-
membros do bloco. O maior exemplo de Zona de Livre Comércio é o NAFTA,
hoje sob a nomenclatura de USMCA – cujos países-membros são os Estados
Unidos, o México e o Canadá.

União Aduaneira
Estágio mais avançado no processo de integração econômica se comparado à
Zona de Livre Comércio. Pois além da Tarifa Interna Comum, adoram uma Tarifa
Externa Comum (TEC), ou sejam, adotam mesma tarifa para importação de
produtos cuja origem seja extra-bloco. Ademais, há livre circulação de
mercadorias. No caso, não existem barreiras alfandegárias.

TEC: adoção de mesmas tarifas na importação de mercadorias a fim de não


haver concorrência entre os países-membros e signatários aos acordos de União
Aduaneira. O Mercosul é o maior exemplo, embora seja considerado uma União
Aduaneira Imperfeita.
Mercado Comum
É o estágio mais avançado da integração econômica. Há integração em muitos
setores econômicos. Os países de um Mercado Comum buscam padronizar suas
legislações econômicas, trabalhistas e ambientais, almejam uma formatação
fiscal. Há livre circulação dos fatores produtivos, no caso livre circulação de
pessoas, bens e serviços, além de mão-de-obra, bem como a livre circulação de
mercadorias e capitais. Em última instância há a adoção de uma mesma moeda
através da União Monetária. Para tanto é criado um banco central no seio do
bloco econômico.
União Européia
O bloco econômico de maior integração econômica, política e social, a União
Européia, nasceu a partir de 1992, mas sua origem remonta à década de 1940
quando se buscavam alternativas à reconstrução do continente em decorrência
da destruição ao longo da Segunda Guerra Mundial.

Histórico da União Européia


A Origem: no ano de 1944 os países da Bélgica, Holanda e Luxemburgo
resolveram se associar economicamente a fim de reconstruírem suas economias
que foram fortemente abaladas pela Segunda Guerra Mundial. Criaram a zona
de livre comércio do BENELUX (acrônimo de Bélgica, Nederland e Luxemburgo)
e reduziram gradativamente impostos em suas relações comerciais. Saliente-se
que a zona de livre comércio reduz ou elimina tarifas alfandegárias e tende a
permitir um comércio mais ágil entre os países-membros.

Imediatamente ao pós-Segunda Guerra, os países da Europa figuravam entre a


disputa das potências hegemônicas da bipolaridade da Guerra Fria. A Doutrina
Truman e o Plano Marshall, dos Estados Unidos, pretendiam manter sob sua
influência política e econômica os países da Europa arrasados pelas batalhas da
guerra. A percepção dos países europeus foi que associações econômicas
possibilitariam reconstruir suas economias e manter, ao longo do tempo, maior
autonomia em relação às zonas de influência da bipolaridade.
CECA: em 1951 é assinado o Tratado de Paris que cria a Comunidade Européia
do Carvão e do Aço (CECA).

Figura 1. Jean Monnet. O político francês, Jean Monnet, foi um dos grandes entusiastas para a criação da
CECA e um dos responsáveis pela criação do Plano Schuman. É atribuída às suas ações diplomáticas a
criação da Europa unida.

O Plano Schuman: o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Robert Schuman,


junto com as ações de Jean Monnet, são responsáveis pela Declaração
Schuman que seria responsável, no decurso das décadas, para integração
econômica européia. A Declaração Schuman foi um discurso do então ministro
francês a fim de apontar uma união entre a Alemanha e a França. A região
fronteiriça entre ambos os países, notadamente as províncias riquíssimas em
recursos naturais de ferro e de carvão de Alsácia e Lorena, na França, bem como
Sarre e Ruhr, na Alemanha, foram alvos de disputas territoriais que exerceram
forte influência no desencadeamento das guerras mundiais. A lógica, portanto,
seria a criação de uma administração supranacional que minimizasse o
acirramento das disputas territoriais entre França e Alemanha. Entraria em
debate a perspectiva de soberania compartilhada.
Destaque-se que tanto carvão, quanto aço são produtos de fundamental
importância ao desenvolvimento industrial dos países e constituem a base da
indústria pesada.
Robert Schuman teria afirmado: “por não termos realizado a Europa, sofremos a
guerra” em evidente perspectiva de que a união supranacional diminuiria as
tensões entre os países europeus. E mais: “a Europa não se fará de uma só vez,
nem numa construção de conjuntos, a Europa far-se-á por realizações concretas
desenvolvendo antes do mais uma solidariedade de facto. […] Os países da
Europa são demasiado pequenos para assegurarem aos seus povos a
prosperidade e o desenvolvimento social indispensáveis. Isso implica que os
Estados da Europa constituam uma Federação ou uma entidade europeia que
faça deles uma unidade econômica comum.’’ Fonte: euroogle.

Figura 2. Mapa fronteiriço entre o Reino da Prússia, atual Alemanha, e França no século XIX. Observe o
destaque da região de Alsácia e Lorena que seria alvo de disputas beligerantes envolvendo ambos os
países.

A partir do Plano Schuman, houve adesão da Alemanha Ocidental e da França,


da Itália e do BENELUX à criação da Comunidade Européia do Carvão e do Aço.
Aqui nascia o que viria a ser a Europa dos Seis com a criação de um mercado
comum.
Mercado Comum Europeu: em 1957 foi assinado o Tratado de Roma que daria
origem ao Mercado Comum Europeu.

Figura 3. Mapa da CECA e Europa dos Seis. Alemanha Ocidental, França, Itália e BENELUX. Destaque-se
que a Argélia, país magrebino no norte da África pertencia à França como colônia. Fonte: Commons
Wikipedia. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:ECSC52.png Acesso: 11/08/2021.

