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Direito Penal e Processual Penal - Apostila - Aula 10
Direito Penal e Processual Penal - Apostila - Aula 10
Bernardo Bustani
Direito Penal – Policial Rodoviário Federal
Aula 06
Direito Penal
Policial Rodoviário Federal – Aula 06
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Sumário
SUMÁRIO 2
APRESENTAÇÃO 4
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 5
1) INTRODUÇÃO 8
2) CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 16
2.1)Peculato 22
2.2)Concussão 25
2.3)Excesso de Exação 26
2.4)Corrupção Passiva 27
2.5)Prevaricação 28
2.6)Condescendência Criminosa 29
3) CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 30
3.1)Resistência 30
3.2)Desobediência 30
3.3)Desacato 31
3.4)Tráfico de Influência 32
3.5)Corrupção Ativa 33
3.6)Descaminho 34
3.7)Contrabando 34
4) CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA 35
4.1)Denunciação Caluniosa 35
4.2)Comunicação falsa de crime ou contravenção 36
4.3)Falso testemunho ou falsa perícia 36
4.4)Coação no Curso do Processo 37
4.5)Exercício Arbitrário das Próprias Razões 37
4.6)Favorecimento Pessoal 38
4.7)Favorecimento Real 39
5) CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS 40
5.1)Contratação de operação de crédito 40
5.2)Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar 40
5.3)Assunção de obrigação no último ano do mandato ou legislatura 41
5.4)Ordenação de despesa não autorizada 41
5.5)Prestação de garantia graciosa 41
5.6)Não cancelamento de restos a pagar 42
5.7)Aumento de despesa total com pessoal no último ano do mandato ou legislatura 42
5.8)Oferta pública ou colocação de títulos no mercado 42
GABARITO 54
RESUMO DIRECIONADO 55
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Apresentação
Olá, tudo bem? Eu sou o Professor Bernardo Bustani Louzada. Atualmente, atuo como Assessor Adjunto
de gabinete de Desembargador Federal, no Tribunal Regional Federal da 1º Região.
Vou contar um pouco da minha história: Fui aprovado em 1º lugar nacional para o cargo de Técnico
Judiciário/Área Administrativa do TRF da 1ª Região (2017) e também consegui aprovação para o cargo de
Analista Processual da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul (2017).
Sou ex-Advogado, graduado em Direito pelo IBMEC – Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais - e pós-
graduado em Direito Público pela Universidade Cândido Mendes – UCAM.
Posso dizer que eu tenho uma grande afinidade com o Direito Penal, tendo sido a matéria escolhida para os
meus Trabalhos de Conclusão de Curso e para a segunda fase da OAB.
Na minha trajetória, não é exagero dizer que poucas pessoas me ajudaram e acreditaram na minha
capacidade, mas as que acreditaram foram suficientes para que eu confiasse no meu trabalho. Pretendo ajudar e
confiar em cada um de vocês, pois eu, como concurseiro, sei o que significam as palavras “cobrança”,
“frustração” e “pressão”.
Meu conselho é: estude, tenha paciência e trabalhe a sua confiança, pois o sentimento de aprovação é
capaz de apagar tudo de ruim. Não é impossível, basta acreditar.
E é com muito prazer que, junto com o professor Alexandre Salim, direcionarei vocês na disciplina de
Direito Penal. Minha meta é a sua aprovação. Para isso, abordaremos o que realmente cai e como cai.
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Conteúdo Programático
O edital trouxe o conteúdo da seguinte forma:
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Em resumo:
Os crimes contra a administração pública estão, portanto, na parte especial e vão do artigo 312 ao artigo
359-H do CP.
Crimes praticados por particular contra a Administração Pública estrangeira → Capítulo II-A
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1) Introdução
A tipificação de crimes contra a administração pública tutela o conjunto de funções que a Administração
Pública exerce, preservando bens como moralidade, patrimônio e probidade.
Antes de entrarmos no estudo dos crimes contra a Administração Pública, você precisa saber que o
princípio da insignificância, em regra, não se aplica a eles.
Para algo ser considerado crime, é preciso (dentre outros elementos) ser um fato Típico. Isto é, deve ser
uma conduta tipificada em lei, ou seja, descrita em lei como crime.
O que é Tipicidade?
Para uma conduta ser considerada como crime, é preciso que o fato seja Típico (tenha Tipicidade).
Formal → previsão da conduta (crime) na lei → Princípio da Legalidade → Só Lei Formal pode criar crimes.
Material → verificação se a conduta ofende de forma relevante o bem jurídico → “desvalor da conduta”.
Exemplo: “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:” → conduta prevista como crime de furto, no
artigo 155 do CP → Há Tipicidade Formal.
Exemplo 2: “Correr com fone de ouvido” → conduta não prevista como crime → Não há Tipicidade Formal.
Já na Tipicidade Material, fazemos a seguinte pergunta: “Há uma ofensa grave o suficiente para
justificar a incidência do gravoso Direito Penal?”.
Exemplo: Roubo de um avião → Há uma ofensa grave ao bem jurídico (patrimônio) → Há Tipicidade Material.
Exemplo 2: Furto de uma bala de quinze centavos → Não há uma ofensa grave ao bem jurídico (patrimônio) →
Não há Tipicidade Material.
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Resumindo: Para haver crime, deve haver Tipicidade. E para haver Tipicidade, deve haver Tipicidade Formal e
Tipicidade Material.
Exemplo: Irmão de Caio entra em uma loja e furta um canudo de plástico no valor de um real.
Há crime?
Há Tipicidade Formal (o furto é previsto na lei), mas não há Tipicidade Material, pois a conduta não ofende
de forma relevante o patrimônio da loja. Portanto, não há crime.
Veja que, mesmo em casos de Tipicidade Formal, se a conduta não ofender de forma relevante o bem
jurídico, não haverá crime.
Concluímos, assim, que o princípio da insignificância é uma causa de exclusão da Tipicidade Material.
O STF (Supremo Tribunal Federal) e o STJ (Superior Tribunal de Justiça) elencam 04 requisitos objetivos:
OBS: O sujeito reincidente (ou com maus antecedentes) pode ser beneficiado pela aplicação do princípio da
Insignificância?
O tema é alvo de divergência dentro dos próprios Tribunais Superiores (STF e STJ), havendo decisões
recentes nos dois sentidos.
• 1º Corrente → É necessário o requisito subjetivo. Ou seja, o sujeito não deve ser reincidente (ou ter
maus antecedentes) para que haja aplicação do princípio da bagatela.
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da atipicidade da conduta, com fundamento no princípio da bagatela (HCs 123.734, 123.533 e 123.108,
Rel. Min. Luís Roberto Barroso). 3. O entendimento do STF é firme no sentido de que o princípio da
insignificância incide quando presentes, cumulativamente, as seguintes condições objetivas: (i)
mínima ofensividade da conduta do agente, (ii) nenhuma periculosidade social da ação; (iii) grau
reduzido de reprovabilidade do comportamento; (iv) inexpressividade da lesão jurídica provocada,
ressaltando, ainda, que a contumácia na prática delitiva impede a aplicação do princípio. 4. Hipótese
de paciente contumaz na prática delitiva, tendo em vista que “possui contra si uma condenação por
crime de roubo e outras duas por porte de arma. Registra, ainda, outras passagens por crime de
ameaça, lesões corporais e porte de droga. Junto a isso, responde a processo por crime de tráfico de
entorpecentes”, o que impossibilita o reconhecimento do princípio da insignificância. 5. Agravo
regimental não provido.
