Músicoterapia e Dislexia.pdf

PESQUISA ORIGINAL
publicada: 22 de janeiro de
2016
dois:
10.3389/fpsyg.2016.00026
Música e dislexia: um novo método de

treinamento musical para melhorar a
leitura e distúrbios relacionados
Michel
1 1 1 2 Habib1,2*, Chloé Lardy, Tristan Desiles, Céline Commeiras, Julie Chobert Mireille e
Besson2
1
Résodys e Serviço de Educação Especial e Assistência Domiciliária Résodys, Agência Regional de Saúde, Marselha, França,
2
Laboratório de Neurociências Cognitivas, Centro Nacional de Pesquisa Científica e Universidade Aix-Marseille, Marselha,
França
Numerosos argumentos na literatura neurocientífica recente apoiam a utilização do

treino musical como ferramenta terapêutica entre o arsenal já disponível a terapeutas e
educadores para o tratamento de crianças com dislexia. No presente estudo, testamos a
eficácia de um método de Treinamento Cognitivo-Musical (CMT) especialmente
projetado, baseado em três princípios: (1) analogias com a linguagem musical: treinar
disléxicos com música pode contribuir para melhorar os circuitos cerebrais que são
comuns à música. e processos de linguagem; (2) as características temporais e rítmicas
da música, que poderiam exercer um efeito positivo nas múltiplas dimensões do “déficit
temporal” característico de alguns tipos de dislexia; e (3) integração intermodal, baseada
em evidências convergentes de conectividade prejudicada entre regiões cerebrais na
Editado
dislexia e distúrbios relacionados. Nesse sentido, desenvolvemos uma série de exercícios
por:
Eddy J. Davelaar, musicais envolvendo conjunta e simultaneamente os sistemas sensorial (visual, auditivo,
Birkbeck, Universidade de Londres, somatossensorial) e motor, com especial ênfase na percepção e produção rítmica, além
Reino Unido de treinamento intensivo de diversas características do sinal auditivo musical. Foram
Revisados pela: realizados dois estudos distintos, um em que crianças disléxicas receberam exercícios
Karsten Specht, Universidade de
musicais intensivos concentrados durante 18 horas durante 3 dias consecutivos, e outro
Bergen, Noruega Michelle Hood,
em que as 18 horas de treino musical foram distribuídas por 6 semanas. Ambos os
Universidade Griffith, Austrália
estudos mostraram melhorias significativas em algumas variáveis não treinadas,
*Correspondência:
Michel Habib michel.habib@univ- linguísticas e não linguísticas. O primeiro proporcionou melhora significativa na
amu.fr percepção categórica e na percepção auditiva dos componentes temporais da fala. O
Seção segundo estudo revelou melhorias adicionais na atenção auditiva, consciência fonológica
Este artigo foi submetido à Cognitive
especializada:
(fusão de sílabas), habilidades de leitura e repetição de pseudopalavras. É importante
Science, uma seção da revista
Frontiers in Psychology Recebido: 17 ressaltar que a maioria das melhorias persistiu após um período sem treinamento de 6
de março de 2015 Aceito: 07 de semanas. Estes resultados fornecem novos argumentos adicionais para o uso da música
janeiro de 2016 Publicado: 22 de
janeiro de 2016
como parte da prática terapêutica e instrucional sistemática para crianças disléxicas.
Citação: Palavras-chave: dislexia, musicoterapia, fonologia, leitura, atenção, distúrbios de
Habib M, Lardy C, Desiles T, aprendizagem
Commeiras C, Chobert J
Besson M (2016) Música e Dislexia:
Um novo método de treinamento INTRODUÇÃO
musical para melhorar a leitura e
distúrbios relacionados. Frente.
Existe um acordo mundial para estimar entre 5 e 15% da população em idade escolar que não
Psicol. 7:26.
consegue iniciar a aprendizagem, isto é, adquirir corretamente a leitura, a escrita e/ou o cálculo,
dois: 10.3389/fpsyg.2016.00026 apesar da inteligência normal e na ausência de capacidades psicoafetivas grosseiras. ou
deficiência socioeducativa. Esse déficit corresponde à seção “distúrbio específico de
aprendizagem” do último
Fronteiras em Psicologia | 1 Janeiro de 2016 | Volume 7 | Artigo

