FRENTE MÓDULO
GEOGRAFIA
Comércio Regionalizado
BLOCOS ECONÔMICOS
A principal tendência do mundo globalizado é a formação
de blocos regionais, que são criados para aumentar o
comércio entre os países-membros por meio da redução ou
eliminação das tarifas alfandegárias.
Esses blocos podem apresentar uma extensão territorial
contínua a partir da conexão entre fronteiras, como é o caso
do Mercosul e da União Europeia, ou estar dispostos em uma
mesma região de circulação econômica, como é o caso do
bloco RCEP (Parceria Econômica Regional Abrangente), na
Bacia do Pacífico.
A formação e a atuação dos blocos se dão tanto em níveis
simples de integração – aqueles nos quais a relação entre
países se mantém restrita à esfera comercial – quanto em
níveis mais complexos – em que a questão social é incluída
nos tratados, como a livre circulação de pessoas.
Veja, a seguir, uma sequência de estágios evolutivos na
constituição dos blocos econômicos, do mais simples ao
mais complexo:
• Zona de livre-comércio (ZLC): busca-se apenas
o crescimento comercial entre os países-membros,
com a redução ou a eliminação de vários impostos
das importações e das restrições quantitativas, o que
ocorre com a eliminação das barreiras tarifárias ou
não tarifárias dentro do bloco. Um importante exemplo
é o USMCA (Acordo Estados Unidos-México-Canadá,
antigo NAFTA). Considera-se livre-comércio consolidado
quando o grupo de países que constituem o bloco possui
mais de 80% dos produtos comercializados com esse
formato.
• União aduaneira: pode ser considerada um estágio
intermediário de integração entre os países. Na união
aduaneira, além de todas as características da ZLC,
há a adoção da TEC (Tarifa Externa Comum) entre
os países em relação ao comércio com o resto do
mundo. Essa tarifa é uma espécie de redoma sobre o
bloco econômico, em que todos os países-membros
necessariamente vão apresentar a mesma tarifa de
importação dos produtos. O Mercosul é um exemplo
desse tipo de integração.
B 03
• Mercado comum: além de apresentar todas as
características da união aduaneira, ainda permite o
livre trânsito dos meios de produção (capital, serviços
e mão de obra) entre os países-membros e busca
a unificação das legislações fiscais, monetárias,
ambientais, trabalhistas, entre outras, para estabelecer
um mercado realmente comum. A União Europeia é
interessante nesse sentido, pois é um ótimo exemplo
de experiência mais profunda de integração entre
países. Vale ressaltar que a livre circulação de pessoas
na Europa é anterior à própria consolidação do bloco,
que ocorreu em 1992. O Espaço Schengen (ambiente
que permite a livre circulação de pessoas entre
diversos países europeus) foi um acordo firmado em
1985, mesmo que incipiente, contando com apenas
cinco países (França, Alemanha, Bélgica, Países Baixos
e Luxemburgo).
• União ou integração econômica e monetária: além
de todas as características do mercado comum e da
adoção de uma mesma moeda, há a criação de um
Banco Central e a institucionalização de uma política
monetária única para todos os países-membros.
O principal exemplo nesse contexto é a consolidação
do euro pela União Europeia. Cabe a ressalva de que
nem todos os países que integram a União Europeia
adotam a moeda única.
• Integração política e institucional: integração total
entre os países-membros. Ocorre quando há unificação
de diversas instituições sociais, políticas, econômicas
e militares. Basicamente, é uma fusão constitucional,
que inclui símbolos dos países, como bandeira e hino.
Diante do grau de integração, o bloco econômico
que estaria mais próximo dessa fase seria a União
Europeia. Mas observa-se como tendência para os
próximos anos um movimento contrário à integração,
o da emancipação de países, como ocorreu em 2020,
com a saída do Reino Unido do bloco.
Veremos a seguir alguns dos principais blocos econômicos
da atualidade e suas características.
1D11
Integração dos blocos econômicos
Nessa videoaula, você vai conhecer os estágios de integração
para a constituição de um bloco econômico e relembrar algumas
das alianças feitas entre diferentes países.
Bernoulli Sistema de Ensino 63
 Frente B Módulo 03

UNIÃO EUROPEIA
A criação da União Europeia – o bloco com relação mais aprofundada de nossa História – está associada a um contexto das
consequências da Segunda Guerra, que deixou a Europa arrasada e os países com fortes conflitos entre si, possibilitando a
abertura da integração regional. Como marca de um estágio embrionário, surge o Benelux (assinado em 5 de setembro de
1944, entrando em vigor em 1 de janeiro de 1948). Esse agrupamento correspondia ao início da integração entre Bélgica,
Países Baixos (antiga Holanda) e Luxemburgo. Nessa concepção inicial, o livre-comércio era a grande baliza do grupo.

Posteriormente, esses ideais do multilateralismo e da integração regional foram ecoados por Robert Schuman (Ministro
dos Negócios Estrangeiros da França), que, em 9 de maio de 1950, instituiu as bases para a CECA (Comunidade Europeia
do Carvão e do Aço), dizendo:

Não é possível construir a Europa de uma assentada e tampouco segundo um único plano. A Europa tem de ser construída
através de realizações concretas que, antes de mais, contribuirão para criar uma solidariedade de fato.
Robert Schuman, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros da França.

Essa mentalidade, para além dos planos econômicos de reestruturação da Europa, também evitaria futuros acirramentos
entre Alemanha e França, que dominavam territórios estratégicos com disponibilidade de ferro e carvão. Do mesmo modo,
a CECA ajudaria no fortalecimento da indústria europeia e na reconstrução Pós-Guerra, uma vez que garantiu matéria-prima
para Alemanha, França, Itália, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo. Sendo assim, a CECA foi assinada no Tratado de Paris,
em 18 de abril de 1951, e entrou em vigor no dia 25 de julho de 1952.

Após esse estágio, surgem a CEE (Comunidade Econômica Europeia) e a CEEA / EURATOM (Comunidade Europeia da
Energia Atômica), firmadas no Tratado de Roma (assinado em 25 de março de 1957, entrando em vigor no dia 1 de janeiro de
1958). A adesão de países ao bloco ocorreu praticamente em todas as décadas, como pode ser observado no mapa a seguir:

A evolução da União Europeia

1952 Europa dos 6

Nessa época, somente a
Alemanha Ocidental
participava do bloco

1973 Europa dos 9

Adesão de mais 3 países
Suécia

Finlândia 1981 Europa dos 10

Adesão da Grécia
MAR
Mar
lti c o

do
DO Estônia
Norte 1986 Europa dos 12
NORTE
Bá

Letônia Adesão dos países ibéricos

Dinamarca
ar

Lituânia
M

Irlanda Reino Países 1990 Adesão da porção oriental

Baixos Alemanha Polônia da Alemanha
Unido
Bélgica Oriental
Rep.
Luxemburgo Alemanha Tcheca
Ocidental Eslováquia 1995 Europa dos 15
Áustria Hungria Adesão de mais 3 países
OCEANO França Eslovênia
ATLÂNTICO Croácia Romênia
2004 Europa dos 25
Itália Bulgária Adesão de mais 10 países

Portugal Espanha 2007

Grécia Europa dos 27
n eo Adesão da Romênia
diterrâ
Mar Me e da Bulgária
Malta Chipre
2013 Europa dos 28
0 500 km Adesão da Croácia

2020 Saída do Reino Unido

ONU; BANCO MUNDIAL.