(HC 119844 AgR, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 29/06/2018,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-157 DIVULG 03-08-2018 PUBLIC 06-08-2018)
“não há como acatar a tese de irrelevância material da conduta por ele praticada, tendo em vista
ser ele reincidente específico em delitos contra o patrimônio.”
(HC 101998, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 23/11/2010, DJe-053 DIVULG
21-03-2011 PUBLIC 22-03-2011 EMENT VOL-02486-01 PP-00031)
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concedida de ofício, para alterar de semiaberto para aberto o regime inicial de cumprimento da pena
imposta à paciente.
(HC 123533, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 03/08/2015, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-030 DIVULG 17-02-2016 PUBLIC 18-02-2016)
Infelizmente, não tenho essa fórmula mágica. Uma questão assim não deveria cair em uma prova objetiva,
exatamente por ser um tema divergente. Se vier na sua prova, tente marcar por eliminação.
GABARITO: LETRA A.
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LETRA B: Errado, pois o desvalor da conduta e do resultado é a própria atipicidade material. A questão, no
entanto, pediu os vetores (requisitos objetivos) para a aplicação do referido princípio. Dessa forma, questão
errada.
LETRA D: Na verdade, é “mínima ofensividade”. Se a ofensividade for relevante, haverá crime. Dessa
forma, incorreta a assertiva.
LETRA E: Errado, pois a lesão jurídica deve ser inexpressiva, não expressiva.
Ofensa grave?
Tipicidade
Material
"desvalor da
Princípio da conduta"
Insignificância
Tipicidade
Previsão em Lei
Formal
Insignificância
(vetores)
Reduzidíssimo grau de
Inexpressividade da lesão
reprovabilidade do
jurídica provocada
comportamento
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Há situações em que o princípio da bagatela (insignificância) não poderá ser aplicado. Uma dessas
situações é na matéria do nosso estudo.
Nos crimes contra a Administração Pública, busca-se preservar a moralidade administrativa, que não pode
ser atrelada a requisitos meramente pecuniários. Ou seja, a moralidade Administrativa é insuscetível de
valoração. Veja o que diz o STJ:
Súmula 599 do STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração
Pública.
ATENÇÃO: No entanto, há uma exceção → No crime de Descaminho (artigo 334 do CP), é possível a aplicação
do referido princípio, apesar de ser crime contra a Administração Pública.
Isso porque na prática o descaminho é um crime tributário, apesar de estar inserido no CP na parte de
Crimes contra a Administração Pública.
STF e STJ → Hoje está pacificado → É aplicável o princípio da Insignificância no caso de crimes tributários
federais e de descaminho, se o valor máximo do tributo suprimido for de até R$ 20.000,00 (vinte mil reais).
OBS: O STJ já aplicou o princípio ao crime de dano contra a Administração Pública, em face do caso concreto
(Idoso dirigindo que quebrou um cone da Polícia Rodoviária Federal).
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Em razão do princípio da proteção da coisa pública, o tipo penal que prevê o crime de descaminho não permite a
aplicação do princípio da insignificância.
GABARITO: ERRADO.
COMENTÁRIOS: Como vimos, conforme posição do STF e do STJ, o princípio da insignificância é aplicável
ao crime de descaminho, se o valor suprimido for de até R$ 20.000,00 (vinte mil reais).
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O conceito de “funcionário público” é uma elementar do tipo penal. Ou seja, a qualidade de funcionário
público é essencial para que haja um crime praticado por funcionário público. Essa afirmação parece boba, mas é
essencial para entender a matéria.
✓ Crimes Funcionais Próprios → São situações fáticas que só são criminalizadas porque há um
funcionário público praticando a conduta. Se a pessoa não for funcionária, o crime não existirá (o
fato será atípico).
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Note que a conduta é “exigir” “vantagem indevida” em razão da função pública. Se o funcionário exigir,
estará configurado o crime. Se o particular exigir, a conduta será atípica, ou seja, não haverá crime, pois não há
função pública.
✓ Crimes Funcionais Impróprios → São situações fáticas que são criminalizadas independentemente
de serem praticadas por funcionário ou pessoa comum.
A diferença é que se for praticado por funcionário, será um crime praticado por ele contra a Administração
Pública (crime funcional). Se for praticado por particular, a conduta será tipificada em outro dispositivo legal.
Art. 312, § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro,
valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Note que a conduta é “subtrair” ou “concorrer para que seja subtraído”, valendo-se da facilidade que a
função pública proporciona. Se o funcionário praticar os verbos, estará configurado o crime. Se o particular o
fizer, a conduta não será atípica. Haverá o crime de furto.
Dessa forma, nos crimes funcionais impróprios, se há a “retirada” do funcionário público, a conduta
continua sendo crime, mas em outro dispositivo legal.
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O conceito está no artigo 327 do Código Penal. O caput traz a definição em si, enquanto o parágrafo 1º traz
o conceito equiparado.
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
O artigo fala em “embora” “transitoriamente” ou “sem remuneração”. Isso nos leva a concluir que não
importa se o sujeito exerce a função de forma transitória ou se não recebe por ela. Ele será funcionário público
para fins penais.
Em outras palavras, tanto quem está permanentemente quanto quem está temporariamente no órgão é
funcionário público. No mesmo sentido, tanto quem recebe remuneração quanto quem não recebe, será
funcionário.
Art. 327, § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade
paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a
execução de atividade típica da Administração Pública.
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Concluímos que o conceito de funcionário público para o Direito Penal é mais amplo do que para o Direito
Administrativo.
Em regra, se duas pessoas cometem um crime, as circunstâncias pessoais (subjetivas) de cada uma delas
não se comunicam.
Exemplo: Caio, maior e capaz, junto com Mévio, de 16 anos, resolve praticar um fato típico.
Como vimos, Caio é capaz e Mévio é incapaz (inimputável). A conduta dos dois é típica e ilícita, mas somente a
conduta de Caio é culpável.
Sendo assim, a menoridade de Mévio poderá ser estendida para Caio? Em outras palavras, Caio receberá a
mesma punição que Mévio?
Não. Isso porque a menoridade de Mévio é uma circunstância pessoal e não se comunica com Caio.
Exemplo 2: Caio, funcionário público, e Tício, particular, decidem furtar um bem da repartição pública onde Caio
trabalha, valendo-se do acesso que este tem ao prédio.
A condição de funcionário público de Caio é uma circunstância pessoal (é dele). Essa circunstância se
comunica com Tício? Ou seja, Tício responderá pelo mesmo crime que Caio (peculato)?
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Sim. Isso porque, apesar de a condição de funcionário público ser pessoal, ela é elementar do crime, ou
seja, é essencial para que o crime seja cometido. Como já falamos, se “retirarmos” a condição de funcionário, o
crime desaparecerá ou se transformará em outro.
