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RESUMO
O Transtorno do Espectro Autista é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades de
interação e comunicação social e padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades.
Tem causa multifatorial com envolvimento da genética, fatores ambientais e alterações anatômicas e fisiológicas
do Sistema Nervoso Central. Uma forma de abordagem terapêutica é a musicoterapia, na qual há manuseio de
instrumentos, utilização da voz e do corpo e diálogo musical com o intuito de gerar progresso nos aspectos
cognitivos, sociais e físicos do paciente. A música ativa o lobo temporal superior, as áreas frontais inferiores do
cérebro e o sistema límbico. Também libera ocitocina e dopamina, ativa o sistema de recompensa dopaminérgico
e diminui a liberação de cortisol pelo eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Diante dessa ação musical, a criança com
TEA adquire diversos benefícios com o tratamento pela musicoterapia, como melhora da comunicação, da
linguagem, da interação social, da atenção, da memória, da coordenação motora e da expressão sentimental e
uma redução de estereotipias, estresse e ansiedade.
1. INTRODUÇÃO
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o
Transtorno do Espectro Autista (TEA) é definido como um transtorno do
neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades de interação e comunicação social e
padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. É classificado em
leve, moderado ou grave, sendo respectivamente os graus 1, 2 e 3, de acordo com a
intensidade dos sintomas e necessidade de suporte. A Organização Mundial de Saúde (OMS)
refere uma prevalência mundial de pelo menos 1% e no Brasil estima-se que a cada 100
pessoas 1 seja autista (DA SILVA; MOURA, 2021).
A causa deste transtorno é multifatorial e muitos estudos demonstram que a genética
está envolvida, de forma que uma família com um filho com TEA tem cerca de 20% de chance
de ter o segundo filho com o mesmo transtorno (DOS REIS; DA SILVA, 2020). Ademais,
algumas situações procedentes do ambiente ocorridas em fases precoces e vulneráveis do
desenvolvimento podem ser gatilhos para o TEA (DOS REIS; DA SILVA, 2020). Tem- se
diversas teorias de que alterações anatômicas e fisiológicas e falta de conectividade de regiões
2. METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa descritiva do tipo revisão narrativa da literatura, que buscou
responder quais são os efeitos da musicoterapia no tratamento de crianças com o Transtorno
do Espectro Autista. A pesquisa foi realizada através do acesso online nas bases de dados
National Library of Medicine (PubMed MEDLINE), Scientific Electronic Library Online (Scielo),
Cochrane Database of Systematic Reviews (CDSR), Google Scholar, Biblioteca Virtual em
Saúde (BVS) e EBSCO Information Services, no mês de março de 2023. Para a busca das obras
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A neurociência tem como definição o estudo do sistema nervoso, incluindo seus
processos, desenvolvimento, funcionamento e relação comportamental (SANTIAGO; LOURO,
2021). O estudo da música a partir da neurociência tem exposto que a percepção musical
envolve o processamento de várias ações, desde a captação auditiva do som até a atuação de
diversas áreas cerebrais, mostrando que o desenvolvimento das funções musicais é um
processo complexo (ALVES JUNIOR et al.,2022).
Nas experiências de fazer ou ouvir música, ocorre a ativação do lobo temporal
superior e das áreas frontais inferiores do cérebro envolvidas na cognição, nas funções
sensitiva e motora e na mediação percepção-ação, de maneira a aumentar a sincronia entre
essas áreas e promover maior integração sensorial (APLLEWHITE et al., 2022). Ainda foi
observada a ativação da área de Broca no giro frontal inferior, responsável pela linguagem
falada e pelo controle da parte motora da fala, e do sistema límbico envolvido no
processamento das emoções (SANTIAGO; LOURO, 2021).
A exposição musical induz diversas alterações fisiológicas desde a modulação central
da frequência cardíaca, dos ritmos respiratórios, dos ritmos elétricos cerebrais, dos ciclos
circadianos de sono-vigília, até a produção de vários neurotransmissores (DOS REIS; DA
SILVA, 2020). Ela atua no hipocampo ao promover memória e experiência musical, no córtex
visual ao intensificar a percepção de movimentos do próprio corpo ou do outro, no córtex
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir desta revisão, conclui-se que a musicoterapia traz diversos benefícios para
crianças com Transtorno do Espectro Autista, sendo um tratamento complementar de grande
eficácia. A música por liberar neurotransmissores, diminuir cortisol e ter um processamento
complexo em diversas regiões cerebrais possibilita aos autistas uma melhora significativa na
comunicação, linguagem, interação social, atenção, memória, coordenação motora e expressão
sentimental e uma redução de estereotipias, estresse e ansiedade.
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