O Tratado de Roma foi responsável pela criação de duas instâncias na Europa


dos Seis. No caso, em Roma ficaram acordados a criação da Comunidade
Econômica Européia (CEE) e da Comunidade Européia da Energia Atômica
(EURATOM). Saliente-se que já existia a Comunidade Européia do Carvão e do
Aço (CECA) em vigor desde 1952.
Através do Tratado de Roma era estabelecida a criação de uma União Aduaneira
entre os países membros. A CEE ficou conhecida como Mercado Comum
Europeu. O prazo para integração e finalização das tarifas alfandegárias foi de
12 anos. Além disso, é o Tratado de Roma que estabeleceria a criação da
Política Agrícola Comum (PAC) que é um conjunto de medidas econômicas
voltadas à produção agropecuária dos países-membros. A PAC estabelecia a
livre circulação de mercadorias agrícolas entre os países membros, a adoção de
políticas protecionistas a seus bens agrícolas e a posição unitária – dos países
membros – para acordos internacionais.
A criação da Comunidade Européia de Energia Atômica (EURATOM)
desenvolveu uma política de geração de energia nuclear nos países da CEE e
criou uma indústria nuclear para o bloco com objetivos exclusivamente pacíficos
e civis. Em 1965 foi assinado o Tratado de Bruxelas, conhecido como Tratado
de Fusão, que uniria as comunidades do carvão e aço (CECA), da energia
atômica (EURATOM) e do mercado comum (CEE). Houve a partir de então a
fusão institucional entre esses órgãos comunitários.
Expansão da CEE: da Europa dos Seis à Europa dos Doze. Ao longo das
décadas houve acordos para expansão da Comunidade Econômica Européia,
pois em 1973 houve adesão do Reino Unido, da Dinamarca e da Irlanda. Criava-
se aqui a Europa dos Nove. Nos anos 1980, houve outra expansão do bloco
econômico e adesão da Grécia em 1981, além de Portugal e Espanha em 1986.
Acordo Schengen: o Acordo Schengen, assinado em 1985, tem como objetivo
a criação de um espaço geográfico na Europa para abertura de fronteiras e livre
circulação de pessoas oriundas dos países signatários.
Atualmente, o Espaço Schengen, zona contemplada pelo acordo de 1985, é
composto por 30 países europeus. Todos os países da União Européia, que
contava com 28 países em 2016, estão no acordo, exceto Reino Unido e Irlanda.
A propósito, o Reino Unido estava em processo de saída da União Européia
desde o referendo de 2016.
Os países signatários do Espaço Schengen, que não pertencem à União
Européia, são a Islândia, a Noruega e a Suíça. Quer seja, os países podem
participar do Espaço Schengen sem fazer parte da União Européia.
União Européia: em 1992 é assinado o Tratado de Maastricht e se cria a União
Européia. O tratado assinado em Maastricht altera os demais tratados que
existiram até então e é conhecido como Tratado da União Européia (TUE). No
caso, o que havia – desde o Tratado de Roma de 1957 – era a Comunidade
Econômica Européia. O objetivo é criar um espaço de paz, liberdade e bem-
estar, além da integração econômica.
Maastricht é uma cidade holandesa sem grandes proporções, haja vista que na
Holanda outras cidades têm maior expressão e importância como Amsterdã,
Roterdã e Haia. Entretanto, a cidade pequena foi escolhida simbolicamente a fim
de evidenciar que não há espaços mais importantes e sim que há igualdade entre
as regiões do bloco.
Nos anos posteriores ao Tratado de Maastricht foram assinados novos tratados
em Amsterdã, em 1997, em Nice, em 2001, e em Lisboa, em 2007.
Objetivos da União Européia: os objetivos do bloco são a livre circulação de
pessoas, serviços, bens e capitais, além de mercadoria. Há integração, entre os
países-membros, em diferentes áreas como a econômica, humanitária,
tecnológica e científica. E há política comum para pesca, agricultura, segurança,
indústria e justiça, por exemplo.
Nasce a União Européia fundamentada em três pilares
- Comunidades: CECA; CEE; e EURATOM;
- Política Externa de Segurança Comum;
- Cooperação no Domínio da Justiça e dos Assuntos Internos.

Sedes das Instituições da União Européia


A União Européia tem sete instituições governamentais. Essas instituições
atuam em diferentes setores da administração pública e legislativa
supranacional, ademais as instituições européias são uma espécie órgãos de
governo supranacional com poderes executivos, legislativos, judiciários e
monetários.
As instituições da União Européia
PODER EXECUTIVO
Comissão Européia: sediado em Bruxelas, na Bélgica, é o poder executivo da
União Européia e atua como ‘’governo’’ do bloco. Tem a função de negociar
tratados internacionais, por exemplo.
Conselho Europeu: é a cúpula dos chefes de Estado e exerce poder legislativo.
Sediado em Bruxelas, na Bélgica.

PODER LEGISLATIVO
Conselho da União Européia: formada por ministros de cada país-membro.
Onde ocorrem reuniões específicas entre os ministros da educação, ou ministros
de transportes de cada país-membro.
Parlamento Europeu: exerce o poder legislativo numa espécie de câmara baixa
e atua junto com o Conselho Europeu. Tem sede e sessões plenárias em
Estrasburgo, na França, Secretaria Geral em Luxemburgo e reuniões em
Bruxelas.
PODER JUDICIÁRIO
Tribunal de Justiça da União Européia: é o poder judiciário do bloco
econômico e tem como princípio garantir a uniformidade das leis da União
Européia. É sediado em Luxemburgo.
Tribunal de Contas Europeu: tem a função de auditoria contábil das receitas e
despesas das instituições da União Européia. É sediado em Luxemburgo.

