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capa tech 141.

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a revista do engenheiro civil


téchne 141 dezembro 2008


www.revistatechne.com.br

apoio
IPT techne
Edição 141 ano 16 dezembro de 2008 R$ 25,00
ARTIGO
Materiais
autolimpantes
Tecnologias sustentáveis ■ Fábrica da Mahle ■ Fábrica da Duratex ■ Materiais autolimpantes ■ Steel frame

OBRAS INDUSTRIAIS
Mahle, em Jundiaí (SP)
Duratex, em Agudos (SP)
00141

Bahraim World
9 770104 105000

Trade Center, Bahraim


ISSN 0104-1053

Engenharia high tech


Turbinas eólicas, sistemas geotérmicos, fachadas
inteligentes. A tecnologia a serviço da sustentabilidade
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SUMÁRIO
Divulgação: Atkins

CAPA
30 Sustentabilidade high tech
No mundo, multiplicam-se edifícios
capazes de produzir parte da
energia que consomem

46 IMPERMEABILIZAÇÃO –
PINI 60 ANOS
Tecnologia estanque
Dos primeiros sistemas à base
de betume às modernas mantas
de EPDM, mercado tem soluções
para todos os tamanhos

50 ARTIGO
O uso da fotocatálise em
materiais autolimpantes
Novos materiais podem revolucionar
as propriedades dos
sistemas construtivos

61 COMO CONSTRUIR
Steel frame – Instalações
Veja como executar as instalações
elétricas e hidráulicas da casa
Marcos Alves

24 INDÚSTRIA rápida com estrutura leve


Expansão coordenada
Nova planta industrial da Duratex
em Agudos (SP) demanda
soluções para suportar
SEÇÕES
Editorial 4
grandes máquinas
Web 8
Área Construída 10
20 40 CENTRO
TECNOLÓGICO Índices
IPT Responde
14
15
Padrão sustentável
Carreira 16
ENTREVISTA Obra com demandas de
Melhores Práticas 18
Engenharia econômica sustentabilidade, nova
P&T 55
Geraldo Antonio Cesta, diretor da Rodobens, unidade da Mahle fica
Obra Aberta 58
assegura volta à normalidade do quase toda a cargo do
Agenda 60
mercado e defende a industrialização escritório de arquitetura

Capa
Layout: Lucia Lopes
Foto: divulgação Atkins

2 TÉCHNE 141 | DEZEMBRO DE 2008

É parte integrante desta revista uma amostra da manta tipo III da Denver
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EDITORIAL
Tecnologia e arquitetura contemporâneas VEJA EM AU
ngenheiros e arquitetos nem sempre se entendem.
E O pragmatismo característico de um parece árido demais para
o outro. A provocação encontra lastro na realidade, mas não
constitui regra. Há quem defenda, como o arquiteto e professor
Siegbert Zanettini, que as duas especialidades não estejam nem
sequer separadas. Outro arquiteto de renome, João Filgueiras
Lima, o Lelé, segue na mesma linha: afirma mal distinguir, no  Pré-fabricados de concreto
 Edifício do US Census
dia-a-dia, se o que pratica é engenharia ou arquitetura. Se alguns Bureau, nos EUA, Skidmore
Owings & Merrill
conflitos persistem, também há cada vez mais espaço para
o diálogo. Seja por conta das crises (no plural mesmo) ou pela VEJA EM
inexorável necessidade de tornar os projetos mais sustentáveis, CONSTRUÇÃO MERCADO
engenheiros e arquitetos precisam conversar – tecnicamente
falando. As obras desta edição mostram uma forte convergência
nesse sentido. Na fábrica da Duratex em Agudos (SP), não foi nada
fácil "sustentar" enormes máquinas e aconchegá-las numa planta
enxuta. Em Jundiaí (SP), o arquiteto Roberto Loeb conseguiu uma
implantação surpreendente do Centro de Pesquisa da Mahle, num
talude às costas da Serra do Japi. Em obras como as retratadas na  Crise imobiliária
 Mercado de capitais
reportagem de capa (página 30), na qual edifícios se contorcem,  Carga tributária
turbinas giram ao vento e fachadas mudam de cor, a aproximação  A questão do funding

era imprescindível para chegar a empreendimentos que fossem,


ao mesmo tempo, mais sustentáveis, eficientes e que se revelassem VEJA EM EQUIPE DE OBRA
marcos urbanos. Serão viáveis por aqui num futuro próximo?
Difícil saber, ainda mais com a crise financeira mundial.
Mas por que não prestar atenção às tendências internacionais?
O casamento da tecnologia avançada de construção com uma
arquitetura contemporânea, inteligente e eficiente, já foi marcado.
Os padrinhos são os profissionais: engenheiros e arquitetos.
E todos torcem para dar certo.  Revestimento texturizado
 Instalação de hidromassagem
 Maquetista
Paulo Kiss  Como abrir uma empresa

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techne
Vendas de assinaturas, manuais técnicos,
TCPO e atendimento ao assinante Fundadores: Roberto L. Pini (1927-1966), Fausto Pini (1894-1967) e Sérgio Pini (1928-2003)
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principais cidades*

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Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdos
publicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

Sustentabilidade high tech


Para provar que são sustentáveis, alguns edifícios tornaram-se grandes geradores
Fórum Téchne
eólicos e transformadores voltaicos. Veja mais imagens e plantas de alguns desses O site da revista Téchne tem um espaço
empreendimentos, alguns até extravagantes, como Burj al-Taqa, Genzyme Center, dedicado ao debate técnico e qualificado
Dynamic Tower, e Bahrain World Trade Center (foto). dos principais temas da engenharia.
Confira os temas em andamento.

Você está com medo de perder


o emprego?
Acredito em uma acomodação do
mercado. Existirão cortes e teremos de
conviver com incertezas e receios por
um longo período, mas passará. Acho
que é um momento especialmente bom
para o crescimento profissional.
Planejamentos criteriosos, negociação
e projetos bem desenvolvidos serão
necessários para superação pessoal e
empresarial. A "crise" tornará clara a
diferença entre aparência e experiência,
valorizando os profissionais mais
Divulgação: Atkins

experientes e com mais conteúdo.


Jorge Ferrari [20/11/2008]

Acredito que haverá uma queda de


empregos de um modo geral, pois com a
diminuição do crédito e uma dificuldade
maior das pessoas realizarem
Padrão sustentável financiamentos para aquisição dos
Novo centro de Tecnologia e Pesquisa imóveis, as vendas inevitavelmente
da Mahle Metal Leve, em Jundiaí (SP), diminuirão e conseqüentemente as
foi construído em três edifícios empresas terão de demitir para
circulares interligados, para evitar conseguirem se manter funcionando.
deslocamentos de terra. Confira as Bruno Pacheco [20/11/2008]
Nelson Kon

plantas do projeto na versão online


de Téchne. Os profissionais brasileiros
respeitam as normas?
A fiscalização deficitária por parte dos
Engenharia conselhos regionais e das prefeituras
gera uma grande margem de
coordenada desrespeito às normas construtivas e/ou
Obras de ampliação da fábrica técnicas de construção, facilitando o livre
da Duratex exigiram intenso arbítrio dos proprietários e profissionais
trabalho de coordenação para na adequação da obra ao critério "baixo
Divulgação: Duratex

o cumprimento do cronograma. custo", desconsiderando as questões de


Veja mais imagens com salubridade e até de segurança.
detalhes construtivos. Sérgio Vinícius Calvoso [29/11/2008]

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ÁREA CONSTRUÍDA
Em 12 horas, empresa faz reparos em Estação de Tratamento de Água
Era de apenas 12 horas o período dispo-

Divulgação: Cedae
nível para a Concrejato realizar serviços
de reparo e recuperação estrutural em
diversos pontos da ETA (Estação de
Tratamento de Água) Guandu, localiza-
da no km 19,5 da rodovia BR 465, no
Rio de Janeiro. Houve intervenções em
cerca de 1.500 m², que compreendiam
três reservatórios e dois canais de inter-
ligação. "Uma vez por ano, a Cedae
(Companhia de Águas e Esgotos do Rio
de Janeiro) interrompe o funcionamen-
to da ETA para manutenção", explica
Marcello Carvalho,gerente de contratos
da Concrejato. De acordo com o enge- carbonatação e oxidação de paredes e houve a injeção de poliuretano nas áreas
nheiro, a intervenção realizada no últi- estruturas de concreto armado, lixivia- onde foram detectados vazamentos de
mo dia 6 de novembro é planejada ção do agregado miúdo da camada ex- água e grauteamento ou lançamento de
desde o ano anterior. "Os serviços terna de concreto e perda de volume concreto projetado em áreas que de-
foram determinados e quantificados considerável de água tratada por falhas mandavam recuperação estrutural.
por meio de filmagem da equipe técnica nas juntas de dilatação. Aproximada- "Houve a necessidade de misturar ao
da Cedae", explica. Há seis meses, a mente 150 operários de mão-de-obra concreto aditivos para pega rápida, para
Concrejato foi escolhida para realização direta e cerca de 15 supervisores, dividi- que os equipamentos pudessem traba-
dos serviços na ETA.As principais pato- dos em quatro equipes,estiveram envol- lhar dali a poucas horas sem 'lavar' os
logias encontradas eram processos de vidos na operação.Entre as intervenções produtos utilizados", explica Carvalho.

Fotos: divulgação Concremat

Danos em alvenaria tratados com Injeção de poliuretano nas juntas para Concreto contém aditivo anticorrosivo
concreto projetado estancar vazamentos para reduzir o tempo de pega

Seminário sobre estruturas de concreto vai abordar tendências de mercado


Como os avanços relacionados à tec- tões a serem apresentadas e discuti- truturas Ricardo França e Francisco
nologia do concreto estrutural vão das por especialistas e profissionais Oggi, e a superintendente do CB-18,
impactar os canteiros de obras nos durante o Seminário “Estruturas de Enga Inês L. S. Battagin, já confirma-
próximos anos? A utilização de pré- Concreto – Tendências, Projeto e ram participação na programação,
moldados alcançará, em larga escala, Execução”, que será promovido pela que contará também com a apresen-
os segmentos residenciais e comer- PINI no dia 11 de março de 2009, no tação de cases de obras. Informações
ciais? Qual é a viabilidade técnica e Milenium Centro de Convenções, e inscrições: (11) 2173-2395 – site:
econômica do uso do concreto auto- em São Paulo (SP). Profissionais reno- www.piniweb.com/seminariocon-
adensável? Essas são algumas ques- mados como os engenheiros de es- creto – e-mail: eventos@pini.com.br.