Em síntese, se Caio não fosse funcionário público, haveria furto. Então, se Tício sabia da qualidade de
funcionário público, ele responderá por peculato junto com Caio. Nota-se que é necessário que Tício conheça
tal circunstância.
Portanto:
Com isso, é possível falar que se o particular praticar um crime funcional junto com um funcionário público
e conhecer essa circunstância pessoal, ele também responderá por tal crime.
É necessário, ainda, falar do parágrafo 2º. Trata-se de uma causa especial de aumento de pena.
Art. 327, § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste
Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão
da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo
poder público.
Vamos esquematizar?
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Se houver a condenação de um funcionário público, haverá alguma consequência específica para ele?
Vemos pelo parágrafo único que a perda do cargo/função/mandato não é automática!!!!! O juiz deve
declarar e motivar essa circunstância na sentença!
No entanto, temos exceções a essa regra. Ou seja, é possível a perda do cargo como efeito automático da
condenação.
Quer ver?
▪ Lei de tortura (Lei 9.455/97) → Condenados pela prática de tortura perderão seus cargos de forma
automática. É possível concluir isso pela palavra “acarretará”. Ou seja, trata-se de efeito
automático.
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Art. 1º, § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição
para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
Art. 2º, § 6º A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do
cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público
pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena.
Veja:
Portanto, se houver condenação por mais de 120 dias, ele automaticamente deixará de comparecer a 1/3
das sessões ordinárias.
Feita essa longa e necessária introdução, passaremos agora ao estudo dos crimes em espécie mais
cobrados. Isso não quer dizer que você não tenha que, pelo menos, ler os demais dispositivos legais. Em outras
palavras, em alguns crimes, é preciso aprofundar o estudo. Em outros, não.
Vamos lá?
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2.1)Peculato
O peculato, sem dúvida nenhuma, é o crime funcional mais famoso. No entanto, está longe de ser apenas a
figura do funcionário público que “pega algo que não é seu”.
Quer ver?
Peculato doloso
Começaremos com o peculato doloso, ou seja, crime punido a título de dolo (conduta dolosa).
Por questões didáticas, primeiro vou colocar o artigo para depois analisá-lo, ok?
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
A conduta da primeira parte é “apropriar-se”, motivo pelo qual essa modalidade é denominada “peculato-
apropriação”.
O bem público, por motivos óbvios, pode ser objeto do crime de peculato. E o bem particular?
Exemplo 1: Caio, funcionário público, tem o direito de usar um celular do órgão público ao qual está vinculado.
No entanto, certo dia, em virtude de gostar muito do aparelho, decide levar o aparelho para casa e não mais
devolver.
Caio cometeu o crime de peculato-apropriação, pois se apropriou de um celular que já estava em sua posse.
Ou seja, deixou de apenas usá-lo para efetivamente se apropriar.
Exemplo 2: Mévio, funcionário público, recebe folhas em branco para colocar na impressora da repartição onde
trabalha.
No entanto, percebendo que a impressora de sua casa precisa de folhas, decide não empregar o produto no
órgão público, mas sim levá-lo para sua casa.
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Mévio cometeu o crime de peculato-desvio, pois recebeu as folhas de papel para empregar na repartição
pública, mas acabou as desviando para fins particulares.
Não!!!!! Como vimos, não se aplica o princípio da insignificância nos crimes funcionais.
Peculato-apropriação
Peculato-desvio
Temos, ainda, uma outra hipótese de peculato doloso, que está no parágrafo 1º:
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor
ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
Essa modalidade é chamada de “peculato-furto”, pois o verbo do tipo é “subtrair” ou concorrer para “que
seja subtraído”.
Exemplo: Tício, funcionário público, sabe que na sala ao lado da qual trabalha está um valioso objeto, que
sempre foi seu “sonho de consumo”.
Certo dia, no final do expediente, Tício decide pegar o objeto e levar para sua casa, com a finalidade de ficar com
ele.
Tício cometeu o crime de peculato-furto, pois subtraiu objeto que não estava em sua posse. Nota-se que
ele utilizou sua qualidade de funcionário público para ter acesso à sala em que estava o bem. Se não fosse
funcionário público, não teria acesso ao andar no qual trabalha.
Isso que quer dizer “valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário”.
A exemplo do peculato próprio, o peculato-furto (impróprio) só é punido se a conduta do agente for dolosa.
Peculato Impróprio
Peculato-furto
(dolo)
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Peculato culposo
No parágrafo 2º, é previsto o peculato culposo, ou seja, uma modalidade de peculato punido a título de
culpa (conduta culposa).
Como assim?
“Parasitário” ou “acessório”, pois depende de outro delito para ser praticado. Se não houver um delito
principal, não haverá peculato culposo. O parasita (peculato culposo) depende da vida do hospedeiro (crime
principal).
Isso é dito pelo próprio artigo (“concorre culposamente para o crime de outrem”), veja:
Exemplo 1: Caio, funcionário público que tem a missão de guardar um cofre com dinheiro, combina com seu
amigo de deixar a porta aberta para que ele subtraia os valores.
Caio cometeu peculato-furto junto com seu amigo!!!! Sua conduta foi dolosa!!!!!
Exemplo 2: Caio, funcionário público que tem a missão de guardar um cofre com dinheiro, bebe muito com seu
amigo Tício.
Vendo que são 5h da manhã e, tendo que trabalhar às 6h, Caio decide ir direto para a repartição.
Tício, sabendo que seu amigo está “na mão do palhaço”, decide montar um plano para subtrair os valores que
são guardados pelo amigo.
Quando percebe Caio totalmente distraído e caindo de sono, passa por ele e consuma o delito.
Caio cometeu peculato culposo, pois agiu de forma negligente. Sabendo que teria que trabalhar às 6h da
manhã, ele se embriagou e não guardou o cofre como deveria.
No entanto, como a conduta foi culposa, a pena é muito menor. Além disso, ainda há um benefício no
parágrafo 3º, que leva à extinção da punibilidade.
Quer ver?
Continuação do Exemplo 2: Caio, chorando e muito arrependido, decide tirar dinheiro do seu salário e reparar o
dano causado.
Nesse caso, ele terá sua punibilidade extinta, se reparar o dano até a sentença irrecorrível. Se for posterior
a tal sentença, a pena é reduzida pela metade, olhe:
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Não!!!!!!! Somente é aplicável o parágrafo 3º no peculato culposo, ou seja, no cometido por Caio!
A conduta, nesse crime, é dolosa e consiste em se apropriar de utilidade que recebeu por engano, durante o
exercício do cargo.
Veja:
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de
outrem:
Exemplo: Caio, funcionário público responsável pela guarda de computadores apreendidos, recebe um tablet
por engano.
Pensando que, se ficar com o eletrônico para si, ninguém vai receber, acaba se apropriando do bem.
Nesse caso, há peculato mediante erro de outrem, denominado peculato-estelionato. Isso porque Caio
recebeu um tablet por engano e se apropriou dele. Não era sua função guardar o tablet.