www.frontiersin.org 26.º
Habib et al. Music Training in Dyslexia
classificação internacional (DSM-5, 2013). Entre estas percepção da fala e da fala, pode-se supor que melhorar alguns
perturbações, a dislexia tem sido objecto de numerosos estudos dos processos envolvidos na percepção da música também
nos últimos anos, com resultados que demonstram claramente pode melhorar a percepção da fala e as habilidades de leitura
anomalias cerebrais funcionais e estruturais de origem genética (por exemplo, Goswami et al., 2002; Patel, 2003, 2012; Kraus e
e cultural. Em suma, experiências utilizando imagens cerebrais Chandrasekaran, 2010; Besson et al., 2011; Corrigall e Trainor,
demonstraram uma activação anormal em diversas regiões 2011). Num dos primeiros estudos destinados a testar esta
cerebrais corticais e subcorticais e no cerebelo (Démonet et al., hipótese, Overy (2000, 2003) propôs uma série de jogos
2004), bem como uma falta de conectividade entre estas musicais com dificuldade crescente e centrados no ritmo e nas
diferentes áreas em crianças ou adultos com dislexia (Finn et al. competências de “timing” para crianças disléxicas durante um
, 2014). Este último grupo de resultados abre novas período de 15 semanas. Os resultados mostraram melhorias
perspectivas promissoras para a compreensão dos mecanismos significativas, não nas habilidades de leitura, mas em duas áreas
subjacentes à dislexia e distúrbios relacionados, bem como para relacionadas: processamento fonológico e ortografia. Mais
orientar a remediação (van der Mark et al., 2011; Vandermosten recentemente, Cogo-Moreira et al. (2012, 2013) relataram que o
et al., 2012). Por exemplo, os resultados de um estudo recente treinamento musical teve efeitos positivos nas habilidades de
que combina vários métodos de imagem (ressonância leitura e no desempenho educacional de crianças e
magnética funcional - fMRI -, conectividade funcional e adolescentes com dislexia e Weiss et al. (2014) mostraram que
estrutural) revelaram que as deficiências na discriminação de músicos disléxicos adultos tiveram melhor desempenho do que
fonemas, uma das marcas da disfunção cerebral na dislexia, leitores normais não músicos em várias tarefas de discriminação
refletem uma falha no acesso a informações fonêmicas que de de intervalo de altura, batidas rítmicas de dedos e fala em
outra forma estariam intactas. representações através dos tarefas de percepção de ruído.
feixes subcorticais de substância branca (incluindo o chamado A importância da estrutura métrica das palavras e,
“fascículo arqueado”, que liga a área de Broca às regiões especificamente, da percepção do tempo de subida para o
temporoparietais; Boets et al., 2013). A implicação directa desta processamento da fala foi enfatizada por Goswami et al. (2002).
descoberta é que os métodos de reabilitação da dislexia não Eles propuseram que desalinhamentos entre as flutuações da
devem centrar-se apenas na restauração das representações excitabilidade neuronal nas regiões auditivas e as amplitudes
fonológicas, como é o caso da maioria das remediações máximas do sinal de fala podem estar relacionados a
actualmente utilizadas com estas crianças, mas também na deficiências fonológicas em crianças com dislexia (Power et al.,
restauração das ligações funcionais entre as áreas frontais e 2013). Em consonância com esta visão, Bishop-Liebler et al.
temporais da linguagem. De um modo mais geral, a reabilitação (2014) relataram recentemente que os disléxicos músicos
deve ter como objectivo aumentar a integração da informação adultos eram melhores do que os disléxicos não músicos em
normalmente processada por diferentes áreas do cérebro. Como vários testes de processamento auditivo temporal e
argumentaremos a seguir, uma forma de atingir esse objetivo é especificamente no processamento do envelope temporal e do
através do treinamento musical. “tempo de subida”. Além disso, os disléxicos músicos
Pesquisas ativas no domínio da neurociência da música superaram os seus pares não músicos na leitura de partituras e
demonstraram que o cérebro dos músicos profissionais é um também, em menor grau, na consciência fonológica. Da mesma
excelente modelo de plasticidade cerebral (por exemplo, Münte forma, Flaugnacco et al. (2014) mostraram que, entre outras
et al., 2002), tanto nos níveis subcorticais quanto corticais (por tarefas de produção e percepção de ritmo, o nível de
exemplo, Kraus e Chandrasekaran, 2010). ;Besson et al., 2011). desempenho em uma tarefa de percepção métrica (ou seja,
O cérebro do músico é ideal para estudar as alterações cerebrais perceber mudanças na duração da nota dentro de séries
induzidas pelo treino intensivo e os efeitos de uma atividade recorrentes) previu especificamente tanto a velocidade e a
cognitiva direcionada e repetida na morfologia cerebral, como precisão da leitura, bem como o processamento fonológico em
sugerido para a reabilitação da dislexia (Keller e Just, 2009). disléxicos italianos. . Os autores concluíram que os seus
Curiosamente, alguns tratos subcorticais da substância branca, resultados encorajam fortemente o uso do treino musical na
incluindo o fascículo arqueado mencionado acima e há muito reabilitação da dislexia, e recomendaram especificamente
conhecido como um elemento crucial na rede linguística do “focar-se no ritmo e não na precisão do tom, como é
hemisfério esquerdo, são particularmente sensíveis para frequentemente o caso na pedagogia da música clássica”. Esta
aprender a tocar um instrumento musical ou cantar (Halwani et recomendação está em linha com o trabalho recente do grupo
al., 2011). ambas as habilidades que exigem coordenação Kraus (Slater et al., 2013), que examina o efeito de um ano de
intensa e fina entre processos sensoriais (visuais, auditivos e formação musical com base na percepção do tom, do ritmo
somatossensoriais) e motores. Resultados anteriores também (tapeadas em sincronia com um determinado andamento) e da
demonstraram diferenças estruturais nas fibras inter- improvisação. O nível de desempenho de crianças de 8 anos
hemisféricas da região anterior do corpo caloso conectando consideradas “em risco” de dificuldades de aprendizagem e que
regiões corticais motoras das mãos direita e esquerda (por receberam este treinamento musical foi significativamente
exemplo, Schlaug et al., 1995). Este achado pode estar maior do que os controles pareados na tarefa de batidas
relacionado com anomalias estruturais de tais fibras inter- sincrônicas. Indo um passo além, Przybylski et al. (2013)
hemisféricas em crianças e adultos com dislexia, sugerindo que examinaram a influência da percepção da rima no
a falha na comunicação inter-hemisférica pode ser um dos processamento sintático. Eles apresentaram às crianças com
possíveis mecanismos subjacentes a esta perturbação deficiência de linguagem e leitura um primo rítmico (uma
(Welcome e Joanisse, sucessão de notas tocadas regularmente ou irregularmente),
2014). imediatamente seguido por uma frase falada que era
A Psychology
Frontiers in utilização| www.frontiersin.org
do treinamento musical para o tratamento da 2 sintaticamente correta ou incorreta (por| Volume
January 2016 exemplo, “Laura
7 | Article 26
dislexia e dos distúrbios de linguagem baseia-se tanto em esqueceu/esqueceu seu violino”). Os resultados mostraram
considerações teóricas quanto em resultados experimentais. Se uma clara superioridade dos primos rítmicos regulares sobre os
existem processos subjacentes comuns entre a música e a irregulares no desempenho das crianças na tarefa sintática. Com
linguagem, especialmente entre a música base nesses resultados os autores propuseram a utilização da
estimulação rítmica em protocolos de remediação elaborados
para crianças com
distúrbios do desenvolvimento da linguagem oral e escrita (ver foram fornecidos suportes gestuais adaptados ao nível de
também Cason e Schön, 2012; Cason et al., 2015, para desempenho de cada criança. Por exemplo, um sistema de
resultados semelhantes com crianças com surdez pré-lingual). notação musical muito simples foi concebido propositalmente,
Em um trabalho anterior do nosso grupo (Chobert et al., 2012), feito de apenas 3 ou 5 traços para representar a altura e a
registramos os potenciais cerebrais relacionados a eventos em duração dos sons. O aspecto rítmico de cada tarefa foi
um protocolo original de negatividade de incompatibilidade enfatizado (para detalhes sobre o conteúdo dos exercícios e
tarefas, ver a Seção de Métodos abaixo e Habib e Commeiras,
(MMN) para testar a percepção pré-atentiva de sílabas variando
2014).
em tom, duração ou tempo de início da voz. Descobrimos que as
Foram realizadas duas experiências com duas populações
crianças disléxicas diferiram dos controles pareados no MMN no diferentes de crianças disléxicas, utilizando tarefas e materiais
que diz respeito ao tempo de início da voz e à duração, mas não semelhantes e diferindo apenas na duração do período de treino
às variações de tom; isto é, às duas relacionadas ao tempo entre musical. Assim, comparamos os efeitos do programa CMT
as três variáveis examinadas. Diretamente relacionado a esta quando as sessões de treinamento foram agrupadas em 3
questão, Bidelman et al. (2014) conduziram uma série de sessões consecutivas.
experimentos examinando a percepção categórica, a pedra dias e quando foram distribuídos por um período de 6 semanas.
angular da percepção da fala, em músicos e não músicos
adultos mais jovens e mais velhos. Os resultados mostraram STUDY 1: INTENSIVE
consistentemente uma melhor percepção categórica em COGNITIVE-MUSICAL TRAINING (CMT)
músicos do que em não-músicos, tanto em adultos mais jovens CLUSTERED ON 3 CONSECUTIVE DAYS
como em mais velhos. Com base nesses resultados e em outros
que mostram que a percepção categórica é frequentemente Methods
prejudicada em crianças com dislexia (Serniclaes et al., 2004), o Participants
primeiro objetivo dos experimentos aqui relatados foi testar A group of 12 children from 8.2 to 11.7 years (mean 10 years 7
ainda mais a percepção categórica do tempo de início da voz months, s.d. = 17 months) participated in the study. They all
(identificação e discriminação). ) em crianças com dislexia em received a common diagnosis of severe dyslexia leading to their
comparação com leitores normais de controle. admission in specialized classes with multi-disciplinary support
O segundo objetivo foi examinar a percepção de estruturas for dyslexic children. Thus, all children were already involved in
métricas de palavras em crianças com dislexia e em leitores intensive conventional rehabilitation methods, but during this 3-
normais. Utilizamos os materiais construídos por Magne et al. day CMT period, they did not receive speech therapy. The
(2007) e compreendendo palavras trissilábicas faladas em ritmo clinical characteristics of the children are reported in Tables 1,
de fala normal ou com alongamento incomum da penúltima 2. A reading-age matched normal-reading group of 22 children
sílaba. Nossa hipótese é que crianças com dislexia teriam (30 months younger on average), served as a control population
desempenho inferior ao normal na detecção de sons silábicos for normative data. As seen from Tables1, 2, the diagnosis of
incomuns. severe dyslexia rests on the presence of significant delay in
alongamento. terms of reading age as well as reading isolated words. General
O terceiro objetivo foi testar ainda mais a discriminação do tom intelligence was largely preserved, as shown by scores on the
em crianças disléxicas, uma vez que os resultados relatados na similarities and matrices substests of the WISC-IV scale.
literatura são bastante variáveis, mostrando processamento Spelling and auditory-verbal short-term and working memory
normal ou anormal do tom em diferentes estudos (por exemplo, were more variably altered.
Baldeweg et al., 1999; Santos et al., 2007; Chobert et al., 1999;
Santos et al., 2007; Chobert et al., 1999; Santos et al., 2007;
Chobert et al., 1999; Santos et al., 2007; al., 2012). Incluímos Training Procedure
uma tarefa de discriminação de altura com mudanças no Description of the CMT Method
contorno melódico, harmonia ou ambos, contorno e The CMT method was designed by speech therapists based on
harmonia em canções infantis simples. widely recognized principles of effective intervention (i.e., goal-
O último e mais importante objetivo foi determinar se um directed, systematic, and coherent progression along a
método de Treinamento Cognitivo-Musical (CMT) hierarchical structure; Shaywitz, 2005). Several exercises were
especificamente projetado pode melhorar a percepção built that covered various dimensions and components of music:
categórica, bem como a percepção da estrutura métrica das pitch, duration, tempo, pulsation, and rhythm and that aimed at
palavras e possivelmente a discriminação do tom em crianças developing both the perception and the production sides.
com dislexia. Com base na revisão da literatura acima, Exercises also comprised both sensory (visual and auditory) and
raciocinamos que o método CMT deveria incluir pelo menos três motor components, engaging the child into transcoding
componentes: (1) um componente auditivo visando a processes from one modality to another (e.g., tapping in
similaridade linguagem-música na percepção auditiva, (2) um synchrony with a heard sequence, tapping the written notation
componente motor, focado principalmente na produção de of a rhythm; learning to play a small melody and to correct errors
ritmo e imitação e (3) um componente intermodal, fazendo in other children’s performance; etc...). The use of a piano
exigências especiais no processamento simultâneo de keyboard was systematically added to provide children with the
informações de diferentes modalidades, incluindo modalidades visuo-spatial organization of the white and black keys, as a
auditivas, visuais, sensoriais e motoras, bem como suas reinforcement for the sequential nature of the musical
combinações. Para tal e com o objetivo de estimular a atenção
auditiva e as capacidades de memória de trabalho, o programa
CMT compreende
Frontiers uma bateria de tarefas e exercícios musicais
in Psychology | www.frontiersin.org 3 January 2016 | Volume 7 | Article 26
baseados nestas componentes e na escuta ativa de diversos
tipos de estímulos musicais. O treino multimodal combinando
diferentes modalidades, como é tipicamente o caso na vida real,
tarefas, ver a Seção de Métodos abaixo e Habib e Commeiras,
(MMN) para testar a percepção pré-atentiva de sílabas variando
2014).
em tom, duração ou tempo de início da voz. Descobrimos que as
crianças disléxicas diferiram dos controles pareados no MMN no diferentes de crianças disléxicas, utilizando tarefas e materiais
que diz respeito ao tempo de início da voz e à duração, mas não semelhantes e diferindo apenas na duração do período de treino
às variações de tom; isto é, às duas relacionadas ao tempo entre musical. Assim, comparamos os efeitos do programa CMT
as três variáveis examinadas. Diretamente relacionado a esta quando as sessões de treinamento foram agrupadas em 3
questão, Bidelman et al. (2014) conduziram uma série de sessões consecutivas.
experimentos examinando a percepção categórica, a pedra dias e quando foram distribuídos por um período de 6 semanas.
angular da percepção da fala, em músicos e não músicos
adultos mais jovens e mais velhos. Os resultados mostraram ESTUDO 1: TREINAMENTO COGNITIVO-
consistentemente uma melhor percepção categórica em MUSICAL INTENSIVO (CMT) AGREGADO EM
músicos do que em não-músicos, tanto em adultos mais jovens 3 DIAS CONSECUTIVOS Métodos
como em mais velhos. Com base nesses resultados e em outros
que mostram que a percepção categórica é frequentemente
prejudicada em crianças com dislexia (Serniclaes et al., 2004), o Participants
primeiro objetivo dos experimentos aqui relatados foi testar A group of 12 children from 8.2 to 11.7 years (mean 10 years 7
ainda mais a percepção categórica do tempo de início da voz months, s.d. = 17 months) participated in the study. They all
(identificação e discriminação). ) em crianças com dislexia em received a common diagnosis of severe dyslexia leading to their
comparação com leitores normais de controle. admission in specialized classes with multi-disciplinary support
O segundo objetivo foi examinar a percepção de estruturas for dyslexic children. Thus, all children were already involved in
métricas de palavras em crianças com dislexia e em leitores intensive conventional rehabilitation methods, but during this 3-
normais. Utilizamos os materiais construídos por Magne et al. day CMT period, they did not receive speech therapy. The
(2007) e compreendendo palavras trissilábicas faladas em ritmo clinical characteristics of the children are reported in Tables 1,
de fala normal ou com alongamento incomum da penúltima 2. A reading-age matched normal-reading group of 22 children
sílaba. Nossa hipótese é que crianças com dislexia teriam (30 months younger on average), served as a control population
desempenho inferior ao normal na detecção de sons silábicos for normative data. As seen from Tables1, 2, the diagnosis of
incomuns. severe dyslexia rests on the presence of significant delay in
alongamento. terms of reading age as well as reading isolated words. General
O terceiro objetivo foi testar ainda mais a discriminação do tom intelligence was largely preserved, as shown by scores on the
em crianças disléxicas, uma vez que os resultados relatados na similarities and matrices substests of the WISC-IV scale.
literatura são bastante variáveis, mostrando processamento Spelling and auditory-verbal short-term and working memory
normal ou anormal do tom em diferentes estudos (por exemplo, were more variably altered.