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Empresa comercializará paredes duplas de concreto pré-fabricadas


No início de 2009 devem começar a zada para montagem, segundo a em-

Divulgação: Sudeste
ser comercializadas no Brasil paredes presa. Entre as placas de concreto, ar-
duplas de concreto pré-fabricadas. O madas, esse é lançado "in loco" e, de-
sistema construtivo, largamente uti- pois de curado, a construção torna-se
lizado na Europa e na América do uma estrutura monolítica estável. De
Norte, permite executar uma casa de acordo com a fabricante, as paredes
250 m² em menos de uma semana, de duplas pré-moldadas já saem da fá-
acordo com a Sudeste, empresa que brica com acabamento fino e possibi-
oferecerá o produto. Esse sistema litam customização – batentes, jane-
construtivo prevê cinco etapas de las, saídas de encanamento e energia,
execução: aprovação do projeto, pro- aplicação de pintura, textura etc. Em
dução, transporte, montagem e en- fase final de implantação, a fábrica da
trega, todas integradas por software. Sudeste ficará em Nova Odessa, no
O processo construtivo automatiza- interior de São Paulo, em uma área de
do dispensa mão-de-obra especiali- 50 mil m².
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ÁREA CONSTRUÍDA

Rede de lanchonetes executa restaurante sustentável


O McDonald's construiu um restau-

Divulgação: McDonald’s
rante sustentável em Bertioga, no lito-
ral paulista. Na América Latina, é a pri-
meira unidade "verde" da rede multi-
nacional, que já possui um restaurante
sustentável em Chicago. Obras seme-
lhantes estão sendo finalizadas na
Costa Rica e na Argentina. O restau-
rante sustentável serve de centro de
testes para novas tecnologias de cons-
trução do McDonald's. Suas novas
unidades seguem as diretrizes do selo
de certificação Leed (Leadership in En-
ergy and Environmental Design), con-
tam com sistema de aquecimento solar luminárias fluorescentes foram substi- instalada para refrigeração será 25%
para a água e iluminação favorecida tuídas por outras de menor potência e menor. As válvulas de descarga dos
por uma maior área de janelas e pare- maior eficiência ou por lâmpadas tipo vasos sanitários terão descarga de dois
des de vidro. Sensores e sistema de au- LED, as mesmas que passam a ser utili- fluxos e águas pluviais serão aproveita-
tomação garantem o melhor aprovei- zadas nos luminosos externos. O siste- das para a remoção dos dejetos dos
tamento da luz natural. A iluminação ma de ar-condicionado é operado por mictórios. A rede de fast-food espera
solar responderá por 2,5% do total da um dispositivo ultrassônico que moni- reduzir por ano 14% do consumo de
energia consumida. Os vidros recebem tora as temperaturas interna e externa, energia, o equivalente a 50 mil kW, e
películas para não comprometer a efi- a direção e velocidade do vento e a economia de 217 mil litros de água,
ciência do ar-condicionado. Todas as abertura das janelas. A carga térmica cerca de 50%.
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ÍNDICES
Cimento sobe mais Índice PINI de Custos de Edificações (SP)
Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior
Apesar de alta mais discreta em 35
novembro, preço do insumo não pára IPCE materiais
de aumentar 30 IPCE global
IPCE mão-de-obra
m novembro, o índice global do
E IPCE (Índice PINI de Custos de
Edificações) encerrou o mês com dis-
25

20 18 19 20
creta alta de 0,18%, percentual inferior 19,64
à inflação de 0,38% apresentada pelo 14
15
IGP-M (Índice Geral de Preços de Mer- 13,63
13 13 14
cado) da Fundação Getúlio Vargas. 10 11
10 9
Entre os insumos que sofreram 9 9
9 9 8,20
alta neste mês, encontram-se a pedra 6 6 6 6 6 8 8 8 8
5,82 5 5
britada no 2 e o bloco de concreto de 5 4 5 5
3,87 4 5
vedação de 14 cm x 19 cm x 39 cm. 1,79 3 4
2
Ambos sofreram variação de 6,58% e 0
Nov/07 Jan Mar Mai Jul Set Nov/08
4,64%. Em outubro, o metro cúbico
da pedra britada no 2 custava R$ 66,52,
Data-base: mar/86 dez/92 = 100
passando para R$ 70,90 em novem-
Mês e Ano IPCE – São Paulo
bro. Já o custo da unidade do bloco de
global materiais mão-de-obra
concreto de vedação de 14 cm x 19 cm
Nov/07 115.225,62 54.707,92 60.517,71
x 39 cm, que era de R$ 1,44 em outubro,
dez 115.335,12 54.817,42 60.517,71
subiu para R$ 1,50 no mês seguinte.
jan 115.733,11 55.215,41 60.517,71
O cimento Portland CPII, que no
fev 116.040,01 55.522,30 60.517,71
mês de outubro havia sofrido inflação
mar 116.121,80 55.604,09 60.517,71
de 17,53%, apresentou alta de 0,51%
abr 116.185,57 55.667,86 60.517,71
em novembro, passando o preço do
mai 123.736,89 58.257,90 65.478,99
saco de 50 kg de R$ 21,64 para R$ 21,75.
jun 124.358,19 58.879,20 65.478,99
Insumos como barra de aço CA-
jul 126.483,39 61.004,39 65.478,99
50 3/8" (Ø = 10 mm/m = 0,617
ago 129.006,55 63.527,56 65.478,99
kg/m) e tubo soldável de cobre classe
set 129.925,73 64.446,74 65.478,99
E (Ø = 22 mm) apresentaram defla-
out 130.691,57 65.212,58 65.478,99
ção de 0,16% e 1,17%, respectiva-
Nov/08 130.930,99 65.452,00 65.478,99
mente, e materiais como perfil de
Variações % referente ao último mês
alumínio para caixilho anodizado
mês 0,18 0,37 0,00
fosco (espessura da parede: 2
acumulado no ano 13,52 19,40 8,20
mm/largura 1"/comprimento 2") e
acumulado em 12 meses 13,63 19,64 8,20
assoalho de madeira (espessura = 20
Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir das
mm/largura = 200 mm) mantiveram
variações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado por
seus preços.
pesquisa realizada em São Paulo (SP). Período de coleta: a cada 30 dias com
Contudo, construir em São Paulo
pesquisa na última semana do mês de referência.
ficou em média 13,63% mais caro nos
Fonte: PINI
últimos 12 meses, percentual supe-
rior ao apresentado pelo IGP-M, que
Suporte Técnico: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373
acumula alta de 11,88%, sobre o ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:
mesmo período. economia@pini.com.br. Assinantes poderão consultar índices e outros serviços no portal www.piniweb.com.br

14 TÉCHNE 141 | DEZEMBRO DE 2008


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IPT RESPONDE Envie sua pergunta para


o email iptresponde@pini.com.br

Divulgação Sudeste
Patentes
Quero patentear um produto para
construção civil. Existe um órgão
específico onde eu devo registrá-lo? Como
posso resguardar o direito sobre o produto
para que outros fabricantes não o copiem?
Eudes Vinícius Costa
Campinas (SP)

No Brasil, a análise de pedidos de pa-


tente (incluindo busca por produtos
iguais ou idênticos já patenteados ou
com pedidos de patente já depositados,
no País ou no exterior), a aprovação e a
respectiva expedição da Carta-Patente é
de responsabilidade do INPI (Instituto
Nacional da Propriedade Industrial),
A patente tem por objetivo resguardar o direito de propriedade do inventor, mas tem
autarquia federal vinculada ao Ministé-
validade temporária, em geral de dez anos. O assunto é regido internacionalmente
rio do Desenvolvimento,Indústria e Co-
pela Organização Mundial do Comércio, assim sistemas estrangeiros também têm
mércio Exterior. Segundo o INPI, "pa-
seus direitos resguardados
tente é um título de propriedade tempo-
rária sobre uma invenção ou modelo de
utilidade, outorgado pelo Estado aos in- 1. Apresentar os detalhes técnicos de no pedido e não uma variante cons-
ventores ou autores ou outras pessoas fí- forma a permitir o exame técnico do trutiva do objeto de seu pedido.
sicas ou jurídicas detentoras de direitos pedido, ou seja, apresentá-los de forma Existem diversas empresas que asses-
sobre a criação. Em contrapartida, o in- clara de modo que o examinador com- soram juridicamente o pedido de pa-
ventor se obriga a revelar detalhada- preenda perfeitamente a matéria do tentes, tanto no País como no exterior,
mente todo o conteúdo técnico da ma- pedido e indicar, quando for o caso, a sendo o assunto regido internacional-
téria protegida pela patente". A tempo- melhor forma de execução; mente por disposições da OMC (Or-
ralidade referida no texto é, em geral, de 2. Não dar margem a que qualquer ganização Mundial do Comércio).
dez anos, após o que a invenção passa concorrente venha reivindicar outro Para mais informações relativas aos
para o domínio público. Durante o pedido para alternativas da mesma in- procedimentos oficiais, favor consul-
prazo de vigência da patente, o titular venção (incluir essas alternativas no tar www.inpi.gov.br. Há também di-
tem o direito de excluir terceiros, sem seu próprio pedido), ou seja, especifi- versas obras e tratados jurídicos sobre
sua prévia autorização,de atos relativos à car todas as concretizações do objeto o assunto; uma delas: "Tratado de
matéria protegida, tais como fabricação, que se deseja comercializar e que este- Propriedade Industrial", de J. Gama
comercialização, importação, uso, ven- jam dentro do escopo do pedido; da Cerqueira.
da etc. Ainda de acordo com o INPI, os 3. O concorrente somente terá condi- Ercio Thomaz
seguintes itens devem ser observados na ções de pleitear algo que seja efetivo Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do
preparação de um pedido de patente: avanço em relação à técnica descrita Ambiente Construído)

15
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CARREIRA
Engenheiro geotécnico
Além das funções clássicas de investigação de solos e de projetos de
fundações e contenções, campo de atuação se amplia para áreas ambiental
e de exploração de petróleo

P ode-se dizer que a carreira de


engenheiro geotécnico existe há
mais de 80 anos. O marco inicial de
atuação do engenheiro geotécnico
vem se ampliando. Uma das áreas de
destaque, exemplifica, é a ambiental,
nará as atividades de investigação do
solo, terraplanagem, escavações,
contenções, projeto e execução de
sua história se deu em 1925, com a com atribuições de investigação do fundações, entre outros.
publicação do trabalho Erdbaume- nível de contaminação de solos e ela- Nas sondagens dos terrenos, o
chanik, que lançou as bases do co- boração de projetos de tratamento engenheiro geotécnico é responsá-
nhecimento em Mecânica dos Solos. dos terrenos – trabalho importante vel por identificar as camadas de
O livro foi escrito pelo austríaco Karl em tempos de expansão das frontei- solo da região, determinar suas
von Terzaghi, considerado o pai da ras imobiliárias na direção de antigas propriedades mecânicas e geotéc-
Engenharia Geotécnica. regiões industriais de grandes cen- nicas – como a resistência e a defor-
"Ao longo do tempo, essa área do tros urbanos. Além da Construção mabilidade –, realizar a análise
conhecimento cresceu, absorvendo a Civil, o setor petrolífero do País ten- qualitativa dessas informações, es-
Mecânica das Rochas e a Geologia de a ser um pólo de atração de en- tudar a hidrologia subterrânea e es-
aplicada à Engenharia", afirma Al- genheiros geotécnicos, dada a ex- tabelecer as camadas seguras para
berto Sayão, professor da PUC-RJ pansão das atividades de exploração apoio das fundações, entre outras
(Pontifícia Universidade Católica do de óleo na costa nacional. atribuições. É sua responsabilida-
Rio de Janeiro) e membro da ABMS No segmento imobiliário clássi- de, também, realizar estimativas de
(Associação Brasileira de Mecânica co, os serviços desse profissional são deformações ou rupturas devido a
dos Solos e Engenharia Geotécnica). solicitados principalmente nas etapas escavações de terra ou aterro em
De acordo com Sayão, o campo de iniciais da obra. É ele quem coorde- obras de terraplanagem.

O profissional
Marcelo Scandaroli

Como foi o início de sua carreira? Como é a sua rotina diária?


Comecei como estagiário numa Normalmente chego muito cedo no
grande empresa chamada Themag. escritório para organizar projetos, no
Na época, tive a felicidade de meio da manhã visito obras de
estagiar na Usina Hidroelétrica de fundações e contenções e à tarde
Tucuruí (AM) e fiquei maravilhado desenvolvo projetos. À noite sonho com
com os equipamentos de as obras com as quais estou envolvido.
terraplanagem, pelo túnel Acredito que a maioria dos profissionais
escavado em rocha sob as desse ramo tem estilo de vida muito
estruturas de concreto, parecido com o meu.
Ivan Joppert Júnior instrumentações da barragem e
projetista de fundações e diretor da laboratório de solos. Foi paixão à Como você se atualiza
Infraestrutura Engenharia primeira vista que dura até hoje. profissionalmente?

