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QUESTÕES ATUAIS DO DIREITO DIGITAL

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Sumário

NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 3

1. INTRODUÇÃO................................................................................ 4

2. CONCEITO DIREITO DIGITAL ...................................................... 5

3. DESENVOLVIMENTO .................................................................... 6

4. NECESSIDADE DE ADAPTAR NORMAS...................................... 8

5. ESCASSEZ DE NORMAS ESPECÍFICAS ..................................... 9

6. DIFICULDADE DE APLICAR A LEI ................................................ 9

7. A RESPEITO DE E-MAILS ........................................................... 10

8. SEGURANÇA NA INTERNET ...................................................... 10

9. LIBERDADE DE EXPRESSÃO X CENSURA............................... 11

10. MONITORAMENTO DE INFORMAÇÕES .................................... 12

11. LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS ................. 13

11.1. Consentimento ............................................................................ 13

11.2. Automatização com autorização ............................................... 14

11.3. Autoridade Nacional de Proteção de Dados Pessoais e agentes de


tratamento 14

11.4. Gestão em foco ............................................................................ 15

12. MARCO CIVIL DA INTERNET ...................................................... 16

12.1. A Lei do Marco Civil da Internet .................................................... 17

12.2. Marco Civil da Internet e Direito Digital ......................................... 20

13. DIREITOS AUTORAIS ................................................................. 21

13.1. O que diz a Lei de Direito Autoral? ............................................... 21

14. NEGÓCIOS DIGITAIS .................................................................. 22

15. INTERNET DAS COISAS ............................................................. 22

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16. COMPLIANCE E DIREITO DIGITAL ............................................ 23

17. CRIMES MAIS COMUNS NO MUNDO VIRTUAL ........................ 23

17.1. INJÚRIA E DIFAMAÇÃO ............................................................. 23

17.2. FURTO DE DADOS ...................................................................... 24

17.3. APOLOGIA AO CRIME................................................................. 24

17.4. PLÁGIO ........................................................................................ 25

18. CONCLUSÃO ............................................................................... 26

REFERÊNCIAS ..................................................................................... 27

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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1. INTRODUÇÃO

O Direito Digital é o resultado da relação entre a ciência do Direito e a


Ciência da Computação sempre empregando novas tecnologias. Trata-se do
conjunto de normas, aplicações, conhecimentos e relações jurídicas, oriundas do
universo digital.

O cenário atual está cercado por dúvidas sobre como pensar o Direito em
uma sociedade tecnológica e cada vez mais ampla. Sem contar que as leis
responsáveis por regulamentar as relações digitais ainda são escassas e
carecem de maior clareza.

A velocidade com que as tecnologias são incorporadas ao cotidiano das


pessoas gera grandes dificuldades, principalmente quando se busca o
acompanhamento simultâneo das mudanças. Logo, mesmo com o esforço de
legisladores e operadores do Direito, sempre existe uma zona de incerteza sobre
as normas em ambiente digital.

A maioria das relações jurídicas encontra seu par em ambiente digital,


como trabalhar, realizar comércio, pagar impostos, cometer crimes etc. Por isso,
o ramo demanda uma regulamentação bastante abrangente, exigindo a criação
ou adaptação de um grande número de normas para uma tutela adequada das
condutas humanas.

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2. CONCEITO DIREITO DIGITAL

A evolução social trazida pela Informática, fez com que o Direito


necessitasse de novos instrumentos para disciplinar as relações entre o homem
e a tecnologia, visando preservar o convívio, a harmonia e a paz social. Disto,
surge o Direito Digital – mas não como um novo ramo do Direito, assim como
são o Direito Civil e o Direito Penal –, e sim como uma releitura do Direito
tradicionalmente conhecido, sob a ótica dos impactos e reflexos tecnológicos,
conforme bem pontuado pelos Professores Coriolano Camargo e Marcelo
Crespo. Portanto, o Direito Digital vem a propiciar uma nova forma de
compreensão e interpretação dos problemas que agora acontecem no meio
ambiente virtual.

Por conseguinte, o Direito Digital “consiste na evolução do


próprio Direito, abrangendo todos os princípios
fundamentais e institutos que estão vigentes e são aplicados
até hoje, assim como introduzindo novos institutos e
elementos para o pensamento jurídico, em todas as suas
áreas, conforme muito bem conceituado por Patricia Peck
Pinheiro.

