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DIREÇÃO DEFENSIVA


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AULA 1 – DIREÇÃO DEFENSIVA: MAIS QUE UM


CONCEITO, UM ATO DE CIDADANIA
Introdução

O Brasil é um país de dimensões continentais. Para conectar as diversas regiões de nossa


nação e para realizar o transporte de passageiros e de cargas entre elas, o país optou por
priorizar o modal de transporte rodoviário.

Mas nem sempre foi assim, até a segunda década do século XX o modal ferroviário havia sido
a opção de transporte predominante. Esse paradigma começou a ser alterado a partir do
governo do presidente Washington Luís (1926 - 1930). Ele acreditava que as rodovias seriam o
meio pelo qual se conseguiria realizar o desenvolvimento nacional e se tornou conhecido pelo
lema: “Governar é Abrir Estradas”, sendo, por este motivo, apelidado como o “Estradeiro”. Em
seu governo, foi pavimentada a primeira rodovia brasileira, a rodovia Rio-Petrópolis (atual BR
040).

Figura 41: Washington Luís


Fonte: Wikipedia.

A partir de então, e progressivamente, os governos brasileiros foram ampliando o alcance e


escopo de importância do modal rodoviário, contribuindo para sua consolidação enquanto
modal predominante. Dentre os governos com atuação destacada neste sentido, temos o
governo do presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961), que dentre outras medidas,
consolidou a indústria automobilística no Brasil, com a criação do GEIA (Grupo Executivo da
Indústria Automobilística).
DIREÇÃO DEFENSIVA

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Figura 42: Juscelino Kubitschek


Fonte: Wikipedia.

Dentre os motivos que levaram à consolidação do modal rodoviário no Brasil, podemos optar,
dentre outros, os seguintes:

Clique nos botões ao lado.


Em primeiro lugar

Em segundo lugar

1.1 DADOS E INFORMAÇÕES SOBRE O TRÂNSITO


Conforme dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT), compilados por meio do
Anuário CNT do Transporte 2020, o Brasil possui, atualmente, mais de 1,7 milhões de km de
rodovias, somando as federais, estaduais e municipais, embora a maioria ainda não seja
pavimentada:

Figura 43: Evolução da malha rodoviária por ano segundo o tipo de jurisdição - 2001 – 2019
Fonte: https://anuariodotransporte.cnt.org.br
Segundo os dados da CNT, no ano deDIREÇÃO
2020, a malha rodoviária federal do Brasil possuía uma
DEFENSIVA
 extensão total de 73.181,6 km, dos quais 64.022,4 km são rodovias (vias rurais pavimentadas)
 não pavimentadas), desse
e 9.159,2 km são estradas (vias rurais  total apenas 47.438,6 km
são de vias planejadas. Minas Gerais concentra 12,6% de toda a extensão pavimentada,
seguido da Bahia, com 9,9%.

De acordo com dados oficiais do Ministério da Infraestrutura (MINFRA), entre os diversos


modais de transporte, o rodoviário ocupa posição de destaque no país, tendo respondido por
cerca de 65% do volume do transporte de carga em 2015.

Evidentemente, a opção que a nossa nação fez — priorizar o transporte de cargas e de


passageiros por meio do modal rodoviário — tem seus ônus e seus bônus. Vejamos agora um
pouco mais sobre as consequências dessa escolha.

Conforme os dados do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), em janeiro de 2021,


o Brasil possuía uma frota circulante de mais de 108,2 milhões de veículos, entre caminhões,
ônibus, automóveis, motocicletas etc. Infelizmente, a estrutura viária urbana e rural disponível
não acompanhou o crescimento vertiginoso da frota: um aumento de mais de 50% nos
últimos dez anos, a despeito da redução da taxa de crescimento da frota a partir da crise
econômica de 2016.

Figura 44: Tabela do Crescimento da Frota Brasileira


Fonte: do conteudista, com base em dados encontrados em: https://www.gov.br/infraestrutura

Essa expansão tem gerado sérios problemas para a circulação viária, principalmente nas
áreas urbanas. A disputa por espaço e o desrespeito às regras de circulação e de conduta,
aliados ao estresse dos motoristas, têm acarretado muitos conflitos e graves acidentes.

Na verdade, o crescimento desenfreado das mortes e de feridos em acidentes de trânsito não


é uma situação que é exclusiva do Brasil, mas um problema que ocorre em escala mundial,
em especial nos países pobres e nos países em desenvolvimento. Observando o gráfico a
seguir, você terá uma ideia clara do quanto é expressivo esse fenômeno. Uma guerra é travada
diariamente, numa escala planetária, com milhares de mortos por ano.
Figura 45: Dados de morte de trânsito por ano, segundo a OMS
DIREÇÃO DEFENSIVA
Fonte: GLOBAL STATUS REPORT ON ROAD SAFETY (2018); SCD/EaD/Segen.

