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UNIÃO DA JUVENTUDE COMUNISTA - BAHIA

2018
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 5

PROGRAMA NACIONAL
DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL PARA AS
INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO SUPERIOR PÚBLICAS ESTADUAIS 6

COMO FUNCIONA E QUEM PODE PARTICIPAR? 7

PRINCIPAIS PROBLEMAS 7

PERMANÊNCIA NAS UNIVERSIDADES ESTADUAIS DA BAHIA 8

PROGRAMA MAIS FUTURO 9

O QUE É O MAIS FUTURO? 9

QUEM PODE PARTICIPAR DO MAIS FUTURO? 10

COMO FUNCIONA? 10
Auxílio Permanência nos dois primeiros terços do curso 10
Estágio nos órgãos públicos estaduais 12

EXECUÇÃO DO MAIS FUTURO 13

1% DA RECEITA LÍQUIDA DE IMPOSTOS PARA PERMANÊNCIA ESTUDANTIL 14

NEGOCIAÇÕES COM O GOVERNO 15

Impedimento legal 15

Recusa de diálogo com representações não burocráticas


do Movimento Estudantil 16

FÓRUM DOS ESTUDANTES DAS UNIVERSIDADES ESTADUAIS DA BAHIA 16

O FORTALECIMENTO DO CAPITAL ESTRANGEIRO NO ENSINO SUPERIOR 17

UMA BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DA LOA 18


O PROGRAMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE PARA TODOS
E O DESMONTE DA EDUCAÇÃO PÚBLICA 20
O DESMONTE DA EDUCAÇÃO PÚBLICA 23
CRECHE UNIVERSITÁRIA 25
AS UNIVERSIDADES FEDERAIS E O PROJETO
DE UNIVERSIDADE POPULAR 26

REFERÊNCIAS 28
DADOS DA PERMANÊNCIA ESTUDANTIL NA BAHIA 30
APRESENTAÇÃO
Atravessamos um momento extremamente duro para a juventude trabalhadora brasileira. Em tempos
de crise do capitalismo, para manter os lucros da burguesia, direitos sociais, trabalhistas e políticos estão sendo
atacados. O neoliberalismo instaura no país um projeto de desmonte dos serviços públicos, inclusive saúde e
educação, com intuito de abrir mais espaço para o capital privado por meio das privatizações diretas e indiretas.
Prova disso é a forma absurda de como os gastos públicos são realizados. Em 2015, enquanto os juros e
amortizações da dívida pública levaram 42,43% dos recursos da União, a educação básica e superior recebeu
apenas 3,91% do total, conforme dados da Auditoria Cidadã.
Nos últimos 15 anos, os governos petistas atenderam às determinações do novo contexto neoliberal e
neodesenvolvimentista, que requer o aumento de trabalhadores com formação universitária. O projeto, mascarado
de “democratização” do ensino superior, provocou um boom na oferta de vagas, especialmente na rede privada. No
entanto, a ampliação do número de matriculas não veio acompanhada das condições materiais necessárias para que
estudantes concluam seus cursos e que não comprometam a sua subjetividade no processo.
A incorporação das pautas da permanência estudantil pelos governos petistas (Plano Nacional de Assistência Estudantil
– Pnaes e Programa Nacional de Assistência Estudantil para as Instituições de Educação Superior Públicas Estaduais
– Pnaest) não atendem nem as pautas e muito menos as demandas das/os estudantes, funcionando simplesmente
como paliativos, para uma minoria de estudantes.
Para nós da UJC, a permanência não deve estar submetida à lógica produtivista, meritocrática e de
bolsificação. Entendemos como bolsificação a incorporação da permanência estudantil exclusivamente por meio de
bolsas, que são disponibilizadas somente para uma parte extremamente restrita dos estudantes que comprovem
viver em condições de miséria. Lutamos por uma permanência universal, não punitivista e excludente. Dessa forma
acreditamos que as bolsas permanência devam existir, mas como parte de uma política mais ampla.
Assim lutamos pela construção e ampliação dos restaurantes universitários, que devem ser
custeados pelo Estado e/ou Nação; mais moradias e residências universitárias; vagas nas residências para
estudantes mães e pais; vagas nas creches destinadas às/aos filhas/os de estudantes e construção de novas
onde não existam; ampliação de bibliotecas; oferecimento de transporte para os deslocamentos necessários para
atividades universitárias (viagem de campo, congressos, encontros estudantis, etc). As políticas de permanência
estudantil também devem atuar no acompanhamento da saúde mental das/os estudantes, especialmente por
considerarmos o aumento significativo dos transtornos de ansiedade e depressão entre as/os discentes.
Entendemos ainda que os recursos, administração e responsabilidade da implementação e organização
do programa de permanência devem ser total das próprias Universidades. Apesar de lutarmos por um verba
específica para a permanência estudantil, acreditamos que os programas devem ser organizados e geridos
pelo o corpo universitário – professores, estudantes e técnicos das instituições, respeitando a autonomia das
universidades. Essas e outras medidas necessitam estar diretamente relacionadas a um projeto de educação
emancipadora, o que diverge completamente das propostas colocadas em prática até então.
Na Bahia, para além do enfrentamento ao Pnaes nas Universidades Federais é preciso combater
também o Mais Futuro (Programa Estadual de Permanência Estudantil), que perpetua a concepção dos
programas federais. Diante dessa realidade, a UJC Bahia decidiu pela construção da campanha “Permanência
é coisa nossa”, para denunciar as deficiências das políticas aplicadas pelos governos federal e estadual, assim
como mobilizar as/os estudantes por uma permanência estudantil que de fato atenda aos interesses da juventude
trabalhadora baiana.

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PROGRAMA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL PARA AS
INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO SUPERIOR PÚBLICAS ESTADUAIS
Universidades Estaduais em todo Brasil realizavam medidas próprias de
permanência estudantil, ou seja, definidas e postas em prática em âmbito interno.
Apenas a partir da publicação da portaria normativa 25, do Ministério da Educação,
em 28 de dezembro de 2010, foi criada uma política nacional através do Programa
Nacional de Assistência Estudantil para as Instituições de Educação Superior Públicas
Estaduais – Pnaest.
Para fazer com que as Estaduais aderissem ao Sistema de Seleção Unificada
(Sisu), o governo federal criou o Pnaest como forma de barganha. A lógica é
simples, quanto mais vagas ofertadas pelo Sisu, maior a contrapartida financeira às
Universidades, conforme o cálculo: até 200 vagas recebimento de R$ 150 mil; entre
201 e 1.000 vagas o recebimento de R$ 750 mil; acima de 1.000 vagas recebimento
de até R$ 1,5 milhão. O argumento é de que como o Sisu facilita a vinda de estudantes
de outros Estados, seria necessário maior destinação de recursos para a permanência
estudantil. Portanto, por meio do Pnaest o governo federal contribuiria financeiramente
para suprir a demanda.

PNAEST ENTRE
201 E 1000
200
VAGAS
R$750 MIL
VAGAS

R$150 MIL ACIMA DE


1.000
R$1,5 MILHÃO VAGAS
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COMO FUNCIONA E QUEM PODE PARTICIPAR?
Conforme a legislação, podem ser beneficiadas/os prioritariamente estudantes
vindos da rede pública ou com renda familiar per capita de até um salário mínimo e
meio. Os critérios estabelecidos não impedem que as Instituições de Ensino também
fixem outros requisitos.
Os recursos do Pnaest podem ser gastos em moradia estudantil, alimentação,
transporte, assistência à saúde, ações que visem a inclusão digital, cultura, esporte,
creche, apoio pedagógico, acesso, participação e aprendizagem de estudantes com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação.
Não é permitida a concessão de bolsas com a verba do programa.

PRINCIPAIS PROBLEMAS

A ideia pode parecer interessante, mas a prática mostra outra realidade.


Primeiro que os recursos destinados ao Pnaest passam muito longe de atender as
demandas das/os estudantes vindas/os de outras localidades. Segundo, e não menos
importante, é que há problemas para a chegada do dinheiro nas Universidades
Estaduais. Os atrasos são constantes e desde 2015 novos editais não são abertos.
Desse modo, apesar ter sido criado pelo próprio governo federal, o mesmo não
prioriza o programa na distribuição de recursos.
A Associação Brasileira de Reitores das Universidades Estaduais e Municipais
(Abruem) esteve reunida em junho de 2017 com o então Secretário de Educação
Superior, Paulo Barone, para cobrar a abertura de editais. No entanto, nenhum
compromisso real de implementação foi assumido pelo Ministério da Educação.

