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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

CAMPUS JUIZ DE FORA


CURSO DE ECONOMIA

JARDEL AQUINO DE ALMEIDA

DESAFIOS DA MOBILIDADE URBANA NO BRASIL


RELEITURA

JUIZ DE FORA
2020
JARDEL AQUINO DE ALMEIDA

DESAFIOS DA MOBILIDADE URBANA NO BRASIL


RELEITURA

Artigo apresentado como requisito parcial


para obtenção a nota final da disciplina de
transportes Públicos em 2020, pelo Curso
de Economia da Universidade Federal de
Juiz de Fora – Campus Juiz de Fora.

Prof.(a). Andressa Lemes Proque

Juiz de Fora
2020
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Desafios da Mobilidade Urbana no Brasil: Releitura

Jardel Aquino de Almeida

Resumo: Nas últimas décadas o transporte publico vem sofrendo uma grande crise
por todo o território nacional, com as politicas que beneficiam o transporte individual,
que por sua vez, traz consigo inúmeras externalidades negativas, como os
congestionamentos e a grande taxa de acidentes nas vias urbanas e interestaduais.
Desde modo, o presente texto tem como objetivo discutir medidas que possam
contribuir com a melhoria do transporte público e mobilidade do Brasil, visando os
direitos fundamentais dos cidadãos e equidade.

Palavras-chave: Mobilidade urbana, transporte público, financiamento, transporte


privado.

1 INTRODUÇÃO

Com o passar do tempo a mobilidade urbana vem passando por diversos


problemas, que impactam diretamente no bem-estar da população. A crescente taxa
de urbanização, o aumento do uso dos transportes individuais, as formas de
financiamento são alguns dos problemas que a mobilidade urbana e o transporte
público (TP) vêm enfrentando nos dias de hoje.
Como dito, o aumento do uso do transporte privado vem trazendo grandes
dificuldades para o TP. Em uma entrevista para a FGV, Ciro Biderman introduz o
conceito de carrocentrismo, que se caracteriza pelo crescimento da demanda do
transporte privado.
Teoria está que pode ser explicada por diversos aspectos estruturais e
sociais, um ponto importante sobre esse conceito são as formas urbanas presentes
atualmente, que são divididas em cidade dispersa e cidade compacta. Desde modo,
podemos dizer que atualmente a mais usual é o modelo de cidade dispersa, que tem
como foco o transporte privado, já que é definido por um crescimento horizontal,
aumentando as fronteiras entre as áreas urbanas e os centros comerciais,
residências e de lazer, fazendo com que o carrocentrismo se torne cada vez mais
popular.
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2 DESAFIOS IMPORTANTES A SEREM ENFRENTADOS NO SISTEMA DE


MOBILIDADE URBANA NO BRASIL

Em 2013, com as crescentes manifestações que envolveram o Brasil, o tema


mobilidade urbana e transporte público ficaram em evidencia, colocando em xeque
as falhas do sistema e as políticas regressivas que o afetam.
Desde modo, se mostrou incontestável a falta de politicas que privilegiem o
sistema em questão e a indignação da população com o atual cenário. A partir desse
momento, os políticos e governantes se atentaram a entrar na discussão.
Em suma, o artigo tem como frente analisar 5 frentes do sistema de transporte
público, são elas, mobilidade e desenvolvimento urbano, investimento e
infraestrutura, o envelhecimento da população, o crescimento do transporte privado
e o financiamento progressivo. Medidas que influenciam diretamente na mobilidade
urbana.

2.1 Mobilidade e desenvolvimento urbano

Atualmente, 85% da população brasileira se concentra nos centros urbanos,


crescimento exponencial quando comparado com as últimas décadas. Cerca de 36
cidades com mais de 500 mil habitantes, espalhadas entre as 40 regiões
metropolitanas do Brasil, que contem cerca de 45% da população total do Brasil.
Visto isso, podemos estabelecer um comparativo entre o crescimento
populacional e territorial com os investimentos em infraestrutura, já que o montante
de investimento não comporta a demanda necessária para estabelecer estruturas
adequadas que proporcionam o bem-estar social.
Conforme dito, fica evidente as problemáticas causadas pelo crescimento
desordenado, dado que, os mais afetados são os indivíduos de baixa renda, tendo
que procurar moradia em lugares mais afastados dos centros urbanos, já que o valor
dos terremos são mais baratos nas periferias, aumentando o custo das tarifas,
conforme o distanciamento das fronteiras das cidades. Outro ponto a se analisar é a
formação das denominadas cidades dormitórios, localizado nos arredores das
cidades, servindo apenas para moradia dos trabalhadores que se deslocam até os
centros urbanos.
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Desde modo, investir em novas políticas é vital, estabelecer programas de


investimento permanentes em infraestrutura de transportes em massa e modais
ativos, dando prioridade aos corredores para os transportes de massas e as áreas
periféricas. Estabelecer conexões da população de baixa renda com os centros
urbanos ou até mesmo investir em políticas que invistam nas áreas mais precárias,
criando uma estrutura policêntrica nas cidades.