Outro conceito de Direito Digital é o aventando por Marcelo de Camilo


Tavares Alves, para o qual “o Direito Digital é o resultado da relação entre a
ciência do Direito e a Ciência da Computação sempre empregando novas
tecnologias. Trata-se do conjunto de normas, aplicações, conhecimentos e
relações jurídicas, oriundas do universo digital. Como consequência desta
interação e a comunicação ocorrida em meio virtual, surge a necessidade de se
garantir a validade jurídica das informações prestadas, bem como das
transações, através do uso de certificados digitais. A tecnologia também foi
capaz de outorgar aos profissionais do Direito, ferramentas computacionais que
simplificaram e aperfeiçoaram suas tarefas. Entretanto, essa mesma tecnologia

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inovou e potencializou a ocorrência de crimes, como a violação de direito autoral.
Buscando a materialidade e autoria dos delitos praticados neste ambiente,
estudiosos de ambas as áreas se unem na análise forense computacional”.

3. DESENVOLVIMENTO

No Brasil, além da adaptação das leis do mundo analógico, as principais


normas criadas pelo Congresso Nacional são as seguintes:

 Lei dos crimes informáticos: estabelece que certas condutas surgidas com
a tecnologia serão consideradas crimes, como invadir o dispositivo de
informática (PC, notebook, celular etc.) alheio e interromper
fraudulentamente o serviço telefônico, telegráfico ou de internet;

 Marco civil da internet: fixa as diretrizes básicas do uso da internet no


Brasil, bem como determina que esse ambiente é regulamentado pelas
regras de Direito Civil, do consumidor, comercial, entre outros;

 Código de Processo Civil de 2015: em proporção menor, cria normas para


o desenvolvimento do processo judicial eletrônico;

 Lei de acesso à informação: define a disponibilização das prestações de


contas dos entes públicos com o uso da tecnologia da informação.

Não há no Brasil, por exemplo, um tribunal específico destinado a julgar


delitos e outras questões que acontecem no ambiente virtual, por exemplo.

Na Polícia Civil, por outro lado, já há núcleos especializados no combate


ao cibercrime espalhados pelo Brasil. Um exemplo de aplicação do direito legal
no viés legislativo é a criação da Lei Nº 12.737/2012, que ficou conhecida como
Lei Carolina Dieckmann.

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A lei acrescenta o artigo 154-A ao Código Penal, criando um tipo penal
que criminaliza a invasão de dispositivo informático alheio a fim de obter,
adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização do titular. O nome
da famosa atriz se deve porque foi um drama pessoal seu que motivou a
aprovação da lei.

Em 2012, ela teve fotos íntimas roubadas por hackers, que exigiram
determinada quantia em dinheiro para não as divulgar na rede. A atriz não cedeu
à tentativa de extorsão e as fotos se tornaram públicas.

Note que esse é um caso diferente de roubo ou furto convencional, em


que o criminoso se faz presente para roubar um pertence físico da vítima.
Imagens de um computador ou celular não podem ser pegas na mão, mas os
dispositivos podem ser invadidos à distância.

Por conta dessas peculiaridades, os legisladores acharam por bem criar


uma descrição específica de delito no qual condutas desse tipo pudessem ser
enquadradas.

A pena para o crime de invasão de dispositivo informático é de três meses


a um ano de detenção e multa (com agravantes) ou seis meses a dois anos de
reclusão e multa em situações mais graves (também com possíveis agravantes
que aumentam a pena). Outro exemplo ainda mais significativo de lei criada para
uma maior adequação da legislação brasileira à realidade de um mundo cada
vez mais conectado é o Marco Civil da Internet.

Não faltam exemplos também de aplicação do direito digital pelo outro


viés, da aplicação de normas já consolidadas nas leis do país. Talvez os
exemplos mais comuns sejam crimes de calúnia, difamação, injúria ou ameaça,
praticados em e-mails, redes sociais e aplicativos como o WhatsApp.

Há também questões no direito do consumidor (compras feitas online),


direito do trabalho (verificação de e-mails fora do horário de trabalho), direito de
família (infidelidade via sites de aplicativos de relacionamento) e outros. E há
também várias situações em que se fica no meio disso, quando a ausência de

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uma lei específica suscita dúvidas sobre qual o enquadramento legal adequado
e motiva a discussão sobre a necessidade de regulamentar a questão.