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pelo mercado. Alberto Sayão con-


Currículo corda com o projetista: "na faculda-
de, o profissional aprende a calcular
Atribuições: investigação de solos, (mecânica dos solos, estabilidade
e projetar; no canteiro, porém, ele
elaboração de projetos de fundações, das construções, estruturas
toma contato com as diversas meto-
contenções e escavações, supervisão metálicas e de concreto armado)
dologias construtivas, problemas e
de serviços de terraplanagem, Experiência: de dois a cinco anos
soluções". "O melhor profissional é
perícias técnicas trabalhando em canteiros
aquele que estudou muito e que
Formação: graduação em Aptidões: afinidade com cálculos
amassou muito barro, errou bas-
engenharia civil e pós-graduação estruturais, estabilidade das
tante e aprendeu com seus erros o
(especialização ou mestrado) com estruturas, mecânica dos solos,
limite da sua área de atuação", brin-
disciplinas da área geotécnica entre outros
ca Joppert.
A realização de cursos de atua-
lização e pós-graduação em geo-
O cálculo das fundações e con- mina as cargas atuantes nas bases tecnia é indispensável. Para Alber-
tenções de uma construção, área dos pilares – informações necessá- to Sayão, depois de dois anos em
onde solo e estrutura estão em per- rias para que o projetista de funda- canteiro, o engenheiro está apto a
manente interação, também deve ções dimensione a base de apoio do partir para um curso de pós-gra-
ficar sob responsabilidade de um edifício e escolha a melhor tecnolo- duação. Na visão do professor, a
engenheiro geotécnico. Ele estará à gia para sua execução: radier, sapa- melhor opção seria o mestrado.
frente do planejamento e execução tas, tubulões, estacas pré-moldadas "Cursos de Especialização (lato
das escavações e contenções do ter- e hélice contínua, entre outros. sensu) em Geotecnia são mais
reno, acompanhando com atenção Eventuais ajustes são tratados com raros no País", afirma. "O Mestra-
as acomodações de solos decorren- o calculista estrutural, que negocia do, por sua vez, é um grande trei-
tes do serviço. Esse profissional es- alterações no desenho com o arqui- namento. Com os conhecimentos
colherá, ainda, o melhor tipo de teto responsável. adquiridos na graduação, o aluno
contenção para cada obra, além de E qual o caminho para chegar à se debruça sobre um problema, re-
cuidar da estabilização dos solos, no Engenharia Geotécnica? Para quem solve-o e enfim o reporta em seu
caso de terrenos acidentados. acaba de sair da faculdade, o ideal, trabalho final." Para Joppert, a par-
Nas etapas de produção e execu- segundo os engenheiros entrevista- ticipação em congressos e palestras
ção dos projetos de um edifício, o dos pela Téchne, é primeiro adqui- também é importante para agregar
calculista das fundações manterá, rir certa experiência em canteiro. "É ao conhecimento do profissional a
na maior parte do tempo, contato muito difícil um engenheiro come- experiência prática de outros cole-
próximo com o arquiteto e, princi- çar uma carreira geotécnica sendo gas do ramo.
palmente, com o calculista estrutu- um recém-formado", afirma Ivan Essa base teórica e prática irá
ral da construção. O primeiro traça Joppert Júnior. Ele acredita que, compor os fundamentos da carrei-
o desenho geral do edifício, o se- nessa especialidade, a experiência ra do engenheiro geotécnico. Por
gundo projeta a estrutura e deter- do profissional é muito valorizada isso, o profissional deve focar sua
formação básica em disciplinas
como geologia, mecânica dos solos
e obras de terra, fundações, estabi-
lidade da construção e estruturas
de aço e concreto armado. Com
Leio tudo o que é publicado. Nesse Quais as maiores dificuldades
essas ferramentas, será mais fácil
aspecto, parabenizo a Téchne que, enfrentadas no dia-a-dia?
lidar com os desafios que surgirão
por vezes, me proporcionou novos Atualmente, os prazos apertados e o
no dia-a-dia. Mas, apesar das difi-
conhecimentos por meio de suas conseqüente desgaste que geram nos
culdades, para Ivan Joppert Júnior
publicações técnicas. relacionamentos profissionais.
o trabalho é gratificante. "Não
existe rotina, todos os dias você
Quantas horas, em média, Do que você mais gosta em sua
aprende e tem que utilizar o seu
trabalha por dia? profissão?
potencial intelectual e toda a sua
Eu não trabalho, eu me divirto O que mais me atrai é a falta de
experiência e conhecimento para
exercendo a minha profissão em padronização das obras, pois o solo é
resolver os problemas cotidianos.
média 12 horas por dia de heterogêneo, cada obra tem a sua
A sensação de realização é muito
segunda a sexta-feira e quatro solução particular, o que exige
grande", conclui.
horas no sábado. criatividade constante para solucioná-las.
Renato Faria

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MELHORES PRÁTICAS
Lajes nervuradas
Montagem e desenforma das cubetas plásticas exigem cuidados para
não danificar as peças. Atenção especial também durante o lançamento
e adensamento do concreto

Fixação Concretagem
Não se deve utilizar pregos na fixação das fôrmas. As fôrmas plásticas têm um limite de
A montagem correta dispensa qualquer elemento resistência à pressão exercida sobre
fixador. Os fabricantes consideram danificadas as peças sua superfície. Portanto, as
devolvidas com pregos ou furos. concretagens devem ser feitas em
camadas, evitando o acúmulo de
Fotos: Marcelo Scandaroli

concreto sobre as peças.

Desmoldante
Quando todas as cubas plásticas
estiverem posicionadas, aplica-se
o líquido desmoldante em
concentrações adequadas sobre a
superfície limpa. O trabalho pode
ser feito com o auxílio de rolo ou
por aspersão.

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melhores praticas 124.qxd 4/12/2008 15:09 Page 19

Vibração Retirada
O adensamento do concreto deve ser realizado na região Atenção para que a peça não caia de
de encontro das nervuras. Recomenda-se que o grandes alturas e seja danificada.
diâmetro do vibrador não seja maior do que 25 mm, Durante a desmoldagem, se
independentemente do tipo e da altura da fôrma. necessário, peça o auxílio de um
segundo operário para a retirada
segura da fôrma.

Desenforma
A desenforma deve ser realizada com
cuidado, sem forçar os cantos da
peça, regiões mais frágeis. Isso deve
ser feito a uma distância de
aproximadamente 10 cm ou 15 cm
da quina da fôrma.

Colaboração: Tito Lívio Garcia Chagas, assistente técnico da Atex do Brasil


Por questões logísticas, as fotos não foram tiradas na mesma obra

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ENTREVISTA
Engenharia econômica
Crise não inviabiliza construção industrializada. Uso de sistemas construtivos
prontos permite equipes mais enxutas, defende diretor técnico da Rodobens

Marcos Alves
GERALDO ANTONIO CESTA
Formou-se engenheiro civil em
1981 pela Escola de Engenharia de
Piracicaba. Diretor técnico da
Rodobens Negócios Imobiliários
desde o ano de 2006, ingressou
como gerente técnico na empresa
em 1995. Tem 27 anos de
experiência profissional em
empresas privadas do segmento de
Construção Civil. Desenvolveu
projetos, sistemas construtivos e
administrou equipes de produção.
Participou do lançamento de 70
empreendimentos, que somam
tuando no segmento imobiliário distância da mão-de-obra. "Os progra-
18 mil unidades habitacionais.
A econômico, a Rodobens Negócios
Imobiliários foi uma das primeiras
mas são transmitidos ao vivo e há a
possibilidade de interação com a pro-
empresas a apostar na utilização de gramação via telefone, com perguntas
sistemas construtivos industrializa- dos telespectadores", afirma Cesta.
dos. São fôrmas de plástico, aço ou De acordo com o engenheiro, o
alumínio preenchidas com concreto momento de turbulência não deve afe-
celular para executar de uma vez só as tar o planejamento da área de Enge-
paredes das casas. O sistema possibili- nharia da Rodobens em 2009. Os lan-
ta à Rodobens executar uma unidade a çamentos prometidos para 2008 e as
cada dois dias, em média. metas para 2009 estão mantidos, a des-
A empresa foca seus lançamentos peito da crise de crédito no mercado.
em cidades do interior brasileiro com Da mesma forma, as equipes contrata-
população acima de 150 mil habitan- das para essas obras continuarão na
tes. Já executou empreendimentos em empresa. Quanto ao suprimento de
31 cidades de nove Estados do País. À equipamentos e materiais de constru-
revista Téchne, o diretor técnico da Ro- ção, ele acredita que o novo cenário
dobens Negócios Imobiliários, Geraldo será de equilíbrio entre oferta e deman-
Antonio Cesta, conta como é feito o ge- da. "[Com a crise de crédito] permane-
renciamento e o controle de qualidade ceram em cena os lançamentos que efe-
de obras geograficamente tão disper- tivamente tinham base sólida para
sas. Para isso, a empresa se vale até de acontecer. Isso fez com que aquela de-
uma TV corporativa que transmite, via manda [por equipamentos e materiais]
satélite, programas para a capacitação a sofresse um desaquecimento", afirma.

20 TÉCHNE 141 | DEZEMBRO DE 2008


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A Rodobens Negócios Imobiliários eventos programados, as equipes se


