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Dissertao GuilhermeAlmeida
Dissertao GuilhermeAlmeida
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All content following this page was uploaded by Guilherme Camelier Almeida on 24 July 2014.
RIO DE JANEIRO
2010
1
Guilherme Camelier Almeida
RIO DE JANEIRO
2010
2
A498 Almeida, Guilherme Camelier
Síntese e caracterização espectroscópica de complexos de Sb(III), In(III) e
Bi(III) com o ligante 1,2-dicianoeteno-1,2-ditiolato / Guilherme Camelier
Almeida.-- 2010.
xvi, 119f.
CDD: 543.42
iii
Guilherme Camelier Almeida
Aprovada por:
iv
Dedico este trabalho em memória de minha avó Maria Ítala Figueiredo Almeida
Vóvó Neném
v
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus e a tudo o que nos guia......
Aos meus pais Rita e Carlos por todo amor, carinho, determinação, paciência, dedicação e
“investimento” que permitiram a realização de mais esta conquista em minha vida.
A minha orientadora Prof(a) Cássia Curan Turci pela paciência, dedicação, compreensão e
todos os conhecimentos transmitidos ao longo da execução deste trabalho.
Aos Professores Roberto de Barros Faria e José Alberto Portela Bonapace por toda
motivação, ajuda e incentivo em desvendar as fronteiras da nossa querida “ciência central”.
Ao professor Octavio Augusto Ceva Antunes (In memoriam), com o qual pouco convivi,
no entanto este convívio foi intenso o bastante para me incentivar neste árduo caminho que
é desvendar as fronteiras da ciência e ter uma compreensão maior da parte e do todo. Este
trabalho também é dedicado ao Prof. Octávio.
Aos Professores, amigos e colaboradores Dr. Antonio Carlos de Oliveira Guerra e Dr.
Glaucio Braga Ferreira por toda ajuda e pelo precioso tempo cedido sem o qual não seria
possível a realização deste trabalho. Estamos Juntos!
Aos meus colegas de mestrado Tatiana Lopes, Elizabeth Teixeira, Hugo Orofino, Aires
Conceição, Marcus Parreira, Jorge Rodrigues e Leonardo Cunha pela amizade, pelo ombro
amigo, pela diversão e por toda a força dada nos momentos difíceis.
A equipe do LNLS por todo suporte dado na realização dos experimentos, especialmente
ao Dr. Flavio C. Vicentin por todo o suporte e pela paciência e gentileza em transmitir o
seu conhecimento.
A minha irmã Maria Thereza que com o seu sorriso de criança, me deu força para vencer
os mais árduos desafios.
A Leonice (Minha Terceira orientadora!) e Carlos por toda a ajuda com as medidas no Lab
628.
vi
RESUMO
complexos do tipo [E+(MNT)2](n-4) (E= Sb+3, In+3, Bi+3); MNT= 1,2- dicianoeteno-1,2-
compostos.
vii
ABSTRACT
ALMEIDA, Guilherme Camelier. Síntese e caracterização espectroscópica de
complexos de Sb(III), In(III) e Bi(III) com o ligante 1,2-dicianoeteno-1,2-ditiolato. Rio
de Janeiro, 2010. Dissertação (Mestrado em Química)- Instituto de Química,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.
transfer salts. In the present work, [E+(MNT)2](n-4) complexes (E= Sb+3, In+3, Bi+3) ;
as a counter-ion, have been prepared in order to analyse the changes that probably occur in
Fock (RHF) and Density Functional Theory (DFT-B3LYB) as well as inner shell
viii
SUMÁRIO
Resumo VII
Abstract VIII
Índice de Figuras XII
Índice de Tabelas XIV
Lista de Siglas XV
I Introdução 01
1.1 Considerações gerais e principais objetivos 01
2.1 Introdução 21
ix
2.6 O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron 41
2.6.1 Principais componentes da fonte de luz síncrotron 44
2.6.2 Principais componentes do anel de armazenamento 45
2.6.3 Descrição da linha SXS
(Soft X-Ray Spectroscopy Beam Line) 48
IV Resultados e Discussão 71
x
4.2.4.1 Desconvolução dos espectros de camada interna 90
V Conclusão 99
ANEXOS 110
xi
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura Página
1 Sistema TTF-TCNQ 5
2 Duas perspectivas da Estrutura cristalina do (TMTSF)2 PF6. 7
3 Estrutura obtida por difração de raios-X do ([TTF][Ni(dmit)2]2). 8
4 O Dímero Cis-Cis MNT 11
5 Estrutura da Tetracianoditiína 11
6 Mecanismo de Oxidação do ligante MNT em solução aquosa com 12
pH em torno de 5,0
7 Estrutura Quadrática Plana dos Complexos do tipo 13
M(S2C2(CN)2)2
8 Superfícies de contorno dos quatro últimos orbitais moleculares 17
de maior energia ocupados do ligante 1,2-etenoditiolato de
acordo com os métodos ab initio e DFT.
9 Duas visões do Contorno do orbital HOMO para o íon complexo 19
[Ni(MNT)2]-1
10 Excitação e Ionização de elétrons de Camada de valência e de 23
camada interna.
11 Ilustração da Emissão da Radiação Síncrotron através da deflexão 24
magnética de um feixe de elétrons numa trajetória circular.
12 Relação entre a energia de ligação do elétron 3d5/2 do Xenômio e 36
o seu estado de oxidação.
13 Processos de decaimento de Camada Interna “Core-Hole” 37
14 Processos "shake-up" e "shake-off" 40
15 Figura Esquemática de uma fonte de luz síncrotron. 42
16 Anel de Armazenamento do LNLS 43
17 Desenho esquemático das linhas de luz presentes no anel de 47
armazenamento do LNLS
18 Visão Esquemática da linha SXS. 49
19 Desenho técnico 3D dos componentes da nova linha SXS. 50
20 Comparação entre as resoluções dos cristais no intervalo 52
operacional da nova linha SXS.
21 Nível superior da estação experimental da linha SXS 53
22 Reação geral de preparação do ligante MNT 56
23 Reação geral de preparação dos Compostos de Coordenação do 58
MNT
xii
Figura Página
24 Porta Amostras da Linha SXS com as amostras afixadas sobre 63
uma fita de dupla-face de carbono
25 Um dos espectros de camada interna do Au0 na região 4f medidos 64
na linha SXS para calibração.
26 Média dos espectros de fotoabsorção do composto 68
[NEt4][In(MNT)2] na borda S 1s.
27 Espectro de fotoemissão na borda S2s do [NEt4][Sb(MNT)2] com 69
correção de fundo.
28 Estrutura Cristalina do ânion no Complexo [AsPh4 ][Bi(MNT)2] 73
29 Estruturas propostas para os halogeno-complexos de bismuto 74
com o MNT.
30 Espectro IV-TF do ligante Na2MNT na região do infrevermelho 76
médio.
31 O Estiramento υ3 78
Espectros IV-TF na região do infravermelho distante do ligante 79
Na2MNT e dos complexos [NEt4][In(MNT)2], [NEt4][Sb(MNT)2]
32 e [NEt4]2[Bi2(MNT)3Br2].
33 Espectro IV-TF do complexo [NEt4][In(MNT)2] na região do 80
infravermelho médio.
34 Espectro UV-Vis desconvoluído do ligante Na2MNT em metanol. 82
35 Espectro UV-Vis desconvoluído do complexo [NEt4][Sb(MNT)2] 84
em acetonitrila.
36 Otimização geométrica do composto [Net4][Sb(MNT)2] [1] 86
37 Otimização geométrica do composto [Net4][In(MNT)2] [2] 87
38 Otimização geométrica do composto [NEt 4]2[Bi2(MNT)3Br2] 88
39 Espectro XPS (varredura longa) para o composto 92
[NEt4][Sb(MNT)2] [1].
40 Espectro XPS (varredura longa) para o composto 92
[NEt4][In(MNT)2] [2].
41 Espectro XPS (varredura longa) para o composto 93
(NEt4)2[Bi2(MNT)3Br2] [3].
