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A batata-doce conhecida como (Ipomea batatas L.(Lam.

)) é uma hortaliça tipicamente


tropical e subtropical, rústica, de fácil cultivo, apresenta boa resistência a seca e ampla
adaptação, além de ser considerada uma cultura alimentícia de grande valor, por ser rica em
carboidrato, se pode classificar segundo o formato, tamanho, cor interna, doçura,
precocidade, cor das folhas e até coloração das flores. Segundo Silva, Lopes e Magalhães
(2004), a batata-doce é originária das Américas Central e do Sul, sendo encontrada desde a
Península de Yucatán, no México, até a Colômbia.

A batata-doce é o sexto alimento mais importante no mundo, perdendo apenas para arroz,
trigo, batata, milho e mandioca (CIP, 2018). Em 2014, 118 países cultivaram batata-doce,
sendo que aproximadamente 75% da produção teve origem na Ásia, 21% na África e 4% no
restante do mundo (FAO, 2015).

Em Moçambique a batata-doce é a terceira cultura alimentar mais importante depois do milho


e da mandioca (INIAIITA/SARNET 2003). E é produzida em todas regiões (norte, centro e
sul), maioritariamente em pequenas explorações com destaque para as províncias da
Zambézia, Sofala, Manica e Tete, ocupando 33 788 ha, 19 515 ha, 18 172 ha e 15 991 ha,
respectivamente (INE, 2011), e é tida como cultura clássica de segurança alimentar e
nutricional (Gomes, 2010; Low et al., 2000; citado por Alvaro et al., 2017).

Estudos recentes com cultivares de batata-doce mais produtivos têm mostrado respostas a
doses de N variando de 102 a 183 kg · ha – 1 (Foloni et al. 2013;Leonardo et al.
2014; Oliveira et al. 2006; Santos Neto et al. 2017).
No entanto, existe uma preocupação quanto à aplicação de altas taxas de N na cultura da
batata-doce. O excesso de N aumenta o índice de área foliar, diminui o desenvolvimento do
armazenamento raízes e o índice de colheita (IH), favorecendo o crescimento dos órgãos
vegetativos, além de prolongar o cultivo ciclo (Fernandes et al. 2018; 2020). Portanto, evitar
o crescimento vegetativo excessivo é importante para obter um alto rendimento. O uso de
reguladores de crescimento de plantas é uma abordagem para reduzir o crescimento excessivo
da parte aérea das plantas (Mabvongwe et al.2016).

Um dos factores de muitos produtores moçambicanos não obter o rendimento satisfatório que
possam comprar os insumos agrícolas, faz com que a batata-doce seja uma cultura importante
no sistema de produção, dado que esta cultura possui capacidade de produzir altos
rendimentos em solos marginais e sem grandes investimentos (Mulatu et al., (2004), citado
por Mazuze (2004).

Actualmente, há um crescente interesse na comercialização de variedades de BDPA na África


Subsaariana para o fabrico de pão, biscoitos e sumo a base destas variedades de batata-doce.
(Hagenimana, 2000; citado por Alvaro et al., 2017). Embora seja muito bem disseminada, o
investimento na cultura ainda é muito baixo, o que de certa forma contribui para que o
produto obtido seja no geral de baixa é relevante porque a maior parte da produção da batata-
doce em Moçambique é feita por mulheres em áreas de produção para sustentabilidade das
rendas familiares.

Apesar de apresentar grande potencial de uso para a alimentação humana, animal e industrial
e ter um custo de produção relativamente baixo, a espécie ainda deve ser melhor estudada e
se torna importante conhecer a adaptação de diferentes acessos em cada região de cultivo, a
fim de explorar ao máximo seu potencial. A razão pela qual propõe-se esse trabalho com o
objectivo de avaliar o rendimento de produção das ramas e o efeito de adubação foliar em
diferentes variedades de polpa alaranjada e roxa de batata-doce.