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Os acidentes de trânsito são, atualmente, a principal causa de mortes para crianças a partir
dos cinco anos de idade, e para adolescentes e jovens adultos (até os 29 anos de idade).

Conforme dados de uma pesquisa anterior, realizada pela OMS em 2013, em números
absolutos, o Brasil está no quarto lugar do ranking de países com maior quantidade de mortes
ocasionadas por acidentes de trânsito. Veja a tabela a seguir:

Figura 46: Mortes no trânsito - 2013


Fonte: do conteudista com dados do GLOBAL STATUS REPORT ON ROAD SAFETY (2013).

IMPORTANTE!

Em 2015, o Instituto de Pesquisa Econômica


Aplicada (Ipea), realizou, em parceria com a
Polícia Rodoviária Federal (PRF), o estudo
“Custos dos acidentes de trânsito no Brasil:
estimativa simplificada com base na
atualização das pesquisas do IPEA sobre
custos de acidentes nos aglomerados
urbanos e rodovias”. Este estudo estimou o
custo anual com acidentes de trânsito no
Brasil em, no mínimo, R$ 47 bilhões
(utilizando números conservadores; com
números “pessimistas” o custo seria
estimado em R$ 56 bilhões de reais). Essa
pesquisa foi realizada com dados tabulados
pelo Ipea em 2014. Dentro desse número está
o custo com acidentes em aglomerados
urbanos, superior a R$ 9,3 bilhões, e o custo
dos acidentes em rodovias (federais,
estaduais e municipais), de
aproximadamente R$ 37,7 bilhões.

O progressivo agravamento da violência no tráfego viário levou as Nações Unidas a


proclamarem a Década de Ação pela Segurança no Trânsito 2011/2020, um conjunto de ações
a serem implementadas pelos seus estados-membros, com a intenção de reduzir as mortes
no trânsito em 50% ao final do período. Desde DEFENSIVA
DIREÇÃO o início, o governo brasileiro apoiou a iniciativa
 com ações de diversos ministérios, iniciando uma árdua luta pela redução do número de

acidentes e das vítimas no trânsito. 

No período de 2011 a 2020, devido ao esforço conjunto do Governo Federal com os governos
estaduais e municipais e com as organizações da sociedade civil em implementar ações que
aumentaram a segurança no trânsito, o número de acidentes de trânsito, por ano, apresentou
uma queda sensível, que resultou na preservação da vida de milhares de brasileiros. No
entanto, ainda é cedo para comemorar, pois os números ainda permanecem bastante
elevados.

Conforme dados oficiais disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema Único


de Saúde (DATASUS); em 2019, mais de 31,3 mil vidas foram ceifadas em acidentes de
trânsito no Brasil. E essa é uma estimativa “conservadora”; pois, se levarmos em conta o
número de indenizações por morte pagas pelo consórcio de seguradoras do Seguro DPVAT, o
número sobe para mais de 40,7 mil mortos.

Figura 47: Sinistros de trânsito


Fonte: Portal do Trânsito (2019).

Os danos causados pelos acidentes de trânsito constituem um importante problema de saúde


pública. Sua prevenção eficaz exige esforços concentrados. Os problemas de trânsito estão
entre os mais complexos e perigosos com os quais as pessoas se defrontam no dia a dia.
Conforme já apontamos, estima-se que:

Figura 48: Dados OMS (2018) de mortes e feridos em acidentes de trânsito


Fonte: conteudista; SCD/EaD/Segen.

No Brasil, os acidentes de trânsito apresentam um alto custo social, cultural e intelectual.


Profissionais no auge de sua capacidade produtiva e jovens promissores encontram-se entre
os que mais morrem no trânsito. Um levantamento feito pelo Observatório Nacional de
Segurança Viária (ONSV) indica que jovens
DIREÇÃOdo DEFENSIVA
sexo masculino e de idade entre 18 e 25 anos
 compuseram mais de 28% das vítimas fatais nos acidentes de trânsito em 2013.
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Recentemente, a Terceira Conferência Global das Nações Unidas sobre Segurança no Trânsito,
realizada em Estocolmo em fevereiro de 2020, definiu o período de 2021 a 2030 como a
Segunda Década de Ação pela Segurança no Trânsito. A meta, mais uma vez, é reduzir pelo
menos 50% dos acidentes e mortes no trânsito em todo o mundo. Será que dessa vez nós
conseguiremos ter sucesso?