Banco Central Europeu: desenvolve a política monetária do bloco, faz o


controle da oferta de euro a fim de garantir estabilidade de preços. Junto com os
bancos centrais nacionais forma o Sistemas Europeu de Bancos Centrais. É
sediado em Frankfurt, na Alemanha.
As instituições do bloco se situam basicamente nos países membros-fundadores
do BENELUX e da CECA. A política monetária tem muito peso da economia
alemã que tinha a mais importante economia do bloco antes da união monetária.
A propósito, os objetivos de Maastricht eram criar uma união econômica e
monetária (UEM), uma política externa de segurança comum e uma cooperação
nos assuntos jurídicos. Tais objetivos convergiram com a consolidação das
instituições européias.
Países...
Hoje (2021), são 27 países que pertencem à União Européia. A adesão ao bloco
foi paulatina e ocorreu ao longo das décadas. Quando assinado o Tratado de
Maastricht nascia a União Européia com apenas 12 países. Em 1995, houve
adesão dos países escandinavos, Suécia e a Finlândia, ambos são países
nórdicos. Além da Áustria.
Em 2004 houve a maior expansão do bloco em direção a região do leste europeu
e aderindo países que pertenciam à zona de influência da União Soviética e que
historicamente é marcada pela influência russa.
No total são 10 novos membros que adentraram em 2004 na maior adesão ao
bloco desde sua origem. Do norte ao sul, vejamos: os países bálticos (Estônia,
Letônia e Lituânia) procuraram se desvencilhar da influência russa em 1991
quando não entram para a Comunidade de Estados Independentes e a partir de
2004 passam a integrar a União Européia. No mesmo ano entraram ao bloco os
países ex-satélites da União Soviética, no caso, a Polônia e as República Tcheca
e República Eslovaca. Além desses, a Hungria e o recém independente da
Iugoslávia, a Eslovênia. Além de Malta e Chipre.
No ano de 2007, entraram ao bloco a Romênia e a Bulgária, e o último novo
membro, a Croácia, em 2013.
O Tratado de Maastricht trouxe novidades importantes na política econômica. É
sugerida a criação da união monetária e criada a moeda única, o Euro. Apesar
de Maastricht ser de 1992, o Euro só entrou em circulação dez anos depois de
sua propositura legal, pois à medida que os países adotam a moeda única
perdem soberania monetária. Não é um processo fácil de integração.
A zona do Euro: a adoção da moeda única não ocorreu em todos os países da
União Européia. A Dinamarca, por exemplo, realizou um plebiscito em 2000
sobre a mudança de sua moeda, a coroa dinamarquesa, e a população não
aprovou a mudança monetária. O resultado do plebiscito foi o mesmo na Suécia
que rejeitou a adoção do euro em 2003. Outro membro da União Européia que
não adotou a moeda única foi o Reino Unido e este, provavelmente, é o caso
mais notório porque a economia britânica e sua moeda (Libra Esterlina) é uma
das moedas mais valiosas do mundo. É comum atribuírem à recusa do Reino
Unido à moeda única do bloco em virtude de sua importância entre as moedas
correntes, entretanto, outros fatores devem ser considerados para a recusa do
Euro nesses países. Saliente-se que o Reino Unido abandonou a União Européia
em 2016, assunto abordado nas próximas páginas.
Um dos motivos da recusa à união monetária é a desconfiança quanto à
viabilidade da integração monetária e financeira, isso ficou claro nos plebiscitos
da Dinamarca e da Suécia. Além disso, os países quando adotam a moeda única
abrem mão, parcialmente, de sua soberania monetária e política econômica. E
mais, a simbologia junto ao povo e a identidade cultural de sua numismática
certamente é algo fundamental para compreensão da recusa da moeda
supranacional. A implantação do Euro ocorreu em duas etapas. Em 1999 a
moeda foi implantada nas relações comerciais e financeiras. E em 2002 a moeda
passou a circular em doze países.
Além dos países supracitados, não adotaram o euro a Polônia, a República
Tcheca, a Hungria, a Romênia, a Bulgária e a Croácia, todos são membros mais
recentes. Bulgária e Romênia entraram no bloco em 2007 e a Croácia em 2013.
Mas são obrigados a aderirem ao Euro e tal fato será decidido no futuro. E mais,
há os países que aderiram ao euro de maneira unilateral: Kosovo e Montenegro,
que utilizavam o marco alemão, além do Zimbábue, apesar de não pertencerem
à União Européia. Por fim, há os países de população pequena e por isso não
aderiram à União Européia, mas sempre utilizam moedas de países vizinhos.
Trata-se do Vaticano, San Marino, Mônaco e Andorra. Veja o mapa abaixo da
Zona do Euro. É notável que nem todos os países-membros da União Européia
aderiam à moeda única.

Figura 4. Países da União Européia e Zona do Euro.

Outros Tratados do Bloco


- Tratado de Amsterdã: em vigor desde 1999 reformulou o Tratado de
Maastricht e preparou adequadamente o bloco para a adesão dos novos países-
membros. Foi através desse tratado que se regularizou a livre circulação de
pessoas dentro do bloco em conformidade com o Espaço Schengen.

- Tratado de Nice: com objetivos de reforma institucional para o alargamento do


bloco entrou em vigor em 2009.

- Tratado de Lisboa: consolida os Tratados de Amsterdã e Nice e reafirma os


compromissos de Maastricht. O Tratado de Lisboa confere maiores poderes às
instituições do bloco, fato que tem sido criticado por perspectivas políticas mais
nacionalistas dos Estados-membros.

