Aula 1

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PSICOLOGIA HOSPITALAR

A HISTÓRIA DA PSICOLOGIA HOSPITALAR


NO BRASIL

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Olá!
Objetivo desta Aula

Ao final desta aula, o aluno será capaz de:

1- Identificar o breve histórico da Psicologia Hospitalar;

2- Ressaltar os principais conceitos sobre o tratamento psicológico na saúde;

3- Atentar para a formação do Psicólogo Hospitalar.

Introdução

Nesta aula, entenderemos que a Psicologia Hospitalar foi criada bem recentemente: na década de 80. No início,

ela recebeu o respaldo teórico da Psicologia da Saúde e da Psicologia Clínica, com o olhar voltado para o

consultório, pois não havia materiais científicos que pudessem lhe dar suporte.

A partir do momento em que estudos foram publicados, e debates foram lançados, foi possível falar numa

evolução desta área, ressaltando a importância do psicólogo diante do indivíduo hospitalizado e suas

contribuições para a sua melhora.

Hoje, é possível encontrar uma gama de universidades que oferecem uma formação de qualidade para aqueles

que querem se dedicar a esta área.

O aumento das produções científicas tem contribuído para o aprofundamento da prática e para a distribuição do

conhecimento aos alunos que desenvolvem uma afinidade pela Psicologia Hospitalar ao longo da sua graduação.

Boa aula

1 Introdução à Psicologia Hospitalar


A Psicologia Hospitalar é uma área da Psicologia muito recente no Brasil e com grandes carências sobre as

atuações do psicólogo no contexto do hospital, podendo dizer que está em atividade há aproximadamente 36

anos.

São poucos os livros, artigos e materiais científicos que abordam de maneira mais aprofundada o psicólogo neste

ambiente.

Esta demora na inserção do psicólogo num espaço tão carente de apoio psicológico se deu pelo fato de a

regulamentação da profissão do psicólogo ter sido tardia também (50 anos atrás), assim como a criação do

Código de Ética do psicólogo (37 anos atrás).

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No início da inserção do psicólogo hospitalar, as dificuldades eram imensas quanto ao saber sobre este espaço.

Mas onde pesquisar, se não existiam livros ou qualquer material que falasse sobre o assunto?

Coletânea de Angerami-Camon

Foi com esta inquietação que, na década de 90, o psicólogo Angerami-Camon, lançou uma coletânea de materiais

falando sobre esta área de atuação. Essa coletânea é utilizada até hoje e também será focada nas nossas

próximas aulas.

Nestas obras de Angerami-Camon, é possível fazer uma diferenciação entre a Psicologia Hospitalar e a Psicologia

da Saúde. Pode-se dizer que esta última serve de base conceitual e teórica para a compreensão da nossa área de

estudo. Sobre esta diferença mais aprofundada, trataremos na aula 2.

2 Psicologia no hospital
A atuação da Psicologia Hospitalar não possui uma prática clínica única a ser seguida. Alguns materiais tratam

esta área aos olhos da Psicanálise, da Existencial Humanista, da Psicoterapia Breve, da Cognitivo-

Comportamental, entre outros.

Mas os textos deixam bem claro que o objetivo da Psicologia no hospital não é buscar uma prática clínica direta,

mas usar ferramentas que possam proporcionar o bem-estar daquele que se encontra internado.

2.1 Conceito de Psicologia Hospitalar

Segundo Rodríguez-Marín (2003, apud Castro e Bornholdt, 2004, p. 51), a Psicologia Hospitalar é “o conjunto de

contribuições científicas, educativas e profissionais que as diferentes disciplinas psicológicas fornecem para dar

melhor assistência aos pacientes no hospital”.

Castro e Bornholdt (2004, p. 51) acrescentam que o “psicólogo hospitalar seria aquele que reúne esses

conhecimentos e técnicas para aplicá-los de maneira coordenada e sistemática, visando à melhora da assistência

integral do paciente hospitalizado, sem se limitar, por isso, ao tempo específico da hospitalização”.

