Avaliação da proposta do Governo apresentada em 15/05/2024

Prof. Dr. Eduardo Rolim de Oliveira

Tesoureiro da ADUFRGS-Sindical

Em 2024

- Reajuste dos benefícios

Houve o reajuste dos Benefícios, a partir de maio/2024. O auxílio

alimentação passou de R$ 658,00 para R$ 1.000,00 enquanto que os auxílios
pré-escolar e ressarcimento à saúde suplementar tiveram reajustes na ordem de
51%. O reajuste desses benefícios, ainda que não sejam pagos a todos os
professores,sempre estiveram na nossa pauta, sobretudo no que se refere à
isonomia entre os servidores dos 3 poderes. Isso não foi plenamente atendido
ainda, mas está na direção certa. O auxílio alimentação é devido apenas aos
ativos, enquanto que o de saúde é pago a ativos, aposentados e pensionistas
que têm plano de saúde privado. O auxílio pré-escolar é devido aos servidores
que têm filhos menores de 6 anos.

Importante citar que o reajuste dos benefícios tem um impacto maior para
os que têm menores salários, o que no caso dos professores se dá com os
professores mais jovens e menos titulados.

Em 2025

- A criação da “Classe de Entrada”

Aqui talvez se encontre o principal avanço da proposta do Governo, a

reestruturação das Carreiras do Magistério Superior (MS) e Ensino Básico,
Técnico e Tecnológico (EBTT) nos marcos exatos do fora proposto pelo
PROIFES-Federação, mantendo a isonomia das duas carreiras e a lógica
prevista na Lei 12.772/2012, evitando os retrocesso que estavam sendo
propostos por outras entidades que visavam desconstruir as Carreiras que
estamos estruturando desde os acordos de 2007, 2008, 2011, 2012 e 2015. Este
processo atual continua de forma correta o processo contínuo de reconstrução
das duas carreiras.

A Classe “de Entrada” foi integralmente proposta pelo PROIFES-

Federação e tem como objetivo conceder um substancial realistes para os
professores que estão em Estágio Probatório e os que virão a ingressar nas
Carreiras a partir de agora, o que é muito bom para o País, pois valoriza o
ingresso de profissionais qualificados nas Universidades e Institutos Federais,
sem aumentar o tempo para se chegar do início ao topo da Carreira, mantido
nos mesmos 19 anos que hoje vigoram para doutores no MS e mestres e
doutores no EBTT, agora estendido a todos os professores.

A regra é que todos os professores que estão nas classes A (MS) ou D I

(EBTT) e B (MS) ou D II (EBTT) no nível 1, sejam reenquadrados na nova Classe
“de Entrada” com salários equivalentes aos da atual classe B (MS) ou D II (EBTT)
nível 2, sendo que estes professores ficam na mesma posição, ainda que o
número de professores em B 2 ou D II 2 seja muito pequeno, pois com a
aceleração de promoção praticamente todos passam, ao terminar o Estágio
Probatório, direto da classe A ou D I para C 1 ou D III 1. A nova classe terá 3
anos de interstício, o mesmo tempo do Estágio Probatório, passando a seguir
por promoção para a classe C 1 ou D III 1, ao concluí-lo. É claro que nova Lei
terá que prever uma regra de transição para os atuais professores que estão em
Estágio Probatório, ao conclui-lo devem ter o direito da promoção acelerada,
mesmo com menos de 3 anos na classe “de Entrada”. Mas é inegável a
importância do aumento em mais de 16% do salário de ingresso, que somado
ao reajuste de 9%, levará a um reajuste de quase 27% para o valor inicial da
Carreira a parir de 01/01/2025. Isso é muito importante para os jovens
professores.

- Mudança nos steps

Igualmente como proposto pelo PROIFES-Federação, o aumento de VB

na progressão nas classes C e D (MS) ou D III e D IV (EBTT) valoriza a
progressão na carreira, valorizando o trabalho docente. Num primeiro momento
aumenta-se de 4% para 4,5% em 01/01/2025.

