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Raízes Antigas, Desafios Modernos
Raízes Antigas, Desafios Modernos
Raízes Antigas, Desafios Modernos
DESAFIOS MODERNOS
PRIMEIRA CONFERÊNCIA TEOLÓGICA BRAZIL – USA
Imagem: Freepik.com
ISAIAS LOBÃO
ISAIAS LOBÃO
RAÍZES ANTIGAS,
DESAFIOS MODERNOS
1ª edição
RAÍZES ANTIGAS, DESAFIOS MODERNOS
CC
BY
Essa licença permite que outras pessoas distribuam, modifiquem, façam uso comercial
e construam sobre a obra, desde que atribuam o crédito ao criador original.
www.isaiaslobao.com.br
Palmas - 2023
DEDICATÓRIA
Com gratidão, dedico este trabalho a dois tios extraordinários que desempenharam
papéis fundamentais em minha jornada.
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................................................... 6
FEMINISMOS E ESTUDOS DE GÊNERO: UMA TEORIA CADA VEZ MAIS “SOFISTICADA” ....................................... 28
ESTUDOS SOBRE DEFICIÊNCIA E CORPO GORDO: SUBSTITUINDO A CIÊNCIA PELA DOCE ILUSÃO ............. 31
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................................................................... 37
RAÍZES ANTIGAS, DESAFIOS MODERNOS
INTRODUÇÃO
Graça e paz, da parte de Deus nosso pai, e do nosso Senhor Jesus Cristo.
Meu nome é Isaias Lobão e estou animado para ser o preletor desta conferência.
Vou apresentar dois cursos que considero de grande valor para o nosso desenvolvimento
espiritual. O opúsculo que você tem em mãos servirá como um guia dessas
atividades, oferecendo uma introdução ao conteúdo que será explorado durante as
nossas palestras.
1
Professor no Instituto Federal do Tocantins. Casado com Talita, pai da Ana Clara e do Daniel. É presbiteriano.
Gosta de pamonha de sal e de ouvir música dos anos 70.
O relato das viagens de Paulo como refletidas nas cartas pastorais, leva-nos
a crer que as cartas pastorais foram escritas durante o que poderia ser chamada de
a “quarta” viagem missionária de Paulo. Atos registra três viagens missionárias e com
sua prisão domiciliar em Roma (At 28.16, 30-31).
Adriatic
ILLYRICUM Black
Sea Sea
CRETE CYPRUS
Mediterranean
Sea
Cyrene Caesarea
Jerusalem
Alexandria
0 250 500km
Embora seja um escrito do fim do primeiro século, 1 Clemente sugere que Paulo
foi martirizado em Roma. Isso não vincula necessariamente o seu martírio com o
aprisionamento registrado em At 28. O historiador da igreja Eusébio, do século IV,
preserva a tradição de que Paulo foi solto daquele aprisionamento e continuou seus
trabalhos missionários e foi martirizado por Nero em sua segunda viagem a Roma.
Esta tradição é sustentada não somente pelas cartas pastorais, mas também
por Filipenses e Filemom, que se foram escritas durante o aprisionamento
romano registrado em At 28, provê em evidência de que Paulo esperava ser solto
(Fp 1.25-26; Fm 22).
Se houve dois aprisionamentos, Paulo foi solto de seu primeiro por volta de
62 d.C. De acordo com a tradição posterior, foi martirizado por Nero, que morreu em
68 d.C. Paulo escreveu 1 Timóteo enquanto estava ainda no meio de sua quarta viagem
missionária, provavelmente durante a primeira parte deste período, entre 62-64 d.C.
• Em 63 d.C., Paulo foi julgado em Roma diante de César Nero e foi libertado
da prisão.
• Em 66 d.C., Paulo deixou Tito em Creta para organizar as igrejas locais (Tito 1.5).
• No mesmo ano de 66 d.C., Paulo passou por Trôade, onde deixou sua capa
e livros com Carpo (2 Timóteo 4.13).
• Em 67 d.C., Paulo foi levado a Roma, enfrentando sua primeira audiência perante
o tribunal (2 Timóteo 4.16).