2.2)Concussão
O crime de concussão tem alta incidência em provas. Trata-se da conduta de “exigir” vantagem indevida,
em razão da função pública. Vantagem indevida é a vantagem de qualquer natureza, desde que ilegal/ilícita. Tal
vantagem não precisa ser econômica.
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
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Exemplo: Tício, funcionário público, realiza uma fiscalização e percebe que pode aplicar uma multa que a
empresa não poderá suportar.
Nesse momento, exige uma quantia em dinheiro para não autuar o estabelecimento.
Tício cometeu o crime de concussão. Ou seja, ele exigiu vantagem indevida para não autuar a empresa.
Exemplo 2: Tício, funcionário público, realiza uma fiscalização e percebe que pode aplicar uma multa de 500 mil
reais no estabelecimento.
Com isso, exige uma quantia em direito e fala que se ela não for paga, ele “irá aplicar sucessivas multas mesmo
sem motivo, até que o empresário fique na miséria e sua família morra de fome”.
Tício cometeu o crime de extorsão. Aqui, não se fala em “concussão”, pois houve uma grave ameaça ao
particular. Tício falou que iria aplicar sucessivas multas mesmo sem motivo, até que o empresário ficasse na
miséria e sua família morresse de fome.
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si
ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma
coisa:
2.3)Excesso de Exação
O excesso de exação está no artigo 316, parágrafo 1º do CP. Trata-se da conduta do funcionário que exige
tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber ser indevido. Nesta hipótese, não há qualquer tributo
devido.
Exemplo: Tício, auditor fiscal, realiza uma fiscalização e percebe que tudo está ok com os tributos.
No entanto, com o intuito de provocar o particular, fala que ele está devendo um determinado imposto (mesmo
sabendo que isso não é verdade) e exige o pagamento.
Tício cometeu excesso de exação, pois exigiu tributo que sabia ser indevido, uma vez que estava tudo
quitado.
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Além disso, também constitui excesso de exação a conduta de empregar método vexatório/gravoso ao
exigir tributo, mesmo que ele seja devido.
Exemplo: Tício, auditor fiscal, realiza uma fiscalização e percebe que o particular está devendo um determinado
tributo.
No entanto, com o intuito de provocar o particular, começa a chamá-lo de inadimplente e a fazer piadas.
Art. 316, § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido,
ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
2.4)Corrupção Passiva
Ao contrário do crime de concussão (exigir), aqui os verbos são “solicitar”, “receber” e “aceitar”. Trata-se da
única diferença entre os dois crimes.
Em síntese, é a conduta do funcionário que pratica os verbos com o intuito de obter vantagem indevida.
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Nesse momento, solicita uma quantia em dinheiro para não autuar o estabelecimento.
OBS: O verbo solicitar traz um crime formal → ou seja, para a consumação, basta a solicitação.
Concussão Exigir
Concussão X Corrupção Passiva
Corrupção Passiva Solicitar, receber, aceitar
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Ou seja, se o funcionário público, retarda ou deixa de praticar ato que deveria praticar (ato de ofício) ou se
ele pratica algum ato infringindo um dever do cargo, a pena é aumentada de 1/3.
Exemplo: Caio, servidor de um Tribunal, é encarregado de selecionar os processos para serem julgados.
Um amigo de infância pede que ele não coloque um determinado processo porque a sentença lhe trará prejuízos.
Caio cede ao pedido do amigo e coloca a ação para o fim da fila.
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional,
cedendo a pedido ou influência de outrem:
Como a administração pública é regida pelo princípio da impessoalidade, em regra, não pode haver
tratamento diferenciado para um particular.
2.5)Prevaricação
Aqui, o funcionário público não faz o que deve ou faz o que não deve, com a finalidade de satisfazer
interesse ou sentimento pessoal.
Veja:
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Exemplo: Caio, servidor de um Tribunal, é encarregado de selecionar os processos para serem julgados.
Sem motivo, decide que irá colocar um processo para o final da fila.
Houve prevaricação?
Não, pois caio praticou ato contra expressa disposição de lei (função que deveria cumprir), mas tal prática
foi “sem motivo”.
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Exemplo 2: Caio, servidor de um Tribunal, é encarregado de selecionar os processos para serem julgados.
Com pena de um réu, decide que irá colocar um processo para o final da fila.
Houve prevaricação?
Sim, pois caio praticou ato contra expressa disposição de lei (função que deveria cumprir) e tal prática
derivou de “sentimento pessoal”, ou seja, pena do réu.
2.6)Condescendência Criminosa
Em tal crime, o superior hierárquico deixa de responsabilizar um subordinado que cometeu uma infração;
ou, lhe faltando competência para responsabilizar, não leva o fato ao conhecimento da autoridade competente.
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração
no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade
competente:
Exemplo: Mévio, chefe de uma repartição, percebe que seu subordinado cometeu infração funcional.
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3.1)Resistência
O crime de resistência consiste na conduta do particular que se opõe ativamente à execução de ato legal,
ameaçando ou cometendo violência contra o funcionário público que está executando tal ato.
Nota-se, também, que o particular que esteja ajudando o funcionário público também pode ser vítima
desse delito.
Veja:
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente
para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Exemplo: Mévio, Oficial de Justiça Avaliador Federal, mais conhecido como OJAF, é o responsável por cumprir
um mandado de busca e apreensão de um veículo.
Professor, e se o ato do funcionário público não puder se executado em razão da violência? Nesse caso, a
pena é maior. Trata-se de uma qualificadora:
Professor, e se o funcionário público sofrer lesão corporal? Nesse caso, haverá concurso de crimes (lesão
corporal + resistência). É o que diz o parágrafo 2º:
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.
3.2)Desobediência
Aqui, a conduta é desobedecer à ordem legal de funcionário público. Tal conduta pode ser omissiva (não
fazer) ou comissiva (por ação – fazer).
Ordem legal é entendida como ordem de acordo com o ordenamento jurídico (Lei).
Olhe:
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Exemplo: Mévio, Policial Civil, ordena que Caio apresente documento de identificação em uma blitz.
Nesse caso, Caio desobedeceu a ordem legal de funcionário público e cometeu o crime de desobediência.
Exemplo: Mévio, Policial Civil, ordena que Caio pule carniça em seu amigo.
Nesse caso, Caio não desobedeceu a “ordem legal” de funcionário público. O Policial não tem atribuição
legal de ordenar que Caio pule carniça.
OBS: Descumprir medidas protetivas de urgência da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06).
No entanto, é crime na Lei Maria da Penha, não no CP. É uma desobediência especial.
Art. 24-A. da Lei 11.340 - Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência
previstas nesta Lei:
3.3)Desacato
O crime de desacato consiste na conduta do particular que ofenda ou menospreze o funcionário público,
em razão de suas funções.
Exemplo: Mévio, cidadão comum, olha para a cara de um Agente de Trânsito e fala “vocês só servem para
arrecadar dinheiro, seus lixos!!! Vão trabalhar direito!!!!!”.
Essa conduta configura desacato, pois ofende as nobres funções que o Agente de Trânsito exerce.
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Exemplo 2: Mévio, cidadão comum, fala na internet que os Agentes de Trânsito “só servem para arrecadar
dinheiro, são uns lixos e não trabalham direito!!!!!”.