64 Coleção 6V

A União Europeia (UE) foi criada no contexto do fim da
Guerra Fria, efetivamente como um mercado comum, pelo
Tratado de Maastricht (assinado em 7 de fevereiro de 1992,
entrando em vigor no dia primeiro de novembro de 1993).
Em relação à estrutura dos blocos, alguns países
verticalizaram mais ainda o seu nível de integração
e aprovaram, em 1999, o desenvolvimento de uma moeda
única, o euro. A partir de janeiro de 2002, o euro entrou
em circulação, porém alguns países optaram por não adotar
a moeda. São eles: Reino Unido, Dinamarca e Suécia.
O Reino Unido pelo valor real e simbólico da libra esterlina,
e os nórdicos por uma postura um pouco mais conservadora
de esperar os testes serem feitos pela Europa Continental
para, posteriormente, aderirem à chamada Zona Euro.
Em 2004, a União Europeia expandiu-se, com o ingresso de
dez novos membros: Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Estônia,
Hungria, Letônia, Lituânia, Malta, Polônia e República Tcheca.
Em 2007, ingressaram no bloco a Romênia e a Bulgária e,
em 2013, a Croácia, totalizando 28 membros. A Turquia,
Macedônia, Albânia e Sérvia e Montenegro são nações
candidatas ao ingresso.
Novos candidatos
O Tratado de Maastricht, assinado em 1992 e que criou a
União Europeia, possui um artigo que afirma que qualquer
Estado europeu que cumpra e resguarde os “princípios da
liberdade e da democracia, que respeite os direitos humanos
e as liberdades fundamentais, e que zele pelo Estado de
direito” pode tornar-se candidato à integração ao bloco.
Diversos países manifestaram, nos últimos anos, o desejo
de integrar a União Europeia. A Turquia e a Macedônia são
consideradas, pela UE, prioritárias para a adesão. Para
efetivarem suas candidaturas, precisam melhorar suas
condições sociais, econômicas e políticas. Já a Islândia,
signatária do Acordo de Schengen, oficializou sua candidatura
em julho de 2009. Entretanto, depois de ter firmado seu
pedido de adesão, acabou retirando-o em 2015.
A Turquia é um dos mais antigos candidatos à adesão e
é vista por alguns países do Ocidente como um modelo de
democracia islâmica a ser seguido pelos países autoritários
do Oriente Médio. No entanto, o país possui vários problemas
relacionados aos direitos humanos, como a forte repressão
à minoria curda. Por outro lado, possui fronteiras “quentes”
no Oriente Médio (Síria, Iraque e Irã), um pequeno território
realmente europeu (um vasto território asiático) e uma
população numerosa (cerca de 71 milhões de habitantes),
o que traria vantagens em eleições e / ou plebiscitos no
âmbito europeu.
Comércio Regionalizado
Nos últimos anos, tem havido uma forte pressão dos
Estados Unidos para que a União Europeia aceite a Turquia
como membro, pois o país é um dos maiores aliados
muçulmanos dos EUA no Oriente Médio. Isso tem feito com
que muitos países europeus sintam a soberania europeia
ameaçada e passem a discordar ainda mais da adesão da
Turquia. Contudo, um dos maiores entraves, sem dúvida
nenhuma, é a questão religiosa. Ao contrário de todos os
outros países da União Europeia, que são cristãos (católicos,
protestantes ou ortodoxos), a Turquia é um país de maioria
islâmica, fato que tem sido utilizado pelos turcos como
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motivo para que os europeus ainda não tenham permitido
sua adesão ao bloco, o que configuraria preconceito.
Crise econômica na Europa
A crise financeira na zona do euro ocorreu, fundamentalmente,
por problemas fiscais em economias pouco competitivas. Além
disso, a crise estadunidense de 2007-2008 agravou a situação
na União Europeia. Alguns países, como a Grécia e a Itália,
gastaram mais dinheiro do que conseguiram arrecadar por
meio de impostos nos últimos anos, sobretudo em razão de
gastos com aumento do funcionalismo e de descontrole com
relação aos gastos públicos. Para se financiarem, buscaram
empréstimos a juros cada vez mais elevados e, com isso,
passaram a acumular dívidas. A consequência foi sentida
na diminuição dos salários, altas taxas de desempregos
e aumento de impostos, gerando revoltas na população por
meio de várias manifestações nas ruas contra os governos
europeus. Vale destacar que economias mais robustas, como
França, Reino Unido e Alemanha, também foram afetadas,
mas conseguiram se recuperar mais rapidamente com fortes
investimentos estatais realizados na reestruturação produtiva
e na geração de empregos.
Os PIIGS
A sigla PIIGS é um acrônimo que representa as letras
iniciais, em Língua Inglesa, de cinco países que compõem a
União Europeia: Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha.
Ironicamente, faz-se a relação com a palavra pigs, “porcos”
em inglês. A formação desse grupo é baseada no mau
desempenho econômico apresentado por essas nações
desde o início da década de 2000. A economia desses países
tem apresentado contínuos aumentos do deficit público
(os gastos são maiores que a arrecadação), principalmente
na Grécia, que, durante a Crise de 2008, possuía um deficit
relativo a 148% do valor total de seu PIB.
Bernoulli Sistema de Ensino 65
 Frente B Módulo 03

Assim, o plebiscito foi realizado em 23 de junho de 2016.

[...] a relação do endividamento sobre PIB de muitas
A população do Reino Unido teve de decidir se o país devia
nações do continente ultrapassou significativamente o limite
de 60% estabelecido no Tratado de Maastricht, de 1992, que deixar ou não a União Europeia. A opção “deixar” venceu

criou a zona do euro. No caso da economia grega, exemplo por 52% a 48%. A taxa de participação no referendo foi de
mais grave de descontrole das contas públicas, a razão 71,8%, com mais de 30 milhões de votos.
dívida/PIB é mais que o dobro desse limite. A desconfiança
Diante das incertezas de votação do acordo pelos
de que os governos da região teriam dificuldade para honrar
parlamentares britânicos, Theresa May renunciou ao cargo
suas dívidas fez com que os investidores passassem a temer
de primeira-ministra lamentando a não concretização do
possuir ações, bem como títulos públicos e privados europeus.
Brexit. Este só foi efetivado oficialmente no dia 31 de janeiro
PERGUNTAS e respostas: a crise financeira na Europa.
Veja, 8 jun. 2010. Disponível em: https://veja.abril.com. de 2020, após anos de disputas legais. Na referida data,
br/economia/perguntas-e-respostas-a-crise-financeira-na-
o responsável pelo cargo de primeiro-ministro era Boris
europa/. Acesso em: 18 nov. 2021. [Fragmento]
Johnson, que assumiu em 24 de julho de 2019.

Brexit Causas do Brexit:

Brexit means Brexit (“Brexit significa Brexit”). Essas foram
uma das primeiras palavras da primeira-ministra do Reino
Unido, Theresa May, após sua eleição em 13 de julho de
2016. Ela substituiu David Cameron, que renunciou logo
após a divulgação do resultado do Brexit, e foi a responsável
por invocar o artigo 50 do Tratado de Lisboa, que possibilita
a qualquer Estado sair de forma voluntária e unilateral da
União Europeia.
• Suposta perda da soberania e da autonomia para
tomada de decisões e alto preço, tanto político quanto
econômico, para fazer parte da UE.
• Crise da imigração e incapacidade de se adotar políticas
nacionais autônomas para lidar com ela.
• Promessa de maiores investimentos para a saúde, com
a redução dos tributos pagos pelo país ao bloco.

Brexit é a fusão de duas palavras no idioma inglês: Britain, Consequências do Brexit:

um diminutivo para Grã-Bretanha (sendo mais exato, em
• Possível saída da Escócia e da Irlanda do Norte do
termos políticos, para Reino Unido), e exit, que significa
Reino Unido. O Brexit venceu na Inglaterra (53,2%)
“saída”. Em junho de 2016, a população do Reino Unido,
e no País de Gales (51,7%), mas perdeu na Escócia
após longo e acirrado debate interno, decidiu, por meio de
(62%) e na Irlanda do Norte (55,7%), locais onde a
plebiscito, separar-se da União Europeia, bloco ao qual o
maioria votou a favor da permanência no bloco.
país aderiu em 1973.
• Endurecimento das políticas de imigração, que deverão
Plebiscito e referendo ficar mais restritivas: possível criação de um sistema
de pontos para aceitar imigrantes. Nesse caso,
Plebiscito e referendo são consultas ao povo para decidir
sobre matéria de relevância para a nação em questões de
cada solicitação de permissão de residência ou de
natureza constitucional, legislativa ou administrativa. trabalho seria tratada de acordo com as habilidades
e qualificações do solicitante. Até os cidadãos da
A principal distinção entre eles é a de que o plebiscito
UE enfrentariam longas filas para checagens de
é convocado previamente à criação do ato legislativo ou
documentos. Com a diminuição acentuada da imigração
administrativo que trate do assunto em pauta, e o referendo
é convocado posteriormente, cabendo ao povo ratificar ou
de trabalhadores, poderia ocorrer falta de mão de obra

rejeitar a proposta.
na área da construção civil e em outros serviços.

TSE. Plebiscitos e referendos. In: TSE. Eleições. Disponível
em: http://www.tse.jus.br/eleicoes/plebiscitos-e-
referendos/plebiscito-e-referendo. Acesso em: 18 nov.
2021. [Fragmento]
• Queda do valor da libra: a libra se desvalorizou
quase 15% (em relação ao dólar) logo após o Brexit,
atingindo seu nível mais baixo em 31 anos.

• Perda do livre acesso ao mercado consumidor da UE,

A realização do plebiscito, proposto pelo então primeiro-
-ministro David Cameron como promessa de campanha
eleitoral em sua última eleição, visava terminar definitivamente
com a infindável discussão sobre o descontentamento da
opinião pública com os rumos do bloco.
tanto no setor empresarial quanto no bancário.
• Possível efeito dominó entre os países do bloco e
enfraquecimento do atual modelo europeu, estimulando
outros pedidos de referendo para saída da UE.

