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Bernardo Bustani
Direito Penal – Policial Rodoviário Federal
Aula 04

Direito Penal
Policial Rodoviário Federal – Aula 04
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Sumário
SUMÁRIO 2

APRESENTAÇÃO E METODOLOGIA 4

1) APRESENTAÇÃO 4
2) METODOLOGIA 4

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 6

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 7

1) INTRODUÇÃO 7
2) CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 12
2.1)Peculato 18
2.2)Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento 21
2.3)Concussão 21
2.4)Excesso de Exação 22
2.5)Corrupção Passiva 23
2.6)Prevaricação 24
2.7)Condescendência Criminosa 25
2.8)Violação de sigilo funcional 25
3) CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 27
3.1)Resistência 27
3.2)Desobediência 27
3.3)Desacato 28
3.4)Tráfico de Influência 28
3.5)Corrupção Ativa 30
3.6)Descaminho 30
3.7)Contrabando 31
4) CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA 32
4.1)Denunciação Caluniosa 32
4.2)Comunicação falsa de crime ou contravenção 32
4.3)Falso testemunho ou falsa perícia 33
4.4)Coação no Curso do Processo 34
4.5)Exercício Arbitrário das Próprias Razões 34
4.6)Favorecimento Pessoal 35
4.7)Favorecimento Real 35
5) CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS 37
5.1)Contratação de operação de crédito 37
5.2)Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar 37
5.3)Assunção de obrigação no último ano do mandato ou legislatura 38
5.4)Ordenação de despesa não autorizada 38
5.5)Prestação de garantia graciosa 38
5.6)Não cancelamento de restos a pagar 38
5.7)Aumento de despesa total com pessoal no último ano do mandato ou legislatura 39
5.8)Oferta pública ou colocação de títulos no mercado 39

QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR 41

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LISTA DE QUESTÕES COMENTADAS 48

GABARITO 51

RESUMO DIRECIONADO 52

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Apresentação e Metodologia
1) Apresentação
Olá, tudo bem? Eu sou o Professor Bernardo Bustani Louzada. Atualmente, atuo como Assessor Adjunto
de gabinete de Desembargador Federal, no Tribunal Regional Federal da 1º Região.

Vou contar um pouco da minha história: Fui aprovado em 1º lugar nacional para o cargo de Técnico
Judiciário/Área Administrativa do TRF 1 (2017) e também consegui aprovação para o cargo de Analista
Processual da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul (2017).

Sou ex-Advogado, graduado em Direito pelo IBMEC – Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais e pós-
graduado em Direito Público pela Universidade Cândido Mendes – UCAM.

Posso dizer que eu tenho uma grande afinidade com o Direito Penal, tendo sido a matéria escolhida para os
meus Trabalhos de Conclusão de Curso e para a segunda fase da OAB.

Na minha trajetória, não é exagero dizer que poucas pessoas me ajudaram e acreditaram na minha
capacidade, mas as que acreditaram foram suficientes para que eu confiasse no meu trabalho. Pretendo ajudar e
confiar em cada um de vocês, pois eu, como concurseiro, sei o que significam as palavras “cobrança”,
“frustração” e “pressão”. Meu conselho é: estude, tenha paciência e trabalhe a sua confiança, pois o sentimento
de aprovação é capaz de apagar tudo de ruim. Não é impossível, basta acreditar.

E é com muito prazer que, juntamente com o renomado Professor Alexandre Salim, direcionarei vocês na
disciplina de Direito Penal. Minha meta é a sua aprovação. Para isso, abordaremos o que realmente cai e como
cai.

Não hesitem em entrar em contato para tirar dúvidas:

2) Metodologia
Este material foi elaborado com o objetivo de fazer os alunos aprenderem a fazer questões do
CESPE/CEBRASPE, a banca que aplicou a última prova para o cargo de Policial Rodoviário Federal.

Obviamente, há assuntos mais cobrados e assuntos menos cobrados. Meu papel é dar essa direção para o
aluno. Ao longo dos PDFs, vou dizer de quais tópicos a banca mais gosta e também vou dizer as minhas apostas
para a prova.

O CESPE/CEBRASPE, na minha opinião, é uma das melhores organizadoras de concursos públicos. É óbvio
que o estilo de certo ou errado não agrada a maioria das pessoas. Realmente, é mais complicado responder a
questões sem ter outras assertivas para confrontar, especialmente quando não se sabe se o gabarito levou em
consideração a regra ou a exceção.

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No entanto, tudo tem também o lado bom. Apesar de o estilo de prova não agradar, posso apontar alguns
pontos positivos. Em uma prova de múltipla escolha, você tem que analisar de 400 a 500 assertivas (5 letras para
80 questões ou 5 letras para 100 questões). Nas provas do CESPE, você precisa analisar “apenas” 120 assertivas.
Outro benefício é que é uma banca extremamente séria, a qual cumpre o cronograma de forma exemplar.

Portanto, olhe sempre o lado bom das coisas. Pode ter certeza de que dará certo. Estou com você.

O edital ainda não saiu. Por isso, o programa do nosso curso foi feito com base no edital anterior.

É necessário se preparar desde já, pois o cargo em questão é bem concorrido.

Fiquem atentos aos Testes de Direção, pois são instrumentos eficazes para medir seu nível de
conhecimento.

Na parte do conteúdo programático, eu destaquei os assuntos mais cobrados.

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Conteúdo Programático
No último edital, as matérias de Direito Penal e Processual Penal vieram assim:

NOÇÕES DE DIREITO PENAL E DE DIREITO PROCESSUAL PENAL: 1 Princípios básicos. 2


Aplicação da lei penal. 2.1 A lei penal no tempo e no espaço. 2.2 Tempo e lugar do crime. 2.3
Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal. 3 O fato típico e seus elementos. 3.1 Crime
consumado e tentado. 3.2 Ilicitude e causas de exclusão. 3.3 Excesso punível. 4 Crimes contra a
pessoa. 5 Crimes contra o patrimônio. 6 Crimes contra a fé pública. 7 Crimes contra a
Administração Pública. 8 Inquérito policial. 8.1 Histórico, natureza, conceito, finalidade,
características, fundamento, titularidade, grau de cognição, valor probatório, formas de
instauração, notitia criminis, delatio criminis, procedimentos investigativos, indiciamento,
garantias do investigado; conclusão. 9 Prova. 9.1 Preservação de local de crime. 9.2 Requisitos
e ônus da prova. 9.3 Nulidade da prova. 9.4 Documentos de prova. 9.5 Reconhecimento de
pessoas e coisas. 9.6 Acareação. 9.7 Indícios. 9.8 Busca e apreensão. 10 Prisão em flagrante.

Portanto, o nosso conteúdo programático foi dividido da seguinte forma:

Negrito → O que será dado na aula


Sublinhado → Temas cobrados frequentemente pelo CESPE/CEBRASPE
Vermelho + sublinhado → temas preferidos do CESPE/CEBRASPE

1 Princípios básicos. 2 Aplicação da lei penal. 2.1 A lei penal no tempo e no espaço. 2.2 Tempo e
lugar do crime. 2.3 Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal. A norma penal; 3 O fato
típico e seus elementos. 3.1 Crime consumado e tentado. 3.2 Ilicitude e causas de exclusão. 3.3
Excesso punível. 4 Crimes contra a pessoa. 5 Crimes contra o patrimônio. 6 Crimes contra a fé
pública. 7 Crimes contra a Administração Pública.

Princípio Processuais Penais; Aplicação da Lei Processual Penal; Disposições Preliminares do


Código de Processo Penal; 8 Inquérito policial. 8.1 Histórico, natureza, conceito, finalidade,
características, fundamento, titularidade, grau de cognição, valor probatório, formas de
instauração, notitia criminis, delatio criminis, procedimentos investigativos, indiciamento,
garantias do investigado; conclusão. Ação Penal; 9 Prova. 9.1 Preservação de local de crime. 9.2
Requisitos e ônus da prova. 9.3 Nulidade da prova. 9.4 Documentos de prova. 9.5
Reconhecimento de pessoas e coisas. 9.6 Acareação. 9.7 Indícios. 9.8 Busca e apreensão. 10
Prisão em flagrante.

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Crimes contra a Administração Pública


Os crimes em espécie (condutas criminalizadas) encontram-se na parte especial do Código Penal brasileiro.

Em resumo:

Parte Geral → Art. 1º ao art. 120

Parte Especial → Art. 121 ao art. 359-H

Os crimes contra a administração pública estão, portanto, na parte especial e vão do artigo 312 ao artigo
359-H do CP.

Portanto, a matéria é assim sistematizada:

Crimes contra a Administração Pública → Título XI

Crimes praticados por funcionário Público contra a Administração em geral → Capítulo I

Crimes praticados por particular contra a Administração em geral → Capítulo II

Crimes praticados por particular contra a Administração Pública estrangeira → Capítulo II-A

Crimes contra a Administração da Justiça → Capítulo III

Crimes contra as Finanças Públicas → Capítulo IV

Trata-se de um tema muito importante no nosso conteúdo programático. É muito difícil ver um concurso
que tenha o assunto em seu edital e não traga nenhuma questão sobre ele na prova.

Posso dizer que questões sobre crimes contra a administração pública estão na moda. Portanto, muita
atenção.

1) Introdução
A tipificação de crimes contra a administração pública tutela o conjunto de funções que a Administração
Pública exerce, preservando bens como moralidade, patrimônio e probidade.

Antes de entrarmos nos crimes propriamente ditos, é necessário relembrar alguns conceitos, ok?

Você se lembra que falamos que o princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a
Administração Pública?

Súmula 599 do STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração
Pública.

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Isso se explica porque tais crimes buscam preservar a moralidade administrativa, que não pode ser atrelada
a requisitos meramente pecuniários. Ou seja, a moralidade Administrativa é insuscetível de valoração.

Vimos também que o princípio da insignificância exclui a tipicidade material.

Exemplo: Irmão de Caio entra em uma loja e furta um canudo de plástico no valor de um real.

Há crime?

Há Tipicidade Formal (o furto é previsto na lei), mas não há Tipicidade Material, pois a conduta não ofende de
forma relevante o patrimônio da loja. Portanto, não há crime.