Essa conduta não configura desacato, pois, apesar de ofender os Agentes de Trânsito, não há nenhum
funcionário presente no momento da ofensa.
Ou seja, para se configurar o crime de desacato, é necessária a presença física do funcionário público.
3.4)Tráfico de Influência
O crime de tráfico de influência consiste na conduta daquele que pede vantagem a alguém dizendo que
influirá em ato praticado por funcionário público.
Olhe:
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a
pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função:
Exemplo: Mévio, cidadão comum, fala para seu amigo que conhece um servidor da previdência social e que pode
acelerar a concessão de um benefício. Para isso, solicita mil reais.
Exemplo 2: Mévio, cidadão comum, fala para seu amigo que conhece um servidor da previdência social e que
pode acelerar a concessão de um benefício. Para isso, solicita mil reais.
Acontece que Mévio realmente conhece um servidor de lá, passa quinhentos reais para ele, e seu amigo
consegue receber o benefício.
Nesse caso, não há o crime de tráfico de influência. Mévio responde por corrupção ativa e o funcionário
público por corrupção passiva. Isso porque o crime de tráfico de influência tem como requisito que o autor não
interfira na função do funcionário público. Se o fizer, praticará corrupção ativa, crime que veremos daqui a
pouco.
Note, pelo parágrafo único, que se o agente diz que a vantagem também é destinada ao funcionário
público, a pena é aumentada.
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é
também destinada ao funcionário.
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Exemplo 3: Mévio, cidadão comum, fala para seu amigo que conhece um Juiz que pode proferir uma sentença
favorável em um processo no qual o amigo é réu. Para isso, solicita mil reais.
Nesse caso, não há o crime de tráfico de influência. Mévio responde por exploração de prestígio. Isso
porque tal crime é uma forma especial de tráfico de influência. Em outras palavras, é o tráfico de influência, mas
praticado com a “desculpa” de influir em atos de profissões específicas.
Veja:
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado,
órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha:
Ou seja, se for algumas das profissões do 357, teremos exploração de prestígio. Se for outro tipo de
funcionário público, haverá tráfico de influência.
3.5)Corrupção Ativa
Ao contrário da corrupção passiva, aqui é o particular quem oferece ou promete propina (vantagem
indevida). A finalidade é que o funcionário pratique, omita ou retarde ato de ofício.
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
omitir ou retardar ato de ofício:
Exemplo: Caio, particular, é parado por um Agente de Trânsito, pois está sem cinto de segurança.
Para não ser autuado, ele oferece mil reais para o Agente.
Se o agente aceita, Caio responde por corrupção ativa e o agente responde por corrupção passiva.
Exemplo 2: Caio, particular, é parado por um Agente de Trânsito, pois está sem cinto de segurança.
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Caio “deu” o dinheiro. No entanto, no tipo de corrupção ativa não está o verbo “dar”. Como não é permitida
analogia in malam partem, a conduta de Caio é atípica.
Muita atenção!!
3.6)Descaminho
Em síntese, comete esse crime o particular que não paga imposto que deveria pagar, pela entrada, saída ou
pelo consumo de mercadoria.
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída
ou pelo consumo de mercadoria
Caio mente na declaração dizendo que “não comprou nada”, mas, na verdade, trouxe bens acima da quantia
permitida.
Ou seja, Caio entrou no território nacional com produtos em quantia superior à permitida e não declarou
tais bens para não pagar imposto.
OBS: Como já falamos, aqui cabe a aplicação do princípio da insignificância, se o valor do tributo suprimido for
de até R$ 20.000,00 (vinte mil reais).
3.7)Contrabando
Já o crime de contrabando consiste na conduta de quem importa ou exporta mercadoria proibida. Aqui, ao
contrário do descaminho, tutela-se a saúde e a segurança pública. Por isso, não cabe o princípio da
insignificância.
OBS: De acordo com o STJ, a competência para julgamento dos crimes de contrabando e descaminho é da
Justiça Federal do local da apreensão dos bens.
Súmula 151 do STJ - A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou
descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens.
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Vamos lá?
4.1)Denunciação Caluniosa
Tal crime consiste na conduta de quem “dá causa” à instauração de investigação policial, processo judicial,
investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, mesmo
sabendo que a pessoa nada fez.
Exemplo: Z, pessoa que gosta de arrumar confusão, diz que Lionel, rapaz calmo e trabalhador, a ameaçou
gravemente.
Acontece que Z sabe que Lionel nada fez, pois a ameaça foi feita por outra pessoa. Sua vontade é apenas
provocá-lo. Com isso, vai na delegacia e abre um boletim de ocorrência, que dá causa a uma investigação
policial.
Nesse caso, Z cometeu o crime de denunciação caluniosa, pois imputou a Lionel crime (ameaça) do qual
sabia ser inocente.
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação
administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime
Se quem dá causa à instauração o fizer de forma anônima ou usando outro nome, a pena aumenta-se. É o
que diz o parágrafo 1º:
Podemos citar, ainda, uma causa de diminuição de pena, no caso de a imputação ser de contravenção.
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Veja:
É necessário que tais condutas sejam praticadas por testemunha, perito, contador, tradutor ou interprete.
Além disso, é preciso que seja dentro de um processo judicial, administrativo, inquérito policial ou juízo arbitral.
Observe o artigo:
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador,
tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:
Aumento de pena
Há, no CP, uma causa de aumento de pena (1/6 a 1/3), no caso do crime ter sido cometido mediante
suborno (a testemunha que recebe para mentir, por exemplo).
No mesmo sentido, se a conduta é praticada dentro do processo penal ou em processo civil em que for
parte administração direta (União, Estados, DF ou Município) ou indireta (Autarquia, Empresa Pública,
Sociedade de Economia Mista ou Fundação), também aplica-se a causa de aumento.
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Retratação
Há, ainda, uma hipótese em que não haverá punição. Ou seja, se o agente, antes da sentença no processo
no qual cometeu a conduta, declara a verdade, ele não é punido.
Veja:
§ 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se
retrata ou declara a verdade.
Veja:
Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra
autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo
judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:
Exemplo: Tício, parte em um processo judicial, decide ameaçar a outra parte para que ela desista da ação.
Nota-se que Tício está ameaçando a outra parte com a finalidade de favorecer interesse próprio.
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a
lei o permite:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.
Em tese, Caio teria que procurar o Estado (Polícia, Poder Judiciário, etc.) para reaver a moto. Sua pretensão é,
inclusive, legítima.
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Note que Caio responderá por exercício arbitrário e pela pena correspondente à violência (no caso, lesão
corporal).
Nesse caso, o crime é de ação penal privada (somente se procede mediante queixa):
4.6)Favorecimento Pessoal
O crime de favorecimento pessoal consiste na conduta do autor que auxilia pessoa a fugir de ação de
autoridade pública (funcionário público), em virtude do cometimento de algum crime.
Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de
reclusão:
Caio sabe que seu amigo cometeu um crime de furto, que tem pena de reclusão.
aio sabe que seu amigo cometeu um crime de ameaça, que tem pena de detenção.
Sim.