Quando Paulo voltou a Listra em sua segunda viagem missionária. alguns dos
cristãos chamaram sua atenção para este jovem crente e Paulo decidiu levá-lo junto
em sua viagem (At 16.2-3). Duas ações específicas parecem ter acontecido neste
momento.
2
A passagem-chave encontra-se em 1 Clemente 5.1-7, onde é mencionado que Paulo chegou ao “limite do ocidente”
(to térma tēs dyseōs). Muitos sugerem que, ao utilizar essa expressão, Clemente, sendo romano, possivelmente se
referia a regiões a oeste de Roma. Dessa forma, é aceito que Paulo, conforme argumentado por estudiosos como
John J. Gunther em “Paul: Messenger and Exile: a study in the chronology of his life and letters. Judson Press:
Valley Forge, 1972, p. 141-50”, pregou na Espanha.
Primeiro, uma vez que Paulo iria evangelizar judeus, circuncidou Timóteo
de acordo com o costume judeu (At 16.3). Segundo, Paulo e os anciãos da igreja
impuseram as mãos sobre Timóteo para separá-lo e equipá-lo para o ministério
(1.18; 4.14; 2Tm 1.6; 2.2).
Paulo parece caracterizar Timóteo como tendo um “espírito temeroso” (2Tm 1.7).
Sentiu necessário pedir à igreja de Corinto para receber Timóteo de uma maneira que
o fizesse sentir-se à vontade (1Co 16.10-11). Nas Pastorais, Paulo teve que exortar
Timóteo a não deixar que ninguém o desprezasse por causa de sua juventude (4.12).
a não negligenciar o dom espiritual que havia recebido (4.14) e a não se envergonhar
de falar ousadamente a favor do evangelho (2Tm 1.8).
A carta é digna de nota pelo seu interesse na organização da igreja. Provê a mais
longa descrição sobre as qualificações dos “bispos” ou anciãos no Novo Testamento
(3.2-7), juntamente com evidência para dois tipos de anciãos: os que governam e os
que ensinam (5.17); comentários a respeito do sustento e da repreensão de anciãos
(5.17-20); e a única descrição explícita no Novo Testamento das qualificações para
diáconos (3.8-10, 12-13). As diretrizes específicas de Paulo a Timóteo também
contêm muitos conselhos práticos sobre como um líder da igreja deve atuar.
Esta carta é também digna de nota por sua ênfase na sã doutrina (1.10; 3.9; 4.6;
6.3) e contém duas meditações teológicas a respeito da salvação que Deus oferece em
Jesus Cristo (1.13-16;2 3-6). Estas incluem afirmações sobre a salvação pela graça
(1.13-16), Cristo como único mediador entre Deus e o homem (2 5) e a expiação vicária de
Cristo (2.6). 1 Timóteo também inclui uma meditação poética sobre a obra de Cristo que
afirma sua encarnação, ressurreição e ascensão (3.16); um prenúncio da segunda vinda
de Cristo (6.14); uma maravilhosa doxologia (6.15-16); e testemunho da expansão do
conceito de “Escritura” além do Antigo Testamento, para incluir elementos da revelação
do Novo Testamento (5.18, onde são citadas as palavras de Cristo como registradas
em Lc 10. 7).
EXPOSIÇÃO DO TEXTO
6. Conclusão (I Tm 6:20-21).
OFÍCIO DE DIÁCONO
Uso neotestamentário de
O termo
diakonos: “ministro”, 20 vezes Origem: os sete
Diáconos significa refere-se a um
( por ex., Ef 3.7); “servo”, 7 vezes (Mt servos de
aquele que serve. ofício especial de
23.11; Jo 2.5); “diácono”, At 6.1-6.
serviço na igreja.
3 vezes (Fp 1.1; 1Tm 3.8,12).
QUALIFICAÇÕES
A função deve De bom
ser exercida discernimento,
Esposos de
exclusivamente Irrepreensíveis Temperantes sensato, sóbrio,
uma só mulher
por homens (1Tm 3.2,9). (1Tm 3.2,8). disciplinado,
(1Tm 3.2,12).
piedosos e respeitáveis
qualificados. (1Tm 3.2-4,8).
