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O Uso do Martelo Vibratório em Obras no Grande Recife

Conference Paper · January 2015


DOI: 10.20906/CPS/CB-04-0155

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3 authors, including:

Joaquim Teodoro Oliveira Alexandre Duarte Gusmão


Universidade Católica de Pernambuco (UniCaP) Universidade de Pernambuco
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O Futuro Sustentável do Brasil passa por Minas
COBRAMSEG 2016 – Cong. Brasileiro Mec. dos Solos e Eng. Geotécnica – 19-22 Outubro, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
© ABMS, 2016

O USO DO MARTELO VIBRATÓRIO EM OBRAS NO


GRANDE RECIFE
Rafael Dantas Sena
UNICAP, Recife, Brasil, rds@rdsh.com.br

Joaquim Teodoro Oliveira


UNICAP, Recife, Brasil, jtrdo@uol.com.br

Alexandre Duarte Gusmão


POLI-UPE, Recife, Brasil, gusmao.alex@ig.com.br

RESUMO: São apresentados estudos de caso em duas das primeiras obras executadas com o
martelo vibratório na Região Metropolitana do Recife (RMR), sendo a primeira para a instalação de
perfis metálicos na lâmina e periferia do Edf. CASO 1, localizado no bairro de Piedade, Jaboatão
dos Guararapes - PE, e a segunda com a instalação de estacas-prancha para contenção e parede
definitiva de estacionamento subsolo no Edf. CASO 2, em Boa Viagem, Recife - PE.
Diante dos resultados obtidos nos dois estudos de caso, fica evidente uma tendência no aumento do
número de projetos utilizando a solução do martelo vibratório para a instalação de perfis metálicos
e estacas-prancha na RMR. Além de causar baixa perturbação em edificações vizinhas quando
comparado aos métodos tradicionais, o equipamento oferece boa produtividade, segurança e
praticidade.

PALAVRAS-CHAVE: Martelo vibratório, livre de ressonância, fundações, perfil metálico, estaca-


prancha.

1 INTRODUÇÃO mais robustas e complexas, permitindo às


empresas envolvidas no processo construtivo
A Região Metropolitana do Recife uma busca constante pela tecnologia de ponta,
(RMR) é a maior aglomeração urbana do Norte- neste caso, equipamentos importados dos
Nordeste e a sexta do país. Conta com uma melhores fabricantes do mundo para a execução
população, de aproximadamente, 3,7 Milhões de projetos de fundação.
de habitantes (IBGE, 2010) representando 65%
do PIB do estado de Pernambuco (IBGE, 2012). É nesse contexto que o martelo vibratório vem
Composta por 14 municípios com grande ganhando destaque como solução para a
potencial econômico devido a excelente posição instalação de elementos de fundação em
geográfica, a região é ponto de convergência projetos locais. Este trabalho irá apresentar
das principais rotas comerciais que interligam a o estudo de caso nas duas primeiras obras,
costa brasileira ao hemisfério norte e vem executadas por uma determinada empresa, que
assumindo um importante papel na logística de utilizaram o equipamento para a instalação de
importação, exportação e escoamento de perfis e pranchas metálicas, em obras
produtos. imobiliárias, nos bairros de Boa Viagem e
Piedade, da Região Metropolitana do Recife,
O desenvolvimento da economia local, além de sugerir as oportunidades que se abrem
aliado ao crescimento populacional, demandam para uma melhor performance em obras de
obras imobiliárias e de infraestrutura cada vez infraestrutura, como canais, túneis, pontes e