A crise dos PIIGS e o BREXIT


PIIGS é um acrônimo para se referir aos países de Portugal, Irlanda, Itália,
Espanha e Grécia que foram fortemente abalados por crise econômica nos
últimos anos. A partir de 2008 e da crise econômica nos Estados Unidos, em
virtude da quebra do sistema imobiliário norte-americano, desencadeou-se uma
crise financeira nas economias européias e os países mais afetados no velho
mundo foram os que compõem o PIIGS.

Os países afetados pela crise financeira atuaram de maneira indisciplinada nos


gastos públicos com crescentes endividamentos. Outrossim, há déficit
orçamentário nesses países. A crise no PIIGS resultou em crescente
desemprego, especialmente junto às populações jovens desses países.

Parte da solução à crise na Zona do Euro foi a corrida a empréstimos do Fundo


Monetário Internacional e ajuda financeira das economias mais fortes do bloco,
especialmente a ajuda alemã. Foram emprestados 110 bilhões de euros aos
países afetados pela crise. No auge da crise, sobretudo na Grécia, discutiu-se a
possibilidade de a Grécia abandonar a Eurozona e o bloco econômico, ficou
famosa a expressão Grexit!
O BREXIT: Britain Exit! O Reino Unido pertence ao bloco econômico desde
1973, apesar de não aderir ao Euro, nem de assinar o acordo do Espaço
Schengen.
O então Primeiro-Ministro David Cameron em campanha eleitoral havia
prometido fazer um referendo sobre a permanência do Reino Unido na União
Européia, apesar de ser pessoalmente contrário. Assim que eleito, convocou o
referendo onde os votantes decidiram pela saída ou permanência na U.E. Veja
o mapa abaixo do referendo:

Figura 5. Mapa do referendo do Brexit. Leave: 51,9% and Remain: 48,1%. Referendo realizado dia 23 de junho de
2016. Fonte: The Washington Post. Disponível em:
https://www.washingtonpost.com/news/worldviews/wp/2016/06/24/this-map-shows-britains-striking-
geographical-divide-over-brexit/ acesso: 11/08/2021.

O resultado foi apertado para a saída (leave) que obteve 51,9% dos votos contra
48,1% que desejavam permanecer (remain) na União Européia. A diferença é de
1,2 milhão de votos. As consequências políticas e econômicas do Brexit são
enormes, a começar pela renúncia imediata de David Cameron por não
concordar com a saída e não se sentir confortável em meio à transição. Quem
assumiu o cargo de Primeiro-Ministro foi Theresa May, em 19 de julho, que
tentou conduzir o Reino Unido para fora do bloco, mas acabou renunciando
também em maio de 2019 sem conseguir concluir a saída.
Breve comentário sobre o Reino Unido
O Reino Unido é composto por quatro nações constituintes, cuja união remonta
ao século XVIII. As nações são: Escócia, Inglaterra, País de Gales e Irlanda do
Norte. Formou-se em 1707, quando os Atos da União agregaram os parlamentos
da Escócia e da Inglaterra a fim de se criar a Grã-Bretanha. A junção da Irlanda
ocorreu em 1800 quando o Ato de União estabelece a união entre Grã-Bretanha
e o reino da Irlanda e se consolida, portanto, o Reino Unido da Grã-Bretanha e
Irlanda. No ano de 1922 houve fragmentação no Reino da Irlanda com a criação
de dois países. Surgia o Estado Livre Irlandês, atual República da Irlanda, e a
Irlanda do Norte que pertence ao Reino Unido. A partir de 1927 surge o nome
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte que é popularmente conhecido
apenas como Reino Unido.
A justificativa para a saída do bloco se assenta numa série de prerrogativas
fortemente nacionalistas. Além da bandeira nacional, pesou a questão
migratória. As justificativas econômicas também foram importantes para a saída
da União Européia.
O mapa eleitoral do Brexit foi bastante polemizado após o pleito porque nas
capitais Londres (Inglaterra), Cardiff (Gales), Belfast, (Irlanda do Norte) e
Edimburgo (Escócia) a maioria votou pelo ‘’remain’’, ou seja, permanência. As
regiões da Grande Londres, bem como a Escócia e a Irlanda do Norte desejariam
permanecer na União Européia e após o referendo essas regiões cogitaram
permanecerem no bloco econômico, ainda que saíssem do Reino Unido,
especialmente a Escócia. A propósito, em 2014 houve novo referendo na
Escócia a fim de votarem sua permanência ou independência do Reino Unido, a
vitória foi de união.

Figura 6. Referendo escocês em 18 de setembro de 2014.


O resultado do Brexit e os debates políticos após o pleito evidenciam que os
movimentos na Escócia contrários ao Reino Unido continuam fortes e atuantes.
Os nomes mais importantes da saída do bloco foram do político Boris Johnson,
que assumiu o mandato de primeiro-ministro com a renúncia de Theresa May,
ambos do Partido Conservador. Outra figura de peso e fundamental nas
campanhas pelo ‘’leave’’ (saída) foi de Nigel Farage, líder do Partido
Independente do Reino Unido, o Ukip.
MERCOSUL
O mais importante bloco econômico da América do Sul.

