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9.

CRONOLOGIA DA QUESTÃO AGRÁRIA NA REGIÃO DE PORECATU E


BRASIL

A sábia letra afirma, tem um ditado tido como certo , que cavalo esperto não espanta
boiada, e quem refuga o mundo remungando passará berrando essa vida Marvada, eu
que destes resmungões sou continuo a grita continua em forma de cronologia:

1860 – 1925 Ocorre a primeira frente de expansão cafeeira, colonizando o Norte Velho
paranaense.

1920 1950 Ocorre a segunda frente de expansão cafeeira, colonizando o Norte Novo
paranaense.

1940 1960 – Ocorre a terceira frente de expansão cafeeira, colonizando o Norte


Novíssimo paranaense.

1940 - Com o objetivo de desenvolver mais aceleradamente a região, o interventor


Manoel Ribas protagoniza a colonização do norte do Paraná, mandando lotear 120 mil
hectares de terras devolutas, as quais pertenciam, à época, ao município de Porecatu.

1945 – A Família Lunardelli chega ao norte paranaense e inicia o monocultivo da cana


de açúcar, inaugurando também a Usina Central do Paraná (UCP).

1947 – Manoel Ribas deixa de ser interventor e o governo do estado do Paraná é


assumido por Moysés Lupion, que faz doações indiscriminadas de terras no norte
paranaense a políticos e amigos.

1948– o PCB via Manoel Jacnto Correa e João Saldanha se aproximam dos posseiros de
Porecatu para propor a Aliança Operário-camponesa

1949 -Liga Lavradores centenário

1951 – Lideranças são presas e assassinadas no norte do Paraná e a terra fica sob posse
da Família Lunardelli, que bane os posseiros da região.

17 de julho de 1951 No auge da Guerrilha de Porecatu, ocorre o Cerco de Porecatu, a


mando do governo de Bento Munhoz, quando a polícia do Paraná, de São Paulo, a força
aérea e o batalhão de fronteira de Foz do Iguaçu são convocados para dar fim ao
conflito.

1ª Desapropriação de terras fins sociais , reordenamento das famílias resistentes da


Guerrilha, maior parte destinada a Gleba Centenário, atualmente o munícipio de
Centenário do Sul, Florestópolis,

1956 Os Irmãos Gajardoni Militantes do PCB vão para o então estado de Goias
(atualmente Tocantins) para organizar a Luta de Trombas e Formoso, lutas sociais
consideradas como “Lutas gêmeas”

1963- Contag - FETAEP


1969 Hidrelétrica de Capivara

Segunda metade do século XX O norte do Paraná passa a ser incorporado intensamente


na produção de cana-de-açúcar.

1970 – A intensificação do processo de substituição das lavouras pela cana é


impulsionada pelo estado do Paraná a partir da criação do Programa Nacional do Álcool
(Proálcool), do governo militar.

1970 – Incra

1972 – O Grupo Atalla se alia aos fazendeiros da região e passa a controlar a Usina
Central do Paraná, comprando-a da Família Lunardelli.

1975 Geada Negra

1975 - CPT

1979- IMI superior a África Subsariana – Pastoral da Criança

1984 MST

1985 – Abelardo Lupion UDR- União Democrática Ruralista

CNBB “O problema da terra”

1996 – As condições de trabalho apresentadas na usina passam a ser motivo de


preocupação. Por isso, é instalado um Procedimento Investigatório em face do Grupo
Atalla na Vara do Trabalho de Rolândia (PR), a partir da denúncia de ambiente de
trabalho insalubre em uma das empresas do grupo.

Realiza-se uma fiscalização na Usina Central do Paraná. Após verificação de não


cumprimento de normativas, o Ministério Público do Trabalho (MPT) ingressa com um
pedido cautelar de arrasto de bens com ação de execução parcial de título extrajudicial

2005 Maria LaraNovembro 2006 Herdeiros da Lutta de Porecatu + Fidel Castro

07 de maio de 2008 Trabalhadores da usina paralisam as atividades e, em seguida,


encaminham ao deputado Dr. Rosinha denúncia sobre o não pagamento de dois meses
de salários por parte do Grupo Atalla.

