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Tipos de Fontes de Tensão Regulada

Fontes de Alimentação Lineares

As fontes de alimentação lineares são um dos tipos mais comuns de fontes de tensão regulada,
caracterizadas por um processo de regulação que utiliza dispositivos semicondutores para
ajustar a tensão de saída. Essas fontes proporcionam uma regulação suave e contínua.

Componentes Principais

Os componentes principais de uma fonte de alimentação linear incluem reguladores de


tensão, que desempenham um papel crucial na manutenção da estabilidade da saída. Além
disso, transformadores, retificadores e capacitores são componentes essenciais que
contribuem para o funcionamento eficiente dessas fontes.

Vantagens e Desvantagens

Vantagens:

- Regulação precisa e suave.

- Baixo ruído de saída.

- Simplicidade de design.

Desvantagens:

- Baixa eficiência energética em comparação com fontes comutadas.

- Tendem a dissipar mais calor.

3.2 Fontes de Alimentação Comutadas

As fontes de alimentação comutadas, também conhecidas como fontes chaveadas, utilizam


um processo de comutação para converter a energia de entrada em pulsos de alta frequência.
Isso permite uma regulação eficiente da tensão de saída.

3.2.1 Princípio de Comutação


O princípio de comutação envolve a interrupção rápida da corrente de entrada, seguida pela
conversão para um sinal pulsante. Esse sinal é então filtrado e regulado para produzir uma
saída de tensão estável.

3.2.2 Eficiência Energética

Vantagens:

- Alta eficiência energética.

- Tamanho compacto e peso reduzido.

- Menor dissipação de calor.

Desvantagens:

- Geração de ruído elétrico.

- Complexidade de design.

- Possíveis desafios de emissão eletromagnética (EMI).

Ao entender esses dois principais tipos de fontes de tensão regulada, torna-se possível
escolher a abordagem mais adequada para as necessidades específicas de cada aplicação,
considerando critérios como eficiência, tamanho, complexidade e requisitos de regulação.

Componentes-chave

4.1 Reguladores de Tensão

. Existem reguladores lineares e comutados, cada um com suas características específicas de


operação.

4.2 Feedback (Realimentação)

O feedback, ou realimentação, é um mecanismo essencial para a regulação eficaz da tensão.


Sensores de tensão monitoram a saída da fonte de alimentação, e essa informação é
comparada com uma referência. O sistema ajusta continuamente a operação com base nessa
comparação, garantindo uma tensão de saída estável.
4.3 Comparadores e Amplificadores Operacionais

Comparadores e amplificadores operacionais desempenham papéis cruciais no sistema de


feedback. Os comparadores comparam a tensão de saída real com a referência e geram um
sinal de erro. Os amplificadores operacionais amplificam esse sinal de erro, permitindo ajustes
finos no regulador de tensão para corrigir qualquer desvio da saída desejada.

Esses componentes trabalham em conjunto para garantir que a tensão de saída permaneça
dentro dos limites especificados, proporcionando estabilidade e confiabilidade às fontes de
tensão regulada.

Circuitos de Proteção

5.1 Proteção contra Sobrecorrente

Os circuitos de proteção contra sobrecorrente são projetados para monitorar a corrente que
flui através da fonte de alimentação. Se a corrente exceder os limites seguros, o circuito de
proteção entra em ação, interrompendo ou limitando a corrente para evitar danos aos
componentes da fonte de alimentação e aos dispositivos conectados. Essa medida é crucial
para prevenir situações de sobrecarga que podem ocorrer devido a curtos-circuitos ou falhas
nos dispositivos alimentados.

5.2 Proteção contra Sobretensão

Os circuitos de proteção contra sobretensão são responsáveis por monitorar a tensão de saída
da fonte de alimentação. Se uma tensão excessiva for detectada, o circuito age rapidamente
para desconectar ou limitar a saída, protegendo os dispositivos conectados contra danos
causados por picos de tensão. Essa proteção é vital para garantir a integridade dos
componentes eletrónicos, especialmente em situações onde picos de tensão podem ser
induzidos na rede elétrica.

5.3 Proteção Térmica

Os sistemas de proteção térmica monitoram a temperatura interna da fonte de alimentação.


Se a temperatura atingir níveis críticos devido a condições de carga elevadas ou ambientes de
operação adversos, o circuito de proteção térmica entra em ação. Ele pode reduzir a potência
de saída, desligar temporariamente a fonte de alimentação ou implementar outras medidas
para evitar danos causados pelo superaquecimento. A proteção térmica é essencial para
garantir a segurança e a durabilidade da fonte de alimentação e dos dispositivos conectados.
Aplicações e Setores de Uso

6.1 Eletrónica Residencial

As fontes de tensão regulada desempenham um papel vital na eletrónica residencial,


fornecendo energia estável para uma variedade de dispositivos. Desde carregadores de
smartphones até televisores e eletrodomésticos, essas fontes garantem um fornecimento de
energia constante, assegurando o funcionamento adequado dos equipamentos em ambientes
domésticos.

