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SOBRE A “NOVA” PROPOSTA DO GOVERNO PARA A CATEGORIA

DOCENTE OU DE COMO MENTIR COM ESTATÍSTICAS

Aquiles Melo
Professor EBTT – IFCE

No dia 15 de maio de 2024, o governo Lula, através do Ministério da Gestão e


Inovação em Serviços Públicos (MGI), realizou a 2ª rodada da mesa de negociação
temporária após a greve e na qual pretendia dar uma solução final para a carreira
docente. Até então, as propostas apresentadas pelo governo repetiam o mesmo mantra:
nenhum reajuste em 2024. Para os demais períodos do governo eram apontados os
percentuais de 4,5%, em 2025 e 4,5% em 2026. O argumento utilizado pelo governo era
o da falta de recursos. O Novo Arcabouço Fiscal de Lula/Haddad associado à meta zero
de déficit para o ano de 2024 acabou por jogar as custas do ajuste fiscal nas costas dos
servidores da educação pública.

Entramos em greve. Rapidamente o movimento atingiu mais de 550 campi dos


Institutos Federais além de outras 47 Universidades Federais. É a maior greve da história
recente no país. No entanto, o governo não vem tratando esta com a dimensão
necessária. Muito pelo contrário. O desinteresse do governo na resolução do problema
se manifesta tanto pela lentidão na convocação para uma nova rodada de negociação
(em torno de 1 mês), bem como pela chantagem apresentada na última mesa de
negociação que, a partir dali (dia 19/05), não haveria mais propostas a serem
apresentadas aos docentes pelo governo. Tais fatos ilustram a falta de compromisso
desta gestão para com os profissionais da Educação. Iniciaremos nosso texto com uma
breve retrospectiva sobre os (des)caminhos das negociações realizada entre governo e
sindicatos docentes para, posteriormente, fazermos uma avaliação crítica da última
proposta apresentada.

Na primeira mesa de negociação após a greve, realizada no dia 19 de abril de 2024,


o governo realiza a seguinte proposta1 para o corpo docente: a manutenção de 0% de
reajuste para o ano de 2024 com um compromisso de reajuste de 9% para 2025 e 3,5%
para 2026. Além disso, como componente da reestruturação da carreira docente, o MGI
se propôs a aumentar os steps dos níveis C 2 a 4 e D 2 a 4 que passariam seus valores de
4% para 4,5%. Somando os percentuais do reajuste e da reestruturação da carreira – algo
que não deveria ser feito uma vez que os aumentos em virtude de reestruturação são
sentidos apenas no decorrer de vários anos – o governo propagandeava uma proposta
de reajuste que variava entre 12,81% a 16,11% - isso considerando o reajuste somado ao
step (figura 1).

1
https://sinasefe.org.br/site/carreira-docente-governo-repete-proposta-feita-aos-taes-greve-continua/
Figura 1 - Visualização da proposta do governo realizada no dia 19 de abril de 2024

Tal proposta repercutiu de forma muito negativa sobre a base docente. Primeiro
porque os valores estariam muito aquém das perdas históricas da categoria, as quais
totalizam um percentual de 39,82% referentes ao período de 2010-20232. Em segundo
lugar, o governo não contemplou o conjunto de propostas que visavam a reestruturação
da carreira tais como o estabelecimento de um piso para a categoria, a estruturação da
malha salarial com 13 níveis com steps de 5% em cada regime de trabalho, a exclusão
das classes, a isonomia das retribuições por titulação (RT), bem como a possibilidade de
todos os docentes progredirem até o último nível independentemente da titulação3. Tal
reestruturação seria importante uma vez que ajudava na recomposição das perdas
históricas acima citadas da categoria. Além disso, a realização de uma reestruturação
permitiria a criação de um patamar de vencimento mais alto na entrada da carreira, de
forma que este tivesse um efeito sobre toda a malha salarial ao passo que tornaria a
carreira mais atrativa.

Rejeitada a proposta do governo e mantida a continuidade da greve, o movimento


paredista se intensificou. Uma nova mesa de negociação foi solicitada, porém, o governo
parecia resistir a um novo agendamento. Após cobranças feitas diretamente ao
presidente Lula, este respondeu que o MGI estaria elaborando uma nova proposta para
dar um fim à greve na Educação. As expectativas aumentaram na base. Após um mês
da última mesa de negociação, o governo agenda para o dia 15 de maio uma nova rodada
que teria, segundo ele, um caráter finalístico: não haveria mais propostas a serem feitas
aos docentes sendo o dia 27/05 o prazo final para a assinatura de algum acordo.

