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Atividade 4

Texto dissertativo argumentativo sobre os principais problemas que acometem


os pacientes em tratamento de câncer bucal, enfatizando os fatores
predisponentes a osteorradionecrese, e a conduta do cirurgião dentista frente
às complicações.

O câncer bucal é uma condição desafiadora que não apenas afeta a saúde
física, mas também tem implicações significativas na qualidade de vida dos
pacientes. O tratamento envolve uma abordagem multidisciplinar, muitas das vezes
incluindo a radioterapia, que, embora seja crucial para combater o câncer, pode
desencadear efeitos colaterais severos, sendo a osteorradionecrose um dos mais
preocupantes. Neste contexto, é essencial discutir não apenas os principais efeitos
colaterais, mas também os fatores predisponentes para a osteorradionecrose e a
conduta adequada do cirurgião dentista diante dessas complicações.

O tratamento do câncer bucal frequentemente envolve a combinação de


cirurgia, quimioterapia e radioterapia. A radioterapia, embora seja uma ferramenta
valiosa no controle do câncer, pode levar a efeitos colaterais significativos na região
irradiada. Entre os principais efeitos colaterais estão a mucosite, xerostomia,
disgeusia e a osteorradionecrose.

A mucosite é uma inflamação da mucosa oral, causando dor intensa e


dificuldades na alimentação. Essa condição pode comprometer a qualidade de vida
do paciente, exigindo intervenções paliativas e preventivas.

A xerostomia é um efeito colateral comum da radioterapia que resulta na


diminuição da produção de saliva. Além do desconforto, a xerostomia contribui para
problemas dentários, como cáries e dificuldades na fala e na deglutição.

A disgeusia refere-se à alteração do paladar, frequentemente acompanhada


por uma sensação metálica na boca. Isso pode levar à perda de apetite e
desnutrição, complicando ainda mais o tratamento do paciente.

A radioterapia não se limita apenas às células doentes e pode afetar tecidos


saudáveis, incluindo o osso. A osteorradionecrose surge como uma complicação
séria, especialmente em áreas irradiadas, devido à diminuição da vascularização e à
redução da capacidade de regeneração dos tecidos, e ocorre especialmente na
mandíbula, devido à sua vascularização reduzida.

Diversos fatores predisponentes contribuem para o desenvolvimento da


osteorradionecrose. A diminuição do suprimento sanguíneo, a hipóxia tecidual e a
redução da capacidade de cicatrização são características essenciais. Além disso, a
presença de inflamação crônica, a má higiene oral e a presença de doença
periodontal antes do tratamento oncológico são condições que aumentam o risco
dessa complicação.

A conduta do cirurgião-dentista desempenha um papel crucial no manejo das


complicações relacionadas à osteorradionecrose. A prevenção torna-se uma
estratégia essencial, envolvendo uma abordagem interdisciplinar entre o oncologista
e o dentista. Antes do início da radioterapia, uma avaliação odontológica completa
deve ser realizada, com o tratamento de qualquer problema bucal existente, como
extrações dentárias necessárias e a eliminação de focos de infecção.

Durante o tratamento oncológico, é extremamente importante manter uma


comunicação estreita entre o paciente, o oncologista e o cirurgião dentista. O
cuidado rigoroso com a higiene oral, o controle efetivo da cárie dentária e o
acompanhamento constante são medidas preventivas que podem minimizar o risco
de osteorradionecrose. Além disso, o profissional deve estar ciente da necessidade
de adaptação nas práticas clínicas, evitando procedimentos invasivos que possam
comprometer a saúde óssea.

No caso de surgimento da osteorradionecrose, a conduta do


cirurgião-dentista deve ser pautada na abordagem conservadora e multidisciplinar.
Terapias locais, como a aplicação de oxigênio hiperbárico, têm sido utilizadas para
melhorar a vascularização e promover a cicatrização. Evitar intervenções cirúrgicas
agressivas é crucial, visto que a capacidade de regeneração tecidual está
comprometida.

Em síntese, o tratamento do câncer bucal, embora vital para a sobrevivência


do paciente, não está isento de efeitos colaterais, sendo a osteorradionecrose uma
complicação séria. A conduta do cirurgião dentista desempenha um papel
fundamental na prevenção e manejo dessas complicações, exigindo uma
abordagem proativa, cuidadosa e integrada com a equipe multidisciplinar. Ao seguir
protocolos rigorosos de avaliação prévia, monitoramento contínuo e evitando
procedimentos invasivos desnecessários, os profissionais de odontologia podem
contribuir significativamente para a qualidade de vida e bem-estar dos pacientes em
tratamento de câncer bucal.

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