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Bernardo Bustani
Direito Penal – Policial Rodoviário Federal
Aula 03

Direito Penal
Policial Rodoviário Federal – Aula 03
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Sumário
SUMÁRIO 2

APRESENTAÇÃO E METODOLOGIA 3

1) APRESENTAÇÃO 3
2) METODOLOGIA 3

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 5

CRIMES CONTRA FÉ PÚBLICA 6

1) MOEDA FALSA 7
1.1)Moeda Falsa 7
1.2)Crimes assimilados ao de moeda falsa 10
1.3) Petrechos para falsificação de moeda 11
2) FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS 13
2.1)Falsificação de papéis públicos 13
2.2)Petrechos de falsificação 14
2.3)Causa de aumento de pena 15
3) FALSIDADE DOCUMENTAL 16
3.1)Falsificação do selo ou sinal público 16
3.2)Falsificação de documento público 17
3.2)Falsificação de documento particular 20
3.2)Falsidade ideológica 20
3.3)Falsidade de atestado médico 21
3.4)Uso de documento falso 22
3.5)Supressão de Documento 23
4) OUTRAS FALSIDADES 24
4.1)Falsa identidade 24
4.2)Uso de documento alheio 25
4.3)Adulteração de sinal identificador de veículo automotor 25
5) FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO 27

QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR 29

LISTA DE QUESTÕES COMENTADAS 35

GABARITO 38

RESUMO DIRECIONADO 39

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Apresentação e Metodologia
1) Apresentação
Olá, tudo bem? Eu sou o Professor Bernardo Bustani Louzada. Atualmente, atuo como Assessor Adjunto
de gabinete de Desembargador Federal, no Tribunal Regional Federal da 1º Região.

Vou contar um pouco da minha história: Fui aprovado em 1º lugar nacional para o cargo de Técnico
Judiciário/Área Administrativa do TRF 1 (2017) e também consegui aprovação para o cargo de Analista
Processual da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul (2017).

Sou ex-Advogado, graduado em Direito pelo IBMEC – Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais e pós-
graduado em Direito Público pela Universidade Cândido Mendes – UCAM.

Posso dizer que eu tenho uma grande afinidade com o Direito Penal, tendo sido a matéria escolhida para os
meus Trabalhos de Conclusão de Curso e para a segunda fase da OAB.

Na minha trajetória, não é exagero dizer que poucas pessoas me ajudaram e acreditaram na minha
capacidade, mas as que acreditaram foram suficientes para que eu confiasse no meu trabalho. Pretendo ajudar e
confiar em cada um de vocês, pois eu, como concurseiro, sei o que significam as palavras “cobrança”,
“frustração” e “pressão”. Meu conselho é: estude, tenha paciência e trabalhe a sua confiança, pois o sentimento
de aprovação é capaz de apagar tudo de ruim. Não é impossível, basta acreditar.

E é com muito prazer que, juntamente com o renomado Professor Alexandre Salim, direcionarei vocês na
disciplina de Direito Penal. Minha meta é a sua aprovação. Para isso, abordaremos o que realmente cai e como
cai.

Não hesitem em entrar em contato para tirar dúvidas:

2) Metodologia
Este material foi elaborado com o objetivo de fazer os alunos aprenderem a fazer questões do
CESPE/CEBRASPE, a banca que aplicou a última prova para o cargo de Policial Rodoviário Federal.

Obviamente, há assuntos mais cobrados e assuntos menos cobrados. Meu papel é dar essa direção para o
aluno. Ao longo dos PDFs, vou dizer de quais tópicos a banca mais gosta e também vou dizer as minhas apostas
para a prova.

O CESPE/CEBRASPE, na minha opinião, é uma das melhores organizadoras de concursos públicos. É óbvio
que o estilo de certo ou errado não agrada a maioria das pessoas. Realmente, é mais complicado responder a
questões sem ter outras assertivas para confrontar, especialmente quando não se sabe se o gabarito levou em
consideração a regra ou a exceção.

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No entanto, tudo tem também o lado bom. Apesar de o estilo de prova não agradar, posso apontar alguns
pontos positivos. Em uma prova de múltipla escolha, você tem que analisar de 400 a 500 assertivas (5 letras para
80 questões ou 5 letras para 100 questões). Nas provas do CESPE, você precisa analisar “apenas” 120 assertivas.
Outro benefício é que é uma banca extremamente séria, a qual cumpre o cronograma de forma exemplar.

Portanto, olhe sempre o lado bom das coisas. Pode ter certeza de que dará certo. Estou com você.

O edital ainda não saiu. Por isso, o programa do nosso curso foi feito com base no edital anterior.

É necessário se preparar desde já, pois o cargo em questão é bem concorrido.

Fiquem atentos aos Testes de Direção, pois são instrumentos eficazes para medir seu nível de
conhecimento.

Na parte do conteúdo programático, eu destaquei os assuntos mais cobrados.

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Conteúdo Programático
No último edital, as matérias de Direito Penal e Processual Penal vieram assim:

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL: 1 Princípios básicos. 2


Aplicação da lei penal. 2.1 A lei penal no tempo e no espaço. 2.2 Tempo e lugar do crime. 2.3
Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal. 3 O fato típico e seus elementos. 3.1 Crime
consumado e tentado. 3.2 Ilicitude e causas de exclusão. 3.3 Excesso punível. 4 Crimes contra a
pessoa. 5 Crimes contra o patrimônio. 6 Crimes contra a fé pública. 7 Crimes contra a
Administração Pública. 8 Inquérito policial. 8.1 Histórico, natureza, conceito, finalidade,
características, fundamento, titularidade, grau de cognição, valor probatório, formas de
instauração, notitia criminis, delatio criminis, procedimentos investigativos, indiciamento,
garantias do investigado; conclusão. 9 Prova. 9.1 Preservação de local de crime. 9.2 Requisitos
e ônus da prova. 9.3 Nulidade da prova. 9.4 Documentos de prova. 9.5 Reconhecimento de
pessoas e coisas. 9.6 Acareação. 9.7 Indícios. 9.8 Busca e apreensão. 10 Prisão em flagrante.

Portanto, o nosso conteúdo programático foi dividido da seguinte forma:

Negrito → O que será dado na aula


Sublinhado → Temas cobrados frequentemente pelo CESPE/CEBRASPE
Vermelho + sublinhado → temas preferidos do CESPE/CEBRASPE

1 Princípios básicos. 2 Aplicação da lei penal. 2.1 A lei penal no tempo e no espaço. 2.2 Tempo e
lugar do crime. 2.3 Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal. A norma penal; 3 O fato
típico e seus elementos. 3.1 Crime consumado e tentado. 3.2 Ilicitude e causas de exclusão. 3.3
Excesso punível. 4 Crimes contra a pessoa. 5 Crimes contra o patrimônio. 6 Crimes contra a fé
pública. 7 Crimes contra a Administração Pública.