6.2 Eletrónica Industrial

Na eletrónica industrial, as fontes de tensão regulada são utilizadas para alimentar uma gama
diversificada de equipamentos, como sistemas de controle, motores elétricos, sensores e
outros dispositivos críticos para os processos industriais. A estabilidade da tensão é crucial
para manter a integridade e a eficiência desses sistemas em ambientes industriais
desafiadores.

6.3 Telecomunicações

Em telecomunicações, as fontes de alimentação regulada desempenham um papel


fundamental na alimentação de equipamentos de transmissão, dispositivos de rede e sistemas
de comunicação. Garantir uma tensão estável é essencial para manter a qualidade das
comunicações e prevenir falhas nos sistemas de telecomunicações.

6.4 Eletrónica Médica

Na eletrónica médica, onde a precisão é crítica, as fontes de tensão regulada são usadas em
equipamentos de diagnóstico, monitores de paciente, dispositivos de imagem médica e outros
dispositivos médicos avançados. Essas fontes garantem uma alimentação elétrica estável e
confiável para garantir a precisão e a segurança desses dispositivos em ambientes de cuidados
de saúde.

Desafios e Soluções

7.1 Desafios Comuns na Regulação de Tensão

7.1.1 Dissipação de Calor


**Desafio:** A dissipação de calor é um desafio comum, especialmente em fontes de
alimentação lineares, devido à diferença entre a tensão de entrada e a tensão de saída.

**Solução:** Utilização de dissipadores de calor eficientes, tecnologias de refrigeração


avançadas e o emprego de reguladores de comutação para melhorar a eficiência energética e
reduzir a quantidade de calor gerado.

##### 7.1.2 Eficiência Energética

**Desafio:** A eficiência energética é muitas vezes comprometida, especialmente em fontes


de alimentação lineares que podem dissipar considerável energia na forma de calor.

**Solução:** A adoção de fontes de alimentação comutadas que operam de forma mais


eficiente, reduzindo a perda de energia e melhorando a eficiência global do sistema.

##### 7.1.3 Complexidade do Design

**Desafio:** O design de fontes de tensão regulada pode ser complexo, envolvendo a


integração de diversos componentes e circuitos para garantir a regulação adequada.

**Solução:** Utilização de circuitos integrados especializados, técnicas de design avançadas e


ferramentas de simulação para simplificar o processo de design e otimizar a eficiência da fonte
de alimentação.

#### 7.2 Avanços Tecnológicos e Inovações

##### 7.2.1 Semicondutores de Alta Eficiência

**Inovação:** O desenvolvimento de semicondutores mais eficientes, como MOSFETs de


baixa resistência, contribui para a redução das perdas de energia e melhora a eficiência global
das fontes de alimentação.

##### 7.2.2 Técnicas de Comutação Avançadas


**Inovação:** O aprimoramento de técnicas de comutação em fontes de alimentação
comutadas resulta em uma maior eficiência energética e redução de ruídos elétricos.

##### 7.2.3 Controle Digital

**Inovação:** A implementação de sistemas de controle digital, como microcontroladores e


processadores digitais de sinal, permite uma regulação mais precisa e adaptativa, melhorando
o desempenho em diferentes condições de carga.

Esses avanços tecnológicos e inovações estão moldando o cenário das fontes de tensão
regulada, abordando desafios tradicionais e impulsionando a eficiência, confiabilidade e
desempenho desses dispositivos essenciais na eletrónica moderna.

Fonte Linear com Retificação de Meia Onda

Todo circuito eletrônico precisa de uma fonte de tensão para funcionar. Neste trabalho vamos
apresentar os circuitos retificadores de meia onda e de onda completa. Estes circuitos
permitem implementar fontes simples e de baixo custo.

Retificador de Meia Onda

Observe o circuito abaixo. Ele é bastante simples e composto pelo transformador T, o diodo
retificador D e o capacitor C.

Fig 1

A função do transformador T é reduzir a tensão de entrada ao valor adequado à tensão de


saída da fonte. O resistor R representa a carga de nossa fonte.