A Tipicidade é dividida em: Formal + Material

Formal → previsão da conduta (crime) na lei → Princípio da Legalidade → Só Lei Formal pode criar crimes.

Material → verificação se a conduta ofende de forma relevante o bem jurídico → “desvalor da conduta”.

Na Tipicidade Formal, basta vermos se a conduta é prevista em Lei como crime.


Exemplo: “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:” → conduta prevista como Crime de Furto
no artigo 155 do CP → Há Tipicidade Formal.

Exemplo 2: “Correr com fone de ouvido” → conduta não prevista como Crime no CP → Não há Tipicidade
Formal.

Já na Tipicidade Material, fazemos a seguinte pergunta: “Há uma ofensa grave o suficiente para
justificar a incidência do gravoso Direito Penal?”.

Exemplo: Roubo de um avião → Há uma ofensa grave ao bem jurídico (patrimônio) → Há Tipicidade
Material.

Exemplo 2: Furto de uma bala de quinze centavos → Não há uma ofensa grave ao bem jurídico
(patrimônio) → Não há Tipicidade Material.

Também estudamos os requisitos (vetores) para a aplicação do princípio da bagatela (insignificância):

O STF (Supremo Tribunal Federal) e o STJ (Superior Tribunal de Justiça) elencam 4 requisitos objetivos:

- Mínima Ofensividade da conduta do agente

- Nenhuma periculosidade social da ação

- Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento


- Inexpressividade da lesão jurídica provocada (em regra, até 10% do salário mínimo)

OBS: Vimos, ainda, a discussão sobre o reincidente → O sujeito reincidente (ou com maus antecedentes)
pode ser beneficiado pela aplicação do princípio da Insignificância?

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Há divergência dentro dos próprios Tribunais.

O que temos é uma posição majoritária, não pacífica.

1º Corrente → Majoritária (STF e STJ) → É necessário o requisito subjetivo. Ou seja, o sujeito não deve ser
reincidente (ou ter maus antecedentes) para que haja aplicação do princípio da bagatela.

Vejam esse trecho tirado de um julgado do STF, no caso de furto de uma barra de chocolate:

“não há como acatar a tese de irrelevância material da conduta por ele praticada, tendo em vista
ser ele reincidente específico em delitos contra o patrimônio.”
(HC 101998, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 23/11/2010, DJe-053 DIVULG
21-03-2011 PUBLIC 22-03-2011 EMENT VOL-02486-01 PP-00031)

2ª Corrente → Não há a necessidade do requisito subjetivo. O reincidente tem direito à aplicação do referido
princípio.

COMO CAI: CESPE/2017 – PC/MT

De acordo com o entendimento do STF, a aplicação do princípio da insignificância pressupõe a constatação de


certos vetores para se caracterizar a atipicidade material do delito. Tais vetores incluem o(a)

a) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento.

b) desvalor relevante da conduta e do resultado.

c) mínima periculosidade social da ação.

d) relevante ofensividade da conduta do agente.


e) expressiva lesão jurídica provocada.

GABARITO: LETRA A. A questão se limitou a cobrar os requisitos objetivos para a aplicação do princípio da
bagatela. Conforme vimos, o “reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento” é um vetor
utilizado para sua aplicação.

COMENTÁRIOS:
LETRA B: Errado, pois o desvalor da conduta e do resultado é a própria atipicidade material. A questão, no
entanto, pediu os vetores (requisitos objetivos) para a aplicação do referido princípio. Dessa forma, questão
errada.

LETRA C: Incorreto, pois é “nenhuma periculosidade social da ação”, não “mínima”.

LETRA D: Na verdade, é “mínima ofensividade”. Se a ofensividade for relevante, haverá crime. Dessa
forma, incorreta a assertiva.

LETRA E: Errado, pois a lesão jurídica deve ser inexpressiva, não expressiva.

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Ofensa grave?
Tipicidade
Material
"desvalor da
Princípio da conduta"
Insignificância
Tipicidade Previsão em
Formal Lei

Mínima Ofensividade da Nenhuma periculosidade


conduta do agente social da ação

Insignificância
(vetores)

Reduzidíssimo grau de
Inexpressividade da lesão
reprovabilidade do
jurídica provocada
comportamento

Agora, vamos fazer uma espécie de “ponte” com um crime que será estudado nesta aula?

ATENÇÃO: Exceção em que é aplicado o princípio da insignificância nos crimes contra a Administração Pública
→ No crime de Descaminho (artigo 334 do CP), é possível a aplicação do referido princípio, apesar de ser crime
contra a Administração Pública.

Ou seja, a Súmula 599 do STJ pode ser mitigada/relativizada.


- Por quê?

Porque na prática o descaminho é um crime tributário, apesar de estar inserido no CP na parte de Crimes contra
a Administração Pública.

STF e STJ → Hoje está pacificado → É aplicável o princípio da Insignificância no caso de crimes tributários
federais e de descaminho, se o valor máximo do tributo suprimido for de até R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

ATENÇÃO 2: O STJ já aplicou o princípio ao crime de dano contra a Administração Pública, em face do caso
concreto (Idoso dirigindo que, sem querer, quebrou um cone da Polícia Rodoviária Federal).

COMO CAI: CESPE/2018 – EMAP

Julgue o item seguinte, a respeito dos crimes contra a administração pública.

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Em razão do princípio da proteção da coisa pública, o tipo penal que prevê o crime de descaminho não permite a
aplicação do princípio da insignificância.

GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: Como vimos, conforme posição do STF e do STJ, o princípio da insignificância é aplicável
ao crime de descaminho, se o valor suprimido for de até R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

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2) Crimes praticados por funcionário público contra a Administração em geral


Esses crimes são chamados de “crimes funcionais”. Em outras palavras, são os crimes praticados por
funcionário público, no exercício das suas funções ou em razão delas.

O conceito de “funcionário público” é uma elementar do tipo penal. Em outras palavras, a qualidade de
funcionário público é essencial para que haja um crime praticado por funcionário público. Essa afirmação parece
boba, mas é essencial para entender a matéria.

Mas qual o motivo, professor?

Porque os crimes funcionais são divididos entre próprios e impróprios.

Crimes Funcionais Próprios → São situações fáticas que só são criminalizadas porque há um funcionário público
praticando a conduta. Se a pessoa não for funcionária, o crime não existirá (o fato será atípico).

Exemplo: O crime de Concussão (artigo 316 do CP):

Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:

Note que a conduta é “exigir” “vantagem indevida” em razão da função pública. Se o funcionário exigir,
estará configurado o crime. Se o particular exigir, a conduta será atípica, ou seja, não haverá crime, pois não há
função pública.

Crimes Funcionais Impróprios → São situações fáticas que são criminalizadas independentemente de serem
praticadas por funcionário ou pessoa comum. A diferença é que se for praticado por funcionário, será um crime
praticado por ele contra a Administração Pública (crime funcional). Se for praticado por particular, a conduta será
tipificada em outro dispositivo legal.

Exemplo: O peculato-furto (artigo 312, parágrafo 1º do CP):

Art. 312, § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro,
valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.

Note que a conduta é “subtrair” ou “concorrer para que seja subtraído”, valendo-se da facilidade que a
função pública proporciona. Se o funcionário praticar os verbos, estará configurado o crime. Se o particular o
fizer, a conduta não será atípica. Haverá o crime de furto.

Dessa forma, nos crimes funcionais impróprios, se há a “retirada” do funcionário público, a conduta
continua sendo crime, mas em outro dispositivo legal.

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Professor, e o que é funcionário público?!?!

Falamos bastante em “funcionário público”, né?

Agora, precisamos entender o que é isso.

O conceito está no artigo 327 do Código Penal. O caput traz o conceito em si, enquanto o parágrafo 1º traz
o conceito equiparado.

Vamos analisar cada um separadamente, começando pelo caput:

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.

O artigo fala em “embora” “transitoriamente” ou “sem remuneração”. Isso nos leva a concluir que não
importa se o sujeito exerce a função de forma transitória ou se não recebe por ela. Ele será funcionário público
para fins penais. Em outras palavras, tanto quem está permanentemente quanto quem está temporariamente no
órgão é funcionário público. No mesmo sentido, tanto quem recebe remuneração quanto quem não recebe, será
funcionário.

O artigo ainda fala em quem “exerce cargo, emprego ou função pública”.

a)Cargo Público → É o caso do concursado sob o regime estatutário.

b)Emprego Público → É o caso do celetista, ou seja, do contratado sob regime da CLT. Pode ser
concursado ou não.

c)Função Pública → É o caso de quem exerce uma função pública sem ser celetista e sem ser estatuário.
Podemos falar do mesário e do jurado.

Veja agora o conceito de funcionário público por equiparação:

Art. 327, § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade
paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a
execução de atividade típica da Administração Pública.

Nossa, professor...confuso, hein....

Vou explicar, calma....


a)Quem “exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal” → Já vimos os conceitos de cargo,
emprego e função. Mas o que é entidade paraestatal? No Direito Administrativo, o conceito é alvo de
divergências.

No Direito Penal, podemos chegar a algumas conclusões: As paraestatais englobam entes da


administração indireta (empresas públicas, sociedades de economia mista, autarquias e fundações
públicas), além de organizações sociais.

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b)Quem “trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de
atividade típica da Administração Pública” → Atividade típica da Administração Pública é aquela atividade que
é, em regra, prestada pelos entes federativos.

Podemos falar no médico particular conveniado com o SUS, com a finalidade de atender pacientes da rede
pública. Em regra, a saúde é prestada pelo Estado. No entanto, em alguns casos, o Estado não consegue atender
à demanda e resolve firmar um convênio com alguma empresa para que esta atenda os pacientes. Nesse caso, o
Estado está transferindo a sua atividade típica.

Concluímos que o conceito de funcionário público para o Direito Penal é mais amplo do que para o Direito
Administrativo.

O Funcionário Público e o Particular

Vistos os conceitos de funcionário público, é necessário respondermos a seguinte pergunta: O particular


pode responder por um crime funcional (praticado por funcionário público)?
Antes de dar a resposta, preciso fazer uma breve introdução:

Em regra, se duas pessoas cometem um crime, as circunstâncias pessoais (subjetivas) de cada uma delas
não se comunicam.