Baldeweg et al., 1999; Santos et al., 2007; Chobert et al., 1999;
Chobert et al., 1999; Santos et al., 2007; al., 2012). Incluímos Training Procedure
uma tarefa de discriminação de altura com mudanças no Description of the CMT Method
contorno melódico, harmonia ou ambos, contorno e The CMT method was designed by speech therapists based on
harmonia em canções infantis simples. widely recognized principles of effective intervention (i.e., goal-
O último e mais importante objetivo foi determinar se um directed, systematic, and coherent progression along a
método de Treinamento Cognitivo-Musical (CMT) hierarchical structure; Shaywitz, 2005). Several exercises were
especificamente projetado pode melhorar a percepção built that covered various dimensions and components of music:
categórica, bem como a percepção da estrutura métrica das pitch, duration, tempo, pulsation, and rhythm and that aimed at
palavras e possivelmente a discriminação do tom em crianças developing both the perception and the production sides.
com dislexia. Com base na revisão da literatura acima, Exercises also comprised both sensory (visual and auditory) and
raciocinamos que o método CMT deveria incluir pelo menos três motor components, engaging the child into transcoding
componentes: (1) um componente auditivo visando a processes from one modality to another (e.g., tapping in
similaridade linguagem-música na percepção auditiva, (2) um synchrony with a heard sequence, tapping the written notation
componente motor, focado principalmente na produção de of a rhythm; learning to play a small melody and to correct errors
ritmo e imitação e (3) um componente intermodal, fazendo in other children’s performance; etc...). The use of a piano
exigências especiais no processamento simultâneo de keyboard was systematically added to provide children with the
informações de diferentes modalidades, incluindo modalidades visuo-spatial organization of the white and black keys, as a
auditivas, visuais, sensoriais e motoras, bem como suas reinforcement for the sequential nature of the musical
combinações. Para tal e com o objetivo de estimular a atenção
auditiva e as capacidades de memória de trabalho, o programa
CMT compreende
Frontiers uma bateria de tarefas e exercícios musicais
in Psychology | www.frontiersin.org 3 January 2016 | Volume 7 | Article 26
baseados nestas componentes e na escuta ativa de diversos
tipos de estímulos musicais. O treino multimodal combinando
(MMN) para testar a percepção pré-atentiva de sílabas variando tarefas, ver a Seção de Métodos abaixo e Habib e Commeiras,
em tom, duração ou tempo de início da voz. Descobrimos que as 2014).
crianças disléxicas diferiram dos controles pareados no MMN no
que diz respeito ao tempo de início da voz e à duração, mas não
diferentes de crianças disléxicas, utilizando tarefas e materiais
às variações de tom; isto é, às duas relacionadas ao tempo entre
semelhantes e diferindo apenas na duração do período de treino
as três variáveis examinadas. Diretamente relacionado a esta
questão, Bidelman et al. (2014) conduziram uma série de
musical. Assim, comparamos os efeitos do programa CMT
experimentos examinando a percepção categórica, a pedra quando as sessões de treinamento foram agrupadas em 3
angular da percepção da fala, em músicos e não músicos sessões consecutivas.
adultos mais jovens e mais velhos. Os resultados mostraram dias e quando foram distribuídos por um período de 6 semanas.
consistentemente uma melhor percepção categórica em
músicos do que em não-músicos, tanto em adultos mais jovens
ESTUDO 1: TREINAMENTO COGNITIVO-
como em mais velhos. Com base nesses resultados e em outros MUSICAL INTENSIVO (CMT) AGREGADO EM
que mostram que a percepção categórica é frequentemente 3 DIAS CONSECUTIVOS Métodos
prejudicada em crianças com dislexia (Serniclaes et al., 2004), o
primeiro objetivo dos experimentos aqui relatados foi testar
ainda mais a percepção categórica do tempo de início da voz
(identificação e discriminação). ) em crianças com dislexia em Participante
comparação com leitores normais de controle. Um
s grupo de 12 crianças de 8,2 a 11,7 anos (média de 10 anos e
O segundo objetivo foi examinar a percepção de estruturas 7 meses, dp = 17 meses) participou do estudo. Todos
métricas de palavras em crianças com dislexia e em leitores receberam um diagnóstico comum de dislexia grave, levando à
normais. Utilizamos os materiais construídos por Magne et al. sua admissão em turmas especializadas com apoio
(2007) e compreendendo palavras trissilábicas faladas em ritmo multidisciplinar para crianças disléxicas. Assim, todas as
de fala normal ou com alongamento incomum da penúltima
crianças já estavam envolvidas em métodos intensivos de
sílaba. Nossa hipótese é que crianças com dislexia teriam
desempenho inferior ao normal na detecção de sons silábicos
reabilitação convencional, mas durante esse período de 3 dias
incomuns. de TMC não receberam terapia fonoaudiológica. As
alongamento. características clínicas das crianças são relatadas nas Tabelas 1,
O terceiro objetivo foi testar ainda mais a discriminação do tom 2. Um grupo de 22 crianças com leitura normal e idade de leitura
em crianças disléxicas, uma vez que os resultados relatados na (em média 30 meses mais jovem) serviu como população de
literatura são bastante variáveis, mostrando processamento controle para dados normativos. Como se pode observar nas
normal ou anormal do tom em diferentes estudos (por exemplo, Tabelas 1, 2, o diagnóstico de dislexia grave baseia-se na
Baldeweg et al., 1999; Santos et al., 2007; Chobert et al., 1999; presença de atraso significativo na idade de leitura, bem como
na leitura de palavras isoladas. A inteligência geral foi
Chobert et al., 1999; Santos et al., 2007; al., 2012). Incluímos
uma tarefa de discriminação de altura com mudanças no amplamente preservada, como mostram as pontuações nos
contorno melódico, harmonia ou ambos, contorno e subtestes de semelhanças e matrizes da escala WISC-IV. A
harmonia em canções infantis simples. ortografia e a memória auditivo-verbal de curto prazo e de
O último e mais importante objetivo foi determinar se um trabalho foram alteradas
Procedimento de de forma mais variável.
método de Treinamento Cognitivo-Musical (CMT)
especificamente projetado pode melhorar a percepção Description
treinamento of the CMT Method
categórica, bem como a percepção da estrutura métrica das O método CMT foi concebido por fonoaudiólogos com base em
palavras e possivelmente a discriminação do tom em crianças princípios amplamente reconhecidos de intervenção eficaz (ou
com dislexia. Com base na revisão da literatura acima, seja, progressão orientada para objetivos, sistemática e
raciocinamos que o método CMT deveria incluir pelo menos três coerente ao longo de uma estrutura hierárquica; Shaywitz,
componentes: (1) um componente auditivo visando a 2005). Foram construídos vários exercícios que abrangeram
similaridade linguagem-música na percepção auditiva, (2) um diversas dimensões e componentes da música: altura, duração,
componente motor, focado principalmente na produção de
andamento, pulsação e ritmo e que visavam desenvolver tanto a
ritmo e imitação e (3) um componente intermodal, fazendo
exigências especiais no processamento simultâneo de
perceção como a produção. Os exercícios também incluíam
informações de diferentes modalidades, incluindo modalidades componentes sensoriais (visuais e auditivos) e motores,
auditivas, visuais, sensoriais e motoras, bem como suas envolvendo a criança em processos de transcodificação de uma
combinações. Para tal e com o objetivo de estimular a atenção modalidade para outra (por exemplo, bater em sincronia com
auditiva e as capacidades de memória de trabalho, o programa uma sequência ouvida, bater na notação escrita de um ritmo;
CMT compreende uma bateria de tarefas e exercícios musicais aprender a tocar uma pequena melodia e corrigir erros no
baseados nestas componentes e na escuta ativa de diversos desempenho de outras crianças, etc.). O uso do teclado de piano
tipos de estímulos musicais. O treino multimodal combinando foi sistematicamente acrescentado para proporcionar às
crianças a organização visuo-espacial das teclas brancas e
foi conseguido através de tarefas que envolvem
simultaneamente processamento visual, auditivo e sensório- pretas, como reforço ao caráter sequencial do musical.
motor. Visual simplificado e
Frontiers in Psychology | www.frontiersin.org 3 January 2016 | Volume 7 | Article 26
TABELA 1 | Nível de desempenho de disléxicos e leitores and no conventional exercises (e.g., related to phonology
normais controle (com indicação de dois desvios padrão abaixo
da norma) em diversos testes psicométricos padrão. reading or writing) were performed. However, most children
Controles de disléxicos
were also involved in their usual weekly treatment, more or less
Média ±SD Média −2SD half an hour, one or two times per week with a speech therapist.
Idade de leitura 90,0±19,0128.593,9 Oralescrita 15,0±2.815.08,0
Bateria de idiomas The CMT program started on the first day of winter vacation
27,3 ±9,0 23,5 16,0 in an outbuilding of the University Hospital, after the children
23,2* ±5,0 29,5* 26,0
and their legal representatives had agreed to participate in this
experiment that was approved by the ad-hoc local ethics
Phonetic fluency
committee. They were fully informed of the aim and content of
Semantic fluency the research program. The training workshop lasted for 3 whole
Hard words repetition days, 6 h per day, for a total of 18 h. Children were divided into
Reading strategy three groups of four and they all participated in three training
Pseudowords sessions including (1) specific musical exercises given by a
15.3* ± 2.4 20.0 16.0
Regular speech therapist, (2) music education with piano instruction
9.1 ± 1.2 * 9.4
Irregular with a piano professor, and (3) percussion and rhythmic bodily
6.8* ± 1.9 10.0 8.0
Spelling exercises with a psychomotor therapist. Each session lasted 45
10.0
Phonological errors min, with a 15 min break before moving onto the next training
11.3 ± 3.0 *
15.0* 12.0
Grammatical errors
session. Each of the 3 days included the same sequence of
* ± 7.0 9.5 4.5
Use rules errors
sessions, only varying in level of difficulty. At the end of each
10.0 ± 5.9 18.5 9.5 day, all children met in a dance hall, where they practiced folk
Similarities 14.0 dancing with a specialized teacher. Children were informed that
WISC-IV ± 2.4 9.7 4.9
Matrices
10.4 ± 3.0 10.3 4.3
they will perform in front of their parents and teachers at the
Digit span 10.1
end of the third and final day to give a more recreational and
Direct challenging aspect to the whole training and to increase their
7.8 ± 2.1 9.9 3.5
Reverse motivation.
7.9 ± 3.4 9.9 4.7
TOTAL Assessment Tests
7.9 ± 2.6 9.9 4.5 As described below, three tasks tapping into different aspects of
Significant control/patient differences are in bold (T-test, < 0.05). Reading ages are in
auditory and speech perception, were used: categorical
*p months. perception (identification and discrimination tests), syllabic
duration and pitch variations. The level of performance in each
TABLE 2 | Dyslexia severity (age in month).
task was measured in children with dyslexia both before and
after training. For comparison purposes, the level of
Dyslexics Chronologicalage Readingage 1 135 111 Difference performance in each task was also measured in control normal-
2 133 90 readers who did not follow the CMT program as they were not
−24
3 146 111 impaired in the perceptual, cognitive, and motor abilities that
−43
4 146 88 the CMT aimed at improving.
−35
5 99 55
−58
6 97 77
−44 Categorical Perception of the Phoneme
7 125 84
−20 “b” in the Syllable [Ba]
8 112 58
9 141 101
−41 Identification Task
−54 A 9-step continuum between two phonemes (i.e., “b” in syllable
10 124 106
−40 “Ba” from B1 to B4 and “p” as in syllable “Pa” from B5 to B9)
11 123 96
−18 was used with voicing delays varying between −52 and +20 ms.
12 145 114
−27 The identification rate of Ba (that of Pa being represented by the
Mean 127 90 −31 reverse curve) was computed.
s.d. 17 19
−36 Discrimination Task
12 Eight pairs were formed (from Ba1–Ba2 to Pa8–Pa9) using
the nine syllables of the continuum. The rate of correct
discrimination (same-different) was computed.
Syllabic Duration Task
scale. Also and as often as possible, exercises required body
movements to be performed in line with the musical excerpts. Children listened to 42 tri-syllabic words (e.g., “canapé”) and
Finally, the connection between music and language was used they had to decide whether the word was spoken normally or
through exercises implicating both speech and music (e.g., with
(e.g.,an incongruous lenghtening of the penultimate syllable
nursery rhymes, tracing the prosody of a sentence on a sheet of “canaapé”). The percentage of correct responses was
paper...). During the CMT sessions, no speech therapy was used
measured.
Pitch discrimination task: children listened to five nursery
Habib et al. Treinamento Musical na
Dislexia
TABELA 1 | Nível de desempenho de disléxicos e leitores e nenhum exercício convencional (por exemplo, relacionado à
normais controle (com indicação de dois desvios padrão abaixo
da norma) em diversos testes psicométricos padrão. fonologia de leitura ou escrita) foi realizado. Porém, a maioria
Controles disléxicos
das crianças também realizava seu tratamento semanal
Média ±SD Média −2SD habitual, mais ou menos meia hora, uma ou duas vezes por
Idade de leitura 90,0±19,0128.593,9 Oralescrita 15,0±2.815.08,0
Bateria de idiomas semana com fonoaudiólogo.
27,3 ±9,0 23,5 16,0 O programa CMT começou no primeiro dia das férias de inverno
23,2* ±5,0 29,5* 26,0
em um anexo do Hospital Universitário, após as crianças e seus
representantes legais terem concordado em participar deste
Fluência fonética
experimento que foi aprovado pelo comitê de ética local ad hoc.
Fluência semântica Foram plenamente informados do objectivo e do conteúdo do
programa de investigação. A oficina de treinamento durou 3 dias
Repetição de palavras
inteiros, 6 horas por dia, totalizando 18 horas. As crianças foram
difíceis Estratégia de divididas em três grupos de quatro e todas participaram de três
15,3 ± 2,4 20,0 16,0
sessões de treinamento incluindo (1) exercícios musicais
leitura * 9,1 ± 1,2 * 9,4
específicos ministrados por fonoaudióloga, (2) educação
6,8* ± 1,9 10,0 8,0
Pseudopalavras musical com aulas de piano com professor de piano e (3)
10,0
percussão e rítmica corporal. exercícios com terapeuta
Regular Ortografia 11,3 ± 3,0 *
15,0 12,0 psicomotor. Cada sessão durou 45 minutos, com intervalo de 15
* ± 7,0 * 9,5 4,5
Irregular minutos antes de passar para a próxima sessão de treinamento.
10,0 ± 5,9 18,5 9,5
Erros fonológicos Cada um dos 3 dias incluiu a mesma sequência de sessões,
Erros gramaticais 14,0 variando apenas no nível de dificuldade. No final de cada dia,
WISC-IV Usar erros de regras ± 2.4 9.7 4.9
10.4 3,0 10.3 4.3
todas as crianças se reuniam num salão de dança, onde
Semelhanças
10.1
± praticavam danças folclóricas com uma professora
especializada. As crianças foram informadas que irão actuar
Matrizes Alcance de 7,8 ± 2,1 9,9 3,5
perante os pais e professores no final do terceiro e último dia
7,9 ± 3,4 9,9 4,7
dígitos Direto Reverso para dar um aspecto mais lúdico e desafiante a todo o treino e
Testes
aumentarde a sua motivação.
TOTAL 7,9 ± 2.6 9,9 4,5 Conforme descrito a seguir, foram utilizadas três tarefas que
Avaliação
abordavam diferentes aspectos da percepção auditiva e da fala:
Diferenças significativas entre controle/paciente estão em < 0,05). A idade da leitura
negrito (teste T, *p meses. está em percepção categórica (testes de identificação e discriminação),
duração silábica e variações de pitch. O nível de desempenho
TABELA 2 | Gravidade da dislexia (idade em meses).
em cada tarefa foi medido em crianças com dislexia antes e
depois do treino. Para fins de comparação, o nível de
Disléxicos, idade cronológica, leitura, idade 1 135 111 Diferença desempenho em cada tarefa também foi medido em leitores
2 133 90 normais de controle que não seguiram o programa CMT, pois
−24 −43
3 146 111 não estavam prejudicados nas habilidades perceptivas,
4 146 88 −35 −58 cognitivas e motoras que o CMT pretendia melhorar.
5 99 55
−44 −20
6 97 77
Percepção Categórica do Fonema “b” na
7 125 84 −41 −54
Sílaba [Ba]
8 112 58
9 141 101
−40 −18 Tarefa de
Um continuum de 9 passos entre dois fonemas (ou seja, “b” na
identificação
10 124 106 −27 −31
sílaba “Ba” de B1 a B4 e “p” como na sílaba “Pa” de B5 a B9) foi
11 123 96
usado com atrasos de voz variando entre -52 e +20 EM. A taxa
12 145 114 −36
de identificação de Ba (a de Pa sendo representada pela curva
12
Média 127 90 dp 17 19 reversa) foi calculada.
Tarefa de Discriminação
Oito
as pares
nove foramdoformados
sílabas (de Ba1–Ba2 a Pa8–Pa9) utilizando
(igual-diferente) foicontinuum.
calculada. A taxa de discriminação correta
Tarefa de Duração Silábica
escala. Além disso, e sempre que possível, os exercícios exigiam As crianças
tiveram queouviram
decidir 42apalavras
se palavrada trissilábicas
foi (ex.: “canapé”)
falada normalmente e
ou com
um alongamento
“canaapé”). A incongruente
porcentagem de penúltima
respostas sílabafoi
corretas (ex.:
medida.
que os movimentos corporais fossem executados de acordo Tarefa de discriminação de pitch: as crianças ouviram cinco
com os trechos musicais. Por fim, a ligação entre música e
linguagem foi utilizada através de exercícios que implicavam
tanto a fala como a música (por exemplo, canções de ninar,
traçar a prosódia de uma frase numa folha de papel...). Durante
as sessões de TMC não foi utilizada terapia fonoaudiológica