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PERMANÊNCIA NAS UNIVERSIDADES ESTADUAIS DA BAHIA
Assim como acontece nacionalmente, permanência estudantil é bandeira
histórica de luta do Movimento Estudantil Baiano. A luta por condições de reprodução
da vida dentro da academia acontece desde a criação das Universidades Estaduais, na
década de 1980. No decorrer do tempo, a luta das e dos estudantes levaram as Instituições
a colocarem em prática algumas políticas desse tipo, de forma ainda muito limitada,
como a criação de programas de bolsas, fornecimento de algumas vagas em moradias
estudantis e a construção de restaurantes em determinados campi universitários com
serviço terceirizado. As ações implementadas, no entanto, não deram conta de atender
as demandas das/os estudantes das Universidades Estaduais Baianas.
O ano de 2011 foi um momento significativo de organização da categoria
por uma pauta unificada. Indignado com o descaso do governo e das reitorias, o
ME das quatro Universidades Estaduais avaliou como necessária a criação de uma
rubrica específica do orçamento estadual e exclusiva para a permanência estudantil,
que foi materializada na reivindicação de 1% da Receita Líquida de Impostos para
essa finalidade. O recurso seria dividido entre as Instituições para a construção e
gestão de creches, residências, restaurantes, oferecimento de transporte, serviços de
reprografia e outras necessidades fundamentais. Desde então o ME tem exigido do
Estado da Bahia o atendimento dessa pauta.

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PROGRAMA MAIS FUTURO
A pressão das/os estudantes, especialmente durante a greve docente em
2015, forçou o governo a finalmente apresentar uma proposta concreta. Mais uma
vez, o governo do Partido dos Trabalhadores, atacou a juventude trabalhadora ao
apresentar um projeto completamente diferente do que o pautado pelo Movimento
Estudantil. As Secretarias de Educação e de Relações Institucionais se reuniram a
portas fechadas com Diretórios Centrais de Estudantes (DCE) ligados ao governo
petista, para apresentar uma proposta já construída e fechada de Programa Estadual
de Permanência Estudantil (PPE).
É importante lembrar que não houve qualquer abertura por parte do governo
para negociação com o ME organizado, que naquele momento se expressava através
do Fórum dos Estudantes das Ueba. O programa foi rejeitado pelo Movimento
Estudantil combativo das Universidades Estaduais por estar longe de atender às reais
necessidades da categoria e distorcer o papel da permanência.
Em dezembro de 2015, as/os estudantes, em conjunto com o Movimento
Docente, estiveram na Assembleia Legislativa da Bahia para protestarem contra
a aprovação de uma série de projetos que atacavam servidores e discentes
universitários, apelidado de “Pacote de Maldades”. O PPE era um dos projetos a ser
apreciado pelas/os deputadas/os, que impediram estudantes de ocuparem as galerias
durante a votação e autorizaram a agressão física covarde da segurança contra as/os
manifestantes. A plenária continuou mesmo após estudantes terem sido violentadas/
os em frente às emissoras de televisão de toda Bahia e o Programa Estadual de
Permanência Estudantil foi aprovado.

O QUE É O MAIS FUTURO?


É o Programa Estadual de Permanência Estudantil formulado para as/os
estudantes das Universidades Estaduais da Bahia (Uesc, Uesb, Uneb e Uefs) que
concede bolsas de auxílio permanência e bolsas de estágio em órgãos públicos
estaduais. Segundo informações do site da Secretaria de Comunicação do Estado da
Bahia, a meta do projeto é assistir cerca de 9 mil estudantes, com a utilização de R$
50 milhões até o final de 2018. Os recursos são do Fundo de Combate e Erradicação
da Pobreza do Estado.
A reivindicação do Movimento Estudantil não é a concessão de bolsas pelo
governo, mas a destinação de valor equivalente a 1% da Receita Líquida de Impostos
(RLI) especificamente para a permanência estudantil. As Universidades Estaduais da
Bahia atendem hoje a cerca de 60 mil estudantes da graduação e pós-graduação, de
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centenas de cidades e diversos estados do Brasil. Como o próprio governo anuncia, o
Mais Futuro pretende atender a 9 mil estudantes. Você acredita que apenas 15% das/
os estudantes precisam de auxílio para continuar seus estudos?

QUEM PODE PARTICIPAR?


Estudantes que possuam renda familiar per capita inferior a meio salário
mínimo e renda familiar total de até 3 salários mínimos. É necessário ser registrada/o
no Cadastro Único (Cadúnico) do governo federal, não ter vínculo empregatício e não
ter concluído outro curso superior. A/O estudante pode titularizar benefício criado
pelas Universidades, desde que o seu valor seja inferior à bolsa do Mais Futuro, caso
em que receberá a diferença dos valores. Assistidas/os podem acumular o auxílio do
programa com bolsa de pesquisa ou extensão.
Também é preciso estar regularmente matriculada/o em curso de graduação
presencial e cumprir carga horária suficiente para integralização curricular
prevista no Projeto Pedagógico do Curso para cada período letivo, ou seja, estar
devidamente semestralizada/o. Além de tudo isso, a/o discente deve assinar um termo
de compromisso, ter seu cadastro aprovado e semestralmente homologado pela
Secretaria de Educação. Significa dizer que as/os estudantes são responsáveis por
atualizarem seus dados a cada semestre.
Os critérios para participação restringem e muito a participação das/os
estudantes. Além dos critérios econômicos serem extremamente baixos, existe ainda
a alta cobrança acadêmica e burocrática. Sabemos que em diversos cursos é muito
difícil estar ou ficar semestralizada/o, seja pelo alto número de matérias exigidas,
grau de dificuldade ou mesmo por problemas pessoais enfrentados. Temos ainda as
dificuldades para lidar com a papelada, empecilhos que deixam muita gente de fora.
Portanto, na realidade o número de estudantes que serão atendidas/os pode ser muito
menor. Há ainda outros fatores a serem considerados, pois ao determinar que apenas
semestralizadas/os participarão, fica explícita a lógica academicista e produtivista
presente também nos programas criados pelo governo federal.

COMO FUNCIONA?
O MAIS FUTURO É DIVIDIDO EM DUAS ETAPAS:
AUXÍLIO PERMANÊNCIA NOS DOIS PRIMEIROS TERÇOS DO CURSO

Para moradoras/es em distância inferior a 100 km da Universidade, é


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disponibilizada bolsa de R$ 300 por oito meses do ano. Para moradoras/es em
distância superior a 100 km da Universidade, é disponibilizada bolsa de R$ 600 por
doze meses do ano. Nesse caso, deve ser feita a comprovação de residência familiar
e apresentada a necessidade de mudança de cidade. Conforme decreto 17.191/16, em
caso de greve será mantido o calendário de pagamento das bolsas. A tolerância é de
no máximo um mês de atraso na conclusão do ano letivo. A autorização do pagamento
das bolsas por apenas um mês a mais em caso de greve é uma estratégia que visa
enfraquecer a unidade entre os Movimentos Docente e Estudantil, pois poderá impelir
os estudantes que recebem as bolsas a se colocarem contra as greves docentes para
não perder o benefício.
Os editais para inscrição são abertos com datas determinadas, portanto, não
há fluxo contínuo de demanda, o calendário seguido é o determinado pelo governo. O
valor das bolsas é decidido a cada ano por portaria do Secretário de Educação e a lei
não aponta qualquer restrição quanto a isso, como por exemplo a proibição de valor
inferior ao ano anterior.

DURAÇÃO DE AUXÍLIO PERMANÊNCIA CONFORME DURAÇÃO DO CURSO DE GRADUAÇÃO

TEMPO DE CURSO TÉRMINO DO AUXÍLIO PERMANÊNCIA


4 ANOS 5º SEMESTRE
5 ANOS 6º SEMESTRE
6 ANOS 8º SEMESTRE

Você acha possível que uma pessoa com a situação econômica requerida pelo
Mais Futuro tem condição de viver dignamente com o valor dessas bolsas, ainda mais
sem vínculo empregatício? Temos ainda o problema do não pagamento durante todo ano
letivo, já que não necessariamente ele corresponde a 12 meses.
As bolsas podem ser canceladas se a/o estudante alcançar o prazo de 2/3 do seu
curso; se tiver acúmulo indevido de benefício; mais de dois trancamentos em disciplinas
ou reprovação em mais de duas disciplinas. Importante ressaltar que trancamentos e
reprovações não são cumulativos, ou seja, não pode trancar duas disciplinas e perder em
duas. O cancelamento também pode acontecer em caso da não regularização cadastral,
solicitação da/o estudante, trancamento total, cancelamento ou abandono do curso.
Os critérios demonstram a valorização da meritocracia e do produtivismo
acadêmico. Fica explícito que a preocupação do governo não é de fato assegurar a
permanência nos cursos, mas garantir a rotatividade de estudantes no programa.
Com base na meritocracia e na produtividade, quem não consegue se enquadrar nos
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requisitos que estão fora da realidade da juventude trabalhadora, é responsabilizado
individualmente e condenado com a retirada do seu ínfimo suporte material por isso.
Para as estudantes grávidas ou mães a situação é ainda mais grave, pois
sabemos que as mulheres são responsabilizadas, pela sociedade machista, pelo cuidado
das crianças e por isso diversas vezes são levadas a trancarem seus cursos. O que as
faz perder a possibilidade de receber a bolsa. Não há nenhuma garantia de construção
de creches ou brinquedotecas no programa, muito menos menção à garantia do direito
de permanência na residência universitária caso a estudante inicie uma gestação.