Vou explicar, calma:

Exemplo: Caio, maior e capaz, junto com Mévio, de 16 anos, resolve praticar um fato típico.

Como vimos, Caio é capaz e Mévio é incapaz (inimputável). A conduta dos dois é típica e ilícita, mas somente a
conduta de Caio é culpável.

Sendo assim, a menoridade de Mévio poderá ser estendida para Caio? Em outras palavras, Caio receberá a
mesma punição que Mévio?

Não. Isso porque a menoridade de Mévio é uma circunstância pessoal e não se comunica com Caio.

Caio responderá por crime e Mévio por ato infracional.

Professor, você tinha falado, “em regra”....

Sim. Imagine agora essa situação:

Exemplo 2: Caio, funcionário público, e Tício, particular, decidem furtar um bem da repartição pública onde Caio
trabalha, valendo-se do acesso que este tem ao prédio.

A condição de funcionário público de Caio é uma circunstância pessoal (é dele). Essa circunstância se comunica
com Tício? Ou seja, Tício responderá pelo mesmo crime que Caio (peculato)?

Sim. Isso porque apesar de a condição de funcionário público ser pessoal, ela é elementar do crime, ou
seja, é essencial para que o crime seja cometido. Como já falamos, se “retirarmos” a condição de funcionário, o
crime desaparecerá ou se transformará em outro.

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Em síntese, se Caio não fosse funcionário público, haveria furto. Então, se Tício sabia da qualidade de
funcionário público, ele responderá por peculato junto com Caio. Nota-se que é necessário que Tício conheça
tal circunstância.

É o que diz o artigo 30 do CP, veja:

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando


elementares do crime

Portanto:

Circunstância → É uma condição pessoal de um dos autores

Elementar → É circunstância essencial → Sem ela o crime desaparece ou se transforma em outro

Com isso, é possível falar que se o particular praticar um crime funcional junto com um funcionário público
e conhecer essa circunstância pessoal, ele também responderá por tal crime.

Causa especial de aumento de pena

É necessário, ainda, falar do parágrafo 2º. Trata-se de uma causa especial de aumento de pena.

Art. 327, § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste
Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão
da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo
poder público.

Vamos esquematizar?

Aumenta-se a pena em 1/3:

→ ocupante de cargo em comissão ou função de direção/assessoramento na administração direta (União,


Estados, DF e Municípios).

→ ocupante de cargo em comissão ou função de direção/assessoramento em sociedade de economia


mista, empresa pública e fundação pública.

Nota-se que autarquia não está aqui!!!!!!!!!!!!!

E se um funcionário público for condenado?

Se há a condenação de um funcionário público, há alguma consequência específica para ele?

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Sim!!! Há a perda do cargo, da função pública ou do seu mandato eletivo.

Em que hipóteses, professor?

1ª hipótese (crime funcional) → quando houver condenação a pena privativa de liberdade (reclusão ou
detenção) por tempo igual ou superior a 01 ano, em caso de crimes praticados com abuso de poder ou violação
de dever funcional.

2ª hipótese (crime comum) → quando, em qualquer crime, houver condenação a pena privativa de
liberdade (reclusão ou detenção) por tempo superior a 04 anos.

Isso está no artigo 92, I do CP, veja:

Art. 92 - São também efeitos da condenação:


I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo:
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos
crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública;
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos
demais casos
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser
motivadamente declarados na sentença

Vemos pelo parágrafo único que a perda do cargo/função/mandato não é automática!!!!! O juiz deve
declarar e motivar essa circunstância na sentença!

Tanto as hipóteses como o parágrafo único caem em prova!!!

No entanto, temos exceções a essa regra. Ou seja, é possível a perda do cargo como efeito automático da
condenação. Quer ver?

a)Lei de tortura (Lei 9.455/97) → Condenados pela prática de tortura perderão seus cargos de forma
automática. É possível concluir isso pela palavra “acarretará”. Ou seja, trata-se de efeito automático.

Art. 1º, § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição
para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.

b)Lei de Organização Criminosa (Lei 12.850/13) → Condenados pelo crime de organização criminosa
perderão seus cargos de forma automática. É possível concluir isso também pela palavra “acarretará”. Ou seja,
trata-se de efeito automático.

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Art. 2º, § 6º A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do
cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público
pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena.

c)Condenação de parlamentar (Deputado Federal ou Senador) a pena privativa de liberdade por tempo
superior a 120 dias → Trata-se de construção jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal (STF) → Isso porque
a CF diz que se o parlamentar não comparece a pelo menos 1/3 das sessões da Casa Legislativa (365 dias
divididos por 3), ele perde o mandato. Veja:

Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:


III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da
Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada;

Portanto, se houver condenação por mais de 120 dias, ele automaticamente deixará de comparecer a 1/3
das sessões ordinárias.

Crimes próprios X Crimes comuns

Crimes próprios são aqueles que exigem uma qualidade essencial do sujeito ativo (pessoa que comete o
crime). Em outras palavras, apenas certas pessoas é que podem cometer o crime.

Exemplo: Para se cometer um crime funcional, é preciso que o agente seja funcionário público. Se o
particular praticar uma conduta tipificada como crime funcional, o fato, obviamente, não será crime funcional.

Os crimes comuns, por outro lado, são aqueles que podem ser praticados por qualquer pessoa,
independentemente de qualquer qualidade.

Exemplo: É o caso dos crimes praticados por particular contra a administração pública.

Feita essa longa e necessária introdução, passaremos agora ao estudo dos crimes em espécie mais
cobrados. Não estou dizendo que você não tem que ler os outros crimes, apenas estou dizendo que abordaremos
os que mais caem em prova, ok?

Vamos lá.

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2.1)Peculato
O peculato, sem dúvida nenhuma, é o crime funcional mais famoso. No entanto, está longe de ser apenas a
figura do funcionário público que “pega algo que não é seu”.

Quer ver?

Peculato doloso

Começaremos com o peculato doloso, ou seja, crime punido a título de dolo (conduta dolosa).

Por questões didáticas, primeiro vou colocar o artigo para depois analisá-lo, ok?

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:

A conduta da primeira parte é “apropriar-se”, motivo pelo qual essa modalidade é denominada “peculato-
apropriação”.
Já a segunda parte traz o verbo “desviá-lo” e, por isso, chama-se “peculato-desvio”.

Ambos são chamados de “Peculato Próprio” e somente são punidos a título de dolo, como falei
anteriormente. Ou seja, a conduta do funcionário público deve ser dolosa.

O bem público, por motivos óbvios, pode ser objeto do crime de peculato. E o bem particular?

Também! Basta que tal bem esteja em poder da Administração Pública.

Vamos aos exemplos?

Exemplo 1: Caio, funcionário público, tem o direito de usar um celular do órgão público ao qual está vinculado.
No entanto, certo dia, em virtude de gostar muito do aparelho, decide levar o aparelho para casa e não mais
devolver.

Qual o crime cometido por Caio?

Caio cometeu o crime de peculato-apropriação, pois se apropriou de um celular que já estava em sua posse.
Ou seja, deixou de apenas usá-lo para efetivamente se apropriar.

Exemplo 2: Mévio, funcionário público, recebe folhas em branco para colocar na impressora da repartição onde
trabalha. No entanto, percebendo que a impressora de sua casa precisa de folhas, decide não empregar o
produto no órgão público, mas sim levá-lo para sua casa.

Qual o crime cometido por Mévio?

Mévio cometeu o crime de peculato-desvio, pois recebeu as folhas de papel para empregar na repartição
pública, mas acabou as desviando para fins particulares.

Professor, folhas de papel....valor baixo....princípio da insignificância?

Não!!!!! Como vimos, não se aplica o princípio da insignificância nos crimes funcionais.

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Peculato-apropriação
Peculato Próprio (dolo)
Peculato-desvio

Temos, ainda, uma outra hipótese de peculato doloso, que está no parágrafo 1º:

§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor
ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.

Essa modalidade é chamada de “peculato-furto”, pois o verbo do tipo é “subtrair” ou concorrer para “que
seja subtraído”.

Exemplo: Tício, funcionário público, sabe que na sala ao lado da qual trabalha está um valioso objeto, que
sempre foi seu “sonho de consumo”. Certo dia, no final do expediente, Tício decide pegar o objeto e levar para
sua casa, com a finalidade de ficar com ele.
Qual o crime cometido por Tício?

Tício cometeu o crime de peculato-furto, pois subtraiu objeto que não estava em sua posse. Nota-se que
ele utilizou sua qualidade de funcionário público para ter acesso à sala em que estava o bem. Se não fosse
funcionário público, não teria acesso ao andar no qual trabalha. Isso que quer dizer “valendo-se de facilidade que
lhe proporciona a qualidade de funcionário”.

A exemplo do peculato próprio, o peculato-furto (impróprio) só é punido se a conduta do agente for dolosa.

Peculato Impróprio
Peculato-furto
(dolo)

Peculato culposo

No parágrafo 2º, é previsto o peculato culposo, ou seja, uma modalidade de peculato punido a título de
culpa (conduta culposa).

Trata-se de um crime acessório (parasitário).

Como assim?

“Parasitário” ou “acessório”, pois depende de outro delito para ser praticado. Se não houver um delito
principal, não haverá peculato culposo. O parasita (peculato culposo) depende da vida do hospedeiro (crime
principal).

Isso é dito pelo próprio artigo (“concorre culposamente para o crime de outrem”), veja:

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§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:

Exemplo 1: Caio, funcionário público que tem a missão de guardar um cofre com dinheiro, combina com seu
amigo de deixar a porta aberta para que ele subtraia os valores.
Qual o crime cometido por Caio?

Caio cometeu peculato-furto junto com seu amigo!!!! Sua conduta foi dolosa!!!!!

Exemplo 2: Caio, funcionário público que tem a missão de guardar um cofre com dinheiro, bebe muito com seu
amigo Tício. Vendo que são 5h da manhã e, tendo que trabalhar às 6h, Caio decide ir direto para a repartição.

Tício, sabendo que seu amigo está “na mão do palhaço”, decide montar um plano para subtrair os valores que
são guardados pelo amigo.

Quando percebe Caio totalmente distraído e caindo de sono, passa por ele e consuma o delito.
Qual o crime cometido por Caio?