66 Coleção 6V

TÁ NA MÍDIA
Acesse o QR Code para ver o que implicou
a saída do Reino Unido da União Europeia
em 2016, no movimento que ficou conhecido
como Brexit.
Crise de abastecimento no
Reino Unido
O endurecimento das políticas de imigração tem gerado
problemas em relação à falta de mão de obra, uma vez
que diversos trabalhos eram executados por imigrantes,
com destaque para os caminhoneiros. Isso provocou um
desabastecimento generalizado no Reino Unido. Vários
estabelecimentos, desde supermercados até grandes redes
de restaurantes, tiveram problemas para regularizar a oferta
de produtos.
USMCA
O NAFTA nasceu na década de 1990 com uma série de
antecedentes: o primeiro é o acordo da década de 1960,
já não tão novo assim, que uniu os Estados Unidos e o Canadá
na indústria automobilística. Foi um acordo chamado de Auto
Pact, ou Acordo dos Automóveis, que previa a redução
das barreiras alfandegárias no comércio de automóveis.
A partir daí, os laços de integração entre os dois países
foram se ampliando. Até que, em 17 de dezembro de 1992,
ambos, em conjunto com o México, assinaram a criação do
NAFTA, que só entraria em vigor em 1 de janeiro de 1994.
Desde então, estabeleceu-se o livre-comércio entre os países
pertencentes ao bloco.
Após a criação do NAFTA, os investimentos estrangeiros
no México (com ênfase para os advindos dos EUA)
aumentaram drasticamente em função das reduzidas
barreiras alfandegárias propostas pelo acordo, principalmente
na porção norte do México, que tem como vantagem a
proximidade com o seu principal mercado consumidor,
os Estados Unidos. Apesar de ter gerado, no país latino, um
grande desenvolvimento econômico baseado na atividade
industrial, o acordo recebeu fortes críticas devido a denúncias
sobre a precariedade das condições de trabalho dos mexicanos.
Já por parte dos estadunidenses, durante um certo tempo,
houve sinais positivos do acordo, pois resultou na redução
do custo de produção de diversos itens industrializados.
Comércio Regionalizado
Mas, atualmente, essas transferências de plantas industriais
para o outro lado da fronteira têm contribuído para a
desindustrialização dos Estados Unidos, gerando o aumento
das taxas de desemprego no país. Diante desse cenário,
surgiu a necessidade de realizar a primeira grande revisão
do NAFTA, que ocorreu em 2018, sob a presidência de
Donald Trump. O novo texto, que propôs o USMCA (Acordo
Estados Unidos-México-Canadá), foi firmado no final de
setembro de 2018 e atuava em diversas frentes. Entre os
principais pontos estavam:
• Proteção às indústrias automotivas mexicanas e
canadenses, que ficariam livres de taxas de importação
estadunidenses, a não ser que as vendas aos EUA
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ultrapassassem 2,6 milhões de carros por ano.
• Ampliação da obrigatoriedade de peças estadunidenses,
canadenses ou mexicanas na produção de carros, de
62,5% para 75%.
• Delimitação de 40% a 45% dos carros produzidos por
trabalhadores com salário de pelo menos US$ 16 por hora.
• Abertura do setor de laticínios, peça estratégica das
exportações do Canadá.
• Ampliação da proteção à propriedade intelectual,
mirando principalmente patentes farmacêuticas e
agrícolas, além de direitos autorais de livros e músicas.
• Redução das barreiras no comércio de produtos
eletrônicos, como softwares e livros digitais.
No decorrer de 2019, os três países ainda mantiveram
conversas sobre vários pontos do acordo. Em 10 de dezembro
daquele ano, após longa negociação, eles concordaram em
mudar e adicionar trechos, tendo como foco principalmente a
indústria farmacêutica e as regras trabalhistas. As principais
mudanças feitas no texto-base de 2018 foram:
• Enrijecimento das regras de fiscalização trabalhista,
visando favorecer os trabalhadores estadunidenses,
uma vez que o custo da mão de obra no México
aumentaria, atraindo menos capital produtivo de
investidores dos EUA.
• Ampliação das regras de proteção ambiental nos países
signatários.
• Redução da proteção à propriedade intelectual na
indústria farmacêutica, retirando, na prática, benefícios
ao setor acordados em 2018.
• Novas normas sobre a origem do aço e do alumínio,
cujos detalhes não foram divulgados.
O novo acordo, considerado mais restrito do que o NAFTA,
tem duração definida de 16 anos. No dia 1 de julho de 2020,
o USMCA (T-MEC, em espanhol) entrou em vigor. Depois de
seis anos de vigência, o tratado poderá ser renovado por
um prazo maior.
Bernoulli Sistema de Ensino 67
 Frente B Módulo 03

MERCOSUL
Mercosul – Países-membros e dados

N Mercosul
Brasil Argentina Uruguai Paraguai Venezuela

Venezuela População
203 46,2 3,4 6,7 28,3
(milhões)
Guiana Suriname PIB
Colômbia (bilhões de US$) 1 920 632,7 71,1 41,7 482,3
Guiana
Francesa
PIB per capita
Equador
(milhares de 8 917,67 13 686,01 20 795,04 6 153,06 15 975,73
dólares por ano)
Analfabetismo*
OCEANO 5,7 1 1,23 5,46 2,5
B ras i l (%)
Peru
PACÍFICO
Expectativa
72,75 75,38 75,43 70,26 70,55
Bolívia de vida* (anos)

Chile

Paraguai

Uruguai
Argentina

OCEANO
ATLÂNTICO

Membros associados 0 970 km

Membros plenos

*Dados de 2021.

Banco Mundial, IBGE, 2022.

O processo de criação do Mercosul (Mercado Comum do Sul) iniciou-se em março de 1991, com a assinatura do Tratado
de Assunção pelos presidentes do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

O bloco começou a operar, oficialmente, em 1994, como uma zona de livre-comércio, com eliminação ou redução das tarifas
alfandegárias e das restrições quantitativas. Somente após a assinatura do Protocolo de Ouro Preto, em 17 de dezembro de
1994, quando foi fixada a Tarifa Externa Comum (TEC), tornou-se uma união aduaneira.

A padronização e a utilização da TEC fixaram uma política comercial conjunta entre os países-membros e têm por objetivo
integrar e fortalecer o comércio do bloco. Essa tarifa é imposta tanto para produtos importados de países de fora do bloco
quanto para aqueles produzidos internamente, mas há ressalvas em relação a alguns produtos.

Em 2006, o grupo dos quatro fundadores, que aparecem como membros plenos, foi ampliado com a entrada da Venezuela –
suspensa em 2016 – também como membro pleno, e, no mesmo ano, a Bolívia solicitou sua adesão ao bloco. Esse país ainda
permanece como membro associado, junto com Colômbia, Equador, Peru e Chile, conforme o mapa anterior. A diferença fundamental
do status entre membros plenos e membros associados está na não adoção da TEC pelos países associados, o que lhes permite
negociar livremente com demais mercados e países. Além disso, os países associados não participam da tomada de decisões do bloco.

Atualmente, o Mercosul encontra-se no estágio de união aduaneira, sendo uma área de livre circulação de bens, serviços
e capital, e adotando a liberação gradativa de tarifas alfandegárias e restrições tarifárias.

Alguns produtos dos países-membros foram colocados em uma “lista de exceções”, pois ainda estão protegidos para
empresas nacionais e há incidência de tarifas de importação sobre eles. Por isso, muitas vezes é atribuído ao Mercosul o
rótulo de “união aduaneira imperfeita”.

68 Coleção 6V
 Comércio Regionalizado

A representação a seguir evidencia as exportações brasileiras em direção aos países do Mercosul:

Inseticidas, Carne suína Calçados
rodenticidas, fresca, Soja
Veículos automóveis fungicidas, refrigerada
para transporte de herbicidas, 1,1% 1,0%
mercadorias e usos
reguladores 1,0%
Veículos especiais 1,7% Sabão,
preparações
automóveis de Outras matérias de limpeza

4,4%
Poliacetais,
passageiros plásticas em
formas primárias
1,1% outros
poliéteres
13% Equipamento 0,82%
1,5% para distribuição Barras de
Polímeros de
1,1% ferro e aço,
barras
Papel e cartão etileno, em 0,80%
formas primárias Adubos ou

3,2%
fertilizantes Outros
medicamentos
1,4% químicos ...
0,80%
Máquinas e 1,1%
aparelhos Outros
elétricos Alumínio produtos
diversos
Minério de
ferro e seus
Veículos rodoviários 1,0% 0,80% concentrados
Partes e acessórios 1,4%
2,1%
Produtos
dos veículos automotivos Cobre Outros artigos

GEOGRAFIA
6,0%
de plástico 0,76% 1,7%
1,2% 1,0% Produtos
Máquinas agrícolas
(com exceção dos Motores de pistão, Obras de ferro 0,76% Óleos brutos
tratores) e suas partes e suas partes ou aço e outros de petróleo
artigos ou de
Demais produtos – 1,9%
1,2% 1,0%
Máquinas
minerais
0,73%
indústria de transformação Pneus de borracha, bandas de
rodagem intercambiáveis, flaps
Chapas, folhas, Carne bovina 1,0%
películas, tiras e fresca, Bebidas
4,6% e câmaras de ar para rodas
lâminas refrigerada alcoólicas
1,8% 1,2% 1,0% 0,73%

Produtos oriundos da indústria de transformação Indústria extrativa Agropecuária

MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS.