Princípio Processuais Penais; Aplicação da Lei Processual Penal; Disposições Preliminares do


Código de Processo Penal; 8 Inquérito policial. 8.1 Histórico, natureza, conceito, finalidade,
características, fundamento, titularidade, grau de cognição, valor probatório, formas de
instauração, notitia criminis, delatio criminis, procedimentos investigativos, indiciamento,
garantias do investigado; conclusão. Ação Penal; 9 Prova. 9.1 Preservação de local de crime. 9.2
Requisitos e ônus da prova. 9.3 Nulidade da prova. 9.4 Documentos de prova. 9.5
Reconhecimento de pessoas e coisas. 9.6 Acareação. 9.7 Indícios. 9.8 Busca e apreensão. 10
Prisão em flagrante.

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Crimes contra Fé Pública


Os crimes em espécie (condutas criminalizadas) encontram-se na parte especial do Código Penal brasileiro.

Em resumo:

Parte Geral → Art. 1º ao art. 120

Parte Especial → Art. 121 ao art. 359-H

Os crimes contra a fé pública estão, portanto, na parte especial e vão do artigo 289 ao artigo 311-A do CP.

A matéria é assim sistematizada:

Crimes contra a Fé Pública → Título X

Moeda Falsa → Capítulo I

Falsidade de Títulos e outros Papéis Públicos → Capítulo II

Falsidade Documental → Capítulo III

Outras Falsidades → Capítulo IV

Fraudes em Certames de Interesse Público → Capítulo V

Professor, mas o que é “fé pública”?

A fé pública nada mais é do que a presunção de legitimidade e veracidade que os


documentos/procedimento públicos têm. Ou seja, a fé pública é a crença de que os documentos e
procedimentos públicos são verdadeiros e estão em consonância com a lei.

Portanto, quando alguém comete um crime de falsificação de documento público, por exemplo, está
cometendo um crime contra a fé pública, uma vez que atentou contra a presunção de legitimidade e veracidade
de tal documento.

Feita essa introdução, vamos ver os crimes mais importantes? Note que eu não estou falando que você não
tem de ler os outros artigos, apenas estou dizendo que abordaremos os mais importantes. O que não for
abordado é porque tem pouquíssima ou nenhuma incidência em prova, mas isso não quer dizer que nunca caíra.

Vamos lá?

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1) Moeda Falsa
O capítulo de Moeda Falsa é o Capítulo I do tema crimes contra a fé pública.

1.1)Moeda Falsa
Primeiramente, é importante dizer que os delitos de moeda falsa são de competência da Justiça Federal.
Isso se explica porque a competência para emitir moeda é do Banco Central, sendo este um órgão da União
Federal.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:


IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse
da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e
ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;

Também me parece o melhor momento para dizer que o crime de moeda falsa não admite a aplicação do
princípio da insignificância, pois a fé pública é insuscetível de valoração e não pode ser atrelada a requisitos
meramente pecuniários. A fé pública, uma vez violada, não pode ser reparada. Muita atenção!!!

Crime de Moeda Falsa


(art. 289 do CP)

Não admite aplicação do


princípio da insignificância

Competência da Justiça
Federal

O crime de moeda falsa, como o nome já diz, consiste na conduta do agente que falsifica moeda metálica
(moedas) ou papel-moeda (cédulas) que estão em curso legal (que não podem ser recusadas) no país ou no
estrangeiro (real, dólar, euro...).

Essa falsificação pode ser feita “do zero” (“fabricando-a”) ou de alterando moeda já existente (“alterando-
a”).

Veja:

Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no
país ou no estrangeiro:

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Exemplo: Caio, rapaz que adora cometer crimes, falsifica uma nota de 50 reais.

Ele praticou o crime de moeda falsa?

Sim!!

Exemplo 2: Tício, rapaz que adora cometer crimes, falsifica uma nota de 500.000 cruzeiros.

Ele praticou o crime de moeda falsa?

Não, pois o cruzeiro (moeda antiga) não está em “curso legal” no país.

O parágrafo 1º traz uma situação equiparada. Trata-se da conduta daquele que, mesmo sem ter
falsificado a moeda, importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, ou coloca em
circulação o dinheiro falso.

Veja:

§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire,
vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.

Professor, e se falsificar (caput) e exportar (parágrafo 1º)?

Se a pessoa praticar a conduta do caput, ela responde apenas pelo caput (artigo 289). O fato de o autor
praticar também a conduta do parágrafo 1º configura pós fato impunível, que atrai a aplicação do princípio da
consunção.

O parágrafo 2º traz o chamado crime de moeda falsa privilegiada.

Como assim, professor?

Chama-se um crime de privilegiado quando a pena prevista é menor, em virtude de circunstâncias do caso
concreto. Na prática, é uma conduta menos reprovável do que a do crime propriamente dito.

Aqui, temos a conduta daquela pessoa que recebeu a nota e só depois viu que era falsa. Para não ficar no
prejuízo, o indivíduo repassa o dinheiro. Olhe:

§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à
circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Exemplo: Tício, comerciante, recebe o pagamento de uma nota de 50 reais. Após alguns dias, percebe que a
nota é falsa. Para não ficar no prejuízo, resolve dar a cédula de troco para outro cliente.

Ele praticou o crime de moeda falsa?


Sim, na forma privilegiada.

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COMO CAI: CESPE/2013 – PC/DF - A respeito de crimes contra a fé pública e a administração pública, julgue os
itens subsequentes.

Restituir moeda falsa à circulação, ciente de sua falsidade, é crime que admite a modalidade culposa se o agente
tiver recebido a moeda, de boa-fé, como verdadeira.

GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: Na verdade, os crimes contra a fé pública só admitem a modalidade dolosa. Ou seja, a


conduta do autor tem que ser dolosa. Não há crime culposo contra a fé pública. Bastaria saber disso para acertar
a questão.

Assertiva incorreta.

O parágrafo 3º traz a forma qualificada do crime. A forma qualificada, como o próprio nome já diz, traz
uma pena maior, em virtude da maior reprovabilidade da conduta.

§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente,
ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:

I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;

II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.

Em resumo, é a conduta do funcionário público que emite ou autoriza a fabricação de moeda com
título/peso inferior ao que determina a lei, bem como aquele que emite ou autoriza a emissão de papel moeda
em quantidade superior à autorizada.

Exemplo: Caio, funcionário do Banco Central, decide emitir mais notas do que a quantidade autorizada.

Nesse caso, há o crime do parágrafo 3º, inciso II.