Habib et al. Treinamento Musical na
Dislexia
rimas tocadas no piano (por exemplo, “Sur le pont d'Avignon”;

cada uma com cerca de 20 s de duração) que foram gravadas
em quatro versões diferentes: versão exata, mudança de altura
dentro do contorno melódico, mudança de altura fora do
contorno melódico, mudança de altura fora do contorno
melódico e fora da harmonia, num total de 20 tentativas. As
crianças foram solicitadas a decidir se cada fragmento era a
versão normal ou não.
Análise de
Primeiro, comparamos disléxicos e leitores normais nas
dados
diferentes tarefas (tarefas de identificação e discriminação para
percepção categórica, métricas e tarefas de discriminação de
pitch) usando Análises de Variância (ANOVAs), incluindo Grupo
(Disléxicos vs. Controles) como um fator entre sujeitos. e
Posição no continuum (nove posições; tarefa de identificação),
Pares (oito pares diferentes; tarefa de discriminação), Duração
silábica (normal vs. alongada; tarefa métrica) ou Tom (tom
normal, mudança de tom preservando o contorno melódico,
mudança de tom fora de contorno melódico e fora de harmonia)
como fatores dentro do assunto em ANOVAs separadas. Para
testar os efeitos do programa CMT em crianças disléxicas,
também calculamos ANOVAs incluindo Sessão (antes vs. depois
do CMT), bem como os fatores dentro dos sujeitos descritos
acima para cada tarefa. Os efeitos simples foram analisados
usando testes post-hoc de Fischer PLSD. Todas as análises
foram computadas no programa Statistica.
Resulta
Percepção Categórica
dos
Conforme mostrado na Figura 1A, a porcentagem de sílabas
FIGURA 1 | Percepção categórica utilizando um continuum de nove passos
identificadas como “Ba” diferiu entre crianças com dislexia
entre as sílabas [ba] e [pa]. No teste de identificação (A), as crianças
antes do CMT e leitores normais. No entanto, embora o principal
efeito do Grupo tenha sido disléxicas antes do CMT (vermelho) mostraram limites intercategóricos
menos acentuados do que os leitores normais (azul), mas uma
não significativo [F(1, 29) = 2,16, p = 0,15], o principal efeito da
“normalização”, especificamente para B5 e B6 após
Posição [F(8, 29) = 193,61, p < 0,001] e da interação Grupo × CMT (verde). Na tarefa de discriminação (B), os disléxicos antes do CMT
Posição [F(8, 232) = 6,97, p < 0,001] foram significativos. (vermelho) pareciam diferir dos leitores normais (azul) para itens na fronteira
Publicar- intercategórica ou próximos a ele (pico mediano na figura), mas essas diferenças
análises hoc mostraram que as diferenças entre os grupos eram desapareceram após o CMT (verde) .
significativo para a posição B2 (p < 0,007), com maior
percentual de identificação “Ba” para disléxicos do que
controles, bem como para B5 (p < 0,03), B8 (p < 0,02) e B9 (p < 3,61, p < 0,08], mas o efeito principal dos Pares, bem como a
0,002), com uma porcentagem menor de identificação “Ba” para interação Sessão por Pares foram significativos [F(1, 11) =
disléxicos do que para controles. 16,32, p < 0,001 e F(7, 77) = 3,28, p < 0,004]. A melhoria na
Para a tarefa de discriminação (ver Figura 1B), tanto inter como discriminação fonética após CMT foi maior para os pares 4 e 5.
foram
mais apresentados
difíceis pares intracategóricos
de discriminar). Nem (F (sendo estes
a diferença últimos Pós-
1) nem
Apenas aointeração
efeito Grupodos
principal × Pares
Pares < 1)
foi foramentre grupos (F <
significativas.
significativo [F(7, 33) =
5,56, p
correta < 0,001] com a maior percentagem de discriminação
para o par B4–B5 (Par 4 na Figura 1B) para todas as análises hoc confirmaram tanto intra (pares B1-B2; p < 0,02)
crianças. Testes para o efeito do programa CMT, resultados de
quanto
ANOVAs separadas para disléxicos na tarefa de identificação Para a Tarefa de Duração Silábica (Figura
melhoria da percepção entre categorias (B5-B6, p < 0,007).
mostraram melhorias significativas após 3 dias de CMT sem O nível de desempenho dos disléxicos antes do treino era
2)
efeito principal da Sessão (F <1), mas um efeito principal
significativamente inferior ao dos leitores normais [efeito
principal do Grupo:
significativo da Posição [F (1,11) = 68,94, p <0,001] e um
F(1,33) = 4,97, p < 0,03]. Além disso, todas as crianças
interação significativa Sessão × Condição [F(8,88) = 2,41, p <
realizaram
0,021]. Análises post-hoc mostraram que as percepções dentro menor
do que para
para palavras
Condição: palavras com alongamento
faladas normalmentedas [efeito
penúltimas sílabas
principal da
e entre categorias foram modificadas após o treinamento (B2: p
F(1,33) = 27,21, p < 0,001] e Grupo × Condição
< 0,03; B6: a interação também foi significativa [F(1,33) = 4,2, p < 0,05].
p < 0,03; e B9: p < 0,04). Comparações post-hoc mostraram que os disléxicos (52%)
Os resultados para disléxicos na tarefa de discriminação tiveram
revelaram que
inferior aos controles (64%) para palavras com alongamento das
o efeito principal da Sessão foi marginalmente significativo [F(1,
11) = penúltimas sílabas, sem diferenças para palavras faladas
Fronteiras em Psicologia | 5
normalmente (disléxicos: 73% e controles: 78%).
Janeiro de 2016 | Volume 7 | Artigo
significativamente diferente na tarefa de identificação antes do