Fica clara a relação assimétrica do Brasil frente aos demais países que constituem esse bloco. O país atua predominantemente
na exportação de produtos manufaturados, contrastando a sua própria posição na Nova Divisão Internacional do Trabalho,
na qual o país se destaca pela exportação de commodities.

TÁ NA MÍDIA
Acesse o QR Code para investigar mais acerca da história de formação do Mercosul. Você sabia que ele é o maior bloco da América do Sul?

Crises no Mercosul
Em 2012, ano em que o Mercosul completou 21 anos de existência, o bloco enfrentou a pior crise desde a sua criação.
Há muitos anos, o bloco já demonstrava desgastes nas áreas econômica, comercial e política, mas, diante da crise econômica
internacional, os líderes do bloco, Argentina e Brasil, criaram bloqueios para a entrada e a saída de suas mercadorias no
importante mercado bilateral para ambos.

Outros acontecimentos significativos foram a entrada da Venezuela ao bloco e a suspensão temporária do Paraguai.
Tal interrupção foi resultado da crise política marcada pelo impeachment do ex-presidente paraguaio Fernando Lugo, em junho
de 2012. A oposição paraguaia acusou o ex-presidente de ter agido inadequadamente em vários episódios e de governar
de maneira “imprópria, negligente e irresponsável”. O acontecimento colocou o Brasil na presidência semestral do bloco,
no segundo semestre de 2012, cargo que seria ocupado pelo Paraguai.

Durante esse cenário de suspensão temporária do Paraguai, à época, os demais países-membros aprovaram a entrada da
Venezuela – então governada por Hugo Chávez – no Mercosul, uma vez que o Congresso paraguaio relutava em dar esse
aval. Entretanto, a tomada de decisão do bloco fez com que a relação com aquele país ficasse ainda mais estremecida a
ponto de o governo decidir pela não retomada ao bloco no decorrer da gestão venezuelana. Contudo, após Horacio Cartes –
escolhido em eleições democráticas em 2013 – ter tomado posse do governo paraguaio, o Mercosul convocou novas eleições,
e os países integrantes deliberaram sobre o direito de reintegração do Paraguai ao bloco, em 2013. Em 2016, a Venezuela
foi suspensa devido à crise econômica e política.

Bernoulli Sistema de Ensino 69

 Frente B Módulo 03
Caso da Venezuela – nova crise no
Mercosul
Isolada continentalmente, a Venezuela sofreu uma série
de contratempos nas suas relações exteriores. Primeiro, foi
impedida de assumir a presidência rotativa e, em seguida,
foi suspensa por tempo indeterminado.
Em agosto de 2016, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai,
países fundadores do bloco, decidiram impedir que a
Venezuela assumisse a presidência rotativa do Mercosul.
O grupo decidiu conduzir de forma conjunta a liderança
do organismo sul-americano, exigindo que a Venezuela
cumprisse uma série de compromissos assumidos no
Protocolo de Adesão ao Mercosul até 1 de dezembro de
2016. Mas os acordos não foram cumpridos, resultando na
suspensão do país do bloco.
O principal motivo para a suspensão da Venezuela é
que, das 1 224 normas técnicas que o país deveria adotar
até quatro anos após sua adesão, ocorrida em 2012,
238 (20% do total) ainda estão pendentes, e dos 57 tratados
do bloco que deveriam ser ratificados em seu Protocolo de
Adesão, Caracas só incorporou 16 (25%). Outros fatores
também pesaram, como as sucessivas demonstrações de
instabilidade política e econômica. Além disso, o país foi
perdendo parcerias de governos importantes do bloco,
por exemplo, do Brasil.
Nova placa dos automóveis
no Mercosul
Reprodução / Detran
Novo modelo de placa veicular.
O novo padrão das placas veiculares foi produto de um acordo
firmado em 2014 entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
O objetivo é facilitar a identificação nos países vizinhos, bem
como obter mais segurança contra falsificações e fraudes, como
a clonagem de placas.
Acordo entre União Europeia e Mercosul
Um acordo voltado ao livre-comércio entre o Mercosul e a
União Europeia foi retomado em 2019. Apesar de recente,
essa aproximação entre os blocos remonta à década de
1990, no governo de Fernando Henrique Cardoso. A partir
do início do século XXI, as negociações entre Mercosul e UE
avançaram paralelamente às negociações da ALCA (Área
de Livre-Comércio das Américas), planejada pelos EUA.
70 Coleção 6V
Contudo, esse último acordo, assinado em 28 de junho de
2019, criou bastante expectativa internacional, uma vez
que se trata de um mercado de 780 milhões de pessoas,
correspondendo a 25% da economia mundial. Em relação
aos valores, as tarifas seriam eliminadas para mais de 90%
dos produtos comercializados entre os blocos.
Apesar dos grandiosos números que envolvem o comércio
entre ambos os blocos, alguns críticos sinalizam possíveis
entraves, tanto econômicos quanto ambientais. O primeiro
diz respeito à possibilidade de desindustrializar ainda mais
o Brasil em razão de uma possível enxurrada de produtos
industrializados europeus em direção ao mercado brasileiro.
Já o outro ponto é a situação ambiental brasileira, uma vez
que o país, atualmente, recebe fortes questionamentos
sobre as políticas ambientais mais permissivas frente
ao desmatamento (com destaque para a Amazônia)
e ao cumprimento das metas climáticas nacionalmente
determinadas pelo Brasil no Acordo de Paris. O caso do
desmatamento é ainda mais ressaltado pelo setor agrícola
francês. Vale lembrar que a França é o maior produtor
agrícola europeu.
OUTROS BLOCOS
AMERICANOS
• ALCA (Área de Livre-Comércio das Américas):
proposta no Fórum das Américas, na cidade de
Miami, em 1994, a ALCA deveria ser formada por
todos os países americanos, com exceção de Cuba,
considerado não democrático. O objetivo do bloco
era a formação de uma área de livre-comércio no
continente americano. Segundo as decisões tomadas
em várias reuniões periódicas, o bloco deveria ter
sido implantado até 2005, o que não ocorreu. Ainda
existem muitas divergências quanto a uma possível
formação da ALCA, as quais são objeto de discussões
em reuniões periódicas, chamadas de Encontros
das Américas, que discutem os princípios para a
formação e a data da entrada em vigor da aliança.
O poderio econômico dos Estados Unidos em relação
ao dos demais países da América, inclusive o Brasil,
é muito superior. Por esse motivo, a ALCA não deveria
ser implantada antes de 2005, ano a partir do qual
acreditava-se que o desenvolvimento industrial dos
outros países da América poderia ser considerado mais
definido e estabilizado, podendo, assim, suportar, sem
grandes dificuldades, o livre-comércio com os EUA.
• ALBA (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa
América): a Alternativa Bolivariana para as Américas,
criada em 14 de dezembro de 2004 e rebatizada em
24 de junho de 2009 de Aliança Bolivariana para os
Povos da Nossa América, tem como principal objetivo
integrar diversos países da América Latina e do Caribe
que têm como base a ideologia de Simón Bolívar.
A ALBA tem a intenção de ser uma alternativa em
relação à ALCA. Atualmente, a ALBA é formada por
Venezuela, Cuba, Nicarágua, Bolívia, Dominica,
São Vicente e Granadinas e Antígua e Barbuda.

