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Reflexão dos primeiros 13 capítulos da obra Memorial do Convento de José

Saramago:

As obras de Saramago, são conhecidas pela ausência de pontuação e pela naturalidade do


discurso utilizado e isso é algo que foi bastante notório ao longo da minha leitura destes
capítulos. Contudo na minha opinião, ao aceitarmos a diferença deste estilo, percebemos que
ela serve como uma ferramenta essencial na representação do pensamento, na criação de
uma leitura única e da maneira de ver de Saramago.

A obra é narrada em Portugal barroca, introduz-nos a uma teia entrelaçada de relações sociais,
políticas e pessoais. As duas personagens, Baltasar Mateus e Blimunda Sete-Luas, não
representam só personagens individuais, mas também, do meu ponto de vista simbolizam
resistência e a ambição num contexto social cheio de desigualdades. Os temas que surgem nos
primeiros capítulos são por exemplo o amor, a religião, o poder e a busca pela superioridade,
estes são explorados de maneira bastante forte. A relação entre Blimunda e Baltasar, por
exemplo, vai além do romance, tornando-se um reflexo das batalhas pessoais num sistema
opressivo, e com isto, usando a expressão “sistema opressivo” creio que saramago se refere
principalmente à estrutura social, política e religiosa da época referida na obra em Portugal.

A figura de Bartolomeu Lourenço de Gusmão e a sua máquina voadora referida no capitulo 2, a


meu ver acrescentam uma dimensão de fantasia à obra, sugerindo a possibilidade de
superação e libertação das limitações impostas pelo mundo próximo. Este elemento da minha
perceção contrasta com a dura realidade vivida pelas personagens, criando uma tensão que
nos convida a questionar a esperança dos sonhos de alguns personagens.

O contexto histórico da obra, com a imposição dos exames de cristandade que consistia em a
Igreja Católica impor testes rigorosos aos judeus, forçando muitos a converterem-se ao
cristianismo, proporciona, a meu ver, uma crítica subtil à influência da Igreja e do Estado na
sociedade da época. Saramago, através da sua prosa, desafia-nos a refletir sobre as
dificuldades sociais e culturais que moldaram a história de Portugal.

Por fim, acho importante ainda referir no capitulo 12, como a história de amor entre Blimunda
e Baltasar ganha destaque. A forma como lidam com as dificuldades mostra não só o lado
romântico, mas também a resistência e força dos laços deles. A relação reflete as batalhas
pessoais no meio de todas aquelas dificuldades da vida e ao ambiente difícil em que vivem.

Joana Cunha 12CT1

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