2
https://www.andes.org.br/diretorios/files/renata/2023/Agosto01/Anexo1-Circ279-23.pdf
3
Ver em: https://sinasefe.org.br/site/download/4a-mesa-temporaria-e-especifica-da-carreira-docente-
informe-da-cnd/
Esta nova reunião iniciou logo pela manhã do dia 15/05. Não tardou muito para a
frustração atingir em cheio a base docente que ansiava por alguma mudança de postura
do governo nas negociações. Novamente o governo ofereceu 0% de reajuste para 2024
e manteve os percentuais de reajuste para 2025 em 9% e de 3,5% para 2026. Quanto à
reestruturação, o governo propôs uma alteração gradual dos steps para 2025 nos quais
os Padrões C 2 a 4 e D 2 a 4 passariam de 4,0% para 4,5%, bem como os Padrões C 2 a 4
e D 2 a 4 passariam de 4,5% para 5,0%. Além disso, o padrão D 1 e DIV 1 seria diminuído
de 25,0% para 23,5%. Em 2026, os padrões C 2 a 4 e D 2 a 4 passariam de 4,5% para 5,0%;
o padrão C1 passaria de 5,5% para 6% e o padrão D 1 e DIV 1 seria diminuído para 22,5.

Figura 2 - Proposta apresentada pelo governo no dia 15 de maio

Trocando em miúdos, a reestruturação proposta pelo governo não garantia um


reajuste significativo para a carreira, uma vez que o incremento proposto nos novos steps
(1%) não partiria de um piso considerável sob o qual toda a carreira estaria estruturada.
Além disso, parte ainda da premissa de redistribuir dentro da malha salarial os
percentuais aos quais a categoria já tinha direito. Ou seja, ao invés de propor a
manutenção das conquistas com incremento novo nos steps, o governo optou por
redistribuir valores de reajustes da Classe D IV para jogar nos níveis mais baixos. Tal
mecanismo promove um reajuste na malha salarial em virtude desta se compor dos
ganhos aferidos no nível anterior multiplicados pelo valor do step. Como estes níveis
estão inter-relacionados, essa distribuição gera algum ganho. No entanto, tais ganhos -
algo próximo a 4% - não poderiam nem deveriam ser computados como ganhos de
reajuste. Devemos ainda lembrar que grande parte dos docentes que estão na ativa já se
encontram nos níveis mais altos da carreira e tais ganhos apresentados pelo governo são
diluídos ao longo dos 19 anos.
Se compararmos a proposta do dia 19 de abril com a nova proposta do governo
apresentada agora no dia 15 de maio, temos uma insignificante diferença conforme
abaixo:

Figura 3 - Comparativo entre as propostas dos dias 19/04 com a do dia 15/05 –
Fonte: adaptação de planilha do Prof. Henrique Jr (IFCE).

Aqui fica claro que a “nova proposta” é apenas um simulacro da proposta anterior.
Podemos ver nitidamente que os ganhos desta nova versão são pífios quando
comparados. No nível DIV-I, inclusive, é possível observar uma perda entre a primeira
e a segunda proposta! Mas a cereja do bolo está na forma como o governo manipula os
dados de forma a alcançar tais patamares nestes indicadores. Para isso, uma armadilha
foi proposta pelo PROIFES e encontrou apoio no governo. Na nova proposta de
reestruturação apresentada encontramos a seguinte novidade: a aglutinação das classes
iniciais (A/DI e B 1/DII 1 na categoria B 2 /DII 2) que teria, segundo o governo, o intuito
de garantir maior atratividade e reajuste nessa etapa. Ou seja, ao invés de o governo
trabalhar com a proposta de criação de um novo piso para a carreira docente, de forma
que este se tornasse um atrativo para a carreira e tivesse repercussão sobre toda a malha
salarial, o governo optou por eliminar os níveis iniciais da carreira. Tal eliminação vem
sendo propagandeado pelo governo - e replicado acriticamente pelos sindicatos - como
se este tivesse garantido um reajuste de 31%!!!