ESTÁGIO NOS ÓRGÃOS PÚBLICOS ESTADUAIS


No 1/3 final do curso de graduação, quem estiver cadastrado no Mais Futuro,
terá prioridade para estagiar em órgãos públicos estaduais. Para isso, a/o estudante
primeiro precisa se cadastrar pela internet no Banco de Jovens do Programa de Estágio
não obrigatório de nível superior do Estado da Bahia. É necessário escolher três opções
de vagas de estágio disponíveis em órgãos estaduais, por ordem de interesse, conforme
seu curso e município em que estuda.
A ordem de classificação é dada pelo coeficiente de rendimento acadêmico,
ou seja, o “boletim universitário”. Quando houver empate, quem tiver renda per capta
menor tem prioridade. Quando não existirem vagas para determinado curso e localidade,
é preciso informar no cadastro. Essas/es estudantes ficarão no sistema do Banco de
Jovens por seis meses ou por um prazo maior, caso ocorra prorrogação, à espera de
vaga conforme seu perfil. Não há garantia de que todas/os cadastradas/os conseguirão
trabalhar. Também pode ocorrer a inexistência de vagas de estágio para determinados
cursos em algumas localidades. Assim, as/os estudantes desses cursos obrigatoriamente
não conseguirão chegar à segunda etapa do Mais Futuro.
Os estágios têm prazo de um ano, sem possibilidade de renovação, a não ser para
pessoas com deficiência. O valor da bolsa em 2017 é de R$ 455,00 e vale transporte,
conforme o edital 002/17 da Secretaria de Administração da Bahia. O Conselho de
Política de Recursos Humanos (Cope), presidido pelo Secretário de Administração é
quem decide o valor das bolsas. A carga horária é de 4h diárias e 20h semanais, com
recesso remunerado de 30 dias anuais. Estudantes que solicitarem desligamento do
estágio antes de completar um ano de contrato não poderão tirar férias proporcionais, o
que não faz sentido algum já que parte do período foi trabalhado.
Faltas injustificadas, atrasos e saídas antecipadas podem ser descontadas
da bolsa. As estudantes que se tornarem mães durante o estágio podem requerer
afastamento por no mínimo 15 dias e no máximo 120 dias sem perder a vaga. No entanto,

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pasme, durante o tempo de licença não receberão bolsa. Um posicionamento desse tipo
demonstra o quanto o governo do Estado possui uma concepção machista e produtivista
em suas relações de trabalho.
Estagiárias/os podem ser desligadas/os por diversos motivos, entre eles quando
o órgão responsável considerar isso interessante ou conveniente; quando a/o estagiária/o
não alcançar a meta prevista na avaliação de desempenho realizada pelo órgão ou pela
Universidade; por conduta considerada incompatível com a exigida pelo Estado.
Desse modo, para continuarem no estágio, as/os estudantes do Mais Futuro
não poderão trancar ou perder nas disciplinas, devem alcançar as metas de desempenho
do órgão e/ou Universidade, não faltar, não atrasar, dar conta de todos os trâmites
burocráticos a cada seis meses e ainda terem “conduta compatível” à exigida pelo Estado.
Na legislação do programa não há definição do que seria esse tipo de conduta, o que abre
margem para perseguições políticas e até mesmo ligadas ao machismo, ao racismo e à
homofobia. Também não ficam explícitas quais tipos de metas serão estabelecidas para
avaliar o desempenho das/os jovens, uma brecha para a superexploração do trabalho.
Mesmo que alguém consiga passar por tudo isso, ainda assim o órgão pode decidir pelo
fim do estágio por julgar “conveniente”. Por fim, não há preocupação do Mais Futuro
com as/os estudantes dos cursos integrais, que impossibilitam o ingresso em estágios
não-obrigatórios.
Na verdade, criar um Programa de Permanência Estudantil com uma etapa
de estágios por si só é um equívoco. Os estágios possuem a finalidade pedagógica
importantíssima de aliar teoria e prática. Contudo, nada liga isso à permanência
estudantil, que é a contribuição para a garantia das condições materiais e subjetivas
às/aos estudantes para a conclusão dos seus cursos. As políticas de permanência não
devem vir aliadas a contrapartida por parte das/os estudantes em horas de trabalho.
Para compreender as motivações para a construção do projeto com tal formato, é
preciso recordar que o Estado da Bahia tem se recusado a fazer concursos públicos e
implementado uma dura política de ajuste fiscal. A segunda etapa do Mais Futuro é uma
tática para contratação de mão-de-obra barata, disfarçada de programa social. Além de
“resolver” o problema de pessoal, o governo ainda faz publicidade por estar “oferendo
oportunidades” aos jovens em vulnerabilidade social.

EXECUÇÃO DO MAIS FUTURO


Outra dificuldade relacionada ao Mais Futuro é a execução e acompanhamento
do programa. A tarefa é de responsabilidade do Comitê Executivo, composto por
representantes das Secretarias da Educação, da Administração, de Justiça, Direitos
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Humanos e Desenvolvimento Social, além da Casa Civil. Não há representação das
Universidades Estaduais da Bahia e muito menos das/os estudantes, o que fere totalmente
a autonomia universitária.
O Comitê tem como finalidade propor as ações necessárias para efetivar o Mais Futuro,
analisar os casos omissos, monitorar o programa, elaborar o relatório anual de acompanhamento,
responder aos recursos das/os estudantes sobre não homologação, suspensão ou cancelamento
do auxílio e apoiar a divulgação do projeto.
Conforme a lei 13.458/15, que cria o Programa Estadual de Permanência Estudantil, as
Universidades participarão das reuniões do Comitê apenas quando forem discutidos os recursos
de estudantes. Mesmo nesses casos não são convocadas as representações estudantis.

1% DA RECEITA LÍQUIDA DE IMPOSTOS PARA


PERMANÊNCIA ESTUDANTIL
Para garantir de fato condições para a conclusão do ensino superior, a UJC
defende como pauta prioritária a destinação do valor equivalente a 1% da Receita Líquida
de Impostos (RLI) para a permanência estudantil nas Universidades Estaduais da Bahia.
Na prática, o que isso significa?

Caso a reivindicação do 1% da RLI fosse atendida em 2015, ano de aprovação


do Mais Futuro, cerca de R$ 225,2 milhões seriam investidos na permanência estudantil.
Um montante 4,5 vezes maior que o previsto para o Mais Futuro até o final de 2018
(R$ 50 milhões). Os recursos seriam divididos entre as Instituições, que discutiriam
internamente com ampla participação estudantil como o dinheiro seria gasto. Supondo
que a proporção fosse a mesma do que as Universidades Estaduais recebem do governo,
os cálculos de 2015 seriam assim:

UNIVERSIDADE RECURSOS PARA PERMANÊNCIA PERCENTUAL


E ASSISTÊNCIA DO TOTAL
UNEB R$ 87.647.840,00 38,92%
UESB R$ 47.539.720,00 21,11%
UEFS R$ 49.498.960,00 21,98%
UESC R$ 40.513.480,00 17,99%
CÁLCULOS PROJETADOS A PARTIR DOS DADOS DA TABELA ORÇAMENTÁRIA DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
DISPONÍVEL EM: HTTP://GOO.GL/ZFPGVW

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O dinheiro seria utilizado para a construção e manutenção de creches,
restaurantes, residências, oferecimento de transporte, serviço de reprografia,
participação em eventos, políticas de acessibilidade, assistências psicossocial, pedagógica
e médica das/os estudantes, dentre outras necessidades. É importante lembrar que a
UJC defende que tudo isso deve ser gerido pelas próprias Universidades, pois somos
contra o processo de terceirização interna das Instituições Públicas.
Hoje as Universidades Estaduais não chegam a destinar 20% desse valor nas
políticas de permanência estudantil. Devemos levar em consideração que atualmente
a verba utilizada para essa finalidade vem basicamente do orçamento das próprias
Universidades, que sofrem há anos com a política de ajuste fiscal e contingenciamento.
Associado a isso, as reitorias por vezes não priorizam essa pauta e algumas, diante da
crise, buscam enxugar os recursos utilizados na permanência estudantil.