3 O início da Psicologia Hospitalar no Brasil


Para compreender o psicólogo hospitalar no Brasil, primeiro faz-se necessário saber que qualquer instituição

deste campo precisa contar com as funções do hospital, sejam eles públicos ou privados, tais como:

· As funções do médico

· A organização deste trabalho

· O uso da tecnologia

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· A interpretação que é oferecida aos clientes

4 Inserção do psicólogo no hospital geral


Portanto, pode-se afirmar que:

Pensar na inserção do psicólogo no hospital geral, especificamente numa instituição pública, não pode dispensar

a reflexão sobre a situação do sistema público, sua organização, as possibilidades de acesso da população aos

serviços, as condições em que se dão os trabalhos dos profissionais, as características sociais da população

atendida. Enfim, o conhecimento e a articulação de todos os fatores envolvidos no processo saúde-doença.

(ALMEIDA, 2000 apud CARVALHO, SOUZA, ROSA, GOMES, 2011, p. 1012).

Era preciso que o paciente tivesse um maior contato com a mente e com seu corpo, para assim alcançar o

tratamento da queixa com maior eficiência.

Portanto, os médicos foram notando que muitas doenças não estavam localizadas no corpo. Para serem

diagnosticadas, era preciso solicitar a avaliação daquele que tivesse entendimento sobre os conteúdos

subjetivos, ou seja, conteúdos da mente psicológica.

Novo olhar

O psicólogo, então, entrou nos hospitais no final do século XX e início do XXI com a intenção de trazer um novo

olhar para a doença. Esse novo olhar percebe o paciente como um todo, e não como uma queixa específica.

Num primeiro momento, ainda sem muito conhecimento sobre o que é Psicologia Hospitalar, os psicólogos

foram utilizando seus saberes clínicos e aplicando-os ao contexto do hospital. Mas nessa oportunidade, eram

avaliadas as solicitações deste espaço, assim como as especificidades médicas e as diferentes abordagens em que

a Psicologia precisava atuar para cada área de atuação da Medicina.

Atuação ampla

Hoje, isto é muito claro de ser notado, quando se percebe que o psicólogo preparado para atuar em UTI Neonatal

não terá tanto preparo se for deslocado, por exemplo, para um espaço de pós-cirúrgico adulto.

O que nos leva a perceber que a atuação hospitalar é muito ampla e exige muito conhecimento.

Saiba mais
Apesar de este debate ser muito recente e falar-se de Psicologia Hospitalar na década de 80, os
relatos de inserção do psicólogo em hospitais começam na década de 50, com Matilde Neder
instalando um Serviço de Psicologia Hospitalar no Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (op. cit.)”. (Ismael, 2005; Bruscato, Benedetti e Lopes,
2004 apud ALMEIDA, s/a).

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Bellkiss Wilma Romano Lamosa

Bellkiss, psicóloga, também muito conhecida nesta área, foi responsável por implantar, na década de 70, o

Serviço de Psicologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade

de São Paulo.

Isto contribuiu para marcar sua atuação e torná-la conhecida por todos os profissionais e estudantes que tenham

interesse nessa área.

Ela também foi responsável pela implantação do primeiro curso de Psicologia Hospitalar na PUC de São Paulo,

em 1976, o que possibilitou que muitos psicólogos compreendessem o significado dos hospitais e fossem a

campo, diferenciando a Psicologia da Saúde da Psicologia Hospitalar.

Adiante falaremos mais sobre a atuação de Belkiss, quando abordarmos a formação do psicólogo hospitalar.

Angerami-Camon e Meleti

Valdemar Augusto Angerami-Camon e Marli Rosani Meleti (Dois profissionais de grande peso nesta área de

atuação, e cujos materiais teremos a oportunidade de ler na aula 08) foram responsáveis por normatizar, na

década de 80, o setor de Psicologia do Serviço de Oncologia Ginecológica da Real e Benemérita Sociedade

Portuguesa de Beneficência.

Isto possibilitou um olhar mais humano para os pacientes com câncer e para as mulheres em tratamento das

mais diferentes doenças ginecológicas, assim como no momento do nascimento do filho.

De lá para cá, a área foi crescendo de uma maneira muito rápida e tomando espaço dos hospitais, visto que a

necessidade era enorme, assim como nos dias atuais.