O parágrafo 4º traz uma conduta equiparada à forma qualificada do parágrafo 3º. Trata-se do agente que
desvia ou repassa moeda cuja circulação ainda não estava autorizada.

Quem autoriza a circulação de moeda é o Banco Central.

Veja:

§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda
autorizada.

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A falsificação grosseira

Imagine a situação hipotética:

Mévio, rapaz que adora cometer crimes, utiliza uma cédula de 15 reais, com o intuito de enganar pessoa que não
conhece a moeda em circulação no país.

Nesse caso, houve o crime de moeda falsa?

Não! Mévio não cometeu o crime de moeda falsa. No entanto, sua conduta pode configurar crime de
estelionato (crime contra o patrimônio), pois tem por objetivo enganar alguém (causar prejuízo) para obter uma
vantagem ilícita.

Além disso, a competência não será da Justiça Federal, mas sim da Justiça Estadual.

É o que diz a Súmula 73 do STJ:

A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato,


da competência da Justiça Estadual.

“Grosseiramente falsificado” é a falsificação que dificilmente será capaz de enganar alguém.

Mas professor...ele não utilizou moeda falsa?

Na verdade, não. Não existe nota de 15 reais em curso no país. Tal falsificação é grosseira e incapaz de
violar a fé pública.

Basicamente, podemos dizer que será muito difícil alguém aceitar uma nota de 15 reais. No entanto, se isso
acontecer, será considerado estelionato, que atrai a competência da Justiça Estadual.

Configura, em tese,
estelionato
Utilização de moeda
grosseiramente
falsificada
Competência da
Justiça Estadual

1.2)Crimes assimilados ao de moeda falsa


O artigo 290 traz várias condutas.

Vamos vê-las?

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A primeira parte diz respeito àquele que “junta” partes de várias cédulas verdadeiras (fragmentos) para
formar uma nova cédula.

A segunda parte traz a conduta do agente que retira um sinal de inutilização de moeda, com a finalidade
de colocá-la novamente em circulação. Quando a moeda é retirada de circulação (inutilizada), ela é marcada para
não ser mais usada. O agente que retirar essa marcação cometerá o crime do artigo 290.

Por fim, a parte final traz a conduta de quem coloca em circulação moeda marcada para ser inutilizada ou
simplesmente recolhida para tal fim.

Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou
bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação,
sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já
recolhidos para o fim de inutilização:

Tal crime tem uma pena maior se é cometido por funcionário público exercendo suas funções (ou tem fácil
ingresso no local onde o dinheiro está guardado). É o que diz o parágrafo único:

Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos e multa, se o crime é cometido por
funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em
razão do cargo

1.3) Petrechos para falsificação de moeda


“Pe” o quê?

Petrechos são objetos fundamentais para realizar outra coisa.

Nesse crime, a palavra “petrecho” tem sentido de todo o maquinário (objetos) necessário(s) para que haja a
falsificação da moeda. Veja:

Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo,
aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda:

Exemplo: Semprônio, inventor muito inteligente, consegue recriar em casa um mecanismo usado pelo Banco
Central para a fabricação de moeda. No entanto, não pratica qualquer falsificação.

Há o crime do artigo 291 do CP?

Sim!!

Trata-se, portanto, da conduta de quem, por exemplo, possui maquinário que esteja apto a realizar a
falsificação de moeda.

Mas professor....o Direito Penal não pune atos preparatórios....ou pune?

Na verdade, o Direito Penal, em regra, não pune atos preparatórios. A exceção se dá quando tais atos
configuram crimes autônomos (por si só). É exatamente o caso do artigo 291 do CP.

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O legislador decidiu antecipar a incidência do Direito Penal por questões de política criminal.

Em resumo → a mera posse de maquinário destinado à falsificação de moeda já configura crime.

Punição de atos preparatórios ao delito de


Petrechos para falsificação de moeda
falsificação

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2) Falsidade de Títulos e Outros Papéis Públicos


Ingressaremos, agora, no Capítulo II do tema crimes contra a fé pública.

2.1)Falsificação de papéis públicos


A conduta de falsificar papéis públicos, como o nome já diz, consiste em falsificar alguns papéis públicos.

Mas o que são “papéis públicos”?

Tudo o que está nos incisos (I a VI) do artigo 293 são papéis públicos. O artigo 293 não demanda maiores
análises. A conduta é falsificar “do zero” (“fabricando-os”) ou alterar um papel já existente (“alterando-os”).

Veja:

Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:

I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado à
arrecadação de tributo;

II - papel de crédito público que não seja moeda de curso legal;

III - vale postal;

IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido


por entidade de direito público;

V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas públicas ou
a depósito ou caução por que o poder público seja responsável;

VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou
por Município:

O parágrafo 1º traz uma conduta equiparada ao crime do artigo 293.

§ 1º Incorre na mesma pena quem:

I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo;

II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo
falsificado destinado a controle tributário;

III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede,
empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de
atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria:

a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado;

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b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua
aplicação.

§ 5º Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1º, qualquer forma de comércio
irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em residências.

O parágrafo 2º traz um crime menos grave, pois não há falsificação. O papel é legítimo.

§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-los novamente
utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

O parágrafo 3º elenca a hipótese de quem usa os papéis do parágrafo 2º.

§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis a que se refere o
parágrafo anterior.

Temos, no parágrafo 4º, uma figura privilegiada, ou seja, com uma pena menor.

§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou
alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na
pena de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

2.2)Petrechos de falsificação
Como já vimos, petrechos são objetos fundamentais para realizar outra coisa. No caso do artigo 294, é um
objeto destinado à falsificação dos papéis públicos.

Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à falsificação de
qualquer dos papéis referidos no artigo anterior:

Punição de atos preparatórios ao delito de


Petrechos para falsificação de papéis públicos
falsificação

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2.3)Causa de aumento de pena


Se o funcionário público comete o crime, prevalecendo-se do cargo, a pena é aumentada em 1/6. Veja:

Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena
de sexta parte.

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3) Falsidade Documental
O capítulo da falsidade documental inaugura o capítulo mais importante dos crimes contra a fé pública.
Aqui, trataremos dos crimes mais cobrados em prova, como falsificação de documento público, falsificação de
documento particular e falsidade ideológica.

Vamos começar?

3.1)Falsificação do selo ou sinal público


Aqui, o crime é falsificar “selo ou sinal público”.

Mas o que é “selo ou sinal público”?

A resposta está nos incisos do artigo 296, veja:

Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:

I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município;

II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de
tabelião:

O parágrafo 1º traz uma figura equiparada, ou seja, com a mesma pena.

§ 1º - Incorre nas mesmas penas:

I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;

II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio
ou alheio.