NEGOCIAÇÕES COM O GOVERNO


O Estado da Bahia tem conhecimento da pauta do 1% da RLI, mas se recusa
a negociar com o Movimento Estudantil. As justificativas concentram-se em dois
principais aspectos:

IMPEDIMENTO LEGAL
Por diversas vezes representantes do governo recorrem à legislação para
considerar inviável a concretização do 1% da RLI. A Constituição da Bahia impediria a
subvinculação dos recursos em uma rubrica específica, ou seja, não permitiria engessar
uma parcela dos recursos anualmente. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) também
restringiria a criação de novas despesas obrigatórias de caráter continuado.
Para nós da UJC a discussão ultrapassa a questão legal e concentra-se no
debate político. A Constituição não deve ser colocada como um obstáculo para melhoria da
qualidade de vida da população. Não se trata de algo imutável, pois como bem sabemos, para
a retirada de direitos da classe trabalhadora baiana, a proposta de emenda constitucional nº
22 foi apresentada e aprovada em 30 dias, em dezembro de 2015.
Sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal, vale retomar a origem da sua criação.
Ao contrário da imagem de zelo pelas contas públicas que ela construiu no imaginário
social, a LRF foi criada para garantir que as despesas públicas com pessoal, saúde,
educação, segurança, dentre outros, não ampliassem a ponto de impedir que os
pagamentos dos juros e amortizações da dívida pública não fossem realizados. Portanto, a
Lei de Responsabilidade Fiscal foi instituída com o objetivo de priorizar as transferências
do fundo público para o capital financeiro, em detrimento da população. Com esses
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elementos em vista, entendemos que se houver realmente disposição política em atender
a pauta do Movimento Estudantil, ela será garantida.

RECUSA DE DIÁLOGO COM REPRESENTAÇÕES NÃO BUROCRÁTICAS DO


MOVIMENTO ESTUDANTIL
Ao longo dos anos, o governo tem se negado a negociar ou mesmo receber
estudantes que não sejam parte dos Diretórios Centrais dos Estudantes, mesmo que
as representações tenham sido eleitas pelos próprios estudantes nas suas instâncias
de decisão. Sabemos na realidade que não se trata de uma preocupação em respeitar
as instâncias de deliberação estudantil. Pelo contrário! O governo sabe que parte
significativa das gestões de DCE das Universidades Estaduais da Bahia estão/estiveram
ligadas à ala governamental, o que sem dúvidas beneficiaria os interesses do Estado no
processo de negociação.
O Movimento Estudantil Baiano combativo historicamente se posiciona como
contrário à representação automática de membros dos Diretórios Centrais dos Estudantes
nas reuniões com o governo. Deve – se respeitar as decisões que são tomadas nos espaços
deliberativos mais amplos, como os Conselhos de Entidades de Base e Assembleias Gerais
Estudantis, que tem poder superior aos dos representantes dos DCEs.

FÓRUM DOS ESTUDANTES DAS UNIVERSIDADES ESTADUAIS DA BAHIA


A UJC compreende que para avançar na conquista do 1% da RLI mais do que
nunca é preciso de unidade na luta e o Fórum dos Estudantes das Ueba é peça fundamental
para isso. O Fórum foi um espaço de debate e organização criado pelas/os próprias/os
estudantes baianas/os em 2011. Ao longo dos anos reuniões aconteceram rotativamente
nas quatro Universidades Estaduais para a troca de experiências, discussão da realidade
das/os estudantes e construção de ações conjuntas. Qualquer estudante pode participar,
seja ela/e gestão ou não de DCE, de Centro ou Diretório Acadêmico.
No entanto, o Fórum foi desarticulado e desde 2015 não há novas reuniões.
Tendo em vista que esse é um espaço para congregação de forças de todas/todos
estudantes das Universidades Estaduais Baianas, a UJC defende a retomada do
Fórum para o fortalecimento do Movimento Estudantil. Apenas unidas/os será possível
transformar a realidade de ataques e precarização da educação na Bahia e conquistar o
1% para a permanência estudantil, afinal, nada é impossível de mudar.

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O FORTALECIMENTO DO CAPITAL ESTRANGEIRO NO ENSINO SUPERIOR
A ameaça que sofrem as Universidades Públicas não é um elemento abstrato,
mas sim um elemento concreto-real. A aprovação da PEC 55 promove um risco as
Universidades Públicas devido ao sucateamento combinado destas para com o capital
estrangeiro, em prol da sinalizada “saída” do Governo Federal em privatizar as IES
(Instituições de Ensino Superior) públicas para as multinacionais do ramo educacional.
Aqueles que pensam que esta realidade está distante, se enganam. Afinal, 70% das
Universidades são privadas no atual cenário, segundo dados do MEC.
Para termos uma ideia, até 2014, a UFBA tinha uma dívida de R$ 28 milhões de
reais, imaginem o quantitativo desta dívida hoje com o congelamento orçamentário nos
gastos primários (o que engloba a manutenção dos serviços públicos universitários). No
mesmo ano, a UNB teve um rombo de R$ 60 milhões; a UFAL e o IF-Sul de Minas vêm,
de lá para cá, economizando quanto aos custeios (água, energia, etc.) da Universidade
para garantir o mínimo funcionamento. A PEC 55 reduziu em, pelo menos, 40% do
orçamento universitário no país; na UFAL, o orçamento deste ano, se comparado ao do
ano passado, reduziu em 17%, o equivalente a R$ 14 milhões de reais.
Michel Temer e sua corja afirmam ser a “crise econômica”, contudo silenciam
em vossos discursos que 45% do Orçamento da União é destinado ao pagamento dos
títulos da dívida pública aos bancos internacionais (como HSBC, Itaú e afins); desta
forma, transferem a responsabilidade e a conta da dívida pública para a juventude e
trabalhadores, por meio das reformas trabalhistas, previdência, de terceirização para as
atividades fins, PEC do teto de Gastos e demais medidas de ajuste fiscal.
É inegável que a atual forma de sociabilidade passa por uma crise econômica.
É importante resgatarmos que o processo de crise que se espalha à nível global, tem
início nos Estados Unidos da América e demais países centrais. Com a crise, observa-se
a degradação do trabalho contratado e regulamentado – herdeira das lutas populares
operárias por direitos sociais que constituíam a era taylorista e fordista – pela
superexploração, como em estágio dos universitários em cargos ociosos do Estado, o
que impede futuras contratações por meios de concursos públicos (como o programa
mais futuro do Governo do Estado), e autoexploração – revestida pela falsa ideia de
autonomia no trabalho – do trabalhador por meio do empreendedorismo, cooperativismo,
trabalho voluntário, etc. Sem levar em conta o desemprego que assola os trabalhadores.
Em contraste a isto, em 2014, a Kroton-Anhanguera (fusão entre duas multinacionais
do capital estrangeiro voltadas para a entrada no ensino privado em 2013) teve lucros
de R$455 milhões [isso mesmo, estou falando apenas de UMA empresa do capital

17
estrangeiro, apesar de ser a que mais concentra capital no ramo educacional pelo país
e no mundo]. Só para vocês terem uma ideia da dimensão, a tão famosa UNOPAR, que
aparece constantemente nos comerciais televisivos, e a UNIME (Salvador-Ba) são redes
que integram o sistema Kroton. O governo Lula promoveu esse incentivo ao capital
estrangeiro na educação que se aprofunda, de forma mais célere ainda, no mandato do
governo puro sangue da burguesia de Michel Temer.
Esta é a prova de que o governo de conciliação de classes, tão adorada por
uns, é uma grande farsa como alternativa para a juventude e os trabalhadores. Pelo
contrário, essa política continua dando lucros para os grandes tubarões da educação,
mas principalmente para os banqueiros.
O governo de conciliação de classe não mudou essa história, nem irá mudar
a favor da juventude e dos trabalhadores, o que irá mudar este cenário é a mobilização
nas ruas, construção de uma consciência crítica nos locais de estudo, trabalho e moradia
que dispute com a narrativa da grande mídia. É a consciência da força que tem o Poder
Popular, nas manifestações populares nas ruas e na criação dos comitês de bairros,
que cada dia mais, de forma unificada entre todas as categorias, poderemos mudar este
cenário. Não há sociedade de classes que resista ao poder do povo.
Compreender o cenário político da UFBA e os limites na permanência estudantil,
perpassa por apreender a dinâmica do desmonte promovido ao ensino público pelo
interesse do capital nas faculdades privadas. A evasão das(os) jovens trabalhadores
nas universidades públicas ocorrem na medida em que não são contempladas pelas
bolsas de Assistência Estudantil, e sequer a universidade oferece meios para que esta
permanência se materialize.