Sim, mas no parágrafo 1º está a hipótese de pena de detenção. A pena é menor, olhe:
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Lembre-se que o favorecimento pessoal consiste na conduta de favorecer “pessoa”. No entanto, não é
qualquer pessoa.
Veja:
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de
pena.
Ou seja, se o auxílio é prestado por CADI (ascendente, descendente, cônjuge ou irmão), haverá isenção de
pena.
4.7)Favorecimento Real
Se no favorecimento pessoal auxilia-se pessoa, no favorecimento real a conduta é a de ajudar o criminoso a
“tornar seguro” o produto do crime cometido.
Nota-se que o autor do favorecimento real não participa do crime anterior, ele só ajuda o criminoso a
garantir que o produto de tal crime não seja recuperado.
Veja:
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar
seguro o proveito do crime:
Exemplo: Caio auxilia seu amigo a furtar um celular e esconde o aparelho em sua casa para tornar o produto do
crime seguro.
Não. Caio responderá por furto, pois “auxiliou seu amigo a furtar”. É isso que quer dizer “fora dos casos de
coautoria”.
Achando muito legal a conduta do amigo, resolve esconder o aparelho em sua casa para tornar o produto do
crime seguro.
Sim. Caio ajudou o amigo a tornar o celular seguro, mesmo sem intenção de ficar com o bem móvel
(receptar).
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São crimes que tutelam a “saúde financeira” do Estado. Ou seja, tutelam o equilíbrio nas finanças. As
provas, quando cobram o assunto, apenas reproduzem o texto legal.
Vocês verão que tais crimes não demandam muita análise. A simples leitura dos artigos e dos comentários
já é suficiente.
Olhe:
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, interno ou externo, sem prévia
autorização legislativa:
Exemplo: Caio, funcionário público responsável por autorizar operação de crédito, precisa de autorização
legislativa para tal.
No entanto, com pressa, resolve autorizá-la por sua conta e risco.
O parágrafo único traz as condutas equiparadas. O inciso I trata da conduta que ultrapassa os limites
estabelecidos em lei ou em resolução do Senado. Ou seja, há a autorização legislativa, mas o agente ultrapassa
os limites dela.
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou
externo:
II – quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o limite máximo autorizado por lei.
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Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar, de despesa que não tenha sido
previamente empenhada ou que exceda limite estabelecido em lei:
Exemplo: Caio, funcionário público responsável por autorizar a inscrição de um crédito em restos a pagar, o faz
sem que haja reserva de dinheiro para tal (sem que haja empenho).
Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último ano do
mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste
parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa:
Exemplo: Caio, governador de Estado, com a finalidade de fazer propaganda de seu partido, ordena despesa no
último dia do mandato.
Acontece que essa despesa não pode ser paga, pois não há dinheiro para tal.
Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito sem que tenha sido constituída contragarantia em valor
igual ou superior ao valor da garantia prestada, na forma da lei:
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Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o cancelamento do montante de restos a pagar
inscrito em valor superior ao permitido em lei:
Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos
cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da legislatura:
Exemplo: Caio, governador de Estado, com a finalidade de se reeleger, contrata muitos servidores nos últimos
180 dias do mandato, para fazer “lobby” com a classe.
Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública ou a colocação no mercado financeiro de títulos
da dívida pública sem que tenham sido criados por lei ou sem que estejam registrados em sistema
centralizado de liquidação e de custódia:
COMO CAI: VUNESP/2019 – TJ/SP - A conduta que se amolda ao crime de “inscrição de despesas não
empenhadas em restos a pagar” é
B)ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar de despesa que exceda o limite estabelecido em lei.
C)ordenar, autorizar ou executar a inscrição em restos a pagar que acarrete aumento de despesa total com
pessoal, nos sessenta dias anteriores ao final do mandato.
D)ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, interno ou externo, sem prévia autorização legislativa e
inscrevê-la em restos a pagar.
E)ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou
legislatura, e inscrevê-la em restos a pagar.
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GABARITO: LETRA B.
COMENTÁRIOS: A letra B é a única que traz o crime de inscrição de despesas não empenhadas em restos a
pagar. Como falei, a cobrança desse tema é em forma de “letra de lei”, ou seja, repetição do artigo.
Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar, de despesa que não tenha sido previamente
empenhada ou que exceda limite estabelecido em lei:
LETRA A: Errado, pois tal crime é o de Não cancelamento de restos a pagar, previsto no artigo 359-F do CP.
Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o cancelamento do montante de restos a pagar
inscrito em valor superior ao permitido em lei:
LETRA C: Errado, o crime poderia ser o de Aumento de despesa total com pessoal no último ano do
mandato ou legislatura. No entanto, o artigo fala “nos cento e oitenta dias anteriores”, não “nos sessenta dias
anteriores”. Veja:
Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos
cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da legislatura
LETRA D: Errado, o crime poderia ser o de Contratação de operação de crédito. No entanto, o artigo não
fala “e inscrevê-la em restos a pagar”. Veja:
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, interno ou externo, sem prévia autorização
legislativa:
LETRA E: Incorreto. A questão tentou confundir o candidato com o crime de Assunção de obrigação no
último ano do mandato ou legislatura. Veja:
Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último ano do
mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste parcela a
ser paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa:
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É causa de extinção da punibilidade a reparação de dano decorrente de peculato culposo por funcionário público,
antes do trânsito em julgado de sentença condenatória.
GABARITO: CERTO.
2)CESPE/2018 – ABIN - Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item a seguir.
Para a configuração do crime de prevaricação faz-se necessário um ajuste de vontade entre o agente do Estado e
o beneficiário do seu ato.
GABARITO: ERRADO.
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
O enunciado, por sua vez, diz que para haver crime de prevaricação deve haver um “ajuste de vontade
entre o agente do Estado e o beneficiário do seu ato”. Isso está incorreto, pois a lei não exige essa condição. O
que a lei exige é que o funcionário pratique os verbos com a finalidade de satisfazer interesse ou sentimento
pessoal, pouco importando o “ajuste de vontade”.
3)CESPE/2018 – ABIN - Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item a seguir.
O crime de corrupção ativa e o de corrupção passiva são considerados crimes próprios praticados contra a
administração pública.
GABARITO: ERRADO.
COMENTÁRIOS: A corrupção passiva é um crime próprio, ou seja, que só pode ser praticado por quem
detém uma qualidade específica que, no caso, é a de funcionário público. Em outras palavras, apenas funcionário
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público pode praticar o crime de corrupção passiva. Se, por exemplo, o particular solicitar uma vantagem
indevida, o fato será atípico.
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função
ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem
Já o crime de corrupção ativa é um crime comum, ou seja, que pode ser praticado por qualquer pessoa, seja
funcionário ou não.
4)CESPE/2018 – ABIN - Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item a seguir.
O crime de peculato pode ser praticado por quem exerce emprego público, ainda que sua atividade seja
transitória ou sem remuneração.
GABARITO: CERTO.
COMENTÁRIOS: Perfeito. Para fins penais, considera-se também funcionário público aquele que exerce
emprego, ainda que de forma transitória (não permanente) e sem remuneração.
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou
sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
5)CESPE/2017 – TRF 1ª Região - Julgue o item subsequente, relativo a crimes contra a administração pública.