É grave que os sindicatos docentes repliquem este discurso em suas páginas


quando o que se teve, efetivamente, foi um corte dos níveis iniciais SEM QUALQUER
IMPACTO NA MALHA SALARIAL COMO UM TODO! Um futuro docente que vir a
entrar na carreira federal em 40h, com doutorado e no regime de Dedicação Exclusiva
em 2026 receberá um salário R$3.272,31 mais alto que hoje. No entanto, tal elevação não
repercutiu de forma alguma no restante da carreira. Como pode então esta nova
proposta ser percebida como uma evolução da proposta anterior se os impactos são
mínimos para os docentes que estão na ativa?
O SINASEFE replicou ainda em suas páginas (vide figura 4) a propaganda do
governo de que este teria concedido reajustes aos docentes de até 43%! Ora, é sabido que
essa informação não procede, pelo menos não forma em que é anunciada. O cálculo feito
pelo governo mistura os percentuais de reajuste com os ganhos da reestruturação
gerando a ilusão de um percentual maior de ganhos. No entanto, estes só serão
percebidos ao longo dos 19 anos de carreira, não fazendo sentido estar computado como
reajuste. Mais ainda, o valor reivindicado pelo SINASEFE foi de 22,71% de reajuste
somados a ganhos que adviriam da reestruturação da carreira. Por que motivos agora o
sindicato não repudia os cálculos do governo quando dão a entender que a proposta do
governo atendeu até o dobro do que foi pedido pela categoria docente? 4 Não faz sentido
computar isso da forma como foi feita. Retirados os valores gerados pela reestruturação,
qual o percentual efetivo de reajuste que foi garantido pelo governo? Essa questão o
sindicato não sabe responder.

Figura 4 - Postagem do SINASEFE realizada no dia 15 de maio de 2024

Além disso, um elemento fundamental continua a ser ignorado pelo governo: a


carreira docente federal não recebe sequer o valor do piso do magistério. Instituída em
2008, a lei do piso do magistério contempla professores da Educação Básica a perceberem
um valor mínimo em seu vencimento-base. Para o ano de 2024, este valor encontra-se
em R$ 4.580,57. Vale ressaltar que hoje, o vencimento-base de um docente EBTT de 40h
encontra-se no valor de R$3.412,63, um valor 25,5% menor do que o exigido por lei! Ou
seja, se o governo – e também os sindicatos - tivessem interesse em garantir um piso
atrativo para a carreira docente, por que não optar apenas por seguir a lei?

4
Após a escrita deste artigo o SINASEFE lançou uma nota através de seu Comando Nacional de Greve
sobre as distorções feitas pelo governo sobre a remuneração dos professores. Tal nota pode ser acessada
através do link: https://sinasefe.org.br/site/governo-federal-distorce-informacoes-sobre-remuneracao-
de-professorases-federais/
E aqui entramos no ponto nevrálgico de nossa situação. No ano de 2009 o
SINASEFE entrou com uma ação judicial (ação registrada na Justiça Federal sob o nº
0051246-35.2012.4.01.3400) solicitando que fosse cumprido o valor do piso do magistério
para a carreira docente5. Pasmem, o processo teve ganho na primeira instância e
encontra-se parado na justiça desde 2014! Além disso, caso apenas lei fosse cumprida, o
reflexo dela na malha salarial para um professor 40h com dedicação exclusiva seria de:

Figura 5 - Malha salarial atual da carreira EBTT caso apenas o Piso do Magistério fosse respeitado
Elaboração: Movimento PisoJá

Ou seja, a mera aplicação da Lei pelo governo – e que deveria ser a exigência de
nosso sindicato – já garantiria em nossa carreira a estruturação de um piso atrativo bem
como seus efeitos sobre toda a malha salarial. Além disso, ela contemplaria,
praticamente, toda as reivindicações de reajustes desde o ano de 2010 (algo em torno de
39,82%).

Existe ainda um fator a ser explorado quanto à questão da manipulação dos dados
pelo governo. É sabido que sua máquina de propaganda é muito forte. E a forma pela
qual ele divulga suas informações tem um propósito específico: à medida que anuncia
que atendeu às reivindicações docentes, ao mesmo tempo, ele joga com opinião pública
no sentido de construir um ideário de que qualquer manifestação contrária ao fim da
greve se daria por parte de um exagero das exigências feitas pelos profissionais da
educação. Quem não lembra do discurso de Lula no último dia 07/05, onde ele colocou
que “mas negociação é sempre assim... Eu pedia 10, sabe? E me ofereciam 2, e eu não queria. Mas

5
https://sinasefe.org.br/memoria/2014/03/13/sinasefe-derrota-a-uniao-em-processo-sobre-o-piso-
nacional-dos-professores/
entre 10 e 2 tem 3, tem 4, tem 5, tem 6”6. Tal construção tem o sentido de dizer que o governo
está disponível para negociação, mas que os professores precisariam ceder em suas
reivindicações!