Não dados Que governe bem Que tenham Não cobiçosos de Apegados
a muito vinho sua própria casa filhos obedientes sórdida ganância à palavra fiel
(1Tm 3.3,8). (1Tm 3.4,12). (1Tm 3.4-5,12). (1Tm 3.8). (1Tm 3.9).
Conhecido como
Conservar o
De uma só palavra Experimentados alguém cheio
ministério da fé
(1Tm 3.8). (1Tm 3.10). do Espírito Santo
(1Tm 3.9).
(At 6.3).
DEVERES
PRESBÍTEROS SEGUNDO
AS ESCRITURAS
Palavra grega:
Nos tempos antigos, os idosos Uso no N.T.: Ofícios de
presbyteros; O presbítero da
eram governantes. Mais tarde, liderança em geral: os
significa igreja provém do
o termo tornou-se um título anciãos da nação judaica
literalmente, modelo do ancião
dado a qualquer governante, (At 4.8), os presbíteros
“pessoa mais judaico.
de qualquer idade. da igreja cristã (At 14.23).
velha.”
QUALIFICAÇÕES
Vida
irrepreensível Esposos de uma Não dados ao
Temperantes.
(comportamento só mulher. Respeitáveis. vinho.
(1Tm 3.2,8;
íntegro). (1Tm 3.2,12; (1Tm 3.2,8). (1Tm 3.3,8;
Tt 1.7).
(1Tm 3.2,9; Tt 1.6). Tt 1.7).
Tt 1.6).
Que governe bem Que tenham filhos
Não cobiçosos de Apegados à De uma só
sua própria casa. obedientes.
sórdida ganância. palavra fiel. palavra.
(1Tm 3.4,12; (1Tm 3.4-5,12;
(1Tm 3.8; Tt 1.7). (1Tm 3.9; Tt 1.9). (1Tm 3.8).
Tt 1.6). Tt 1.6).
Não violentos,
Aptos para
porém cordatos,
Experimentados Hospitaleiros. ensinar. Não avarentos.
paciente.
(1Tm 3.10). (1Tm 3.2; Tt 1.8). (1Tm 3.2;5.17; (1Tm 3.3).
(1Tm 3.3;
Tt 1.9).
Tt 1.7-8).
Tenham bom
Inimigos de Não sejam Mente sóbria e
testemunho dos Não arrogantes.
contendas. neófitos. sadia.
de fora. (Tt 1.7).
(1Tm 3.3). (1Tm 3.6). (1Tm 3.2; Tt 1.8).
(1Tm 3.7).
Que tenham
Não irascíveis. Amigos do bem. Justos e piedosos.
domínio de si.
(Tt 1.7). (Tt 1.7). (Tt 1.8).
(Tt 1.8).
DEVERES
A AUTORIDADE DO PRESBÍTERO
ELEIÇÃO DO PRESBÍTERO
ORDENAÇÃO DO PRESBÍTERO
A cerimônia de A ordenação é o
“Ordenação”: deve Os presbíteros da
ordenação é como reconhecimento da
referir-se ao ato de igreja devem dirigir a
segue: imposição igreja da aptidão
“nomear”, e a uma cerimônia, assim como
de mãos, oração, espiritual de seus
cerimônia formal de devem fazer em todas
jejum, leitura das oficiais eleitos
investidura no ofício. as reuniões oficiais.
qualificações, votos. (At 6.3-6).
A Dignidade do Presbítero
Jesus foi chamado de “bispo” (1Pe 2.25). Pedro foi chamado de “co-presbítero” (1Pe 5.1).
João era um presbítero (2Jo 1). A igreja foi exortada a respeitar a dignidade desse ofício
(1Ts 5.12-13; Hb 13.7,17,24).
A Responsabilidade do Presbítero
A Recompensa do Presbítero
Crescerá em sua autoridade (Lc 12.43-44). Também terá uma eterna coroa de glória que
não é para todos os cristãos, mas para o presbítero fiel (1Pe 5.1-4).
Tito era um cristão gentio que foi, provavelmente, convertido por Paulo (1.4).
O Novo Testamento provê pouca informação a respeito dele, e ele não é mencionado
em Atos. Paulo levou-o a Jerusalém no princípio de sua obra missionária, onde não
permitiu que ele fosse circuncidado (GI 2.1-3). Tito, aparentemente, acompanhou
Paulo em sua segunda e terceira viagem missionárias e em parte da quarta.