Para refletir

Como profissional de segurança pública,


reflita acerca do seu papel nessa ação e a
contribuição que você pode dar em relação à
segurança do trânsito em sua cidade e em seu
local de trabalho.

Entre as vítimas do trânsito, atualmente, há


um grande número de policiais, agentes
penitenciários, bombeiros e guardas
municipais que estavam a serviço na maioria
das situações.

Figura 49: Acidente com viatura em serviço


Fonte: https://g1.globo.com

1.2 DEFININDO DIREÇÃO DEFENSIVA


Caro profissional de segurança pública, antes de continuarmos o nosso estudo, gostaríamos
que você parasse por alguns instantes e respondesse: para você, o que é Direção Defensiva?

Vamos lá: talvez você, como a grande maioria dos condutores brasileiros, normalmente
responda usando a famosa frase: “Direção Defensiva é dirigir por si e pelos outros”. É uma
resposta automática, está na ponta da língua.
Leia a definição em destaque, e, em seguida,
DIREÇÃOcompare com as suas ações na condução de
DEFENSIVA
 seu veículo particular e de veículos de emergência.
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Direção Defensiva é...

Dirigir de modo a evitar acidentes, apesar das


ações incorretas dos outros e das condições
adversas, proporcionando o máximo de
segurança a si mesmo, aos seus passageiros
e aos demais usuários do trânsito.

A definição de dirigir defensivamente transcende ao ato de dirigir em si, pois vai muito além
do mecanicismo de conduzir um veículo: é um estado de espírito. Em termos comparativos,
dirigir defensivamente, na essência, é dar a outra face sem revidar.

O ato de dirigir é quase automático para muitos condutores. Você entra no veículo e desloca-
se de um ponto ao outro e muitas vezes não percebe o quão complexo e cansativo é dirigir.
Para uma condução segura de veículos de emergência, você deve evitar cometer erros e se
valer dos elementos da Direção Defensiva.

1.3 A IMPORTÂNCIA DO COMPORTAMENTO SEGURO NA


CONDUÇÃO DE VEÍCULOS ESPECIALIZADOS

1.3.1 Erros que devem ser evitados no trânsito

Os erros que devem ser evitados no trânsito, dizem respeito:

I II III I

A infrações de trânsito;

Veja a seguir sobre cada um deles!

Infrações de trânsito

Abuso do veículo

Atraso de horário

Descortesia
DIREÇÃO DEFENSIVA

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IMPORTANTE!

Lembre-se: o mais importante em uma


ocorrência de emergência é você conseguir
chegar ao seu destino em segurança; pois,
caso se envolva em acidente no percurso, de
nada terá adiantado a pressa, além da
impossibilidade de socorrer quem necessita
de auxílio. A sua segurança, a de sua equipe
e a dos demais atores envolvidos no trânsito
vêm em primeiro lugar!

Na Prática

Situação Hipotética:

Caro profissional de segurança pública, analise a seguinte


situação: os policiais militares Paulo Marcelo, S. Duarte e
Z. Maia estão de serviço, realizando o policiamento
ostensivo em determinada região da cidade, quando
recebem a notícia de que está acontecendo o
arrombamento de um estabelecimento comercial.

Paulo Marcelo, que é o motorista da viatura, começa um


deslocamento tático para atender à ocorrência e tentar
surpreender os criminosos em flagrante delito. Como ele
quer surpreender os criminosos, ele resolve desligar a
sirene da viatura durante este deslocamento. No entanto,
durante o deslocamento, ao se aproximar de um
cruzamento com pouca visibilidade, Paulo Marcelo não
reduziu a velocidade da viatura e nem tomou outras
precauções, de modo que um veículo que seguia pela via
transversal colidiu lateralmente contra a viatura e fez com
que ela girasse sobre a via.

Com o impacto, S. Duarte, que estava no banco do


passageiro (comandante da viatura) sem o cinto de
segurança, foi arremessado para fora do veículo e sofreu
ferimentos graves.

O que você pensa acerca da situação hipotética descrita acima? Será que valeu a pena ignorar
normas básicas de segurança no afã de atender uma ocorrência? Será que você, em algum
momento, já arriscou sua segurança de modo semelhante?
1.3.2 Elementos da direção defensiva
DIREÇÃO DEFENSIVA


São elementos da direção defensiva: 

I II III I

Conhecimento;

Veja a seguir sobre cada um deles!

Conhecimento

Atenção!

Previsão mediata (antes de iniciar os deslocamentos)

Previsão imediata (durante os deslocamentos)

Decisão

Habilidade

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