O exemplo mais clássico é a briga dos taxistas, que precisam de licença


especial e obedecem a uma série de regras municipais para operarem, contra o
Uber. Em várias cidades do país, o impasse motivou a aprovação de leis para
regulamentar o funcionamento do aplicativo, incluindo dispositivo federal, com a
Lei 13.640/2018.

Várias vezes, impasses envolvendo o direito digital chegaram a um dos


órgãos máximos do sistema judiciário brasileiro: o Superior Tribunal de Justiça
(STJ).

4. NECESSIDADE DE ADAPTAR NORMAS

Como parcela considerável das atividades encontrão uma


correspondência em meio eletrônico, um dos grandes desafios é a necessidade
de adaptar normas de diferentes áreas ao direito digital.

Um caso recente ocorreu com a reforma trabalhista, que trouxe a


regulamentação do home office ou teletrabalho. Nesse caso, não só foram
criados novos procedimentos, mas foi preciso definir a maneira como a CLT seria
aplicada diante dessa nova forma de trabalho.

Outro exemplo é o das compras on-line, que, além de receberem a


regulamentação das lojas físicas, devem respeitar o direito de desistência de
devolver o pedido sem justificativa. Essa regra foi adaptada porque, na época
de sua elaboração, tinham em mente as vendas de porta em porta por
mostruário.

Sendo assim, o direito digital exige amplo conhecimento do conjunto de


leis, bem como a capacidade de articulação com os conceitos da tecnologia
da informação.

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5. ESCASSEZ DE NORMAS ESPECÍFICAS

O Direito Digital em contraste com o volume de normas de outros ramos,


tem baixo número de regulamentações específicas. No Brasil, até agora, os
exemplos são o Marco Civil da Internet, a Lei de Crimes Informáticos, a Lei da
Transparência e a recente Lei de Proteção de Dados.

Com efeito, a orientação da conduta requer o conhecimento das decisões


dos tribunais, a fim de entender os modelos de comportamento para as
atividades virtuais. Isso porque o resultado dos casos jurídicos anteriores é o
melhor indício sobre quais são as normas válidas nesse campo.

6. DIFICULDADE DE APLICAR A LEI

As relações em ambiente virtual ocorrem independentemente de território.


Um chinês pode invadir computadores no Chile utilizando a conexão com um
servidor na Argentina, por exemplo.

Além disso, muitas das infrações são cometidas sem a possibilidade de


identificar o infrator e de se tomarem as medidas cabíveis para sua punição.

Com efeito, o cumprimento da lei pode exigir a movimentação de grande


burocracia, especialmente a cooperação entre órgãos de investigação de
diferentes países.

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7. A RESPEITO DE E-MAILS

O STJ já decidiu sobre a responsabilidade de um provedor de correio


eletrônico que não revela dados de usuários que transmitem mensagens
ofensivas por e-mail, inocentando a empresa de tecnologia.

Em outro caso, decidiu que o conteúdo de e-mails pode ser usado como
prova para fundamentar uma ação de cobrança de dívida.

Em fevereiro de 2018, o STJ decidiu também que a quebra de sigilo de


informações da conta de um e-mail armazenado em outro país passa por um
acordo de cooperação internacional.

8. SEGURANÇA NA INTERNET

Em investigações que apuravam o envolvimento de organizações


criminosas voltadas ao tráfico de anabolizantes, a 5ª Vara Federal de Guarulhos
ordenou o fornecimento de dados de usuários do Facebook.

Em decisão de fevereiro de 2018, o STJ determinou multa de R$ 3,96


milhões à empresa por descumprir a ordem.

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9. LIBERDADE DE EXPRESSÃO X CENSURA

A Liberdade de Expressão se fundamenta na proteção da manifestação


de pensamento de várias formas, respaldando-se no exercício da cidadania e na
própria democracia que vivemos e ele aloca-se entre os direitos humanos de
primeira dimensão, considerando-se essa garantia como cláusula pétrea.