• UNASUL (União das Nações Sul-Americanas):
o processo de formação da UNASUL começou em 2004,
no Peru, com a criação da Comunidade Sul-Americana
de Nações (CSN), que, em 2007, foi renomeada,
recebendo seu atual nome. Em 2008, foi assinado,
em Brasília, o tratado que oficializou a constituição
da UNASUL como um organismo internacional. Fazem
parte dessa comunidade todos os países da América
do Sul, à exceção da Guiana Francesa, entreposto
comercial francês. Um dos objetivos da UNASUL é a
formação de uma área de cooperação entre as nações
nos setores cultural, social, econômico e político.
Busca-se, também, a formulação de ações em conjunto
nos setores energético, educacional, infraestrutural
e ambiental. As ações da UNASUL ainda são incipientes;
apesar disso, alguns grupos de trabalho já iniciaram
suas atividades meramente propositivas. Em abril
de 2010, foi criado o Instituto Sul-Americano de
Governança em Saúde (Isags), com o objetivo de
compartilhar os avanços na área da saúde com os
países da UNASUL. Contudo, mesmo em estágio
inicial de formação, já ocorrem alguns conflitos
e desentendimentos.
ALIANÇA DO PACÍFICO
No decorrer dos anos, as crises econômicas e políticas
e o enfraquecimento do Mercosul abriram brechas para
a assinatura de acordos unilaterais e para a formação de
novos blocos na América do Sul e Latina, como ocorreu com
a Aliança do Pacífico, fundada oficialmente em 6 de junho
de 2012, em Antofagasta, no Chile, durante a 4ª Cúpula da
Aliança do Pacífico.
O bloco é formado por México, Peru, Chile e Colômbia, que
representam cerca de um terço do PIB da América Latina.
Em função do potencial do principal eixo econômico mundial,
que é o Oceano Pacífico, esse bloco apresenta uma vantagem
comparativa muito importante em relação ao Mercosul.
O acesso facilitado aos mercados do Pacífico, bem como a
tratados internacionais importantes dessa região, faz com
que a Aliança do Pacífico seja um bloco muito importante
para o PIB latino-americano.
Goldstarsuper / Creative Commons / Adaptado
Comércio Regionalizado
A criação da Aliança do Pacífico poderá representar uma
nova dificuldade à projeção continental e internacional para a
diplomacia brasileira; afinal, a aliança gera novos protagonistas
na América do Sul, como Colômbia, Peru e Chile.
No mundo globalizado, os acordos comerciais se multiplicam,
abrindo novos mercados para os setores produtivos. Nesse
cenário, o Brasil vive um isolamento, pois, no estatuto do
Mercosul, consta que nenhum dos países-membros pode celebrar
aliança comercial sem que todos os outros estejam de acordo,
o que trava a sua inserção competitiva no comércio mundial.
Paralelamente, na América Latina, a Aliança do Pacífico
foi criada com o intuito de celebrar acordos comerciais com
o mundo desenvolvido e em desenvolvimento, em uma
GEOGRAFIA
admirável ação geopolítica. O bloco já possui tratado de
livre-comércio com mais de 50 países, incluindo China,
Estados Unidos e países da União Europeia.
CPTPP – ACORDO ABRANGENTE
E PROGRESSIVO PARA A
PARCERIA TRANSPACÍFICA
O Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceira
Transpacífica foi criado em novembro de 2015 e ratificado
em fevereiro de 2016, primeiramente como TPP (Acordo de
Associação Transpacífico). É uma zona de livre-comércio
(ZLC) entre países da Ásia (Japão, Brunei, Malásia,
Cingapura e Vietnã), Oceania (Austrália e Nova Zelândia)
e América (Estados Unidos, Canadá, México, Peru e Chile).
Contava, inicialmente, com 12 países-membros, os quais
representam cerca de 40% do comércio do mundo e têm
uma população total de cerca de 800 milhões de pessoas
(quase o dobro da União Europeia).
O acordo tem por objetivo aprofundar os laços econômicos
entre os países-membros, prevendo eliminar mais de 18 000
tarifas, além de regras comuns sobre regulamentações:
alimentares, proteções ambientais, economia digital,
investimento, trabalho e serviços financeiros, entre outros.
Um dos grandes objetivos do bloco, na visão estadunidense,
durante o Governo Obama, era o de conter o avanço da China na
região da Bacia do Pacífico e ratificar sua posição de hegemonia
tanto no âmbito regional quanto mundial. Além disso, existem
no bloco diferentes potencialidades energéticas e minerais.
Em janeiro de 2017, o ex-presidente estadunidense
Donald Trump retirou o país do bloco. Na visão de Trump,
o multilateralismo evidenciado pela formação de blocos
econômicos deveria ser colocado de lado frente a um
nacionalismo protecionista.
O CPTPP (Acordo Abrangente e Progressivo para a
Parceria Transpacífica) – também chamado de TIPAT –
Tratado Integral e Progressista de Associação Transpacífico
– que entrou em vigor em 30 de dezembro de 2018,
Bernoulli Sistema de Ensino 71
 Frente B Módulo 03
após a ratificação por seis partes – México, Japão,
Singapura, Nova Zelândia, Canadá e Austrália, se coloca
como uma versão ampliada do TPP (assinado, mas não em
vigor) e incorpora suas disposições como anexo, inclusive
a respeito da manutenção dos subsídios de empresas
estatais e exige que os países compartilhem informações
sobre suas empresas uns com os outros. O acordo retira
alguns dispositivos (suspendendo sua aplicabilidade), como
a solução de disputas entre investidor-Estado, dispositivos
específicos em serviços, propriedade intelectual e meio
ambiente –, para que sejam adotados pelas onze partes do
acordo que permaneceram, após a saída dos Estados Unidos.
O Vietnã foi o 7º país a ratificar o acordo. Também o
integram o bloco: Malásia, Brunei e Chile. Em julho de 2021,
o Peru finalizou seu processo de ratificação e, em dezembro
de 2022 o Uruguai manifestou interesse em ingressar no
bloco, ignorando a ameaça de Brasil, Argentina e Paraguai
sobre uma possível retaliação em virtude de o país integrar
o Mercosul. Em julho de 2023, na cúpula do Mercosul, o
chanceler uruguaio Francisco Bustillo, criticou o “imobilismo”
do bloco e afirmou que a China “está esperando” para
concretizar um acordo comercial com seu país. Em 2023,
o Reino Unido foi o primeiro país europeu a ingressar no
bloco, como 12º membro. Nesse momento o bloco passa a
possuir, então, 15% do PIB mundial.
APEC – COOPERAÇÃO
ECONÔMICA DA
ÁSIA-PACÍFICO
A APEC (Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico) é um
fórum de cooperação regional criado em 1989, motivado
pelo crescente comércio e pela interdependência econômica
entre as nações da região.
N
Domínio público
0 4 780 km
Os três grandes pilares da agenda da APEC são a liberalização
do comércio e do investimento entre os membros, incluindo a
promoção de acordos bilaterais e regionais, tendo por objetivo
constituir uma possível área de livre-comércio do Pacífico;
72 Coleção 6V
a facilitação dos negócios por meio de medidas de redução
de tempo, custos e incerteza, e da harmonização de políticas;
e a cooperação econômica e técnica, cujas prioridades
incluem o fortalecimento do combate à corrupção, a
educação, a competência técnica, a segurança energética,
o desenvolvimento ambiental sustentável e o desenvolvimento
das infraestruturas.
Esse fórum engloba diversas economias asiáticas,
americanas e da Oceania, e, atualmente, é integrado por
21 países: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Hong
Kong, Indonésia, Japão, Coreia do Sul, Malásia, México,
Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné, Peru, Filipinas, Rússia,
Singapura, Taiwan, Tailândia, Estados Unidos da América
e Vietnã.
Além da APEC, destaca-se a ASEAN (Associação das
Nações do Sudeste Asiático), uma organização supranacional
orientada aos países do Sudeste Asiático, criada em 1967
e que atua no recrudescimento da cooperação entre os
países da região.
Iniciativas como a APEC, a ASEAN, e outras, como a
Organização para Cooperação de Xangai, trabalham no
âmbito da cooperação em diversas áreas, como economia,
política e segurança internacional, mas ainda não são
entendidas como blocos econômicos. Todas essas propostas
criam lastro diplomático nas relações desses países, que,
por sua vez, foi fundamental para o desenvolvimento de um
bloco econômico regional chamado RCEP.
A Zona de Comércio Livre
Continental Africana (AfCFTA)
A Zona de Comércio Livre Continental Africana
(AfCFTA) é composta por 55 países da União
Africana (UA) e por oito Comunidades Econômicas
Regionais (CERs), compondo, então, a maior área
de livre-comércio do mundo. Acesse o objeto
digital de aprendizagem para saber mais sobre
a AfCFTA.
RCEP
Considerado o maior bloco econômico do mundo, firmado
em 15 de novembro de 2020, a Parceria Econômica Global
Abrangente (RCEP) se estrutura em uma zona de livre-
-comércio na região da Ásia-Pacífico. Após quase uma
década de extensas negociações, a cúpula da ASEAN
conseguiu estender suas tratativas para outros cinco países:
China, Coreia do Sul, Japão, Austrália e Nova Zelândia.
 Comércio Regionalizado

A Índia iniciou as negociações para adesão ao bloco, A sigla inicial, BRIC, foi cunhada por Jim O’Neill em
porém declinou com a premissa de uma grande assimetria 2001, quando publicou um artigo chamado “Building better
econômica em razão da presença da China no grupo, global economic BRICs”. Desde então, a sigla passou a ser
que determinaria uma enxurrada, no mercado indiano, amplamente usada pela comunidade internacional e remete
de produtos chineses com isenção tributária. às mudanças contemporâneas no poder econômico e político
global, distanciando-se das economias desenvolvidas do G7
A RCEP corresponde a mais de 30% do PIB mundial e
e se fixando no mundo em desenvolvimento, formado por
totaliza também um terço da população do planeta.
países emergentes.
N
Em agosto de 2023, foi anunciada a expansão do grupo,
que vem sendo chamado de BRICS+. Arábia Saudita, Egito,
Coreia
do Sul
Emirados Árabes, Etiópia e Irã agora compõem o agrupamento
Japão
China e farão parte de processos de aproximação e cooperação.
Essas nações foram selecionadas por meio de uma lista
OCEANO

GEOGRAFIA
PACÍFICO contendo mais de 20 Estados candidatos. A Argentina também
Mianmar
Vietnã estava cotada para fazer parte, no entanto, em novembro
Tailândia Laos Filipinas de 2023, a então futura ministra das Relações Exteriores da
Camboja Brunei
Argentina, Diana Mondino, afirmou que o país não iria compor
Malásia o bloco por não ter condições de fazer o aporte financeiro
Indonésia
Singapura
necessário. A formalização dessa ampliação do bloco está
marcada para acontecer no dia 1º de janeiro de 2024.