Caio cometeu peculato culposo, pois agiu de forma negligente. Sabendo que teria que trabalhar às 6h da
manhã, ele se embriagou e não guardou o cofre como deveria.

No entanto, como a conduta foi culposa, a pena é muito menor. Além disso, ainda há um benefício no
parágrafo 3º, que leva à extinção da punibilidade.

Quer ver?

Continuação do Exemplo 2: Caio, chorando e muito arrependido, decide tirar dinheiro do seu salário e reparar o
dano causado.

Nesse caso, ele terá sua punibilidade extinta, se reparar o dano até a sentença irrecorrível. Se for posterior
a tal sentença, a pena é reduzida pela metade, veja:

§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível,


extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.

Poxa, legal.....Tício também sofre os efeitos da reparação?

Não!!!!!!! Somente é aplicável o parágrafo 3º no peculato culposo, ou seja, no cometido por Caio!

Reparação até
Extingue a
sentença
punibilidade
irrecorrível
Peculato Culposo
Reparação após a
Reduz a pena em
sentença
1/2
irrecorrível

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Peculato mediante erro de outrem

A conduta, nesse crime, é dolosa e consiste em se apropriar de utilidade que recebeu por engano, durante o
exercício do cargo. Veja:

Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de
outrem:

Tal crime é denominado “peculato-estelionato”.

Exemplo: Caio, funcionário público responsável pela guarda de computadores apreendidos, recebe um tablet
por engano.

Pensando que, se ficar com o eletrônico para si, ninguém vai receber, acaba se apropriando do bem.
Qual o crime cometido?

Nesse caso, há peculato mediante erro de outrem, denominado peculato-estelionato. Isso porque Caio
recebeu um tablet por engano e se apropriou dele. Não era sua função guardar o tablet.

2.2)Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento


O funcionário público responsável tem o dever de guarda perante livros e documentos que estão em sua
posse, em razão do cargo.

O crime do artigo 314, portanto, consiste na conduta de extraviar, sonegar ou inutilizar tais documentos.

Veja:

Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo;
sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:

Trata-se de um crime pouco cobrado em prova, não havendo maiores complicações.

2.3)Concussão
O crime de concussão tem alta incidência em provas. Trata-se da conduta de “exigir” vantagem indevida,
em razão da função pública. Vantagem indevida é a vantagem de qualquer natureza, desde que ilegal/ilícita. Tal
vantagem não precisa ser econômica.

Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:

Exemplo: Tício, funcionário público, realiza uma fiscalização e percebe que pode aplicar uma multa que a
empresa não poderá suportar. Nesse momento, exige uma quantia em dinheiro para não autuar o
estabelecimento.
Qual o crime cometido?

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Tício cometeu o crime de concussão. Ou seja, ele exigiu vantagem indevida para não autuar a empresa.

Exemplo 2: Tício, funcionário público, realiza uma fiscalização e percebe que pode aplicar uma multa de 500 mil
reais no estabelecimento. Com isso, exige uma quantia em direito e fala que se ela não for paga, ele “irá aplicar
sucessivas multas mesmo sem motivo, até que o empresário fique na miséria e sua família morra de fome”.
Qual o crime cometido?

Tício cometeu o crime de extorsão. Aqui, não se fala em “concussão”, pois houve uma grave ameaça ao
particular. Tício falou que iria aplicar sucessivas multas mesmo sem motivo, até que o empresário ficasse na
miséria e sua família morresse de fome.

Veja o crime de extorsão:

Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si
ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma
coisa:

OBS: A concussão é crime formal, ou seja, se consuma independentemente da produção do resultado


naturalístico. Em outras palavras, basta que haja a exigência da vantagem. Seu recebimento é mero exaurimento
do delito.

2.4)Excesso de Exação
O excesso de exação está no artigo 316, parágrafo 1º do CP. Trata-se da conduta do funcionário que exige
tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber ser indevido. Nesta hipótese, não há qualquer tributo
devido.

Exemplo: Tício, auditor fiscal, realiza uma fiscalização e percebe que tudo está ok com os tributos.

No entanto, com o intuito de provocar o particular, fala que ele está devendo um determinado imposto (mesmo
sabendo que isso não é verdade) e exige o pagamento.

Qual o crime cometido?

Tício cometeu excesso de exação, pois exigiu tributo que sabia ser indevido, uma vez que estava tudo
quitado.

Além disso, também constitui excesso de exação a conduta de empregar método vexatório/gravoso ao
exigir tributo, mesmo que ele seja devido.

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Exemplo: Tício, auditor fiscal, realiza uma fiscalização e percebe que o particular está devendo um determinado
tributo.

No entanto, com o intuito de provocar o particular, começa a chamá-lo de inadimplente e a fazer piadas.
Qual o crime cometido?

Também excesso de exação.

Veja as duas hipóteses:

Art. 316, § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido,
ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:

2.5)Corrupção Passiva
Ao contrário do crime de concussão (exigir), aqui os verbos são “solicitar”, “receber” e “aceitar”. Trata-se da
única diferença entre os dois crimes.

Em síntese, é a conduta do funcionário que pratica os verbos com o intuito de obter vantagem indevida.

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:

Exemplo: Tício, funcionário público, realiza uma fiscalização. Nesse momento, solicita uma quantia em dinheiro
para não autuar o estabelecimento.
Nesse caso, podemos falar em corrupção passiva.

Muita atenção com os verbos na hora da prova.

OBS: O verbo solicitar traz um crime formal → ou seja, para a consumação, basta a solicitação.

Concussão Exigir
Concussão X
Corrupção Passiva
Corrupção Solicitar, receber,
Passiva aceitar

Causa de aumento de pena

O parágrafo 1º traz uma causa de aumento de pena, veja:

§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário


retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.

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Ou seja, se o funcionário público, retarda ou deixa de praticar ato que deveria praticar (ato de ofício) ou se
ele pratica algum ato infringindo um dever do cargo, a pena é aumentada de 1/3.

Corrupção passiva privilegiada

Temos aqui o crime do funcionário público “gente boa”. É o crime do “quebra-galho”.

Exemplo: Caio, servidor de um Tribunal, é encarregado de selecionar os processos para serem julgados. Um
amigo de infância pede que ele não coloque um determinado processo porque a sentença lhe trará prejuízos.
Caio cede ao pedido do amigo e coloca a ação para o fim da fila.

Nesse sentido, Caio cometeu corrupção passiva privilegiada.

§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional,
cedendo a pedido ou influência de outrem:

Como a administração pública é regida pelo princípio da impessoalidade, em regra, não pode haver
tratamento diferenciado para um particular.

2.6)Prevaricação
Aqui, o funcionário público não faz o que deve ou faz o que não deve, com a finalidade de satisfazer
interesse ou sentimento pessoal. Veja:

Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:

Exemplo: Caio, servidor de um Tribunal, é encarregado de selecionar os processos para serem julgados. Sem
motivo, decide que irá colocar um processo para o final da fila.
Houve prevaricação?

Não, pois caio praticou ato contra expressa disposição de lei (função que deveria cumprir), mas tal prática
foi “sem motivo”.

Exemplo 2: Caio, servidor de um Tribunal, é encarregado de selecionar os processos para serem julgados. Com
pena de um réu, decide que irá colocar um processo para o final da fila.

Houve prevaricação?

Sim, pois caio praticou ato contra expressa disposição de lei (função que deveria cumprir) e tal prática
derivou de “sentimento pessoal”, ou seja, pena do réu.

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2.7)Condescendência Criminosa
Em tal crime, o superior hierárquico deixa de responsabilizar um subordinado que cometeu uma infração;
ou, lhe faltando competência para responsabilizar, não leva o fato ao conhecimento da autoridade competente.

Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração
no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade
competente:

Indulgência é a misericórdia. Ou seja, por pena, o superior deixa de responsabilizar o subordinado.

Exemplo: Mévio, chefe de uma repartição, percebe que seu subordinado cometeu infração funcional. No
entanto, sabe que o funcionário se separou recentemente e está afundado em dívidas.

Com pena, resolve não responsabilizá-lo.

Nesse caso, podemos falar no crime do artigo 320 do CP.

2.8)Violação de sigilo funcional


O crime de violação de sigilo funcional está no artigo 325 do CP.

Trata-se da conduta do funcionário que, sabendo de algum fato sigiloso em razão do cargo, o revela a
terceiros ou facilita sua revelação.

Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou
facilitar-lhe a revelação:

O caput não demanda maiores análises. No entanto, peço atenção às figuras equiparadas (parágrafo 1º) e à
previsão do parágrafo 2º. Vamos vê-las?

§ 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:

I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra


forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da
Administração Pública;

II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.

O inciso I tipifica a conduta daquele que permite ou facilita o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas
de informações/banco de dados da Administração.

Exemplo: Tício, funcionário público, empresta sua senha para seu irmão para que este possa entrar no banco de
dados da administração e ver um procedimento administrativo de seu interesse.

Já o inciso II traz a conduta do funcionário que se utiliza de forma indevida do acesso restrito. Isso se explica
porque o acesso aos bancos de dados da administração é limitado, ou seja, não é aberto a todas as pessoas.

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Por fim, o parágrafo 2º traz uma qualificadora (a pena, se resultar dano à Administração ou a outra pessoa,
é maior).

§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.

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3) Crimes praticados por particular contra a Administração em geral


Após analisar os crimes praticados por funcionário público, chegou a hora de analisar os crimes praticados
por particular. Ou seja, aqui, não é necessária a qualidade de funcionário público para a configuração do delito.

Vamos ver os mais importantes?

3.1)Resistência
O crime de resistência consiste na conduta do particular que se opõe ativamente à execução de ato legal,
ameaçando ou cometendo violência contra o funcionário público que está executando tal ato.

Nota-se, também, que o particular que esteja ajudando o funcionário público também pode ser vítima
desse delito. Veja:

Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente
para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:

Exemplo: Mévio, Oficial de Justiça Avaliador Federal, é o responsável por cumprir um mandado de busca e
apreensão de um veículo. Caio, dono do veículo, resistindo à ordem legal, bate em Mévio.

Nesse caso, houve o crime de resistência.


E se o ato do funcionário público não puder se executado em razão da violência? Nesse caso, a pena é
maior. Trata-se de uma qualificadora:

§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:

Pena - reclusão, de um a três anos.