treinamento sugere uma percepção intracategórica excessiva e
menos clara intercategórica. É importante ressaltar que o
treinamento musical intensivo influenciou positivamente a
percepção categórica, facilitando a identificação silábica com
base nas diferenças no VOT entre os fonemas “b” e “p”. Da
mesma forma, houve uma melhoria significativa no teste de
discriminação da percepção categórica, em que os pares
intracategóricos foram mais frequentemente percebidos como
diferentes pelos disléxicos do que pelos leitores normais,
possivelmente refletindo algum tipo de percepção alofônica
(Serniclaes et al., 2004). No geral, estes resultados estão em
linha com uma melhor percepção do VOT com o treino musical
em leitores normais (por exemplo, Chobert et al., 2014) e com a
FIGURA 2 | Tarefa de duração silábica: antes do CMT, os disléxicos
(vermelho) tiveram desempenho inferior ao dos controles (azul) para
identificação de vogais em músicos jovens e mais velhos em
palavras com alongamento incomum das penúltimas sílabas. Após o comparação com adultos não músicos (Bidelman et al., 2014). ).
programa CMT (verde), o nível de desempenho do disléxico foi maior para Os presentes resultados também mostraram que, embora o
ambos os tipos de palavras, com melhorias mais fortes para palavras nível de desempenho das crianças com dislexia antes do CMT
alongadas.
fosse inferior ao dos leitores normais na tarefa de alongamento
silábico, melhorou significativamente após 3 dias de CMT. Estas
É importante ressaltar que os resultados da ANOVA separada descobertas estão de acordo com as de um estudo anterior
para disléxicos mostraram que os principais efeitos da duração utilizando os mesmos estímulos e mostrando que os músicos
da sessão e da duração silábica foram eram mais sensíveis do que os não músicos ao alongamento
significativo [F(1,11) = 16,62, p < 0,001 e F(1,11) = 8,96, anormal da penúltima sílaba de palavras trissilábicas (Marie et
p < 0,01 respectivamente]. A interação Condição × Sessão foi al., 2011). De forma mais geral, estes resultados apoiam a visão
apenas marginalmente significativo [F (1, 11) = 3,15, p = 0,10]: o de que os défices em crianças com dislexia estão ligados ao
processamento temporal da fala, na medida em que as variáveis
nível de desempenho dos disléxicos foi maior após o CMT do dependentes do tempo, como o VOT e a duração, são as mais
alteradas (Goswami et al., 2002, 2013). Nesse sentido, a
que antes para ambas as palavras faladas normalmente (depois:
melhora encontrada após o treinamento musical nas crianças
81% e antes: 73%) e para palavras alongadas (depois: 69% e aqui testadas possivelmente decorreu do TMC focar na
manipulação das características temporais dos sons: ritmo e
antes: 52%). No entanto, os resultados dos testes post-hoc andamento para sons não falados e duração ou sonorização
para sons da fala. Finalmente, os presentes resultados não
mostraram que a melhoria foi maior para palavras alongadas (p mostraram déficits na discriminação de altura em disléxicos (por
exemplo, Chobert et al., 2012), ao contrário de evidências
< 0,002) do que para palavras faladas normalmente (p < 0,02). anteriores em contrário (por exemplo, Baldeweg et al., 1999;
Santos et al., 2007), e nenhum melhora após CMT. No entanto,
Para a tarefa de discriminação de pitch (canções isto é de esperar, uma vez que a CMT se concentrou na
aspectos rítmicos e temporais do treinamento musical.
infantis) Em suma, estes resultados foram encorajadores ao mostrar um
Os resultados
controles antesrevelaram
doefeito que osprincipal
CMT [efeito disléxicosdonão diferiram
Grupo: dos=
F(1, 32) efeito positivo do programa CMT nas variáveis auditivo-verbais
1,36,
[F(3, p > =0,25].
96) 89,35,O p < principal
0,001], mas da
a Condição
interação foi significativo
Grupo × Condição que não foram especificamente treinadas após 3 dias (18h) de
foi apenas
0,07]. As marginalmente
diferenças significativa
entre disléxicos [F(3, 96) =foram
e0,05)
controles 2,34,maiores
p=
para a condição da versão exata (p < do que para as outras intervenção intensiva. Embora as diversas advertências
três condições (todas p > 0,50). presentes nesta experiência (por exemplo, falta de um grupo de
Resultados da ANOVA separada comparando crianças disléxicas
antes e depois do programa CMT não mostraram nenhum efeito controlo apropriado, multidimensionalidade do programa de
TA...) sejam consideradas na discussão geral, apresentamos
principal da Sessão (F <1) e nenhuma interação Sessão ×
primeiro a segunda experiência que visa testar os efeitos desta
Condição (F <1). tipo de intervenção realizada durante um período mais longo.
A percentagem global de respostas corretas das crianças Para este objetivo, o programa CMT foi utilizado com um grupo
Discussion diferente de crianças com dislexia treinadas durante 6 semanas.
STUDY 2: COGNITIVE-MUSICAL TRAINING
disléxicas
Results of não
this foi maior
first depois (56,
experiment that30, 26, 30%)
aimed do que
at testing theantes
effects Usamos as mesmas tarefas do Experimento 1 junto com vários
do CMT
of an (54, 30,use of the CMT method over 3 consecutive days
intensive OVER 6 WEEKS:padronizados
testes psicométricos ANALYSIS deOF THE
várias funções cognitivas.
in children
30, 29%). Porwith dyslexia,
outro lado, orevealed two findings
efeito principal of main foi
da Condição interest. EFFECTS ON A BATTERY OF COGNITIVE
First, compared to normal-readers, dyslexics were impaired in
significativo [F(3, 33)
AND SPEECH TESTS
the identification test=of18,06, p < 0,001].
categorical Os resultados
perception but theirdos
level of
testes post-hoc
performance mostraram
reached que oofnível
the level de desempenho
control foi3maior
children after days Many questions remained unanswered after Experiment 1. First,
(18h) of the CMT program. That
para a condição “normal” (p < 0,002). dyslexics and controls were it was of importance to determine whether the effects observed