tem obras espalhadas pelo País, deslocam para o ponto da obra onde
algumas delas executadas em
“Depois desse ficam o receptor e o aparelho de televi-
parceria com construtoras e período de cerca de são e assistem aos programas gerados
empreiteiras locais. Como é feita a aqui em nossa base. Essa ferramenta
administração de tantos contratos?
dois meses entre o tem sido muito importante para que
Existem duas situações, basicamente. início do treinamento possamos divulgar o conhecimento
Em alguns casos, nós temos sócios- teórico, as inovações. Além disso, os
parceiros. Portanto, além de constru-
teórico da mão-de- programas são transmitidos ao vivo e
tor, ele é sócio no empreendimento. obra e o final da há a possibilidade de interação com a
Nesses casos, o meu gerenciamento programação via telefone, com per-
fica minimizado, porque ele também é
supervisão dos guntas dos telespectadores.
exercido pelo parceiro. Eu faço apenas trabalhos práticos,
uma supervisão. Quando nós não Qual o investimento nessa tecnologia?
temos sócios, eu mesmo exerço o ge-
esta primeira equipe Trata-se de um investimento antigo. A
renciamento da construção. Em acaba se tornando um central de TV corporativa é do grupo
ambos os casos, nós contratamos Rodobens, não foi feita especialmente
mão-de-obra local e a treinamos pre-
agente multiplicador” para nosso segmento de Construção.
viamente. Essas empresas são convi- O que nós pagamos é o custo horário
dadas a virem a São José do Rio Preto de funcionamento de TV, de locação
[interior de São Paulo], onde é a nossa orientações e o conhecimento de exe- do satélite e eventualmente algum
base, para receber capacitação teórica cução do sistema construtivo para as custo de produção de algum progra-
de uma semana a dez dias. Depois, vol- outras. Portanto, a partir do momento ma, gravação e distribuição em DVD.
tam ao local da obra e levam consigo em que formamos o primeiro grupo, Mas não é um valor muito alto.
um supervisor nosso, que acompanha as coisas ficam mais fáceis.
os primeiros trabalhos pós-treina- Como vocês trabalham em
mento. Esse líder supervisiona em Como a empresa utiliza a Tecnologia Pesquisa e Desenvolvimento
obra a aplicação prática do trabalho da Informação na área de de sistemas construtivos?
teórico desenvolvido em nossa base. Engenharia? Todos que atuam na empresa estão
Esse acompanhamento se estende por As obras são, naturalmente, todas in- antenados nas novidades. Quando
um mês, ou até mais, até que eles te- formatizadas e interligadas em rede algo interessante surge, as sugestões
nham efetivo domínio da execução do com São José do Rio Preto. Existe um são encaminhadas para mim. Boa ou
sistema construtivo. O gerenciamento modelo de gestão de empreendimen- ruim, a idéia é enviada. Eu repasso
dessas obras é feito totalmente da cen- tos, baseado em alguns relatórios, em para meu departamento de projetos,
tral. Há um time composto por geren- que o engenheiro exerce a supervisão e onde há profissionais – dois enge-
tes técnicos e coordenadores locais o acompanhamento da obra ao nheiros e uma arquiteta – que filtram
que prestam contas à base. mesmo tempo em que remete os as sugestões e analisam sua viabilida-
dados aqui para a nossa central. O de econômica.
Quais são os desafios enfrentados acompanhamento é feito a distância,
para garantir a padronização da diariamente, por meio de um painel Qual a importância, para a
qualidade? de controle aqui na central. A partir empresa, da Avaliação
O trabalho mais difícil é selecionar e das informações que surgem no siste- Pós-Ocupação dos imóveis
treinar a mão-de-obra adequadamen- ma, caso vejam que uma obra exige produzidos em larga escala?
te, formar a primeira equipe. Tanto no uma atenção maior, os gerentes ou Nós temos, ligado ao nosso departa-
caso do parceiro, que é nosso sócio, coordenadores tomam as medidas mento de marketing, um canal de co-
como na situação em que nós geren- preventivas necessárias. municação que, além de receber as li-
ciamos, a dificuldade é a mesma: cons- gações dos clientes com dúvidas ou
cientizar a equipe pioneira sobre a ne- E em outras áreas da empresa? reclamações, exerce um trabalho de
cessidade de executar a obra dentro de Na parte de treinamento, além do tra- pesquisa pós-ocupação com esses
nossos padrões de qualidade e de balho com as equipes feito "in loco" em consumidores. Por meio dessa ação,
prazo. Porém, depois desse período de nossa base no interior de São Paulo, visa-se descobrir, com os clientes,
cerca de dois meses entre o início do nós temos uma TV corporativa. Nos itens que possam agregar valor ao
treinamento teórico e o final da super- canteiros, há uma antena que recebe o produto, que justifiquem alteração
visão dos trabalhos práticos, esta pri- sinal transmitido via satélite. Com o de projeto, aspectos do imóvel que
meira equipe acaba se tornando um uso dessa tecnologia, nós fazemos trei- lhes agradam ou desagradam. O tra-
agente multiplicador. Ela transmite as namento também a distância. Existem balho é feito semestralmente e os re-

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ENTREVISTA

sultados são transmitidos para a Os nossos empreendimentos com lan-


nossa área técnica de forma que pos- çamento prometido para 2008 estão
samos analisá-los e adaptar nossos
“Nós temos uma TV mantidos, não houve nenhum cance-
projetos de acordo com o interesse corporativa. Nos lamento. As nossas metas de lança-
de nosso cliente. mento para 2009 também estão man-
canteiros, há uma tidas. Nós sempre tivemos muito cui-
Que tipos de modificações de antena que recebe o dado na hora de lançar, estudando
projeto já foram feitas com base sempre muito bem a viabilidade dos
nessas avaliações?
sinal transmitido via empreendimentos, porque o risco
Essas modificações não são significati- satélite. Com o uso sempre existiu, não é agora que ele é
vas, porque nós realizamos muitas maior. A turbulência fez com que as
pesquisas antes de lançar um em-
dessa tecnologia, nós empresas pesquisassem um pouco
preendimento. Portanto, no projeto, já fazemos treinamento mais, coisa que a gente sempre fez.
está embutido o desejo do cliente. De- Nossas pesquisas de mercado sempre
pois da ocupação, o que existe é mais
também a distância” são feitas muito próximas das datas de
um refinamento. Eu tenho certa limi- lançamento, porque elas têm prazo de
tação para mexer na estrutura da casa, validade. E essas pesquisas dão solidez
pois elas são feitas em concreto com versidades locais. Tudo para que o ao nosso planejamento, por isso a ma-
moldes de alumínio ou plástico. No projeto atenda a essas necessidades. nutenção de nossa meta para o ano
entanto, já tivemos casos de aberturas Buscamos oferecer meios de trans- que vem.
de portas, modificação de um layout porte alternativos, construímos ciclo-
interno de banheiro – trocando a posi- vias, investimos em paisagismo. Tanto Como isso se reflete no quadro de
ção de pias e bacias sanitárias, por que nós pensamos em cadastrá-lo funcionários?
exemplo. Mas, de maneira geral, o para receber uma das certificações de Nós sempre trabalhamos com times
projeto já é lançado bastante maduro. sustentabilidade disponíveis no setor bastante enxutos, que vão sendo incre-
de construção brasileiro. mentados de acordo com as necessida-
A certificação ambiental de des. Nós apenas antecipamos as con-
empreendimentos residenciais Há cerca de seis meses, as tratações, em relação ao período de
é viável? construtoras se queixavam da falta execução dos empreendimentos, para
A certificação ambiental é tão mais de engenheiros qualificados no poder oferecer o treinamento necessá-
importante ou viável quanto maior mercado, e houve uma verdadeira rio à mão-de-obra. Então, as pessoas
for o empreendimento. Uma coisa é corrida por esses profissionais. que eram para ser contratadas já fazem
você fazer um empreendimento Como isso ocorreu na empresa? parte de nosso quadro. Os profissio-
numa área razoavelmente urbaniza- Eu acredito que esse problema tenha nais de que eu vou precisar no início de
da, onde ele terá pouco ou nenhum ocorrido de fato. Houve um longo pe- 2009 já estão na empresa e vamos dar
impacto no entorno no que se refere a ríodo de baixa atividade no setor da continuidade ao trabalho para atingir
aumento do trânsito ou de demanda Construção que fez as pessoas perde- aquilo que nós projetamos.
de recursos. Em empreendimentos rem o interesse em seguir na Enge-
menores, em regiões já desenvolvidas, nharia Civil. A quantidade de matrí- Qual o perfil profissional do
é de pouca validade fazer um trabalho culas nas escolas de Engenharia foi engenheiro indispensável para a
nesse sentido. Porém, existem outros caindo e elas deixaram de formar pro- empresa?
empreendimentos, grandes, em que fissionais. Some-se a isso o fato de Além de um bom conhecimento geral
investir nisso vale a pena. Nós temos haver uma demanda forte e concen- em Construção Civil, é desejável que
um empreendimento em Palhoça, lo- trada num período e você tem o pro- ele tenha experiência na condução de
calizado numa área de 200 hectares, blema que ocorreu. Nós não sentimos empreendimentos habitacionais –
que abrigará em torno de sete mil mo- muito esse problema devido à nossa horizontais ou verticais. Outra carac-
radias entre condomínios horizontais região de atuação. Essa falta ocorreu terística que nós valorizamos muito é
e verticais, além de edifícios comer- mais nos grandes centros urbanos, que ele tenha noções gerenciais sóli-
ciais e de serviços. É uma cidade, com onde se concentrava o grande volume das para administrar não só a execu-
28 mil a 30 mil moradores. Em proje- de lançamentos. Como nossa atuação ção do empreendimento, mas tam-
tos desse tamanho, aplicar conceitos é pulverizada, no interior de São bém seu desempenho financeiro. Um
de sustentabilidade é fundamental. Paulo e em outros Estados, nós não diferencial importante, para nós, é
No desenvolvimento desse projeto, sentimos muito o problema. uma formação complementar em En-
nós agregamos à nossa equipe profis- genharia de Produção. São caracterís-
sionais da área de sustentabilidade e E como está o planejamento para os ticas que se ajustam ao nosso sistema
planejamento urbano ligados a uni- próximos meses? de produção seriado.

22 TÉCHNE 141 | DEZEMBRO DE 2008


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O que mudou na relação com os Eu acredito que o sistema construti-


fornecedores? vo que adotamos é adequado. Ele
Eu estava mais preocupado antes do
“A certificação propicia um ritmo de construção
período de turbulência. Havia muitos ambiental é tão mais mais cadenciado e organizado, e com
lançamentos projetados por outras uma demanda menor de mão-de-
empresas – muitos viáveis, outros
importante ou viável obra especializada. Não é uma mão-
não. E, mesmo que elas anunciassem quanto maior for o de-obra artesanal, eu mesmo a
um empreendimento que às vezes formo. Portanto, eu tenho um con-
nem era viável, isso gerava demanda
empreendimento” trole maior da situação. Eu não vejo
junto aos fornecedores. E em deter- nenhum reflexo negativo da atual si-
minado momento eles alegaram que tuação sobre esse sistema.
não teriam capacidade para atender a As empresas se acomodam. Elas esta-
essa demanda. Com essa nova realida- vam num crescente, planejando au- O VGV (Valor Geral de Vendas) é um
de, houve um refinamento. Permane- mento de produção, de plantas fabris, indicador adequado para medir a
ceram em cena os lançamentos que para atender uma demanda que se eficiência das incorporadoras?
efetivamente tinham base sólida para tornou muito menor. Elas também Acho que o VGV, isoladamente, não é
acontecer. Isso fez com que aquela de- estão se adequando à nova realidade um indicador que diga algo sobre
manda sofresse um desaquecimento. do mercado, dando uma tranqüilida- uma empresa ou sobre o mercado.
Eu estou mais tranqüilo agora, não de maior para o consumidor. No nível Pode-se ter um VGV projetado que
estou mais enfrentando problemas de em que estava, certamente enfrenta- não se sabe se o mercado vai absorver.
falta de materiais – como o cimento, ríamos problemas. Outra questão: qual será a rentabili-
por exemplo. dade que esse VGV irá gerar? Um
A viabilidade econômica dos VGV alto é bom, desde que o mercado
Quais suas perspectivas para sistemas construtivos consuma esses produtos todos e que
preços de materiais de construção industrializados é afetada no sua rentabilidade seja adequada.
para 2009? novo contexto? Renato Faria
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INDÚSTRIA

Expansão coordenada
Obras de ampliação de fábrica da Duratex em Agudos (SP) exigiram
coordenação e acompanhamento intensivos das equipes de engenharia para
cumprimento de cronograma
Divulgação: Duratex

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e acordo com o cronograma da Era abril de 2007 quando os en- poderiam ser iniciados", revela Clau-
D Duratex, está prevista para este
mês a conclusão das obras civis de
genheiros da Duratex começaram a
se reunir com os fornecedores do
dio Rosseto, gerente de engenharia
da unidade de Agudos. É ele o res-
ampliação de sua unidade de produ- maquinário de produção – Andritz, ponsável pelo meio de campo entre
ção de chapas de MDF em Agudos Vincky, Siempelkamp, entre outros. as equipes de engenharia dos forne-
(272 km a Oeste da cidade de São Nesse primeiro momento, foi defini- cedores e da fábrica da Duratex.
Paulo). Quando a nova linha entrar do o layout básico e a localização dos "Depois do 'congelamento' do la-
em operação, a unidade verá tripli- equipamentos na planta. Em agosto yout, apenas pequenas alterações
cada sua capacidade de produção do daquele ano, essas empresas forne- eram solicitadas pelos fornecedores,
material, matéria-prima utilizada ciam os projetos de engenharia de e essas eram imediatamente comu-
principalmente pela indústria move- seus equipamentos para a Duratex. nicadas para as equipes de engenha-
leira. Isso deve ocorrer em março de "Apenas com esses projetos 'conge- ria responsáveis", explica.
2009, cerca de 22 meses depois do lados', ou seja, em sua configuração A partir do momento em que os
início do planejamento das obras. final, os projetos de engenharia civil contratos com os fornecedores eram