42 Espectro de fotoemissão do composto [NEt4][Sb(MNT)2] na 94
região 3d do Antimônio.
43 Espectros de fotoabsorção (XANES) para a borda 1s do S dos 96
compostos [1], [2] e [3].
44 Interface do programa SpecsLab. 111
xiii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela Página
xiv
LISTA DE SIGLAS
1D Unidimensional
2D Bidimensional
DCM Double Crystal Monochromator
DFT Density Functional Theory (Teoria de Funcional Deensidade)
Dmit 1,3-ditiola-2-tiona-4,5-ditiolato
ECP Pseudopotencial
EIV Energia de Ionização Vertical
ENDOR Electron-nuclear Double ressonance
EPR Ressonância Paramagnética Eletrônica
ESSEEM Electron Spin Echo Envelope Modulation
ESCA Electron Spectroscopy for Chemical Analysis (Espectroscopia Eletrônica
para Análise Química)
EXAFS Extended X-Ray Absorption Fine Structure (Estrutura Fina Estendida de
Absorção de Raios-X)
HOMO Highest Occupied Molecular Orbital (Orbital Molecular Ocupado de mais
alta energia)
IV-TF Espectroscopia Vibracional na região do Infravermelho Resolvida por
Transformada de Fourier
LEED Difração de Elétrons de Baixa Energia
LINAC Linear Accelerator (Acelerador Linear de Elétron)
LNLS Laboratório Nacional de Luz Síncrotron
LUMO Lowest unoccupied molecular orbital (orbital molecular vazio de mais
baixa energia)
MCP Microchannel Plate
MNT 1,2-dicianoeteno-1,2-ditiolato (malonitriladitiolato)
NEXAFS Near Edge X-Ray Absorption Fine Structure (Estrutura Fina de Absorção de
Raios-X próxima a borda de absorção)
OM Orbital Molecular
PES Photoelectron Spectroscopy (Espectroscopia Fotoeletrônica)
PI Potencial de ionização
SALC Symmetry Adapted Linear Combinations (Combinações Lineares de
Simetria Adaptada)
SBK Base de Steven, Bash e Krauss
SEP Superfície de Energia Potencial
SBQ Sociedade Brasileira de Química
SEXAFS Surface Extended X-Ray Absorption Fine Structure (Estrutura Fina de
Absorção de Raios-X Estendida para a superfície)
SGM Spherical Grating Monochromator (Monocromador de Grade Esférica)
SXS Soft X-Ray Spectroscopy (Espectroscopia de Raios-X moles)
TBA n-tetrabutilamônio
TCML Transferência de Carga Metal-Ligante
TCNQ 7,7,8,8-tetraciano-p-quinodimetano
xv
TEY Total Electron Yield (Produção Total de Elétrons)
TGM Toroidal Grating Monochromator (Monocromador de Grade Toroidal)
TMTSF Tetrametiltetraselenafulvaleno
TOM Teoria do Orbital Molecular
TTF Tetratiofulvaleno
UPS Ultraviolet Photoelectron Spectroscopy (Espectroscopia Fotoeletrônica de
Ultravioleta)
UV Ultravioleta
UVV Ultravioleta de Vácuo
UV-Vis Espectroscopia Vibracional na Região do Ultravioleta-Visível
XPS X-Ray Photoelectron Spectroscopy (Espectroscopia Fotoeletrônica de
Raios-X)
XANES X-Ray Absorption Near Edge Structure (Estrutura de Absorção de Raios-X
próxima a borda de absorção)
xvi
Introdução
como miméticos enzimáticos. Na área de ciência dos materiais são usados como sais de
podem apresentar e apontam para a forte dependência do tipo de arranjo cristalino adotado
pelas unidades aniônicas em relação ao tipo e tamanho do cátion utilizado nestes sais de
eletrônicos iniciais bem localizados, o que facilita a interpretação espectral e ainda permite
camada interna por suas diferenças em energia. Excitações de camada de valência podem
ser definidas como processos que ocorrem em uma faixa de energia de até 50 eV. Esta
eV. Esta corresponde à região de energia de fótons na região dos raios-X moles (Turci,
1996).
2
fotoabsorção e fotoemissão de camada interna em fase sólida, adquiridos com o auxílio da
Optou-se pelo ligante MNT pois, este é um ligante polissulfurado versátil, que pode
aos utilizados neste trabalho, previamente estudados por Silvino (2002) e Ferreira et al.
cis-1,2-dicianoeteno-1,2-ditiolato
MNT
[1]
3
Os diferentes tópicos contidos neste trabalho foram elaborados da seguinte forma:
(LNLS), bem como suas instalações, onde foram adquiridos os espectros de camada
interna.
bem como a aquisição e o tratamento dos espectros de camada interna dos mesmos.
devidamente desconvoluídos.
4
1.2 Sistemas condutores baseados em ligantes polissulfurados, um breve histórico
representantes desta classe de compostos eram sais de TTF [2] (tetratiofulvaleno) e TCNQ
de carga com elevado valor de condutividade elétrica (Figura 1). A estrutura cristalina
desse sal é formada por colunas de um receptor π (TCNQ), intercaladas por colunas de um
doador π (TTF), ocasionando a troca parcial de carga. Devido ao fato da condutividade ser
(TMTSF)2X onde X= PF6 ou ClO4 (Jerome, Ribault & Bechgaard, 1980). De forma
das unidades TMTSF com curtas distâncias intermoleculares. Esta proximidade produz
uma grande interação entre os orbitais π do selênio, o que gera uma grande deslocalização
conhecidos até então, pelo fato de também possuírem interações entre colunas diferentes,
bidimensional (2D). No entanto a interação entre colunas não é muito efetiva, devido à
6
Figura 2: Duas perspectivas da Estrutura cristalina do (TMTSF)2 PF6.
complexos do ligante dmit com os metais de transição níquel e paládio, o que incentivou
um receptor π [Ni(dmit)2] [5]. Pode-se observar, através da estrutura obtida por difração de
são curtas o bastante para permitir interações do tipo ânion-ânion e ânion-cátion, ambas
por intermédio dos átomos de enxofre. Este tipo de interação é muito comum em
TTF
TTF
[Ni(dmit)2] [Ni(dmit)2]
Com base nestes exemplos torna-se evidente a importância dos complexos com
8
em densidade eletrônica π e a capacidade de coordenar-se a diversos metais fazem da
novos condutores moleculares, mas para uma gama de aplicações que incluem a óptica não
(McCleverty,1968) e desde então o ligante MNT já recebia considerável atenção pelo fato
2004) são bastante conhecidas na literatura e, assim como a primeira, relatam uma vasta
vários compostos com este ligante. Alguns deles são brevemente discutidos a seguir.
Outro fato que tem despertado bastante interesse pelo ligante MNT e seus compostos
eletrônica de complexos com MNT também são discutidos. Fornecer dados para uma
9
1.3.1 A química do ligante 1,2-dicianoeteno-1,2-ditiolato
carbono (CS2) com o cianeto de sódio (NaCN) em Dimetilformamida (DMF). Neste meio
com liberação de enxofre elementar, resultando no diânion do MNT, que pode então ser
isolado sob a forma de seu sal divalente de sódio (Na2MNT). Locke e McCleverty
em apenas 8 horas.
(McCleverty,1968).
dímero cis-cis MNT com uma ligação (S-S) (Figura 4). Este dímero pode ser convertido
em sua totalidade para a forma trans-trans MNT, sob refluxo com 1,2 dimetoxietano por
10
Figura 4: O dímero Cis-Cis MNT
& Vest,1962). Acreditava-se que a oxidação do dímero cis-cis levava à formação de uma
11
Figura 6: Mecanismo de oxidação do ligante MNT em solução aquosa com pH em torno de 5,0.
aquosa ou alcoólica. Esta regra se aplica aos metais do grupo do níquel e ao zinco, cobre,
12
cobalto, ródio e manganês. Todos os metais citados são capazes de formar espécies
ligante MNT.