13 de maio de 2008 – Os sindicalistas da região – dos setores de alimentação, rural e


transportes – se reúnem com representantes da empresa, mas não conseguem uma data
definida para ajustar o pagamento dos salários atrasados.

Agosto de 2008 Após nova fiscalização das instalações da usina e das fazendas por
parte do MPT, que constata o descumprimento de Termos de Ajuste de Compromisso
(TACs) e novas irregularidades, fiscais do Grupo Móvel libertam 228 trabalhadores em
situação de trabalho semelhante à escravidão. Diante destes novos fatos, o MPT ajuíza
Ação Civil Pública na Vara do Trabalho de Porecatu (PR), pedindo liminarmente o fim
das práticas abusivas à legislação trabalhista e a condenação da Usina e de seus
representantes em R$ 10 milhões por dano moral coletivo.

Janeiro de 2009 Noticia-se que as usinas do Grupo Atalla deixam de operar por falta de
capital de giro, o que demonstra o processo de definhamento dos negócios canavieiros
do grupo.

09 de março de 2009 – Mulheres da Via Campesina protestam em todo o país e, no


Paraná, as trabalhadoras rurais fazem uma marcha pelo centro de Porecatu cobrando o
assentamento de seis mil famílias acampadas e exigindo a desapropriação da fazenda
Variante, do Grupo Atalla, onde está o Acampamento Herdeiros da Luta de Porecatu.

27 de agosto de 2010 – Durante protesto contra as ações de reintegração de posse em


fazendas do Grupo Atalla, há um confronto entre policiais e sem-terra na principal praça
de Alvorada do Sul (PR), do qual muitos saem feridos.

Novembro de 2010 – O Grupo de Trabalho de Movimentos Sociais e de Movimentos de


Base da Rede de Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais
(Rede-Desc), após visita ao Acampamento Herdeiros da Luta de Porecatu, publica uma
carta na qual exige agilidade na criação do Assentamento Herdeiros da Luta do Povo de
Porecatu, punição aos responsáveis pela manutenção do trabalho escravo e reparação
plena de todos os trabalhadores resgatados, especialmente aos de Porecatu.

26 de maio de 2011 – A UCP é condenada e multada em R$ 1 milhão, após rejeição de


recurso apresentado pelos proprietários ao Tribunal Superior do Trabalho (TST).

31 de maio a 03 de junho de 2011 Realiza-se, em Curitiba, uma Jornada de Lutas e


Negociações entre movimentos sociais e o poder público, quando é discutida a inclusão
de áreas do Grupo Atalla no rol de propriedades que estavam descumprindo a sua
funçãosocial.

21 de setembro de 2013 é criado o Assentamento Maria Lara, em Centenário do Sul,


onde antes era a Fazenda Quem Sabe, de propriedade GRILADA dos Atalla, que fora
ocupada em 2005 pelo movimento.

1º de março de 2014 – 500 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST) ocupam a Fazenda Porto do Céu e montam o acampamento Zilda Arns, em
Florestópolis. A fazenda, com cerca de 2 mil hectares, já havia sido declarada
improdutiva pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

1º de abril de 2014 – Cerca de 450 trabalhadores rurais participam de uma audiência


pública na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e acampam em frente à sede do
INCRA, em Curitiba, em protesto, pedindo agilidade nos processos de desapropriação
de terras, em especial as vinculadas ao Grupo Atalla, entre outras demandas.

16 de janeiro de 2015 – Em mais uma ação de ocupação das terras tomadas pela
monocultura de cana, pertencentes ao Grupo Atalla, o MST adentra na Fazenda
Tabapuã, em Centenário do Sul; paralelamente a esta ação, também há a ocupação da
Fazenda Arapongas, no município de Jardim Alegre, oeste do estado do Paraná.
_________________.