Professor, e se o funcionário público sofrer lesão corporal? Nesse caso, haverá concurso de crimes (lesão
corporal + resistência). É o que diz o parágrafo 2º.

§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.

3.2)Desobediência
Aqui, a conduta é desobedecer à ordem legal de funcionário público. Tal conduta pode ser omissiva (não
fazer) ou comissiva (por ação – fazer).

Ordem legal é entendida como ordem de acordo com o ordenamento jurídico (Lei). Veja:

Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:

Exemplo: Mévio, Policial Civil, ordena que Caio apresente documento de identificação em uma blitz.

Caio diz que não vai apresentar nada.

Nesse caso, Caio desobedeceu ordem legal de funcionário público e cometeu o crime de desobediência.

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Exemplo: Mévio, Policial Civil, ordena que Caio pule carniça em seu amigo.

Caio diz que não vai fazer isso

Nesse caso, Caio não desobedeceu ordem legal de funcionário público. O Policial não tem atribuição legal de
ordenar que Caio pule carniça.
Portanto, não há crime de desobediência.

OBS: Descumprir medidas protetivas de urgência da Lei Maria da Penha (Lei 11.340) → configura-se crime de
desobediência.

No entanto, é crime na Lei 11.340, não no CP. É uma desobediência especial.

Art. 24-A. da Lei 11.340 - Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei:

3.3)Desacato
O crime de desacato consiste na conduta do particular que ofenda ou menospreze o funcionário público,
em razão de suas funções.

Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela

Exemplo: Mévio, cidadão comum, olha para a cara de um Agente de Trânsito e fala “vocês só servem para
arrecadar dinheiro, seus lixos!!! Vão trabalhar direito!!!!!”.

Essa conduta configura desacato, pois ofende as nobres funções que o Agente de Trânsito exerce.

Exemplo 2: Mévio, cidadão comum, fala na internet que os Agentes de Trânsito “só servem para arrecadar
dinheiro, são uns lixos e não trabalham direito!!!!!”.

Essa conduta não configura desacato, pois, apesar de ofender os Agentes de Trânsito, não há nenhum
funcionário presente no momento da ofensa. Ou seja, para se configurar o crime de desacato, é necessária a
presença física do funcionário público.

3.4)Tráfico de Influência
O crime de tráfico de influência consiste na conduta daquele que pede vantagem a alguém dizendo que
influirá em ato praticado por funcionário público.

Olhe:

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Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a
pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função:

Exemplo: Mévio, cidadão comum, fala para seu amigo que conhece um servidor da previdência social e que pode
acelerar a concessão de um benefício. Para isso, solicita mil reais.

No entanto, Mévio não conhece nenhum servidor de lá.


Qual o crime cometido?

Nesse caso, há o crime de tráfico de influência.

Exemplo 2: Mévio, cidadão comum, fala para seu amigo que conhece um servidor da previdência social e que
pode acelerar a concessão de um benefício. Para isso, solicita mil reais.

Acontece que Mévio realmente conhece um servidor de lá, passa quinhentos reais para ele, e seu amigo
consegue receber o benefício.
Qual o crime cometido?

Nesse caso, não há o crime de tráfico de influência. Mévio responde por corrupção ativa e o funcionário
público por corrupção passiva. Isso porque o crime de tráfico de influência tem como requisito que o autor não
interfira na função do funcionário público. Se o fizer, praticará corrupção ativa, crime que veremos daqui a
pouco.

Exemplo 3: Mévio, cidadão comum, fala para seu amigo que conhece um Juiz que pode proferir uma sentença
favorável em um processo no qual o amigo é réu. Para isso, solicita mil reais.

No entanto, Mévio não conhece o Juiz.


Qual o crime cometido?

Nesse caso, não há o crime de tráfico de influência. Mévio responde por exploração de prestígio. Isso
porque tal crime é uma forma especial de tráfico de influência. Em outras palavras, é o tráfico de influência, mas
praticado com a “desculpa” de influir em atos de profissões específicas.
Veja:

Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado,
órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha:

Ou seja, se for algumas das profissões do 357, teremos exploração de prestígio. Se for outro tipo de
funcionário público, haverá tráfico de influência.

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3.5)Corrupção Ativa
Ao contrário da corrupção passiva, aqui é o particular quem oferece ou promete propina (vantagem
indevida). A finalidade é que o funcionário pratique, omita ou retarde ato de ofício.

Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
omitir ou retardar ato de ofício:

Exemplo: Caio, particular, é parado por um Agente de Trânsito, pois está sem cinto de segurança.

Para não ser autuado, ele oferece mil reais para o Agente.

Agora, temos duas situações.

Se o agente não aceita, Caio responde por corrupção ativa.

Se o agente aceita, Caio responde por corrupção ativa e o agente responde por corrupção passiva.

Exemplo: Caio, particular, é parado por um Agente de Trânsito, pois está sem cinto de segurança.

O Agente solicita mil reais e Caio dá o dinheiro.


Quais os crimes cometidos?

Apenas o Agente cometeu o crime de corrupção passiva.

Caio “deu” o dinheiro. No entanto, no tipo de corrupção ativa não está o verbo “dar”.

Como não é permitida analogia in malam partem, a conduta de Caio é atípica. Muita atenção!!

3.6)Descaminho
Em síntese, comete esse crime o particular que não paga imposto que deveria pagar, pela entrada, saída ou
pelo consumo de mercadoria.

Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída
ou pelo consumo de mercadoria

Exemplo: Caio, particular, é parado no aeroporto quando volta do exterior.

Caio mente na declaração dizendo que “não comprou nada”, mas, na verdade, trouxe bens acima da quantia
permitida.

Nesse caso, Caio cometeu o crime de descaminho.

Ou seja, Caio entrou no território nacional com produtos em quantia superior à permitida e não declarou
tais bens para não pagar imposto.

É o caso clássico do “muambeiro”.

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OBS: Como já falamos, aqui cabe a aplicação do princípio da insignificância, se o valor do tributo suprimido for
de até R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

3.7)Contrabando
Já o crime de contrabando consiste na conduta de quem importa ou exporta mercadoria proibida. Aqui, ao
contrário do descaminho, tutela-se a saúde e a segurança pública. Por isso, não cabe o princípio da
insignificância.

Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:

OBS: Competência para julgamento dos crimes de contrabando e descaminho → STJ → Justiça Federal do local
da apreensão dos bens.

Súmula 151 do STJ - A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou
descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens.

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4) Crimes contra a administração da justiça


Até agora, estudamos os crimes praticados por funcionário público e os crimes praticados por particular.

Nesse momento, ingressaremos nos crimes contra a administração da justiça.

Vamos lá?

4.1)Denunciação Caluniosa
Tal crime consiste na conduta de quem “dá causa” à instauração de investigação policial, processo judicial,
investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, mesmo
sabendo que a pessoa nada fez.

Exemplo: Z, pessoa que gosta de arrumar confusão, diz que Lionel, rapaz calmo e trabalhador, a ameaçou
gravemente.

Acontece que Z sabe que Lionel nada fez, pois a ameaça foi feita por outra pessoa. Sua vontade é apenas
provocá-lo. Com isso, vai na delegacia e abre um boletim de ocorrência, que dá causa a uma investigação
policial.

Nesse caso, Z cometeu o crime de denunciação caluniosa, pois imputou a Lionel crime (ameaça) do qual
sabia ser inocente.

Veja o que diz o CP:

Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação
administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime
de que o sabe inocente:

Se quem dá causa à instauração o fizer de forma anônima ou usando outro nome, a pena aumenta-se. É o
que diz o parágrafo 1º:

§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto.

Podemos citar, ainda, uma causa de diminuição de pena, no caso de a imputação ser de contravenção.

§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção.

4.2)Comunicação falsa de crime ou contravenção


Aqui, para o crime se consumar, basta que o agente comunique a ocorrência de infração penal que sabe
não existir. Não precisa que haja efetiva instauração de algum procedimento, como no crime de denunciação
caluniosa. Aqui, basta “provocar ação de autoridade”.

Além disso, aqui, o autor não acusa ninguém.

Veja:

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Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção


que sabe não se ter verificado:

4.3)Falso testemunho ou falsa perícia


O crime de falso testemunho/falsa perícia consiste na conduta de fazer afirmação falsa ou na de negar ou
calar a verdade.

É necessário que tais condutas sejam praticadas por testemunha, perito, contador, tradutor ou interprete.
Além disso, é preciso que seja dentro de um processo judicial, administrativo, inquérito policial ou juízo arbitral.

Veja:

Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador,
tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral:

Em linhas gerais, é o caso da testemunha que mente em juízo.

Exemplo: Tício, testemunha em processo judicial, mente sobre determinado fato.

Qual o crime cometido?

Tício cometeu falso testemunho.

Aumento de pena

Há, no CP, uma causa de aumento de pena (1/6 a 1/3), no caso do crime ter sido cometido mediante
suborno (a testemunha que recebe para mentir, por exemplo).

No mesmo sentido, se a conduta é praticada dentro do processo penal ou em processo civil em que for
parte administração direta (União, Estados, DF ou Município) ou indireta (Autarquia, Empresa Pública,
Sociedade de Economia Mista ou Fundação), também aplica-se a causa de aumento.

É o que diz o parágrafo 1º:

§ 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se


cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que
for parte entidade da administração pública direta ou indireta.

Retratação

Há, ainda, uma hipótese em que não haverá punição. Ou seja, se o agente, antes da sentença no processo
no qual cometeu a conduta, declara a verdade, ele não é punido.

Veja:

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§ 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se
retrata ou declara a verdade.

4.4)Coação no Curso do Processo


Tal crime é traduzido pela conduta de, mediante violência ou grave ameaça, coagir pessoa em processo
judicial, administrativo, em investigação policial ou em juízo arbitral, com o fim de favorecer algum interesse.

Veja:

Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra
autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo
judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral:

Exemplo: Tício, parte em um processo judicial, decide ameaçar a outra parte para que ela desista da ação.

Nota-se que Tício está ameaçando a outra parte com a finalidade de favorecer interesse próprio.