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implantação de sistema sanitário, demandas • 1993 - Equipamento de Hélice Contínua
atuais de uma região que sofre com problemas Importado foi usado pela primeira vez;
graves de mobilidade, saneamento básico, entre • 1998 - Chegada dos perfis metálicos
outros. soldados;
• 2001 - Primeira obra utilizando
1.2 Objetivo equipamento de Hélice Contínua
Nacional, fabricado pela CZM;
Analisar os aspectos de projeto em duas • 2002 - Chegada dos perfis laminados;
obras executadas no Grande Recife, como o • 2002 - Inauguração da T&A Pré-
estudo de capacidade de carga, cotas de ponta, fabricados, primeira fábrica a produzir
sondagens, relatórios e comparar com os estacas centrifugadas e protendidas de
resultados obtidos na execução com o martelo concreto na região;
vibratório, como desempenho, produtividade e a • 2004 - Estacas autoperfurantes;
interação solo-estaca na instalação dos perfis e • 2005 - Primeira obra utilizando estacas
estacas-prancha. metálicas com seção decrescente na
região;
• 2008 - Primeira obra utilizando Martelo
2 A PRÁTICA DE FUNDAÇÕES NO Hidráulico Importado Junttan sobre
RECIFE esteiras, considerado um dos melhores
do mundo;
A cidade do Recife está situada sobre • 2009 - Primeira obra utilizando o
uma planície aluvional (fluvio-marinha), sistema de melhoramento de solo "Terra
constituída por ilhas, penínsulas, alagados e probe";
manguezais envolvidos por cinco rios. Essa • 2013 - Fábrica de Pré-fabricados da
planície é circundada por colinas em arco, que PDI, produzindo estacas centrifugadas;
se estendem do norte ao sul, de Olinda até • 2015 - Primeiras obras utilizando o
Jaboatão (Rezende, 2002). Tem um subsolo Martelo Vibratório modelo ICE
reconhecidamente complexo, do ponte de vista 28RF, "livre de ressonância", para
geotécnico (Costa, 1960; Gusmão Filho, 1982). instalação de perfis e pranchas
A valorização do solo e a pressão imobiliária metálicas.
verticalizaram as construções de edifícios altos,
ao mesmo tempo em que a necessidade de De acordo com levantamento das obras
moradia fez aumentar, consideravelmente, os projetadas pela GUSMÃO ENGENHEIROS
terrenos ocupados em áreas de risco geológicos ASSOCIADOS LTDA. na RMR, com ano base
(Gusmão Filho, 1998). em 2010: 79% dos empreendimentos com mais
de 8 pavimentos foram executadas fundações
Segundo Gusmão (2015), o cenário da Região profundas, sendo 76% desses em Hélice
Metropolitana do Recife favorece a evolução e contínua, 13% em estacas metálicas, 9% em
capacidade técnica dos profissionais, que lidam estacas franki, e apenas 2% em pré-moldadas de
com a geotecnia, aliado com o espírito concreto. Com relação aos empreendimentos
empreendedor das empresas locais e clientes com menos de 8 pavimentos, 43% necessitaram
não conservadores. Tão importante quanto a de fundação profunda, sendo 45% projetados
capacidade técnica dos profissionais envolvidos em estacas pré-moldadas de concreto, 35% em
é o acesso e utilização dos equipamentos mais hélice contínua e 20% foram classificadas como
modernos e tecnológicos do mundo. Ainda "outras”.
segundo Gusmão (2015), uma "linha do
tempo", com eventos importantes, caracteriza 3 O MARTELO VIBRATÓRIO
bem a evolução tecnológica em obras de
fundação nos últimos 25 anos, na RMR: 3.1 Conceito

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O martelo vibratório é uma ferramenta
usada para cravar (instalar) ou extrair estacas do
solo, para construção de uma diversidade de
empreendimentos (APE Technology Center,
2009). Aplica uma carga constante,
relativamente baixa, com alta frequência.
Através da geração de vibrações nas partículas
adjacentes, o martelo vibratório quebra a
estrutura do solo ao redor da estaca, reduzindo,
assim, o atrito entre os dois e facilitando a
cravação. (Falconi e Selders, 2013)

3.2 Aplicações
Figura 2. Cais Pesqueiro em Newburyport, EUA.
O Martelo vibratório pode ser usado na
construção de piers marinhos (Figura 2), túneis
(Figura 1), pontes (Figura 3), edifícios (Figura
4), estradas, linhas de ferro, muros para
contenção e muitos outros tipos de obras.
Dependendo da aplicação, pode-se escolher
entre uma variedade de martelos, em modelos
convencionais e de alta frequência. Em obras,
em que o solo adjacente não deve sofrer
vibrações, como em áreas urbanas ou na
proximidade de construções antigas, há também
a opção de martelos livres de ressonância. Além
de estacas metálicas, o martelo vibratório pode
ser utilizado na cravação de estacas-prancha, Figura 3. Construção de ponte em Nova Iorque, EUA.
tubos metálicos, entre outros. (Falconi e
Selders, 2013).