Como você sabe, a tensão de rede que chega à tomada de sua casa pode ser 127 Vac ou 220
Vac, conforme sua cidade ou a instalação de sua casa. Antigamente, os circuitos valvulados
trabalhavam com tensões elevadas, comumente acima de 220Vac. Mas hoje em dia os
circuitos trabalham com tensões bem menores, da ordem de 3 a 30V. Assim a tensão que
chega à tomada tem de ser reduzida para ficar adequada aos circuitos que serão alimentados.
O transformador T realiza esta função, como já vimos no módulo M029.
A senoide 1 representa a tensão da rede, 127Vac ou 220 Vac. A senoide no ponto 2,
representa a tensão de saída do transformador T e o sinal de tensão no ponto 3, a tensão após
o Diodo D

O funcionamento da fonte pode ser dividido nas seguintes fases:

1) Inicialmente o capacitor C esta descarregado. Assim, quando a tensão de saída do


transformador começar a subir, no semi ciclo positivo da senoide 2, o diodo D ficará
diretamente polarizado (tensão no anodo > que a do catodo) e começará a carregar o
capacitor C.

2) Quando a tensão em 2 atingir o valor máximo do semiciclo positivo, o capacitor será


carregado com este valor de tensão (estamos desconsiderando as perdas no diodo D). A partir
deste ponto, a tensão na saida do transformador começa a se reduzir. Como C "segura" a
tensão equivalente ao máximo do semiciclo positivo, a tensão no anodo de D passa a ser
menor que a do catodo e D para de conduzir. Neste instante o capacitor passa a se descarregar
pela corrente que circula pela carga R. O resultado é a forma de onda apresentada em 3, que
corresponde à tensão do capacitor C e à tensão de saida da fonte.

Características da Fonte

Ao se projetar uma fonte de alimentação, algumas características são importantes. Observe a


figura 2 abaixo. Ela mostra detalhes da forma de onda do sinal de saída da fonte.

Fig 2

Algumas características do sinal de saída da fonte são importantes para caracterizá-la:

VE - Tensão Eficaz

A tensão VE da figura 2 é definida como a Tensão Eficaz de saída da fonte. Esta tensão
corresponde ao valor útil da tensão de saída que será aplicada à carga R.

VR - Tensão de Ripple

A tensão VR da figura 2 é definida como a Tensão de Ripple de saída da fonte. Ripple em inglês
significa "ruído". Assim, a Tensão de Ripple indica o ruído elétrico presente na saída da fonte.
Se a fonte fosse ideal, a tensão de saída da fonte seria uma tensão fixa, sem qualquer variação.
Seria uma linha reta. Mas como o retificador de meia onda não é uma fonte ideal, aparece esta
tensão de ripple na saída. O efeito do ripple de saída, depende do circuito que está sendo
alimentado. Se for um circuito de áudio, por exemplo, pode aparecer no som de saída como
aquele zumbido característico de 60Hz. Para outros circuitos, como os digitais, por exemplo,
pode não ter efeito nenhum.
TC - Tempo de Ciclo

O período TC da figura 2 é definida como Tempo de Ciclo do sinal senoidal de entrada que
alimenta o retificador de meia onda. Você sabe que no Brasil a frequência da rede de
alimentação é de 60Hz. Assim TC é dado por:

TC = 1 / 60Hz = 16,6 mS ( 16,6 milisegundos)

No próximo bloco, vamos utilizar os parâmetros definidos acima para calcular uma fonte linear
com retificação de meia onda.

Cálculo de uma Fonte Linear com Retificação em Meia Onda

No Módulo anterior vimos os conceitos básicos das fontes com retificação em meia onda.
Agora vamos mostrar como realizar um projeto simples deste tipo de fonte.

O circuito que analisaremos é o mesmo do Módulo anterior:

Fig 1

Para podermos analisar o comportamento da fonte da figura 1, primeiro precisamos entender


como se comporta um capacitor durante sua carga e descarga.

Observe o circuito da figura 2 abaixo:

Fig 2

Vamos considerar 2 situações:


Na primeira a chave Ch1 é fechada em T1 e o capacitor se descarrega completamente até T2,
conforme gráfico A.

Na segunda condição Ch1 é fechada em T1 e logo depois volta a ser aberta em T2, como no
gráfico B.

No gráfico A da para ver claramente que a curva de descarga não é linear. Isto acontece
porque a corrente de descarga não é constante e vai caindo à medida que o capacitor
descarrega.

Já no gráfico B, como o tempo de descarga é pequeno, dá para considerar a curva de descarga


como uma reta. Isto porque neste curto intervalo de descarga, a corrente Ic é praticamente
constante.