após três dias de treinamento do CMT poderá ser replicado em Bateria de Avaliação
condições mais compatíveis com o horário regular do ensino A eficiência do método CMT foi avaliada por meio de uma grande
fundamental, para que possa ser aplicado na prática atual por bateria de testes de linguagem e leitura, bem como outros
fonoaudiólogos ou outros especialistas. Em segundo lugar, era testes psicométricos com foco em ritmo, atenção auditiva,
interessante testar se os efeitos observados se generalizavam atenção visuo-espacial, processamento visual sequencial,
para variáveis diretamente envolvidas na natureza das consciência fonológica, velocidade e qualidade de leitura, áudio-
dificuldades de aprendizagem, como fonologia, leitura ou vocal. loop na memória de trabalho. Além disso, as tarefas de
ortografia. Terceiro, poder-se-ia questionar a sustentabilidade identificação e discriminação, bem como a tarefa de duração
do efeito observado, uma vez que perderia interesse se apenas silábica utilizadas no Experimento 1 também foram
se revelasse efémero. apresentadas aqui. Os testes foram realizados quatro vezes: no
Para responder a estas questões, utilizámos um CMT T1, 6 semanas antes do início das oficinas; no T2 e T3, pouco
semelhante em conteúdo e duração total, mas distribuído por 6 antes e logo após o término dos workshops, respectivamente, e
semanas e num contexto diferente, o de uma sala de aula de 12 no T4, 6 semanas após o término dos workshops. Devido a
crianças disléxicas, todas com diagnóstico principal de dislexia problemas técnicos, as tarefas de percepção categórica e
grave. Aproveitámos a existência, na zona de Marselha, de duração silábica foram realizadas apenas duas vezes, em T2 e
escolas que oferecem salas de aula especiais para crianças T3, ou seja, um pouco antes e depois do treinamento CMT.
disléxicas (ou seja, “CLIS-DYS”: secções para inclusão escolar
de disléxicos). Em contraste com o estudo anterior, o desenho Linguagem e tarefas cognitivas
experimental envolveu três períodos de 6 semanas, incluindo Três tarefas foram selecionadas da Bateria NEPSY II (“A
dois períodos sem treino, um antes (entre T1 e T2) e outro Developmental NEuroPSYchological Assessment”; Korkman et
depois (entre T3 e T4) do período CMT (entre T2 e T3). As al., 2012).
medições foram feitas quatro vezes, antes e depois de cada • Conjunto de atenção e resposta auditivaAs crianças estão
período (ou seja, T1, T2, T3 e T4).
Nossa hipótese é que o nível de desempenho das crianças em ouvindo
tarefas auditivas, fonológicas e de leitura, mas não em tarefas
para uma fita pré-gravada.
“vermelho” colocam Parte A: quando ouvem a palavra
de escrita e visuais, melhoraria especificamente durante o quando
ouvirem a ouvem
palavra outras um
“vermelho”
quadrado
palavras
colocamnãoumvermelho
fazem numa
nada.
quadrado
caixa
Parte
amarelo aoe
B: na
período de CMT que está entre T2 e T3. Qualquer melhoria entre caixa e quando ouvem a palavra “amarelo”, colocam um
quadrado
quadrado azulna
nacaixa.
caixa.Ao ouvirem
Essas a palavra “azul”,
tarefas colocam um
T1 e T2 (isto é, antes do início do CMT) sugeriria a influência de seletiva e sustentada, bempermitem testar
comoinibição
especificamente a função e
a atenção
executiva,
mudança.
outros fatores de confusão. Além disso, a falta de significância • Atenção Visuo-Espacial As crianças são obrigadas a atravessar
para comparações T4 vs. T3 seria compatível com a persistência o mais rápido possível, um símbolo específico entre centenas de
dos efeitos benéficos após o final do CMT.
Methods outros símbolos apresentados em uma folha de papel. Parte B:
Participants
Um total de 12 crianças foram agrupadas de acordo com a As crianças são obrigadas a cruzar o mais rápido possível dois
intensidade dos seus problemas e não com base na idade. Na símbolos específicos entre centenas de outros símbolos. O nível
verdade, a diferença de idade levou-nos a trabalhar em grupos
homogéneos de quatro crianças com base em critérios de desempenho é calculado como o número de alarmes falsos
escolares fornecidos pela equipa docente:
subtraído do número de respostas corretas. O tempo é limitado
• um grupo que começou a ler: 4 meninos de 7, 9, 10 e 11 anos.
a 180 segundos por folha. Estas tarefas permitem testar
• um grupo de nível médio que ainda não alcançou a automação atenção perceptiva e habilidades visuomotoras.
• Repetição de palavras sem sentido As crianças são solicitadas
em
leitura: duas meninas de 9 e 10 anos e dois meninos de 10 anos. a repetir
• um grupo que atingiu a automatização da leitura: duas meninas palavras sem sentido apresentadas a partir de uma Essas
fita detarefas
áudio.
de 11 anos e dois meninos de 11 e 12 anos. permitir testes de codificação fonológica e habilidades de

TrainingProtocol
All children were participating in workshops that took place decodificação.
during school time as detailed below, 3 h per week for 6 weeks. Quatro
Analytique tarefas foram
du Langage escolhidas da bateria BALE (“Batterie
que permitem testesEcrit”; http://www.cognisciences.com)
de leitura, ortografia e metafonologia.
Within each of the 6 weeks, four interventions took place: two habilidades em francês.
workshops of 1h of CMT in full class (12 children) provided by a • DigitRepetitionTaskChildrenareaskedtorepeatsequences
speech therapist and two musical workshops in smaller groups de dígitos que aumentam de tamanho (forward span) ou repetir
(4 children) for half an hour, including piano and percussion
practice. Although they differed in mean age, the four groups as sequências de dígitos na ordem inversa (backward span) até
basically received the same type of intervention, with similar
content but with the easiest exercises for the youngest children. cometerem dois erros consecutivos. Essas tarefas testam o
The content of the training was similar to Experiment 1, except curto prazo
for the dancing activity which was not proposed in Experiment 2. e memória de trabalho.
• Fusão Fonêmica As crianças são solicitadas a isolar o primeiro
fonemas
fundi-los de duas
para palavras
criar apresentadas
uma sílaba [por Três consecutivamente
exemplo, a resposta parae
“bel animal”
antes de (“belo
começar. animal”)
São é [ba]].
apresentados exemplos
dez itens, o são dados
número de
Frontiers in Psychology | www.frontiersin.org 7 respostas corretas é computado e o tempo
January necessário
2016 | Volume para
7 | Article
realizar a tarefa
26
é medido.
• Identificação Visual de Letras (Análise Sequencial) Vinte p < 0,01, respectivamente], mas o efeito principal da Sessão não
séries de 3 a 5 letras são apresentadas em pares e colunas foi significativo (F < 1). Comparações post-hoc mostraram que a
e as crianças têm que decidir se ambos os membros do par melhoria de T2 para T3 foi significativa para as posições B5 e B6
são semelhantes ou não. (ou seja, em torno do limite fonêmico [ba]-[pa] com p < 0,03 e p
• Discriminação de Contornos Usando quatro canetas de < 0,004, respectivamente).
cores diferentes, as crianças devem destacar o contorno Para a tarefa de discriminação (Figura 3B), o principal efeito do
de quatro estrelas misturadas. Esta tarefa testa a par
discriminação perceptiva. foi significativo [F(1, 11) = 4,46, p < 0,001] e o efeito principal da
Finalmente, três tarefas padronizadas foram usadas para Sessão foi marginalmente significativo [F(1, 11) = 2,88, p <
• testar a leitura
habilidades, reprodução de ritmo e escrita. 0,11].
Tarefa de Leitura (“Lecture en une Minute,” LUM; 1 min A interação Sessão × Posição não foi significativa [F(7, 77) =
Reading Task; LMC-R Battery, Khomsi, 1999) As crianças 1,39, p = de
melhoria 0,21].
T2 Contudo,
para análises
T3 foi(p post-hoc revelaram que a
significativa
0,02) e para o par B5/B7 < 0,004). para o par B4/B5 (p <
são solicitadas a ler o maior número possível de palavras Tarefa de duração
apresentadas em uma coluna. O número de palavras lidas O efeito principal da Condição não foi significativo [F (1,11) =
silábica
em 1 minuto e o número de erros são registrados e a 1,50, p = 0,24], de modo que palavras alongadas não foram
diferença entre as duas medidas dá a pontuação de leitura processadas de maneira diferente das palavras faladas
normalmente. O efeito principal da Sessão foi apenas
• em 1 minuto (LUM). Este teste avalia o grau de automação marginalmente significativo [F(1,11) = 2,42; p <
na leitura, um elemento-chave da eficiência da leitura. 0,14]. A interação Sessão × Condição não foi significativa (F < 1)
Tarefa de Reprodução de Ritmo (Stambak, 1951) As e análises post-hoc também revelaram melhorias marginais
entre T2 e T3 tanto para palavras faladas normalmente (p =
crianças são solicitadas a reproduzir um conjunto de 21 0,10) quanto para palavras com alongamento silábico (p = 0,08).
padrões rítmicos de complexidade crescente que são
executados pelo examinador seguindo indicações em uma
• folha de papel. As pontuações são calculadas contando o B- Processamento atencional de estímulos de fala e
número de erros na reprodução dos padrões rítmicos.
Teste BHK (Escala de Avaliação Concisa para Caligrafia não fala
Infantil, Versão Francesa, Charles et al., 2003) As crianças Atenção auditiva
são solicitadas a copiar um texto padrão que é Os resultados dos dois subtestes de atenção auditiva da bateria
apresentado em um cartão por 5 minutos. Esta tarefa testa NEPSY mostraram desempenho total (t = −5,72, p < 0,001) e
a qualidade e a fluidez da caligrafia. Os resultados são desempenho em ambos os subtestes (A: t = −6,35, p < 0,001) e
pontuados de acordo com 13 critérios diferentes (como (B: t = 4,25, p < 0,01) melhoraram de T2 para T3 sem
tamanho, regularidade, variações no tamanho ou diminuição de T3 para T4 (todos p > 0,15) e sem diferença entre
Análise de das letras, etc.) e um critério separado de
obliquidade T1 e T2 (todos p > 0,70; ver Tabela 3).
velocidade
Para permitir decomparações
escrita. com o Experimento 1, foram
dados
realizadas ANOVAs de medidas repetidas para as tarefas de Atenção visuo-
percepção categórica que incluíam Posição ou Par e Sessão (T2 Nenhuma
espacial melhora significativa foi encontrada de T2 para T3,
vs. T3) como fatores dentro do sujeito. O PLSD de Fischer foi mas o desempenho melhorou de T1 para T2 quando as crianças
utilizado para comparações post-hoc. Para a tarefa de duração não receberam tratamento (T1-T2: t = 3,77, p < 0,003; ver
silábica, a ANOVA incluiu Condição (sílabas normais versus Tabela 3).
sílabas alongadas) e Sessão (T2 versus T3) como fatores dentro Tarefa de repetição de dígitos da bateria
do sujeito. Os testes t de Student foram utilizados para Nenhuma
BALE melhoria significativa foi encontrada em qualquer
comparações pré e pós-teste nos demais testes. Quando período considerado (todos p > 0,30, ver Tabela 3).
possível, as pontuações foram transformadas em unidades de
desvio padrão da norma (conforme fornecido pelos autores dos Reprodução de sequências rítmicas
testes). Médias, desvios padrão e nível de significância para Não foram encontradas diferenças significativas, o período
motoras
cada medição individual são relatados nas Tabelas 3–5. Quando independentemente do que foi considerado (todos
relevante, os tamanhos dos efeitos também são relatados como p > 0,10, ver Tabela 3).
d de Cohen (Cohen, 1988; Soper, 2015). Finalmente, para
C- Tarefas Fonológicas e de Leitura
corrigir comparações múltiplas e considerando que foram
computadas <10 comparações planejadas independentes, o Repetição de
Os resultados mostraram melhorias de T2 para T3 (t = −2,56, p
pseudopalavras
nível de significância foi estabelecido em p < 0,01 em vez de p <
< 0,026), nenhuma diminuição de T3 para T4 (p > 0,15) e
0,05.
Resulta nenhuma diferença entre T1 e T2 (p > 0,80, ver Tabela 4 e
A-
dosTarefas de Percepção Categórica e Duração Figura 4).
Silábica Leitura em 1 min (teste de
Percepção categórica Os resultados mostraram melhorias de T2 para T3 (t = −5,59, p
Khomsi)
Para a tarefa de identificação (Figura 3A), os resultados < 0,001) sem diminuição significativa de T3 para T4 (p > 0,80) e
revelaram que tanto o efeito principal da Posição quanto a nenhuma diferença significativa entre T1 e T2 (p > 0,20, ver
interação Sessão × Posição Tabela 4).
foram significativos [F(1, 11) = 35,58, p < 0,001 e F(8, 88) =
2,50,
Fronteiras em Psicologia | 8 January 2016 | Volume 7 | Article 26
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TABELA 3 | Processamento atencional de estímulos de fala e não fala. Tipo
de tarefa de T1meanT2meanT3mean Média T4 T1/T2 Teste Teste
medida (sd) (sd) (sd) (SD.) T -teste Efeito do valor P T2/T3 P -valor T3/T4 P -valor
tamanho Tamanho do
T T
efeito
Atenção Correto resp. (A) 32,83 31,33 (5,15) 45,16 (6,71) 45,25 (2,85) 0,29 0,77 6,3 0,00 0,04 0,96
auditiva Correto resp. (B) (19,30) 30,16 (6,64) 38,80 (8,58) 38,50 (8,63) 0,39 0,70 5 1 *** 2,31 ** 0,14 0,89
Total (dp de 29,25 −1,00 (0,31) −0,36 (0,54) −0,25 (0,62) 0,01 0,99 4,2 0,01 1,48 0,17
1,12 *** 3,09
norma) (12,31) −1,0 5 0,00
(0,83) 5,7 1
Atenção Correto resp. (A) 19,66 19,91 (0,28) 2,00 (0,00) 19,91 (0,28) 0,71 0,49 1,00 0,33 1,01 0,33
2
visuoespacia (1,15) 16,90 (3,20) 17,00 (2,76) 16,60 (3,11) −3,77 0,003 * 0,82 0,16 0,87 0,84 0,42
l Correto resp. (B)
14,00 −0,50 (0,77) −0,69 (1,12) −0,72 (1,03) 1,77 0,10 * 0,50 0,62 0,11 0,91
Total (dp da (3,83)
−0,86 (1,0)
Memória de norma) 1,51 (1,10) 1,22 (1,05) 1,13 (0,98) 0,87 (1,36) −1,08 0h3 0,44 0,67 0,68 0,51
trabalho:
intervalo de Avançar (s.d. −1,07 (0,52) −0,99 (0,47) −0,83 (0,63) −0,59 (0,88) 0,40 0 0,75 0,47 1.04 0,32
dígitos (s.d. da norma)
da norma) trás (s.d. Para
da norma) 0,68
Erros 1,16 9,58 8,25 9,33 0,61 0,55 1,34 0,21 −1,82 0,09
Reprodução (3,07) (2,81) (2,17) (2,08)
de ritmo de desempenho das crianças foram medidos quatro vezes (T1, 6 semanas antes do início do CMT; T2, pouco antes do CMT; T3, logo após o CMT; T4, 6 semanas após o término
Os níveis
do CMT). Média e desvio padrão ou s.d. das normas (quando indicadas) para cada tarefa são relatadas. Testes t de Student e valores de p foram computados; melhorias significativas
estão em negrito (***p < 0,001; **p < 0,01). Os tamanhos dos efeitos também são relatados quando relevantes (d de Cohen).
TABELA 4 | Tarefas fonológicas e de leitura.
Tipo de tarefa de T1mean Média T2 Média T3 Média T4 T1/T2 T2/T3 T3/T4