Como já fora proposto pelo PROIFES-Federação desde 2022, o Governo

propôs a diminuição do step para a promoção de C (MS) ou D III (EBTT) para D
(MS) ou D IV (EBTT) dos atuais 25% para 23,5% nesta primeira etapa. Essa
mudança atende principalmente a uma demanda dos professores aposentados
antigos, que em grande parte estão posicionados como D ou Adjunto IV (MS). A
diminuição da diferença traz uma parcela maior dos recursos alocados para
reajuste, justamente para esta classe, que terá reajustes maiores do que teria se
não houvesse a redução da diferença.
- Reajuste salarial

A partir de 01/01/2025 todos os docentes recebem um reajuste de 9%,

além é claro do impacto das mudanças dos steps.

Resumindo, em 01/01/2025 teremos os seguintes reajustes, em relação ao

salário atual:

E os salários ficam sendo:

Em 2026

- Reestruturação das carreiras

Em 01/05/2026 haverá a segunda etapa do processo de reestruturação

das carreiras, com o aumento do step de progressão nas classes C e D (MS) ou
D III e D IV de 4,5% para 5%, exatamente como proposto pelo PROIFES-
Federação.

Um aumento do step de promoção da classe “de Entrada” para D (MS) ou

D III (EBTT) segue o mesmo padrão de valorização das carreiras, e neste caso
traz reajustes maiores para os que estão no meio das carreiras, o que equilibra
ainda a proposta para valorizar todos os docentes.

E, finalmente continua o processo de diminuição da diferença entre

Adjunto e Associado, de 23,5% para 22,5%, o que é importante para os
aposentados antigos, posicionados em D 4 (MS). Todos estes movimentos são
oriundos das propostas apresentados pelo PROIFES-Federação, no processo
contínuo de negociação na Mesa Específica e Temporária, que iniciou em
dezembro de 2023 e nunca fora interrompido desde então.

-Reajuste salarial

Além do impacto da segunda etapa de reestruturação das carreiras, os

docentes ainda terão um reajuste de 3,5% em 01/05/2026, mantendo o poder de
compra pela inflação projetada para 2026.
Resumindo, os reajustes acumulados até 2026 comparando-se com os salários
atuais Como se pode verificar abaixo, os reajustes vão de 12,82% até 31,29%
no período de 2024 a 2026, para uma inflação de 11 a 12% projetada no período.

Já os salários após as duas etapas de 2025 e 2026 ficarão como segue:

Acumulado no atual Governo

Considerando-se que os professores tiveram um reajuste de 9% em

maio/2023, pode-se observar que no período do atual Governo, com a proposta
apresentada, todos os professores terão reajustes de 2023 a 2026, contra um
inflação projetada de 16 a 17% acumulada neste período, como pode ser visto
abaixo:
 Aqui se pode concluir que a proposta é interessante e equilibrada pois:

1. Contempla uma valorização importante do salário de ingresso nas

carreiras, de mais de 43% no período do atual Governo, o que é muito
bom para os jovens professores, que terão os maiores reajustes;
2. Há valorização do topo das carreiras, com reajustes de mais de 28%
no período do atual Governo;
3. Com a diminuição da diferença entre Adjuntos e Associados, há uma
importante valorização dos aposentados antigos, que estão em
Adjunto 4, com reajustes de mais de 27% no período do atual Governo;
4. Há uma valorização das carreiras do MS e do EBTT, que seguem no
correto processo contínuo de reconstrução iniciado em 2007 e que
mantém a isonomia entre as duas carreiras e alógica delas, alcançada
em 2019;
5. A proposta apresentada vai exatamente no sentido de aumento dos
steps de progressão e promoção propostos Pelo PROIFES-
Federação, e aponta inclusive a diminuição da diferença entre
Adjuntos e Associados, já proposta em 2022;
6. A proposta é equilibrada e é uma vitória do processo de negociação,
aposta maior do PROIFES-Federação e que traz muitos benefícios
aos professores, mesmo neste complicado contexto de restrição
orçamentária, de sequestro do orçamento federal para emendas
 parlamentares, do arcabouço fiscal e ainda mais neste momento
delicado de calamidade pública no Rio Grande do Sul.

Por fim, ainda deve-se considerar a importante conquista do fim de controle

de frequência dos professores do EBTT que já fora acordado em 2015 mas
nunca comprido. Ainda foram transferidas para a Mesa Setorial os demais itens
da pauta originalmente apresentados. E não se pode ignorar o anúncio da
recomposição do orçamento das IFE, anunciado pelo MEC, parte integrante da
pauta apresentada.