Paulo escreveu a Tito da Macedônia (3.12). Numa parte anterior de sua viagem,
ele e Tito tinham estado envolvidos em atividade missionária na ilha de Creta. Quando
Paulo partiu, deixou Tito para trás para que continuasse a obra (1.5). Nesta carta,
Paulo escreveu a Tito para encorajá-lo a completar o seu ministério na ilha.
Virtualmente, tudo o que Paulo diz em Tito sobre a falsa doutrina em Creta tem
paralelos com o que ele diz em 1 e 2 Timóteo sobre o mesmo problema em Éfeso.
Não se sabe bem a razão disso. Acredito que houve algum tipo de ligação direta entre
as duas falsas doutrinas. Tudo o que estava sendo ensinado em um lugar estiva sendo
ensinado no outro. As falsas doutrinas nas duas áreas geográficas podem ter sido
manifestações similares de um movimento sincretista mais geral no Império Romano
neste período.
EXPOSIÇÃO DO TEXTO
5. Conclusão (3:12-15).
Como a carta anterior, 2 Timóteo mostra uma forte preocupação pela sã doutrina
(1. 13-14; 2. 2; 4 3) e contém meditações maravilhosas sobre a graça de Deus,
(1. 9-11), a fidelidade de Cristo (2.11-13) e a natureza e função das Escrituras
(3.15-17). Há afirmações sobre salvação pela graça (1 9), eleição (1.9; 2. 10, 19) e sobre
a inspiração divina das Escrituras (3.16). 2Timóteo também reafirma a ressurreição
(2.8) e a segunda vinda (4.1, 8) de Cristo.
Havia falsa doutrina em Éfeso, que Paulo descreveu como proveniente do seio
da própria igreja (2Tm 2.18; 4.4; 1Tm 1.6,19; 4.1; 6.10,21). Se caracterizava por
uma preocupação com fábulas ou mitos (4.4; 1Tm 1.4; 4.7), genealogias (1Tm 1.4),
contendas de palavras (2.14.23; 1Tm 6.4), controvérsias (1T m 1.4; 6.4). conhecimento
(1Tm 6.20). loquacidade frívola (1Tm 1.6) e caráter ímpio (2.16; 1Tm 6.20).
EXPOSIÇÃO DO TEXTO
I. A fé na Razão.
Spock é visto como o padrão do homem moderno: cheio de si, motivado pela lógica
e não afeito às emoções. Já o androide Data é o modelo da pós-modernidade: é uma
máquina que busca compreender os sentimentos humanos, fascinado pela possibilidade
de conhecer suas origens, o cientista que o criou, a quem ele chama de “pai”.
OS PRINCÍPIOS E TEMAS
PÓS-MODERNOS APLICADOS
Um exemplo notável do pluralismo intelectual pode ser encontrado na abordagem
dos textos e de sua linguagem, destacando-se o Desconstrucionismo como método
crítico. Este enfoque virtualmente declara a irrelevância da identidade e das intenções
do autor para a interpretação do texto, argumentando que, em última instância,
nenhum significado pode ser extraído dele. Todas as interpretações são consideradas
igualmente válidas ou igualmente destituídas de significado, dependendo da
perspectiva do analista. A reivindicação exclusiva da verdade na interpretação de um
texto é rejeitada, permitindo que cada indivíduo tenha suas próprias interpretações
sem a imposição de uma verdade única.
A linguagem, sendo uma prisão da qual não podemos escapar, é central para
os desconstrucionistas, que argumentam que vivemos confinados na “prisão da
linguagem”. Nessa perspectiva, a linguagem humana não possui verdades absolutas.
Buscando minar essa prisão, os pós-modernistas afirmam que as palavras são
desprovidas de sentido absoluto, expressando ideias fluidas e mutáveis. Desta forma,
um texto não pode conter uma verdade absoluta, pois o significado pretendido pelo
autor torna-se secundário, dando lugar à importância de como o leitor o compreende.