Em relação aos produtos comercializados, apesar de

Tiger 7253 / Creative Commons

Austrália pertencerem a todos os segmentos da economia, cada

um tem seu destaque. O Brasil é um grande exportador
OCEANO
ÍNDICO
Nova internacional de commodities; a Rússia é uma potência
Zelândia
energética e bélica; a Índia é atrelada à forte capacidade de
0 1 470 km
fornecimento de serviços; a China se destaca na produção de
maquinofaturas; e a África do Sul tem significativa presença
A RCEP pode ser entendida como uma resposta de Beijing no campo mineral.
ao TPP. Sobre a constituição desse bloco, que orbita em
Indicadores econômicos
torno da China, é importante lembrar que ainda é cedo
para dizer qual será o impacto para a economia brasileira e PIB Anual BRICS 2022 População BRICS 2022
latino-americana. O RCEP foi oficializado e entrou em vigor
Rússia
no início do ano de 2022. Índia Rússia Brasil
8,6% Brasil
13% 4,4% 6,2% África
7,4%
do Sul
África
BRICS do Sul
1,5%
1,8%

Índia
China 43,7% China
BRICS é um acrônimo que se refere aos países-membros 69,3% 43,6%
fundadores (Brasil, Rússia, Índia e China) e à África do Sul,
que aderiu ao grupo em 2011. Juntos, formam um grupo político
de cooperação, que, desde 2009, realiza cúpulas anuais. Importações BRICS 2022 Exportações BRICS 2022
Rússia Rússia
Índia 6,8% Brasil Índia
9,4% 12,1% Brasil
17,7% 7,2% 7%
África
África
do Sul
do Sul
2,6%
2,5%
China China
Divulgação

65,4% 68,9%

Apesar de não formarem um bloco econômico, objetivam

IBGE. Países. Disponível em: https://paises.ibge.gov.br/#/.
atuar como um “clube político” ou uma “aliança diplomática” Acesso em: 12 dez. 2023.; THE WORLD BANK. GDP (current
e, assim, converter seu crescente poder econômico em maior US$). Disponível em: https://data.worldbank.org/indicator/
influência geopolítica. Equivalem a cerca de 1/3 do PIB mundial NY.GDP.MKTP.CD. Acesso em: 12 dez. 2023.
e detêm mais de 40% da população do planeta. Juntos, em No grupo, a China se destaca nos valores das exportações e
abril de 2023, abarcavam 18% da economia mundial. importações.

Bernoulli Sistema de Ensino 73

 Frente B Módulo 03

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
01. (FGV–2023) Globalização é uma nova palavra para um processo que remonta, em última análise, à expansão da civilização
E88W
europeia desde o final do século XV. Muitos dos fenômenos apresentados para sugerir o advento de uma nova era constituem
a reprodução, sob nova roupagem, de tendências antigas. Mesmo assim, as discussões sobre globalização ou mundialização
da economia adquiriram, nas últimas décadas, uma importância estratégica.
Sobre o processo contemporâneo de mundialização da economia, assinale a afirmação correta.
A) Os Estados nacionais, em consequência do predomínio das políticas neoliberais, estão sendo compelidos a aumentar sua
presença na economia.
B) A economia globalizada vem sendo crescentemente dominada por empresas nacionais, que apresentam profunda identificação
com seu país de origem.
C) A globalização produziu um sistema econômico fortemente integrado, de caráter supranacional, que tende a enfraquecer
as fronteiras nacionais.
D) A mundialização da economia permitiu a formação de blocos econômicos regionais que conduziram a uma autonomia sem
precedentes das economias nacionais.
E) As transações financeiras internacionais criaram mercados regionais, diante dos quais a autonomia das políticas nacionais
e a dos bancos centrais tendem a desaparecer.

02. (EsPCEx-SP–2021) O Mercosul tem sido muito criticado nos últimos anos pela perda de dinamismo, apesar dos importantes
7XV3
avanços obtidos desde sua criação. Sobre esse bloco econômico regional, é correto afirmar que
I. promoveu a chamada distensão geopolítica entre Brasil e Argentina, que historicamente disputavam a hegemonia na Bacia
do Prata.
II. o incremento da cooperação diplomática entre o Brasil e a Argentina, durante a década de 1980, contribuiu para a formação
do bloco.
III. a adoção da Tarifa Externa Comum (TEC) transformou o Mercosul em uma união aduaneira perfeita, visto que os países-
-membros são obrigados a aplicar a mesma alíquota de importação para todos os produtos.
IV. o Protocolo de Ouro Preto inseriu a “cláusula democrática” no Tratado de Assunção e ajudou a criar um ambiente de maior
estabilidade política no âmbito regional.
V. o Mercosul foi, na verdade, uma resposta ao esgotamento dos modelos de desenvolvimento baseados na substituição de
importações adotados pelas duas principais economias do bloco.
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmativas corretas.
A) I, II e III. C) II, III e IV. E) III, IV e V.
B) I, II e V. D) II, IV e V.

03. (IFCE–2020) Alguns dos aspectos presentes na Nova Ordem Mundial são a globalização e os blocos econômicos, que consistem
na união de diferentes países que desejam estabelecer uma relação econômica fortalecida entre si. Sobre essa temática,
é correto afirmar-se que
A) o Mundo Global tem origem na Segunda Guerra Mundial através de uma divisão econômica entre capitalista e socialista,
conhecida como divisão Norte e Sul.
B) o Mercosul foi fundado pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, sendo um bloco econômico de integração de todo o
continente americano.
C) o NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre-Comércio) foi substituído pelo Acordo Estados Unidos-México-Canadá – USMCA,
que, além de criar uma zona econômica na América do Norte, integrou-se aos países da América Central.
D) a globalização na atual fase do capitalismo, representada pela integração econômica dos blocos regionais, consegue eliminar
as desigualdades existentes entre as economias continentais.
E) o Reino Unido se prepara para sair da União Europeia depois de um plebiscito realizado em 2016, acionando o artigo 50
do Tratado de Lisboa.

04. (EsPCEx-SP–2020) Brexit é uma abreviação para British exit (saída britânica, na tradução literal para o português). Esse é o
termo mais comumente usado quando se refere à decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia.
O QUE é o Brexit? Entenda a polêmica saída do Reino Unido da União Europeia com esta e outras 10 questões. BBC News Brasil.
Disponível em: www.bbc.com/portuguese. Acesso em: 29 mar. 2019.

74 Coleção 6V
 Comércio Regionalizado

Considerando a composição do Reino Unido, escolha D)

aquela que melhor expressa a representação cartográfica
do Brexit entre as alternativas a seguir:

A)

GEOGRAFIA
E)

B)

05. (PISM3 / UFJF-MG–2021) Leia a notícia a seguir:

Líderes de 15 países da Ásia-Pacífico selaram no
domingo (15/11/2020) um dos maiores acordos
comerciais da História, que pretende reduzir as barreiras
em uma área que cobre um terço da população e da
produção econômica mundiais. A Parceria Econômica
C)
Regional Abrangente (RCEP, na sigla em inglês) representa
um grande passo para a integração econômica na região
e nasce após quase uma década de negociações. O RCEP
inclui a maioria dos acordos existentes assinados pelos
dez membros da Associação das Nações do Sudeste
Asiático (ASEAN) – Brunei, Camboja, Indonésia, Laos,
Malásia, Mianmar, Filipinas, Cingapura, Tailândia e
Vietnã – e os mescla em um único pacto multilateral com
Austrália, China, Japão, Nova Zelândia e Coreia do Sul.
[...] Ao combinar uma diversidade de acordos em um
único, o RCEP traz a Ásia para mais perto de se tornar
uma zona comercial coesa, como a União Europeia ou a
América do Norte, apesar de não se esperar que leve a
grandes reduções tarifárias gerais.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/
mercado/2020/11/paises-da-asia-pacifico-assinam-um-dos-
maiores-acordos-de-livre-comercio-da-historia.shtml.
Acesso em: 16 nov. 2020.

