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Conferência
Desenvolvimento profissional de professores
para a qualidade e para a equidade da Aprendizagem ao longo da Vida
Rui Canário
Universidade de Lisboa
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Em relação aos contributos que, em convergência com o Documento de Base, vão no sentido de
aprofundar e enriquecer formulações já avançadas são de sublinhar, pela sua importância, um conjunto
de intervenções (nomeadamente Portugal, Finlândia, Eslovénia, Holanda e Estónia) que dizem respeito
à lógica interna dos dispositivos de formação de professores ao nível de cada país e que apontaram para
a necessidade de:
- Garantir a continuidade e coerência dos diversos momentos do percurso formativo dos
professores, o qual abrange o conjunto da sua carreira profissional, desde a entrada na formação
inicial;
- Dar relevância estratégica às práticas de investigação, como eixo metodológico estruturante dos
dispositivos e processos formativos;
- Construir dispositivos de formação profissional baseados em práticas e dinâmicas de
partenariado que permitam fazer convergir e co-responsabilizar diferentes tipos de actores e de
instituições;
- Consagrar a instituição generalizada de períodos de indução profissional, tendo em atenção que
o momento de entrada efectiva na profissão se institui como um momento crítico que, em
alguns casos se traduz no abandono precoce da profissão, nos primeiros cinco anos (Estónia);
- Reconhecer, construindo práticas em conformidade, a relevância e a centralidade, de
mecanismos permanentes de supervisão pedagógica;
- Integrar e articular as práticas de formação de professores com os métodos e os processos de
gestão das escolas, criando permanentes sinergias entre o desenvolvimento pessoal e
profissional dos professores e o desenvolvimento organizacional dos estabelecimentos de
ensino.
No que se refere à gestão das escolas, foi particularmente enfatizada numa das intervenções (Aústria) a
importância decisiva da liderança (incluindo modalidades de “liderança repartida”) como factor capaz
de se traduzir em melhores articulações entre os diferentes níveis dos sistemas escolares e de favorecer
melhorias no desempenho profissional dos professores, bem como (o mais importante) nas
aprendizagens realizadas pelos alunos. Ainda na perspectiva de fazer coincidir a gestão das escolas com
as políticas de formação de professores, foi defendida (Portugal, Estónia, Holanda) a necessidade de
encarar os professores de cada uma das escolas como um colectivo que se institui como uma
comunidade profissional de aprendizagem, susceptível de desenvolver e produzir novas práticas e
novos saberes profissionais. A criação, no interior das escolas, de uma cultura de questionamento,
referenciada ao incremento de modalidades de aprendizagem colaborativa, permite evoluir para modos
de “transformar o desenvolvimento profissional dos professores numa responsabilidade partilhada”
(Holanda).
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Finalmente, a importância da internacionalização da formação, o que supõe uma aposta na mobilidade
(Eslovénia e Noruega), representa a possibilidade de multiplicar as oportunidades de formação em
diferentes contextos nacionais e favorecer a aquisição e o intercâmbio de novas experiências e saberes
profissionais. Se estas possibilidades têm vindo a aumentar em relação quer aos formadores de
professores, quer aos futuros professores (frequentando a formação inicial), o mesmo não tem
acontecido com os professores em exercício que se encontram, neste domínio, em termos relativos,
numa clara situação de défice.
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ESLOVÉNIA
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FINLÂNDIA
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HOLANDA
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NORUEGA
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PORTUGAL
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