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Miguel Torga
Miguel Torga
Temáticas Essenciais:
Exaltação da liberdade absoluta do Homem, que deve levá-lo a erguer-se contra tudo aquilo que
lhe é imposto, ainda que isto implique revoltar-se contra Deus
Valorização do sonho e da luta para o alcançar – meio de dignificação do Homem
Revolta contra as injustiças
Reflexão sobre o poeta e a poesia
Introspeção
Comunhão com a natureza
Representações do Contemporâneo:
Poemas compostos durante o Estado Novo: expressão de uma profunda revolta contra a opressão e
o sofrimento provocados pela ditadura
Poemas compostos depois do 25 de abril de 1974: a reflexão sobre a Pátria torna-se menos
frequente; contudo, há ainda a manifestação de desalento em relação a uma pátria marcada pela
estagnação
Tradição Literária:
Figurações do Poeta:
Arte Poética:
A poesia surge associada ao canto, que tem a função de encantar o mundo e de manter viva a
capacidade de sonhar da humanidade
O processo de escrita decorre da inspiração, que é proporcionada pela beleza, ainda que seja
frequentemente caracterizado como doloroso
Linguagem, Estilo e Estrutura:
“Peregrinação”
“E é o vazio passado / Acrescentado… / Areia movediça ou solidão.”: Por vezes, quando se encontra em
cenários naturais marcados pela vastidão, propícios à introspeção, o poeta julga ter encontrado o poema
que busca. No entanto, rapidamente se apercebe de que, na realidade, apenas se confrontará, mais uma
vez, com o “vazio passado / Acrescentado”, com a sensação de vácuo que marca esta busca infrutífera. É
por esse motivo que associa estre processo de busca a “areia movediça”, ou à “solidão”. Tal como sucede
com o primeiro destes elementos, a busca da sua própria voz pode revelar-se enganadora, ou até mesmo
fatal. A alternativa é a constatação do seu isolamento e desamparo, da impossibilidade de encontrar a sua
identidade.
“Olho o monte mais alto e subo ao cimo”: O poeta pretende verificar se, num plano mais elevado – e,
portanto, mais próximo do céu (e, depreende-se, de uma possível paz associada a um hipotético plano
divino) – conseguiria ser mais feliz e, consequentemente, encontrar a inspiração perdida.
Tentativa fracassada: Esta tentativa falha porque, nesse local, o poeta não consegue sequer ouvir a sua
voz. O poeta confronta-se com o “silêncio de Orfeu” que lhe vem demonstrar que, na realidade, é
impossível encontrar o poema primordial que busca – “E nega os versos que afinal não fiz.”.
Título: O título “Peregrinação” aponta para um caminho longo e doloroso em busca de um ideal maior (de
carácter sagrado). Neste caso, está relacionado com o facto de o processo de escrita do poeta ser
metaforicamente configurado como um eterno percurso de busca de um poema primordial – que é
associado à procura da própria identidade – e, portanto, da voz – do poeta.
“Lamento”
“loucura”: sonho
“Um brumoso caminho”: Este caminho é apresentado como “brumoso”, dado que tem contornos
misteriosos e desconhecidos, apenas podendo ser visto com nitidez pelo poeta “da gávea da loucura”,
graças à sua dimensão de visionário.
Papel do poeta no percurso de Portugal: Segundo o texto, o poeta tem a missão de ver mais longe do que
os seus compatriotas e de conduzir o país numa “inédita aventura”, de modo que este se liberte do estado
de decadência e de estagnação em que se encontra.
“Ah, Camões, que não sou, afortunado!”: Segundo o poeta, em comparação consigo, Camões é
“afortunado”, uma vez que, apesar de também mostrar desalento em relação à Pátria, ainda teve
oportunidade de contactar com os seus tempos de glória – “Também desiludido, / Mas ainda lembrado da
epopeia…”.
“Mansa colmeia / A que ninguém colhe o mel!... / Ah, meu pobre corcel / Impaciente / Alado / E
condenado / A choutar nesta praia do Ocidente…”: Através destas metáforas, Portugal é descrito como um
país cujo enorme potencial é subaproveitado.