De uma forma geral, a variação de tensão no capacitor para uma corrente de descarga
constante Ic é dada pela seguinte fórmula:

Δ Vc = (Ic x Δ T) / C (fórmula1)

Onde C é a capacitância do capacitor

Vejamos um exemplo de aplicação da fórmula 1 acima:

No circuito da figura 2, calcule a variação da tensão no capacitor, considerando que a tensão


de carga inicial Vc = 10V, a chave CH1 é ligada em T1 = 100mS e desligada em T2 = 116,6 mS.
Sabemos ainda que a capacitância do capacitor é de 4700uF e R = 1Kohms. Vamos considerar
que a corrente de descarga é praticamente constante durante este curto período de descarga.

Resposta:

A corrente Ic de descarga é dada por:

Ic = Vc / R então Ic = 10V / 1Kohms logo Ic = 10mA

ΔT = T2 - T1 = 16,6 mS

Lembre-se que para aplicar qualquer fórmula, todas as variáveis devem estar no mesmo
sistema de unidades. Convertendo para o Sistema Internacional temos:

Ic = 10mA = 0,01A

ΔT = 16,6mS = 0,0166 S

C = 4700uF = 0,0047F

Aplicando estes valores na fórmula 1 temos:

ΔVc = (0,01A x 0,0166) / 0,0047 logo ΔVc = 0,0353V = 35,3 mV


No exemplo acima, nós concluimos que se você ligar em paralelo com um capacitor de 4700uF
carregado inicialmente com 10V, um resistor de 1Kohms, por um período de 16,6mS, a
variação de tensão no capacitor será de 35mV. Este cálculo será útil mais adiante.

Voltemos ao circuito da figura 1. Vamos analisar o funcionamento do circuito através de outro


exemplo:

No circuito da figura 1, calcule a tensão eficaz de saída Ve, sabendo que a tensão de entrada
da rede é de 127Vac, a relação de transformação de T é de 10:1, a capacitância do capacitor é
de 2200uF e a carga R é de 100R. Considere a tensão de condução do diodo D como sendo
0,7V.

Resposta:

A resposta é longa, mas vai ajudar a entender o funcionamento da fonte.

Primeiro precisamos calcular a tensão de pico na entrada de nosso circuito. Como já vimos em
M032, a tensão de pico é dada por Vrms x √2.

Como em nosso circuito a tensão rms de entrada é de 127Vac, a tensão de pico é dada por:

Vpe = 127 x 1.4142 = 179,6V

Onde Vpe é a tensão de pico na entrada do transformador T.

A relação de transformação foi dada como 10:1. Assim a tensão de pico na saída do
transformador é dada por:

Vps = Vpe x 1 / 10 = 17,96V

Onde Vps é a tensão de pico na saída do transformador.

Pela figura 1 fica claro que esta tensão Vps é o valor máximo de carga do capacitor, durante o
ciclo positivo da tensão na saída do transformador. Mas como o diodo D tem uma tensão de
condução informada de 0,7 V, temos que descontar esta tensão. Assim:

Vcmax = 17,96 - 0,7 = 17,26V

Então já sabemos que para uma entrada de 127Vac, a tensão máxima no capacitor será de
17,26V.

Para continuarmos nossa análise, o circuito de saída de nossa fonte, formado pelo capacitor e
a carga R é semelhante ao circuito da figura 2, e o diodo funciona como chave Ch1, mas só que
invertido. Enquanto D está conduzindo, a tensão Vc é igual a tensão de saída do transformador
- 0,7V de queda no diodo. Quando Vc chega ao valor máximo e a partir deste instante, o diodo
corta, é como estar no instante T1 da figura 2, onde o capacitor passará a se descarregar via a
carga R.

Podemos então calcular a tensão VR de ripple do circuito da mesma forma que calculamos ΔVc
na figura 2.

Para isto podemos fazer as seguintes aproximações:

ΔT = 1/60 = 16,6mS (um ciclo de onda de 60Hz).

Ic = 17,26V / 100ohms = 0,172A


Assim:

VR = (0,172 x 0,0166) / 0,0022 logo VR = 1,28V

Pronto. Já sabemos que a tensão de ripple de nossa fonte é aproximadamente 1,28V. Estes
cálculos são aproximados mas funcionam muito bem se esta tensão de ripple for menor que
10% da tensão de carga do capacitor.

A tensão eficaz Ve pode ser facilmente cálculada como a média da tensão de saída:

Ve = (Vc + (Vc - VR)) / 2

logo:

Ve = (17,26V + (17,26V - 1,28V))/2 = 16,62V

Com estes cálculos conseguimos utilizar os conceitos principais envolvidos no projeto de


fontes retificadoras de meia onda. Vamos lançar agora o seguinte desafio:

Projete uma fonte retificadora em meia onda para uma tensão de saída de 12V. O circuito que
será alimentado com esta fonte consome 1A em 12V. Para que ele funcione adequadamente, a
máxima tensão de ripple permitida é de 1V. A tensão de entrada da fonte é de 220Vac. Calcule
a relação de transformação do transformador e a capacitância do Capacitor. Considere a
tensão de condução do diodo de 0,7V.