UMA BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DA LOA


O presente estudo sobre a Política de Assistência Estudantil na referida
instituição, perpassa por estudos que fora efetuado pelos militantes do núcleo nos
últimos semestres, como também pela exploração da Lei Orçamentária Anual (LOA)
que regulamenta o valor orçamentário destinado a cada Unidade Administrativa (UFBA:
26232). O intervalo desta análise fora efetuado entre 2015-2017, tendo como um foco
maior em 2017.
O orçamento universitário é composto por “Grupos de Despesas”, que são as
fontes em que serão canalizadas o valor orçamentário:

a) Pessoal e Encargos Sociais: referente as despesas com funcionários ativos

18
e inativos, pensionistas, de acordo com seus respectivos cargos e funções, vencimentos,
adicionais, gratificações, subsídios, aposentadoria, horas extras e quaisquer outros
benefícios que permeiam o servidor público;
b) Outras despesas correntes: referente a despesas com material de consumo,
como despesas referidas ao custeio universitário (agua, energia e telefonia), auxílios e
bolsas universitárias aos estudantes, contratos de prestação de serviços com forma
contratual independente a universidade (vigilância, limpeza, manutenção, etc), diárias e
passagens em visitas de campo e eventos, apoio a pós-graduação, pesquisa e extensão.
c) e por último, o item de Investimento que refere aos gastos com o patrimônio
público seja por construções de novos departamentos, extensão universitárias, novos
equipamentos e materiais permanentes adquiridos pela UFBA.

LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL - DESPESAS


PESSOAL E OUTRAS DESPESAS INVESTIMENTOS INVERSÕES TOTAL
ENCARGOS SOCIAIS CORRENTES FINANCEIRAS

2015 77,25% 17,40% 5,32% 0,03% R$1.314.749.911,00


2016 79,74% 17,09% 3,14% 0,04% R$1.289.568.659,00
2017 82,30% 16,14% 1,51% 0,04% R$1.437.957.173,00

Tal como o orçamento universitário é subdivido em Programas, nas quais


as fontes de pagamento são advindas dos itens apresentados acima. Por exemplo,
o empenho do Programa Previdência de Inativos e Pensionistas da União advém de
parcela do valor orçamentário destinado em “Pessoal e Encargos Sociais”. A política
de Assistência Estudantil, o que nos interessa, está inserida no Programa Educação de
Qualidade para todos – a partir de 2017, sendo anteriormente designado de “Educação
superior- Graduação, pós-graduação, ensino, pesquisa e extensão”.
No primeiro ver, esta tabela apresenta que o orçamento universitário tem
aumentado em seu valor real. Em contrapartida, no que se refere aos Programas que
envolvem diretamente os estudantes e funcionários terceirizados, presentes no item
Outras Despesas Correntes (ODC), tal como o sucateamento da Estrutura Pública pela
não aquisição de novos materiais permanentes (máquinas, equipamentos laboratoriais,
insumos) e expansão da estrutura física universitária, no item de Investimentos, estes
valores tem diminuído gradualmente.
19
O PROGRAMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE PARA TODOS
E O DESMONTE DA EDUCAÇÃO PÚBLICA
O programa é contemplado pelas seguintes matrizes:

1) Fomento às ações de Graduação, Pós-graduação, Ensino, Pesquisa e


Extensão;
2) Funcionamento de Instituições Federais de Ensino Superior;
3) Assistência ao Estudante de Ensino Superior;
4) Reestruturação e Expansão de Instituições Federais de Ensino Superior.

Sobre o orçamento destinado as atividades de graduação, pós-graduação,


ensino, pesquisa e extensão, houve uma perda orçamentária neste subitem de 7,8% de
2015-2016, e 16,8% de 2016-2017. Esta relação apresenta apenas uma das facetas de
precarização da Universidade Pública, na medida que a tríade ensino-pesquisa-extensão
sofre cada vez mais brutos ataques do Governo Federal no que discerne a aplicação de
verba destinada para exercício de certa atividade.
Os ataques orçamentários ao ensino-pesquisa-extensão dificultam mais ainda a integração
desta tríade no conhecimento universitário. O funcionamento deste tripé seria crucial
para intervir na sociedade com trabalhos para quem, de forma direta e majoritária,
investe na universidade pública: a classe trabalhadora. A partir de trabalhos voltados
para as necessidades reais desta classe.
Essa dissociação permite dois elementos cruciais: a mercantilização do ensino,
no qual as empresas privadas reproduzirão o conhecimento acumulado historicamente,
já que elas não têm compromisso com a transformação da realidade social, em sua
radicalidade; tal como o ônus da pesquisa fica nas mãos da classe trabalhadora, não
contemplada diretamente com ela, e o bônus é transferida aos interesses mercadológicos
do setor privado.
Uma particularidade orçamentária ocorre no ano de 2015, quando o Ministério
da Educação delimita na Lei Orçamentária Anual o adicional de R$ 700.000, e no ano
de 2018, com o adicional de R$ 186.134. Entretanto, este valor adicional é voltado
especificamente para a Pesquisa em Células Tronco no Estado da Bahia. Apesar da
importância em Pesquisa de Células Tronco, podendo trazer ganhos para tratamentos
medicinais e descobertas importantes, o que devemos questionar é para quem servirão
os conhecimentos sistematizados dentro da Universidade Pública? Para os membros da
classe trabalhadora, ou para os interesses das empresas farmacêuticas e clínicas?
20
FOMENTO A AÇÕES DE GRADUAÇÃO, PÓS-GRADUAÇÃO, ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO
2015 R$11.432.638,00 (SEM CONTABILIZAR O VALOR INICIAL)

2015 R$10.536.210,00
2015 R$8.768.455,00
Outra variação ocorre com a Política de Assistência Estudantil ao Ensino
Superior, no qual sofre uma queda de 1,3% entre 2015-2016, mas um aumento de 7,7%
de 2016-2017, e de 2017-2018, outro aumento de 0,8%. Entretanto, esses aumentos
orçamentários não têm refletido em aumento significativo na quantidade de bolsas e
auxílios oferecidos pela Universidade.
Em 2015, apenas 6.819 estudantes da graduação foram contemplados pelas
bolsas e auxílios oferecidos pela Universidade, e pelo MEC. Em 2016, na graduação,
apenas 6.424 foram assistidos com as ações afirmativas e assistência estudantil da
Universidade, conforme dados extraídos no site da PROPLAN-UFBA, através do
documento Ufba em números.

AÇÕES AFIRMATIVAS E ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL


(AUXÍLIOS E BOLSAS DA ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL)

ALUNOS ASSISTIDOS ALUNOS ASSISTIDOS


2015 2016

AUXÍLIO MORADIA 1.113 1.256


OUTROS AUXÍLIOS 2.373 2.400
BOLSA PERMANECER 639 832
SERVIÇO CRECHE 93 93
NAPE 12 16
SERVIÇO RESIDÊNCIA 388 402
FONTE: PROPLAN, 2016; PROPLAN, 2017.

Além disso, o número de benefícios orçadas no LOA é maior do que o número


de benefícios concedidos pela própria universidade, podendo ser observado pela tabela
04 - apesar do orçamento ter um discreto crescimento, não tem se materializado no
21
aumento de assistência em vias de benefícios aos estudantes.
Na própria lei orçamentária, é possível perceber a diminuição de benefícios
orçados entre 2015-2017 na Política de Assistência Estudantil. O mesmo cenário está
posto na pós-graduação, em que os orçamentos de 2015-2016 tiveram uma queda,
mas a quantidade de alunos assistidos fora maior de um ano a outro, mas não consegue
abarcar a todos os estudantes – já que a população de estudantes ufbianos, segundo o
dado mais recente de 2014, tem em média 38.494 alunos matriculados: sendo 33.177 na
graduação, e cerca de 5317 nos cursos de pós-graduação.
A delimitação do LOA, que reduz o orçamento da pós-graduação de 2015-
2016 em 7,8% representa uma ameaça evidente aos filhos da classe trabalhadora que
adentram dentro da universidade, e, necessitam dos auxílios e bolsas para permanecer
neste espaço e materializarem suas pesquisas.

BOLSAS PARA ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO POR TIPO

ÁREA 2015 2016


GRADUAÇÃO (PET, MONITORIA, PIBID) 1.254 817
EXTENSÃO 332 336

PESQUISA, CRIAÇÃO, INOVAÇÁO 1.372 1.252


TOTAL DE BOLSAS 2.961 2.405
FONTE: PROPLAN, 2016; PROPLAN, 2017.

BOLSAS PARA ESTUDANTES DE PÓS-GRADUAÇÃO POR TIPO

MESTRADO E DOUTORADO 2015 2016


CAPES, DEMANDA SOCIAL 1.493 1.404
CNPQ 246 262
FAPESB 327 541
TOTAL DE BOLSAS 2.063 2.207
FONTE: PROPLAN, 2016; PROPLAN, 2017.

22
COMPARAÇÃO ENTRE BENEFÍCIOS CONCEDIDOS (ORÇADOS PELO LOA) E
BENEFÍCIOS CONCEDIDOS CONCRETAMENTE (UFBA EM NÚMEROS)

2015 2016 2017 2018


ASSISTÊNCIA AO ESTUDANTE R$ 31.245.226,00 R$ 30.842.444,00 R$ 33.211.374,00 R$ 33.492.370,00
DE ENSINO SUPERIOR
BENEFÍCIOS CONCEDIDOS (ORÇADO) 70.877 65.750 20.247 21.970
BENEFÍCIOS CONCEDIDOS 45.909 52.647 - -
(UFBA EM NÚMEROS)
FONTE: PROPLAN, 2016; PROPLAN, 2017.