NC CN
S S
S S
NC CN
representativos como índio, germânio e estanho, também são capazes de formar espécies
A coordenação do MNT com íons metálicos do grupo 15, que ocorre com a presença
13
coordenação com três ligantes, formando-se uma conformação pseudo C3. Os metais de
maior raio atômico deste grupo, como o Bismuto, por possuírem a capacidade de obter
com a presença de átomos de enxofres ligados em ponte e com potencial para a formação
reacional (Raston et.al. 1981). Esta tendência não é observada para o Antimônio que forma
A adição do Na2MNT a soluções aquosas contendo o íon Ag+ pode levar ao complexo
concentrações relativas do metal e do íon. A adição do sal de sódio do MNT a uma solução
(McCleverty, 1968).
14
Trabalhos mais recentes destacam a obtenção de complexos do MNT com derivados
acetileno hidratase, que possui WIV em seu sítio ativo. O complexo [WIVO2(MNT)2]-2 é
metálicos com ligantes polissulfurados, tem recebido recentemente muita atenção dos
computacionais empregados nos cálculos quânticos das estruturas moleculares, aliado aos
foi proposto em 1999, e tem como base dados advindos da espectroscopia de fotoelétrons
destes compostos (Westcott, Gruhn & Enemark, 1998), que apontam um forte caráter S3p
na composição dos OM’s de valência dos mesmos, com uma pequena contribuição dos
carbonos etilênicos. O modelo considera que os orbitais atômicos que participam das
ligações com o centro metálico são os orbitais 3p do enxofre que se encontram no plano de
15
ligação, ou seja, os orbitais (Spσ) com uma contribuição dos orbitais 3p do enxofre que se
encontram fora do plano da ligação, ou seja, os orbitais (Spπ). Estes orbitais formam uma
combinação linear de simetria adaptada (SALC) com os orbitais d do metal que possuem
Com base neste modelo de ligação, foram realizados cálculos ab-initio e de teoria de
contorno dos orbitais moleculares de fronteira que combinam com os orbitais d do metal
16
Figura 8: As superfícies de contorno dos quatro últimos orbitais moleculares ocupados do ligante
1,2-etenoditiolato, de acordo com os métodos ab initio e DFT (Stiefel, 2004).
[Ni(MNT)2]-1, com Ni(III) e configuração eletrônica (d7), revelam que a densidade de spin
localiza-se sobre os átomos de enxofre do MNT, revelando o forte caráter covalente das
ligações M-S e o forte caráter redox do níquel neste complexo, que transfere seus elétrons
para o ligante, podendo assim, em alguns casos, estabilizar um elevado estado de oxidação
como o Ni(IV).
17
Esta elevada transferência de carga no complexo é possibilitada pela grande
das técnicas ENDOR e ESSEEM. Os resultados mostram que 10% da densidade de spin
encontram-se nos carbonos etilênicos, 5% nos grupos cianeto e os outros 85% no caroço
[NiS4], sendo que cerca de 60% estão situados sobre os quatro átomos de enxofre. Estes
resultados estão de acordo com os cálculos feitos pelo Método de Huckel estendido, DFT e
evidentes no diagrama de contorno adaptado dos cálculos teóricos (Figura 9), o que reflete
o marcante acoplamento dos orbitais S 3pz com os orbitais 2p z dos carbonos etilênicos,
18
[Ni(MNT)2]-2
[6]
Figura 9: Duas visões do Contorno do orbital HOMO para o íon complexo [Ni(MNT)2]-1
(Adaptado de Stiefel, 2004).
19
Estudos semelhantes foram feitos sobre o complexo [Cu(MNT)2]-2 (Reijerse et. al.
1987) e (Sarangi et.al. 2006). Estes revelaram que o comportamento eletrônico deste
possui o seu orbital HOMO dxy alinhado com o eixo das ligações Cu-S. Desta maneira a
com pouca densidade espalhada pelos orbitais dos carbonos etilênicos e pelos grupos
cianeto, pois as últimas são facilitadas apenas por interações π entre os orbitais atômicos
do ligante e do metal.
20
II Aspectos Gerais das Espectroscopias de
Fotoemissão e de Fotoabsorção de Camada Interna.
2.1 Introdução
As espectroscopias de camada interna vêm sendo amplamente utilizadas na
ionização seletiva dos elétrons de camadas mais profundas dos átomos ou moléculas
(elétrons do caroço).
tipos de orbitais do caroço, são bem separadas e que os orbitais iniciais podem ser
estados iniciais a partir dos quais as transições podem ocorrer. Esta situação contrasta com
apresentam sobreposição de transições em energias muito próximas e, por assim ser, pode
ocorrer certa dificuldade na interpretação dos espectros (Silvino, 2002 apud Schwarz,
1974).
vez que uma transição só ocorre quando a energia do fóton (hυ) for igual à energia
necessária para a transição. Dependendo da energia do fóton, o elétron excitado pode ter
origem em um orbital de valência ou num orbital situado numa camada mais interna da
21
molécula (Figura 10). De acordo com sua energia e forma espacial, um orbital molecular
localizados.
Orbitais de Valência: distribuem-se por todo volume da molécula e podem ser separados
22
CONTÍNUO
RYDBERG
NÍVEIS
NÃO-OCUPADOS
VALÊNCIA
VIRTUAL
VALÊNCIA
NÍVEIS OCUPADOS
ESTADO
FUNDAMENTAL
CAROÇO
por meio da absorção de radiação de alta energia, geralmente, na faixa dos raios X. Nos
potencial de ionização é definido como a energia mínima necessária para ejetar um elétron
23
A grande disponibilidade de fontes monocromáticas de raios-X de alta intensidade,
difere de uma linha reta (Margaritondo & Weaver, 1984). Esta radiação é emitida na forma
24
A radiação foi observada pela primeira vez em laboratório em 24 de abril de 1947
“um pequeno arco brilhante de luz branca tangente a órbita do feixe de elétrons” (Elder,
1947).
embora não tenha sido o primeiro a observá-la, foi quem previu corretamente a sua
existência e seus efeitos na órbita de um feixe de elétrons quando este é acelerado por
localizado no mesmo laboratório de pesquisas da GE, onde mais tarde Haber a observaria.
Blewett publicou a sua proposição em 1946, sugerindo a busca pela radiação resultante da
esta que se revelou um instrumento incrivelmente poderoso para o estudo da matéria e suas
manifestações em seus níveis mais fundamentais. Propriedades como sua ampla faixa
pulsos menores que 1ηs, fazem da luz síncrotron uma ferramenta única para estudos de
25
resoluções temporal, espacial e angular em faixas de energia que seriam impossíveis de se
dedicadas integralmente à geração deste tipo de radiação, o que tem sido um dos fatores
estendem para regiões de maior energia são chamadas de oscilações EXAFS (Extended X-
Ray Absorption Fine Structure). Estas oscilações são causadas pelo espalhamento do
elétron ionizado pelos átomos vizinhos (Rehr et. al. 1978). A análise desta região fornece
elétron de camada interna para estados não ocupados, constituem a região conhecida como
XANES (X-Ray Absorption Near-Edge Structure). Esta região nos fornece informações a
respeito da densidade e da simetria dos estados de valência desocupados, uma vez que a
26
maioria das transições ocorre devido à excitação de um elétron do caroço no estado
fundamental para orbitais moleculares de fronteira e para orbitais de Rydberg (Figura 10)
por átomos leves, isto é átomos com baixo número atômico como Carbono, Nitrogênio,
Oxigênio e Flúor, cujas energias de ligação dos elétrons da camada (K) possuem valores
relativamente baixos, entre 250 e 750 eV, o que favorece imensamente a resolução e a
simplicidade das estruturas próximas às bordas de absorção para moléculas deste tipo.
superfícies, o que veio a consolidar o uso desta técnica como uma ferramenta de
Nos anos recentes, a região XANES também vem sendo chamada de NEXAFS (Near
Edge X-Ray Absorption Fine Structure). O termo XANES é mais utilizado para sólidos e
X-ray Absorption Fine Structure), uma versão da técnica EXAFS para superfícies
adsorventes. Pode-se pensar no termo NEXAFS como “Not-EXAFS” o que deixa claro
que estamos nos referindo a primeira parte do espectro de absorção de raios X, até 30 eV
acima da borda de absorção, que é a região anterior as oscilações EXAFS, onde ocorrem as
27
Um importante aspecto dos orbitais moleculares é o seu forte caráter direcional. Assim
aos orbitais moleculares não ocupados podem ser classificadas de acordo com sua
orientação com relação à ligação química ou ao plano em que a mesma se encontra, como
excitação de camada interna de moléculas. Elas podem ser consideradas como um estado
por uma barreira de potencial. Tal barreira isola temporariamente o nível virtual dos
acima do nível de vácuo. Por esta razão, algumas vezes, as ressonâncias de forma σ* são
pode ser vista como um fenômeno monoeletrônico que ocorre em duas etapas, no qual um
ressonâncias σ* são transições caracterizadas por picos largos e de baixa intensidade que
costumam aparecer na faixa mais alta da região XANES, ou seja, acima do nível de vácuo.