Figura 4. Construção Edf. Na China.

3.3 Vantagens

Figura 1. Construção de túnel em Senegal. Algumas vantagens dos martelos vibratórios


são: Podem instalar estacas muito mais
rapidamente, e extrair estacas antigas para fora
do solo. É extremamente versátil, podendo ser
utilizado debaixo d'água, são leves, protegem o
meio ambiente (especialmente a vida animal)
como mostrado nas Figuras 8 e 9, em
comparação com a utilização do martelo à

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percussão, pode ser utilizado na proximidade
imediata de áreas residenciais sem queixas de
ruído, são pequenos e de fácil mobilização.
(APE Technology Center, 2009)

Uma outra vantagem que vem sendo explorada


mais recentemente pelos fabricantes é a
possibilidade de acoplar os martelos "em série",
podendo atingir uma energia de cravação capaz
de instalar grandes tubos metálicos, como
mostrado na Figura 8.
Figura 8. Oito martelos acoplados em séria, China.

3.4 Limitações

O uso de martelos vibratórios, em solos


granulares, são mais eficazes do que em silte e
argilas mais moles. Simulações com base em
análise de equação de onda estão sendo
realizados para testar o desempenho dos
martelos vibratórios. Uma vez que não há
nenhuma técnica disponível para estimar a
capacidade de carga durante a instalação de
uma estaca, algum outro teste é necessário para
Figura 5. Construção de acesso para aeroporto, Grécia. confirmar a capacidade de carga da estaca
(Gunarante, 2006).

3.5 Livre de ressonância (Resonance Free)

Conforme manual traduzido para o


português da ICE/Dieseko, a presente série de
martelos vibratórios convencionais com um
momento excêntrico constante é caracterizada
por uma zona de frequência "crítica" durante o
funcionamento e parada do
equipamento. Devido ao momento excêntrico
Figura 6. Impacto causado pelo martelo à percussão.
constante, a amplitude também é constante, o
que não só provoca vibrações no solo
como também pode ser inconveniente para
edifícios e áreas circundantes.
O martelo vibratório de alta frequência RF tem
frequência ajustável (0-2300rpm) e os pesos
excêntricos também são ajustáveis. Por ajuste
dos pesos excêntricos, o momento excêntrico
será variável.
O ajuste dos pesos excêntricos ocorrerá
automaticamente para o seu valor máximo.
Figura 7. Impacto causado pelo martelo vibratório. Como o martelo já atingiu o seu máximo de
frequência, não seria problema passar pela zona
"crítica".

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Além do ajuste automático, é feito um ajuste
manual no controle remoto para os pesos
excêntricos de 0 ao momento máximo de
excêntrico.
Por meio do excêntrico ajustável pode-se
determinar o momento e amplitude mais
ideal para cada condição do solo, de modo que
a perturbação é limitada à um mínimo. Uma vez
que a posição mais ideal é encontrada, é
possível concluir toda a instalação do
elemento naquela posição.

4 CASO 1

4.1 O Empreendimento

Edifício residencial, com 15 andares,


totalizando 60 apartamentos, 02 elevadores,
piscina, salão de festa, guarita. Localizado no
bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes,
Região Metropolitana do Recife.

4.2 Caracterização da estrutura e do terreno

De acordo com o relatório RL02- Figura 9. SP-001 – Edf. CASO 1.


11313, a edificação analisada é uma estrutura
de concreto armado com 18 lajes. Há um total
de 18 pilares na lâmina e 19 na periferia.

As Figuras 9 e 10 mostram o perfil do solo


encontrado. Inicialmente encontra-se uma de
areia fina escura até a cota -1,70; segue-se uma
camada de turfa, mole, até a cota -3,20. Em
seguida, foi encontrada uma camada de areia
fina, siltosa, com matéria orgânica, fofa a pouco
compacta, até a cota -6,00. A seguir, existe uma
camada de turfa, muito mole, até a cota -11,00.
Logo abaixo, encontra-se uma camada de areia
fina siltosa com matéria orgânica e lentes de
turfa, fofa, até a cota -14,50. A camada
seguinte é composta por argila siltosa, com
fragmentos de conchas, média, variando até as
cotas -33,00 a -36,00. E por fim, existe uma
camada de areia fina, siltosa, muito compacta,
até o limite das sondagens, na cota -47,00. O
nível d’água encontra-se variando entre as cotas
-0,60 e -0,70.