Outro elemento observado é que a quantidade de benefícios concedidos na LOA


tem diminuído de 2016-2017 significativamente, devido à redução de vagas configurada
pela aprovação da Portaria Normativa nº. 20 pelo Ministério da Educação na figura
de Mendonça Filho, desde 2016, que dispõe sobre a redução de vagas nos cursos
de graduação ofertadas por Instituições de Ensino Superior – IES na Rede Federal
de Ensino. Essa redução no número de benefícios concedidos “obriga” a instituição de
ensino superior a reduzir o número de vagas oferecidas.
Outro elemento, é que essa redução orçamentária na Matriz que envolve
diretamente os estudantes de “Matriz de Qualidades para Todos” ocorre na medida em
que se busca uma redução do quadro de vagas expedidos pela Universidade, já que
uma das formas de calcular o orçamento de cada unidade administrativa é pela Matriz
Andifes, na qual o MEC leva em consideração a quantidade de alunos matriculados para
aumentar ou diminuir a proposta orçamentária designada a referida instituição.
Outro elemento a ser discutido são as residências universitárias. O orçamento da
Universidade presente na Lei Orçamentária Anual contempla as residências. E a queda
do orçamento destinado a custeio promove uma ameaça concreta a expansão de alunos
assistidos pela residência, tal como a própria continuidade da residência universitária,
devido a queda em 8,6% (R$ 10.869.466,00) entre 2016-2017 no Funcionamento de
Instituições Federais de Ensino Superior dentro do orçamento Ifbiano.

O DESMONTE DA EDUCAÇÃO PÚBLICA

Um elemento crucial tem sumido do Orçamento Universitário da UFBA de 2016


e 2017 era o Investimento na Capacitação e Formação Inicial e Continuada para a
23
Educação Básica, o último ano em que esteve presente dentro do orçamento foi em 2015
(em 2015, fora aplicado neste item o valor de R$ 4.670.238,00). Esse investimento
estava presente no Programa Educação Básica dentro do orçamento ufbiano, e seu
objetivo é apoiar a formação de professores na educação do campo e quilombola no
ensino médio, e nos anos finais do ensino fundamental.
Esse programa a Educação Básica, que compunha o investimento na Capacitação
e Formação Inicial e Continuada de professores, contemplava os seguintes Planos: I) Plano
Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica (PARFOR); II) e contemplaria
o Programa de Formação Inicial e Continuada para Professores da Educação Básica
(PROFIC), que fora uma iniciativa que a CAPES lançaria ainda em 2017.
O MEC, recentemente, lançara em Brasília os editais referentes ao PIBID
(Programação Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência), Residência Pedagógica e
UAB (Universidade Aberta do Brasil), contudo não lançara edital referente ao PARFOR
presencial, sequer o PROFIC na disposição de vagas na graduação e especialização por
meio destes planos. A Plataforma Freire havia solicitada 50.532 vagas para cursos de
graduação e especialização, sendo que aproximadamente 50% da demanda total (25.558)
eram da Região Norte – tendo uma demanda também concentrada no Nordeste.
O projeto político pela tomada desta decisão reforça a política de formação
docente com as forças privatistas, como também a formação de docentes que não
compreendam as dinâmicas sociais e contradições entre os projetos políticos das classes
sociais, na produção de um consenso que vise novas práticas por meio do apassivamento
dos sujeitos as propostas neoliberais.
Outro elemento é o PIBID. No dia 28 de fevereiro de 2018, cerca de 70
mil estudantes de licenciatura perderão suas bolsas, nos cursos mais precarizados
estruturalmente, e espaço em que contemplam os filhos e filhas da classe trabalhadora,
como também mais de 5 mil escolas perderão essa ligação direta com a Universidade.
Há previsão orçamentária para os programas em 2018, como apresentado pela DEB/
Capes/MEC em reunião realizada com FORPIBID, em janeiro de 2018. Portanto, não há
argumentos nem pedagógicos, nem orçamentários para o fim do programa.
Segunda a CAPES em março serão abertos dois editais, para o PIBID e para a
residência pedagógica. O PIBID passará a ser um programa para os alunos que cursam
a primeira metade da licenciatura. O estudante poderá permanecer por, no máximo, 12
meses, e não precisará ir à sala de aula na escola. Por outro lado, a residência pedagógica
será para os alunos na segunda metade do curso, o estudante obrigatoriamente irá para
a escola para ser colocado numa “prática docente”. E o programa terá 18 meses: sendo
3 meses para preparação, 12 meses de intervenção na escola e 3 meses para avaliação.
24
O programa terá entorno de 80 mil bolsas, sendo 50% para o PIBID, e, 50% para a
Residência Pedagógica.
A residência pedagógica configura um grave retrocesso para a categoria
docente, pois junto a ela vem a deturpação das características fundamentais do PIBID,
para focar no preenchimento de vagas ociosas nos colégios. Com isto, os governos
municipais e estaduais poderiam aproveitar os estagiários e as estagiárias para assumir
papéis nas escolas que estão além das suas atribuições, empregando força de trabalho
despreparada, precarizado pelas condições de trabalho de estágio, e apagando as vagas
a serem preenchidas por docentes via concurso público, tal como funciona o programa
do Governo do Estado Mais Futuro.

CRECHE UNIVERSITÁRIA
A Creche da Universidade Federal da Bahia - CRECHE/UFBA foi fundada em
19/09/1983, não foi possível achar o número total de vagas na creche, mas em seu último
edital em 2017 foram colocadas 26 vagas para novas crianças e 92 para renovação e
funciona para crianças de 4 meses até 4 anos. A creche é um serviço restrito a alunos,
técnicos administrativos e professores da UFBA, fazendo com que os terceirizados não
tenham acesso a creche.
Contudo, até para o(a) estudante da UFBA ter direito a creche, o respectivo
sujeito não pode ter vínculo empregatício. A seleção é feita via edital, onde é colocado o
número de vagas por idade. Por exemplo, no último edital não fora disponibilizada vaga
para crianças de 1 ano até 1 ano e 11 meses para o turno matutino.
Além do serviço da creche, também existe o auxílio creche no valou de R$
180,00. Contudo, é exclusivo para estudantes e seus requisitos, além de não ter vínculo
empregatício, são: não ser formado em nenhuma graduação, ter renda familiar de até um
salário mínimo e meio, e ser cadastrado na PROAE (Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e
Assistência Estudantil na UFBA).
Assim, dois problemas são facilmente identificados: se uma mãe tiver um filho
de certa idade, em que o edital não contemple essa vaga, ela não consegue concorrer
para colocar a criança na creche. Intensificando o processo de invisibilidade social
sobre os terceirizados, a creche e o auxílio os excluem, sendo que é a categoria mais
precisa da creche, junto aos estudantes. Reflexo disso, é que as mulheres são quem
majoritariamente ocupam os serviços terceirizados, e muitas vezes são mães, não tendo
com quem deixar seus filhos, no momento do trabalho, e não possuindo condições
financeiras em bancar creches.
25
Para os estudantes, o auxílio-creche tem uma problemática. É necessário o cadastro na
PROAE que, por sua vez, é muito burocrático e que a finalização do cadastro pode levar
meses. Podemos exemplificar com uma estudante de química, a qual iniciou o cadastro
durante 4-5 meses de gestação, entretanto, a filha nasceu e a PROAE ainda não tinha
finalizado o seu cadastro.
AS UNIVERSIDADES FEDERAIS E O PROJETO DE UNIVERSIDADE POPULAR