Expedição
Execução antecipada
Marcelo Scandaroli

De acordo com Luiz Henrique


Yogolare, a ordem "mais comum" de
construção de uma obra industrial é
executar primeiro o Edifício da
Produção. "A Expedição geralmente é
o último edifício erguido", afirma.
Mas não foi o que ocorreu nessa obra.
Havia um problema logístico: já
existia uma fábrica de MDF operando
no local. No entanto, a rua de acesso
à sua área de expedição localizava-se
exatamente onde o novo Edifício de
Produção seria construído. Portanto,
se ele fosse executado primeiro, não
haveria como despachar os produtos
da linha em operação. Optou-se,
portanto, por antecipar a construção
da área de Expedição da nova
fábrica, por onde os produtos
da linha de produção existente
poderiam ser escoados. Com isso,
a via estaria liberada para dar de 52 m e um vão de 54 m em uma de produção em intervenções
lugar à nova estrutura. direção; na transversal, os pilares futuras. "O maior desafio para fazer
O galpão de 25 mil m² foi executado distanciam-se de 13,25 m. A esse tipo de reforma em edifícios
em cinco meses. Com lados de 158 m intenção era proporcionar maior existentes é a grande quantidade
e 159 m, conta com poucos pilares e flexibilidade de layout, inclusive de pilares, que inviabilizam a
grandes vãos vencidos pela estrutura considerando a possibilidade de instalação de máquinas no local",
metálica da cobertura. São dois vãos transformar o galpão em uma linha afirma Yogolare.

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INDÚSTRIA

Edifício da produção
Cronograma e fundações Base da prensa
Com a nova área de expedição pronta, O segundo passo foi a concretagem da

Fotos: Marcelo Scandaroli


partiu-se para a execução do edifício da laje de fundo e das paredes laterais do
produção. A complexidade do processo rebaixo onde seria montado o
de construção dessa estrutura decorre equipamento. Alegando segredo
do prazo apertado para sua entrega. industrial, a empresa não revela o
Faltavam apenas quatro meses para comprimento da base, mas afirma que a
entregar o edifício antes que as peças da máquina de prensagem será a maior do adição de microssílica à mistura, que
prensa – coração da linha de produção mundo. Em 12 horas, foram lançados proporcionou menor índice de vazios ao
de MDF – começassem a chegar da 450 m³ de concreto para a produção da concreto e ganhos de resistência –
Alemanha para serem montadas no local. laje de fundo, que teria 60 cm de projetado para atingir fck de 35 MPa, o
Primeiro, foram produzidas as fundações espessura. Duas semanas depois, foram concreto ensaiado alcançou resistências
da estrutura do edifício e da prensa. concretadas as duas paredes laterais do superiores a 40 MPa, de acordo com os
Localizadas sobre solo siltoso, as rebaixo, cada uma em seis horas. Todas engenheiros da Duratex. A taxa de aço
estruturas exigiam fundações profundas as peças foram submetidas a uma das armaduras da base da prensa é de
nas regiões de maior carregamento. semana de cura úmida. 150 kg/m³ de concreto.
As estacas hélice-contínua tinham De acordo com o projetista estrutural Logo depois vieram as frentes de
diâmetros variáveis entre 30 cm e 60 cm Luiz Cholfe, o desafio era produzir peças produção das estruturas pré-fabricadas
e comprimentos de 15 m a 20 m. com grandes dimensões sem juntas de de concreto – pilares, lajes e vigas-
O dimensionamento das fundações dilatação. "Por isso, o cálculo foi feito calhas – e a estrutura metálica utilizada
das bases considerava, ainda, cargas levando-se em conta os efeitos de na cobertura e no fechamento. Por fim,
horizontais da ordem de 140 t resultantes temperatura, retração e carregamento foram executados os pisos e os
da operação do motor da prensa. das peças", explica. Houve também acabamentos do edifício.

Pilares pré-moldados
Todos os pilares pré-moldados de contraporca, reduzindo o tempo de onde os pilares são confeccionados.
concreto foram "calçados" com uma execução do serviço. Yogolare conta que a base metálica
base metálica. Sua função é possibilitar As peças foram fabricadas por uma das possui armaduras de arranque, que são
uma fixação mais fácil do elemento pré- fornecedoras de estruturas metálicas da unidas à armadura do pilar. Os pilares
moldado à base de concreto, por meio obra. Elas são enviadas para a fábrica de pré-moldados apóiam vigas-calhas e
de chumbadores com porca e estruturas pré-moldadas de concreto, coberturas metálicas.

Passo-a-passo da execução
Fotos: Mauricio Silva

1 Concretagem da base do
pilar com os chumbadores
já posicionados

2 Confecção e transporte dos


elementos pré-moldados com
o "calço" metálico

1 2
3 Encaixe da peça nos
chumbadores da base

4 Fixação do elemento
estrutural por meio de
porcas e contraporcas

3 4

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Áreas externas
Fundações
A maioria das fundações dos equipamentos das
áreas externas foi executada com estacas
escavadas. No caso da refinadora (equipamento
que, segundo recomendações do fabricante,
não poderia estar sujeito a vibrações muito
intensas), foi preciso criar um sistema de
amortecimento que garantisse sua estabilidade
durante a operação. Esse sistema era composto
pela base do equipamento, chamada de bloco
de inércia, uma peça maciça de concreto de
aproximadamente 70 m³ (10,9 m x 2,3 m x
3,0 m, com alguns recortes) e fck 30 MPa.
Esta era separada do bloco de fundações por
uma camada de 40 mm de neoprene, material
que auxilia na absorção das movimentações
da refinadora. Todo o sistema é apoiado sobre
oito tubulões de 90 cm de diâmetro e bases
de 2,0 m de diâmetro.

27
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INDÚSTRIA

assinados, o relógio começava a cor-


Áreas externas (continuação) rer para a Duratex. Para evitar atra-
sos no cronograma e não depender
Topografia
de apenas uma construtora, a em-
De acordo com Yogolare, da Duratex, os previam multas se houvesse atrasos no
presa contratou três empreiteiras
construtores acompanharam de perto os cronograma. "A precisão dos níveis a
para tocar as obras de ampliação. As
trabalhos de topografia. "Apesar de laser era da ordem de décimos de
áreas externas – onde estão os pri-
serem trabalhos de construção civil, nós milímetros, para distâncias, e de um
meiros equipamentos da linha de
alcançamos um nível de precisão de segundo, para ângulos", explica o
produção – ficaram por conta da
engenharia mecânica", afirma Yogolare. engenheiro. Para assegurar a precisão
Ribeiro Caram. O Edifício da Pro-
Como os equipamentos foram dos resultados, a Duratex contratou uma
dução, sob responsabilidade da
comprados com antecedência de equipe de topografia própria, de forma
Construtora Toda. O galpão da Ex-
fornecedores europeus – que viriam ao que as duas medições fossem
pedição foi executado pela Cons-
Brasil apenas para os trabalhos de imediatamente comparadas.
trutora Resiplan. "Assim, se hou-
montagem –, edifícios, aberturas e
vesse paralisação em uma das fren-
estruturas deveriam estar rigorosamente
tes da obra por qualquer motivo, te-
nas posições previstas em projeto. Todo
ríamos a garantia de que as outras
cuidado era pouco para evitar
partes estariam em andamento", ex-
retrabalhos, já que, no contrato firmado
plica Luiz Henrique Yogolare, enge-
com aquelas empresas, cláusulas
nheiro da Duratex.
Renato Faria

FICHA TÉCNICA
Construtoras: Toda, Ribeiro
Caram e Resiplan
Concreto: Holcim e Engemix
Aço para armaduras: Gerdau
Pré-moldados de
concreto: Cinasa
Fundações (execução): Exata
Fundações Especiais
Topografia: Geoplan
Estruturas metálicas: Estrutel,
Fotos: Marcelo Scandaroli

Metasa e Marfin
Telhas metálicas: MBP
Montagem eletromecânica:
Palmont e Ebapi
Instalações elétricas: EL
Montagens e Japy
Consultoria de fundações:
Cepollina Engenheiros Consultores
Projetos de estruturas e de
fundações (áreas externas):
França & Associados
Projetos de estruturas de
concreto, metálicas, de
fundações, coberturas, bases de
equipamentos, pipe-rack e pisos
de concreto (edifícios da
Produção e Expedição): Statura
Engenharia e Projetos
Executados com fôrmas deslizantes em dez dias cada um, os dois silos de concreto Pisos (execução): ATT
armado que estocarão os cavacos de madeira têm 25 m de diâmetro e 20 m de altura Engenharia e Construções

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CAPA

Sustentabilidade high tech


Extravagantes, edifícios como os de Dubai e China tentam provar que
são sustentáveis. Por isso, transformaram-se em grandes geradores eólicos
e captadores fotovoltaicos. Mas isso é viável?

os parques de diversões da arqui-


N tetura contemporânea, a corrida
tecnológica flerta agora o discurso
ecológico. Turbinas eólicas incorpo-
radas em arranha-céus em Bahrain,
grandes painéis fotovoltaicos em
Dubai, sistemas geotérmicos na Chi-
na e imensas coberturas vivas na Ca-
lifórnia vão bem além das exigências
de certificações ambientais. Mas quan-
to esses recursos podem de fato con-
tribuir para melhorar a eficiência
das edificações – e mais, o quão pró-
ximo da realidade esses sonhos nas
alturas chegam?
Os fortes ventos trocados entre o
Golfo Pérsico e o deserto levaram a
uma escolha óbvia em países da Pe-
nínsula Arábica: turbinas eólicas in-
corporadas na edificação. "No caso de
arranha-céus, pode haver um poten-
Divulgação: Atkins

cial de aproveitamento. Estamos fa-


lando de mais de 100 m de altura,
onde a velocidade do vento tende a ser
mais alta do que no solo", diz o enge-
Bahrain World Trade Center, do escritório britânico Atkins, incorporou três turbinas
nheiro Fernando Westphal, gerente de
eólicas, que geram 15% da energia consumida pelo edifício
eficiência energética do Centro de
Tecnologia de Edificações.
Desde abril de 2008 três turbinas jetivo é que a brisa do Golfo Pérsico Segundo a Atkins, o custo de até
unidirecionais de 29 m de diâmetro suprisse até 15% da energia consumi- 30% do valor do projeto tornaria in-
giram entre as duas torres gêmeas de da pelo prédio. Isso representaria 1,3 viável a integração de turbinas de
240 m de altura e em forma de vela do mil MWh por ano, suficientes para larga escala, tanto por conta da adap-
Bahrain World Trade Center, criado iluminar 300 casas e deixar de emitir tação do projeto do prédio quanto das
pelo escritório britânico Atkins. O ob- 55 t de carbono anuais. pesquisas de turbinas especiais. A so-

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Dubai International Financial