28
2.3.2 Ressonâncias π*
normalmente, os complementos anti-ligantes dos orbitais ligantes. Sendo assim, eles são
que, por sua vez, são parcialmente responsáveis pelas ligações químicas em uma molécula.
De um modo geral, o orbital molecular virtual de menor energia (LUMO) para uma
molécula diatômica ou poliatômica com pelo menos uma ligação dupla é sempre um
orbital π*, com os orbitais moleculares σ* ocorrendo em energias maiores. Assim, o pico
estado excitado do caroço, os orbitais tendem a deslocar-se para abaixo do nível de vácuo,
pois o orbital do caroço tem um elétron a menos para blindar a carga nuclear e assim
elétron excitado nos orbitais moleculares da valência virtual. Este efeito é responsável pela
energia da transição π* ser menor do que o PI. Devido a este fato estas transições são
Jugnetm, 1984). Estas transições são geralmente formadas por picos bastante intensos e
estreitos. A largura deste tipo de transição é determinada pelo tempo de vida do estado
excitado e pelo movimento vibracional da molécula. O tempo de vida do estado final é por
29
sua vez dependente do mecanismo de decaimento para um estado menos energético, que
Até hoje, a explicação da grande intensidade das transições caroçoπ* não é bem
fronteiras das moléculas no estado fundamental. Estes orbitais tendem a se misturar com
assim, o estado final passa a ter um caráter mais próximo de um orbital de valência do que
convergindo para o PI. O valor do termo (VT) para uma transição em particular de uma
representado pelo seu número quântico de momento angular (l). A equação (1) foi usada
pela primeira vez por Rydberg para estudar o espectro de átomos alcalinos.
30
VT = PI – Em = R/(n-δl)2 (1)
originalmente postulada por Bohr e prevista pela mecânica quântica, nos sugere que,
caroço carregado positivamente, para que o mesmo o “veja” apenas como uma carga
pontual. Tomando-se como base esta abordagem, o defeito quântico na equação 1 pode ser
1996).
As ressonâncias de Rydberg são, geralmente, mais fracas nas bordas de energia mais
espacial com o orbital de Rydberg. A mistura dos orbitais de Rydberg com orbitais de
31
2.4 A Espectroscopia XPS (X-Ray Photoelectron Spectroscopy)
eletrônica para análise química (ESCA), a qual emprega raios-x como fonte de ionização e
além de medir a energia de ligação dos elétrons de valência, também é permitido observar
32
2.4.1 Aspectos Teóricos
como nível de referência pode ser calculada pela equação (2), se levarmos em conta o
Ei = Efonte - Ec - Er (2)
É importante frisar que apenas um único elétron, seja ele um elétron de valência ou
pertencentes ao estado eletrônico da molécula ionizada (M+). Desta forma, a equação (2), a
33
qual representa a energia necessária para ejetar um elétron de uma determinada molécula
após a fotoionização.
distâncias internucleares da molécula e seu respectivo íon são semelhantes. A Eiv pode ter
valor igual ou maior que a energia de ionização adiabática e, em muitos casos, pode-se
(frozen core), nos diz que a energia de ionização vertical para a remoção de um elétron de
um orbital molecular qualquer é igual, em módulo, à energia deste mesmo orbital obtida
qualquer tipo de alteração que a remoção de um elétron da molécula possa provocar nos
orbitais vizinhos ao OM do qual o elétron foi ejetado (Stohr, 2002). Se durante o processo
de ionização houver algum tipo de relaxação eletrônica ou uma mudança significativa nas
34
energias de correlação, o que sempre ocorre em um processo real de ionização, então o
No entanto, o teorema funciona como uma boa aproximação para associar os picos
molécula medida.
energética do Cu1s por Siegbahn e colaboradores em 1957. Eles observaram uma diferença
significativa de energia, da ordem de 4,4 eV, nos espectros do Cu0 e do CuO. Um pouco
mais tarde, o mesmo grupo observou novos deslocamentos na energia de ligação na região
oxidação do átomo. Um exemplo disto pode ser visto na figura 12 que correlaciona a
35
Figura 12: Relação entre a energia de ligação do elétron 3d5/2 do Xenônio e o seu estado de
oxidação.
36
37
2.5.1 Fluorescência de raios X
M* → M* + hυ
M+ → M+ + hυ
M* → N + P
M+ → N+ + P
camada (mesmo número quântico principal, por exemplo 2p em 2s). Outro tipo
38
Kronig, no qual a primeira vacância é preenchida por um elétron de mais alta energia
M+ → M+2 + e-
2.5.4 Autoionização
M* → M+ + e-
que consegue explicar com sucesso espectros de fotoemissão, os quais são dominados por
picos originados de elétrons “ativos”. No entanto, uma análise mais minuciosa destes
espectros revela a presença de picos satélites, que podem ser associados com a excitação
absorção de um fóton de raios-X pelo elétron “ativo” que antes ocupava o orbital do
caroço, pode arremessar um ou mais elétrons “passivos” para estados excitados (Turci,
1996).
De uma maneira geral, dois tipos de efeitos podem ser caracterizados. Quando o
“Shake-Up”, e quando este elétron “passivo” também é ionizado, produzindo uma dupla
39
ionização na molécula, o processo é chamado de “Shake-off” (Figura 14). Estes dois tipos
se em energias cinéticas mais baixas, isto é, em maiores PIs do que a linha principal de um
"SHAKE-UP" "SHAKE-OFF"
+* -
AB + h ---> AB +e AB + h ---> AB2++ 2e-
NÍVEIS
NÃO-OCUPADOS
VALÊNCIA
CAROÇO
40
2.6 O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron
começou a ser idealizado em 1987, com o objetivo de colocar o Brasil no seleto grupo de
desde então, a única fonte de luz síncrotron da América do Sul, fonte esta que proporciona
novos materiais, mais econômicos, menos danosos ao meio ambiente e, ao mesmo tempo,
de 1,37 GeV, tendo um acelerador linear de partículas (LINAC) de 120 MeV como fonte
injetora de elétrons. A radiação produzida é retirada do anel através das linhas de luz, que
41
42
2.6.1 Principais componentes da fonte de luz síncrotron
43
2.6.1 Principais componentes da fonte de luz síncrotron
a) Canhão de Elétrons
aceleram estes elétrons em linha reta até uma velocidade próxima a da luz. A energia final
dos elétrons no LINAC é de 120 MeV. O LINAC possui dezoito metros de comprimento e
c) Injetor (Booster)
energia final dos elétrons no anel de armazenamento (1,37 GeV). O booster também
de circunferência e 29,7 metros de diâmetro. A energia final dos elétrons no anel é de 1,37
GeV.