Histórico
O contexto regional, da América do Sul, nas décadas anteriores ao processo de
integração econômica do Mercosul é de tensão geopolítica e disputas regionais
entre Brasil e Argentina. As rivalidades entre as duas maiores economias
regionais envolviam o uso da Bacia do Prata e uma tensão nuclear.
Em 1966, fora assinado acordo entre Brasil e Paraguai a respeito de uso das
águas dos rios Paraguai e Paraná e em 1973 ambos acordaram a construção da
Binacional Itaipu. A Argentina questionava o uso das águas à montante, pois
afirmava ter pretensões de construir infraestrutura à jusante da Bacia do Prata.
Em 1979, houve assinatura de acordo tripartite para uso da Bacia do Prata entre
Argentina, Brasil e Paraguai, no que ficaria conhecido como diplomacia da
cachoeira.
No ano de 1991, Argentina e Brasil assinam o Acordo de Guadalajara que trata
do uso nuclear exclusivamente pacífico entre ambos. Tal assinatura minimizou
as rusgas entre os países quanto à questão nuclear. No momento desse acordo
já havia importantes movimentos de aproximação diplomática entre ambos e o
Mercosul já tinha sido criado.
O ano de 1982 foi importante para reaproximação entre Brasil e Argentina, pois
neste ano estourou a Guerra das Malvinas/Falklands que trouxe para o tabuleiro
geopolítico a disputa entre Argentina e Reino Unido sobre as ilhas
Malvinas/Falklands. O Brasil se manteve neutro na guerra e fechou o espaço
aéreo, o qual poderia ser utilizado pela Inglaterra e certamente lhe conferiria
importante região estratégica. A neutralidade do Brasil foi bem recebida pelos
nossos vizinhos hermanos.
Em 1985, Argentina e Brasil assinam a Declaração de Iguaçu com notáveis
interesses de aproximação entre ambos e com objetivos de integração
econômica. Este momento coincide com o processo de redemocratização de
ambos os países. No ano de 1986, sob iniciativa do Brasil, e apoio da Argentina,
criam o fórum de cooperação e diálogo do ZOPACAS. A Zona de Paz e
Cooperação do Atlântico Sul envolve os países banhados pelo oceano Atlântico
meridional. Tais iniciativas fizeram convergir em muito a política externa de Brasil
e Argentina.
Tentativas de integração
Em 1960, fora criado a Associação Latino-Americana de Livre Comércio
(ALALC) no que ficaria conhecido como o primeiro Tratado de Montevidéu
(TM60). A década de 1960 era marcada por processo de industrialização de
países da América Latina e os países precisavam expandir seus mercados.
Havia o objetivo de expandir seus mercados nacionais e criar economias de
maior escala. Sob o pano de fundo se pretendia criar uma Zona de Livre
Comércio na América Latina. Pertenciam à ALALC a Argentina, Brasil, Chile,
México, Paraguai, Peru e Peru e, em 1970, houve adesão de Bolívia, Colômbia,
Equador e Venezuela. No ano de 1999 houve adesão de Cuba.

Outrossim, houve a criação da ALADI (Associação Latino-Americana de


Integração), criada em 1980 sob a égide do segundo Tratado de Montevidéu
(TM80). Atualmente conta com 13 países-membros, pois houve adesão de Cuba
em 1999 e do Panamá em 2012. A criação da ALADI reafirma as intenções de
integração da ALALC. O objetivo da ALADI tem sido promover um mercado
comum latino-americano por meio de preferência alfandegária regional e
acordos de alcance regional e parcial entre os países-membros. A ALADI é
importante para a integração do Mercosul, pois é requisito pertencer à ALADI
para pleitear ser membro do Mercado Comum do Sul.

Fundado sob os auspícios da globalização, o Mercado Comum do Sul


(MERCOSUL) nasceu em 1991 com a assinatura do Tratado de Assunção, a
26 de março daquele ano, a fim de integrar as economias da Bacia do rio da
Prata. No caso, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai são os membros plenos
desde então. O Tratado de Assunção não conferiu personalidade jurídica ao
bloco.
Atualmente conta com os quatro membros efetivos supracitados, além da
Venezuela que fora suspensa em 2016 por não cumprir cláusulas de adesão.
Em 2017, houve suspensão da Venezuela por descumprir cláusulas
democráticas do bloco. São sete países-associados (Bolívia, Chile, Colômbia,
Equador, Guiana, Peru e Suriname) e dois observadores (México e Nova
Zelândia), além de longo processo de integração à União Européia desde 1999.
Protocolo de Ouro Preto (1995)
O Protocolo de Ouro Preto, assinado em 1995, tornou o Mercosul em uma União
Aduaneira. Além disso, conferiu personalidade jurídica ao Mercosul. Entretanto,
as sucessivas crises econômicas dos países-membros dificultaram sua maior
integração nos anos 1990. Em 1999, por exemplos, o Brasil sofreu forte crise
econômica, a Argentina em 2001. Apesar disso, o Mercosul é uma União
Aduaneira. A partir de 1995 houve a integração econômica através da adoção
da Tarifa Externa Comum (TEC) que, no caso do Mercosul, versa sobre
integração econômica setorial, mas mantém fora da mesma aduana alguns
produtos, a exemplo de açúcar e automóveis. Resulta daí, portanto, o fato de o
Mercosul ser uma União Aduaneira Imperfeita. Os países-membros partilham
da Tarifa Externa Comum (TEC) que consiste em mesmas taxas no comércio
internacional com países de fora do bloco econômico. Quer dizer, se Brasil e
Argentina importam o mesmo tipo de produto de países da Europa ou Ásia, por
exemplo, ambos têm que adotar a mesma tarifa de importação, cujos objetivos
é evitar a concorrência entre ambos e privilegiar o comércio intra-bloco, segundo
as diretrizes da TEC. A TEC é adotada apenas entre os países-membros.
Ademais, para fazer parte do Mercosul é necessário fazer parte primeiramente,
como membro-associado da Associação Latino-Americana de Integração
(ALADI) conforme supracitado.
A estrutura institucional do Mercosul se dispõe em três órgãos decisórios:
- Conselho do Mercado Comum (CMC)
- Grupo do Mercado Comum (GMC)
- Comissão de Comércio do Mercosul (CCM)

Já no ano de 1997 foi criado o Parlamento do Mercosul, o Parlasul, cuja sede é


em Montevidéu, no Uruguai. O Parlasul expandiu a integração do mercado
econômico e se firmaram acordos que padronizaram os passaportes dos países-
membros com objetivos de melhorar o fluxo demográfico intra-bloco. Outra
medida do Parlasul é a tentativa de padronizar as placas dos automóveis dos
países-membros.