medida (s.d.) (SD.) (SD.) (SD.)
Valor P do teste Teste Tamanho do efeito do Valor P do teste
Repetição de Extensão de T 0,21 0,84 T valor P T 1,48 0,17

21,08 21,5 24,75 26,50
pseudopalavras pseudopalavras (8,83) (6,20) (6,16) (6,15)
2,57 0,03*0,52
Leitura em 1 min Nb itens lidos −2,24 (1,32) −2,12 (1,49) −1,66 (1,59) −1,64 (1,64) 1,34 0,20 5,5 0,00 ** 0,29 0,20 0,85
9 1 *
(LUM) (dp da norma)
−0,86 (0,96) −0,58 (0,86) 0,04 (0,73) −0,05 (0,80) 1.04 0,32 2,9 0,01* 0,78 0,70 0,50
Fusão de Pontuação de
−0,31 (1,19) −0,29 (1,15) −0,02 (1,13) 0,06 (0,86) 0,32 0,75 0 * 0,46 0,65
fonemas (dp da fusão fonêmica
1,94 0,07
norma) Fusão
Os níveis de desempenho dasde
crianças foram medidos em T1 (6 semanas antes do início do CMT), em T2 (logo antes do CMT), em T3 (logo após o CMT) e em T4 (6 semanas após o
término do CMT). Média e desvio padrão ou s.d. da norma (quando indicado) são relatados para cada tarefa. Os testes T de Student e os valores de p foram calculados e as melhorias
significativas estão em fonemas de < 0,001; **p < 0,01; *p < 0,05). Os tamanhos dos efeitos também são relatados quando relevantes (d de Cohen).
negrito (***p
tempo
Fusão de fonemas diferença entre T1 e T2 (p Tabela > 0,20 em ambos os ve

Os resultados mostraram uma melhora de T2 para T3 na
(BALE) 5). casos, r
precisão (t= −2,90, p<0,01), com apenas assiduidade na
velocidade (t=1,94, p = 0,07). Nenhuma diminuição foi
encontrada de T3 para T4, seja na precisão ou na velocidade Discriminação de contorno
(todos p > 0,40) e nenhuma diferença foi encontrada entre T1 e A melhoria de T1 para T2 foi significativa (t = 2,55, p < 0,03) sem
(BALE)
T2 (todos p > 0,30; ver Tabela 4 e Figura 4). alteração de T2 para T3 ou de T3 para T4 (ver Tabela 5 e Figura
5).
D- Tarefas visuais e de
Comparação de sequências de
escrita
A melhora
letras de T2 para T3 foi significativa para velocidade (t =
(BALE) BHK
3,41, p < 0,006), mas apenas marginalmente significativa para A melhoria de T3 para T4 foi marginalmente significativa (t =
(escrevendo)
precisão (t = −1,78; p = 0,10). Nenhuma diminuição significativa −2,17, p < 0,05) sem alteração de T2 para T3 ou de T1 para T2
foi encontrada de T3-T4 (p > 0,40 em ambos os casos) e (p > 0,15, ver Tabela 5).
nenhuma diminuição significativa
TABELA 5 | Habilidades visuais e de escrita.
Tipo de tarefa de T1mean Média T2 Média T3 Média T4 T1/T2 Teste Teste

medida (s.d.) ((s.d.) de
norma) (SD.) (SD.) (SD.)
T -teste Efeito do valor T2/T3 P- valor T3/T4 P -valor
Tamanho do Tamanho do
P T T
efeito efeito
tamanho
Comparação de Pontuação −1,27 (1,74) −2,21 (2,98) −0,55 (0,90) −0,46 (1,07) 1.01 0,33 1,78 0,10 0,56 0,59
sequência de
letras Tempo Nb − 1,54 (1,24) − 1,36 (1,22) − 0,40 (0,50) − 0,28 (0,72) 1,31 0,21 3,4 0,006* 0,84 0,42
1.02
*
contornos − 4,97 (6,25) − 1,44 (3,31) − 1,44 (3,84) − 1,44 (3,84) 2,55 0,03 1 n.a.
Discriminação 0,70
de contorno corretos * n.a.
Teste de escrita − 1,84 − 1,70 − 1,19 − 1,36 0,43 0,67 1,08 0,30 0,35 0,74
Pontuação
− (2,37) − (2,36) − (2,15) − (2,51) 0,98 0,18 1,46 0,17 2,17 ,05 0,5
BHK
de qualidade 1,65 1,55 1,67 1,28 2
Os níveis de desempenho das crianças foram medidos em T1 (6 semanas antes do início do CMT), em T2 (logo antes do CMT), em T3 (logo após o CMT) e em T4 (6 semanas após o
término do CMT). O desvio padrão da norma(0,61) (0,60)
para cada tarefa é relatado. (0,67)
Os testes T de (0,80)
Student e os valores de p foram calculados e as melhorias significativas estão em negrito (**p <
Velocidade
0,01; *p < 0,05). Os tamanhos dos efeitos também são relatados quando relevantes (d de Cohen). n.a.: não disponível.
FIGURA 4 | Tarefa de fusão fonêmica (em desvios-padrão da norma de