Definição do problema

A batata-doce (Ipomea batatas L.(Lam.)) constitui a fonte básica de alimentação para a


maioria da população rural e suburbana em todo país. A batata-doce tem sido objecto
constante de pesquisa devido à sua importância na alimentação humana, seja pela quantidade
consumida, pelo alto valor nutricional ou por sua elevada produtividade.

Apesar do reconhecimento universal do valor da cultura na estratégia de segurança alimentar


e na mitigação da desnutrição (crónica) infantil como importante fonte de vitamina A (Low et
al., 2000). Apesar dos esforços feitos pela CIP para identificação e libertação de variedades
altamente produtivas, as estatísticas mostram que os rendimentos continuam baixos (cerca de
8 ton.ha-1, Faostat.fao.org, 2015), valor abaixo da média mundial 14 ton.ha-1 (Nóbrega,
2011; Truong et al., 2011).

Os baixos rendimentos obtidos podem estar associados a diversos factores do sistema de


cultivo principalmente, a adaptabilidade desta cultura a regiões, a ausência de um programa
de adubação que satisfaça as necessidades nutricionais da cultura uma vez que esta muitas
das vezes é produzida nas zonas marginais (Silva et al., 2005)
Justificativa

O CIP tem estado a introduzir e disseminar novas variedades de batata-doce em


Moçambique, e torna-se necessário aferir o nível óptimo de adaptação destas culturas em
cada região do país de modo a assegurar uma boa qualidade e produtividade da cultura em
solos argilosos e complementar a falta de informação da manutenção do potencial qualitativo
das variedades libertadas.

Investimentos em pesquisa e desenvolvimento ao longo dos últimos anos têm gerado


tecnologias melhoradas de batata-doce capazes de melhorar a nutrição, a renda e a segurança
alimentar, sendo esta a altura de disseminar as tecnologias já disponíveis para as famílias
Moçambicanas.

Esta iniciativa do presente trabalho tem como objectivo global reduzir de forma sustentável a
pobreza, e a fome e melhorar o estado nutricional das populações sobretudo nas zonas rurais.
Contudo, produzir sementes de qualidade e quantidades suficientes para uma população em
crescimento. Para responder a este desafio será necessário apoiar e desenvolver inovações
tecnológicas que aumentem a produtividade agrária de forma sustentável para o ambiente e
que respondam à necessidade de alimentos de alto valor nutritivo, como a BDPA e BDPR.

Este estudo, que na sua essência permitirá contribuir com informação relevante sobre o
sistema de produção de BDPA (Batata-doce de polpa alaranjada), de polpa roxa ao nível das
comunidades beneficiárias do material de propagação, as quantidades produzidas em cada
zona da área de estudo, o destino normalmente dado aos resultados da produção, assim como,
de algumas actividades promocionais no âmbito de educação nutricional e marketing.

Objectivos

Objectivo geral

 Avaliar o rendimento de produção das ramas de diferentes 4 variedades de batata-


doce.

Objectivos específicos

 Determinar o rendimento da massa verde das 4 (variedades).


 Determinar o rendimento na adição de adubação foliar nas 4 variedades.????????
 Identificar qual das variedades melhor se adapta nesta região e resistente sob o efeito
climatérico.

Hipóteses

 Há independência entre os factores variedade e dose de nitrogénio na produção do


rendimento média da massa verde nas variedades da cultura da batata-doce de polpa
alaranjada e de polpa roxa.
 Há pelo menos uma variedade que apresentara maior rendimento nas duas variedades
de polpa alaranjada e duas de polpa roxa.
Revisão bibliográfica

Origem e Distribuição da Batata-Doce

A batata-doce é originária das Américas Central e do Sul, encontrada desde a Península de


Yucatán, no México, até a Colômbia. Porém, há relatos de seu uso há mais de 10 mil anos,
com base em vestígios de batatas secas encontrados em cavernas no Peru e escritas
arqueológicas em regiões ocupadas pelos Maias (SILVA; LOPES; MAGALHÃES, 2008).
No entanto, a origem botânica e a localização geográfica da sua domesticação é desconhecida
(ROULLIER et al., 2013a). A batata-doce foi introduzida na Europa no final do século XV
aquando do regresso de Cristóvão Colombo, após a descoberta da América. Posteriormente
foi levada pelos portugueses para Angola, Moçambique, Índia e Timor, disseminando-se
pelos continentes africanos e asiático (AJAP, 2020).