Protocolo de Ushuaia (1998)


O Protocolo de Ushuaia, assinado na Argentina, traz a cláusula democrática do
Mercosul e cria uma zona de paz na região. Os países que, eventualmente
descumpram tal cláusula, estão sujeitos a serem expulsos do bloco econômico.
Assinaram o protocolo Bolívia e Chile. No ano de 2005, assinaram o Protocolo
de Assunção que reverbera sobre Direitos Humanos. E, em 2011, buscaram
reafirmar o compromisso democrático na região com o Protocolo de Montevidéu
– conhecido como Ushuaia 2 – que fora rechaçado pelo Paraguai, portanto sem
validade jurídica.

A integração do Mercosul se institucionaliza e avança através de acordos que


são firmados para que haja consolidação do bloco em diversos setores: jurídico,
democrático e paz regional, além do econômico. Apesar, de crises internas ao
bloco no decurso de sua história. Ainda em 1991 firmaram o Protocolo de
Brasília, que fora reafirmado em 2002 com o Protocolo de Olivos que versa sobre
a solução de controvérsias que possa haver intra-bloco.

Incertezas no bloco: Venezuela e Paraguai


A Venezuela é um membro suspenso do bloco. A adesão venezuelana ocorreu
em 2012 sob uma série de controvérsias. No caso, o Congresso do Paraguai se
posicionava contrário à adesão do gigante petroleiro do hemisfério sul ao
Mercosul, mas os demais países-membros – Brasil, Argentina e Uruguai – se
posicionavam favoravelmente.
Nesse momento houve a suspensão do Paraguai sob alegação de golpe de
Estado contra o então presidente paraguaio Fernando Lugo, os países do
Mercosul alegaram que o Paraguai não tinha condições democráticas plenas e
decidiram por sua suspensão sob a tutela do Protocolo de Ushuaia. O Paraguai
alega que a saída de Fernando Lugo cumpriu os ritos legais e que o ex-
presidente sofreu um legítimo processo de impeachment. Em 2013, o Paraguai,
sob a presidência de Horácio Cortes, voltou ao bloco. Apesar disso, críticos ao
Mercosul disseram que a suspensão do Paraguai teria sido uma manobra política
para adesão venezuelana, pois afirmam que o Mercosul estava mais interessado
em integração ideológica que econômica no momento de suspensão do
Paraguai e adesão da Venezuela.
Porém, houve suspensão da Venezuela em 2016 – por motivos burocráticos de
adesão ao bloco – e em 5 de agosto de 2017 sob a tutela do Protocolo de
Ushuaia. Em 2017, os países do Mercosul afirmaram que a Venezuela deve ser
suspensa pela ruptura da ordem democrática que resultou em profunda crise
humanitária e migratória no país. O que fundamenta a suspensão da Venezuela
é uma cláusula do bloco assinada em 1998 em Ushuaia que assegura que a
plena vigência das instituições democráticas é essencial para o processo de
integração, isto é, o governo venezuelano de Nicolás Maduro é acusado de
ruptura com a democracia pelos demais membros do Mercosul.
Os países associados são todos da América do Sul. No caso, a Bolívia está em
processo de adesão desde 2012 e aguarda ratificação apenas do Congresso
brasileiro. Os demais países, da América Latina, Colômbia, Chile, Equador e
Peru, além da Guiana e Suriname são associados do bloco. Os Estados-
associados participam de reuniões, desde que convidados. O México e Nova
Zelândia são países observadores.
Os países-membros são responsáveis pelas votações de natureza econômica e
jurídica do bloco, além de respaldarem à adesão de novos membros através do
voto.
Assimetrias internas
Há assimetrias entre os países-membros do Mercosul em diversos aspectos,
tanto de natureza econômica, quanto demográfica bem como territorial. O
negociador uruguaio chegou a afirmar que o Mercosul seria um pacto ‘’entre um
elefante, um rato e duas formigas’’. Isto pois, apesar do Mercosul ser um bloco
poderoso econômica e demograficamente, há enormes disparidades entre seus
países-membros.

No caso, o PIB do Mercosul é predominantemente brasileiro que chega a


compor algo em torno de 75% do montante, a Argentina possui outros 20% do
PIB, Paraguai e Uruguai apresentam economias bem menores que os demais.

Territorialmente o Brasil é muito maior que os demais, cuja extensão de sua


área excede os 8,5 milhões de km2, enquanto a Argentina possui 1/3 de área se
comparada ao Brasil com apenas 2,7 milhões de km2, já o Paraguai possui pouco
acima de 400 mil de km2 e o Uruguai, o menor de todos, possui menos que 180
mil de km2.

Em termos demográficos, o Brasil possui maior população incomparavelmente.


Em dados estimados o Brasil possui 212 milhões de habitantes, a Argentina 45
milhões de habitantes, o Paraguai 7 milhões de habitantes e o Uruguai 4 milhões
de habitantes. Tais diferenças denotam o quanto o Brasil exerce o maior peso
para o Mercosul em diversos aspectos.
Veja o mapa abaixo com dados de 2017

Figura 7. Mercosul em números com dados de 2017. A diferença dentro do bloco econômico é enorme
quando se compara o Brasil com os demais países-membros. Fonte: CIA WORLD FACTBOOK, IBGE.
Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2017/09/04/em-um-quarto-de-seculo-
mercosul-viveu-euforia-e-crises Acesso em 11/08/2021.