Figura 10. SP-001 – Edf. CASO 1.

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4.3 Projeto e Execução Conforme registrado e exibido no
4.3.1 Projeto "Relatório 02-11313", o estaqueamento foi
executado, inicialmente, por uma primeira
As fundações projetadas são constituídas empresa, entre os dias 31 de março e 15 de abril
de perfis metálicos para a torre e periferia com de 2015, sendo utilizado o equipamento do tipo
comprimento variando de 41,50m a 45,50m na vibratório ICE 28RF de alta frequência, tendo
torre e com comprimento único de 23,50m na sua máquina substituída por motivos de quebra
periferia. por equipamento de uma segunda empresa,
entre os dias 20 de maio a 04 de junho de 2015,
Tabela 1. Cargas admissíveis e de ponta utilizando um martelo do tipo vibratório ABI
Referência Tipo de Seção Cota HVR100.
Estaca de
Ponta No processo decisório da solução, a construtora
(m) optou pelo estaqueamento com martelo
Tipo A Perfil 310x79/93/125 -45,50 vibratório, contra solução em martelo de
Metálico impacto, devido, principalmente à proximidade
Tipo B Perfil 310x79/93/110 -43,50 de residências e construções antigas, tendo um
Metálico dos prédios sido desapropriado pouco antes do
Tipo C Perfil 310x79/93 -41,50 início da obra pela Defesa Civil da Prefeitura de
Metálico Jaboatão, com risco de desabamento.
Tipo D Perfil 310x79 -41,50
Metálico A execução foi iniciada pela estaca P24-E01 e
Tipo E Perfil 310x79 -23,50 finalizada pela estaca P15-E02, seguindo
Metálico sequência definida entre as partes envolvidas
conforme o andamento da obra. Ao final, foram
4.3.2 Execução executadas 78 estacas em seções apresentadas
na Tabela 1.

5 CASO 2

5.1 O Empreendimento

Edifício residencial com 18 andares, um


nível de subsolo, totalizando 72 apartamentos,
central de gás, gerador, piscina, salão de festas,
sauna. Localizado no bairro de Boa Viagem,
Recife.

5.2 Caracterização da estrutura e do terreno

Conforme projeto, a edificação


analisada é uma estrutura de concreto armado
com 21 lajes. Há um total de 11 pilares
apoiados sobre uma fundação em radier.

Como pode ser observado na Figura 12,


inicialmente encontra-se uma camada de areia
Figura 11. Execução – Edf. CASO 1. fina com restos de vegetais, até a cota -3,00;
segue-se uma camada de areia fina, mediamente
compacta até a cota -4,20. Em seguida, foi

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encontrada uma camada de areia fina/grossa, subsolo no Edf. CASO 2 em estacas-prancha do
muito compacta, até a cota -7,80. A seguir, tipo AU 14, de fabricação Arcelor Mittal, com
existe uma camada de areia média, mediamente 8,00m de profundidade.
compacta até a cota -11,00. Logo abaixo,
encontra-se uma camada de areia média/fiina Após a execução da laje de fundo, as pranchas
até -13,05. A camada seguinte é composta por passam de contenção provisória para parede
areia fina/média com baixo SPT até a cota - definitiva do subsolo.
24,70. Por fim, existe uma camada de argila
orgânica siltosa, com plasticidade alta e média
até o limite da sondagem na cota -26,60. O
nível d’água encontra-se variando entre as cotas
-4,50 e -5,00.

Figura 13. Projeto de Contenção – Edf. CASO 2.

Como pode ser observado no corte


transversal exibido na Figura 14, as estacas-
pranchas AU 14 foram instaladas a partir da
cota - 0,30m, com 8,00m de profundidade, e
segue a seguinte sequência construtiva,
conforme Projeto Executivo da Arcelor Mittal:

1. Construção da viga de coroamento da


estaca-prancha;
2. Instalação de tirantes provisórios para
travamento da cortina na cota - 0,30m;
3. Escavação até a cota - 5,25m;
4. Execução do radier como travamento
definitivo;
5. Remoção dos tirantes provisórios.