No contexto destas controvérsias, a dialética de universal e particular


na sociedade tem uma função de grande monta; o particular
representa aqui, precisamente, a expressão lógica das categorias de
mediação entre os homens singulares e a sociedade. Assim, Marx —
nos Manuscritos Econômico-Filosóficos — diz:

Deve-se evitar, sobretudo, fixar a “sociedade” como uma abstração


em face do indivíduo. O indivíduo é ente social. A sua manifestação
de vida — mesmo que não apareça na forma direta de uma
manifestação de vida comum, realizada ao mesmo tempo com
outros — é, portanto, uma manifestação e uma afirmação de vida
social. A vida individual e a vida genérica do homem não são
distintas, ainda que— necessariamente — o modo de existência da
vida individual seja um modo mais particular ou mais geral de vida
genérica, e a vida genérica seja uma mais particular ou
mais geral vida individual.(33)

Em 1964, com o Estatuto da Terra (Lei n. 4.504, de 20.11.1964), o Estado passava a


garantir o direito ao acesso à terra
Age como um critério de pertinência, que permite ao pesquisador decidir que documentos e que
dados lhe servem, e quais não. Por isso, é útil mesmo quando a verificação demonstrar que é falsa,
forçando à sua modificação ou abandono. Assim, a formulação adequada de hipótese é essencial para que
o projeto de pesquisa seja fecundo
Neste sentido, a história não pode ser reduzida a uma série estatística verificável, ou
formulada em termos de fórmulas matemáticas universalmente válidas. É de preferência
uma criação, uma propriedade privada que cada um de nós molda em função da sua
experiência pessoal, adapta às suas necessidades práticas ou afetivas e ornamenta
conforme o seu gosto estético. (SCHAFF, 1978, p. 125)

A utilização da Literatura comparada, com recurso lúdico cultural dos


trabalhadores rurais trazem possiblidades de percepção do momento de cisão na
processualidade histórica que o campesinato impunha a política do Brasil, com o Golpe
Autocrático civil militar de 1964, a estrutura colonial latifundiária ganha reforço na
República não tão democrática brasileira, esse período de mudanças foi caracterizado
pelos compositores como uma época propícia para execução de vinganças e instalação
do arbítrio por quem se colocava acima das instituições democráticas e dos direitos
civis. Uma fala próxima à defendida por latifundiários, para quem o uso da violência
garantiu o avanço econômico que seria responsável pela transformação social e
econômica do campo. Além disso, deu fim à influência das organizações de esquerda no
campo, que atribuíam à revolução a capacidade de instaurar uma estrutura social e
política justa e cujo primeiro passo para sua execução caberia aos camponeses.

A concepção de uma transformação social dirigida pelo camponês estaria no


centro da canção “Disparada”, de Geraldo Vandré e Theo de Barros, interpretada por
Jair Rodrigues, Trio Maraiá e Trio Novo, em 1966, durante o II Festival da Música
Popular Brasileira, da TV Record.
Com o golpe militar, a transformação agrária radical derivada do
desenvolvimento econômico. Se sobrepôs às demandas por terra dos lavradores
organizados, no início dos anos 1960. O som do chicote trazido à cena pela
interpretação de Jair Rodrigues durante o II Festival da Música Popular Brasileira, em
1966, por uma queixada de burro, fazendo as vezes de percussão, foi inserido na
gravação de Tião Carreiro e Pardinho, através de efeito sonoro similar executado
durante o refrão. (LIMA, 2019)
Em “Disparada”, o som sinalizou a violência em potencial que acompanharia a
tomada de consciência dos trabalhadores no campo. Citado por Tião Carreiro e
Pardinho, evocou a violência latente que acompanharia qualquer resistência à espera das
transformações anunciadas nesse tempo de avanço. Grande parte do cancioneiro
sertanejo, ao tematizar as políticas agrárias, principalmente entre 1967 e 1976, assumiu
o progresso como objeto da espera dos trabalhadores rurais. Assumiu, também, a
concessão de direitos sociais pelo governo militar. (LIMA, 2019)

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