III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos
utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública.

Por fim, o parágrafo 2º traz uma causa de aumento de pena para o funcionário público que comete tal
crime prevalecendo-se do cargo.

§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena


de sexta parte.

Professor...como eu sei o que é selo/sinal e o que é papel público?

Você tem que saber as hipóteses dos artigos 293 e 296 do CP. Isso não é difícil, basta saber o que é selo ou
sinal, pois há apenas dois incisos.

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Selo/Sinal:

➔ Destinado a autenticar atos oficiais


➔ Atribuído por lei a entidade de direito púbico ou a autoridade ou sinal de tabelião

3.2)Falsificação de documento público


Como falado, trata-se de um crime muito importante para o nosso estudo.

A conduta, aqui, é falsificar, fabricando documento novo ou alterando documento público verdadeiro. Fala-
se em “falsidade material”, pois a falsidade é sobre o documento em si (material, matéria, documento).

Veja:

Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro:

O conceito de documento está no artigo 232 do CPP:

Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou


particulares.
Parágrafo único. À fotografia do documento, devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do
original.

Mas professor, o que é “documento público”?

Documento público é aquele confeccionado (feito) por entidade de Direito Público (e, portanto, por
funcionário público) ou quem exerça essa qualidade.

Exemplos: Carteira Nacional de Habilitação, Passaporte, Identidade, CPF, Certidão de Nascimento,


Carteira de Trabalho e Previdência Social, Título de Eleitor, Certificado de Reservista, etc.

A lei, no entanto, traz alguns documentos que são privados, mas que têm status de documentos públicos.
São os chamados documentos públicos por equiparação (parágrafo 2º):

§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal,


o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis
e o testamento particular.

Vou exemplificar, ok?

• Emanado de entidade paraestatal → No Direito Penal, as entidades paraestatais englobam entes


da administração indireta (empresas públicas, sociedades de economia mista, autarquias e
fundações públicas), além de organizações sociais.

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• Título ao portador ou transmissível por endosso → Podemos citar o cheque, a letra de câmbio e
alguns títulos do Direito Empresarial.

• Ações de sociedade comercial → Uma sociedade tem seu capital social divido em quotas (ações).
Essas ações são equiparadas a documento público.

• Livros mercantis → As “empresas” são obrigadas a manter instrumentos de escrituração. São os


chamados “livros mercantis”. Temos, por exemplo, o Livro Diário.

• Testamentos Particulares → O testamento não precisa sempre ser público. Há também a figura
do testamento particular. Para o Direito Penal, tal testamento equipara-se a documento público.

Emanado de entidade
paraestatal

Feito por funcionário Título ao


público no exercício das portador/transmissível
funções por endosso
Documento Público

Ações de sociedade
Equiparado
comercial

Livros mercantis

Testamento particular

COMO CAI: CESPE/2015 – AGU - Acerca dos impedimentos, direitos e deveres do empresário, julgue o item que
se segue de acordo com a legislação vigente.

Os livros mercantis são equiparados a documento público para fins penais, sendo tipificada como crime a
falsificação, no todo ou em parte, de escrituração comercial.

GABARITO: CERTO.

COMENTÁRIOS: Os livros mercantis, de fato, são equiparado a documento público, conforme artigo 297,
parágrafo 2º do CP:

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Art. 297, § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade
paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros
mercantis e o testamento particular.

Aqui, também há o aumento de pena para o funcionário público:

§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a


pena de sexta parte.

Os parágrafos 3º e 4º trazem as figuras equiparadas ao crime de falsificação de documento público. Muita


atenção a essas hipóteses, pois elas caem em prova. Vou exemplificar logo após os incisos.

§ 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:

I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante
a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;

Exemplo: Colocar alguém, de forma fictícia, na folha de pagamento para que esta seja repassada à previdência
social e a pessoa tenha direito ao recebimento de algum benefício.

II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir


efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;

Exemplo: Colocar na CTPS que já trabalhou em algum lugar, mesmo isso não sendo verdade.

III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da


empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado.

Exemplo: A empresa possui obrigações perante a previdência social. Se, em algum documento relacionado a
elas, a empresa emite declaração diversa, comete o crime do inciso III.

§ 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3o, nome do
segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de
serviços.

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Exemplo: É o caso do empregador que coloca empregados “trabalhando por fora”, ou seja, omite dados nos
documentos do parágrafo 3º.

Essas condutas (parágrafos 3º e 4º) não são condutas de falsificar, fabricando ou alterando materialmente
o documento público. Na verdade, o que ocorre é uma omissão ou uma inserção de dados falsos.

3.2)Falsificação de documento particular


Se o crime de falsificação de documento público incide sobre documento público, a falsificação de
documento particular incide sobre documento particular.

Mas o que é “documento particular”?

É tudo o que não é documento público (propriamente dito ou por equiparação).

Veja:

Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular
verdadeiro:

Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão de crédito
ou débito.

É possível ver que o cartão de crédito e o cartão de débito são equiparados a documento particular, de
acordo com o parágrafo único.

O que não é
público
Documento Cartão de
Particular crédito
Equiparado
Cartão de
débito

3.2)Falsidade ideológica
O crime de falsidade ideológica não consiste na conduta de falsificar propriamente dita. Não se trata de
uma falsidade material, igual vimos nos crimes de falsificação de documento.

Aqui, a conduta é omitir declaração ou inserir declaração falsa em documento (seja público ou particular).
Em outras palavras, a falsidade incide sobre o conteúdo do documento, não sobre o documento propriamente
dito. Por isso, é chamado de falsidade “ideológica”.

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É necessário, ainda, que haja a finalidade de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre o
fato juridicamente relevante. Chamamos isso de finalidade específica (dolo específico).

Veja:

Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele
inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar
direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos,
e multa, se o documento é particular.

Note que a pena é maior se o documento for público! Cuidado! Algumas questões dizem que a pena é igual!

Precisamos analisar o parágrafo único. Trata-se da causa de aumento de pena para o funcionário público.
Além disso, quem falsifica ou adultera assentamento de registro civil também recebe essa majorante.

Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a


falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.

Competência nas falsificações

Ah, professor. Essa é fácil.

Se o documento falsificado deve ser expedido pela União, a competência é da Justiça Federal. Se o
documento falsificado deve ser expedido pelo Estado, a competência é da Justiça Estadual.

É isso mesmo!!! O órgão que faz o documento é o principal interessado em preservar a legitimidade dele.

Exemplo: Se houver falsificação de Passaporte, a competência será da Justiça Federal.

3.3)Falsidade de atestado médico


Como assim, professor? Quem der atestado médico falso comete crime?

Não. “Quem” não. O médico, sim. Trata-se de crime próprio, pois só poder ser praticado por quem é
médico.

