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Escola Estadual Souza Primo

Disciplina: Língua Portuguesa


Professora: Wilza Lodron.

Língua Portuguesa: origem, domínio, expansão

A Península Ibérica é a região da Europa que atualmente compreende os territórios de Portugal e


Espanha. Nessa região viveram diferentes povos. Assim, a formação do povo e da língua portuguesa é
resultado de constantes processos de aculturação. Participaram desse processo os povos celtas, iberos,
fenícios, gregos, romanos, bárbaros, germânicos e árabes, mas foram os romanos que exerceram papel
decisivo no processo de formação e evolução do que é hoje a língua portuguesa. A língua falada por eles
- o latim – dominou quase toda a península.
Esse processo de romanização colocou o povo da região em contato com duas modalidades de
latim: o latim clássico e o latim vulgar. O latim clássico era ensinado nas escolas e usado na escrita. Era
a língua utilizada pelo clero, pelos grandes oradores, poetas e filósofos, enfim, pela camada mais alta e
poderosa do Império Romano. O latim vulgar ou popular era falado pela maioria do povo, apresentava
regras mais flexíveis e foi levado à Península Ibérica pelos funcionários públicos, artesãos, soldados,
agricultores e comerciantes romanos.

(* Aculturação: fusão de elementos pertencentes


a duas ou mais culturas).

Evolução do latim
O latim foi passado por várias modificações, de acordo com a região. Na Península Ibérica, por
exemplo, o galego-português, falado na região da Galiza, ou Galícia é uma variedade do latim. Os textos
literários mais antigos dessa região são do século XII e foram escritos em galego-português. Eram
poemas para serem cantados: as canções trovadorescas.
De acordo com os estudiosos, o português, tal como o conhecemos, é uma das variedades
geográficos do latim. Além do português, o francês, o italiano, o espanhol, o romeno, o galego, o catalão
e o provençal são continuidades linguísticas do latim.
Não se pode, entretanto, desconsiderar a forte influência exercida pelas diversas línguas e
dialetos falados na região da Lusitânia (hoje Portugal) na formação da língua portuguesa. Isso explica a
presença de vários vocábulos vindos de outras línguas. Podemos citar, como exemplos de vocábulos:
ibéricos: baaía, balsa, barro, bezerro, cama, esquerdo etc.
gregos: bolsa,cara, corda, anjo, bíblia, parábola, André, Felipe etc.
hebraicos: fariseu, jubileu, páscoa, Gabriel, João, Joaquim, Marta, Maria etc.
germânicos: aspa, barão, banco, Guilherme, Àlvaro, Eduardo etc.
árabes: azul, anil, laranja, jasmim, azeite, arroz etc.
As viagens portuguesas do século XVI expandiram o domínio português a vários continentes.
Assim, a língua portuguesa chegou ao Brasil com os colonizadores portugueses.

Domínios da língua portuguesa

Com as viagens de descobrimento empreendidas pelos portugueses a partir de 1400, a língua


portuguesa se expandiu. Hoje, é o idioma oficial de Portugal, Angola, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial,
São Tomé e Príncipe, Moçambique, Cabo Verde, Brasil e Timor-Leste.
O indo-europeu: há mais de quatro mil anos

Alguns linguistas defendem a tese de que certas línguas que atualmente são muito diferentes
entre si têm suas raízes em uma língua única, que foi falada há mais de 4 mil anos: o indo-europeu.
O indo-europeu é a mais importante de todas as famílias linguísticas. Cerca de metade da
população da Terra fala uma das línguas que compõem essa família. Os especialistas dividem as línguas
indo-europeias em vários grupos. O grupo germânico, por exemplo, deu origem ao alemão, ao inglês,
ao holandês, ao sueco etc. O grupo românico, deu origem ao francês, ao espanhol, ao italiano, ao
romeno e ao português, entre outros idiomas.
O indo-europeu era usado por um povo que vivia no sul da atual Rússia e que se espalhou pelos
continentes asiático e europeu. Para esses teóricos, o hindi (falado no norte da Índia), o iraniano, o
polonês, o armênio, o norueguês, o curdo (falado no norte do Iraque), o russo, o grego, o latim, o
sânscrito e muitas outras línguas são continuidades do indo-europeu.
Veja, no quadro a seguir, as semelhanças entre as palavras pai e mãe em algumas dessas línguas:
português pai mãe
sânscrito pitar matar
latim pater mater
alemão vater mutter
inglês father mother

A semelhança entre palavras de línguas tão diferentes levou os pesquisadores a concluir que
esses idiomas deveriam ser continuidade de uma mesma língua. Ainda hoje, estudos linguísticos tentam
reconstruir o indo-europeu original.

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Resolva no caderno a seguinte questão do Enem:
(Enem/2010)
Leia os textos:
Resta saber o que ficou das línguas indígenas no português do Brasil. Serafim da Silva Neto
afirma:
“ No português brasileiro não há, positivamente, influência das línguas africanas ou ameríndias”.
Todavia, é difícil de aceitar que um longo período de bilinguismo de dois séculos não deixasse marcas
no português do Brasil.
(Ameríndias: habitantes da América antes da chegada dos europeus.)
ELIA, S. Fundamentos histórico-linguísticos do português do Brasil. Rio de
Janeiro: Lucema, 2003 – adaptado.

No final do século XVIII, no norte do Egito, foi descoberta a Pedra de Roseta, que continha um
texto escrito em egípcio antigo, uma versão desse texto chamada “demótico”, e o mesmo texto escrito
em grego. Até então, a antiga escrita egípcia não estava decifrada. O inglês Thomas Young estudou o
objeto e fez algumas descobertas, como, por exemplo, a direção em que a leitura deveria ser feita. Mais
tarde, o francês Jean-François Champollion voltou a estudá-la e conseguiu decifrar a antiga escrita
egípcia a partir do grego, provando que, na verdade, o grego era a língua original do texto e que o
egípcio era uma tradução.
(Demótico: diz-se da escrita simplificada do antigo Egito ou de qualquer escrita que, contra a
convencional, busca aproximar-se da pronúncia vulgar.)
Com base na leitura dos textos, conclui-se, sobre as línguas que:
a) cada língua é única e intransferível.
b) elementos de uma língua são preservados, ainda que não haja mais falantes dessa língua.
c) a língua escrita de determinado grupo desaparece quando a sociedade que a produzia é extinta.
d) o egípcio antigo e o grego apresentam a mesma estrutura gramatical, assim como as línguas indígenas
brasileiras e o português do Brasil.
e) o egípcio e o grego apresentavam letras e palavras similares, o que possibilitou a comparação
linguística, o mesmo que aconteceu com as línguas indígenas brasileiras e o português do Brasil.

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