44
2.6.2 Principais componentes do anel de armazenamento
a) Câmara de Vácuo
Tem a função de repor a energia que é perdida pelos elétrons sob a forma de
radiação síncrotron. Pulsos de radiofreqüência são disparados por esta cavidade, renovando
c) Dipolo
dipolo desvia a trajetória dos elétrons de 300. Existem doze dipolos ao longo do anel de
armazenamento.
d) Quadrupolo
e) Sextupolo
45
f) Sistema de Controle
g) Linhas de Luz
São os terminais por onde chegam, sob ultra-alto vácuo, os feixes de fótons (luz
síncrotron) gerados pelos elétrons que circulam no anel. O feixe de fótons chega às linhas
pelos elétrons no anel (feixe branco), deduzida apenas de uma pequena divergência
vertical. Desta forma, o feixe necessita ser preparado para o uso nas estações
46
Figura 17: Desenho esquemático das linhas de luz presentes no anel de armazenamento do
LNLS. Fonte: (www.lnls.br).
Figura X: Linhas de Luz do LNLS
h) Estações Experimentais
íons. No caso das estações experimentais que trabalham com feixes de raios X moles e
UVV há ainda um sistema de bombas de vácuo que tem por finalidade sustentar, na câmara
de amostras, as condições de ultra-alto vácuo advindas do anel, pois nestes casos os feixes
47
i) Sistema de Ultra-Alto Vácuo
número de partículas com as quais os elétrons colidem ao longo de sua trajetória. Para
mantidos sob ultra-alto vácuo (10-10–10-11 mbar). Para este fim, é utilizado no LNLS um
Praticamente todas as linhas de luz são mantidas sob alto-vácuo e possuem sistemas de
A linha SXS é uma das linhas de luz do LNLS que operam na faixa espectral dos
raios-X moles (1000-6000 eV). Esta linha é utilizada para estudar as estruturas eletrônica,
compostos de coordenação, etc., podendo também ser importante para estudos acadêmicos
fotoemissão de camada interna tais como PES, XPS, NEXAFS, XANES, difração de
48
elétrons de baixa energia (LEED), e ainda experimentos de espectroscopia de elétrons
Auger.
A linha SXS foi instalada sobre um imã defletor de 2,73 m de raio capaz de produzir
um campo magnético de 1,67 T com os elétrons que saem do anel sob o potencial de 1,37
GeV. Acoplado ao imã, temos os componentes da linha propriamente dita, os quais estão
ampliar o intervalo de operação da linha de 1,8 à 3,5 keV para 1,0 à 6,0 kev, aumentar o
fluxo de fótons na região dos raios-X , melhorar a estabilidade temporal e espacial do feixe
nova linha SXS é apresentado na figura 19 e seus principais componentes são descritos a
seguir.
Figura 18: Visão Esquemática da linha SXS. 1) Imã defletor, 2) Front End, 3) Câmara do espelho
focalizador, 4) Monocromador, 5) Estação Experimental. (Adaptado de Abbade et. al. 1999).
49
a) Front End: Localizado entre o imã defletor e a blindagem do anel é constituído de uma
50
b) Espelho Focalizador: É o primeiro componente da linha SXS localizado após a
mm e recoberto com uma fina camada de Níquel com 400 A0 de espessura, que opera sob
pares de cristais que podem ser selecionados por um sistema completamente automatizado.
(1010) e YB66. A Figura 20 apresenta uma comparação entre a intensidade dos fótons
(brilho) proporcionada por cada cristal ao longo do novo intervalo de operação da linha
51
1E11 YB66
Berilo
InSb
Si
Fluxo (fótons.[s.mradH.100mA] )
-1
Berilo old
1E10
InSb old
Si old
1E9
1E8
*Os cristais indicados como (old) na legenda, correspondem aos pares de cristais que compunham
a antiga linha SXS.
Figura 20: Comparação entre o brilho dos cristais no intervalo operacional da nova linha SXS.
(Vicentin, 2010).
preparação de amostras, ele possui três evaporadores e um canhão de íons de baixa energia,
elétrons, que pode ser utilizado para selecionar a energia dos elétrons ejetados pela amostra
manipulador permite o movimento de translação das amostras ao longo dos eixos X,Ye Z e
52
ainda confere liberdade de rotação de 3600 em torno do eixo Z. Geralmente, para a
aquisição de espectros de fotoabsorção o sinal dos elétrons ejetados pela amostra é medido
53
e) Sistema de Vácuo da linha: Localizado no nível inferior da estação experimental, o
sistema de vácuo é composto por um conjunto de bombas a óleo, que realiza o pré-vácuo
na câmara de amostras e uma bomba turbomolecular, que faz com que o interior da câmara
sublimação de titânio e uma bomba iônica, responsáveis por fazer com que o interior da
câmara de amostras atinja o ultra-alto vácuo e que o mesmo seja mantido durante os
experimentos.
54
III Parte Experimental
KBr para as medidas na região do infravermelho médio (4000-400 cm-1) e pastilhas de CsI
otimização da estatística dos espectros, foram acumuladas doze varreduras (scans) para
Perkin Elmer 2400 CHN, acoplado a uma microbalança Perkin Elmer AD-4, utilizando-se
soluções 10-4 mol/L em acetonitrila e/ou metanol, utilizando-se uma cubeta de quartzo
(1cmx1cmx1cm).
55
Os espectros de fotoabsorção e de fotoemissão de camada interna foram
(TEY), utilizando-se a radiação síncrotron como fonte de raios-X moles. Nas medidas de
CH3
O N - +
S S Na
CH3
NaCN + CS 2 2
CN
HCCl 3
Refluxo 8h
+ - - +
Na S S Na
+ S8 Enxofre Elementar
NC CN
cis-1,2dicianoeteno-1,2ditiolato de disódio
redondo contendo 200 mL de CHCl3, sob agitação magnética. Após 5 minutos de agitação
álcool etílico absoluto em ebulição, com posterior filtração à quente. Ao filtrado obtido
vácuo e lavados com éter-etílico até que os efluentes da lavagem estejam incolores. Os
IR (KBr:cm-1): 2197cm-1 (C≡N), 1440 cm-1 υ1 , 1151 cm-1 υ2 , 1115 cm-1 υ2 e (C-CN),
57
3.3 Síntese e Caracterização dos Compostos de Coordenação
esta solução adiciona-se uma solução metanólica contendo 1 mmol do haleto EX3 [E =
Sb(III), Bi(III) e In(III)]. A mistura reacional é mantida sob agitação por cerca de 16 horas.
Decorrido este tempo, ou até que seja observada uma mudança significativa de cor,
quatro horas.
58
Decorrido este tempo, a solução, antes colorida, torna-se límpida e incolor e obtém-
solução por meio de filtração. O sólido resultante é então lavado três vezes com 5 mL de
água destilada , uma vez com 5 mL álcool etílico absoluto e duas vezes com 5mL de éter
horas. Após a secagem, os sólidos são coletados em frascos de vidro com vedação
de umidade.
SbBr3 e 0,5 g (2,7 mmols) de Na2(MNT). O produto foi obtido na forma de um sólido
IR (KBr:cm-1): (C≡N) 2202 cm-1, 1 1482 cm-1, 1439 cm-1 , 2 1172 cm-1, 1142 cm-1,
59
3.3.3 Preparação do complexo [NEt4][In(MNT)2] (bis(1,2-dicianoeteno-1,2-
Na2(MNT) e 0,5 g (2,3 mmols) de InCl3. O produto foi obtido na forma de um sólido
IR (KBr:cm-1): (C≡N) 2201 cm-1, 1 1457 cm-1 , 2 1148 cm-1 , 3 860 cm-1,
4 , 5 316 cm-1
(2,0 mmols) de BiBr3, 1,86 g (10 mmols) de Na2(MNT) e 200 mL de uma solução 8 mM
secagem em linha de vácuo por um período de 48 horas. Decorrido este período, o sólido
foi dissolvido à quente em álcool etílico absoluto, permitindo que a solução resultante
resfriasse lentamente.
que o anterior. Este foi filtrado da solução e novamente dissolvido à quente em álcool
60
etílico absoluto. Este procedimento de recristalização foi repetido até a obtenção de um
IR (KBr:cm-1): (C≡N) 2198 cm-1, 1 1480 cm-1, 1458 cm-1 , 2 1171 cm-1,
H: 3,14% N: 8,10%
metais representativos com o MNT é relatada na literatura (Holmes & Day, 1987; Hunter
& Weakley,1983; Raston et. al.; 1981). Na carência de informações a respeito das
estruturas cristalinas destas moléculas, optou-se por fazer um estudo teórico de otimização
Densidade Híbrido (DFT-B3LYB), com a finalidade de estimar, para cada um dos três
interna.