Bernoulli Sistema de Ensino 75

 Frente B Módulo 03
O recém-firmado tratado de livre-comércio mencionado
no texto anterior estabelece o RCEP como o maior bloco
econômico do mundo, com 30% do PIB mundial, tendo a
China como principal signatário, o que pode representar
um novo capítulo na sua disputa comercial contra os
Estados Unidos.
Assinale a opção correta sobre o significado e consequências
do Tratado de Parceria Econômica Abrangente (RCEP,
na sigla em inglês) que reúne países da Ásia e Oceania.
A) O tratado não inclui os EUA, a maior potência do mundo,
resultando em pouca expressividade econômica e
política no panorama geopolítico global.
B) Com exceção da China, esse tratado reúne países de
pouca importância econômica, não representando
uma ameaça à hegemonia dos EUA no mundo.
C) Os EUA não têm interesse nesses países da Ásia e
Oceania, já que representam economias atrasadas e
predominantemente agrárias e extrativistas.
D) O tratado inclui tradicionais aliados dos EUA, como
o Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia,
o que representa um triunfo da diplomacia chinesa.
E) A China tem inimigos históricos e com pouca relação
comercial nesse tratado, como o Japão e a Coreia do
Sul, que podem inviabilizar o mesmo em longo prazo.
EXERCÍCIOS
PROPOSTOS
01. (FGV–2020) Criado em 1991 pelo Tratado de Assunção,
o Mercosul é hoje o terceiro maior bloco do mundo,
depois do NAFTA (México, Estados Unidos e Canadá)
e da União Europeia. Seu PIB total é de US$ 2,8 trilhões
(R$ 10,4 trilhões). Se fosse um país, o Mercosul seria
a quinta maior economia do mundo, atrás apenas de
Estados Unidos, China, Japão e Alemanha.
MERCOSUL e UE fecham acordo histórico. Disponível em:
www.bbc.com.br. Acesso em: 28 jun. 2019 (Adaptação).
O Mercosul é uma organização
A) intergovernamental, composta por Estados soberanos
que estabeleceram uma união aduaneira.
B) intergovernamental, que se baseia na concessão
da soberania nacional em favor de uma estrutura
coletiva.
C) intergovernamental, composta por Estados soberanos
que liberalizaram o comércio entre os países-membros.
D) supranacional, composta por Estados que cederam as
competências estatais para uma estrutura política.
E) supranacional, que se baseia na cessão parcial das
decisões políticas dos Estados em favor da organização
comum.
76 Coleção 6V
02. (UEPA) A multiplicação dos acordos bilaterais, tratados de
livre-comércio e de blocos econômicos regionais constitui
um dos fenômenos mais marcantes do cenário mundial
Pós-Guerra Fria. Nesse contexto, ocorre destaque para
a União Europeia, considerado o bloco econômico com
maior nível de integração e que enfrenta nos últimos anos
uma grave crise econômica. Sobre a crise europeia e o
bloco União Europeia é correto afirmar que
A) o crescimento econômico desse bloco está em
descompasso com o resto do mundo, uma vez que,
enquanto seus países-membros têm lento crescimento
econômico, os países que compõem outros blocos
apresentam rápido crescimento, principalmente os
que compõem o NAFTA.
B) a crise na Europa foi causada pela dificuldade de
alguns países europeus em pagar as suas dívidas.
Alguns países da região, a exemplo da Grécia e
Portugal, não vêm conseguindo gerar crescimento
econômico suficiente para honrar os compromissos
firmados junto aos seus credores ao longo dos últimos
anos. Tal fato é grave e poderá ultrapassar as fronteiras
da chamada Zona do Euro.
C) alguns países, a exemplo da Alemanha e França, que
possuem maior desenvolvimento tecnológico, estão
isentos dessa recente crise econômica. O término da
Guerra Fria e a reunificação alemã influenciaram na
reformulação do equilíbrio geopolítico europeu.
D) a crise atinge todos os países integrantes do bloco com
a mesma proporção, sendo o desemprego estrutural e
conjuntural um dos mais sérios problemas dos países
integrantes desse bloco econômico.
E) a economia mundial tem experimentado um crescimento
lento desde a crise financeira dos Estados Unidos entre
2008 e 2009. A crise americana atravessou fronteiras
e influenciou no resto do mundo, inclusive na Europa
e no contexto da União Europeia, atingindo na mesma
proporção todos os países integrantes deste bloco.
03. (FUVEST-SP–2023) A respeito do Brexit e das relações
entre o Reino Unido e a União Europeia, é correto afirmar:
A) Apesar da saída do Reino Unido da União Europeia, a
Grã-Bretanha continua fazendo parte do Tratado de
Schengen.
B) Apesar da saída do Reino Unido da União Europeia, o
Euro continua a ser a moeda utilizada na Inglaterra.
C) O Reino Unido nunca fez parte da chamada Zona do
Euro e do Tratado de Schengen, e o Brexit distancia
ainda mais a Grã-Bretanha do espaço econômico da
Europa Continental.
D) A continuidade inalterada da livre circulação de
turistas, cidadãos e mercadorias entre os territórios
nacionais europeus tornou o Brexit sem efeito na vida
econômica e social britânica.
E) O Brexit foi uma medida principalmente voltada para
o retorno do uso da libra esterlina no Reino Unido e
para o abandono do euro, já que a Grã-Bretanha não
abandonou o Tratado de Schengen.
 Comércio Regionalizado

04. (ACAFE-SC–2020) Quando países abdicam de parte de sua soberania para comporem blocos regionais, alianças comerciais,
econômicas e em alguns casos até sociais, têm-se os blocos econômicos. A União Europeia faz parte de um processo histórico
iniciado após a Segunda Guerra Mundial que evoluiu até os anos 1990, quando ganhou seus atuais contornos. No final do século XX,
o modelo que aproxima economicamente diferentes países em blocos regionais se expandiu e diferentes estratégias foram
adotadas em diferentes níveis de integração. A esse respeito associe a primeira e a segunda coluna:
1. Zona de livre-comércio ( ) Mercosul
2. União aduaneira ( ) União Europeia
3. União econômica e monetária ( ) NAFTA
A sequência correta, de cima para baixo, é:
A) 1, 2, 3 C) 2, 3, 1
B) 1, 3, 2 D) 2, 1, 3

GEOGRAFIA
05. (CEETPS-SP) O Tratado da União Europeia estabelece que qualquer país europeu pode se candidatar à adesão ao bloco. Porém,
um país só pode entrar na União Europeia se cumprir alguns critérios de adesão.
Um país que se candidate a membro desse bloco econômico deve necessariamente
A) ser republicano e possuir economia de mercado, porém submetida a controles constantes por parte do Fundo Monetário
Internacional (FMI).
B) permanecer fiel à legislação do bloco e delegar suas questões de segurança nacional à Organização do Tratado do Atlântico
Norte (OTAN).
C) possuir regime monarquista de governo, aceitar a política econômica do bloco e se comprometer a utilizar o euro.
D) estar situado na Europa Ocidental e substituir sua Câmara de Deputados e seu Senado pelo Parlamento Europeu.
E) ter instituições estáveis que garantam a democracia, o Estado de direito e o respeito aos direitos humanos.

06. (UERJ–2020)
MMF7
Os arrependidos do Brexit

O britânico Will Dry, estudante de política e economia, tinha 18 anos quando votou pela saída do Reino Unido da União
Europeia (UE) no plebiscito de 2016. Dry faz parte de um grupo de arrependidos, identificados pela hashtag Bregret (combinação
de Brexit e regret, arrependimento). São eleitores que se dizem enganados pelas promessas da campanha em defesa da
retirada britânica da UE, principalmente a ideia de que o Reino Unido poderia manter o status de inserção e influência no plano
europeu e mundial sem ter de se submeter à burocracia de uma entidade supranacional.

Painel do artista Banksy na cidade britânica de Dover, onde chegam os navios que cruzam o Canal da Mancha, provenientes da França.

Disponível em: epoca.globo.com. Acesso em: 2 maio 2018 (Adaptação).

No âmbito das novas relações com o bloco europeu, parte da população britânica que votou a favor do Brexit não dimensionou
adequadamente a seguinte consequência dessa decisão:
A) Ameaças à defesa do território.
B) Restrições à circulação de riqueza.
C) Limitações à autonomia do governo.
D) Riscos à continuidade da democracia.

Bernoulli Sistema de Ensino 77

 Frente B Módulo 03

07. (UEPG-PR) Sobre a União Europeia, assinale o que for correto.

01. Foi por meio do Tratado de Maastricht (Países Baixos) que o nome União Europeia foi adotado oficialmente para esse bloco
econômico.

02. A União Europeia possui moeda única, o euro, porém essa não foi adotada por todos os países-membros do bloco.

04. Atualmente em crise, a União Europeia se vê em um dilema, com vários países-membros saindo do bloco devido ao
comércio desfavorável e injusto, além de deficit nas exportações, fruto da globalização econômica.

08. A União Europeia possui dispositivo de livre circulação de pessoas entre os países-membros, com regras estabelecidas
pela Convenção de Schengen.

16. Atualmente a União Europeia possui países que, no período da Guerra Fria, foram socialistas, como Hungria, Romênia
e Bulgária.

Soma ( )

08. (FUVEST-SP–2021) O acordo entre o Mercosul e a União Europeia está sendo discutido há cerca de 20 anos e prevê,
entre outros elementos, a redução progressiva das tarifas de exportação entre os blocos. O Brasil, que é um grande exportador
de produtos de origem agrícola para o mercado europeu, teria redução tarifária para a exportação de produtos como carnes,
açúcar e etanol, entre outros.