4.5)Exercício Arbitrário das Próprias Razões


Tal crime é muito comum. É o crime do “justiceiro”, da pessoa que, em vez de procurar o Estado para
solucionar um problema, acaba resolvendo pelas próprias mãos.

Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a
lei o permite:

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.

Exemplo: Caio, dono de uma moto, empresta o veículo para Mévio.

Mévio se recusa a devolver o bem.

Em tese, Caio teria que procurar o Estado (Polícia, Poder Judiciário, etc.) para reaver a moto. Sua pretensão é,
inclusive, legítima.

No entanto, Caio é advogado e sabe que um eventual processo demorará muito.

Querendo recuperar seu veículo, Caio lesiona Mévio e recupera o bem.

Note que Caio responderá por exercício arbitrário e pela pena correspondente à violência (no caso, lesão
corporal).

Professor, e se não há emprego de violência?

Nesse caso, o crime é de ação penal privada (somente se procede mediante queixa):

Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.

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4.6)Favorecimento Pessoal
O crime de favorecimento pessoal consiste na conduta do autor que auxilia pessoa a fugir de ação de
autoridade pública (funcionário público), em virtude do cometimento de algum crime.

Em linhas gerais, é quem “esconde” o criminoso.

Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de
reclusão:

Exemplo: Caio ajuda seu amigo a se esconder de um Policial que o procura. Caio sabe que seu amigo cometeu
um crime de furto, que tem pena de reclusão.
Caio praticou favorecimento pessoal?

Sim, pois o crime de furto tem pena de reclusão.

Exemplo 2: Caio ajuda seu amigo a se esconder de um Policial que o procura. Caio sabe que seu amigo cometeu
um crime de ameaça, que tem pena de detenção.
Caio praticou favorecimento pessoal?

Sim.

Ué, professor...o artigo não fala em “pena de reclusão”?

Sim, mas no parágrafo 1º está a hipótese de pena de detenção. A pena é menor, olhe:

§1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:

Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.

Lembre-se que o favorecimento pessoal consiste na conduta de favorecer “pessoa”. No entanto, não é
qualquer pessoa. Veja:

§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de
pena.

Ou seja, se o auxílio é prestado por CADI (ascendente, descendente, cônjuge ou irmão), haverá isenção de
pena.

4.7)Favorecimento Real
Se no favorecimento pessoal auxilia-se pessoa, no favorecimento real a conduta é a de ajudar o criminoso a
“tornar seguro” o produto do crime cometido.

Real vem de res, que é “coisa” em latim.

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Nota-se que o autor do favorecimento real não participa do crime anterior, ele só ajuda o criminoso a
garantir que o produto de tal crime não seja recuperado.

Veja:

Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar
seguro o proveito do crime:

Exemplo: Caio auxilia seu amigo a furtar um celular e esconde o aparelho em sua casa para tornar o produto do
crime seguro.
Caio praticou favorecimento real?

Não. Caio responderá por furto, pois “auxiliou seu amigo a furtar”. É isso que quer dizer “fora dos casos de
co-autoria”.

Exemplo 2: Caio encontra um amigo que acabou de furtar um celular. Achando muito legal a conduta do amigo,
resolve esconder o aparelho em sua casa para tornar o produto do crime seguro. Em seguida, devolve o aparelho
ao amigo.
Caio praticou favorecimento real?

Sim. Caio ajudou o amigo a tornar o celular seguro, mesmo sem intenção de ficar com o bem móvel
(receptar).

Ah, professor, e se o criminoso for CADI?

Não importa. A isenção de pena é aplicada apenas no caso de favorecimento pessoal.

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5) Crimes contra as finanças públicas


Trata-se do último tema do grande título dos crimes contra a administração pública.

São crimes que tutelam a “saúde financeira” do Estado. Ou seja, tutelam o equilíbrio nas finanças.

As provas, quando cobram o assunto, apenas reproduzem o texto legal.

Vocês verão que tais crimes não demandam muita análise. A simples leitura dos artigos e dos comentários
já é suficiente.

5.1)Contratação de operação de crédito


Esse crime consiste na conduta de ordenar/autorizar/realizar operação de crédito sem autorização
legislativa. Obviamente, só pode ser cometido por pessoa responsável pelo ato. Por isso, é um crime próprio.

Olhe:

Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, interno ou externo, sem prévia
autorização legislativa:

Exemplo: Caio, funcionário público responsável por autorizar operação de crédito, precisa de autorização
legislativa para tal. No entanto, com pressa, resolve autorizá-la por sua conta e risco.
Nesse caso, comete o crime do artigo 359-A do CP.

O parágrafo único traz as condutas equiparadas. O inciso I trata da conduta que ultrapassa os limites
estabelecidos em lei ou em resolução do Senado. Ou seja, há a autorização legislativa, mas o agente ultrapassa
os limites dela.

Já no inciso II, é a dívida consolidada que ultrapassa o limite previsto em lei.

Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou
externo:

I – com inobservância de limite, condição ou montante estabelecido em lei ou em resolução do


Senado Federal;

II – quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o limite máximo autorizado por lei.

5.2)Inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar


Esse crime consiste na conduta de ordenar/ autorizar a inscrição em restos a pagar de despesa que não foi
previamente empenhada (atribuir um crédito para pagar uma dívida) ou que ultrapasse o limite da lei. Ou seja, o
agente autoriza que se pague uma dívida sem ter um crédito para tal.

Também é um crime próprio.

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Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar, de despesa que não tenha sido
previamente empenhada ou que exceda limite estabelecido em lei:

Exemplo: Caio, funcionário público responsável por autorizar a inscrição de um crédito em restos a pagar, o faz
sem que haja reserva de dinheiro para tal (sem que haja empenho).

Nesse caso, comete o crime do artigo 359-B do CP.

5.3)Assunção de obrigação no último ano do mandato ou legislatura


Em síntese, é a conduta de quem ordena ou autoriza obrigação nos dois últimos quadrimestres do último
ano do mandato. Nota-se que para que haja o crime, é necessário que não haja dinheiro para pagar a despesa até
o final do mandato ou no exercício seguinte.

Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último ano do
mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste
parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa:

Exemplo: Caio, governador de Estado, com a finalidade de fazer propaganda de seu partido, ordena despesa no
último dia do mandato. Acontece que essa despesa não pode ser paga, pois não há dinheiro para tal.
Nesse sentido, houve o crime do artigo 359-C do CP.

5.4)Ordenação de despesa não autorizada


A conduta agora é a de ordenar despesa que não está autorizada na lei. O artigo não demanda muita
análise.

Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei:

5.5)Prestação de garantia graciosa


Comete esse crime o agente que presta garantia sem que haja contragarantia em valor igual ou superior à
garantia prestada.

Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito sem que tenha sido constituída contragarantia em valor
igual ou superior ao valor da garantia prestada, na forma da lei:

5.6)Não cancelamento de restos a pagar


O agente que deixa de ordenar, autorizar ou promover o referido cancelamento, comete esse crime.

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Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o cancelamento do montante de restos a pagar
inscrito em valor superior ao permitido em lei:

5.7)Aumento de despesa total com pessoal no último ano do mandato ou legislatura


Trata-se da conduta do agente que aumenta a despesa com pessoal (servidores em sentido amplo), no
último ano de seu mandato.

Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos
cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da legislatura:

Exemplo: Caio, governador de Estado, com a finalidade de se reeleger, contrata muitos servidores no último ano
do mandato, para fazer “lobby” com a classe.
Nesse sentido, houve o crime do artigo 359-G do CP.

5.8)Oferta pública ou colocação de títulos no mercado


Em síntese, é a conduta de ordenar/autorizar/promover oferta de títulos da dívida pública sem que estes
sejam criados por lei ou que sejam registrados.

Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública ou a colocação no mercado financeiro de títulos
da dívida pública sem que tenham sido criados por lei ou sem que estejam registrados em sistema
centralizado de liquidação e de custódia:

COMO CAI: VUNESP/2019 – TJ/SP - A conduta que se amolda ao crime de “inscrição de despesas não
empenhadas em restos a pagar” é

A)deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em


valor superior ao permitido em lei.

B)ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar de despesa que exceda o limite estabelecido em lei.

C)ordenar, autorizar ou executar a inscrição em restos a pagar que acarrete aumento de despesa total com
pessoal, nos sessenta dias anteriores ao final do mandato.

D)ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, interno ou externo, sem prévia autorização legislativa e
inscrevê-la em restos a pagar.

E)ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último ano do mandato ou
legislatura, e inscrevê-la em restos a pagar.

GABARITO: LETRA B.

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COMENTÁRIOS: A letra B é a única que traz o crime de inscrição de despesas não empenhadas em restos a
pagar. Como falei, a cobrança desse tema é em forma de “letra de lei”, ou seja, repetição do artigo.

Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar, de despesa que não tenha sido previamente
empenhada ou que exceda limite estabelecido em lei:
LETRA A: Errado, pois tal crime é o de Não cancelamento de restos a pagar, previsto no artigo 359-F do CP.

Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o cancelamento do montante de restos a pagar
inscrito em valor superior ao permitido em lei:

LETRA C: Errado, o crime poderia ser o de Aumento de despesa total com pessoal no último ano do
mandato ou legislatura. No entanto, o artigo fala “nos cento e oitenta dias anteriores”, não “nos sessenta dias
anteriores”. Veja:

Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos
cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da legislatura

LETRA D: Errado, o crime poderia ser o de Contratação de operação de crédito. No entanto, o artigo não
fala “e inscrevê-la em restos a pagar”. Veja:

Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, interno ou externo, sem prévia autorização
legislativa:

LETRA E: Incorreto. A questão tentou confundir o candidato com o crime de Assunção de obrigação no
último ano do mandato ou legislatura. Veja:

Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último ano do
mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste parcela a
ser paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa:

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Questões comentadas pelo professor


1)CESPE/2018 – STJ - Julgue o item que se segue, acerca de extinção da punibilidade no direito penal brasileiro.

É causa de extinção da punibilidade a reparação de dano decorrente de peculato culposo por funcionário público,
antes do trânsito em julgado de sentença condenatória.

GABARITO: CERTO.

COMENTÁRIOS: A reparação do dano, no peculato culposo, se precede à sentença irrecorrível (transitada


em julgado), extingue a punibilidade, conforme parágrafo 3º do artigo 312 do CP.