Centre Lighthouse
Dubai, Emirados Árabes Unidos
lução foi usar turbinas convencionais Atkins
sustentadas cada uma por um eixo  Altura: 400 m (66 andares)
horizontal de 50 t.  Três turbinas eólicas de eixo horizontal
A solução não foi a ideal – melhor de 29 m de diâmetro e 225 kW máximos
Divulgação: Atkins

seria que tivessem eixo vertical. "As com ventos entre 15 e 20 m/s
turbinas eólicas de eixo vertical têm a  4.000 painéis fotovoltaicos
vantagem da facilidade de manuten-  Projeto conceitual
ção, normalmente funcionam com
vento vindo de todas as direções, sem
a necessidade de possuírem mecanis-
Burj al-Taqa, Bahrain
mos como leme para colocarem as pás
Bahrain
na direção dos ventos", diz a professo-
Gerber Architekten, DS Plan
ra Eliane Fadigas, do Departamento
de Engenharia e Automação Elétricas  Altura 322 m (68 andares)
da Escola Politécnica da Universidade  Sistema de "torres de vento"
de São Paulo. Mas o balde de realismo  Turbina eólica de eixo vertical Darrieus
de 60 m de altura no topo do edifício
no deserto de fantasias fez com que
sua incorporação custasse menos de  32 mil m² de painéis fotovoltaicos
3% do projeto, segundo o escritório.  Estação de hidrólise para
produção de H2
Divulgação: Gerber Architekten

Para resolver o fato de a turbina


ser fixa, a Atkins projetou para as tor-  Brise giratório que acompanha o sol
res um perfil elíptico que afunila o  Formato cilíndrico para diminuir a
área exposta ao sol forte do Golfo Pérsico
vento. Testes em túnel de vento mos-
traram que o desenho não apenas  Custo: US$ 406 milhões
forma pressão negativa na parte de  Status: projeto
trás do prédio, o que acelera o vento
entre as torres em até 30%, como viável economicamente a instalação quirir o sistema e aí começamos a ter
também o desvia num percurso em tanto da tecnologia fotovoltaica benefícios significativos para todos."
formato de "S" cujo centro permanece quanto eólica em edificações nas áreas
quase perpendicular à turbina dentro urbanas", diz Eliane. Tecnologia dez, emissões zero
de um azimute de 45º. Mas, segundo Westphal, não fal- A China, onde ficam 16 das 20 ci-
Embora a idéia do BWTC tenha tam recursos e razões para investido- dades mais poluídas do mundo, está
sido diminuir a dependência de reser- res bancarem essas tecnologias em correndo atrás para não sobrar como
vas energéticas fósseis num clima de- empreendimentos de alto nível. "Cer- a vilã ecológica do século 21. Além de
sértico, seu projeto não tem estraté- tamente, o investidor vai tirar proveito construções com certificação Leed do
gias de baixa emissão de carbono dos como uma estratégia de marketing, Green Building Council na Vila Olím-
padrões europeus. mas a sociedade vai sair ganhando pica de Pequim e da ecocidade Dong-
Caro demais para o Brasil? Por en- com o alívio proporcionado ao parque tan, em construção para servir de mo-
quanto, sim. Embora algumas regiões gerador de energia, o que diminui os delo de sustentabilidade na Expo-
brasileiras como o litoral do Nordeste impactos ambientais. Esse alívio pode Xangai de 2010, está previsto para esse
e o Rio Grande do Sul tenham um po- ser ínfimo, se pensarmos em um ou mesmo ano o primeiro arranha-céu
tencial eólico grande, "o preço da ele- dez prédios. Mas se a tecnologia for com emissão zero de carbono do país
tricidade praticada no Brasil em todos disseminada, o custo tende a baixar, – e do mundo. A americana Skidmore
os setores consumidores faz ainda in- mais empreendimentos passam a ad- Owings & Merrill espera que o vento e

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CAPA

o sol sejam capazes de abastecer toda a feito duplo fechamento em vidro low- ajuda a forçar o ar por quatro fendas
energia consumida pelo prédio proje- E, com ventilação entre as duas lâmi- na fachada, cravadas em dois andares
tado para a Guangdong Tobacco, em nas, e instalada persiana automatiza- mecânicos, onde estão instaladas tur-
Cantão, iniciado em 2006. da; a Leste e Oeste, o fechamento foi binas eólicas de eixo vertical. Segundo
Com as estratégias de redução e triplo, protegido por brise soleil. a Skidmore, esse design deve forçar a
absorção de energia, o prédio deve Contrariando o senso comum velocidade em 2,5 vezes – compen-
consumir 65% menos que o previsto sobre prédios altos, a face mais larga sando o fato de turbinas de eixo verti-
pelas leis chinesas. da torre é a que recebe maior carga de cal serem, segundo Eliane, menos efi-
Nas orientações Norte e Sul foi vento. A estrutura curvilínea da torre cientes que as de eixo horizontal.
Um sistema baseado na inércia
térmica do solo resfria a 25ºC no sub-
terrâneo a água aquecida a 38ºC nas
Academia de Ciências da Califórnia
torres de resfriamento do prédio. No
São Francisco, Califórnia, EUA
Brasil, embora haja pouca informação
Renzo Piano Building Workshop,
sobre o potencial geotérmico para a
Stantec Architecture, Arup, SWA Group
geração de energia, também é possível,
 10 mil m² de cobertura viva absorvem segundo Westphal, usar a inércia tér-
14 milhões de litros de água pluvial por ano
mica do solo para a climatização de
 213 mil kWh gerados por ano por ambientes internos. "Em São Paulo, se
60 mil células fotovoltaicas (5% a 10%
cavarmos um buraco de 6 m de pro-
do consumo do prédio)
fundidade, a temperatura do solo esta-
 90% do entulho dos prédios antigos rá praticamente a 20ºC o ano inteiro.
reutilizados na construção de uma estrada
Esse potencial pode ser utilizado por
 12 mil toneladas de aço recicladas meio de um sistema de tubos enterra-
e usadas na estrutura metálica do
dos", diz. Tal sistema consiste de uma
novo prédio
série de tubos que, quando adequada-
 50% de madeira certificada mente dimensionados a uma certa
 90% de espaços de ocupação intensa profundidade, podem resfriar o ar ex-
iluminados naturalmente
terno que passa em seu interior quan-
 Isolamento termoacústico feito com do estiver acima de 20ºC antes de in-
algodão de jeans reciclado
Shunji Ishida

troduzi-lo no ambiente interno para a


 Custo: US$ 429 milhões renovação de ar. Embora exija um
 Status: inaugurado (2008) consumo para ventilação, este é ainda
bem menor que o de condicionadores.
Para tornar o arranha-céu energe-
Genzyme Center ticamente independente, a Skidmore
Cambridge, Massachussetts, EUA incluiu ainda painéis fotovoltaicos no
Behnisch Architekten projeto. Embora vários prédios come-
 33 mil m² em 12 andares cem a adotar esses painéis, seu uso em
 Iluminação interna natural mantida por áreas urbanas, servidas por rede elé-
heliostato no teto que acompanha o sol e trica, ainda não é viável, segundo
reflete raios sobre espelho, que por sua Eliane. "Sua eficiência está em torno
vez os projeta para o átrio do prédio de 13%. Porém, geram energia em
 Redirecionamento de raios no átrio por corrente contínua, enquanto nossas
meio de candelabros de espelhos cargas funcionam em corrente alter-
 Venezianas motorizadas que direcionam nada, necessitando de outros compo-
automaticamente luz natural no perímetro nentes no sistema, entre eles os inver-
do edifício de acordo com movimento do sol sores. Assim, a eficiência total fica em
 30 mil pontos de automatização torno de 10%." Mas, para a professo-
controlados por um sistema central ra, esses módulos já são viáveis em
 Cobertura viva áreas remotas onde não há viabilidade
 1/3 de fachadas duplas, separadas em de estender a rede da concessionária.
1,2 m com vão ventilado durante o verão
 18 jardins internos Torres de vento
Anton Grassl

 Painéis fotovoltaicos O arquiteto alemão Eckhard Ger-


 Status: inaugurado (2004) ber e os engenheiros ambientais da

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DS-Plan também entraram na corri- paração a semelhantes. Para torná-lo Rodas gigantes
da da emissão zero, desta vez com um 100% auto-suficiente, foram previstos Na gincana tecnológica não basta
sistema de refrigeração da arquitetura uma turbina eólica de eixo vertical mais que hélices girem. O prédio intei-
persa: as torres de vento (veja ilustra- tipo Darrieus de 60 m de altura no ro precisa fazer malabarismos. O ar-
ção). Na Burj al-Taqa, aberturas na fa- topo da torre, dois conjuntos de pai- quiteto florentino David Fischer criou
chada a cada cinco andares permiti- néis fotovoltaicos no total de 15 mil a Dynamic Tower – um projeto de edi-
rão que a pressão negativa criada na m² e uma ilha flutuante de painéis so- fícios de uso misto cujos andares
face oposta à que recebe a carga de lares de 17 mil m² sobre o mar. O exce- giram independentemente numa ve-
vento retire o ar quente das salas. dente deve ser usado na eletrólise de locidade de uma rotação por 1,5 hora
Num poço subterrâneo com água do água para obter hidrogênio, utilizado em volta de um eixo central, onde
mar, o ar seco do deserto será refrige- na geração de eletricidade à noite. estão instalados elevadores e tubula-
rado pela evaporação. Com o diferen-
cial de pressão entre o interior do pré-
dio e o poço causado pelos ventos,
não será necessária nenhuma ventila-
ção mecânica para trazer o ar fresco
até os corredores e escritórios por
meio de cinco átrios perimetrais
transparentes e um central, nos quais
serão instalados jardins suspensos.
Para evitar o aquecimento por ra-
diação, um escudo solar cobrindo um
segmento de 60º girará em torno do
prédio entre as camadas da fachada
dupla de acordo com o percurso do

Shunji Ishida, RPBW


sol. Diferentemente de brises soleil es-
tacionários, o escudo ficará somente
onde e quando for necessário.
Segundo Gerber, esses e outros sis- Academia de Ciências da Califórnia, que recebeu certificado Leed Platina do Green
temas devem reduzir em 40% o con- Building Council americano; seus 10 mil m² de cobertura vegetal absorvem 14
sumo energético do prédio em com- milhões de litros de chuva por ano e contribuem com o isolamento térmico

Vegetação: grama sobre cobertura


Sistema antierosão
Terra
Vegetação de material reciclado Cobertura retrátil para
Membrana de retenção de água proteção contra sol e chuva
Insulamento
Camada de concreto leve
Painel de vidro contra
Telha metálica
corrente de ar gelado