A distinção fundamental entre os tipos penais tráfico de influência e exploração de prestígio diz respeito à pessoa
sobre a qual recairá a suposta prática delitiva.
GABARITO: CERTO.
Como vimos, no tráfico de influência há a prática dos verbos, a pretexto de influir em ato praticado por
funcionário público.
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a
pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função:
No caso da exploração de prestígio, a prática dos verbos se dá a pretexto de influir em ato praticado por
determinadas pessoas.
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado,
órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha:
Por isso é correto dizer que a distinção entre os crimes diz respeito à pessoa sobre a qual recairá a suposta
prática delitiva.
6)CESPE/2017 – TCE/PE - No que se refere aos crimes praticados por funcionário público contra a administração
em geral, julgue o seguinte item.
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O vereador que, em razão do seu cargo, solicitar parte do salário de seus assessores em benefício próprio
praticará o crime de concussão.
GABARITO: ERRADO.
Veja:
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
7)CESPE/2017 – TCE/PE - No que se refere aos crimes praticados por funcionário público contra a administração
em geral, julgue o seguinte item.
Praticará o crime de corrupção passiva o médico — seja ele servidor público ou não — que, em atendimento pelo
Sistema Único de Saúde, exigir do segurado quantia em dinheiro para a realização de consulta.
GABARITO: ERRADO.
COMENTÁRIOS: Primeiramente, o médico que atende pelo SUS é considerado funcionário público por
equiparação, pois é conveniado para prestar uma atividade típica do Estado (saúde), veja:
Art. 327, § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade
paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução
de atividade típica da Administração Pública.
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
8)CESPE/2016 – TCE/PA - Cada item a seguir apresenta uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser
julgada de acordo com o Código Penal, com a legislação penal extravagante e com a jurisprudência do STJ.
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João, policial civil, exigiu vantagem indevida de particular para não prendê-lo em flagrante. A vítima não realizou
o pagamento e prontamente comunicou o fato a policiais civis. Nessa situação, como o delito de concussão é
formal, o crime consumou-se com a exigência da vantagem indevida, devendo João por ele responder.
GABARITO: CERTO.
COMENTÁRIOS: Perfeito. O crime de concussão (exigir vantagem indevida) consuma-se com a prática do
verbo do tipo penal. Não importa se o Policial recebeu ou não a vantagem, pois o crime é formal. Em outras
palavras, o crime de concussão consuma-se com a exigência da vantagem indevida. O recebimento da mesma é
mero exaurimento do delito.
9)CESPE/2018 – MPU - Com relação aos crimes em espécie, julgue o item que se segue, considerando o
entendimento firmado pelos tribunais superiores e a doutrina majoritária.
No crime de peculato, o proveito a que se refere o tipo penal pode ser tanto material quanto moral,
consumando-se o delito mesmo que a vantagem auferida pelo agente não seja de natureza econômica.
GABARITO: CERTO.
COMENTÁRIOS: Em linhas gerais, o crime de peculato doloso consiste na conduta do funcionário público
que se apropria, subtrai ou desvia bem que está sob guarda da Administração Pública.
O proveito do crime (bem) pode ser material (o mais comum – celular, por exemplo) e também pode ser
moral (funcionário que ajuda uma pessoa para aumentar seu “status”, por exemplo).
A vantagem, por sua vez, não precisa ser econômica, podendo ser, por exemplo, sexual.
10)CESPE/2018 – MPE/PI - Rita, depois de convencer suas colegas Luna e Vera, todas vendedoras em uma
joalheria, a desviar peças de alto valor que ficavam sob a posse delas três, planejou detalhadamente o crime e
entrou em contato com Ciro, colecionador de joias, para que ele adquirisse a mercadoria. Luna desistiu de
participar do fato e não foi trabalhar no dia da execução do crime. Rita e Vera conseguiram se apossar das peças
conforme o planejado; entretanto, como não foi possível repassá-las a Ciro no mesmo dia, Vera levou-as para a
casa de sua mãe, comunicou a ela o crime que praticara e persuadiu-a a guardar os produtos ali mesmo, na
residência materna, até a semana seguinte.
Considerando que o crime apresentado nessa situação hipotética venha a ser descoberto, julgue o item que se
segue, com fundamento na legislação pertinente.
A mãe de Vera responderá pelo crime de favorecimento real, não sendo cabível isenção de pena em razão do
parentesco.
GABARITO: CERTO.
COMENTÁRIOS: A mãe de Vera realmente responderá por favorecimento real, uma vez que a isenção de
pena pela relação de parentesco aplica-se apenas nos casos de favorecimento pessoal.
Como a alternativa traz uma conduta que caracteriza favorecimento real, a afirmativa está correta.
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Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar
seguro o proveito do crime:
11)CESPE/2016 – TCE/SC - Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item subsecutivo.
É crime a conduta de autorizar ou realizar operação de crédito, sem prévia autorização legislativa, constituindo
causa de aumento de pena a inobservância de limite, condição ou montante estabelecido em lei ou em resolução
do Senado Federal.
GABARITO: ERRADO.
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, interno ou externo, sem prévia
autorização legislativa:
II – quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o limite máximo autorizado por lei.
12)CESPE/2018 – EMAP - Julgue o item seguinte, a respeito dos crimes contra a administração pública.
As condutas dos ilícitos de corrupção passiva e de corrupção ativa são bilaterais e, assim, a condenação do
corrupto passivo está vinculada à condenação do corruptor ativo.
GABARITO: ERRADO.
COMENTÁRIOS: É incorreto dizer que há sempre bilateralidade entre corrupção ativa e passiva.
Na verdade, poderá haver um dos crimes e não haver o outro, quer ver?
O particular pode oferecer a vantagem e o funcionário público pode não aceitar. Nesse caso, haverá apenas
corrupção ativa.
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
omitir ou retardar ato de ofício:
13)CESPE/2018 – EMAP - Julgue o item seguinte, a respeito dos crimes contra a administração pública.
Constitui crime de peculato na modalidade de desvio a aplicação de recurso para o alcance de finalidade diversa
da prevista em lei, ainda que tal aplicação atenda ao interesse público.
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GABARITO: ERRADO.
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
Se o agente público deu às verbas finalidade diversa (atendendo ao interesse público), ele responde pelo
crime do artigo 315 (emprego irregular de verbas públicas).
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei:
14)CESPE/2018 – EBSERH - Julgue o item seguinte, relativos aos tipos penais dispostos no Código Penal e nas
leis penais extravagantes.
No mesmo contexto fático, são incompatíveis o crime de corrupção ativa praticado por particular e o crime de
concussão praticado por funcionário público.
GABARITO: CERTO.
O crime de concussão, em linhas gerais, consiste na conduta do funcionário público que exige vantagem
indevida, em razão de suas funções. Veja:
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Já o crime de corrupção ativa caracteriza-se pela conduta do particular que oferece ou promete vantagem
indevida a funcionário público.
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
omitir ou retardar ato de ofício:
Viram a incompatibilidade?
15)CESPE/2018 – STJ - Considerando a doutrina e a jurisprudência dos tribunais superiores acerca dos crimes em
espécie, julgue o seguinte item.