Fonte Linear com Retificação de Onda Completa

Como vimos no Módulo anterior é possível montar uma fonte de alimentação bem simples do
tipo retificador de meia onda. O nome "meia onda" vem juntamente do fato de que este tipo
de retificador aproveita apenas metade da onda senoidal, aplicada em sua entrada. Por este
motivo, os retificadores em meia onda têm o problema de "desperdiçar" o outro semiciclo,
apresentando um desempenho limitado. Eles são adequados a aplicações específicas, onde a
carga R consome pouca corrente e não é exigente quanto à qualidade do sinal de tensão da
saída da fonte.

Retificação de Onda Completa

Neste Módulo vamos estudar a Retificação de Onda Completa, que é uma melhoria em relação
à anterior.

Podemos implementar a retificação de onda completa basicamente de duas formas,


apresentadas nos esquemas A e B da figura 1:

Fig 1
Na implementação do esquema A são utilizados somente 2 diodos, mas o transformador
precisa ter a derivação central (center tap). Já no esquema B são utilizados 4 diodos mas o
transformador pode ser mais simples, sem a derivação final.

O esquema A funciona como se fossem 2 fontes retificadoras de meia onda em paralelo. Hora
é o diodo D1 que esta conduzindo, hora é o diodo D2. Durante a condução de D1 a corrente
circula pelo caminho vermelho, carregando o capacitor. Nesta fase o diodo D2 está cortado.
Quando o sinal de entrada da fonte muda de semiciclo, o diodo D1 corta e é a vez de D2
conduzir. Ai a corrente circula pelo caminho azul, carregando o capacitor. Observe que as
correntes tanto pelo caminho azul ou vermelho, entram pelo capacitor pelo terminal positivo,
que é o sentido de carga.

No esquema B no primeiro semiciclo, conduzem D1 e D3 e a corrente segue o caminho


vermelho. No próximo semiciclo, D1 e D3 cortam e é a vez de D4 e D2 conduzirem. Nesta fase
o caminho da corrente é o azul.

Na figura 2 abaixo apresentamos a forma de onda na saída do retificador de onda completa.

Fig 2

Se você comparar com a forma de onda na saída do retificador de meia onda(veja baixo na
figura 3) vai perceber que a principal diferença é a presença do segundo semiciclo, que na
forma de onda da figura 3 está na faixa negativa de tensão e é desperdiçado. Com isso, na
retificação de onda completa, o período Tc vale a metade de Tc na retificação de meia onda.
Assim o ripple diminui e o desempenho da fonte é um pouco melhor.

Fig 3

No próximo bloco vamos calcular uma fonte retificadora de onda completa e as vantagens vão
ficar claras.

Cálculo de uma Fonte Linear com Retificação em Onda Completa

No Módulo anterior vimos os conceitos básicos das fontes com retificação em onda completa.
Agora vamos mostrar como realizar um projeto simples deste tipo de fonte.

O circuito que analisaremos é o esquema B da figura 1:


Fig 1

O cálculo é muito parecido ao que mostramos no módulo M036. A diferença básica é no


tempo de ciclo Tc e na queda de tensão causada pelos diodos retificadores. Observe pelo
esquema B da figura 1 que a corrente circula sempre por 2 diodos, tanto no ciclo positivo de
retificação (vermelho, por exemplo), quanto no negativo (azul, por exemplo). Assim, para um
cálculo mais preciso da fonte, teremos que descontar 2 vezes a tensão de condução do diodo.

Observe que no esquema A da figura 1, a corrente circula apenas por 1 diodo, tanto no ciclo
positivo quanto no negativo. Neste caso, nos cálculos da fonte, precisamos descontar apenas 1
queda de tensão no diodo.

Na figura 2 reproduzimos a forma de onda na saída da fonte para facilitar o entendimento:

Fig 2

Voltemos ao circuito B da figura 1. Vamos analisar o funcionamento do circuito através de um


exemplo:

No circuito B da figura 1, calcule a tensão eficaz de saída Ve, sabendo que a tensão de entrada
da rede é de 127Vac, a relação de transformação de T é de 10:1, a capacitância do capacitor é
de 2200uF e a carga R é de 100R. Considere a tensão de condução dos diodos D1,D2,D3 e D4
como sendo 0,7V.

Resposta:

Primeiro precisamos calcular a tensão de pico na entrada de nosso circuito. Como já vimos em
M032, a tensão de pico é dada por Vrms x √2.