Painéis fotovoltaicos Vidro laminado


sobre a face sul de segurança

Saídas de ar
pelo alto
da cobertura

Cortina de vidro
transparente
extrabranco

Sistema de
aquecimento
pelo piso

Corte da praça

33
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CAPA

ções elétrico-hidráulicas. Escondida Somente o eixo central deve ser tempo de construção reduzido em
entre cada andar está instalada uma construído no canteiro de obras. Já os aproximadamente 30%. De acordo
turbina eólica horizontal que gira apartamentos serão como um grande com o arquiteto, a construção da
nesse mesmo eixo. Fischer espera que Lego, compostos de módulos em for- Dynamic Tower precisaria de 600
elas gerem toda a energia do edifício- mato de fatias com acabamento e sis- operários e 80 técnicos no canteiro,
carrossel, junto a células fotovoltaicas tema elétrico-hidráulico prontos, in- comparados a 2.000 num projeto de
instaladas nas lajes de cada andar, que dustrializados na Itália. Os gastos com mesma escala não pré-fabricado.
terão 20% da superfície exposta ao sol. transporte estão muito longe de qual- Os objetivos da pré-fabricação não
A primeira torre, com 80 andares quer parâmetro de sustentabilidade, são apenas reduzir o tempo de monta-
espalhados em 420 m, está prevista mas, por outro lado, a montagem in gem e diminuir gastos na escala, mas
para Dubai – onde apartamentos já situ dos módulos por meio de guin- também replicar o modelo e espalhar
podem ser reservados. A segunda dastes é extremamente limpa. torres giratórias pelo mundo.
deve ser construída em Moscou, com Segundo Fischer, cada andar po- Alcir Moro, presidente da cons-
70 andares e 400 m de altura. derá ser completado em sete dias, com trutora curitibana Moro, não se mos-
tra eufórico diante da idéia de David
Fischer. "Esse projeto é apenas publi-
Cenpes da Petrobras-RJ cidade. Não há nada construído. A
Rio de Janeiro (RJ) primeira verdadeira torre giratória
Siegert Zanettini, José Wagner Garcia construída no mundo está aqui, no
(co-autor), Centro de Pesquisas da Brasil", diz Moro.
Petrobras, Labaut-FAU-USP Após dez anos de projeto e constru-
Status: Projeto ção, foi concluído em 2004 em Curitiba
seu Suíte Vollard. São duas torres inter-
Dez estratégias de sustentabilidade
ligadas de 11 andares: uma circular em
do Centro de Pesquisas da Petrobras
que cada pavimento gira independen-
1 - Orientação solar adequada
temente, propulsionado por um motor
2 - Forma arquitetônica adequada aos
de ¾ de HP,na velocidade de uma rota-
condicionantes climáticos locais
ção por hora, e outra fixa onde estão
3 - Materiais construtivos das superfícies
instaladas a circulação vertical e a parte
termicamente eficientes
hidráulica, como cozinha.
4 - Superfícies envidraçadas com taxa
Até hoje, a rotação dos aparta-
de WWR (Window Wall Ratio) adequada
mentos não resultou em moradores.
5 - Proteções solares externas adequadas
"Trata-se de um prédio conceitual, de
às fachadas
um laboratório. Foram decorados
6 - Ventilação natural
quatro apartamentos para uma feira
7 - Iluminação natural
8 - Uso da vegetação
Divulgação: Zanettini

9 - Sistema para uso racional e reúso


de água
10 - Materiais de baixo impacto ambiental

Eldorado Business Tower


São Paulo (SP) dos subsolos e na lavagem dos pisos
Aflalo & Gasperini Arquitetos das garagens
 Resíduos destinados à reciclagem  Janelas com vidros de alta transmissão
 Materiais utilizados na construção luminosa e baixa emissividade (0,30)
produzidos na região  Ar-condicionado com volume de ar
 Vagas no estacionamento destinadas variável (VAV)
a bicicletas e a veículos de combustível  Elevadores com ADC e frenagem
menos poluente regenerativa, que recupera para outros
 Água captada da chuva e da elevadores energia dissipada quando um
condensação do sistema de ar- pára numa descida
Marcelo Scandaroli

condicionado usada na irrigação de  Luminotécnica noturna com lâmpadas


áreas verdes permeáveis, no espelho fluorescentes atrás de fachada de vidro,
d'água, em vasos sanitários do térreo e evitando holofotes

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Espelhos fixos

e, depois, desmontados", diz Moro.


Hoje, passa por uma reforma que
deve ser concluída em abril de 2009.
Cada apartamento de 287 m² custará
R$ 1,5 milhão – sem turbinas eólicas.

Jardins suspensos da Califórnia Cobertura prismática


Quem visita o parque Golden
Gate, São Francisco, nos Estados Uni-
dos, encontra 10 mil m² de sua vegeta-
ção suspensa sobre colinas artificiais
pontuadas por clarabóias. Abaixo des-
sas 1.200 toneladas de solo e plantas
nativas foi inaugurado em setembro
de 2008 o novo edifício da Academia
Cortina de vidro
de Ciências da Califórnia – complexo
que reúne aquário, planetário e museu
de História Natural. O prédio, que Espelhos
consome 35% menos energia do que o
prescrito pelas leis da Califórnia, rece-
beu o certificado Leed Platina do
Green Building Council americano.
Mas o quão longe vai o benefício
proporcionado por esse tipo de co-
bertura? Neste caso, além de absorver
14 milhões de litros de água pluvial
por ano, ela substituiu o isolamento
térmico, ajudando a diminuir o uso
de ar-condicionado. Os gastos com
manutenção como irrigação, podas e
reposição foram reduzidos com a es-
colha de plantas nativas, que melhor
se adaptam ao clima da região.
Já em edifícios com áreas menores
de cobertura, a contribuição é peque-
na. "Mas se a maioria dos prédios pas-
sar a adotar esse tipo de solução, o be-
nefício para o ambiente urbano vale a
pena, pois diminui o efeito de ilha de
Sede da empresa de biotecnologia Genzyme; escritório Behnisch Architekten empregou
calor", diz Westphal.
heliostatos, espelhos fixos e cobertura prismática para direcionar raios solares até o
átrio central do prédio, onde são redistribuídos por espelhos suspensos
Casa dos espelhos
O escritório Behnisch Architekten
recebeu da empresa de biotecnologia natural para forros refletores das salas. receber o ar quente dos escritórios,
Genzyme um quebra-cabeça: encai- Já no átrio, a luz entra e é dispersa por que sobe e sai por sua cobertura. Esse
xar 920 escritórios em 33 mil m² meio de uma cobertura de anteparos fluxo constante mantém os ambientes
usando o mínimo de energia tanto prismáticos móveis. Para aproveitar o frescos e ventilados nas estações
para circulação vertical quanto para máximo de iluminação durante o dia, quentes. O prédio também recebeu o
iluminação e climatização. heliostatos instalados na cobertura do certificado Leed Platina.
A resposta foi uma microcidade átrio acompanham o movimento do Um projeto assim, no entanto, não
espalhada em 12 andares ao redor de sol para redirecionar os raios para es- pode ser transferido automaticamente
um enorme átrio central, iluminada pelhos fixos que, por sua vez, projetam ao Brasil, em cuja latitude o céu possui
completamente com luz natural. os raios para o átrio. Dentro do prédio, muito mais luminância. "Enquanto
Para isso, foram adotadas duas es- candelabros de espelhos redirecionam em países de clima temperado as gran-
tratégias. No perímetro do prédio, ve- os raios para as salas. des áreas envidraçadas se justificam
nezianas motorizadas direcionam a luz O átrio central serve também para pelo aproveitamento de luz natural,

35
materia de capax.qxd 4/12/2008 16:35 Page 36

CAPA

no Brasil elas apenas trazem proble-


Petrobras
mas de ofuscamento de difícil contro-
Vitória (ES)
le", diz Westphal. "Não tem por que
Sidonio Porto Arquitetos Associados  Painéis fotovoltaicos usar um peitoril transparente aqui,
 Áreas verdes e espelhos d'água entre  Uso de painéis em concreto pois não há ganhos significativos em
os prédios, para manter microclimas pré-fabricado
termos de luz natural. Há, sim, o au-
 Relação janela–parede de 0,42 e  Água pluvial armazenada em lagos mento de carga térmica e desconforto
aproveitamento de iluminação natural em para ser reutilizada em irrigação
por assimetria de radiação." Para o en-
2/3 da profundidade das salas  Tratamento de esgoto para reúso em genheiro, mesmo os caros vidros de
 Coletores solares para aquecimento instalações sanitárias
alto desempenho que permitem a exe-
de água para restaurante
cução de grandes áreas envidraçadas
sem prejuízo ao conforto térmico não
se justificam. "Aumentar custos não é
a melhor solução do ponto de vista da
engenharia. Não é sustentável."
Portanto, o melhor aqui seria di-
minuir a área de janelas e projetar
proteções solares externas como bri-
Divulgação: Sidonio Porto Arquitetos Associados

ses, que permitem o bloqueio da ra-


diação solar direta quando for indese-
jável no interior da edificação.
Seriam necessárias soluções mira-
bolantes dignas dos quadrinhos do
professor Pardal para atingir a susten-
tabilidade? Não, segundo o engenhei-
ro Nelson Kawakami, diretor-executi-
vo do Green Building Council Brasil,
organização gestora da certificação de
Dynamic Tower sustentabilidade Leed (Leadership in
Dubai, Emirados Árabes Unidos Energy and Environmental Design),
Dynamic Architecture (David Fischer) que já tem 79 construções registradas
 Altura: 420 m (80 andares) no País, a maioria – mas não todas –
 79 turbinas eólicas de eixo vertical no eixo Rio–São Paulo.
 Células fotovoltaicas "A tecnologia ajuda, mas não é es-
 Montagem modular com pré-fabricados sencial", diz Kawakami. "O principal
 Projeto conceitual, apartamentos para fazer um projeto sustentável é a
sob encomenda vontade de fazê-lo, e não a sofisticação
Detalhamento: tecnológica. O prédio do Banco Sul
20 primeiros andares: escritórios Americano (1960/63) de Rino Levi, na
21o ao 35o: hotel de luxo Avenida Paulista, já era um prédio
36o ao 70o: apartamentos residenciais com conceito de sustentabilidade."
71o ao 80o: mansões verticais Kawakami cita como exemplo de
Divulgação: Dynamic Architecture

Nas entradas das mansões serão construção sustentável brasileira o


instaladas garagens, que os moradores Cenpes (Centro de Pesquisas da Petro-
mais afortunados acessarão por meio de bras) no Rio de Janeiro, de Siegbert Za-
elevadores para carros. nettini e José Wagner Garcia, que deve
Cada unidade, de 124 m2 a 1.200 m2, deverá ser concluído em 2010. "Ele traz tudo
custar entre US$ 4 milhões e US$ 40 milhões. de interessante do ponto de vista de
um projeto sustentável e sem grandes
tecnologias", diz. Essencial para o pro-
Pearl River Tower jeto foi a integração de todas as disci-
Cantão, Guangdong, China  Base larga e estreita para captar plinas – arquitetura, sistemas de ecoe-
Skidmore, Owings & Merrill mais vento ficiência, paisagismo, planejamento e
 Altura: 309 m (71 andares)  Torres d'água com resfriamento produção da obra. Para Kawakami,
 Turbinas elólicas de eixo vertical (Darrieus) geotérmico não existe mais espaço para o arquiteto
 Painéis fotovoltaicos  Em construção formalista na era da sustentabilidade.