Situação hipotética: Um médico de hospital particular conveniado ao Sistema Único de Saúde praticou conduta
delituosa em razão da sua função, configurando-se, a princípio, o tipo penal do peculato-furto. Assertiva: Nessa
situação, como não detém a qualidade de servidor público, o agente responderá pelo crime de furto em sua
forma qualificada.
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GABARITO: ERRADO.
COMENTÁRIOS: Como vimos na parte da teoria, o médico de hospital particular conveniado com o SUS é
funcionário público por equiparação. Dessa forma, responde por crime funcional (peculato-furto).
Art. 327, § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade
paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução
de atividade típica da Administração Pública.
16)CESPE/2016 – TCE/SC - Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item subsecutivo.
COMENTÁRIOS: Como falei na parte da teoria, quando há cobrança dos crimes contra as finanças
públicas, as questões trazem a letra de lei. No caso do enunciado, foi cobrado o crime do artigo 359-C.
Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último
ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste
parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa:
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É causa de extinção da punibilidade a reparação de dano decorrente de peculato culposo por funcionário público,
antes do trânsito em julgado de sentença condenatória.
2)CESPE/2018 – ABIN - Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item a seguir.
Para a configuração do crime de prevaricação faz-se necessário um ajuste de vontade entre o agente do Estado e
o beneficiário do seu ato.
3)CESPE/2018 – ABIN - Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item a seguir.
O crime de corrupção ativa e o de corrupção passiva são considerados crimes próprios praticados contra a
administração pública.
4)CESPE/2018 – ABIN - Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item a seguir.
O crime de peculato pode ser praticado por quem exerce emprego público, ainda que sua atividade seja
transitória ou sem remuneração.
5)CESPE/2017 – TRF 1ª Região - Julgue o item subsequente, relativo a crimes contra a administração pública.
A distinção fundamental entre os tipos penais tráfico de influência e exploração de prestígio diz respeito à pessoa
sobre a qual recairá a suposta prática delitiva.
6)CESPE/2017 – TCE/PE - No que se refere aos crimes praticados por funcionário público contra a administração
em geral, julgue o seguinte item.
O vereador que, em razão do seu cargo, solicitar parte do salário de seus assessores em benefício próprio
praticará o crime de concussão.
7)CESPE/2017 – TCE/PE - No que se refere aos crimes praticados por funcionário público contra a administração
em geral, julgue o seguinte item.
Praticará o crime de corrupção passiva o médico — seja ele servidor público ou não — que, em atendimento pelo
Sistema Único de Saúde, exigir do segurado quantia em dinheiro para a realização de consulta.
8)CESPE/2016 – TCE/PA - Cada item a seguir apresenta uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser
julgada de acordo com o Código Penal, com a legislação penal extravagante e com a jurisprudência do STJ.
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João, policial civil, exigiu vantagem indevida de particular para não prendê-lo em flagrante. A vítima não realizou
o pagamento e prontamente comunicou o fato a policiais civis. Nessa situação, como o delito de concussão é
formal, o crime consumou-se com a exigência da vantagem indevida, devendo João por ele responder.
9)CESPE/2018 – MPU - Com relação aos crimes em espécie, julgue o item que se segue, considerando o
entendimento firmado pelos tribunais superiores e a doutrina majoritária.
No crime de peculato, o proveito a que se refere o tipo penal pode ser tanto material quanto moral,
consumando-se o delito mesmo que a vantagem auferida pelo agente não seja de natureza econômica.
10)CESPE/2018 – MPE/PI - Rita, depois de convencer suas colegas Luna e Vera, todas vendedoras em uma
joalheria, a desviar peças de alto valor que ficavam sob a posse delas três, planejou detalhadamente o crime e
entrou em contato com Ciro, colecionador de joias, para que ele adquirisse a mercadoria. Luna desistiu de
participar do fato e não foi trabalhar no dia da execução do crime. Rita e Vera conseguiram se apossar das peças
conforme o planejado; entretanto, como não foi possível repassá-las a Ciro no mesmo dia, Vera levou-as para a
casa de sua mãe, comunicou a ela o crime que praticara e persuadiu-a a guardar os produtos ali mesmo, na
residência materna, até a semana seguinte.
Considerando que o crime apresentado nessa situação hipotética venha a ser descoberto, julgue o item que se
segue, com fundamento na legislação pertinente.
A mãe de Vera responderá pelo crime de favorecimento real, não sendo cabível isenção de pena em razão do
parentesco.
11)CESPE/2016 – TCE/SC - Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item subsecutivo.
É crime a conduta de autorizar ou realizar operação de crédito, sem prévia autorização legislativa, constituindo
causa de aumento de pena a inobservância de limite, condição ou montante estabelecido em lei ou em resolução
do Senado Federal.
12)CESPE/2018 – EMAP - Julgue o item seguinte, a respeito dos crimes contra a administração pública.
As condutas dos ilícitos de corrupção passiva e de corrupção ativa são bilaterais e, assim, a condenação do
corrupto passivo está vinculada à condenação do corruptor ativo.
13)CESPE/2018 – EMAP - Julgue o item seguinte, a respeito dos crimes contra a administração pública.
Constitui crime de peculato na modalidade de desvio a aplicação de recurso para o alcance de finalidade diversa
da prevista em lei, ainda que tal aplicação atenda ao interesse público.
14)CESPE/2018 – EBSERH - Julgue o item seguinte, relativos aos tipos penais dispostos no Código Penal e nas
leis penais extravagantes.
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No mesmo contexto fático, são incompatíveis o crime de corrupção ativa praticado por particular e o crime de
concussão praticado por funcionário público.
15)CESPE/2018 – STJ - Considerando a doutrina e a jurisprudência dos tribunais superiores acerca dos crimes em
espécie, julgue o seguinte item.
Situação hipotética: Um médico de hospital particular conveniado ao Sistema Único de Saúde praticou conduta
delituosa em razão da sua função, configurando-se, a princípio, o tipo penal do peculato-furto. Assertiva: Nessa
situação, como não detém a qualidade de servidor público, o agente responderá pelo crime de furto em sua
forma qualificada.
16)CESPE/2016 – TCE/SC - Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item subsecutivo.
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Gabarito
1. CERTO 7. ERRADO 13. ERRADO
2. ERRADO 8. CERTO 14. CERTO
3. ERRADO 9. CERTO 15. ERRADO
4. CERTO 10. CERTO 16. CERTO
5. CERTO 11. ERRADO
6. ERRADO 12. ERRADO
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Resumo direcionado
1) Introdução aos crimes contra a Administração Pública
Ofensa grave?
Tipicidade
Material
"desvalor da
Princípio da conduta"
Insignificância
Tipicidade
Previsão em Lei
Formal
Insignificância
(vetores)
Reduzidíssimo grau de
Inexpressividade da lesão
reprovabilidade do
jurídica provocada
comportamento
Peculato-apropriação
Peculato-desvio
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Peculato Impróprio
Peculato-furto
(dolo)
Concussão Exigir
Concussão X Corrupção Passiva
Corrupção Passiva Solicitar, receber, aceitar
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