Como em nosso circuito a tensão rms de entrada é de 127Vac, a tensão de pico é dada por:

Vpe = 127 x 1.4142 = 179,6V

Onde Vpe é a tensão de pico na entrada do transformador T.


A relação de transformação foi dada como 10:1. Assim a tensão de pico na saída do
transformador é dada por:

Vps = Vpe x 1 / 10 = 17,96V

Onde Vps é a tensão de pico na saída do transformador.

Pela figura 1, esquema B, fica claro que esta tensão Vps é o valor máximo de carga do
capacitor, tanto durante o ciclo positivo da tensão na saída do transformador, quanto do
negativo. Mas como os diodos têm uma tensão de condução de 0,7 V, temos que descontar
esta tensão 2 vezes como já explicamos acima. Assim:

Vcmax = 17,96 - 2 x0,7 = 16,56V

Então já sabemos que para uma entrada de 127Vac, a tensão máxima no capacitor será de
16,56V.

Podemos então calcular a tensão VR de ripple do circuito da mesma forma que calculamos no
Módulo M036

A grande diferença em relação ao cálculo da fonte em meia onda é o valor de Tc. Na fonte com
retificação em onda completa Tc equivale ao período de meio ciclo, ou seja:

ΔT = (1/60)/2 = 16,6mS / 2 = 8,3mS (meio ciclo de onda de 60Hz).

Ic = 16,56V / 100ohms = 0,166A

Assim:

VR = (0,166 x 0,0083) / 0,0022 logo VR = 0,63V

Pronto. Já sabemos que a tensão de ripple de nossa fonte é aproximadamente 0,63V. Estes
cálculos são aproximados mas funcionam muito bem se esta tensão de ripple for menor que
10% da tensão de carga do capacitor.

A tensão eficaz Ve pode ser facilmente cálculada como a média da tensão de saída:

Ve = (Vc + (Vc - VR)) / 2

logo:

Ve = (16,56V + (16,56V - 0,63V))/2 = 16,25V

Se você comparar estes resultados com os obtidos no cálculo para retificação em meia onda,
vai ver que a tensão eficaz de saída é praticamente a mesma mas o ripple de saída caiu
praticamente para a metade. A tensão eficaz de saída só não foi melhor porque adotamos o
circuito B da figura 1, com dois diodo provocando perda de tensão em cada ciclo de
retificação.

Se você repetir os cálculos para o circuito A da figura 1 vai ver que a tensão eficaz de saída
para retificação em onda completa é maior que a do retificador de meia onda.

Os retificadores de onda completa, ao contrário dos de meia onda, aproveitam os dois ciclos
da tensão de entrada e por isso são mais eficientes.
Fontes não reguladas e fontes reguladas

Nos Módulos ateriores nós estudados as fontes de tesão com retificador meia onda e onda
completa. Os circuitos apresentados são do tipo fontes de tensão Não Reguladas. O que são
fontes não reguladas?

Fontes não reguladas

Fontes não reguladas são aquelas cuja tensão de saída apresenta grande dependência da tesão
de entrada e da corrente de consumo da carga.

Nos circuitos apresentados nos Módulos anteriores, se você recalcular a tensão de saída Vs,
considerando uma tensão de entrada Ve com, por exemplo, o dobro do valor, vai ver que Vs
também dobra (aproximadamente).

Fig 1

Ou seja, a tensão de saída Vs é fortemente dependente da tensão de entrada. Em outras


palavras se você projetar uma fonte te tensão utilizando o circuito da figura 1, querendo obter
Vs = 12V para Ve = 110Vac, você vai conseguir uma fonte, cuja tensão de saída vai variar entre
9,8V e 13,8V, caso a tensão de estrada varie entre 90Vac e 127Vac, que é a flutuação normal
na tensão de rede.

Em muitas aplicações, esta variação na tensão de saída é aceita. Mas em muitas outras não.
Para resolver este problema foram desenvolvidas as Fontes de Tensão Reeguladas

Fontes Reguladas

As Fontes de Tensão Reguladas são basicamente fontes não reguladas onde você acrescenta
um circuito eletrônico na saída para regular a tensão.

Regular a tensão de saída significa diminuir sua depedência, tanto da tensão de entrada Ve,
quanto da corrente de saída Ic.

A topologia de uma fonte regulada pode ser resumida conforme a figura 2.

Fig 2

Como você pode observar, o circuito da figura 2 é semelhante ao da figura 1. A diferença é o


circuito regulador. É este circuito que vai fazer o trabalho de regular a tensão de saída.
No próximo Módulo nós vamos analisar um circuito prático de fonte regulada. Mas antes
precisamos entender alguns conceitos importantes.