Características botânicas da planta

A batata-doce é uma dicotiledónea da família Convolvulaceae, pertencente ao gênero


Ipomeia, da espécie Ipomoea batatas L. Esta família tem cerca de 50 gêneros e mais de 1.000
espécies, sendo a espécie Ipomoea batatas, cultivada com maior expressão econômica.
Enquanto, por exemplo, na China e na Malásia a espécie I. aquática é cultivado como
alimento, onde suas folhas e brotos são consumidos como hortaliça (ECHER, 2015).

A batata-doce é uma planta que produz raízes de reserva doces e suculentas. É uma herbácea
de caule rastejante que alcança 2-3 m de comprimento, com rama de coloração verde ou
rosada e pecíolos longos (Kay, 1973, Rossel et al., 2008).

O cultivares difere umas das outras pela cor da epiderme radicular (branca, creme, amarela,
vermelha), na cor da polpa das raízes, no tamanho e forma das raízes, período de maturação,
resistência a pragas e doenças e textura das raízes (Kay, 1973, Rossel et al., 2008).

As flores são alógamas, hexaplóides, Auto-incompatíveis, com propagação geralmente


ocorrendo por via assexuada (ERPEN, 2013; NÓBREGA, 2015).

Seu sistema radicular é composto por dois tipos de raízes: raízes absorventes e de reserva. As
raízes absorventes são caracterizadas por serem finas e possuírem a função de absorver água
e nutrientes do solo, enquanto as raízes de reserva ou tuberosas, são de maior espessura e com
a função de armazenamento, sendo considerado o órgão de interesse comercial da planta
(SILVA; LOPES; MAGALHÃES, 2008; FREITAS, 2018).
As raízes tuberosas são compostas por uma pele fina, casca e polpa. Normalmente a raiz pode
apresentar diferentes formas, podendo ser redonda, oblonga, fusiforme ou alongada. A pele
pode ser lisa ou rugosa e conter veias ou dobras. Tanto a pele, quanto a casca e a polpa
podem possuir diferentes colorações, em alguns casos pode haver acúmulo de antocianina
(arroxeada) e/ ou betacaroteno (amarela alaranjada) (SILVA; LOPES; MAGALHÃES, 2008;
FREITAS, 2018).

A reprodução da batata-doce pode ser realizada por meio das batata-sementes, ramas-semente
ou estacas e mudas. Normalmente o método mais utilizado é por ramas-semente, que consiste
na retirada de uma ou duas estacas da parte mais nova da haste, por enraizarem com maior
facilidade e posteriormente, planta-las. Outra forma, é pelo uso da própria raiz tuberosa,
quando retirada da planta mãe, ocorre a formação de gemas para brotação. Por fim, as mudas
são obtidas em viveiros através da brotação de gemas (NÓBREGA, 2015).

Exigências Edafoclimáticas da Cultura de Batata-doce.

Necessidades Térmicas e Hídricas.

Devido às suas características marcantes de rusticidade e capacidade de adaptação às


diferentes condições edafo-climáticas, a batata-doce pode ser cultivada em regiões
localizadas desde a latitude de 42°N até 35°S, desde o nível médio das águas do mar até
3.000 m de altitude (Silva et al., 2004).