Art. 312, § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:

Art. 312, § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença


irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.

Portanto, questão correta.

2)CESPE/2018 – ABIN - Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item a seguir.
Para a configuração do crime de prevaricação faz-se necessário um ajuste de vontade entre o agente do Estado e
o beneficiário do seu ato.
GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: Como vimos na parte da teoria, o crime de prevaricação consiste na conduta do


funcionário público que retarda, deixa de praticar ou pratica ato de ofício contra expressa disposição de lei, com a
finalidade de satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Veja:

Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição
expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:

O enunciado, por sua vez, diz que para haver crime de prevaricação deve haver um “ajuste de vontade
entre o agente do Estado e o beneficiário do seu ato”. Isso está incorreto, pois a lei não exige essa condição. O
que a lei exige é que o funcionário pratique os verbos com a finalidade de satisfazer interesse ou sentimento
pessoal, pouco importando o “ajuste de vontade”.

Dessa forma, questão incorreta.

3)CESPE/2018 – ABIN - Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item a seguir.

O crime de corrupção ativa e o de corrupção passiva são considerados crimes próprios praticados contra a
administração pública.
GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: A corrupção passiva é um crime próprio, ou seja, que só pode ser praticado por quem
detém uma qualidade específica que, no caso, é a de funcionário público. Em outras palavras, apenas funcionário

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público pode praticar o crime de corrupção passiva. Se, por exemplo, o particular solicitar uma vantagem
indevida, o fato será atípico.

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função
ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem
Já o crime de corrupção ativa é um crime comum, ou seja, que pode ser praticado por qualquer pessoa, seja
funcionário ou não.

Dessa forma, a questão está errada.

4)CESPE/2018 – ABIN - Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item a seguir.

O crime de peculato pode ser praticado por quem exerce emprego público, ainda que sua atividade seja
transitória ou sem remuneração.
GABARITO: CERTO.

COMENTÁRIOS: Perfeito. Para fins penais, considera-se também funcionário público aquele que exerce
emprego, ainda que de forma transitória (não permanente) e sem remuneração.

Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou
sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.

5)CESPE/2017 – TRF 1ª Região - Julgue o item subsequente, relativo a crimes contra a administração pública.

A distinção fundamental entre os tipos penais tráfico de influência e exploração de prestígio diz respeito à pessoa
sobre a qual recairá a suposta prática delitiva.

GABARITO: CERTO.

COMENTÁRIOS: Exatamente. Questão bem inteligente.

Como vimos, no tráfico de influência há a prática dos verbos, a pretexto de influir em ato praticado por
funcionário público.

Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a
pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função:
No caso da exploração de prestígio, a prática dos verbos se dá a pretexto de influir em ato praticado por
determinadas pessoas.

Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado,
órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha:

Por isso é correto dizer que a distinção entre os crimes diz respeito à pessoa sobre a qual recairá a suposta
prática delitiva.

6)CESPE/2017 – TCE/PE - No que se refere aos crimes praticados por funcionário público contra a administração
em geral, julgue o seguinte item.

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O vereador que, em razão do seu cargo, solicitar parte do salário de seus assessores em benefício próprio
praticará o crime de concussão.
GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: Na verdade, a conduta de “solicitar” vantagem indevida (salário de assessor),


dependendo do caso, configura crime de corrupção passiva. O crime de concussão traz o verbo “exigir”.

Veja:

Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:

Dessa forma, questão incorreta.

7)CESPE/2017 – TCE/PE - No que se refere aos crimes praticados por funcionário público contra a administração
em geral, julgue o seguinte item.

Praticará o crime de corrupção passiva o médico — seja ele servidor público ou não — que, em atendimento pelo
Sistema Único de Saúde, exigir do segurado quantia em dinheiro para a realização de consulta.
GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: Primeiramente, o médico que atende pelo SUS é considerado funcionário público por
equiparação, pois é conveniado para prestar uma atividade típica do Estado (saúde), veja:

Art. 327, § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade
paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução
de atividade típica da Administração Pública.

Até aí tudo bem.

No entanto, a conduta de “exigir ” vantagem indevida configura o crime de concussão. O crime de


corrupção passiva traz os verbos “solicitar”, “receber” e “aceitar”.

Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:

Dessa forma, questão errada.

8)CESPE/2016 – TCE/PA - Cada item a seguir apresenta uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser
julgada de acordo com o Código Penal, com a legislação penal extravagante e com a jurisprudência do STJ.

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João, policial civil, exigiu vantagem indevida de particular para não prendê-lo em flagrante. A vítima não realizou
o pagamento e prontamente comunicou o fato a policiais civis. Nessa situação, como o delito de concussão é
formal, o crime consumou-se com a exigência da vantagem indevida, devendo João por ele responder.
GABARITO: CERTO.

COMENTÁRIOS: Perfeito. O crime de concussão (exigir vantagem indevida) consuma-se com a prática do
verbo do tipo penal. Não importa se o Policial recebeu ou não a vantagem, pois o crime é formal. Em outras
palavras, o crime de concussão consuma-se com a exigência da vantagem indevida. O recebimento da mesma é
mero exaurimento do delito.

9)CESPE/2018 – MPU - Com relação aos crimes em espécie, julgue o item que se segue, considerando o
entendimento firmado pelos tribunais superiores e a doutrina majoritária.

No crime de peculato, o proveito a que se refere o tipo penal pode ser tanto material quanto moral,
consumando-se o delito mesmo que a vantagem auferida pelo agente não seja de natureza econômica.

GABARITO: CERTO.

COMENTÁRIOS: Em linhas gerais, o crime de peculato doloso consiste na conduta do funcionário público
que se apropria, subtrai ou desvia bem que está sob guarda da Administração Pública.

O proveito do crime (bem) pode ser material (o mais comum – celular, por exemplo) e também pode ser
moral (funcionário que ajuda uma pessoa para aumentar seu “status”, por exemplo).

A vantagem, por sua vez, não precisa ser econômica, podendo ser, por exemplo, sexual.

Dessa forma, questão correta.

10)CESPE/2018 – MPE/PI - Rita, depois de convencer suas colegas Luna e Vera, todas vendedoras em uma
joalheria, a desviar peças de alto valor que ficavam sob a posse delas três, planejou detalhadamente o crime e
entrou em contato com Ciro, colecionador de joias, para que ele adquirisse a mercadoria. Luna desistiu de
participar do fato e não foi trabalhar no dia da execução do crime. Rita e Vera conseguiram se apossar das peças
conforme o planejado; entretanto, como não foi possível repassá-las a Ciro no mesmo dia, Vera levou-as para a
casa de sua mãe, comunicou a ela o crime que praticara e persuadiu-a a guardar os produtos ali mesmo, na
residência materna, até a semana seguinte.

Considerando que o crime apresentado nessa situação hipotética venha a ser descoberto, julgue o item que se
segue, com fundamento na legislação pertinente.

A mãe de Vera responderá pelo crime de favorecimento real, não sendo cabível isenção de pena em razão do
parentesco.

GABARITO: CERTO.

COMENTÁRIOS: A mãe de Vera realmente responderá por favorecimento real, uma vez que a isenção de
pena pela relação de parentesco aplica-se apenas nos casos de favorecimento pessoal.

Como a alternativa traz uma conduta que caracteriza favorecimento real, a afirmativa está correta.

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Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar
seguro o proveito do crime:

11)CESPE/2016 – TCE/SC - Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item subsecutivo.

É crime a conduta de autorizar ou realizar operação de crédito, sem prévia autorização legislativa, constituindo
causa de aumento de pena a inobservância de limite, condição ou montante estabelecido em lei ou em resolução
do Senado Federal.

GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: A questão está errada, pois a inobservância de limite, condição ou montante


estabelecido em lei ou em resolução do Senado Federal não é causa de aumento de pena. Trata-se de figura
equiparada ao crime (punida igual ao crime do caput). Veja:

Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, interno ou externo, sem prévia
autorização legislativa:

Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos


Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, autoriza ou realiza operação de crédito,
interno ou externo: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)

I – com inobservância de limite, condição ou montante estabelecido em lei ou em resolução do


Senado Federal; (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)

II – quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o limite máximo autorizado por lei.

12)CESPE/2018 – EMAP - Julgue o item seguinte, a respeito dos crimes contra a administração pública.

As condutas dos ilícitos de corrupção passiva e de corrupção ativa são bilaterais e, assim, a condenação do
corrupto passivo está vinculada à condenação do corruptor ativo.
GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: É incorreto dizer que há sempre bilateralidade entre corrupção ativa e passiva.

Na verdade, poderá haver um dos crimes e não haver o outro, quer ver?
O particular pode oferecer a vantagem e o funcionário público pode não aceitar. Nesse caso, haverá apenas
corrupção ativa.

Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
omitir ou retardar ato de ofício:

13)CESPE/2018 – EMAP - Julgue o item seguinte, a respeito dos crimes contra a administração pública.

Constitui crime de peculato na modalidade de desvio a aplicação de recurso para o alcance de finalidade diversa
da prevista em lei, ainda que tal aplicação atenda ao interesse público.

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GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: Errado, pois o peculato-desvio consiste na conduta de desviar em proveito próprio ou


alheio.

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:

Se o agente público deu às verbas finalidade diversa (atendendo ao interesse público), ele responde pelo
crime do artigo 315 (emprego irregular de verbas públicas).

Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei:

14)CESPE/2018 – EBSERH - Julgue o item seguinte, relativos aos tipos penais dispostos no Código Penal e nas
leis penais extravagantes.

No mesmo contexto fático, são incompatíveis o crime de corrupção ativa praticado por particular e o crime de
concussão praticado por funcionário público.

GABARITO: CERTO.

COMENTÁRIOS: A questão é interessante.

O crime de concussão, em linhas gerais, consiste na conduta do funcionário público que exige vantagem
indevida, em razão de suas funções. Veja:

Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:

Já o crime de corrupção ativa caracteriza-se pela conduta do particular que oferece ou promete vantagem
indevida a funcionário público.

Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
omitir ou retardar ato de ofício:

Viram a incompatibilidade?