TEORIA PÓS-COLONIAL:
DESCONSTRUINDO O OCIDENTE
PARA SALVAR O OUTRO
O objetivo da Teoria Pós-Colonial é desconstruir “o Ocidente” – um grupo amplo
de países, incluindo os Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Austrália, França,
Alemanha e outros países da Europa Ocidental. Ao contrário das Teorias de raça e
gênero, que desenvolveram linhas de pensamento maduras antes da ascensão do
pós-modernismo nos estudos culturais, a Teoria Pós-Colonial surgiu diretamente
do pensamento pós-moderno. Seu propósito atual é a descolonização, a reversão
sistemática do colonialismo em todas as suas manifestações e impactos.
O conceito contemporâneo de “raça” também não tem respaldo histórico, pois não
era considerado significativo em períodos anteriores. A ideia de “raça” foi construída
pelos europeus para justificar o colonialismo e o comércio atlântico de escravos. Antes
do século XVI, os europeus não consideravam as características raciais como herdadas,
acreditando que a cor da pele, por exemplo, era determinada pelo ambiente. O conceito
de “raça” como categoria herdada surgiu com formas emergentes de estudo nas ciências
sociais e naturais. A aplicação equivocada de resultados científicos preliminares levou
a categorias biológicas extremamente simplificadas, como “negritude” e “brancura”,
às quais foram logo atribuídos julgamentos de valor. Isso deu origem ao racismo,
que faz julgamentos preconceituosos com base nessas categorias raciais grosseiras,
independentemente das características individuais das pessoas.
• Racismo é “preconceito mais poder”, então apenas pessoas brancas podem ser
racistas porque possuem todo o poder institucional.
• Somente pessoas de cor podem falar sobre racismo - pessoas brancas precisam
apenas ouvir.
• Ser “cego para a cor” é, na verdade, racista, pois ignora o racismo pervasivo que
domina a sociedade e perpetua o privilégio branco.
• Homens gays brancos e pessoas não negras de cor são informados de que
precisam reconhecer seu privilégio sobre homens gays de cor e pessoas negras.
• Pessoas negras de pele mais clara são orientadas a reconhecer seu privilégio
sobre pessoas negras de pele mais escura.
Também está se tornando mais comum ouvir argumentos de que homens trans,
embora ainda oprimidos por atitudes em relação às pessoas trans, agora têm privilégios
masculinos e precisam amplificar as vozes de mulheres trans, que são vistas como
duplamente oprimidas por serem trans e mulheres. Homens gays e lésbicas podem
em breve se ver não considerados oprimidos de forma alguma, especialmente se não
forem atraídos por homens trans ou mulheres trans, o que é considerado transfóbico.
Asiáticos e judeus estão perdendo seu status “marginalizado” devido ao seu sucesso
econômico, atribuído à sua participação no “branquitude” ou outros fatores como o
interesse próprio e a rejeição da solidariedade interseccional.
TEORIA WOKE:
JUSTIÇA SOCIAL CRÍTICA
A teoria Woke, originada do termo “stay woke” ( mantenha-se alerta), é uma
abordagem contemporânea que destaca a urgência de estar consciente e ativo em
questões sociais. Ela surgiu nos Estados Unidos.
Envolvendo uma justiça social crítica, a teoria Woke busca desafiar normas
institucionais que perpetuam desigualdades. Segundo seus proponentes, é uma forma
de analisar e desafiar as desigualdades sociais, especialmente aquelas relacionadas à
raça, gênero, classe e outras formas de discriminação.
FEMINISMOS
E ESTUDOS DE GÊNERO:
UMA TEORIA CADA VEZ
MAIS “SOFISTICADA”
Os feminismos e os estudos de gênero constituem campos intelectuais vastos e
complexos que se dedicam não apenas à análise das desigualdades de gênero, mas
também à consideração das interseções entre gênero e outras formas de opressão.
Assim, o feminismo cedeu lugar aos estudos de gênero para incluir identidades
oprimidas e adotou a interseccionalidade como uma espécie de teoria unificadora.
Os estudos de gênero passaram a ver o conhecimento como uma construção cultural,
trabalharam dentro de muitos vetores de poder e privilégio, e estavam desconstruindo
categorias, borrando fronteiras, focando em discursos, praticando o relativismo cultural
e submetendo aos grupos coletivistas de identidade.