Figura 12. SP-02 – Edf. CASO 2.

5.3 Projeto e Execução


Figura 14. Corte transversal – Edf. CASO 2.
5.3.1 Projeto
5.3.2 Execução
Diante das duas opções apresentadas por
fornecedores, uma em concreto armado, outra
em metálica, a construtora optou por executar a Utilizando o martelo vibratório modelo
contenção necessária para a construção de ICE 28RF, a instalação das pranchas metálicas
modelo AU 14 foi iniciada pela empresa de

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fundação, no dia 25 de fevereiro de 2015,
porém, devido a interferências no local da obra,
só veio a ser finalizada no dia 09 de junho de
2015. No total foram instaladas 132 pranchas
com 0,75m de largura, somando 100,00m de
perímetro em torno do radier, que será
executado abaixo da laje de fundo do
estacionamento; abaixo da cota - 5,50m.

A escolha da solução em pranchas metálicas


pela construtora levou em consideração, não só
os aspectos econômicos, pois este projeto se
mostrou economicamente mais viável do que a
parede em concreto armado (parede diafragma),
mas também aspectos executivos como o fato
de o martelo vibratório ser livre de ressonância,
evitando problemas com ruído e vibração nas
edificações vizinhas, muito próximas à obra.

Figura 16. Execução – Edf. CASO 2.

6 RESULTADOS

6.1 Caso 1 – Previsto x Executado

A partir do acompanhamento na
execução da instalação dos perfis metálicos,
foram coletados os dados de execução e os
resultados do ensaio exigido, a Prova de Carga
Estática.

O terreno apresentou um comportamento


peculiar na utilização do martelo vibratório,
com um rápido "Set-Up", vindo a parada na
camada de areia fina siltosa muito compacta,
com alto SPT, tendo comprovado a capacidade
de carga através de Provas de Carga Estática,
Figura 15. Execução – Edf. CASO 2. apresentadas nas Figuras 20, 21 e Tabela 3.

Como já comentado anteriormente, ainda não


existe método disponível para a paralisação na
instalação de estacas por martelo vibratório.
Então o critério de paralisação adotado foi o do
comprimento definido em projeto com
comprovação da Prova de Carga Estática.

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Observou-se uma redução do comprimento das Como pode ser observado na Tabela 2, com
estacas, variando entre 36,00 e 43,60m na relação ao desempenho e produtividade dos
lâmina, conforme mostrado abaixo em gráficos martelos vibratórios, nesta obra, o modelo ICE
nas Figuras 17, 18 e 19, os comparativos entre a 28RF trabalhou por 11 dias mantendo uma
profundidade prevista, inicialmente, em projeto média de 128,9m de perfis instalados por dia,
e o que foi executado. "Series 1" apresenta a em uma profundidade média de 39,00m. Em
profundidade obtida na instalação da estaca seguida, o modelo ABI HVR100, em 10 dias
metálica na obra, e "Series 2" representa a cota trabalhados executou uma média de 80,25m/dia,
de fundo de projeto. em uma profundidade média de 35,70m.

Comparando a produtividade obtida no CASO 1


com tabela apresentada por (Gusmão et. al,
2005) onde tem-se uma média de 50,00m de
estaca metálica executada por dia, podemos
concluir, que o resultado foi satisfatório.

Tabela 2. Resumo de Produção – Edf. CASO 1


Mo Ti Ti Ti Ti Médi Dias TO
del po po po po a(m) Trabal TA
o A( B( C/ E( hados L
%) %) D %
( )
%
Figura 17. Previsto x Executado – Estacas Tipo A
)
ICE 10 22 63 56 128, 11 41
0 9
AB 0 88 37 44 80,2 10 37
I 5

6.1.2 Controle da instalação dos perfis

Foram feitas Provas de Carga Estática


em duas estacas: P7-E04 (TIPO A) e P16-E01
(TIPO C), pelo método misto de acordo com a
NBR 12131/2006, apresentadas nas Figuras
Figura 18. Previsto x Executado – Estacas Tipo B
20 e 21 e na Tabela 3. A primeira foi instalada
com o martelo ICE 28 RF, e a segunda com o
ABI HVR 100.