61
Todos os cálculos teóricos feitos para os sistemas aniônicos quelatos do tipo [E(L)2]
interpretados com o auxílio do software Weblab ViewerLite ® 3.7. Todas estas plataformas
para os átomos metálicos foram utilizadas bases com pseudopotencial (SBK-ECP), com
uma função polarizada d, buscando-se um ponto mínimo de energia potencial (SEP) que,
regime TEY (total electron yield), onde todos os elétrons emitidos pela amostra sólida
Auger emitidos elasticamente e fotoelétrons. Estes elétrons são coletados por um detector
mostrado na figura 24, utilizando-se fitas dupla-face de carbono para fixar as amostras no
mesmo.
Figura 24: Porta Amostras da Linha SXS com as amostras afixadas sobre uma fita de dupla-face de
carbono.
pois, conforme observado no gráfico da figura 20, este proporciona maior intensidade do
monocromador foram ajustadas para 1mm. Para a calibração dos espectros de XPS e
63
XANES, foram adquiridos espectros para uma amostra pura de ouro metálico (Au 0) na
região 4f.
Figura 25: Um dos espectros de camada interna do Au0 medidos na linha SXS para calibração.
da própria linha SXS para selecionar a energia dos elétrons que chegam ao MCP. A
complexos [1] , [2] e [3], com o objetivo de verificar a posição das principais energias de
destes compostos. Foram adquiridos três espectros de varredura longa para cada composto,
Por meio da análise espectral verificou-se, através das posições dos potenciais de
composto. Em seguida foram adquiridas cerca de 50 varreduras em cada pico, visando uma
melhor estatística nestas regiões. Os principais picos de emissão verificados para cada
[NEt4][Sb(MNT)2] [1] Sb 3d
[NEt4][In(MNT)2] [2] In 3d
(NEt4)2[Bi2(MNT)3]Br2 [3] S 1s
65
3.5.2 Medidas de XANES
desenvolvido pelo LNLS que efetua o controle automático da linha SXS. O software
feixe de luz síncrotron. Isto permite a seleção precisa do intervalo de energia necessário
para a aquisição de um espectro XANES em qualquer borda de absorção que esteja dentro
espectro XANES, adquirido na linha SXS, é obtido pela razão do sinal recebido dos
elétrons emitidos na amostra (I) e a corrente gerada pela radiação medida na própria linha
de luz (I0).
compostos [1] , [2] e [3] com, no mínimo, 10 varreduras na borda S 1s para cada
composto, visando uma melhor estatística dos resultados obtidos. Os espectros XANES na
confiabilidade dos resultados obtidos. Este aspecto é essencial para a discussão das
Desta forma, os espectros originais obtidos na linha SXS foram submetidos ao mesmo
66
tratamento, envolvendo as seguintes etapas: Truncamento (quando necessário), subtração
XANES, após serem submetidos ao tratamento acima descrito, foram normalizados com
BAN e BGAUSS, desenvolvidos pela empresa Tolmar Instruments®, descritos com mais
detalhes no Anexo I.
3.5.3.1 Calibração
Para os espectros de XANES, utilizou-se a borda 3d3/2 (2291 eV) e para os espectros de
XPS utilizou-se a borda 4f7/2 (84eV). A atribuição das bandas do Au0 foram feitas com o
Handbook e o valor medido na linha SXS para a borda Au 3d3/2 e uma diferença de 9 eV
para a borda Au 4f7/2. Estas diferenças foram subtraídas manualmente após a aquisição dos
mesmo composto em uma determinada borda, foi feita uma média de todos os espectros
adquiridos em uma mesma região, visando melhorar a estatística dos resultados obtidos.
67
Figura 26: Média dos espectros de fotoabsorção do composto [NEt4][In(MNT)2] na borda S 1s.
ionização de uma única borda. Este sinal pode ser separado do contínuo de ionização da
camada de valência pela subtração de uma curva suave, a qual é determinada por meio do
ajuste de uma função do tipo a(E-b)c ao sinal, logo abaixo da faixa de energia onde
68
300,0
[NEt4][Sb(MNT)2] S2s
C
O
250,0
N
T
A
G 200,0
E
N
S 150,0
(
C 100,0
.
P
.
50,0
S
)
0,0
225,0 230,0 235,0 240,0 245,0 250,0
(Hitchcock & Mancini, 1994). Para tal, a intensidade do espectro obtido a partir da média
dos espectros iniciais da molécula é convertida para a força do oscilador atômica, levando-
se em conta que fora da região próxima da borda de absorção, o sinal obtido no espectro é
69
Uma vez feita a correção de fundo para isolar o sinal da borda excitada, a intensidade
relativa foi convertida para uma escala absoluta, comparando-se o valor da força do
oscilador do enxofre atômico com a intensidade dos espectros obtidos em um valor fixado
0,00096 eV-1 (Henke et. al.; 1982). Assim, as intensidades dos espectros resultantes do
70
IV Resultados e Discussão
neste trabalho não apresentam decomposição quando expostos ao ar; no entanto são
éter etílico.
(Hunter, 1972).
Na literatura é descrito que os complexos do ligante MNT com In(III) podem ser
da razão molar MNT/In utilizada na síntese do complexo. Utilizando-se a razão molar (2:1)
tetracoordenado [NEt4][In(MNT)2] foi obtido com êxito. No entanto, não foi possível
71
Da reação do ligante MNT com o Bi(III) obtém-se uma série de compostos de
estequiometria variável. Isto se deve ao fato do Bismuto ser um átomo de elevado raio
atômico, o que favorece estruturas com alto número de coordenação, o que por sua vez
e 6s2 respectivamente. Raston et. al. (1981), salientam que os quelatos de antimônio
tendem a formar estruturas com algum grau de simetria. Os autores citam como exemplo o
Com relação aos aspectos estruturais dos complexos de Bi+3 sabe-se que a maior
dimensão deste íon favorece o aumento do número de coordenação, que por sua vez
complexos de Bi(III) com o MNT propostas por Hunter & Weakley em 1983. Os autores
fundamentam sua proposição com base no fato de que até o momento foi descrito somente
72
Figura 28: Estrutura Cristalina do ânion no Complexo [AsPh4][Bi(MNT)2]
73
A
Assim sendo, na reação do MNT com Bi(III) obtém-se uma mistura dos complexos
estequiométrica MNT/Bi também não influencia a formação dos produtos. Uma mistura
das três espécies citadas é sempre obtida, e para separá-las é necessário recorrer a uma
74
menos solúvel, seguido do complexo (NEt4)2[Bi2(MNT)3X2]. O complexo
apenas o complexo (NEt4)2[Bi2(MNT)3Br2] foi isolado com pureza adequada para dar
prosseguimento ao trabalho.
bandas relativas ao ligante MNT (Tabela 3). Também observou-se nos espectros
75
Com base nos trabalhos prévios de Davison et. al. (1964), Shrauzer e Mayweg
(1965) e Adams e Cornell (1967), McCleverty (1968) coletou resultados a respeito dos
modos vibracionais que estão sempre presentes nos espectros de infravermelho dos
apresentam anéis do tipo (S2C2R2), onde (R) é um substituinte qualquer de cadeia alifática
axial da ligação (C≡N) em torno de 2200 cm-1. (Tuck & Yang , 1971) e (Hunter, 1972).
