Galoa Proceedings Sedu 2022 148517

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A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA COMO FERRAMENTA DE

SENSIBILIZAÇÃO NA CONSTITUIÇÃO DE CENÁRIOS


INCLUSIVOS NAS UNIDADES ESCOLARES DO
INSTITUTO ALICERCE

Delci da Conceição Filho – Instituto Alicerce delcifilho@hotmail.com;


Fernanda Blanc da Costa – Instituto Alicerce feernandablaanc@gmail.com
Eixo 4: Educação Inclusiva

Resumo
Este trabalho tem como tema a contação de história usada como ferramenta de
sensibilização na constituição de cenários inclusivos nas unidades escolares do
Instituto Alicerce. O objetivo, portanto, é compreender como a contação de
história pode contribuir na constituição de cenários inclusivos nos Centros de
Educação Infantil envolvidos no Projeto de Sensibilização para a Inclusão do
Instituto Alicerce. Os dados coletados são originários de quatro vídeos
produzidos pela coordenadora do Projeto de Sensibilização e encaminhados na
linha de transmissão criada no Whatsaap para o envio dos Planos de Estudos
Dirigidos para as famílias das crianças de C1 a P4, dos registros de três práticas
pedagógicas realizadas presencialmente com o coletivo docente e de
questionário semiestruturado enviado para as famílias via Google Forms. Trata-
se de um estudo de caso descritivo e analítico conjugado com a observação
participante, como propõe Yin (2005). O estudo teve como aporte teórico a
contribuição de Mittler (2003), Martins et al. (2008), Gomes (2009), Abramovich
(2009), Rodrigues (2018) e Brasil (2018). Conclui-se que a contação de história
pode ser vista como uma ferramenta facilitadora da constituição de cenários
inclusivos ao envolver toda a comunidade escolar na dinâmica do
compartilhamento de saberes necessários para acolher alunos com
necessidades educacionais especiais e promover inclusão com
responsabilidade.

Palavras-chave: Contação de história; Educação Infantil; Inclusão.

https://proceedings.science/p/148517?lang=pt-br
Introdução

Sabe-se que o processo de inclusão de alunos com necessidades


educacionais especiais na escola regular não é uma tarefa fácil, porque apesar
dos avanços na legislação, ainda se faz necessário buscar novas concepções
de ensino que contemplem um fazer pedagógico centrado no respeito às
diferenças de todos os alunos para que aprendam juntos num ambiente
inclusivo.
Este trabalho é fruto dos desdobramentos do Projeto de Sensibilização
para a inclusão elaborado a partir da Recomendação Administrativa n. 01/2019,
do Ministério Público do Estado do Paraná, referente à Educação Especial,
visando uma maior efetividade da inclusão no ensino regular. Foram envolvidos
neste Projeto de Sensibilização os Centros de Educação Infantil mantidos pelo
Instituto Alicerce e o Centro de Educação Infantil Alaíde Fausto de Souza, em
termos de colaboração pedagógica – que no ano de 2021, efetivaram um número
expressivo de matrículas de alunos com necessidades educacionais especiais,
exigindo a constituição de cenários inclusivos para o atendimento desse público.
É dentro desse panorama que situamos a contação de história como
uma ferramenta de sensibilização do coletivo de pais, alunos e coletivo docente
acerca da Educação Inclusiva e, para referenciar os temas abordados na
pesquisa, buscamos o aporte teórico construído por autores como, Rodrigues
(2005), Abramovich (2009) Brasil (2018), Sousa (2020), Mittler (2003), Martins et
al. (2008) e Gomes (2009).

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Metodologia

A finalidade desta pesquisa é compreender como a contação de história


contribuiu para a construção de cenários inclusivos nos Centros de Educação
Infantil envolvidos no Projeto de Sensibilização para Inclusão do Instituto
Alicerce.
A investigação pautou-se num estudo de caso descritivo e analítico
conjugado com a observação participante, tendo como sujeitos envolvidos, os 2
coordenadores do Projeto de Sensibilização para a Inclusão, as 6 diretoras e 49
professores, representando a totalidade do coletivo docente dos CEIs
envolvidos.
Os dados coletados são provenientes de 4 vídeos, sendo que, cada um
continha uma história com temática inclusiva, que foram disponibilizados nas
redes sociais dos CEIs e na linha de transmissão das famílias, via Whatsaap,
dos registros da observação participante em 3 práticas pedagógicas com o
coletivo docente, da análise das planilhas do relatório quinzenal das atividades
desenvolvidas pelos Centros de Educação Infantil no período de pandemia da
covid-19, do mês de agosto a dezembro de 2021 e de um questionário
semiestruturado disponibilizado para as famílias via Google Forms, ao final do
ano letivo de 2021.
Criada a base de dados a partir da triangulação das fontes proposta por
Yin (2009), o constructo foi revisado e validado por algumas pessoas que
participaram do estudo.