Para a ratificação do acordo, o Parlamento europeu aprovou uma resolução que manifesta a importância do compromisso
dos países do Mercosul com a implementação do Acordo de Paris. A relutância em ratificar o acordo entre Mercosul e União
Europeia, por parte de alguns países da UE em 2020, deveu-se, entre outros fatores,

Note e adote:

OMC: Organização Mundial do Comércio

PRONAF: Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

SAFs: Sistemas Agroflorestais

UE: União Europeia

A) à desigual condição climática para produção de vinhos nos dois continentes.

B) às políticas de incentivo à agricultura familiar na América Latina e especialmente ao PRONAF no Brasil.

C) à difusão de SAFs, criados com o propósito de produção para consumo humano no Cone Sul.

D) às declarações que cogitaram a retirada do Brasil da OMC meses antes da aprovação da resolução.

E) aos graves problemas ambientais no Brasil, tais como desmatamento e queimadas.

09. (UEL-PR–2021) Leia o texto a seguir:

Três anos e meio após a votação no referendo que definiu a saída do Reino Unido da União Europeia, o Parlamento
britânico aprovou o acordo para o Brexit no dia 09/01/2020. Esse foi o passo mais importante para que os britânicos deixem
o bloco.

Disponível em: noticias.uol.com.br (Adaptação).

Sobre a saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit), assinale a alternativa correta.

A) Os contrários ao Brexit, em grande parte políticos nacionalistas e conservadores, consideram que o Reino Unido deve
incentivar a entrada de imigrantes, por serem considerados mão de obra barata.

B) O comércio com a Europa permanecerá inalterado, pois mesmo fora da União Europeia, as empresas britânicas ainda
estarão vinculadas às regulações impostas pelo bloco e limitadas por sua legislação.

C) Entre as motivações para o Brexit estão a recessão econômica e a chegada de imigrantes, que reacendeu a xenofobia e
o medo de que eles passem a competir com os britânicos no mercado de trabalho.

D) O Brexit colocou fim ao conflito entre as fronteiras da República da Irlanda e da Irlanda do Norte, constituindo um mercado
comum com o Reino Unido.

E) A saída da União Europeia traz a possibilidade de o Reino Unido se candidatar a fazer parte da ONU e da OTAN, que resultará
em maior segurança internacional, ponto importante para a política britânica.

78 Coleção 6V
 Comércio Regionalizado

10. (FGV–2020) Em junho de 2019, após 20 anos de negociações, a União Europeia (UE) e o Mercosul fecharam um acordo comercial
que envolve 25% da economia global e 780 milhões de pessoas, totalizando quase 10% da população do mundo. A respeito
desse acordo, analise as afirmações a seguir:
I. O acordo, para entrar em vigor, deve ser ratificado por cada Estado-parte; no caso do Brasil, deve ser avaliado e aprovado
pelo Legislativo e, então, ratificado pelo Poder Executivo.
II. O acordo cria um bloco econômico que prevê uma união aduaneira e monetária entre os Estados-partes; no caso do Brasil,
irá alavancar as exportações de produtos agrícolas.
III. O acordo gera oportunidades de desenvolvimento econômico e de cooperação; no caso do Mercosul, permitirá o acesso a
um dos maiores mercados do mundo e trará volume importante de investimentos para os países do bloco.
Está correto o que se afirma em
A) I, II e III. D) II e III, apenas.
B) I, apenas. E) II, apenas.

GEOGRAFIA
C) I e III, apenas.

11. (PISM3 / UFJF-MG–2020) Leia o texto a seguir e responda o que se pede.

Incerteza do Brexit ameaça provocar fuga de empresas do Reino Unido
19 de fevereiro de 2019

O anúncio de que a Honda fechará sua fábrica em Swindon, no sul da Inglaterra, onde trabalham cerca de 3 500 pessoas,
agravou o temor que a incerteza provocada pela saída do Reino Unido da União Europeia desencadeie uma fuga de empresas
no país. Além da Honda e outras gigantes do setor automotivo, a Sony anunciou a transferência de sua sede europeia
para Amsterdã, na Holanda, e a Airbus alertou que pode deixar o Reino Unido em caso de um Brexit não negociado com a
União Europeia. Muitas empresas com base no Reino Unido têm redes de fabricação internacional, nas quais alguns componentes
cruzam o Canal da Mancha em ambas as direções antes de serem montados no produto final, motivo pelo qual mudanças nos
trâmites alfandegários resultantes da saída do país da União Europeia podem afetar suas operações.
Disponível em: http://exame.abril.com.br. Acesso em: 19 ago. 2019 (Adaptação).

Com relação à questão da fuga de multinacionais do Reino Unido face ao Brexit, a alternativa correta é:
A) Com a saída do Reino Unido da União Europeia, o país deixa de fazer parte de um espaço regional transnacional sem barreiras
aos fluxos de mercadorias, o que pode impactar tanto as importações quanto as exportações das empresas multinacionais.
B) Especialistas consideram a fuga das multinacionais no Reino Unido um fenômeno temporário face ao temor do Brexit,
pois a estabilidade econômica, a moeda forte e a oferta de força de trabalho qualificada no país são fatores suficientes
para manter essas empresas em seu território.
C) A saída do Reino Unido da União Europeia reduziria, mediante políticas restritivas, o fluxo de trabalhadores imigrantes
que são empregados como mão de obra barata pelas multinacionais, forçando o retorno de unidades de produção para os
seus países de origem.
D) O principal motivo pelo qual as multinacionais sediadas no Reino Unido temem o Brexit é que a proposta apresentada pelo
governo britânico foi construída sem a participação da representação dessas empresas, o que desencadeou a ativação de
planos de transferência para outros países.
E) As pequenas e médias empresas de base nacional no Reino Unido se preocupam com a perda de mercados com a fuga
das multinacionais em razão do temor com o Brexit, uma vez que as atividades exercidas por essas firmas são de apoio
ou complementares àquelas realizadas pelas empresas estrangeiras.

SEÇÃO ENEM
01. (Enem–2023) Produtores rurais europeus são antigos opositores de um grande acordo com o Mercosul. Na visão deles, existe
um nítido risco de concorrência desleal, pois, na Europa, é preciso seguir regras mais rígidas de produção, o que encarece
o processo. Assim, eles não conseguiriam competir com os preços, por exemplo, da carne brasileira e teriam seus negócios
ameaçados. Por outro lado, o setor industrial europeu se mobiliza a favor do acordo, uma vez que as reduções de tarifas no
comércio internacional dariam maior acesso ao mercado sul-americano. Um exemplo é o setor automotivo europeu, que prevê
maior participação e concorrência nos países do Mercosul caso o acordo siga em frente.
ROUBICEK, M. Como o risco ambiental afeta o acordo entre Mercosul e União Europeia.
Disponível em: www.nexojornal.com.br. Acesso em: 25 out. 2021.

Bernoulli Sistema de Ensino 79

 Frente B Módulo 03

No contexto do acordo citado, os dois grupos econômicos europeus defendem, respectivamente, a

A) restrição dos fluxos migratórios e a maior atuação de sindicatos.
B) ampliação das leis trabalhistas e a plena importação de manufaturados.
C) proteção das florestas nacionais e a ampla transferência de tecnologias.
D) manutenção das barreiras fitossanitárias e a livre circulação de mercadorias.
E) remoção dos entraves alfandegários e a melhor remuneração de empregados.

02. (Enem–2022) Brasil e Argentina chegaram a um acordo para a redução em 10% da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul.
O consenso foi alcançado durante negociação entre o ministro das Relações Exteriores do Brasil e o seu equivalente argentino,
no Palácio do Itamaraty, em Brasília, no início do mês de outubro de 2021. A redução da TEC é um antigo desejo do Brasil,
que pretende abrir mais sua economia e, com isso, ajudar a controlar a inflação. Já a Argentina temia que a medida pudesse
afetar sua produção industrial. O acordo vai abranger uma ampla gama de produtos e ainda será apresentado ao Paraguai e
Uruguai, para que seja formalizado. Brasil e Argentina fecham acordo para corte de 10% na tarifa do Mercosul.
Disponível em: https://oglobo.globo.com. Acesso em: 8 out. 2021 (Adaptação).

A necessidade de negociação diplomática para viabilizar o acordo tarifário mencionado é explicada pela seguinte característica
do Mercosul:
A) Limitação da circulação financeira.
B) Padronização da política monetária.
C) Funcionamento da união aduaneira.
D) Dependência da exportação agrícola.
E) Equivalência da legislação trabalhista.

SEÇÃO FUVEST / UNICAMP / UNESP

GABARITO Meu aproveitamento

Aprendizagem  Acertei ______ Errei ______

• 01. C

• 02. B

• 03. E

• 04. A

• 05. D

Propostos  Acertei ______ Errei ______

• 01. A • 07. Soma = 27

• 02. B • 08. E

• 03. C • 09. C

• 04. C • 10. C

• 05. E • 11. A

• 06. B

Seção Enem  Acertei ______ Errei ______

• 01. D

• 02. C Total dos meus acertos: _____ de _____ . ______ %

80 Coleção 6V