Porém, o referido direito não é absoluto e com o advento da internet


promoveu-se maior difusão de ideias, muitas vezes acaloradas, incidindo em
discursos de cunho maliciosos que muitas vezes, desrespeitam a dignidade da
pessoa humana, protegida e prevista no art. 1º, inciso III da Constituição
Federal de 1988, estando, portanto, as manifestações sujeitas a certos limites.

Corroborando esse entendimento sobre as limitações da liberdade de


expressão, o mesmo artigo constitucional prevê o seguinte: “§ 2º - Os direitos e
garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que
a República Federativa do Brasil seja parte”.

Ademais, tem-se a proteção à privacidade prevista no inciso X, que


preceitua: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurando o direito à indenização pelo dano material ou decorrente
de sua violação”. Estabelecendo então, que não se pode atacar
indiscriminadamente as pessoas ou seus bens, cujo desrespeito pode incidir em
estabelecimento de sanções.

Dessa forma, a vigilância deve ser constante para que todos possam, da
melhor forma possível, garantir sua liberdade de expressão sem transgredir
direito alheio e fica-se advertido que, embora não seja admitido um controle
prévio nas manifestações em qualquer âmbito, pode haver um “controle”
posterior, que permita a devida responsabilização.

Um exemplo ocorreu em 2010, quando o jornal Folha de São Paulo


conseguiu uma liminar contra o site Folha de São Paulo, que faz uma paródia do
periódico. O caso chegou à 4ª turma do STJ, que decidiu que se tratava de uma
tentativa de censura do jornal paulista.

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10. MONITORAMENTO DE INFORMAÇÕES

A 3ª turma do STJ decidiu contra determinação do Tribunal de Justiça de


São Paulo, que obrigava o Facebook a monitorar previamente o conteúdo
publicado por seus usuários.

Por ser um ramo novo, o direito digital ainda não foi integralmente
explorado pelos profissionais jurídicos e tampouco seu conhecimento é difundido
na população. Logo, há um grande espaço a ser preenchido em futuro próximo.

Entretanto, como a tendência é que, cada vez mais, as pessoas e


empresas pratiquem seus atos on-line, a própria advocacia se adaptará e
migrará com mais força para esse meio.

É possível notar uma preocupação dos juristas em conhecer os recursos


e conceitos da tecnologia da informação. Igualmente, aos poucos, as atividades
dos advogados passam por sua própria transformação digital, com o surgimento
da chamada lawtech. A advocacia gradualmente se transforma para atender às
características do direito digital.

O direito digital é bastante complexo. São inúmeros os impasses legais


que envolvem tecnologias online. Com a necessidade de digitalizar os processos
e trabalhar em rede para ter mais eficiência e produtividade, as empresas não
vão escapar desse tipo de questão.

Por isso, precisam se preparar para ter proteção jurídica contra possíveis
casos de vazamento de informações, roubo de propriedade intelectual e outras
situações. O Marco Civil da Internet veio para estabelecer algumas regras,
embora ainda não seja o ideal. De forma geral, o Direito Digital foi criado para
adequar os fundamentos do direito à realidade da sociedade.

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11. LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS
PESSOAIS

A LGPD é a lei nº 13.709, aprovada em agosto de 2018 e com vigência a


partir de agosto de 2020. Para entender a importância do assunto, é necessário
saber que a nova lei quer criar um cenário de segurança jurídica, com a
padronização de normas e práticas, para promover a proteção, de forma
igualitária e dentro do país e no mundo, aos dados pessoais de todo cidadão que
esteja no Brasil. E, para que não haja confusão, a lei traz logo de cara o que
são dados pessoais, define que há alguns desses dados sujeitos a cuidados
ainda mais específicos, como os sensíveis e os sobre crianças e adolescentes,
e que dados tratados tanto nos meios físicos como nos digitais estão sujeitos à
regulação.

A LGPD estabelece ainda que não importa se a sede de uma organização


ou o centro de dados dela estão localizados no Brasil ou no exterior: se há o
processamento de conteúdo de pessoas, brasileiras ou não, que estão no
território nacional, a LGPD deve ser cumprida. Determina também que é
permitido compartilhar dados com organismos internacionais e com outros
países, desde que isso ocorra a partir de protocolos seguros e/ou para cumprir
exigências legais.