No esquema da figura 2, as seguintes definições são verdadeiras:

1) Pela lei de Kirchoff temos: I1 = Ic + I2 (fórmula 1);

Está fórmula é importante porque mostra a eficiência do circuito. Todo circuito regulador
consome alguma corrente para funcionar e ela é representada por I2. Normalmente I2 é muito
menor que I1, indicando um circuito regulador de boa eficiência. Nesta situação podemos
dizer que a corrente de saída da fonte Ic é praticamente a corrente de entrada do circuito
regulador I1.

2) A potência dissipada no curcuito regulador é dada por: Pr = Vd x Ic (fórmula 2);

Como no item 1 vimos que Ic é praticamente igual a I1, podemos afirmar com boa
aproximação o que é apresentado na fórmula 2. Esta conclusão é importante porque um dos
principais problemas das fontes lineares reguladas como a apresentada na figura 2 é a
dissipação de potência no circuito regulador. E não tem solução. Sempre haverá esta perda de
potência e portanto de eficiência da fonte. Para minimizar a perda só diminuido a queda de
tensão Vd.

3) O circuito regulador precisa de uma tensão mínima Vd para funcionar;

O ideal é que a tensão Vd fosse 0V sempre. Assim a potência dissipada pela fórmula 2 seria
0W. Mas todo circuito regulador linear precisa de uma tensão Vd mínima para funcionar
adequadamente. No circuito da figura 2, a tensão mínima na entrada do circuito regulador
pode ser calculada como a tensão de carga do capacitor menos a tensão de Ripple, como já
vimos em M038.

Fonte Regulada Fixa

O projeto apresentado aqui é de uma fonte regulada com tensão fixa de 12V de saída. Apesar
de ser um circuito bem simples, pode ser utilizado em aplicações mais exigentes como
amplificadores de áudio, por exemplo. Veja a figura 1.

Fig 1

O Projeto

Observe que esta fonte regulada é basicamente formada pela fonte não regulada de entrada e
pelo circuito regulador. Este circuito regulador é basicamente formado por T1, R1 e Z1. A
tensão de saída é dada pela tensão de base de T1 - Vbe, onde Vbe é a tensão base-emissor de
T1. R1 fornece a corrente de polarização do diodo zener Z1. Assim a tensão na base de T1 é a
tensão do diodo zener = 13V. Desta forma a tensão de saída da fonte pode ser calculada como:

Vsaida = Vzener - Vbe = 13V - 0,6V = 12,4V


Estamos considerando as seguintes especificações para este projeto do eletronPi:

Flutuação na rede elétrica de ± 10%;

Tensão de saída: 12,4V;

Corrente de saída: 2A;

Tensão de Entrada

Para alimentar o circuito da figura 1, será necessário um transformador de entrada, cuja saída
será conectada ao conector CN1. Para calcular a tensão de secundário do transformador
vamos considerar que o circuito regulador precise de um mínimo de 3V para funcionar. Assim,
como a tensão na saída do circuito regulador é o valor já calculado de 12,4V, a tensão mínima
de entrada deverá ser de12,4V + 3V = 15,4V.

Você já viu no módulo M038 como calcular a tensão de ripple em função dos capacitores e
corrente. Aqui vamos fazer o contrário. Vamos calcular o valor da capacitância da associação
de C1, C2 e C3 para garantir um ripple (Vr) de no máximo 3V, quando a corrente na saída da
fonte for de 2A. Este valor para tensão de ripple Vr = 3V pode ser definido em função do
circuito a ser alimentado e em função do valor final para os capacitores C1, C2 e C3. Quanto
menor Vr, maior o valor dos capacitores. Escolhemos 3V por ser adequado ao projeto e
garantir capacitores não muito elevados.

O valor de capacitância será dado pela fórmula:

Ct = (Ic x Tc) / Vr (esta fórmula você deduz do que foi apresentado no M038)

então:

Ct = (2A x 8,3mS) / 3V

Transformando para o mesmo sistema de unidades:

Ct = (2,2 x 0,0083) / 3 = 6,08 mF (miliFaraday) = 6080 uF (microFaraday)

Então vamos utilizar C1 = C2 = C3 = 2.200uF x 50V. Como você já sabe, a capacitância total de
capacitores em paralelo é dada pela soma das capacitâncias individuais. Assim Ct = 6.600uF.

Completando nosso cálculo, a tensão de pico nos capacitores será dada por:

Vs = Vmin + Vr + 2 x Vdiodo

Onde:

Vs é a tensão no secundário do transformador;

Vmin é a tensão mínima na entrada do circuito regulador;

Vr é a tensão de ripple pico a pico;

Vdiodo é a tensão de condução de cada diodo retificador;

Assim:

Vs = 15,4V + 3V + 2 x 0,6V = 19,6V


Mas este valor é o valor mínimo, ou seja quando a rede está 10% abaixo do nominal. Então
vamos acrescentar 10% neste valor calculado para chegar ao valor nominal de saída do
transformador.