76
A absorção característica citada na literatura como 1 refere-se ao estiramento das
ligações (C=C) e aparecem como uma única banda em torno de 1450 cm-1 no ligante puro
e como um dubleto entre 1485-1470 cm-1 e 1455-1435 cm-1 nos complexos de MNT,
complexo , quando a carga total destes complexos diminui ou seja, quando o número de
das ligações (C-S). Esta banda de absorção aparece como um dubleto em 1155 cm-1 e 1115
cm-1 no ligante puro e entre 1175-1150 cm-1 e 1140-1115 cm-1 nos complexos. Se o estado
de oxidação do elemento central aumenta, ocorre doação eletrônica do ligante para o metal,
Mayweg, 1965).
do conjunto atômico descrito na Figura 31. Ela aparece em 860 cm-1 no ligante puro e não
metálico.
77
Figura 31: O Estiramento υ3
e são citadas, respectivamente, como 4 e 5 (Tabela 3). Elas costumam aparecer como um
Adams, 1967) e (Tuck e Yang,1971). Este fenômeno foi observado no espectro IV-TF do
dubleto em torno de 530-505 cm-1. Estas bandas são atribuídas a um modo de deformação
dos anéis de MNT (Stiefel, 2004). No espectro do ligante puro aparece apenas um intenso
78
Figura 32: Espectros IV-TF na região do infravermelho distante do ligante Na 2MNT e dos
Nos espectros obtidos para os complexos observa-se, além dos modos vibracionais
referentes ao ligante MNT e das bandas referentes aos estiramentos das ligações (E-S),
vibrações nas regiões em torno de 2990 cm-1 e 1375 cm-1, que correspondem,
79
Figura 33: Espectro IV-TF do complexo [NEt4][In(MNT)2] na região do infravermelho médio.
presentes no ligante (Bremi et. al. 2002). Esta banda foi observada em todos os espectros
de IV-TF obtidos tanto para o ligante quanto para os complexos. No ligante, esta banda
maiores, fato que pode ser explicado pelos efeitos da deslocalização eletrônica ao longo da
molécula dos complexos, de acordo com o que foi discutido anteriormente. No entanto,
ainda foi possível observar no espectro dos complexos uma banda de fraca intensidade na
80
região de 1115 cm-1, confirmando que este modo vibracional realmente é um modo
um ajuste de curvas (desconvolução) com o auxílio do software Origin 7.5, fornecido pela
empresa americana OriginLab®, com o objetivo de isolar com maior precisão o sinal de
81
1,0
0,9
0,8
Ajuste
0,7
Gauss
0,6
Absorvância
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
300 400 500
Comprimento de Onda (nm)
e do visível, geralmente, têm como base comparações com complexos do MNT com
metais de transição, cuja natureza e energia dos orbitais de valência já são bem conhecidas,
como no caso dos complexos de MNT com Ni , Pd, Pt e Cu (Persaud & Langford ,1985).
82
Tabela 4: Dados espectroscópicos de absorção na região do UV-Vis para compostos do
ligante MNT.
Composto Solvente * ε Lπ→M ε
[MNT] (L.mol-1.cm-1) (L.mol-1.cm-1)
Na2MNT MeOH 369nm 6.000 - -
[NEt4][Sb(MNT)2][1] CH3CN 324nm 7.560 432nm 3.130
[NEt4][In(MNT)2] [2] CH3CN 351nm 12.970 440*nm 2.100
[NEt4]2[Bi2(MNT)3Br2] [3] CH3CN 351nm 15.100 440*nm 5.300
-2Ф
Cu(MNT)2 CH3CN 317nm 15.670 430nm 4.764
Pd(MNT)2-2Ф CH3CN 325nm 20.200 440nm 5.700
Ф L.ALCHAN PERSAUD and COOPER H. LANGFORD Inorg. Chem.24,1985, 3562-3567.
.* Atribuição sujeita a confirmação por método ab initio.
São observadas três bandas no espectro do ligante MNT na região entre 800-200nm.
colaboradores (Shupack et. al. 1964). Neste trabalho a transição * do Na2MNT foi
A banda larga e intensa com pico em 387nm estende-se para a região espectral do
visível correspondente ao violeta e, devido a isto, acredita-se ser esta a banda responsável
pela cor amarelada do sal de sódio do MNT. Não foram encontradas na literatura
Ainda observa-se a formação de uma banda larga e bastante intensa com início em
torno de 300nm, que se estende para a região do ultravioleta além do limite de detecção do
83
1,0
0,8
Ajuste
Gauss
Absorvância
0,6
0,4
0,2
0,0
300 400 500
Comparando-se as bandas obtidas nos espectros dos três complexos obtidos neste
trabalho com as atribuições feitas por Persaud & Langford (Persaud & Langford, 1985).
para os complexos do MNT com Cobre, Paládio , Platina e Niquel, utilizando-se o mesmo
MNT. Ela desloca-se para comprimentos de ondas mais baixos em relação ao ligante puro
(Tabela 4), fato este que também é observado para complexos do ligante dmit com Sb+3 e
Bi+3 com relação às transições * do dmit (Ferreira et. al. 2007). Este dado reflete a
ou seja uma banda de transferência de carga metal-ligante (TCML). Uma transição nesta
região foi observada nos complexos do MNT com elementos representativos sintetizados
84
neste trabalho (tabela 4). Métodos ab initio vêm sendo empregados desde então pelo Prof.
Dr. Glaucio Braga Ferreira (IQ/UFF) para que se possa atribuir todas as transições
observadas nos espectros do ligante e dos compostos [1], [2] e [3]. Resultados parciais dos
carga da nuvem π, advinda da ligação dupla dos carbonos sp2 do ligante, para o átomo de
antimônio. Este resultado foi publicado nos anais da 33 a reunião anual da SBQ (Almeida
et. al. 2010) Acredita-se que a transição encontrada em 440nm nos complexos
simetria C2 para o complexo [1], cujo centro metálico apresenta cinco coordenações das
quais, quatro são pertencentes aos enxofres tiolatos e uma pertencente ao par de elétrons
isolado no átomo central. Este par isolado ocupa um sítio de coordenação axial como se
85
Figura 36: Otimização geométrica do composto [Net 4][Sb(MNT)2] [1]
tetraédrica com simetria Td ao redor do átomo central, como sendo a configuração mais
estável para o complexo [2]. Todos os quatro sítios de coordenação formados pelos
86
Figura 37: Otimização geométrica do composto [Net 4][In(MNT)2] [2]
Para o composto [3] foi obtida uma conformação que se assemelha ao monômero da
estrutura proposta por Hunter e Weakley em 1983 (mostrada na Figura 29). A estrutura
obtida pelos métodos computacionais difere no fato de que as pontes de enxofre que unem
conformação estrutural dimérica como sendo a conformação estrutural com menor energia
global para o composto [3], diferente da conformação polimérica imaginada por Hunter e
Weakley. A conformação geométrica obtida para o composto [3] é mostrada na Figura 38.
87
Figura 38: Otimização geométrica do composto [NEt4]2[Bi2(MNT)3Br2]
empregados para os compostos [1], [2] e [3], são mostrados nas Tabelas 5, 6 e 7.
88
Tabela 5: Comprimentos em (A0) estimados para as ligações químicas presentes no composto [1].
[NEt4][Sb(MNT)2]
Ligação Química Comprimento Calculado (A0)
Sb-S2 2,67
Sb-S3 2,67
Sb-S4 2,51
Sb-S5 2,51
C-S 1,77
C-C 1,43
C=C 1,37
C-N 1,17
Tabela 6: Comprimentos em (A0) estimados para as ligações químicas presentes no composto [2].
[NEt4][In(MNT)2]
Ligação Química Comprimento Calculado (A0)
In-S2 2,50
In-S3 2,50
In-S4 2,50
In-S5 2,50
C-S 1,77
C-C 1,43
C=C 1,38
C-N 1,17
89
Tabela 7: Comprimentos em (A0) estimados para as ligações químicas presentes no composto [3].
