ENTRE A ESPADA E A ROSA - ANÁLISE DO ENREDO LITERÁRIO
Trabalho apresentado à disciplina Teoria da
Literatura II, ministrada pelo professor Jeferson Rodrigues dos Santos, do Departamento de Letras Vernáculas – DLEV, como requisito parcial de avaliação do curso de Letras Português/Francês, da Universidade Federal de Sergipe. SÃO CRISTÓVÃO, SE 2023
A Crítica social através do conto “Entre a espada e a rosa”
Max Alexander Santiago dos Santos/LETRAS/2º Período
Pablo Ravel Moura Cardoso/ LETRAS/2º Período
O conto “Entre a espada e a rosa” (1994) de Marina Colasanti é intrigante e explora os
temas complexos da luta pelo poder, amor proibido e sacrifício. Além disso foi produzido próximo a um período conturbado para o Brasil que foi a ditadura militar (1964-1985); nele é possível notar o sentimento de impotência pessoal quando a personagem começa a chorar e implorar uma solução para o problema que passa. Outro ponto notório é a forte presença do feminismo pela personagem ligado ao período pois a mulher passou de submissa, obediente e sem instrução a lutar pelos seus direitos, no século XIX foi presenciado a ascensão da família burguesa e, com isso, ela assumiu um lugar de destaque nesse novo lar. Na verdade, a figura feminina passou a ser a organizadora do ambiente familiar. Dessa forma, a concepção de mulher que se tem na época é de alguém dedicada à sua família, aos filhos, ao marido e ao ambiente doméstico. A educação era alicerçada na dos herdeiros, na culinária, em bordados e entre outras coisas dedicadas à casa. O conto apresenta dois protagonistas principais: o Príncipe Rodrigo e a bela Mariana remetendo a analogia simbólica da palavra título do livro, a espada vinculo a um símbolo masculino enquanto a rosa enfatiza o símbolo feminino do perfume, da flor e sua maciez. Rodrigo, um príncipe nobre, é retratado como um líder corajoso e ambicioso, determinado a conquistar o trono de seu pai, o Rei Artur. Mariana, por outro lado, é descrita como uma jovem encantadora e inteligente, mas de origem humilde. A história se desenrola em torno do amor proibido entre Rodrigo e Mariana. Apesar das diferenças sociais e das pressões políticas que os separam, os dois se apaixonam profundamente. No entanto, o romance é complicado pelo fato de que Mariana é a filha do principal conselheiro do rei, que está comprometido com o plano de casá-la com outro nobre para garantir alianças políticas. A tensão dramática do conto atinge o ápice, quando o pai de Mariana descobre o relacionamento secreto entre sua filha e o príncipe herdeiro. Sentindo-se traído e furioso, ele confronta Rodrigo e o desafia para um duelo mortal. Aqui, o título "Entre a Espada e a Rosa" ganha um significado simbólico poderoso, representando o dilema de Rodrigo entre o amor por Mariana e o dever para com sua posição real. O desfecho do conto é marcado por um momento de sacrifício emocional e redenção. Em vez de lutar contra o pai de Mariana, Rodrigo escolhe abandonar suas ambições políticas e fugir com seu grande amor. Este ato de renúncia representa não apenas o triunfo do amor sobre o poder, mas também uma rejeição consciente das convenções sociais e das expectativas da realeza. Ao final, "Entre a Espada e a Rosa" emerge como uma história de amor épica e trágica, que explora temas universais de conflito interno, sacrifício e a busca pelo verdadeiro significado da felicidade. Através de personagens complexos e um enredo envolvente, Marina Colasanti convida os leitores a refletirem sobre os desafios enfrentados pelos indivíduos quando confrontados com escolhas difíceis entre o coração e a razão. O objetivo da análise do conto fundamenta-se em torno do enredo se o mesmo possui uma linearidade, basicamente é quando se tem uma estrutura de apresentação seguida de complicação, clímax e desfecho, ou um enredo não linear que é quando começa do desfecho sucede a apresentação, complicação, clímax e por fim o desfecho novamente que é basicamente incitar ao leitor a desvendar o motivo do desfecho, por último temos o enredo psicológico que não segue as construções anteriormente citadas prevalecendo a psíquica do personagem, além do tempo e espaço abordados por ele e introduzidos pelo narrador. Uma escritora brasileira que utilizou muito enredo psicológico em suas obras foi Clarice Lispector, uma das escritoras mais importantes do século XX. A narrativa se inicia com temática pertinente ao problema social relacionado a casamento arranjado, algo particular de uma sociedade tradicional e patriarcal, prolonga-se com a personagem procurando o verdadeiro amor indo contra seu pai e as regras do castelo, diante disso se vê em encruzilhadas até finalmente encontrar-se o que tanto procurava. Analisando o enredo nota-se o foco da história nas motivações, conflitos internos e desenvolvimento emocional da personagem, logo trata-se do último tipo de enredo: o psicológico. Como o próprio título da história coloca a um personagem protagonista enfrentando uma dualidade, essa escolha difícil, e sua indecisão é reflexo de um conflito interno mais profundo. Não traz apenas consigo um dilema romântico, explorando assim a dualidade humana e suas tensões tanto das impulsões do coração quanto ao da mente. Aborda também a fragilidade identitária e a sua influência no âmbito social auxiliando na formação das escolhas individuais. Por fim, o enredo nos leva a pensar sobre nossas próprias escolhas, devido ao forte simbolismo e significado, que ressoa com o leitor que embora a princesa moderna tenha sucesso, ela ainda luta para alcançá-lo. Ainda temos que lutar, temos que enfrentar inúmeras adversidades que as mulheres enfrentam, mas ainda temos esperança de que, apesar disso, assim como os personagens dos contos de fadas, possamos vencer. Esta mensagem dirige-se a leitores que ainda estão em processo de formação da sua capacidade de leitura e carácter, e mostra uma nova forma de formar leitores em que os estereótipos sobre a fragilidade feminina não se prolongue.
REFERÊNCIAS
COLASANTI, Mariana. Entre a espada e a rosa. Rio de Janeiro: Salamandra, 1992.