11.1. Consentimento

Outro elemento essencial da LGPD é o consentir. Ou seja, o


consentimento do cidadão é a base para que dados pessoais possam ser
tratados. Mas há algumas exceções a isso. É possível tratar dados sem
consentimento se isso for indispensável para: cumprir uma obrigação legal;
executar política pública prevista em lei; realizar estudos via órgão de pesquisa;
executar contratos; defender direitos em processo; preservar a vida e a

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integridade física de uma pessoa; tutelar ações feitas por profissionais das áreas
da saúde ou sanitária; prevenir fraudes contra o titular; proteger o crédito; ou
atender a um interesse legítimo, que não fira direitos fundamentais do cidadão.

11.2. Automatização com autorização

Por falar em direitos, é essencial saber que a lei traz várias garantias ao
cidadão, que pode solicitar que dados sejam deletados, revogar um
consentimento, transferir dados para outro fornecedor de serviços, entre outras
ações. E o tratamento dos dados deve ser feito levando em conta alguns
quesitos, como finalidade e necessidade, que devem ser previamente acertados
e informados ao cidadão. Por exemplo, se a finalidade de um tratamento, feito
exclusivamente de modo automatizado, for construir um perfil (pessoal,
profissional, de consumo, de crédito), o indivíduo deve ser informado que pode
intervir, pedindo revisão desse procedimento feito por máquinas.

11.3. Autoridade Nacional de Proteção de Dados


Pessoais e agentes de tratamento

Para a lei a "pegar", o país contará com a Autoridade Nacional de


Proteção de Dados Pessoais, a ANPD. A instituição vai fiscalizar e, se a LGPD
for descumprida, penalizar. Além disso, a ANPD terá, é claro, as tarefas de
regular e de orientar, preventivamente, sobre como aplicar a lei. Cidadãos e
organizações poderão colaborar com a autoridade.

Mas não basta a ANPD - que está em formação - e é por isso que a Lei
Geral de Proteção de Dados Pessoais também estipula os agentes de
tratamento de dados e suas funções, nas organizações: tem o controlador, que
toma as decisões sobre o tratamento; o operador, que realiza o tratamento, em

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nome do controlador; e o encarregado, que interage com cidadãos e autoridade
nacional (e poderá ou não ser exigido, a depender do tipo ou porte da
organização e do volume de dados tratados).

11.4. Gestão em foco

Outro item que não poderia ficar de fora: a administração de riscos e


falhas. Isso quer dizer que quem gere base de dados pessoais terá que redigir
normas de governança; adotar medidas preventivas de segurança; replicar boas
práticas e certificações existentes no mercado. Terá ainda que elaborar planos
de contingência; fazer auditorias; resolver incidentes com agilidade. Se ocorrer,
por exemplo, um vazamento de dados, a ANPD e os indivíduos afetados devem
ser imediatamente avisados. Vale lembrar que todos os agentes de tratamento
sujeitam-se à lei. Isso significa que as organizações e as subcontratadas para
tratar dados respondem em conjunto pelos danos causados. E as falhas de
segurança podem gerar multas de até 2% do faturamento anual da organização
no Brasil – e no limite de R$ 50 milhões por infração. A autoridade nacional fixará
níveis de penalidade segundo a gravidade da falha. E enviará, é claro, alertas e
orientações antes de aplicar sanções às organizações.

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12. MARCO CIVIL DA INTERNET

Inicialmente, pensou-se que a Internet poderia ser vista como “terra de


ninguém” e não passível de regulação, considerando que as informações ali
circulavam de forma descentralizada, bem como que a mesma era alimentada
por usuários de forma não controlada.

Contudo, a partir do momento em que se observou que as relações


tecidas na internet tinham impacto para além do mundo virtual, a regulação
passou a ser necessária, não podendo o Direito se furtar de tal responsabilidade.
Exemplo simples disso são as relações consumeristas que se dão cada vez mais
em ambiente virtual, através das tantas lojas de e-commerce existentes.

Como se sabe, o estudo do Direito e das leis a serem aplicadas em


determinado espaço-tempo não ocorre de forma hermética.

Elas devem se moldar às necessidades que surgem com a evolução da


sociedade, seja no âmbito moral, relativo aos costumes de cada época, seja em
relação aos avanços promovidos pela tecnologia, como é o caso do surgimento
do Marco Civil da Internet, que surgiu a partir da necessidade de regular as
relações intrínsecas ao uso da internet.
Nesse sentido, a respeito da necessidade de estudo multidisciplinar para
que o estudo da matéria ocorra de forma eficiente acerca da regulação da
internet, Lawrence Lessig, professor da faculdade de Direito de Harvard, dispõe
que seria necessário o estudo das leis, mercado, normas sociais e código de
software.

