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Defensores de uma educação 100% pública que somos, apresentamos aqui alguns
elementos de balanço e propostas para essa etapa de preparação da CONAE 2024.
Participe conosco desta luta!
Ao golpe de 2016 que depôs a presidente legitimamente eleita, seguiram-se as ações predatórias dos
governos Temer e Bolsonaro. Assim, os últimos seis anos foram marcados por profundos retrocessos no
país. Direitos históricos da classe trabalhadora foram destruídos. Com o golpe, veio a reforma trabalhista
e da previdência. Com a terceirização generalizada avançou a precarização do trabalho em todas as
áreas. A criação do teto de gastos impôs a redução drástica nos orçamentos públicos, atingindo dura-
mente o povo que precisa de serviços públicos. A educação não foi poupada dessa política e o plano de
metas do PNE de 2014 foi duramente golpeado.
A eleição do Presidente Lula, em larga medida, foi uma resposta a toda essa lógica de desmonte. Ela
é nosso ponto de partida para a retomada de políticas de defesa da escola pública, gratuita, democrática,
laica, inclusiva e de qualidade social para a população brasileira.
Quando o Plano Nacional de Educação (PNE) 2014 está prestes a completar seu prazo de 10 anos é
imprescindível que façamos uma avaliação dos resultados das 20 metas por ele estabelecidas, a fim de
avançarmos para um novo plano, que traduza as prioridades para uma educação pública e de qualidade
no país.
Com base em informações do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (INEP) é
possível verificar que, apesar de progresso em alguns segmentos, estamos bem longe das metas
estabelecidas.
Em nenhum segmento se alcançou a universalização pretendida. Pouco evoluiu o desempenho
dos alunos em matérias básicas, como português e matemática. Em 2021, mais de 40 milhões de jovens
entre 18 e 29 anos não possuíam ensino médio completo. O percentual de matrículas na EJA - na forma
integrada à educação profissional - foi de apenas 2,2% em 2021 quando, no início do PNE em 2014, que
estava em 2,8%.
Nas escolas profissionais de nível médio, houve aumento de 15,5% no número de matrículas entre 2013
e 2021. Contudo, para alcançar a meta em 2024 seria necessário um crescimento de 200% para atingir
o patamar desejado de cerca de 3,2 milhões de matrículas previsto no plano.
Em relação a Educação Especial, os desafios se ampliaram no que se refere aos recursos materiais e
humanos. Esse quadro se agrava diante da crescente defasagem na relação estudante/professor(a).
Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) 85% das metas do PNE não
foram alcançadas e 65% delas retrocederam.
A meta do PNE 2014 de equiparação do rendimento médio do professor aos profissionais de formação
equivalente pouco avançou.
Até 2020 os salários dos professores cresceram apenas 6% acima da inflação. Pesa o fato de que a Lei
do Piso não foi aplicada na esmagadora maioria dos entes da federação; e quando aplicada, na maioria
das vezes ocorreu somente nas carreiras iniciais, espremendo as tabelas, sem incorporação aos salários
e sem aplicação de 1/3 da jornada para formação e hora atividade, de acordo com a determinação legal.
Segue, portanto, a necessidade de estabelecer em nível nacional diretrizes claras para a carreira de
profissionais da educação para todas as unidades federativas, incluindo pisos remuneratórios (aplicação
plena da Lei) que reconheçam a titulação e as formas de promoção, valorizando o tempo de serviço e a
qualificação.
CORTES E RESTRIÇÕES
O PNE 2014 estava vinculado ao esforço de ampliar o investimento em educação pública para o
mínimo de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país até 2019 e para 10% no final do decênio (2024).
Em 2021, percentual foi de 5,1%.
Com a descoberta do Pré-Sal e a decisão de destinar 50% dos recursos para educação e saúde, estavam
criadas as condições para mudar a qualidade desses serviços para o povo. Como se disse na época, era
nosso passaporte para o futuro. Mas, no meio do caminho, veio a Lava-Jato, os ataques à Petrobras e o
golpe. O Pré-Sal foi entregue para exploração privada e os recursos para educação e saúde viraram pó.