As instituições de ensino superior federal possuem um papel histórico na


produção do conhecimento brasileiro, sendo o ponto de partida para diversos aspectos
inovadores na produção tecnológica e o berço de diferentes pensadoras, pensadores e
intelectuais voltados para as reflexões mais importantes sobre as dores do nosso povo.
Além disso, após a implementação da politica de cotas – pauta essa que deve ser
creditada unicamente a luta organizada do movimento negro nacionalmente articulado
desde os anos 1970 - se tornou um dos poucos e raros espaços numa sociedade,
demarcadamente limitada por critérios de classe que se misturam ao passado colonial
onde africanos escravizados deram o seu sangue e suor no processo de acumulação
primitiva do capital, como a brasileira, para jovens oriundos das mais diversas periferias
do país terem acesso ao conhecimento critico.
Mas não é somente o conhecimento crítico que essa parcela significativa teve
acesso nas universidades públicas na última década. O ingresso em uma instituição de
ensino superior pública, possibilitou que muitas famílias da classe trabalhadora tivessem
pela primeira vez em suas histórias um dos seus membros qualificados para postos de
trabalho nunca antes imaginados, com a aquisição de uma formação profissional que dá
acesso a condições minimamente dignas, nos marcos de uma sociedade brutalmente
demarcada pelos interesses políticos e econômicos de uma classe dominante
completamente desinteressada pelas mazelas da absurda maioria populacional.
Dessa forma, os cortes orçamentários e o projeto de sucateamento das
universidades públicas, intimamente ligados ao avanço da lógica concorrencial das
empresas de ensino superior privadas, tornam explícitos interesses das classes
dominantes brasileiras e os seus lacaios sob o governo de Michel Temer para a educação
da classe trabalhadora brasileira: o completo desmonte do ensino público, gratuito e
de qualidade; mercantilizar toda e qualquer oportunidade de qualificação profissional;
e garantir uma formação superior unicamente atrelada aos interesses dos grandes
monopólios de educação nacionais e internacionais, que efetivamente na prática são
verdadeiras fábricas de diplomas.
Contudo, não podemos romantizar as universidades públicas federais, e
26
entendê-las como ilhas de produção do conhecimento descoladas das contradições
sociais que perpassam toda a sociedade brasileira. Enquanto uma instituição voltada para
a produção de conhecimento orientada sob os valores da classe dominante, nela ainda
podemos encontrar todos os tumores do câncer que o modo de produção capitalista traz
para a humanidade, com o exacerbado individualismo culturalmente difundido que vai
dos aspectos teóricos até nas práticas docentes indiferentes as mais diversas condições
que se encontram os estudantes, as brutais disparidades em condições de acesso e
permanência, o completo descolamento do conhecimento produzido da relevância social
que lhe cabe, além de outras incontáveis contradições geradas pela sociedade de classes
presentes nas instituições de ensino.
Ainda assim, mesmo permeadas de contradições inerentes a sociabilidade
capitalista, as universidades públicas federais continuam apresentando os melhores
resultados no ENADE, contrariando a recente nota do Fundo Monetário Internacional
que deliberadamente afirma não haver necessidade de universidades públicas existirem
no Brasil. Mais uma vez enfatizando o completo desinteresse da classe dominante
internacionalmente articulada com a formação de qualidade dos jovens brasileiros.
Por isso, com o acirramento da crise e a perspectiva da classe dominante
internacional de fechamento das universidades públicas brasileiras, se faz cada vez
mais necessário construirmos um projeto de instituição de ensino superior voltado para
os interesses da classe trabalhadora, um projeto de universidade capaz de atender os
anseios da juventude brasileira por um formação profissional digna, uma universidade
que produza o conhecimento e as tecnologias necessárias para a superação das mazelas
do povo brasileiro, uma universidade popular.
Acreditamos que esse projeto de universidade, assim como qualquer mudança
que altere as raízes de uma sociedade, não é uma receita de bolo pronta, mas sim
uma construção coletiva, feita em ações concretas na luta cotidiana pela educação
superior pública, gratuita e de qualidade no Brasil. Porém, algumas iniciativas podem
ser tomadas como um norte para essa articulação: a) a defesa da ampliação em politicas
de acesso e permanência estudantil; b) criação e manutenção de projetos de pesquisa e
extensão atrelados aos interesses da maioria da população; c) constante luta pela defesa
e ampliação dos orçamentos voltados para a instituições de ensino públicas.
Dessa forma, tendo em vista o diagnóstico que foi apresentado, aproveitamos
para fazer um convite que leve a conhecer e construir o projeto da universidade popular
nas universidades públicas federais por compreendermos que elas são importantes
instituições para a classe trabalhadora brasileira, entendo que com o acirramento da
crise surgem também oportunidades para a construção de um mundo novo.
OUSAR LUTAR, OUSAR VENCER. 27
REFERÊNCIAS
ABRUEM. Pnaest pode ser incluído no orçamento de 2018 do Ministério da Educação. Abruem [site].
Disponível em: <http://www2.abruem.org.br/2017/06/23/pnaest-pode-ser-incluido-no-orcamento-de-
2018-do-ministerio-da-educacao/> Acesso em: 13 de outubro de 2017.

ADUSB. Deputado José Raimundo rejeita emenda que garante 7% da RCL para as Universidades. Adusb
[site]. Disponível em: <http://www.adusb.org.br/web/page?slug=news&id=8406&pslug=#.WedQ4kxDQfE>
Acesso em: 10 de outubro de 2017.
ANDRÉS, Aparecida. Aspectos da assistência estudantil nas Universidades Brasileiras. Câmara dos
Deputados, outubro de 2011.

BAHIA. Programa Mais Futuro oferece estágio e auxílio permanência para estudantes. Secom Bahia
[site]. Disponível em: <http://www.secom.ba.gov.br/2017/03/137709/Abertas-inscricoes-do-Mais-Futuro-
para-alunos-de-universidades-estaduais.html> Acesso em 2 de outubro de 2017.

BAHIA. Lei nº 13.458, de 11 de dezembro de 2015. Institui o Projeto Estadual de Auxílio Permanência
aos estudantes em condições de vulnerabilidade socioeconômica dasUniversidades Públicas Estaduais da
Bahia e dá outras providências. Diário Oficial do Estado da Bahia, Salvador, ano C, nº21.835.

BAHIA. Decreto nº 17.191, de 16 de novembro de 2016. Regulamenta a Lei no 13.458, de 10 de dezembro


de 2015, que instituiu o Projeto Estadual de Auxílio Permanência aosestudantes em condições de
vulnerabilidade socioeconômica das Universidades Públicas Estaduais da Bahia. Diário Oficial do Estado
da Bahia, Salvador, ano CI, nº 22.057.

BAHIA. Decreto nº 17.447, de 22 de fevereiro de 2017. Estabelece as diretrizes para o Programa de


Estágio aos cursos da Educação Superior no âmbitoda Administração direta, autárquica, fundacional,
sociedades de economia mista e empresaspúblicas do Poder Executivo Estadual, direcionados aos
beneficiários do Projeto Estadual deAuxílio Permanência, instituído pela Lei nº 13.458, de 10 de dezembro
de 2015.

BAHIA. Decreto nº 17.448, de 22 de fevereiro de 2017. Estabelece as diretrizes para o Programa


de Estágio aos cursos de Ensino Médio e Educação Profissional no âmbito da Administração direta,
autárquica, fundacional, sociedades de economia mista e empresas públicas do Poder Executivo Estadual.

BAHIA. Edital nº 001/DDE/SRH/SAEB, de 7 de março de 2017. Cadastro para formação do Banco de


Jovens para Estágio de Nível Superior do Governo do Estado da Bahia. Diário Oficial do Estado da Bahia,
Salvador, ano CI, nº 130.

BAHIA. Edital nº 002/DDE/SRH/SAEB. Cadastro para formação do Banco de Jovens para Estágio de
Nível Superior do Governo do Estado da Bahia.

28
BAHIA. Edital nº 003/DDE/SRH/SAEB. Cadastro para preenchimento das vagas do Banco de Jovens do
Programa de Estágio Não Obrigatório de Nível Superior do Estado da Bahia.

BAHIA. Edital SEC nº 001/2017. Abertura das inscrições para estudantes dos cursos presenciais de
graduação das Universidades Públicas Estaduais em condições de vulnerabilidade socioeconômica para o
auxílio permanência (Programa Mais Futuro) – Ano letivo de 2017.

BAHIA. Edital SEC nº 006, de 4 de outubro de 2017. Abertura de inscrições e confirmações para
estudantes dos cursos presenciais de graduação das Universidades Públicas Estaduais e, condições de
vulnerabilidade socioeconômica para o auxílio permanência (Mais Futuro).

BAHIA. Instrução nº 004, de 7 de março de 2017. Orienta a Administração direta, autárquica, fundacional,
sociedades de economia mista e empresas públicas do Poder Executivo Estadual, quanto aos procedimentos
referentes à execução do Programa de Estágio. Diário Oficial do Estado da Bahia, Salvador, ano CI, nº 130.

BAHIA. Programa Mais Futuro – Guia Prático: Inscrição de Estudantes no Sistema.Versão 1.0, 2017.

BRASIL. Portaria normativa MEC nº 25, de 28 de dezembro de 2010. Dispõe sobre o Programa Nacional
de Assistência Estudantil para as instituições de educação superior públicas estaduais – PNAEST.

FATORELLI, Maria Lúcia. Explicação sobre o gráfico do orçamento elaborado pela Auditoria Cidadã
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159 f. Trabalho de conclusão de curso (dissertação). Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Recife,
2013.

____________________. A assistência estudantil consentida na contrarreforma universitária dos anos


2000. Revista Universidade e Sociedade – ANDES, ano XXIII, nº 53, fevereiro de 2014.
SAMPAIO JR, A. Plínio. Desenvolvimentismo e neodesenvolvimentismo: tragédia e farsa. Revista Serviço
Social, São Paulo, n. 112, p. 672-688, out./dez. 2012.

29
DADOS DA PERMANÊNCIA ESTUDANTIL NA BAHIA
Quanto seria 1% da RLI para permanência estudantil em 2015 para as UEBA conforme divisão de cotas
orçamentária atual.