Se o médico der atestado falso, cometerá o crime.

Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso:

Exemplo: Caio, filho de Tício, médico respeitado, pede a seu pai um atestado para que ele possa abonar as faltas
na faculdade.

Tício dá o atestado dizendo que Caio estava internado.

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Nesse caso, houve o crime do artigo 302 do CP.

Pelo parágrafo único, se o há a finalidade de lucro (médico que cobra para dar atestado falso), há a pena
privativa de liberdade cumulada com a de multa.

Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.

3.4)Uso de documento falso


A conduta no crime de uso de documento falso, obviamente, é usar o documento falso.

Mas só os documentos falsificados nos artigos 297 e 298?

Não!!! O crime de uso de “documento falso” não abrange apenas os artigos 297 e 298.

O crime do artigo 304 abrange os artigos 297 a 302 do CP.

Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a
302:

Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

Exemplo: Mévio é uma pessoa muito legal, mas que não preenche os requisitos para tirar seu passaporte. Com
isso, compra um passaporte falso.

Certo dia, decide viajar e apresenta o documento no embarque.


Nesse caso, Mévio praticou o crime de uso de documento falso.

Exemplo: Mévio é uma pessoa muito legal, mas perdeu sua identidade. Com preguiça de tirar a segunda via,
decide comprar um documento falso.

Certo dia, Mévio é parado na rua e um Policial pede sua identificação.

Mévio, no mesmo instante, apresenta a identidade falsa.


Nesse caso, também há o crime do artigo 304, pouco importando se a apresentação foi espontânea ou não.

Um ponto interessante é que a pena para o uso é a mesma pena para quem falsifica o respectivo
documento.

Exemplo: Se alguém utiliza documento público falso, incide na pena do crime de falsificação de documento
público.
Se algum utiliza documento particular falso, incide na pena do crime de falsificação de documento particular.

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Professor, e se a pessoa falsificar e usar?

Nesse caso, só responde pela falsificação. Já vimos que o uso posterior é um fato posterior impunível, que
atrai o princípio da absorção (princípio da consunção).

Competência no uso de documento

Ah, professor. Essa é fácil.

Se o documento falsificado deve ser expedido pela União, a competência é da Justiça Federal. Se o
documento falsificado deve ser expedido pelo Estado, a competência é da Justiça Estadual.

Né???!......

Não. Aqui (no uso), a competência é determinada de acordo com a autoridade para a qual o documento
foi apresentado.

Súmula 546 do STJ: competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada
em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a
qualificação do órgão expedidor.

Trata-se de uma pegadinha muito presente em provas.

Exemplo: Se alguém falsifica um Passaporte (expedido pela União), mas o apresenta a Polícia Civil de algum
Estado, a Competência será da Justiça Estadual.

3.5)Supressão de Documento
Por fim, para encerrar os crimes de falsidade documental, trataremos da supressão de documento.

Tal crime não demanda uma análise aprofundada, sendo caracterizando quando o agente destrói, suprime
ou oculta documento público ou particular verdadeiro, causando prejuízo.

Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio,
documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor:

Exemplo: Semprônio, com o intuito de prejudicar seu amigo, queima um documento que provaria um fato
benéfico para este.

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4) Outras falsidades
Trata-se do penúltimo capítulo dos crimes contra a fé pública e que contém o importante crime de falsa
identidade.

4.1)Falsa identidade
O artigo 307 do CP traz a conduta de quem diz ser outra pessoa para obter vantagem ou causar dano. Veja:

Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou
alheio, ou para causar dano a outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais
grave.

Exemplo: Semprônio, com o intuito de obter vantagem, diz ser Tício, seu irmão gêmeo.

Nesse caso, há o crime do artigo 307 do CP.

Exemplo: Semprônio, com o intuito de fazer Caio, irmão gêmeo de Tício, obter vantagem, diz que Caio é Tício.

Nesse caso, também há o crime do artigo 307 do CP.

O artigo é claro em falar “atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade”.

Note que há o princípio subsidiariedade expressa! Ou seja, só imputa-se o delito do artigo 307 se o fato
não caracterizar crime mais grave.

Professor, se alguém atribuir-se falsa identidade para ocultar maus antecedentes, cometerá esse crime?

Sim! Veja a Súmula 522 do STJ:

Súmula 522 do STJ - A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica,
ainda que em situação de alegada autodefesa.

COMO CAI: CESPE/2016 – TCE/PA - Julgue o próximo item, de acordo com a jurisprudência e a legislação
brasileira em vigor.

A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada
autodefesa.

GABARITO: CERTO.

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COMENTÁRIOS: É verdade que aquele que se atribui falsa identidade comete crime, ainda que tenha por
finalidade fugir de ação de autoridade policial.

É o que diz a Súmula 522 do STJ:

Súmula 522 do STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda
que em situação de alegada autodefesa.

Questão, portanto, correta.

4.2)Uso de documento alheio


O artigo 308, por sua vez, traz um crime de falsa identidade, mas com a apresentação de documento de
identificação verdadeiro pertencente a outra pessoa. Nota-se que a conduta de ceder (emprestar) tais
documentos também é criminalizada.

Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer
documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza,
próprio ou de terceiro:

Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais
grave.

(Novamente, temos o princípio da subsidiariedade expressa!!)

Exemplo: Tício tem 16 anos de idade e é muito parecido com seu irmão Caio, de 18.

Certo dia, Tício decide conquistar Mévia, maior de idade. Acontece que Mévia entrou em uma boate que não
permite menores de idade.

Então, Tício espera Caio dormir, pega sua identidade e consegue ingressar no estabelecimento.

Nesse caso, Tício cometeu ato infracional análogo ao crime do artigo 308 do CP. (adolescente não comete crime,
comete ato infracional).

Exemplo 2: Tício tem 16 anos de idade e é muito parecido com seu irmão Caio, de 18.

Certo dia, Tício decide conquistar Mévia, maior de idade. Acontece que Mévia entrou em uma boate que não
permite menores de idade.

Então, Tício relata a situação para Caio, que empresta sua carteira de identidade para o irmão.

Nesse caso, Caio também cometeu o crime do 308 do CP.

4.3)Adulteração de sinal identificador de veículo automotor


O artigo 311 traz a conduta daquele que adultera ou remarcar sinal identificador de veículo automotor.

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Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, de
seu componente ou equipamento

Mas o que é “veículo automotor”?

O conceito está no Anexo I do Código de Trânsito Brasileiro (CTB – Lei 9.503/97):

VEÍCULO AUTOMOTOR - todo veículo a motor de propulsão que circule por seus próprios meios, e qu
serve normalmente para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a tração viária de veículos
utilizados para o transporte de pessoas e coisas. O termo compreende os veículos conectados a uma linha
elétrica e que não circulam sobre trilhos (ônibus elétrico).