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Resultados e Discussão

Tendo em vista os dados coletados, apresentaremos as quatro histórias


que foram disponibilizadas nas redes sociais do Instituto Alicerce e enviadas na
linha de transmissão das famílias dos alunos de cada Centro de Educação
Infantil, conforme elencadas abaixo.
1 – “Tom”, de André Neves, que abordou questões sobre o autismo;
2 – “A Menina feita de nuvens”, da autora Tati Santos de Oliveira, cuja
abordagem foi o Vitiligo;
3 – “O Menino que via com as mãos", de Alexandre Azevedo, que tratou o tema
da deficiência visual;
4- “Marca Angelical", de Célia Chueire, que destacou as marcas de nascença.
Isto posto, podemos inferir que as ideias que gravitam em torno da
implementação do Projeto de Sensibilização para a Inclusão no Instituto Alicerce
tendo a contação de história como ferramenta, são oriundas da necessidade de
criar cenários inclusivos, instaurando desse modo, espaços de diálogos para a
produção de saberes sobre o tema, a troca de experiências e o
compartilhamento de sentimentos e emoções, podendo ser usada em casa ou
na escola como um elemento de apoio ao processo de aprendizagem e de
socialização das crianças como aponta Sousa (2020).
Para Rodrigues (2018) a contação de história une o imaginário ao real
da criança oportunizando vivencias e experiências relevantes para a construção
do conhecimento.

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Nesse sentido, infere-se que as histórias enviadas remotamente como
ferramenta de sensibilização podem ser inseridas neste contexto, pois
objetivavam, justamente, contribuir na construção de saberes e conhecimentos
sobre as necessidades especiais dos alunos matriculados nos CEIs, e, que ao
retorno do ensino presencial, frequentariam o ambiente escolar com os demais
alunos.
Abramovich (2009) afirma que a contação de história na Educação
Infantil tem a função de transmitir vivências, experiências e informações
envolvendo as emoções da criança, e dessa forma desempenha um papel
relevante no respeito e valorização das diferenças, auxiliando a criança a
desenvolver o seu senso de justiça social ao atingir seu coração e sua mente,
porque o faz de conta, desperta a curiosidade, fascina e encanta.
Neste sentido, Brasil (2018) chama atenção para que se crie
oportunidades e experiências que contribuam para que as crianças tenham esse
contato com os diferentes grupos e pessoas para estabelecer o respeito com os
outros e o reconhecimento das diferenças que nos fazem humanos.
Nesta perspectiva, é que vemos a contação de história como uma
ferramenta importante na criação desses cenários inclusivos que passam a fazer
parte da cultura escolar, ou seja, “no chão da escola”, se reconhecem, se
respeitam e se acolhem as diferenças e a diversidade. E tudo isso, contribui para
que a escola seja reconfigurada para incluir todos os alunos, tornando-se espaço
produtor de cultura singular, de comunicação e acolhida, como afirma Mittler
(2003).

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Martins et al. (2008) e Gomes (2009) afirmam que o reconhecimento do
direito à diferença na escola exige uma pedagogia diferenciada e reorganização
dos espaços escolares onde todos podem interagir, expressar seus sentimentos,
participando efetivamente e, usufruindo da felicidade que é poder conviver com seus
pares.

Conclusões

A contação de história usada como ferramenta de sensibilização para a


constituição de cenários inclusivos nos Centros de Educação Infantil envolvidos
nesta pesquisa pode ser considerada como uma facilitadora em todo esse
processo porque oportunizou tanto para as crianças como para suas famílias, a
familiaridade com temas referentes à escola inclusiva. E, nesta mesma dinâmica,
os professores foram envolvidos num processo de formação continuada
pautadas na de educação de laboratório, com vistas a trocar experiências,
aprender a aprender, aprender a dar ajuda, colaborando numa sinergia capaz de
oportunizar o crescimento conjunto de todos os envolvidos.
No que tange ao feedback dado pelas famílias sobre as histórias com
temáticas inclusivas, destacamos que houve manifestações e afirmações acerca
da importância da construção de contextos de aprendizagem a partir das
diferenças, da instauração de uma cultura escolar e metodologia de ensino que
atinja a todos os alunos, o que mostra as valências e relevâncias deste estudo.

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Referências

ABRAMOVICH, F. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo:


Scipione, 2009.

BRASIL. Ministério da Educação. Governo Federal. Base Nacional Curricular


Comum – BNCC. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/download-da-bncc. Acesso em:
05/02/2022.

GOMES, Márcio. Construindo as trilhas para a inclusão (Org.). Petrópolis, RJ:


Vozes, 2009.

MARTINS, Lúcia de Araújo Ramos et al. Inclusão: compartilhando saberes.


Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

MITTLER, Peter. Educação inclusiva: contextos sociais. Porto Alegre: Artmed,


2003.

RODRIGUES, Cristina Cordeiro de Muniz. A contação de história na educação


infantil: práticas e reflexões. 2018.

SOUSA, Deyse Pinheiro de. A contação de história na educação infantil:


limites e possibilidades na construção de leitores/as no ensino remoto. 2020.

YIN, R. K. Case study research, design and methods. Thousand Oaks.


California: Sage Publications, 2009.

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