idade). Evolução do nível de desempenho ao longo do tempo. Melhorias
significativas são encontradas na precisão (*p < 0,05), mas não na
velocidade (ns: não significativa).
Discussão
O primeiro objetivo do Experimento 2 foi determinar se
resultados semelhantes aos do Experimento 1 seriam
encontrados quando o CMT fosse distribuído ao longo do tempo.
O segundo objectivo foi avaliar se este efeito também se
FIGURA 3 | Percepção categórica no Experimento 2. (A) Identificação das estendia ou não a testes psicométricos padronizados
sílabas [pa] e [ba] dentro de um continuum acústico de 9 passos. A taxa de conhecidos por serem sensíveis às dificuldades de
acerto foi significativamente maior após 6 semanas de CMT do que antes
para B5 e B6. (B) Discriminação: A taxa de acerto é significativamente
aprendizagem encontradas por crianças com dislexia.
maior para os pares B4/B5 e B5/B7 (ou seja, em torno do limite categórico) Globalmente, estes dois objectivos foram alcançados. Assim
depois do que antes do CMT. *p < 0,05; como no Experimento 1, os resultados revelaram melhora na
**p < 0,01. percepção categórica das sílabas após o período de CMT
(interação significativa Sessão × Condição em ambos os
experimentos). Embora melhorias tenham sido encontradas
tanto para a qualidade da percepção intracategórica quanto
Finalmente, análises correlacionais entre as diferentes tarefas para o limite intercategórico no Experimento 1 (ou seja, em B2,
não B6 e B9), a melhoria foi encontrada principalmente para o limite
não revelam resultados significativos quando o nível de intercategórico no Experimento 2 (ou seja, em B5 e B6). No
significância é definido em p < 0,01. entanto, em ambos os experimentos e em linha com resultados
anteriores em adultos mais jovens e mais velhos (Bidelman et
al., 2014), o treinamento musical pareceu influenciar
positivamente
o déficit fonológico é amplamente reconhecido como causal aos tem os maiores efeitos na anatomia e função do cérebro quando
problemas de leitura (Ramus, 2004), embora outros tenham combina treinamento sensorial e motor (Lappe et al., 2008,
questionado tal interpretação (Morais et al., 2010). Em uma 2011). A literatura recente sobre dislexia e défices de
teoria influente do mecanismo subjacente à dislexia, Goswami aprendizagem relacionados converge para mostrar que as
(Goswami et al., 2002, 2013) propôs que o sistema cognitivo principais diferenças estruturais nos cérebros dos disléxicos em
dos disléxicos é especificamente incapaz de processar comparação com os cérebros padrão residem na natureza,
estímulos que ocorrem em uma frequência (modulação de integridade e direcionalidade de certos feixes hemisféricos de
frequência) da ordem de 2 a 10 ciclos. por segundo, que é a substância branca. Estas diferenças estão presentes antes de
frequência aproximada das sílabas. Como consequência, os aprender a ler (Saygin et al., 2013) e, portanto, não podem ser o
disléxicos encontram dificuldades em capturar as resultado de uma falta de experiência com a linguagem escrita
características segmentais das palavras e frases. Assim, um (embora isto possa contribuir, como mostram estudos com
defeito de desenvolvimento no processamento do envelope de analfabetos: Thiebaut de Schotten et al., 2014). Esses pacotes
amplitude da fala poderia levar ao desenvolvimento defeituoso de associação também são alterados em músicos, tanto
do sistema fonológico em aspectos relacionados ao ritmo e aos instrumentistas quanto cantores (Halwani et al., 2011) e mudam
padrões de entonação (prosódia). Na verdade, descobriu-se que em crianças após apenas alguns meses de treinamento musical
crianças com dislexia apresentam baixo desempenho em (Hyde et al., 2009). Embora o DTI seja frequentemente
tarefas de percepção rítmica e percepção da métrica musical considerado como uma medida muito indireta da integridade da
(Huss et al., 2011). Estas observações levaram os substância branca (Jones et al., 2013), permanece que os
investigadores a propor a estimulação rítmica como tratamento mesmos feixes de substância branca considerados como a
para estes aspectos do défice disléxico e, por extensão, para o marca registrada do cérebro disléxico são modificados pelo
próprio transtorno disléxico (Flaugnacco et al., 2015). treinamento musical. Embora estritamente especulativa, esta
Um dos efeitos mais fortes do programa CMT foi observação merece investigação futura.
os testes de atenção, em particular, os dois subtestes da bateria Usando fMRI, Blau et al. (2009) mostraram que disléxicos
de atenção auditiva NEPSY que avaliam a atenção seletiva e são caracterizados pela má integração de códigos orais e
dividida. Uma melhoria global de 20% durante as 6 semanas de escritos do mesmo fonema. Quando esses códigos são
treino é um resultado positivo, em particular porque este efeito congruentes, as áreas temporais são menos ativadas pelo
persistiu após um período de 6 semanas sem treino. Um estudo processamento combinado visual-auditivo do que nos controles;
recente de imagens cerebrais (Heim et al., 2015) mostrou que quando os códigos orais e escritos são incongruentes, as áreas
os disléxicos que receberam três tipos diferentes de remediação temporais são mais fortemente ativadas do que nos controles.
(com base na fonologia, na atenção ou no treino de leitura) Uma interpretação em termos de integração intermodal
tiveram, em última análise, um padrão semelhante de melhoria aberrante também pode potencialmente explicar outras
em termos de ativação cerebral (especificamente, um aumento condições clínicas, como a disgrafia, em que as crianças
na atividade na região temporal inferior esquerda). É, portanto, dificilmente associam os fonemas à sua forma escrita, ou a
concebível que as melhorias que vimos no nosso estudo nas discalculia, em que dificilmente relacionam os termos
tarefas de leitura e fonologia sejam epifenômenos, refletindo um numéricos com a representação mental da quantidade
impacto no sistema de atenção. Não conseguimos, no entanto, correspondente (Noël e outros, 2013).
encontrar evidências de quaisquer correlações entre o grau de Finalmente, consideraremos algumas das potenciais
melhoria nas tarefas fonolexicais e nas tarefas de atenção. advertências de
Embora a melhoria tenha sido significativa nos testes de atenção presente estudo, especificamente a ausência de um grupo
auditiva, não foram encontradas alterações significativas nos controle, treinado para comparação com outro método de
testes de atenção visual, ao contrário do que se poderia esperar treinamento já comprovado, comparável em duração e carga
se o efeito CMT operasse através de mecanismos de atenção cognitiva. Além da óbvia dificuldade de encontrar um grupo de
geral. O facto é que um efeito positivo na atenção certamente comparação ideal, nosso protocolo de treinamento no
contribuiu para a melhoria global, mesmo que os aspectos Experimento 2 cumpre parcialmente esse objetivo, fornecendo
multifacetados do programa CMT não permitam concluir que evidências da seletividade de melhorias, pelo menos para
este foi o único factor responsável pelas melhorias. algumas tarefas, durante o período de treinamento (T3 vs. T2)
Os aspectos transmodais do programa CMT podem ser em comparação com o período não treinado (T2 vs. T1). Assim,
responsáveis o potencial preconceito motivacional (o chamado efeito
para os efeitos encontrados para tarefas que exigem Hawthorne) pode ser razoavelmente excluído por este modelo.
compartilhamento de informações entre diferentes No geral, continuamos convencidos de que as abordagens intra-
modalidades, como leitura e comparação de sequências de sujeitos e os modelos de progressão da doença poderiam ser
letras, bem como a tarefa fonológica, se considerarmos que tais mais convenientes do que amostras maiores para a construção
tarefas exigem trocas obrigatórias de informações entre a de grupos de comparação (uma vez que muitas vezes é difícil
representação acústica de fonemas que podem ser recrutar grandes amostras em ambientes clínicos). Ao ter um
armazenadas em regiões auditivas do lobo temporal esquerdo e design de pré-teste/pós-teste, examinamos a melhoria do grupo
áreas frontais inferiores, envolvidas no processamento dentro das disciplinas, e não entre as disciplinas. Com um
fonológico (Boets et al., 2013). Da mesma forma, a percepção número menor de indivíduos, isso pode ter resultado em mais
categórica provavelmente também requer o envolvimento de efeitos estranhos devido a diferenças individuais. Uma segunda
estruturas como as áreas pré-motoras frontais esquerdas, que fraqueza é que a melhoria de mecanismos cognitivos específicos
foram ativadas em disléxicos durante uma tarefa de percepção não pode ser distinguida de um efeito puramente atencional.
categórica em um
Frontiers in Psychology experimento funcional de ressonância
| www.frontiersin.org 12 Diante da consistência da melhoriaJanuary
nas variáveis atencionais,
2016 | Volume 7 | Article 26
magnética (Dufor et al., 2009). Finalmente, estudos sobre a não se pode descartar a possibilidade de um impacto exclusivo
plasticidade cerebral em não músicos mostraram que o treino ou amplamente predominante da atenção nos processos
musical pode executivos. Mais experimentos são necessários para comparar
nossos resultados com o efeito de um protocolo de treinamento
estritamente atencional.
CONCLUSION A nossa opinião é que tal formação poderia complementar de

forma útil métodos mais clássicos, em particular quando estes
Num livro recente, mas já aclamado, sugestivamente intitulado têm sido amplamente utilizados mas as crianças ainda
“The Dyslexia Debate”, Elliott e Grigorenko (2014), dois necessitam de reeducação. Em segundo lugar, como outros
eminentes especialistas no tema, forneceram argumentos também observaram (Heim et al., 2015), a melhoria pode
questionando a utilidade, ou mesmo a realidade, do conceito de depender de duas características principais do método CMT;
dislexia. Isto baseia-se na observação de que várias teorias são uma formação intensiva e que esta formação seja ministrada
propostas na literatura, nenhuma delas sendo inteiramente colectivamente a pequenos grupos de crianças. Finalmente,
satisfatória e que a maioria dos métodos de remediação nossos resultados abrem novos caminhos para pesquisas
existentes são pedagógicos e não propriamente terapêuticos. futuras. Por exemplo, seria interessante incluir o registo de
Assim, a nossa convicção é que, embora a realidade de uma dados eletrofisiológicos ou de neuroimagem, para avaliar as
entidade biológica seja de facto inquestionável, o aspecto clínico alterações cerebrais subjacentes às melhorias observadas. Além
multifacetado e caleidoscópico da dislexia, tal como sugerido disso, comparações diretas com outros métodos de remediação
pelas recentes alterações introduzidas na classificação do DSM poderiam fornecer uma compreensão adicional importante da
(APA, 2013), pode levar a considerar a utilização de múltiplas natureza exata dos processos melhorados, por exemplo,
tratamentos de componentes, como os oferecidos pelo comparando o treinamento musical com um treinamento
treinamento musical, em vez de focar em um único mecanismo atencional ou fonológico mais específico. Finalmente, testar a
cognitivo, como nos métodos clássicos de treinamento hipótese de conectividade prejudicada em outros transtornos do
fonológico. neurodesenvolvimento, como a discalculia (Srinivasan e Bhat,
O treino musical pode constituir uma ferramenta ideal para esta 2013), certamente contribuiria para enriquecer o “Debate sobre
nova perspetiva: permite considerar cada uma das múltiplas
ACKNOWLEDGMENTS
Dislexia” (Elliott e Grigorenko, 2014).
facetas da dislexia como um potencial alvo a melhorar. Neste Os autores agradecem muito a participação de crianças e
aspecto, o treino musical pode ser uma das formas mais professores de duas escolas primárias especializadas: a Escola
completas e racionais de tratamento da dislexia. Qualquer que Pública Carnot em Toulon e a Escola Privada Sainte-Marie
seja o mecanismo exato que apoia as melhorias observadas, a Madeleine em Marselha. Este estudo foi possível graças ao
sua ocorrência após sessões relativamente curtas de financiamento do Labex “Brain and Language Research
treinamento musical abre caminhos interessantes para Institute” (BLRI; ANR-11-LABX-0036) e ao apoio da fundação
pesquisas futuras, bem como para aplicações práticas. Primeiro, Resodys.
nossos resultados sugerem que diversas funções cognitivas,
incluindo a leitura, mas não apenas, podem ser melhoradas pela
adição de um conteúdo musical à terapia da fala clássica e à
remediação da dislexia.
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Música e dislexia: um novo método de

Numerosos argumentos na literatura neurocientífica recente apoiam a utilização do

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TABELA 3 | Processamento atencional de estímulos de fala e não fala. Tipo

de tarefa de T1meanT2meanT3mean Média T4 T1/T2 Teste Teste

TABELA 4 | Tarefas fonológicas e de leitura.

Tipo de tarefa de T1mean Média T2 Média T3 Média T4 T1/T2 T2/T3 T3/T4

Repetição de Extensão de T 0,21 0,84 T valor P T 1,48 0,17

Fusão de fonemas diferença entre T1 e T2 (p Tabela > 0,20 em ambos os ve

TABELA 5 | Habilidades visuais e de escrita.

Tipo de tarefa de T1mean Média T2 Média T3 Média T4 T1/T2 Teste Teste

FIGURA 4 | Tarefa de fusão fonêmica (em desvios-padrão da norma de

CONCLUSION A nossa opinião é que tal formação poderia complementar de

Frontiers in Psychology | www.frontiersin.org 13 January 2016 | Volume 7 | Article 26

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