Exemplo: Caio, após passar no concurso público para o cargo de seus sonhos, compra uma moto esportiva.

Acontece que Caio está com medo de tomar multas e, portanto, decide adulterar a placa de seu veículo.
Nesse caso, há o crime do artigo 311 do CP.

Exemplo 2: Caio, após passar no concurso público para o cargo de seus sonhos, compra uma moto esportiva.

Acontece que Caio está com medo da fiscalização de trânsito e decide alterar o número do chassi no CRLV
(Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo – “documento verde”) do seu veículo.

Nesse caso, há o crime do artigo 311 do CP?

NÃO!!!! Aqui, como a falsidade é do próprio documento, o agente responde por falsificação de documento
público!!!!

De igual formal, aqui temos a causa de aumento para o funcionário público.

§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena é aumentada
de um terço.

O parágrafo 2º traz uma conduta equiparada, praticada pelo funcionário público. Trata-se da conduta
daquele que contribui para o licenciamento/registro de veículo adulterado.

§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento ou registro
do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação oficial.

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5) Fraudes em certames de interesse público


Trata-se do último Capítulo do Título crimes contra a fé pública.

Em resumo, é a conduta de utilizar ou divulgar, de forma indevida, conteúdo sigiloso de certame público. O
agente deve ter a finalidade de beneficiar a si próprio ou terceiros, comprometendo a credibilidade do processo
seletivo.

Ah, professor...esse é fácil. É a conduta de quem frauda concurso público, certo?

Parcialmente certo

A lei fala em “certames de interesse público”. Nesse sentido, pode ser concurso público, enem, processo
seletivo simplificado...

Veja como artigo 311-A traz o assunto:

Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de


comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de:

I - concurso público;

II - avaliação ou exame públicos;

III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou

IV - exame ou processo seletivo previstos em lei:

Exemplo: Caio, pai de Mévio, faz parte de uma banca responsável por aplicar as provas do Concurso Público para
um determinado órgão. Querendo que seu filho “tome jeito” na vida, resolve passar informações sigilosas para
Mévio, com o intuito de que este seja aprovado no certame.
Nesse caso, Caio cometeu o Crime do artigo 311-A do CP.

Exemplo 2: Caio, pai de Mévio, faz parte de uma banca responsável por aplicar as provas do Concurso Público
para um determinado órgão. O filho, astuciosamente, ingressa no escritório do pai e pega a relação de questões
que serão cobradas (conteúdo sigiloso). Com isso, é aprovado no certame.

Nesse caso, Mévio cometeu o Crime do artigo 311-A do CP.

Exemplo 3: Semprônio, rapaz com diversas aprovações em concurso públicos, faz parte de um grupo
responsável por fraudar certames.

O esquema é feito da seguinte forma: Semprônio (“piloto”) faz as provas e, após sair do local, passa as respostas
para Caio, que as repassa, através de ponto eletrônico, aos candidatos. (“cola eletrônica”).
Nesse caso, todos cometem o delito do artigo 311-A do CP.

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O artigo 1º traz uma figura equiparada. Trata-se da conduta de quem permite/facilita o acesso de pessoas
não autorizadas às informações sigilosas do certame.

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não
autorizadas às informações mencionadas no caput.

O parágrafo 2º traz uma forma qualificada se a acão/omissão causar dano à Administração.

§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à administração pública:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

Por fim, temos a causa de aumento para o funcionário público que comete o crime.

§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é cometido por funcionário público.

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Questões comentadas pelo professor


1)CESPE/2018 – MPU - Com relação aos crimes em espécie, julgue o item que se segue, considerando o
entendimento firmado pelos tribunais superiores e a doutrina majoritária.
Nos crimes de falsidade documental, considera-se documento particular todo aquele não compreendido como
público, ou a este equiparado, e que, em razão de sua natureza ou relevância, seja objeto da tutela penal — como
cartão de crédito, por exemplo.

GABARITO: CERTO.

COMENTÁRIOS: A questão está perfeita. É considerado documento particular todo aquele que não é
documento público ou equiparado a público. Além disso, o cartão de crédito é documento particular por
equiparação.

Art. 298, Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão
de crédito ou débito.

2)CESPE/2018 – MPE/PI - Considerando a jurisprudência dos tribunais superiores no que se refere a ação penal
pública e privada, a crimes contra a fé pública e a crimes contra a ordem tributária, julgue o item seguinte.
O criminoso que, ao ser abordado por autoridade policial, atribuir-se falsa identidade no intuito de não ser preso
praticará crime contra a fé pública, não estando sua conduta acobertada pela autodefesa.

GABARITO: CERTO.

COMENTÁRIOS: É verdade que aquele que se atribui falsa identidade comete crime, ainda que tenha por
finalidade fugir de ação de autoridade policial.

É o que diz a Súmula 522 do STJ:

Súmula 522 do STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda
que em situação de alegada autodefesa.

Questão, portanto, correta.

3)CESPE/2018 – Polícia Federal - Julgue o item seguinte, relativos a institutos complementares do direito
empresarial, teoria geral dos títulos de crédito, responsabilidade dos sócios, falência e recuperação empresarial.

Os livros comerciais, os títulos ao portador e os transmissíveis por endosso equiparam-se, para fins penais, a
documento público, sendo a sua falsificação tipificada como crime.

GABARITO: CERTO.

COMENTÁRIOS: Os títulos ao portador, os títulos transmissíveis por endosso e os livros comerciais


(mercantis) equiparam-se, para fins penais, a documento público, conforme prevê o CP:

Art. 297, § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade
paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros
mercantis e o testamento particular.

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Questão certa.

4)CESPE/2018 – ABIN - No que se refere aos tipos penais, julgue o próximo item.

A conduta de dolosamente adquirir dólares falsos para colocá-los em circulação por intermédio de operações
cambiais tem a mesma gravidade que a conduta de falsificar papel moeda, sendo, por isso, punida com as
mesmas penas deste crime.
GABARITO: CERTO.

COMENTÁRIOS: Aquele que adquire dólares falsos (moeda de curso legal no estrangeiro) comete o crime
do artigo 289, parágrafo 1º do CP.

Art. 289, § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire,
vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.

Trata-se de conduta equiparada ao crime de falsificação de moeda e, portanto, punido com mesma pena.

Questão correta.

5)CESPE/2018 – ABIN - No que se refere aos crimes contra a fé pública, julgue o item seguinte.

A configuração do crime de moeda falsa exige que a falsificação não seja grosseira.
GABARITO: CERTO.