[Net4] 2[Bi2(MNT)3Br2]
Ligação Química Comprimento Calculado (A0)
Bi1-S2 2,81
Bi1-S3 2,57
Bi1-S4 2,67
Bi1-S5 2,81
*
Bi1---S18 3,26
Bi19---S2* 3,21
Bi19-S18 2,84
Bi19-S21 2,65
Bi19-Br22 2,76
Bi19-Br23 2,86
C=C# 1,40
#
C-N 1,20
S2-C11 1,82
S3-C12 1,84
S4-C15 1,84
S5-C16 1,82
S18-C20 1,82
S21-C25 1,84
* #
Interações Intermoleculares Bi-S; Todas as ligações químicas desta espécie presentes no
composto apresentam este comprimento de ligação.
ajuste de curvas, de modo a permitir uma atribuição espectral precisa e com significado
físico. O ajuste foi feito com o algoritmo BGAUSS (Anexo I). Na desconvolução dos
espectros de fotoemissão em uma dada região foram utilizadas funções gaussianas para o
90
ajuste dos potenciais de ionização, de acordo com os ambientes químicos existentes para
cada elemento.
compostos [1], [2] e [3], principalmente aqueles não caracterizados na análise elementar do
tipo CHN. Os elementos representativos índio, bismuto e antimônio, bem como o enxofre,
aparecem nesses espectros. Em alguns destes espectros de varredura longa (long scan),
observa-se a presença de picos na região do oxigênio, reconhecido por sua borda K. Este
foi também observada nos espectros na região do infravermelho (Anexo II), através da
A análise dos espectros revelou os principais picos (elementos presentes) para cada
91
Figura 39: Espectro XPS (varredura longa) para o composto [NEt4][Sb(MNT)2] [1].
Figura 40: Espectro XPS (varredura longa) para o composto [NEt4][In(MNT)2] [2].
92
Figura 41: Espectro XPS (varredura longa) para o composto [NEt4]2[Bi2(MNT)3Br2] [3].
no composto [3], pois o bismuto não apresenta seção de choque satisfatória para uma boa
aquisição de dados em regiões energéticas próximas a 3000 eV (Thompson et. al. 2001),
onde o monocromador selecionado para a aquisição dos espectros (cristais de InSb), possui
o maior brilho, o que permite maior fluxo de fótons e, consequentemente, uma melhor
resolução espectral.
93
O ajuste das gaussianas foi feito de acordo com o número de ambientes químicos
muito próximas.
otimização geométrica feitos para os complexos [1], [2] e [3], pois estes cálculos nos
permitem fazer uma avaliação teórica das energias de ionização dos elétrons presentes
ionização, podemos fazer uma atribuição mais reprodutiva com respeito ao comportamento
94
4.2.4.3 Espectroscopia de Fotoabsorção de Camada Interna (XANES)
maneira que ocorre nos espectros eletrônicos de camada de valência (UV-Vis) para
complexos com ligantes polissulfurados com os mesmos elementos centrais estudados por
Silvino, (2002) e Ferreira et. al.; (2007). Na região acima da borda 1s do enxofre, são
observadas algumas variações nas estruturas menos intensas dos espectros, possivelmente
95
Figura 43: Espectros de fotoabsorção (XANES) para a borda 1s do S dos compostos [1], [2] e [3].
transições observadas nos espectros de fotoabsorção de camada interna, fato que pode ser
prévios na mesma região, para sistemas semelhantes aos estudados nesta dissertação.
96
Foram utilizados os espectros de fotoabsorção dos compostos [NBu4][Sb(dmit)2] e
2007) para auxiliar na atribuição das principais transições, conforme dados disponíveis na
Tabela 8.
valores próximos a 2472 eV. Este pico é atribuído a uma transição S 1s→S-C(π*) e sua
intensidade deve-se ao forte caráter π do ligante MNT. Uma segunda estrutura é atribuída a
A transição S 1s→S 4p foi observada por Sarangi et. al. (2007), na região próxima
nos compostos [1] , [2] e [3] entre 2475-2476 eV. A elevada intensidade desta transição
nos espectros medidos e seu deslocamento em energia entre 1,0-1,5 eV com relação ao
ligante puro, sugerem um encurtamento das ligações (S-C) nos complexos (Sarangi et. al.
estudados não apresentaram diferenças significativas com relação aos compostos estudados
por Silvino, (2002) e Sarangi et. al. (2007). Esta constatação sugere que as estruturas
97
encontradas no contínuo da região S 1s podem ser interpretadas como uma contribuição da
Para que a estrutura eletrônica desses compostos seja estudada com maior rigor, faz-
98
V Conclusão
Bi(III) em solução metanólica, foram obtidos com êxito, no estado sólido, os seguintes
b) Através do estudo inédito dos compostos [1], [2] e [3] por espectroscopia de
regiões próximas à borda de absorção são dominadas por transições intensas com valores
espectros a transição S 1s→S 4p. As regiões de maior energia são dominadas por
c) O estudo inédito dos compostos [1], [2] e [3] por espectroscopia de fotoemissão de
camada interna (XPS) em diferentes regiões mostrou-se adequado para a identificação dos
elementos presentes em cada composto, incluindo aqueles elementos que aparecem como
99
em energia e desconvolução dos espectros de XPS, pois devido a natureza eletrocondutora
destes complexos, estes sofrem carregamento quando irradiados com a luz síncrotron,
energias de ligação. Uma provável solução para este problema seria utilizar um suporte
metálico em vez das fitas dupla-face de carbono para fixar as amostras no porta-amostras.
experimentos de XPS.
100
VI Sugestões para Trabalhos Futuros
tipo de cátion utilizado com o arranjo exibido pelas espécies aniônicas no estado
sólido.
101
VII REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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109
ANEXO I
programa Specslab foi produzido e distribuído pela empresa Specs Surface Nano Analysis
83 ), website: www.specs.de .
do LNLS. Tanto o analisador, quanto o software são fornecidos pela empresa alemã Specs
(www.specs.de).
abaixo:
110
Figura 44: Interface do programa SpecsLab
Janela Regions: onde observa-se a lista de espectros adquiridos, com todas as informações
pertinentes a corrida.
Janela Region Edit: onde o nome da pasta criada em Files e os parâmetros referentes à
corrida de um espectro são selecionados pelo usuário (faixa de energia, passo, tempo, nº
corridas, etc.).
111
Janela Acquisition: nesta janela estão os espectros na fila de espera para aquisição. Pode-
diferentes situações onde a análise espectral é necessária, como no caso dos espectros de
fotoemissão de raios-X. Ele opera em um sistema do tipo 640 K AT/386, ou seja, com um
processador matemático operando em DOS. Ele foi escrito em Microsoft Fortran (versão
4.0) com todos os gráficos executados com subrotinas do pacote HALO-88 (agente:
de armazenar um espectro de até 1024 pontos. Quando uma ou mais operações provocam
112
TRATAMENTO DOS DADOS
a- Análise EXAFS
linear)
- transformada de Fourier
c- Tratamento de espectros
- integração e diferenciação
113
d- Apresentação
de escala
gaussianas, lorentzianas, Voigts e Doniach-Sunjic, bem como arc tang ou funções erros
arquivos de saída são escritos como pares (x, y) em Binário ou ASCII. Um arquivo de
parâmetros ASCII opcional pode ser salvo e isto permite a utilização do mesmo parâmetro
114
FORMATOS DE LINHAS DISPONÍVEIS
- Gaussiana
- Lorentziana
f(E) = A / [1 + (E-Eo)2/(W/2)2]
- Voigt
- Doniach-Sunjic
Microsoft®.
115
ANEXO II
[NET4][Sb(MNT)2] [1]
116
[NEt4]2[Bi2(MNT)3Br2] [3]
117
Espectros Eletrônicos na Região do UV-Vis Desconvoluídos
[NET4][In(MNT)2] [2]
2,0
1,8
Ajuste
1,6
1,4
Gauss
1,2
Absorvância
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
300 400 500
Comprimento de Onda (nm)
[NEt4]2[Bi2(MNT)3Br2] [3]
4,0
3,5
3,0
Ajuste
2,5 Gauss
Absorvância
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
300 400 500
Comprimento de Onda (nm)
118
ANEXO III
119