Além disso, é importante compreendermos como o governo chega aos números


apresentados, uma vez que a forma como o faz mais confunde do que explica. Senão,
vejamos:

Figura 6 - Anúncio do MGI replicado pelo Ministério da Educação com dados falsos sobre a proposta para os
docentes. Fonte: https://www.instagram.com/p/C7ALsIernTE/

Este card constitui um dos materiais de propaganda veiculados pelo governo. O


reajuste anunciado fica entre 23% e 43% até 2026. Ora, se sabemos que nosso sindicato
pediu 22,71% e não teve esse valor atendido, de onde o governo retira esses números?

Observemos a tabela abaixo. Nela projetamos os valores dos salários atuais para
um docente graduado 40h sem Dedicação Exclusiva, para um docente com nível de
Doutorado 40h no regime de Dedicação Exclusiva e os valores propostos para este
último em 2026. O que temos é que a jogada do governo de eliminar os níveis iniciais
gerou um efeito estatístico no qual, mesmo sem implicar em qualquer reflexo na carreira,
o valor de início desta aumentou em torno de 43%. Sem este efeito, podemos perceber
que a proposta do governo que efetivamente tem algum impacto sobre malha salarial

6
https://www.youtube.com/watch?v=lcw9198gamY
varia entre 23% (DIII-2) e 28,2% (Titular). E estes números só são alcançados se
somarmos o valor do reajuste de 2023 e ainda os ganhos em virtude da reestruturação
(ganhos que não serão necessariamente sentidos agora).

Figura 7 - Planilha com salários da carreira docente, variação do reajuste proposto pelo governo, ganho real no
período 2023-2026 e as perdas efetivas da carreira desde 2016. Fonte: Elaboração própria.

A utilização do número de 43%, ainda que estatisticamente represente esse valor,


atinge apenas a alguns poucos docentes que ainda estiverem em estágio probatório no
ano de 2026. Hoje, esse número corresponde a algo em torno de 6,5% do total de docentes
somando as carreiras EBTT e MS. No entanto, até lá (2026), grande parte destes já não
mais estarão nesta faixa de remuneração. Neste sentido, temos que mais de 90% da
carreira EBTT e MS terão recomposição variando entre 12,8% e 17,6% (vide figura 2 –
coluna vermelha) enquanto os benefícios deste aumento do valor inicial só serão
sentidos pelos professores que vierem a ingressar no serviço público.

Mas devemos olhar com um pouco mais de detalhe esse valor inicial propagado
pelo governo. A propaganda (figura 6) indica um valor inicial da carreira saltando de
R$9.916 (sic)7 para R$13.753 em 2026. O intuito aqui é, nitidamente, manipular a opinião
pública. O DADO É FALSO! O salário docente inicial para a carreira do Magistério
Federal 40h sem Dedicação Exclusiva é hoje R$3.142,63 que, como já ressaltamos
anteriormente, sequer alcança o piso do magistério. Em 2026 esse valor será de R$5.037
e não de R$13.753. O que o governo fez foi pegar o salário inicial para um professor 40h,
em nível de doutorado e com Dedicação Exclusiva e colocar como se este fosse o inicial
da carreira. Neste sentido, o governo toma para exposição midiática o salário da carreira
mais valorizada sendo que este não corresponde efetivamente à realidade dos docentes.
A mesma falsa informação foi replicada para o teto da carreira. Se observarmos

7
O governo comete um erro no número. O valor real do salário inicial em 2022 correspondia a R$9.616,18,
e não a R$9916,00 conforme exposto.
novamente a tabela 7, veremos que um professor titular, em nível de graduação no final
da carreira atingiria apenas R$7.285,77 e não os R$26.326 anunciados.