Temperaturas médias de 20-24 ºC combinadas com fraca luminosidade, curto fotoperíodo e


baixa humidade do solo favorecem o desenvolvimento das raízes de reserva. Para um bom
crescimento vegetativo, as temperaturas mínimas e óptimas devem variar de 12-14 ºC e 21-24
ºC respectivamente, e a paragem do desenvolvimento vegetativo da cultura é dada quando a
temperatura é inferior a 10 ºC. As temperaturas críticas para a plantação são: nocturnas 10 ºC
e diurnas 16-18 ºC (Andrade et al., 2010; Barbosa, 2005; Cẽrmeno, 1988; Santos, 2009).

A cultura de batata-doce é tolerante a seca quando comparada com outras culturas, mas a
falta de humidade na fase inicial de formação das raízes de reserva pode reduzir o
rendimento. A fase crítica de disponibilidade de humidade no solo ocorre na primeira semana
após o plantio, pois as ramas não possuem ainda um sistema radicular para explorar a
humidade contida no solo, tornando-se necessário fazer pelo menos duas regas. Quanto ao
regime pluviométrico, a cultura deve ser implantada em regiões com média anual de 750 a
1000 mm de chuva, onde 500 mm são necessários durante a fase de crescimento (Andrade et
al., 2010; Mayhew e Penny, 1988).

Tipos de Solos e pH.

A batata-doce pode ser cultivada com êxito em diferentes tipos de solos, desde os francos
arenosos até os mais argilosos produzindo melhor em solos franco-argilosos. Entretanto,
quando os solos são muito pesados os rendimentos são baixos porque há formação de raízes
de reserva pequenas, com formatos irregulares e não aptas para a comercialização. Por outro
lado os solos leves (arenosos) facilitam o crescimento lateral das raízes, evitando a formação
de raízes tortas ou dobradas, facilitando a colheita. Porém, nestes mesmos solos, quando
chove os caules e as raízes ficam expostos e são facilmente infestados por gorgulho (Braga,
2005; Maroto, 1995; Santos, 2008).

Segundo Andrade et al. (2010) e Da Silva (2008), a batata-doce pode ser considerada como
tolerante à acidez do solo, sendo mais tolerante que a maioria das outras hortícolas. Porém
pode crescer e produzir bem em solos com pH na faixa de 4.5 a 7.7.

NITROGÊNIO E NECESSIDADES NUTRICIONAIS DA BATATA-DOCE

Apesar de ser uma cultura rústica e apresentar bons rendimentos em baixas fertilidades, há
indícios que a batata-doce possa ser responsiva à adubação. Estudos apontam que a adubação
balanceada afeta a qualidade e produção de raízes, pois, esses nutrientes estão envolvidos nos
processos bioquímicos e fisiológicos da raiz (OLIVEIRA et al., 2017).

Segundo o Boletim 200 (IAC, 2014), a adubação da batata-doce consiste na adubação de


plantio ou implantação com Nitrogênio-Fósforo-Potássio (NPK), complementada com
aplicações de cobertura de N e K, quando a dose de K for acima de 60 Kg ha-1, após 30 dias
do plantio.

A cultura da batata-doce necessita de uma grande quantidade de nitrogênio durante seu ciclo
de desenvolvimento, visto que de acordo com Ferreira (2017), este foi o nutriente mais
acumulado nas raízes e parte aérea, seguido por elementos como K e Ca, respectivamente.

Dessa forma, destaca-se que definir uma recomendação de nitrogênio para a cultura,
constitui-se em um desafio, pois, apesar de ser um nutriente importante para as hortaliças,
não existem uma recomendação adequada estabelecida para atingir altas produtividades
(SANTOS NETO et al., 2017).
Produção da Batata-Doce

A batata-doce é o sexto alimento mais importante no mundo, perdendo apenas para arroz,
trigo, batata, milho e mandioca (CIP, 2018). Em 2014, 118 países cultivaram batata-doce,
sendo que aproximadamente 75% da produção teve origem na Ásia, 21% na África e 4% no
restante do mundo (FAO, 2015). Em Moçambique, a batata-doce é a terceira cultura
alimentar mais importante depois do milho e da mandioca (Álvaro et al., 2017).

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