A Teoria Queer teve origens nas décadas de 1960 e 1970, crescendo a partir
de grupos radicais que revolucionaram os estudos feministas, gays e lésbicos, e sua
militância. O movimento pelos direitos dos gays também contribuiu para o interesse
renovado no estudo da homossexualidade e suas categorizações e estigmas
históricos e contemporâneos. A crise da AIDS na década de 1980 também influenciou
profundamente a Teoria Queer, tornando as questões dos direitos gays urgentes social
e politicamente.
ESTUDOS DE DEFICIÊNCIA
O ativismo para pessoas com deficiência começou na década de 1960,
simultaneamente ao Movimento pelos Direitos Civis, ao feminismo da segunda onda
e ao orgulho gay. O objetivo era tornar a sociedade mais acessível e acolhedora
para pessoas com deficiência, melhorando assim sua qualidade de vida. Os ativistas
buscavam aumentar o acesso das pessoas com deficiência às oportunidades
disponíveis para as não deficientes, e o movimento obteve algum sucesso.
Nos anos 1980, o estudo e ativismo em relação às pessoas com e sem deficiência
(termo peculiar que significa o estudo tanto das pessoas com deficiência quanto
daquelas sem) mudaram de uma compreensão da deficiência como algo relacionado
ao indivíduo para vê-la como algo imposto aos indivíduos por uma sociedade que não
acomoda suas necessidades.
Antes dessa mudança, as pessoas com deficiência eram vistas como indivíduos
cujas deficiências afetam a maneira como interagem com o mundo. Após a mudança,
a deficiência passou a ser vista como um status imposto a eles por uma sociedade
hostil e desinteressada. Por exemplo, uma pessoa com surdez era anteriormente
considerada alguém que não pode ouvir, deficiente devido ao fato de sua condição.
Após a mudança, ela passou a ser vista como uma pessoa surda, alguém que não
pode ouvir e a quem a sociedade “desabilitou” ao não a acomodar tão bem quanto
aqueles que podem ouvir. “Desabilitado” deixa de ser um adjetivo para descrever um
aspecto de uma pessoa, tornando-se algo que foi feito a uma pessoa ( pelo sistema).
“Eu sou deficiente” torna-se “Virei deficiente ( pela sociedade)”.
Isso pode levar as pessoas a problematizar ou recusar tecnologias que, por exemplo,
permitem que pessoas surdas ouçam, porque isso as tornaria não surdas. A maioria
das pessoas surdas cuja deficiência auditiva poderia ser melhorada por um aparelho
auditivo não rejeitaria essa intervenção, e seria cruel chamá-las de traidoras da
identidade por aceitá-la.
ESTUDOS
SOBRE O CORPO GORDO
Os estudos sobre deficiência enfrentam desafios semelhantes aos encontrados
nos estudos sobre obesidade. Assim como os estudos sobre deficiência, os estudos
sobre obesidade tiveram início nos Estados Unidos na década de 1960, como parte
do ativismo em prol da aceitação de corpos gordos, e têm assumido diversas formas
desde então. Recentemente, consolidaram-se como uma área distinta nos estudos
de identidade, incorporando fortemente a Teoria Queer e o feminismo, com um
foco marcante na interseccionalidade. A abordagem busca equiparar as percepções
negativas da obesidade ao racismo, sexismo e homofobia, rejeitando explicitamente
a ciência. Ao concentrar-se na construção social da obesidade, procura capacitar as
pessoas obesas a resistirem às orientações médicas, abraçando uma “consciência
comunitária” que enxerga a obesidade como algo positivo.
SOBRE O AUTOR
Nascido em Anápolis, Goiás, o autor é
pastor presbiteriano. Há 24 anos dedica-se
ao ensino de teologia, exegese e história da
igreja em vários seminários teológicos.
REFERÊNCIAS
Campagnolo, A.N. (2019) Feminismo: perversão e subversão. São Paulo: Vide.
Davidson, F. (ed.) (1994) O novo comentário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova.
Pluckrose, H & Lindsay, J. (2022) Injustiça social. São Paulo: Avis Rara.
Schaeffer, F.A. (2007) A morte da razão. 2nd edn. São Paulo: ABU Editora.