Vs = 1,1 x 19,6V = 21,6V

Ou seja, nosso transformador tem que gerar 21,6V de pico no secundário para nosso circuito
funcionar adequadamente. Mas os fabricantes de transformador especificam a tensão do
primário e secundário em Vrms. Você já sabe que para calcular o valor rms a partir do de pico,
basta dividir por raiz de 2. Assim:

Vrms = 21,6 / √ 2 = 15,2Vrms;

Vamos arredondar para 16Vrms no secundário do transformador, que é um valor fácil de


encontrar comercialmente.

O transformador fica assim então:

Tensão de entrada: 127Vac e 220Vac (dois enrolamentos para permitir selecionar a tensão de
entrada). Observe que na maioria dos estados brasileiros, a tensão oficial é 127Vac ou 220Vac.
Mas alguns estados não obedecem a esta regra. Assim, pode ser necessário adaptar a
especificação do transformador às tensões fornecidas em sua cidade.

Tensão de Saída: 16Vrms;

Corrente de Saída: 2,2A (10% de folga);

Isolação entre primário - secundário: 800V. Especificar a tensão de isolação entre primário e
secundário é importante para o fabricante escolher adequadamente o material isolante. O
transformador de entrada, além de fornecer a tensão para a fonte, tem também a função de
isolar nosso circuito da rede, evitando choques elétricos.

Escolha dos Diodos Retificadores

Cada diodo retificador trabalha apenas meio ciclo, já que a corrente ora circula por D1 e D4,
ora por D3 e D2. Assim, para circular 2,2A na saída da fonte cada diodo deverá conduzir:

Id = 2,2 / 2 = 1,1A

Dando uma folga de 20% temos:

Id = 1,1A x 1,2 = 1,3A

Outra característica importante na escolha dos diodos é a tensão reversa. Os diodos são
projetados para resistir a uma tensão reversa máxima quando estão reversamente
polarizados. No nosso circuito esta tensão é aproximadamente a tensão de pico de carga dos
capacitores. Esta tensão vai aparecer quando a rede elétrica estiver 10% acima do nominal.
Nesta situação a tensão de carga de pico dos capacitores vai ser dada por:

Vmax = 16Vrms x 1,1 x √ 2 = 24,9V

Vamos escolher o diodo 1N5402 que é especificado para 3A e tensão reversa de 200V.

Escolha do Transistor Regulador T1


O transistor T1 é o componente que vai efetivamente regular a tensão de saída da fonte. A
tensão de saida será dada pela tensão de base de T1 - Vbe, que é a tensão base-emissor de T1.
Vbe = 0,7V tipicamente para transistores de silício.

T1 deve ser escolhido em função da corrente que vai conduzir (2,2A) e dissipação máxima.

A dissipação máxima será dada pela tensão Vce (coletor-emissor) e corrente de 2,2A. A tensão
máxima Vce em T1 será:

Vce = Vp - Vsaida

Onde:

Vp é a tensão máxima na entrada do circuito regulador;

Vsaida é a tensão de saida da fonte;

Então:

Vce = 24,9V - 12,4V = 12,5V

A potência dissipada em T1, nesta condição, será dada por:

Pmax = Vce x Ic = 12,5V x 2,2A = 27,5W

O transistor TIP41C pode dissipar até 65W. Mas observe a especificação do fabricante:

Fig 2

Pela especificação para dissipação máxima, se o transistor for montado sem dissipador a uma
temperatura ambiente de 25°C, ele só consegue dissipar 2W. Ou seja, nesta aplicação tem de
ser utilizado dissipador de calor. Se o dissipador mantiver o encapsulamento do transistor a
25°C (tem de ser um bom dissipador) ai T1 pode dissipar até 65W.

Diodo Zener

Qual a corrente que circula pelo zener Z1 e qual a dissipação de potência nele?

Vamos analisar o pior caso que é para a máxima tensão ne carga dos capacitores. A corrente
que circula pelo zener é dado por:

Izener = (Vmax - Vzener) / R1 = (24,9V - 13V) / 1K = 11,9mA

A potência dissipada pelo zener é dada por:

Pzener = Vzener x Izener = 13 x 11,9mA = 155mW

O zener escolhido é para 1W.

Assim, nosso projeto fica finalizado. Se você quiser montar esta fonte fixa com outra tensão de
saída ou capacidade de corrente, repita os cálculos acima com seus novos parâmetros

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