É impossível, no mesmo contexto fático, o funcionário exigir e o particular oferecer ou prometer. Se o


funcionário exigir e o particular der, a conduta do particular será atípica, pois o artigo 33 não contempla o verbo
“dar”. Se o particular oferecer ou prometer, o funcionário não poderá exigir, apenas aceitar ou receber tal
vantagem.

Portanto, assertiva correta.

15)CESPE/2018 – STJ - Considerando a doutrina e a jurisprudência dos tribunais superiores acerca dos crimes em
espécie, julgue o seguinte item.

Situação hipotética: Um médico de hospital particular conveniado ao Sistema Único de Saúde praticou conduta
delituosa em razão da sua função, configurando-se, a princípio, o tipo penal do peculato-furto. Assertiva: Nessa
situação, como não detém a qualidade de servidor público, o agente responderá pelo crime de furto em sua
forma qualificada.

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GABARITO: ERRADO.

COMENTÁRIOS: Como vimos na parte da teoria, o médico de hospital particular conveniado com o SUS é
funcionário público por equiparação. Dessa forma, responde por crime funcional (peculato-furto).

Art. 327, § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade
paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução
de atividade típica da Administração Pública.

Questão, portanto, errada.

16)CESPE/2016 – TCE/SC - Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item subsecutivo.

Situação hipotética: Determinado indivíduo autorizou a assunção de obrigação, no último quadrimestre do


mandato, mesmo sabendo que não haveria contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa para o
pagamento de parcela que venceria no exercício seguinte. Assertiva: Nessa situação, o referido indivíduo
praticou crime contra as finanças públicas, estando sujeito a pena de reclusão.
GABARITO: CERTO.

COMENTÁRIOS: Como falei na parte da teoria, quando há cobrança dos crimes contra as finanças
públicas, as questões trazem a letra de lei. No caso do enunciado, foi cobrado o crime do artigo 359-C.

Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último
ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste
parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos

Portanto, questão correta.

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Lista de questões comentadas


1)CESPE/2018 – STJ - Julgue o item que se segue, acerca de extinção da punibilidade no direito penal brasileiro.

É causa de extinção da punibilidade a reparação de dano decorrente de peculato culposo por funcionário público,
antes do trânsito em julgado de sentença condenatória.

2)CESPE/2018 – ABIN - Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item a seguir.

Para a configuração do crime de prevaricação faz-se necessário um ajuste de vontade entre o agente do Estado e
o beneficiário do seu ato.

3)CESPE/2018 – ABIN - Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item a seguir.

O crime de corrupção ativa e o de corrupção passiva são considerados crimes próprios praticados contra a
administração pública.

4)CESPE/2018 – ABIN - Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item a seguir.

O crime de peculato pode ser praticado por quem exerce emprego público, ainda que sua atividade seja
transitória ou sem remuneração.

5)CESPE/2017 – TRF 1ª Região - Julgue o item subsequente, relativo a crimes contra a administração pública.

A distinção fundamental entre os tipos penais tráfico de influência e exploração de prestígio diz respeito à pessoa
sobre a qual recairá a suposta prática delitiva.

6)CESPE/2017 – TCE/PE - No que se refere aos crimes praticados por funcionário público contra a administração
em geral, julgue o seguinte item.

O vereador que, em razão do seu cargo, solicitar parte do salário de seus assessores em benefício próprio
praticará o crime de concussão.

7)CESPE/2017 – TCE/PE - No que se refere aos crimes praticados por funcionário público contra a administração
em geral, julgue o seguinte item.

Praticará o crime de corrupção passiva o médico — seja ele servidor público ou não — que, em atendimento pelo
Sistema Único de Saúde, exigir do segurado quantia em dinheiro para a realização de consulta.

8)CESPE/2016 – TCE/PA - Cada item a seguir apresenta uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser
julgada de acordo com o Código Penal, com a legislação penal extravagante e com a jurisprudência do STJ.

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João, policial civil, exigiu vantagem indevida de particular para não prendê-lo em flagrante. A vítima não realizou
o pagamento e prontamente comunicou o fato a policiais civis. Nessa situação, como o delito de concussão é
formal, o crime consumou-se com a exigência da vantagem indevida, devendo João por ele responder.

9)CESPE/2018 – MPU - Com relação aos crimes em espécie, julgue o item que se segue, considerando o
entendimento firmado pelos tribunais superiores e a doutrina majoritária.

No crime de peculato, o proveito a que se refere o tipo penal pode ser tanto material quanto moral,
consumando-se o delito mesmo que a vantagem auferida pelo agente não seja de natureza econômica.

10)CESPE/2018 – MPE/PI - Rita, depois de convencer suas colegas Luna e Vera, todas vendedoras em uma
joalheria, a desviar peças de alto valor que ficavam sob a posse delas três, planejou detalhadamente o crime e
entrou em contato com Ciro, colecionador de joias, para que ele adquirisse a mercadoria. Luna desistiu de
participar do fato e não foi trabalhar no dia da execução do crime. Rita e Vera conseguiram se apossar das peças
conforme o planejado; entretanto, como não foi possível repassá-las a Ciro no mesmo dia, Vera levou-as para a
casa de sua mãe, comunicou a ela o crime que praticara e persuadiu-a a guardar os produtos ali mesmo, na
residência materna, até a semana seguinte.

Considerando que o crime apresentado nessa situação hipotética venha a ser descoberto, julgue o item que se
segue, com fundamento na legislação pertinente.

A mãe de Vera responderá pelo crime de favorecimento real, não sendo cabível isenção de pena em razão do
parentesco.

11)CESPE/2016 – TCE/SC - Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item subsecutivo.

É crime a conduta de autorizar ou realizar operação de crédito, sem prévia autorização legislativa, constituindo
causa de aumento de pena a inobservância de limite, condição ou montante estabelecido em lei ou em resolução
do Senado Federal.

12)CESPE/2018 – EMAP - Julgue o item seguinte, a respeito dos crimes contra a administração pública.

As condutas dos ilícitos de corrupção passiva e de corrupção ativa são bilaterais e, assim, a condenação do
corrupto passivo está vinculada à condenação do corruptor ativo.

13)CESPE/2018 – EMAP - Julgue o item seguinte, a respeito dos crimes contra a administração pública.

Constitui crime de peculato na modalidade de desvio a aplicação de recurso para o alcance de finalidade diversa
da prevista em lei, ainda que tal aplicação atenda ao interesse público.

14)CESPE/2018 – EBSERH - Julgue o item seguinte, relativos aos tipos penais dispostos no Código Penal e nas
leis penais extravagantes.

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No mesmo contexto fático, são incompatíveis o crime de corrupção ativa praticado por particular e o crime de
concussão praticado por funcionário público.

15)CESPE/2018 – STJ - Considerando a doutrina e a jurisprudência dos tribunais superiores acerca dos crimes em
espécie, julgue o seguinte item.

Situação hipotética: Um médico de hospital particular conveniado ao Sistema Único de Saúde praticou conduta
delituosa em razão da sua função, configurando-se, a princípio, o tipo penal do peculato-furto. Assertiva: Nessa
situação, como não detém a qualidade de servidor público, o agente responderá pelo crime de furto em sua
forma qualificada.

16)CESPE/2016 – TCE/SC - Acerca dos crimes contra a administração pública, julgue o item subsecutivo.

Situação hipotética: Determinado indivíduo autorizou a assunção de obrigação, no último quadrimestre do


mandato, mesmo sabendo que não haveria contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa para o
pagamento de parcela que venceria no exercício seguinte. Assertiva: Nessa situação, o referido indivíduo
praticou crime contra as finanças públicas, estando sujeito a pena de reclusão.

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Gabarito
1. CERTO 8. CERTO 15. ERRADO
2. ERRADO 9. CERTO 16. CERTO
3. ERRADO 10. CERTO
4. CERTO 11. ERRADO
5. CERTO 12. ERRADO
6. ERRADO 13. ERRADO
7. ERRADO 14. CERTO

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Resumo direcionado
1) Crimes contra a Administração Pública
A tipificação de crimes contra a administração pública tutela o conjunto de funções que a Administração
Pública exerce, preservando bens como moralidade, patrimônio e probidade.

Lembre-se:

Súmula 599 do STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração
Pública.

Ofensa grave?
Tipicidade
Material
"desvalor da
Princípio da conduta"
Insignificância
Tipicidade Previsão em
Formal Lei

Mínima Ofensividade da Nenhuma periculosidade


conduta do agente social da ação

Insignificância
(vetores)

Reduzidíssimo grau de
Inexpressividade da lesão
reprovabilidade do
jurídica provocada
comportamento

2) Crimes praticados por funcionário público contra a Administração em geral


Esses crimes são chamados de “crimes funcionais”. Em outras palavras, são os crimes praticados por
funcionário público, no exercício das suas funções ou em razão delas.

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Crimes Funcionais Próprios → São situações fáticas que só são criminalizadas porque há um funcionário público
praticando a conduta. Se a pessoa não for funcionária, o crime não existirá (o fato será atípico ).

Crimes Funcionais Impróprios → São situações fáticas que são criminalizadas independentemente de serem
praticadas por funcionário ou pessoa comum. A diferença é que se for praticado por funcionário, será um crime
praticado por ele contra a Administração Pública (crime funcional). Se for praticado por particular, a conduta será
tipificada em outro dispositivo legal.

Quem é funcionário público?

Quem exerce, ainda que de forma transitória e sem remuneração:

a)Cargo Público → É o caso do concursado sob o regime estatutário.

b)Emprego Público → É o caso do celetista, ou seja, do contratado sob regime da CLT. Pode ser
concursado ou não.

c)Função Pública → É o caso de quem exerce uma função pública sem ser celetista e sem ser estatuário.
Podemos falar do mesário e do jurado.

+
d)Quem “exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal”

e)Quem “trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de
atividade típica da Administração Pública”

2.1)Peculato

Peculato-apropriação

Peculato Próprio (dolo)

Peculato-desvio

Peculato Impróprio
Peculato-furto
(dolo)

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Reparação até
Extingue a
sentença
punibilidade
irrecorrível
Peculato Culposo
Reparação após a
Reduz a pena em
sentença
1/2
irrecorrível

2.2)Corrupção Passiva x Concussão

Concussão Exigir
Concussão X
Corrupção Passiva
Corrupção Solicitar, receber,
Passiva aceitar

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