2.2 Investimentos em Infraestrutura

As periferias das cidades sofrem com a falta de transporte publico de


qualidade, fazendo com que o deslocamento casa-trabalho se precário. Com baixo
conforte, fragmentação das viagens e a o tempo gasto no trajeto, muitas vezes
recorrentes pelos congestionamentos, fato crescente com o aumente do uso do
transporte individual.
Investir na infraestrutura do transporte de massas é um fator decisivo para a
melhoria do sistema, proporcionando um atendimento de qualidade e garantir um
direito fundamental da população. Elaborar corredores rodoviários que permitem
ultrapassagem, elaboração de projetos para a implantação de BRT’s, sendo tendo
um custo beneficio mais acessível quando comparado com as vias metroferroviárias
(trem e metrô), já que o km tem um custo em torno de 10 a 30 milhões.
Retomar a utilizar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico
(Cide) para investir no transporte de público e mobilidade urbana, já que atualmente
o governo utiliza a arrecadação do Cide para outros fins. Pesquisas apontam que o
recolhimento da Cide já chegou a 10 bilhões por ano, montante esse que seria de
grande importância para a melhoria do sistema de transporte.

2.3 Envelhecimento da população

No momento atual, 8% da população brasileira está na faixa de 65 anos ou


mais, fato este que tem impacto direto no transporte publico e nos preços das tarifas.
No modo de financiamento atual, o custeio do mesmo é dado quase exclusivamente
pelos usuários pagantes, que vem diminuindo ao passar do tempo, fato este
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estabelecido pelas politicas que beneficiam o transporte individual. Como dito, com o
aumento da população idosa, o aumento das gratuidades fornecidas pelo transporte
publico também cresce, tendo um impacto gigantesco nas tarifas, já que o ônus recai
sob os usuários pagantes, que em sua maioria, são pessoas de baixa renda,
fazendo com que o valor da tarifa aumente.
Desde modo, estabelecer estratégias que diminuam o impacto do
envelhecimento da população é essencial, a constituição de fundos públicos para o
custeio das gratuidades, diminuindo assim o impacto na população de baixa renda é
um bom exemplo.

2.4 Crescimento do transporte individual e queda do transporte público

Nos últimos anos, a indústria de automóveis teve uma taxa de crescimento


exponencial, aumento este estimulado pelas politicas publicas de incentivo a venda
e uso do transporte individual, diminuindo a carga tributária sobre os veículos de até
1000 cilindradas que são responsáveis por 50% das vendas do setor
automobilístico.
Desde modo, com o aumento da demanda pelo transporte individual, o
transporte publico se vem em queda, já que apenas a população de baixa renda
utiliza o serviço de transporte de massas e quando tem um acréscimo de renda, o
individuo tende a optar pelo transporte individual, fazendo com que o transporte
publico muitas vezes se estabeleça como um bem inferior, já que existe uma relação
negativa entre a renda e a demanda pelo serviço, como mostra pesquisas recentes.
Como dito, além dos danos causados ao sistema de transportes, o transporte
individual gera inúmeras externalidades negativas para a sociedade, como o
aumento dos acidentes nas vias urbanas e rodovias, gerando um custo total de 50
bilhões por ano, sem contar as externalidades como o aumento do
congestionamento nas vias e a poluição do meio ambiente.
Posto isso, estabelecer politicas que privilegie o transporte publico é
primordial, implementar também medidas de compensação pelas externalidades
geradas pelo transporte privado, onerando o uso e a propriedade do transporte
individual, taxando o combustível usado, a propriedade e o seguro do veículo
Criando também uma forma de taxação do espaço público, como o pedágio urbano.
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Outro ponto importante é fornecer medidas que barateia e estimula o transporte


público.

2.5 Financiamento progressivo da operação de transporte público e dos


benefícios tarifarias concedidos

O modo de financiamento do transporte publico hoje, tem sua forma de


custeio regressiva, sendo que o ônus do custeio recai exclusivamente nos usuários
pagantes, que na sua maioria são usuários de baixa renda, já que o financiamento
se da pelo valor arrecadado com as tarifas pagas. Desde modo, quanto mais rica a
família menos elas gastam com o transporte público, fato este que gera uma ainda
mais o distanciamento das classes sociais.
Criar novas fontes de financiamento extratarifárias é fundamental, fazendo
com que o ônus do custeio deste sistema fique recaia sobre os grupos socias com
maior poder aquisitivo.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pensando em uma forma de mobilidade sustentável, é evidente que o


crescimento do uso do transporte individual tem que retroceder, visto que os
impactos causados por esse modal são gigantescos, não apenas para o meio
ambiente, mas para a sociedade em termos gerais.
Investir em novas formas de financiamento, estabelecer estratégias que
integrem todos os modais de uma forma eficiente, estabelecendo conexões entre
todo o território urbano, visando a qualidade e acessibilidade, sendo um ponto
importantíssimo para o avanço social.
Em termos gerais, é vital estabelecer critérios que façam com que o ônus do
transporte publico não recai apenas para os usuários, visto que em sua maioria, são
famílias de baixa renda.

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