Destaca-se, ainda, que a elaboração do Marco Civil da Internet se deu


com a participação da sociedade, mediante a apresentação em debates e
audiências públicas, bem como com a elaboração de comentários e propostas
registradas no site criado com tal finalidade.

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12.1. A Lei do Marco Civil da Internet

Importante esclarecer que, também na internet, se faz de suma


importância a aplicação dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade.

Isso porque há nítido conflito entre direitos como a privacidade de cada


indivíduo e a liberdade de expressão, ambos direitos constitucionais previstos no
art. 5, respectivamente, nos incisos IX e X, da Constituição Federal de 1988:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação, independentemente de censura
ou licença;
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.

Também dispondo acerca do princípio constitucional da privacidade, o art.


5, inciso XII:

XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das


comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal.

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No sentido relativo ao direito da privacidade, o Marco Civil da Internet
surge da necessidade de proteger os dados pessoais indevidamente usados por
terceiros, uma vez que o simples fato de um dado ser exibido publicamente no
meio digital ou encaminhado para terceiros não garante àquele a sua utilização
ou exibição de forma não autorizada.

Art. 3º A disciplina do uso da internet no Brasil tem os


seguintes princípios:
I – garantia da liberdade de expressão, comunicação e
manifestação de pensamento, nos termos da Constituição
Federal;
II – proteção da privacidade.

É seguindo esse raciocínio que o art. 7o da mesma lei traz a exigência de


consentimento livre e expresso por parte do usuário, bem como dos direitos de
inviolabilidade da intimidade e da vida privada.

Art. 7º O acesso à internet é essencial ao exercício da


cidadania, e ao usuário são assegurados os seguintes
direitos:
I – inviolabilidade da intimidade e da vida privada, sua
proteção e indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;
VII – não fornecimento a terceiros de seus dados pessoais,
inclusive registros de conexão, e de acesso a aplicações de
internet, salvo mediante consentimento livre, expresso e
informado ou nas hipóteses previstas em lei.

Outro ponto esclarecido pelo Marco Civil da Internet, nos termos do seu
art. 19, diz respeito à relação existente entre o direito à liberdade de expressão
e responsabilização subjetiva dos provedores de aplicação de internet:

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Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão
e impedir a censura, o provedor de aplicações de internet
somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos
decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após
ordem judicial específica, não tomar as providências para,
no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do
prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado
como infringente, ressalvadas as disposições legais em
contrário.

Nesse sentido, é a jurisprudência pátria, ao dispor no julgado abaixo, que


para serem considerados responsáveis, é necessário que os provedores de
aplicação de internet tenham se mantidos inertes quando do cumprimento de
ordem judicial que determinou a retirada de determinado conteúdo ofensivo
criado por terceiro:

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS – PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE
PASSIVA – AFASTADA – GOOGLE E JUSBRASIL –
PROVEDORES DE APLICAÇÃO DE INTERNET –
DISPONIBILIZAÇÃO DE INFORMAÇÃO REFERENTE A
AÇÃO TRABALHISTA – REPLICAÇÃO DE CONTEÚDO DE
TERCEIRO – RESPONSABILIDADE SUBJETIVA –
ARTIGO 19 LEI 12.965/2014 (MARCO CIVIL DA
INTERNET) – DEVER DE INDENIZAR – AFASTADO –
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ – NÃO CONFIGURADA.
– É entendimento pacífico do STJ, com respaldo na Lei
12.965/2014 (Marco Civil da Internet), em seu artigo 19, que
aos provedores de aplicação de internet incide a tese da
responsabilidade subjetiva, segundo a qual eles somente se
tornam responsáveis solidariamente com aquele terceiro
que gerou o conteúdo dito ofensivo se, diante de uma ordem
judicial determinando a retirada de algum conteúdo do ar,

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não tomarem as providências necessárias para a sua
remoção, se mantendo inertes.