Década de 80

Ainda pode-se destacar, na década de 80, a implantação do Setor de Psicologia do Serviço de Pediatria do

Hospital Brigadeiro em São Paulo.

Às crianças que ali estavam careciam de uma assistência que fosse diferente dos medicamentos e fisioterapias

oferecidos.

Era preciso escutá-las e ajudá-las a enfrentar a doença, conforme sua capacidade cognitiva referente à idade.

Chegou um momento em que as atuações dos psicólogos hospitalares estavam dispersas.

Cada um atuava em um estado do país, com as mais diferentes perspectivas e experiências.

Essas poderiam ser consideradas peças-chave para a maior teorização da Psicologia Hospitalar.

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5 I Encontro Nacional de Psicólogos da Área Hospitalar
Foi neste enfoque que, em 1983, Belkiss promoveu o | Encontro Nacional de Psicólogos da Área Hospitalar, pelo

Hospital das Clínicas da USP, como forma de unir todos os psicólogos que atuavam nesta área e, assim, cada um

ter um espaço para expor suas experiências e aprimorar sua atuação neste contexto da saúde:

Desde o ano 2000, a Psicologia Hospitalar foi reconhecida como uma especialidade pelo Conselho Federal de

Psicologia. Além disso, a fundação da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar (SBPH), em 1997, vem

fortalecendo a área no cenário brasileiro.

À sociedade tem por objetivo ampliar o campo de conhecimento científico e promover cada vez mais o

profissional que se dedica a este campo (Ismael, 2005 apud Oliveira, s/a).

6 Formação do psicólogo hospitalar


Assim como a sua fundação, também na formação a Psicologia Hospitalar esteve relacionada por muito tempo à

Psicologia da Saúde, à Psicologia Clínica e principalmente à Psicanálise, como se essas fossem as únicas maneiras

de compreender o contato do psicólogo com o indivíduo hospitalizado.

A carência de debates e materiais que abordassem o assunto contribuiu para a formação de muitos profissionais

em Psicologia Hospitalar com um enfoque mais clínico que, com os estudos posteriores, vieram transformar essa

percepção.

“A Universidade teria que unir o máximo possível de informação em termos de mercado, da realidade, do ponto

de vista social, e também ser um espaço de criação, abrindo caminhos, e não ficar à deriva dos fatos” (BELKISS,

1999, p.85).

6.1 Mudanças nos currículos

As mudanças já podem ser vistas nos currículos da faculdade, que tratam a Psicologia Hospitalar num viés mais

específico dos outros setores do hospital.

Este fato contribui para que os alunos saiam da graduação com um olhar amplo sobre a atuação do psicólogo

hospitalar.

Na atualidade, são diversos os espaços que oferecem uma boa formação para aqueles que querem atuar nesta

área, tais como a Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro; o curso de especialização da Universidade

Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e a Pós-Graduação do Albert Einstein em São Paulo, dentre outros no Brasil.

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7 Concluindo
Pode-se então concluir que a função da Psicologia Hospitalar é ensinar aos profissionais da saúde a melhor

maneira de atender os mais variados perfis de pacientes que chegam ao espaço da internação. Ela coordena as

atitudes dos profissionais da saúde e administra as melhores intervenções diante dos momentos de dor e

sofrimento.

Além deste papel, o psicólogo hospitalar visita os leitos, atende os pacientes da emergência, dão suporte às mães

de recém-nascidos, ajudam a fornecer notícias de perdas familiares e ajudam os pacientes a enfrentar a doença

com vigor e fé na recuperação.

Com isto, os psicólogos sobrecarregam menos os outros profissionais e conseguem acelerar o processo da alta. A

escuta é considerada o caminho mais simples para a recuperação e tratamento.

O que vem na próxima aula


Na próxima aula, você vai estudar:

· Psicologia da Saúde X Psicologia Hospitalar;

· A equipe multidisciplinar na saúde;

· Os diferentes saberes em Psicologia Hospitalar.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Entendeu como a Psicologia Hospitalar surgiu no Brasil;
• Aprendeu sobre as contribuições da Psicologia Hospitalar para a área da saúde;
• Analisou a formação dos psicólogos hospitalares hoje no Brasil.

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