1% da RLI = R$ 225.200.000,00
UNEB – R$ 87.647.840,00 (38,92%)
UESB – R$ 47.539.720,00 (21,11%)
UEFS – R$ 49.498.960,00 (21,98%)
UESC – R$ 40.513.480 (17,99%)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA - UESB

PRAE
O que é o PRAE
O Programa de Assistência Estudantil – PRAE, faz parte da Pro-reitoria de Extensão – PROEX e o setor
responsável por gerenciar as ações da assistência estudantil na UESB. Os Editais de Habilitação, para
que as e os estudantes possam fazer parte do programa são lançados anualmente. Para concorrer as e
os discentes devem está matriculados e frequentando regularmente os cursos presenciais de graduação,
que é permitido que já tenha diploma de nível superior, e que se encontrem em situação de vulnerabilidade
socioeconômica mediante comprovação de renda per capita de até 1,5 salário mínimo.

Como funciona
As e os estudantes inscritos no programa passam ter acompanhamento com assistente social e psicóloga,
sendo que para o campus de Vitória da Conquista o setor tem apenas uma assistente social e conta com a
colaboração de uma psicóga de outro setor que atende alguns dias da semana no PRAE.
As e os discentes podem ter acesso aos Cursos Livres (Inglês, Espanhol, Português), conforme vagas
disponibilizadas no site da Uesb; participação no processo seletivo de Concessão das Bolsas Auxílios
(Moradia, Alimentação, Permanência, Transporte Urbano, Transporte Intermunicipal, Emergencial) e
vaga na Residência Universitária; ao processo seletivo nas ações do Programa Nacional de Assistência
Estudantil (PNAEST); e também nas ações que são, ou serão, oferecidas pelo PRAE, através dos projetos
e/ou atividades promovidas pela UESB ou pela equipe multidisciplinar da PROEX/GAE.

Orçamento do PRAE

2017 – R$1.659.200,00

Material de consumo: R$14.560,00


Diárias: R$ 2.454,00
Auxílio Financeiro ao Estudante: 1.642.186,00
ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL DA UESB

Habilitados no PRAE2017

30
1.594 Janeiro de 2017
Mulheres – 1.094 ITAPETINGA
Homens - 500 Moradia: 26
Campus de Itapetinga: 295 Alimentação: 20
Campus de Jequié: 457 Permanência: 24
Campus de Vitória da Conquista: 842 Transporte Urbano: 10
Transporte Intermunicipal: 13
Emergencial: 0
Inscritos no CADÚnico
2015 – 1.624 estudantes JEQUIÉ
2017 – sem dados atualizados Moradia: 65
Alimentação: 38
Bolsas Permanência: 24
Transporte Urbano: 16
MORADIA Transporte Intermunicipal: 18
2017 Emergencial: 1
Janeiro – 175
VITÓRIA DA CONQUISTA
Outubro – 164
Moradia: 84
Alimentação: 45
ALIMENTAÇÃO Permanência: 39
2017 Transporte Urbano: 29
Janeiro – 103 Transporte Intermunicipal: 22
Outubro – 103 Emergencial: 4.

PERMANÊNCIA Outubro de 2017


2017 ITAPETINGA
Moradia: 30
Janeiro – 87
Alimentação: 21
Outubro – 106 Permanência: 27
Transporte Urbano: 9
TRANSPORTE URBANO Transporte Intermunicipal: 10
2017 Emergencial: 0
Janeiro – 55 JEQUIÉ
Outubro – 62 Moradia: 85
Alimentação: 39
TRANSPORTE INTERMUNICIPAL Permanência: 33
Transporte Urbano: 22
2017
Transporte Intermunicipal: 23
Janeiro – 53 Emergencial: 0
Outubro – 58
VITÓRIA DA CONQUISTA
EMERGENCIAL Moradia: 76
2017 Alimentação: 43
Janeiro – 5 Permanência: 46
Outubro – 6 Transporte Urbano: 31
Transporte Intermunicipal: 25
Emergencial: 6

31
RESIDÊNCIA UNIVERSITÁRIA – UESB
Uma residência no campus de Vitória da Conquista, com capacidade para atender 26 discentes.
2017 – 20 discentes residindo.

MAIS FUTURO

Edital 001/17
474 discentes homologados

330 – Mulheres
144 - Homens

248 Habilitados à assistência

Edital 006/17
691 inscritos
Sem número de homologados até outubro.

RECURSOS DO PNAEST
São aprovados de acordo as deliberações da Comissão do PNAEST, sendo estabelecido em um Plano de
Trabalho que é aprovado pelo MEC. Distribuídos em: materiais permanentes (itens para atender a promoção
das Entidades Estudantis; atender a Residência Universitária e ações específicas, exemplo Cessão de
Equipamentos (como: netbooks, notebooks, bicicletas); aquisição de materiais de consumo (atender à
Residência Universitária, às Entidades Estudantis e às demandas das ações do setor); contratação de
serviços de terceiros (exemplo: locação de veículo; passagens; cópias).

SUBSÍDIO PARA RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO


2017 – R$ 96.659,80

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA - UEFS

A Pró-Reitoria de Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis – PROPAAE atualmente gerencia dois tipos
de bolsa: Bolsa Auxílio Especial – BAE e Bolsa Estágio Acadêmico – BEA. Está em construção o Programa
de Assistência e Permanência Estudantil da UEFS, a princípio com auxílio residente, auxílio permanência
e auxílio emergencial.

Número de bolsas
BAE - 98
BEA – 112

32
Quantidade de estudantes atendidos
BAE - 25
BEA - 55

PERMANÊNCIA ESTUDANTIL - UEFS


Orçamento
2015 – R$ 3.472.000
2016 – R$ 4.088.00
2017 – R$ 4.808.000

BOLSAS
TRANSPORTE
2011 – R$ 265.685,87
2012 – R$ 186.218,97
2013 – R$ 197.073,04
2014 – R$ 198.897,63
2015 – R$ 55.602,22

ESTÁGIO
2011 – 1101
2012 – 132
2013 – 1190
2014 – 998

ALIMENTAÇÃO - Restaurante Universitário


2011 – R$ 740.386,89
2012 – R$ 163.801,30
2013 – R$ 726280,90
2014 – R$ 2.139.146,05
2015 – R$ 2.088.854,89

MORADIA
Vagas na residência
2011 – 179
2012 – 161
2013 – 147
2014 – 149
2015 – 187

RESIDÊNCIA UNIVERSITÁRIA
Indígena
20 vagas disponíveis
23 vagas ocupadas

33
Tradicional
176 vagas disponíveis
172 vagas ocupadas

MAIS FUTURO

Edital 001/17
639 discentes homologados

Auxílio permanência - 590


Perfil Básico - 349
Perfil Moradia – 241
Estágio dentro e fora da UEFS - 49

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA – UNEB

MAIS FUTURO

Edital 002/17

Bolsa auxílio permanência – 559

Orçamento previsto – R$1.776.800,00


Orçamento utilizado até outubro – R$42.400,00
8 parcelas foram pagas e 17 foram suspensas

Bolsa auxílio residência – 519

Orçamento utilizado até outubro – R$807.400,00


8 parcelas foram pagas e 17 foram suspensas

Bolsa auxílio emergência – 18

Orçamento – R$24.000,00

RESIDÊNCIA UNIVERSITÁRIA
568 estudantes residem na moradia universitárias
477 – recebem bolsa permanência

Obs.: O campus de Paulo Afonso não possui residência.

34
BOLSAS

Permanência – valor R$400 (oito parcelas por ano)


2015 – 587
Total executado: R$1.875.200,00
2016 – 596
Total executado: R$1.881.200,00
2017 – 556
Total executado: R$1.556.800,00

Residência – valor R$200 (oito parcelas por ano)


2015 – 462
Total executado: R$635.200,00
2016 – 503
Total executado: R$R$714.600,00
2017 – 462
Total executado: Não apresentado

Emergência – valor R$500 (três parcelas por ano)


2015 – 13
Total executado: R$18.000,00
2016 – 14
Total executado: R$19.000,00
2017 – 18
Total executado: R$24.000,00

Levantamento parcial de bolsa e estágio Mais Futuro


1º edital de Bolsa Mais futuro
Inscritos – 2.037
Contemplados – 1.345
2º edital de Bolsa Mais futuro
Inscritos – 2.356
Contemplados – sem dados

1º edital de Bolsa Estágio Mais futuro


Inscritos – 487
Contemplados – 117
Contratados no estágio – 29
Partiu estágio – 63 inclusos não estudantes da UNEB
2º edital de Bolsa Estágio Mais futuro
Inscritos – 73
Contemplados – sem dados
Partiu estágio – 75 inclusos não estudantes da UNEB (em processo de contratação)

35
FB/UJCBAHIA
UJC.ORG.BR

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