Os países do Mercosul têm economias muito diferentes em termos de PIB


conforme supracitado. Observa-se no mapa acima, para o ano de 2017 e
segundo dados do IBGE, que a riqueza gerada no intra-bloco equivalia a 3
trilhões de dólares, mas há uma disparidade enorme entre as economias dos
países-membros. O PIB do Brasil é de longe a maior e corresponde a 2 trilhões.
Em outras palavras, a economia mais dinâmica e diversificada do Brasil
corresponde a algo próximo a 3/4 da riqueza gerada no bloco econômico. Já o
PIB argentino equivale a 0,5 trilhão. A segunda maior economia do bloco
corresponde a 1/6 do PIB local.
Acordos para além do Mercosul
O Mercosul possui acordos de livre comércio com Israel, desde 2007, e Egito,
desde 2010, mas ratificado em 2017. Com a Palestina há acordo desde 2011,
mas ainda não foi ratificado pelo Brasil.

Houve tentativas de acordo entre Mercosul e o EFTA (Associação Européia de


Comércio Livre), mas não assinado. Os países que compõem o EFTA são Suíça,
Noruega, Islândia e Liechtenstein.
Em 2019, houve a assinatura do acordo de livre comércio entre Mercosul e
União Européia, mas ainda é necessário que haja ratificação do acordo pelos
países-membros em seus respectivos parlamentos.
O acordo entre ambos os blocos econômicos vem sendo debatido desde 1999,
mas há muitos impasses e dificuldades em se chegar a consensos. Apesar da
euforia entre os integralistas em 2019, com a assinatura do acordo, as diferenças
regionais entre os blocos vieram à tona após a assinatura do acordo. Há muitas
divergências entre os blocos que versam sobre protecionismo, competitividade
tecnológica e meio ambiente.
BRICS
O Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul (South Africa) emprestam
suas iniciais para dar nome ao agrupamento de países emergentes que
compõem o BRICS. Ou seja, o acrônimo BRICS se refere aos cinco países que
nas décadas de 2000 e 2010 apresentavam características similares de
crescimento e desenvolvimento econômico.

É no ano de 2001 que o economista Jim O’Neil cunhou a expressão BRICs para
se referir às economias emergentes de Brasil, Rússia, Índia e China. Sigla em
inglês que significa bloco, mas que na realidade não nasceu como bloco
econômico e não se tem no horizonte essa perspectiva – ao menos no curto
prazo. Naquele contexto esses países apresentavam potencial de crescimento
econômico que poderia ultrapassar as economias desenvolvidas em 50 anos.
Ou seja, se se pretendesse investir em algum país, o melhor seria olhar para
essas potências regionais.

À princípio se tratava de um grupo de países com características em comum,


mas em 2006 houve aproximação diplomática entre os países do BRIC e
passaram a debater juntos enquanto organismo internacional. Em 2011 houve a
anexação da África do Sul e o acrônico estaria completo.

Se somados, o PIB dos BRICS, sua população e extensão territorial ocupam


significativo montante em comparação ao mundial.

O Banco dos BRICS


O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) nasceu em 2014, bem como o Arranjo
Contingente de Reservas (ACR) na cúpula do Brasil naquele ano. Os objetivos
do NBD, cuja sede é em Xangai (China), é promover reservas econômicas e
financiar obras de infraestrutura e de energia renovável aos países do BRICS. O
ACR funciona como reserva econômica aos países-membros caso haja alguma
necessidade.

A criação dessas instituições traz novo cenário à geopolítica financeira global e,


em alguma medida, quebram os monopólios do Fundo Monetário Internacional
(EUA) e Banco Mundial (Inglaterra).

NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio)


O NAFTA (North American Free Trade Agreement) é um bloco econômico em
processo de formação. Trata-se de uma Zona de Livre Comércio. Os países-
membros são os Estados Unidos, o Canadá e o México e se localizam no
subcontinente da América do Norte. O Chile é um país associado à zona de livre
comércio, o Chile é banhado pelo Oceano Pacífico e, portanto, tem grandes
possibilidades de estreitar as relações econômicas com os países do NAFTA
pela costa oeste desses países. Durante a administração do Presidente dos
EUA, Donald Trump, houve reformulações no NAFTA e o bloco passou a se
chamar USMCA (siga em inglês para Estados Unidos, México e Canadá),
apelidado de NAFTA 2.0.

Histórico:
Em 1988, os Estados Unidos e Canadá formam um acordo de liberdade
econômica com objetivos de minimizar barreiras comerciais entre ambos. A
adesão mexicana ocorreu em 1992. O NAFTA entrou em vigor somente em
1994.