Isso ocorre uma vez que não cabe aos provedores de aplicação de
internet o exercício de controle prévio de informações postadas no site por
terceiros, até mesmo porque caso fosse exigido atuação nesse sentido, estaria
sendo exercida censura, em nítida ofensa ao princípio constitucional da
liberdade de expressão.

12.2. Marco Civil da Internet e Direito Digital

O Direito Digital por ser o âmbito do Direito responsável pelo estudo das
interações entre o Direito e a tecnologia da comunicação, principalmente no que
se refere às relações oriundas da internet, têm influência direta do Marco Civil
da Internet.

Assim como a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que passou a ter
vigência em agosto de 2020, a observância das diretrizes previstas no Marco
Civil da Internet são essenciais à toda população.

O acesso à internet se perfaz direito universal e essencial, sendo o seu


uso cada vez mais democrático e, portanto, intrinsecamente relacionado à
propagação e desenvolvimento do ramo do Direito Digital.

Nesse contexto, ao lado de leis como Lei dos crimes informáticos e Lei de
acesso à informação, o Marco Civil da Internet se demonstra essencial à
proteção de outros direitos já consolidados no ordenamento jurídico pátrio, que
merecem igual respaldo jurídico no ambiente virtual, cenário com o qual o direito
digital se preocupa.

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13. DIREITOS AUTORAIS

Outro conceito que ficou muito mais complexo com o mundo digital é o
de direitos autorais. Com a demora em regular a internet, o espaço digital se
tornou um “buraco negro” de produção e reprodução de conteúdo sem muitos
limites.

Não existe uma legislação específica que ajude a entender qual o limite
do direito atual especificamente no mundo digital. Existe apenas a Lei de Direitos
Autorais, aplicável a qualquer circunstância.

No entanto, sabemos que as coisas não costumam ser simples assim na


internet. Muitas vezes é difícil encontrar o autor de algum conteúdo, o caminho
que percorreu, e mais difícil ainda iniciar algum processo contra o autor.

13.1. O que diz a Lei de Direito Autoral?

A única indicação de que a lei deve ser seguida da mesma forma para os
meios digitais e não digitais é:

Art. 7º . São obras intelectuais protegidas as criações do


espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em
qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que
se invente no futuro.
É possível notar que o trecho não é especialmente específico, e que a
realidade do mundo material é diferente do digital.

Por isso, o profissional de direito digital precisa usar criatividade e cautela


na hora de orientar sobre o tema, criar salvaguardas e navegar casos
envolvendo esse conceito em geral dentro de empresas.

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14. NEGÓCIOS DIGITAIS

Outro motivo de preocupação e estudo para os profissionais do direito


digital são os negócios digitais. Esses negócios podem ser e-commerces,
startups, aplicativos e outras empresas que possuem atuação total ou muito
presente no digital.

Esse tipo de negócio introduz uma série de questões novas e difíceis de


navegar devido à incerteza, falta de legislação ou regulamentação e falta de
jurisprudência. Alguns exemplos são:

 Direitos do consumidor
 Limites da inovação
 Transações financeiras online
 Proteção de dados

15. INTERNET DAS COISAS

A Internet das Coisas, ou IOT (Internet of Things) é uma área da


tecnologia que liga a internet a outros objetos, principalmente dentro de casas.
Essas seriam as “Smart Houses”, ou casas inteligentes.

Com esse tipo de tecnologia, é possível fazer compras de supermercado


usando uma tela na geladeira, ligar o aquecedor antes de chegar em casa
usando um smartphone, acionar sistema de segurança à distância, etc.

Como é uma tecnologia recente, também não há muito regulação nem


experiência com o tema. O grande perigo digno de atenção dos profissionais do
direito digital é o cuidado e a atenção com o avanço da internet das coisas,
potenciais usos e problemas e como o uso vai se desenrolar.

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16. COMPLIANCE E DIREITO DIGITAL

E onde o compliance entra nisso tudo? A missão principal do compliance


é eliminar os riscos regulatórios das empresas.

Por isso, uma função do compliance digital que utiliza esses conceitos do
direito digital é conhecer bem todas as legislações relacionadas.

Isso inclui entender todas essas regulações, mas também perceber onde
há a falta dela, como na IOT, por exemplo.

Nesses casos, o compliance deve se antecipar às leis que com certeza


virão com o tempo, como a LGPD, e criar processos e políticas que norteiem a
empresa de acordo com a ética e boas práticas.