A educação seguiu vítima dos velhos planos de ajustes, como seus cortes e restrições como a EC 95 que
congelou investimentos no setor.
Não há plano que resista aos chamados planos de ajuste, que hoje atende pelo nome de arcabouço
fiscal.
NOVO PNE
A CONAE 2024 terá a tarefa de reestabelecer um plano para uma educação nacional, bem como
as metas intermediárias que devem ser atendidas pelo governo Lula já no próximo período. O PNE deve
reafirmar os princípios para defesa da educação laica, antirracista, inclusiva, pautada no ensino da
ciência, com liberdade de cátedra e gestão democrática, colocando fim aos vouchers, às escolas cívico-
militares, à terceirização e privatização.
A revogação da Lei nº 13.415/2017 referente ao “Novo Ensino Médio” segue necessária. No mês
de setembro, a imprensa registrou que o MEC produziu uma minuta de Projeto de Lei (PL) que altera a
Lei nº 13.415/2017. Segundo os jornais, incluiria a retomada de carga horária destinada à Formação
Geral Básica do ensino médio para 2.400 horas, formação básica deveria incluir Língua Portuguesa e
Literatura, Línguas estrangeiras - Inglês e Espanhol – Artes, Educação Física, Matemática, História,
Geografia, Sociologia, Filosofia e Física, Química e Biologia. Isso significaria a retomada de todos os
componentes curriculares no ensino médio, espinha dorsal do ataque a educação no “Novo Ensino
Médio”
Será uma vitória parcial, caso essa proposta de projeto venha a ser apresentada no Congresso
Nacional. Mas estudantes não podem esperar e passar mais um ano submetidos a esse “Novo Ensino
Médio”. Por essa razão, é preciso seguir pela sua revogação já.
Por uma carreira nacional para docentes universitários, IFs e colégios de aplicação, que seja
referência e patamar mínimo para todas as instituições de ensino superior público e privado; recursos
para a recomposição dos salários de profissionais do ensino superior; revisão do marco legal da ciência
e tecnologia, que tem facilitado políticas de abertura e privatização de serviços nas universidades
públicas e a proliferação de fundações privadas em instituições; eleição de reitores pela comunidade
universitária, garantindo a autonomia universitária e democracia; retomada da expansão do ensino
superior público e gratuito com a criação de novas universidades públicas e novos campi, novos IF’s. Não
aos recursos públicos para o ensino superior privado; criação de fundo nacional comum de apoio e
sustentação das IES estaduais públicas com recursos oriundos da União, por um Sistema Nacional de
Instituições de Ensino Superior; fortalecimento e promoção do acesso, permanência e inclusão de jovens
pertencentes aos grupos discriminados; retomada e expansão estrutural dos investimentos em
extensão, ciências e tecnologia nas instituições públicas de ensino e pesquisa.
Nenhum plano terá futuro se não contar com os recursos necessários. No balanço do atual PNE,
as considerações sobre suas dificuldades de implantação são inseparáveis da constatação de que os
recursos não chegaram. Assim qualquer novo plano deverá partir da fixação de uma meta. Propomos
retomar aos 10% do PIB em 10 anos e, como meta intermediária, apresentamos a proposta de 7,5% do
PIB até o final de 2026.
O não cumprimento da meta 20, onde se propunha ampliar o investimento em educação pública
para o mínimo de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país até 2019 e para 10% no final do decênio
2024, impacta consideravelmente o alcance das demais metas, como a aplicação plena da Lei do Piso,
mas não apenas.
É central o debate sobre o financiamento da educação. Somos por retomar a meta dos 10% do
PIB para educação e por fixar uma meta intermediária de 7% até o final de 2026.
Os recursos para isso devem vir de uma reforma tributária que taxe os ricos. Somos por retomar
os recursos do Pré-Sal para a Educação, assim como outras formas de aporte financeiro para a educação,
sem as amarras do arcabouço fiscal que substituiu o teto de gastos (EC 95).
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