Se focarmos agora nos percentuais de reajuste propostos pelo governo, levando


em conta o que está sendo projetado de inflação para os próximos anos, veremos que,
apesar de haver previsão de um ganho real no mandato atual do presidente, este ficou
longe de repor as perdas históricas reivindicadas – considerando apenas as perdas do
governo de Michel Temer até 2026. Estas, como podemos ver, chegam a quase 27% de
perdas reais.

Tendo como base a inflação registrada em 2023 (4,62%), bem como as projetadas
para 2024 (3,8%), 25 (3,6%) e 26 (3,5%), teremos uma inflação acumulada projetada em
16,44% ao final do governo Lula. Assim, o ganho real com a proposta atual do governo,
já somando aqui com os 9% de reajuste dados em 2023, garantiria uma variação entre 5%
e 10% de ganho real ao longo de toda carreira – lembrando que nossas perdas computam
algo em torno de 39,82%.8 Vale ressaltar que os números de inflação acima são apenas
projeções que podem variar rapidamente a depender da evolução da política econômica
do governo. Caso haja aumento nos índices de inflação projetados, os ganhos reais
podem ser reduzidos.

Como vimos, o governo, nestas negociações, se utiliza de um conjunto de


subterfúgios para poder inflar os índices de reajuste e deslocar a opinião pública contra
a greve docente. Em pesquisa recente9, a Quaest publicou que 78% da população
considera a greve dos professores como justa e apenas 19% consideram injustas. Para
reverter isso, sem que perca popularidade, o governo junta em seus dados os valores de
reajuste com os de reestruturação, elimina níveis da carreira, soma com os valores do
ajuste linear de 2023, insere steps na conta, enfim, apresenta todo um conjunto de
informações que mais cria confusão do que efetivamente informa. E esse é o intuito. É
preciso causar uma percepção diferente na sociedade de forma que esta pressione os
servidores a retornarem às suas atividades normais.

Agora, se o ultimato das negociações foi dado, o que nos resta?

Bem, é preciso compreender melhor esse momento. A greve da Educação Federal


não se encontra em crise. A última proposta apresentada pelo governo repercutiu de
maneira contrária ao esperado. As diversas bases nacionais já apontam para a recusa da
proposta e intensificação do movimento paredista. Até mesmo as bases do PROIFES, o
sindicato patronal do governo, estão descontes e anunciando que a proposta é imoral.
Vale ressaltar que, mesmo que o PROIFES assine o acordo à revelia de sua base, esta
tem um efeito numérico ínfimo em nossa greve. SINASEFE e ANDES juntos

8
Aqui optamos por excluir o valor de entrada em virtude de este ser fruto do achatamento da carreira.
9
https://oglobo.globo.com/blogs/ancelmo-gois/post/2024/05/o-que-os-brasileiros-pensam-sobre-as-
greves-nas-universidades-federais.ghtml
representam a real força deste movimento. Cabe às bases destes sindicatos rejeitarem a
proposta do governo e intensificar as ações de rua. Não podemos, neste momento, cair
no conto de que uma vez que PROIFES assine, a greve acaba. ISSO É FALSO! A greve
acaba quando nós desistimos da luta e este não é o momento para tal. Só para efeito de
ilustração, a greve dos servidores da Receita Federal (RF) só conseguiu seu reajuste após
81 dias de greve! Lembremos que a RF é a carreira de Estado responsável pela
arrecadação do governo. A greve dos servidores do IBAMA segue já com 4 meses de
duração. Vale lembrar que nenhuma greve da educação foi solucionada no primeiro mês
de negociação. Ou seja, ainda há muita água para rolar e muita luta a ser feita.

Neste sentido, não nos resta outra alternativa que não seja a recusa da proposta
do governo e a luta por uma maior recomposição salarial! Precisamos repor nossas
perdas históricas e essas só serão possíveis de serem sanadas com medidas que
repercutam sobre toda a categoria, nesse caso, com o aumento dos índices de
recomposição propostos pelo governo. Lembremos que, recentemente, foi dado aos
servidores do Banco Central um reajuste de 10,9% em 2025 e 10,9% em 2026. Se nossas
perdas são maiores que a deles, qual o sentido de não podermos chegar pelo menos a
esses percentuais?

Agora, o mais importante nesse momento é que a base de servidores docentes e


TAES estejam unificadas em sua luta. É imprescindível que, nas próximas assembleias,
a categoria dos servidores vote pela REJEIÇÃO DA PROPOSTA DO GOVERNO!
Sigamos na luta!

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