Figura 19. Previsto x Executado – Estacas Tipo C e D

Na periferia foram atingidos os 23,50m


previstos sem maiores dificuldades.

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Tabela 3. Provas de Carga Estáticas. Coeficiente de Segurança (CS) = Carga de
Es Seção Co Ca Rec Rec. Rec. P. ruptutra / Carga de Trabalho (1)
ta mp. rga . Per Elást C.
ca (m) Má Tot m.( ico( E Tabela 4. Coeficiente de Segurança x Método P.C.E.
x( al( mm mm) Estaca P7- Norma(Tf Chin(Tf Van der
Tf) mm ) E04 ) ) Veen
) (Mod.
P 310x 39, 44 51, 13,7 37,5 1 Aoki)(Tf
7- 79/93 30 1,6 21 )
E /125 Carga de 220 220 220
04 Trabalho
P 310x 36, 31 40, 15,5 25,0 2 Carga de 490 526,31 620
16 79/93 00 2,8 55 Ruptura
- Coeficiente 2,3 2,39 2,82
E de
01 Segurança

A interpretação dos resultados pelos métodos da


Norma, Chin e Van der Veen, foi feita apenas
para a estaca P7-E04 nesta obra. Porém, no
relatório fornecido pela empresa que executou a
P.C.E e conforme informações apresentadas na
tabela 3, é possível verificarmos que o
Figura 20. Carga x Recalque – Estaca P7-E04 coeficiente de segurança 2 também foi atingido
na estaca P16-E01.

Para a estaca P7-E04, Tipo A, inicialmente


prevista para 45,50m e ensaiada com 39,60m de
profundidade, houve redução de quase 5,00m
no comprimento, atingindo a carga solicitada
em projeto com recalques admissíveis.

Para a estaca P16-E01, Tipo C, inicialmente


prevista para 41,50m, ensaiada com 36,00m de
profundidade, houve uma redução de pouco
mais de 5,00m no comprimento unitário,
atingindo a carga solicitada em projeto com
recalques admissíveis.
Figura 21. Carga x Recalque – Estaca P16-E01
"Do ponto de vista da execução do
Os ensaios realizados nas estacas P7-E04 e P16- estaqueamento os resultados de cravação, bem
E01 atingiram mais de 2 vezes a carga de como dos ensaios de prova de carga estática
trabalho, atendendo aos parâmetros da NBR executados correspondem às premissas do
12131/2006, onde exige-se que a carga máxima projeto", Gusmão et al. (2015).
atinja no mínimo 2,0 vezes a carga de trabalho
para estacas metálicas. Na tabela 4, pode-se 6.2 Caso 2
verificar um resumo do resultado da Prova de
Carga realizada na estaca P7-E04, interpretado Diante dos resultados obtidos no Edf.
por diferentes métodos, correlacionando com o CASO 2, primeira obra de subsolo com
coeficiente de segurança obtido. contenção em estacas-prancha na região,

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utilizando o martelo vibratório para a
instalação, pode-se destacar alguns pontos
importantes que fazem desta uma excelente
solução para este tipo de obra em aglomerados
urbanos:

• Custo x Benefício - Solução mais barata


do que as apresentadas em concreto
armado;
• As estacas-prancha serão utilizadas
como contenção e parede definitiva do
subsolo, aplicando apenas uma pintura
especial após a execução da laje de
Figura 22. Contenção – Edf. CASO 2
fundo;
• As estacas-prancha impedem a
passagem do lençol freático para dentro
da obra de uma maneira muito mais
eficaz do que uma "parede diafragma",
que contém vazamentos devido ao
método de execução;
• Tempo de execução: Foram necessários
apenas 7 dias trabalhados para a
instalação das estacas-prancha;
• Baixa emissão de vibrações e ruídos -
Obra cercada de prédios vizinhos;
• Produto reutilizável, de baixo impacto
ambiental;
• Obra enxuta, com necessidade de uma Figura 23. Contenção – Edf. CASO 2
área pequena para estoque.
6 CONCLUSÃO
Não houve monitoramento por parte do cliente.
Na execução, houve cuidado redobrado com o Os resultados obtidos nos dois estudos
alinhamento das pranchas, e a verificação de caso comprovam a viabilidade da utilização
através de inspeção visual. do martelo vibratório para a instalação de perfis
e pranchas-metálicas na Região Metropolitana
Com relação ao desempenho e produtividade no do Recife.
CASO 2, considerando os 7 dias trabalhados,
foram em média executados 15,00m do No CASO 1, onde o equipamento foi usado
perímetro da contenção por dia, para a instalação de perfis metálicos com até
aproximadamente 20 estacas-pranchas de 8,00m 45,00m de profundidade, o resultado foi
de profundidade, ou 160,00m por dia. bastante satisfatório nos quesitos produtividade
e confiabilidade. Verificou-se uma diminuição
Nas Figuras 30 e 31 pode-se observar a nos comprimentos das estacas, atendendo a
escavação do terreno na cota -2,80. Nesta cota, carga de trabalho definida em projeto e
será executado uma linha de tirantes que atingindo coeficiente de segurança maior do
funcionará como ancoragem provisória até a que 2, conforme exigido pela Norma NBR
concretagem da laje de fundo. 12131/2006, representando economia
considerável, e segurança para a Construtora.
Até a conclusão deste trabalho, o estágio da Além disso, esta solução favoreceu a não
obra é o mostrado abaixo nas Figuras 22 e 23. transferência de vibração para as edificações
vizinhas, tendo toda a fundação concluída sem

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ocorrência, principalmente do edifício que foi Dimensionamento de martelos vibratórios para a
desocupado pela Defesa Civil de Jaboatão dos instalação de estacas metálicas.
Gusmão Engenheiros e Associados(2015). Relatório
Guararapes com risco de desabamento. RL02-11313.
Gusmão et. al. (2005). Geotecnia no Nordeste. 2nd edição.
Até a execução do CASO 2, a grande maioria Gusmão Filho, Jamie de Azevedo. (1998) Fundações do
das contenções foram dimensionadas em conhecimento geológico à prática da engenharia.
concreto armado na Região Metropolitana do Gunaratne, Manjriker. (2006). The Foundation
Engineering Handbook.
Recife, assim como a solução inicial desta obra Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010).
que seria em parede diafragma. Em 07 dias Censo Brasileiro.
trabalhados, foram executados 1.056,00m de Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2012).
estacas-prancha, correspondendo 100,00m do Produto Interno Bruto dos Municípios.
perímetro. Normalmente, as máquinas mais Perez, Bruno. (2014). Tradução do Manual de
Treinamento para martelo vibratorios da Dieseko
modernas que executam parede-diafragma Group.
conseguem atingir uma produtividade de Rezende, Antonio Paulo. (2002). O Recife – Histórias de
70,00m² por dia. Nesta obra o martelo uma cidade.
vibratório executou 117,60m² diariamente. Viking, Kenneth. (2002). Vibro Driveability. A field of
vibratory driven sheet piles in non-cohesives soils.
Considerando que o martelo vibratório tem
poucas obras executadas até o momento, não só
na RMR, mas em todo o Brasil, a partir do
aumento na frequência de uso do equipamento,
será possível avançar cada vez mais no
entendimento de como o solo local reage à
utilização do equipamento, acrescentando às
normas atuais, aspectos importantes para a
formulação de novos projetos.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a toda a minha família que sempre


participou da minha vida acadêmica,
especialmente minha esposa e companheira
Tatiana, minha mãe Maria Dantas, meu pai José
Claudio. Aos colegas de trabalhos, sócios,
clientes e fornecedores, que sempre
depositaram confiança no meu trabalho.
Agradeço a Gusmão Engenheiros Associados
Ltda., que forneceu dados para a realização
deste trabalho. A GNG Fundações e toda sua
equipe. Finalmente, agradecer a Arcelor Mittal
e a SEFE, que também cederam material para a
realização do trabalho.

REFERÊNCIAS

American Pile Equipment Technology Center -


http://www.apevibro.com - Outubro, 2015.
Associação Brasileira de Normas Técnicas (2010). NBR
6122. Projeto e Execução de Fundação.
Associação Brasileira de Normas Técnicas (2006). NBR
12131. Prova de Carga estática.
Falconi, Frederico; Selders, Jan. (2014).

COBRAMSEG 2016

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