Tanto quanto nos demais blocos econômicos, o objetivo do NAFTA é derrubar


as barreiras alfandegárias a fim de reduzir custos comerciais entre os países-
membros. O NAFTA tem pretensões de promover condições para minimizar as
diferenças regionais do bloco econômico para que as relações comerciais sejam
justas aos países membros. Apesar da pretensão em integrar as economias, os
países do NAFTA têm diferenças enormes entre si quanto ao nível de
industrialização e tecnologia, qualidade de vida e PIB. A enorme diferença entre
os países do acordo faz com que haja resistência à sua integração nos três
países.
Os Estados Unidos têm setores fortemente contrários ao bloco econômico,
especialmente setores ligados à indústria. A região dos Grandes Lagos e Costa
Leste, o famigerado Manufacturing Belt, onde se localizavam grande parte da
indústria norte-americana assistiu à grande processo de desconcentração
industrial nas últimas décadas. As indústrias norte-americanas migraram para
outras regiões do país e para países asiáticos, notadamente a China, e para os
territórios do México e do Canadá. Os setores estadunidenses industriais temem
maior migração de indústrias para o México e Canadá. Muitas indústrias do
Estados Unidos migraram para outras regiões do planeta em busca de mão-de-
obra mais barata, o que se encontra nos países mais pobres do NAFTA.
No Canadá parte da resistência ao NAFTA teme a prática de dumping por
empresários americanos e diminua o poder industrial canadense. Embora o
Canadá dependa muito dos Estados Unidos que importa ao menos 70% da
produção industrial canadense.
Na porção norte do México, há muitas indústrias cuja produção atende ao
mercado dos Estados Unidos. Essas indústrias importam matéria-prima do país
ao norte e desenvolve os bens industriais em seu parque produtivo, mas seu
produto se destina aos EUA. Em outras palavras, tanto o Canadá, quanto o
México, dependem muito da importação dos EUA de seus produtos voltados ao
mercado externo.
Os objetivos do NAFTA eram:
- Promover a redução tarifária;
- Reduzir as barreiras alfandegárias;
- Promover a circulação de bens e serviços;
- Promover competição econômica justa entre os países-membros.

Uma das características do NAFTA é justamente a promoção de livre circulação


de bens e mercadorias, bem como serviços, enquanto há restrições à circulação
de pessoas. Trata-se, portanto, de acordo de natureza sobretudo econômica.
A propósito, há enormes disparidades econômicas entre seus países-membros
em termos tecnológicos, industriais, culturais e econômicos. Tanto o México
como o Canadá são fortemente dependentes da economia dos Estados Unidos,
que absorve grandes quantidades de bens econômicos oriundos de seus
vizinhos ao norte e ao sul.
As vantagens econômicas canadenses e mexicanas, notadamente mão-de-obra
mais barata e impostos mais vantajosos, atraiu diversas indústrias dos Estados
Unidos para esses países. A proposta de reformulação do NAFTA partiu do
governo dos Estados Unidos em 2017, sob a administração do então Presidente
Donald Trump e as mudanças do acordo foram firmadas em 2018.
Mudanças...
Além do nome, de NAFTA para USMCA, há mudanças em diversos setores
econômicos. O setor automobilístico sofre profunda mudança, pois tem
pretensões de que 75% das peças de automóveis sejam produzidas nos EUA.
O objetivo nesse aspecto é tentar impedir que indústrias dos EUA migrem para
os demais países. Denota-se aqui uma perspectiva protecionista norte-
americana. O novo acordo tem prazo para acabar, sua duração foi estipulada em
16 anos, diferentemente do NAFTA que não tinha prazos nesse sentido. No setor
de laticínios buscou-se, entre EUA e Canadá, a redução de impostos de
importação canadense desse setor, pois os EUA pretendem entrar no mercado
de laticínios canadense de maneira mais intensa. No que se refere ao comércio
eletrônicos, buscou-se eliminar barreiras para produtos como jogos e livros
eletrônicos. Outro aspecto do acordo prevê ampliação para proteção de
propriedade intelectual.

ASEAN – Associação das Nações do Sudeste Asiático


A Associação das Nações do Sudeste Asiático compõe uma zona de livre
comércio estabelecida a partir de 1992. Houve um processo de integração
econômica no decurso dessa década até 1998. São, ao todo, dez países do
Sudeste da Ásia que pertencem à associação e são banhados pelos oceanos
Pacífico e Índico. Nascera com objetivos de promover a paz na região e o
crescimento econômico. Sua fundação se deu com a assinatura do Tratado de
Bancoc em 1967. Os países que fazem parte da ASEAN são: Brunei, Camboja,
Cingapura, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Tailândia e Vietnam.

APEC – Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico


A Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico nascera em 1993 e conta com
21 países-membros. Seu objetivo é promover uma zona de livre comércio e
buscam a redução de tarifas alfandegárias e barreiras comerciais. Envolve
países de três continentes (América, Ásia e Oceania) e países muito diferentes
entre si, pretende ao longo do tempo integrar suas economias numa área de livre
comércio, facilitar negócios e investimentos.

O tamanho da APEC é gigante e envolve quase metade da população mundial,


contém 50% do comércio e exportações do globo e quase 2/3 do PIB
internacional. A importância que a APEC pode assumir, portanto, no cenário
global é enorme e – certamente – é mais um dos fatores que retiram a
importância do oceano Atlântico no que diz respeito à economia e geopolítica
internacional. Apesar disso, a APEC tem funcionamento por consenso entre os
países-membros, pois não há um acordo ou tratado com força de lei entre as
decisões assumidas em fóruns anuais. Ou seja, não há obrigatoriedade legal
entre os objetivos propostos pelos países. Os países integrantes da APEC são:
Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Indonésia, Japão, Coreia do Sul,
Malásia, México, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Peru, Filipinas, Rússia,
Cingapura, Tailândia Vietnã e Estados Unidos, além de Taiwan (Formosa) e
Hong Kong. Vejam o mapa:

Figura 8. Países da APEC e ano de ingresso. Disponível em: http://professorsl.blogspot.com/2011/11/apec.html


Acesso: 17/08/2021

Apesar de avanços na relação comercial na bacia do Pacífico, há disputa entre


os EUA e a China que dificultam o processo de integração econômica dos países
da APEC. Ou seja, a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China fazem
com que sejam retardadas as intenções de maior abertura comercial entre os
países da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico.

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