COMENTÁRIOS: Perfeito. Se a falsificação for grosseira, teremos, em tese, o crime de estelionato, de


competência da Justiça Estadual. É o que diz o STJ.

Súmula 73 do STJ - A utilização de papel-moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime


de estelionato, da competência da Justiça Estadual.

6)CESPE/2018 – ABIN - No que se refere aos crimes contra a fé pública, julgue o item seguinte.

A falsificação de documento público e a falsificação de documento particular são consideradas crimes contra a fé
pública, sendo a pena imputada ao primeiro tipo penal superior à do segundo.

GABARITO: CERTO.

COMENTÁRIOS: De fato, as duas falsificações são crimes contra a fé pública e a pena para quem falsifica
documento público é maior do que para aquele que falsifica documento particular.

Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público
verdadeiro:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular
verdadeiro:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.

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Correta a assertiva.

7)CESPE/2017 – TRF 1ª Região - No que se refere ao cumprimento de mandados judiciais e suas repercussões
criminais na esfera penal, julgue o item que se segue.

Situação hipotética: No curso de diligência para a citação pessoal de réu em processo criminal, o destinatário da
citação apresentou documento de identidade de outra pessoa, em que havia substituído a fotografia original,
com o objetivo de se furtar ao ato, o que frustrou o cumprimento da ordem judicial. Assertiva: Nesse caso, o
citado praticou o crime de falsa identidade.

GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: Na verdade, o autor do crime substituiu fotografia em documento de identidade


verdadeiro. Ou seja, alterou documento público verdadeiro.

Temos, dessa forma, uma falsificação de documento público, não falsa identidade.

Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro:

Portanto, questão incorreta.

8)CESPE/2015 – TCE/RN - Julgue o item subsequente acerca dos delitos previstos na parte especial do Código
Penal.

A fabricação de aparelho destinado à falsificação de moeda é fato criminoso, assim como a fabricação de objeto
destinado à confecção de documentos particulares falsos.

GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: A fabricação de aparelho destinado à falsificação de moeda é fato criminoso, conforme


artigo 291 do CP (Petrechos para falsificação de moeda):

Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo,
aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda:

No entanto, a fabricação de objeto destinado á confecção de documentos particulares falsos não é conduta
tipificada no CP. Sendo assim, questão incorreta.

9)CESPE/2015 – TCU - Em relação aos crimes contra a fé pública, contra o patrimônio e contra a administração
pública, julgue o item subsecutivo.

Situação hipotética: Com o intuito de viajar para o exterior, Pedro, que não possui passaporte, usou como seu o
documento de Paulo, seu irmão — com quem se parece muito —, tendo-o apresentado, sem adulterações, para
os agentes da companhia aérea e da Polícia Federal no aeroporto. Pedro e Paulo têm mais de dezoito anos de
idade. Assertiva: Nessa situação, de acordo com o Código Penal, Pedro cometeu o crime de falsidade ideológica.
GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: A questão diz que o documento foi apresentado sem adulterações.

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Pedro, na verdade, cometeu o crime do artigo 308 do CP (uso de documento alheio).

Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer
documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza,
próprio ou de terceiro:
Sendo assim, questão errada.

10)CESPE/2015 – TRE/GO - No que se refere aos crimes contra o patrimônio, contra a dignidade sexual e contra
a fé e a administração públicas, julgue o item que se segue.

Cometerá o delito de falsidade ideológica o médico que emitir atestado declarando, falsamente, que
determinado paciente está acometido por enfermidade.

GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: A situação narrada configura o crime de falsidade de atestado médico (artigo 302 do CP).

Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso:

Portanto, questão incorreta.

11)CESPE/2015 – DPU - Em relação aos crimes contra a fé pública, aos crimes contra a administração pública,
aos crimes de tortura e aos crimes contra o meio ambiente, julgue o item a seguir.

Praticará o crime de falsidade ideológica aquele que, quando do preenchimento de cadastro público, nele inserir
declaração diversa da que deveria, ainda que não tenha o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a
verdade sobre fato juridicamente relevante.

GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: Como falamos na parte da teoria, o crime de falsidade ideológica requer dolo específico
(especial fim de agir) para se configurar. Trata-se da finalidade de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a
verdade sobre fato juridicamente relevante.

Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou
fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação
ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:

Portanto, incorreta a assertiva.

12)CESPE/2015 – DPE/DF - Julgue os seguintes itens, relativos aos crimes de porte ilegal de arma de fogo, roubo
e falsificação.

O agente que falsificar cartão de crédito ou débito cometerá, em tese, o crime de falsificação de documento
particular previsto no CP.
GABARITO: CERTO.

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COMENTÁRIOS: Os cartões de crédito e de débito são equiparados a documentos particulares, de acordo


com o artigo 298, parágrafo único do CP.

Art. 298, Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão
de crédito ou débito.
Questão correta.

13)CESPE/2015 – TC/DF - Julgue os itens a seguir, acerca de crimes contra a administração pública e contra a fé
pública.

Considere que determinado servidor público, prevalecendo-se de seu cargo, tenha falsificado o teor de um
testamento particular. Nesse caso, o servidor praticou o delito de falsificação de documento particular, que não
se equipara a documento público, e está sujeito ao aumento da pena prevista na lei penal
GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: A questão está errada, pois a conduta de falsificar testamento particular configura crime
de falsificação de documento público, conforme prevê o CP.
Art. 297, § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade
paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros
mercantis e o testamento particular.

14)CESPE/2015 – SEGESP/AL - No que se refere aos crimes contra a fé pública e contra o patrimônio e à
imputabilidade, julgue os itens seguintes.

Considera-se crime contra a fé pública fraudar concurso público para órgão da administração direta do governo
federal ou vestibular para universidade particular.

GABARITO: CERTO.

COMENTÁRIOS: De fato, a conduta de fraudar concurso público ou vestibular configura o crime de fraude
em certames de interesse público, conforme artigo 311-A do CP (crime contra a fé pública).

Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de


comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de:

I - concurso público

III - processo seletivo para ingresso no ensino superior

15)CESPE/2015 – Polícia Federal - No que concerne a crimes, julgue o item a seguir.

O empresário que inserir na carteira de trabalho e previdência social de seu empregado declaração diversa da
que deveria ter escrito cometerá o crime de falsidade ideológica.
GABARITO: ERRADO.

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COMENTÁRIOS: A assertiva está errada, pois tal conduta é equiparada ao crime de falsificação de
documento público, conforme artigo 297, parágrafo 3º do CP.

Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro:

§ 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:

II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir


efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;

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Lista de questões comentadas


1)CESPE/2018 – MPU - Com relação aos crimes em espécie, julgue o item que se segue, considerando o
entendimento firmado pelos tribunais superiores e a doutrina majoritária.
Nos crimes de falsidade documental, considera-se documento particular todo aquele não compreendido como
público, ou a este equiparado, e que, em razão de sua natureza ou relevância, seja objeto da tutela penal — como
cartão de crédito, por exemplo.

2)CESPE/2018 – MPE/PI - Considerando a jurisprudência dos tribunais superiores no que se refere a ação penal
pública e privada, a crimes contra a fé pública e a crimes contra a ordem tributária, julgue o item seguinte.

O criminoso que, ao ser abordado por autoridade policial, atribuir-se falsa identidade no intuito de não ser preso
praticará crime contra a fé pública, não estando sua conduta acobertada pela autodefesa.

3)CESPE/2018 – Polícia Federal - Julgue o item seguinte, relativos a institutos complementares do direito
empresarial, teoria geral dos títulos de crédito, responsabilidade dos sócios, falência e recuperação empresarial.

Os livros comerciais, os títulos ao portador e os transmissíveis por endosso equiparam-se, para fins penais, a
documento público, sendo a sua falsificação tipificada como crime.

4)CESPE/2018 – ABIN - No que se refere aos tipos penais, julgue o próximo item.

A conduta de dolosamente adquirir dólares falsos para colocá-los em circulação por intermédio de operações
cambiais tem a mesma gravidade que a conduta de falsificar papel moeda, sendo, por isso, punida com as
mesmas penas deste crime.

5)CESPE/2018 – ABIN - No que se refere aos crimes contra a fé pública, julgue o item seguinte.

A configuração do crime de moeda falsa exige que a falsificação não seja grosseira.

6)CESPE/2018 – ABIN - No que se refere aos crimes contra a fé pública, julgue o item seguinte.

A falsificação de documento público e a falsificação de documento particular são consideradas crimes contra a fé
pública, sendo a pena imputada ao primeiro tipo penal superior à do segundo.

7)CESPE/2017 – TRF 1ª Região - No que se refere ao cumprimento de mandados judiciais e suas repercussões
criminais na esfera penal, julgue o item que se segue.

Situação hipotética: No curso de diligência para a citação pessoal de réu em processo criminal, o destinatário da
citação apresentou documento de identidade de outra pessoa, em que havia substituído a fotografia original,
com o objetivo de se furtar ao ato, o que frustrou o cumprimento da ordem judicial. Assertiva: Nesse caso, o
citado praticou o crime de falsa identidade.

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8)CESPE/2015 – TCE/RN - Julgue o item subsequente acerca dos delitos previstos na parte especial do Código
Penal.

A fabricação de aparelho destinado à falsificação de moeda é fato criminoso, assim como a fabricação de objeto
destinado à confecção de documentos particulares falsos.

9)CESPE/2015 – TCU - Em relação aos crimes contra a fé pública, contra o patrimônio e contra a administração
pública, julgue o item subsecutivo.

Situação hipotética: Com o intuito de viajar para o exterior, Pedro, que não possui passaporte, usou como seu o
documento de Paulo, seu irmão — com quem se parece muito —, tendo-o apresentado, sem adulterações, para
os agentes da companhia aérea e da Polícia Federal no aeroporto. Pedro e Paulo têm mais de dezoito anos de
idade. Assertiva: Nessa situação, de acordo com o Código Penal, Pedro cometeu o crime de falsidade ideológica.

10)CESPE/2015 – TRE/GO - No que se refere aos crimes contra o patrimônio, contra a dignidade sexual e contra
a fé e a administração públicas, julgue o item que se segue.

Cometerá o delito de falsidade ideológica o médico que emitir atestado declarando, falsamente, que
determinado paciente está acometido por enfermidade.

11)CESPE/2015 – DPU - Em relação aos crimes contra a fé pública, aos crimes contra a administração pública,
aos crimes de tortura e aos crimes contra o meio ambiente, julgue o item a seguir.

Praticará o crime de falsidade ideológica aquele que, quando do preenchimento de cadastro público, nele inserir
declaração diversa da que deveria, ainda que não tenha o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a
verdade sobre fato juridicamente relevante.

12)CESPE/2015 – DPE/DF - Julgue os seguintes itens, relativos aos crimes de porte ilegal de arma de fogo, roubo
e falsificação.

O agente que falsificar cartão de crédito ou débito cometerá, em tese, o crime de falsificação de documento
particular previsto no CP.

13)CESPE/2015 – TC/DF - Julgue os itens a seguir, acerca de crimes contra a administração pública e contra a fé
pública.

Considere que determinado servidor público, prevalecendo-se de seu cargo, tenha falsificado o teor de um
testamento particular. Nesse caso, o servidor praticou o delito de falsificação de documento particular, que não
se equipara a documento público, e está sujeito ao aumento da pena prevista na lei penal

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14)CESPE/2015 – SEGESP/AL - No que se refere aos crimes contra a fé pública e contra o patrimônio e à
imputabilidade, julgue os itens seguintes.

Considera-se crime contra a fé pública fraudar concurso público para órgão da administração direta do governo
federal ou vestibular para universidade particular.

15)CESPE/2015 – Polícia Federal - No que concerne a crimes, julgue o item a seguir.

O empresário que inserir na carteira de trabalho e previdência social de seu empregado declaração diversa da
que deveria ter escrito cometerá o crime de falsidade ideológica.

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Gabarito
1. CERTO 6. CERTO 11. ERRADO
2. CERTO 7. ERRADO 12. CERTO
3. CERTO 8. ERRADO 13. ERRADO
4. CERTO 9. ERRADO 14. CERTO
5. CERTO 10. ERRADO 15. ERRADO

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Resumo direcionado
1) Crimes contra a fé pública
A fé pública nada mais é do que a presunção de legitimidade e veracidade que os
documentos/procedimento públicos têm. Ou seja, a fé pública é a crença de que os documentos e
procedimentos públicos são verdadeiros e estão em consonância com a lei.

Crime de Moeda Falsa


(art. 289 do CP)

Não admite aplicação do


princípio da insignificância

Competência da Justiça
Federal

Configura, em tese,
estelionato
Utilização de moeda
grosseiramente
falsificada
Competência da
Justiça Estadual

Punição de atos preparatórios ao delito de


Petrechos para falsificação de moeda
falsificação

Punição de atos preparatórios ao delito de


Petrechos para falsificação de papéis públicos
falsificação

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Emanado de entidade
paraestatal

Feito por funcionário Título ao


público no exercício das portador/transmissível
funções por endosso
Documento Público

Ações de sociedade
Equiparado
comercial

Livros mercantis

Testamento particular

O que não é
público
Documento Cartão de
Particular crédito
Equiparado
Cartão de
débito

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