Assim, estarão mais preparados para a contínua e cada vez maior


regulamentação do meio digital.

17. CRIMES MAIS COMUNS NO MUNDO VIRTUAL

Os crimes mais comuns no mundo virtual são:

17.1. INJÚRIA E DIFAMAÇÃO

Divulgar informações não verdadeiras em relação a uma pessoa física


ou jurídica é crime, passível de condenação por reclusão e multa. Com a
massificação da internet, muitos foram levados pela falsa impressão de
anonimato, e esse se tornou um dos crimes com mais incidência no mundo
virtual — ainda que uma pequena parcela das vítimas efetive uma denúncia.

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17.2. FURTO DE DADOS

Outro crime bastante comum na internet é o de furto de dados. Tipificado


como estelionato, consiste em “Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita,
em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício,
ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”.

Geralmente ocorre por meio de falsos sorteios, promessa de envio de


brindes, acesso gratuito a aplicativos, cartões de crédito e afins, mediante o
preenchimento de cadastro prévio, com dados pessoais e bancários.

17.3. APOLOGIA AO CRIME

Muitos perfis falsos são criados com o objetivo de estimular a prática de


crimes como nazismo, pedofilia, racismo, estelionato, terrorismo, entre outros.
De modo geral, esse tipo de perfil compartilha orientações sobre a prática de
atos ilícitos e como evitar a lei, sempre atuando com acesso privado.

Nesses casos, as denúncias anônimas são o maior aliado da lei, seja


reportando a própria plataforma ou diretamente na delegacia de crimes
cibernéticos.

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17.4. PLÁGIO

Infelizmente muito comum no mundo acadêmico, o plágio tomou outra


dimensão com o advento da internet, mas o famoso Ctrl+C/Ctrl+V está previsto
na Lei nº 9.610/1998, que dispõe sobre a proteção dos direitos autorais —
passível de punição com detenção e multa.

O ideal é que você verifique cuidadosamente seus textos, recorrendo às


normas da ABNT sempre que necessário e jamais se esquecendo de indicar os
devidos créditos ao autor quando fizer uso de conteúdo produzido por terceiros,
seja ele um autor famoso ou um amigo.

O cenário atual está cercado por dúvidas sobre como pensar o Direito em
uma sociedade tecnológica e cada vez mais ampla. Sem contar que as leis
responsáveis por regulamentar as relações digitais ainda são escassas e
carecem de maior clareza.

A velocidade com que as tecnologias são incorporadas ao cotidiano das


pessoas gera grandes dificuldades, principalmente quando se busca o
acompanhamento simultâneo das mudanças. Logo, mesmo com o esforço de
legisladores e operadores do Direito, sempre existe uma zona de incerteza sobre
as normas em ambiente digital.

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18. CONCLUSÃO

Por ser um ramo novo, o direito digital ainda não foi integralmente
explorado pelos profissionais jurídicos e tampouco seu conhecimento é difundido
na população. Logo, há um grande espaço a ser preenchido em futuro próximo.

Entre as iniciativas recentes, é possível notar uma preocupação dos


juristas em conhecer os recursos e conceitos da tecnologia da informação.
Igualmente, aos poucos, as atividades dos advogados passam por sua própria
transformação digital, com o surgimento da chamada lawtech.

Apesar de englobar questões atuais e que fazem parte do dia a dia das
relações humanas, o Direito Digital ainda tem muito desenvolvimento pela frente
e propõe um cenário interessantíssimo e desafiador.

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REFERÊNCIAS

ALVES, Marcelo de Camilo Tavares. Direito Digital. Goiânia, 2009.

BLUM, Renato Opice (Coord.). Direito Eletrônico. Bauru, SP, 2001.

CORRÊA, Gustavo Testa. Aspectos Jurídicos da internet. Saraiva, São


Paulo, 2000.

KAMINSKI, Omar (Org.). Internet legal: o direito na tecnologia da


informação. 1. ed. 4. tiragem. Curitiba, Juruá, 2006.

PINHEIRO, Patricia Peck. Direito Digital. 4. Ed. São Paulo. Saraiva,


2010.

UOL NOTÍCIAS. Só lei federal pode regulamentar ou proibir o Uber,


diz ministra do STJ. Acesso em 10 de setembro de 2019.

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