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Estatal verde
O conjunto de 160 mil m² abriga-
rá o maior centro tecnológico da
América Latina, com 4.500 cientistas.
Seu desenho, predominantemente
horizontal, prevê um edifício central
de escritórios com 300 m de compri-
mento e 50 m de largura do qual par-
tirão prédios laterais, onde se abriga-
rão laboratórios, orientados a Norte e
Sul para evitar a radiação direta.
O projeto foi fortemente influen-
ciado pelo clima quente–úmido, deta-
lhadamente analisado a partir de um Divulgação: Moro

banco de dados climáticos feito pelo


Labaut FAUUSP de cada uma das
8.760 horas de um ano, incluindo
temperatura, umidade, direção e velo-
Edifício Suíte Vollard, concluído em 2004; sua construtora, a curitibana Moro, afirma
cidade do vento, radiação solar e pre-
ser o primeiro no mundo a girar. O recurso, que não tem propósito ambiental, elevou
cipitação. Suas plantas estreitas com
o custo das unidades a R$ 1,5 milhão
fachadas sombreadas favorecerão ven-
tilação e iluminação naturais e a vista
para o mar. Os edifícios serão conecta- Além de levar em consideração a Na capital paulista, o Eldorado Bu-
dos por espaços de transição entre in- orientação solar e usar um cinturão siness Tower, do escritório Aflalo &
terior e exterior, com jardins implan- verde de árvores antigas, Sidonio Gasperini Arquitetos, obteve a pré-cer-
tados no terraço do edifício central, Porto prevê microclimas mantidos tificação Leed Platina do GBC-Brasil.
entre os prédios laboratórios, nas por espelhos d'água e vegetação, bri- Para isso, atingiu 50% de economia de
áreas de convivência e nas passagens ses de chapas perfuradas em branco, água, 30% de energia e 75% de resí-
entre edifícios, criando microclimas. aletas que formam uma espécie de ve- duos desviados de aterros sanitários.
Outro ponto positivo é a indus- neziana externa e vidros com pig-
trialização de seus componentes – mentação verde-claro. Isso não ape- Canarinho ecológico
ponto em que, segundo Kawakami, o nas protege da insolação como não A Copa de 2014 deve botar em
Brasil ainda precisa evoluir, mas que impede a circulação do ar junto às fa- prática no Brasil mais estratégias sim-
grandes lideranças como o arquiteto chadas. A previsão é que o ganho solar ples a favor do meio ambiente. A Fifa
João Filgueiras Lima, o Lelé, já desen- fique abaixo de 0,35. exigiu que o estádio do Maracanã re-
volveram sistematicamente. Estudos de vento foram feitos a par- cebesse um estacionamento para pelo
O canteiro do Cenpes foi pensado tir de dados do Ministério da Aeronáu- menos cinco mil carros na depredada
como um local de montagem, e não tica relativos ao aeroporto de Vitória. A região dividida entre o Maracanã e
construção. Com exceção de alguns combinação do arranjo dos edifícios e a São Cristóvão pela linha de trem. O
pilares de apoio e fundações de con- topografia do terreno permitirão a inci- escritório Artetec Arquitetura pro-
creto, privilegiou-se o uso do aço nas dência dos ventos sobre todo o conjun- pôs a transformação do lugar em
estruturas, enquanto o fechamento to. Nos edifícios que precisarem de ar- uma estação multimodal ecologica-
externo foi feito com painéis pré- condicionado, a ventilação natural so- mente correta, combinando as esta-
moldados de concreto e as vedações bre as fachadas removerá parte do calor ções existentes de trem, metrô e ôni-
internas, em drywall. absorvido da radiação solar. bus, um estacionamento de carros
Além de um canteiro de obras A maioria de seus prédios terá na sobre a linha de trem e outro para bi-
limpo, isso permite uma grande flexi- laje um piso técnico aberto, como um cicletas. Todos os estacionamentos
bilidade para desmontar, transportar hiato entre o volume construído e sua em volta do estádio devem ser trans-
e montar as peças caso seja necessário cobertura. Isso formará um espaço formados em parques para aumentar
reconfigurar o layout do prédio. intermediário ventilado que cancela- a permeabilidade do solo, freqüente-
Outra unidade da Petrobras – rá ganhos advindos da radiação solar. mente inundado no verão. Também
um conjunto de 110 mil m² numa Já a cobertura do auditório terá um um reservatório subterrâneo será
área arborizada da praia do Canto, terraço-jardim. construído para armazenar as águas
Vitória (ES) – foi projetada pelo es- Mas não são necessários os inves- da chuva coletadas pela cobertura da
critório de Sidonio Porto com estra- timentos de uma megaestatal para estação, que depois devem ser usadas
tégias ambientais. construir verde. para irrigação.

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CAPA

solar de água pluvial que pode ser in-


Bahrain World Trade Center
corporada tanto por moradias novas
Bahrain de 29 m de diâmetro e 225 kW máximos
quanto existentes, mesmo em regiões
Atkins com ventos entre 15 e 20 m/s
onde predominam autoconstruções
 Altura: 240 m (50 andares)  Status: construído de grande adensamento. O projeto
 Três turbinas eólicas de eixo horizontal  Geração: 1,3 mil MWh por ano ganhou menção honrosa na premia-
ção da Holcim.
Em uma porção inferior da torre
de ferrocimento há uma cisterna que
armazena água de chuva coletada
pelo telhado da casa. Ela é utilizada,
por exemplo, nas descargas. Um cole-
tor solar aquece essa água, que é man-
tida quente em um tambor, para ser
utilizada no banho. Ao substituir o
chuveiro elétrico, um quarto do con-
sumo de energia da casa pode ser re-
duzido. Já na parte superior é armaze-
nada água tratada e potável, para as
torneiras de pias.
Eliane considera os coletores sola-
res para aquecimento de água uma
das alternativas mais interessantes.
"Infelizmente, seu uso no Brasil ainda
Divulgação: Atkins

é muito tímido. Agora que estão sur-


gindo leis municipais e políticas de
incentivos para essa tecnologia.
Porém há muito por fazer pois não
basta exigir seu uso. As edificações
Melhores estratégias para um prédio têm que estar preparadas para recebê-
energeticamente eficiente no Brasil las", diz a professora.
Seja de alta ou baixa complexida-
 Uso de brises para promover a  Ciclos economizadores integrados aos de, disseminar tecnologias energeti-
proteção solar nas horas mais críticas sistemas de ar-condicionado, quando o
camente eficientes é importante para
 Peitoris opacos, com tratamento térmico clima for propício
que futuramente seus custos caiam.
 Uso de vidros com baixo fator solar  Sistemas de distribuição de ar e controle "Foi o que aconteceu com as lâmpa-
 Integração entre luz natural e mais individualizados
das fluorescentes compactas", exem-
artificial, por meio de sensores e  Ventilação natural, quando o uso da plifica Westphal. "No início, eram
controles que promovam o edificação permitir
caras e a economia não pagava o in-
desligamento do sistema artificial  Simulação computacional do desempenho vestimento em curto prazo." Com seu
quando a luz natural for suficiente térmico e energético da edificação para
incentivo, ganharam credibilidade,
 Sistemas de ar-condicionado definir as estratégias mais adequadas ao
seu uso cresceu, e sua oferta também.
com alta eficiência e clima e dimensionar adequadamente os
Resultado: hoje há lâmpadas com-
adequadamente dimensionados sistemas de ar-condicionado
pactas de qualidade por R$ 9,00 con-
tra incandescentes comuns a R$ 2,00.
Aberturas na cobertura da nova Com o pé mais no chão, estraté- "O custo é quatro vezes maior e a efi-
estação liberarão o ar quente, en- gias podem ser adotadas nas mais ciência também. Ou seja, ela se paga."
quanto um jardim interno imenso simples construções. É o que mostrou E esse é o papel de certificações
abaixo do nível térreo contribuirá um time do Laboratório de Eficiência como o Leed – ou dos experimentos
para o microclima e painéis solares Energética em Edificações da Univer- de "professores Pardais".Empresas que
na cobertura e no estacionamento sidade Federal de Santa Catarina lide- têm recursos instalam tecnologias ino-
gerarão energia. O projeto deve co- rado pela arquiteta Maria Andréa vadoras. Isso impulsiona a introdução
meçar a ser realizado em agosto de Triana e pelos engenheiros Roberto dessas inovações no mercado, popula-
2009, mas já rendeu uma menção Lamberts e Marcio Antonio Andrade riza os produtos e reduz os custos. No
honrosa no prêmio Holcim de 2008 ao desenvolver uma torre de armaze- fim, todos saem ganhando.
para a América Latina. namento, tratamento e aquecimento Maurício Horta

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CENTRO TECNOLÓGICO

Padrão sustentável
Nova unidade de pesquisa e treinamento da Mahle levou a coordenação de
projetos até às últimas consequências, para um resultado sustentável e de
grande impacto arquitetônico

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rquitetura, interiores, gerencia-


A mento de projetos e de obras.
Quando assumiu o que viria a ser o
novo Centro de Tecnologia e Pesquisa
da Mahle Metal Leve, em Jundiaí

Fotos: Nelson Kon


(SP), a Roberto Loeb Associados
tinha a intenção de implantar um
modelo de trabalho quase ideal, e que
Uma escada transversal resolve a circulação interna em cada um dos três edifícios; madeira
raramente se coloca em prática:
para pisos e uso do azul na iluminação criam conforto e fazem a comunicação visual
"Queríamos romper com o padrão
em que o arquiteto desenha a forma e
a construtora a constrói", explicam os O segredo, conta, é fechar o foco Graças ao método cooperativo de
autores Roberto Loeb e Luis Capote. em resultados, não perder tempo com trabalho, foi possível "juntar as duas
"Fomos responsáveis por todo o disputas de poder e dar continuidade pontas". Para esse Centro de Tecnolo-
processo: conceito, projetos de arqui- ao trabalho – os arquitetos também fi- gia, o trabalho ficou menos burocráti-
tetura, hidráulica, elétrica, estrutura, zeram interiores, comunicação visual e co: quem fez o projeto tratou direta-
gerenciamento, pagamentos. Partici- ainda prestam serviços de atendimen- mente com a construtora e suas de-
pamos, junto com o cliente, da seleção to pós-obra. A construtora, por outro mandas, evitando um caminho hie-
da construtora. Fomos nós quem es- lado,fica mais protegida: "É oferecido a rárquico e demorado de diversas
tabelecemos os critérios – e a escolhi- ela um canal de diálogo; a obra não se aprovações, totalmente desconecta-
da foi a Racional Engenharia, porque torna uma camisa-de-força onde a das com a realidade do canteiro de
era a que tinha o melhor currículo e o construtora tem que tomar decisões, obras. "Participávamos todos de reu-
melhor escopo de propostas. Eles fize- sozinha, interferindo no resultado es- niões semanais para apontar mudan-
ram a revisão das especificações e dos perado pelo cliente", diz Loeb. ças, recalcular custos e propor novos
sistemas construtivos de forma a não "Entramos com a engenharia de prazos", conta o arquiteto.
alterar qualidade e conceito arquite- valor, consultores técnicos e a convi- Roberto acredita que o funda-
tônicos originais e nem extrapolar o vência com gerenciadora, para levan- mental é administrar desentendi-
teto declarado pelo cliente para o or- tar a melhor solução logística e viabi- mentos e crises de forma criativa. "A
çamento", resume Loeb. Para ele, essa lização de orçamento e prazos", conta Torre de Babel é uma realidade, e de-
é a única forma de evitar os clássicos Waldemar Marotta Júnior, diretor- pois de algum tempo de trabalho jun-
conflitos entre projeto e construção. executivo da Racional. tos começaram a emergir os atritos.
Para resolvê-los, fizemos uma reunião
coletiva com todos os que participa-
vam da obra, como em uma grande
RESUMO DA OBRA ouvidoria, com o objetivo de detectar
Proprietário: Mahle Metal Leve S/A Proteção Permanente) o que era desorganização, desculpa e
Localização: Rodovia dos Volume de Concreto: 9.500 m³ intrigas, e quais eram exatamente as
Bandeirantes, Jundiaí (SP) (incluindo 800 m³ de vigas faltas substanciais no canteiro."
Atividade final: industrial pré-moldadas) O resultado foi uma obra executa-
Período de implantação: dez/2006 a Estrutura metálica: 250 t da dentro do orçamento do cliente,
abril/2008 Aço: 450 t no prazo estipulado, e que teve ótima
Construção: Racional Engenharia Ltda. Estacas escavadas: 3.000 m repercussão com o contratante.
Gerenciadora: Roberto Loeb e Tubulões: 560 m
Associados Ltda. Laje alveolar: 13.800 m² Estudos do campo
Área construída: 17.200 m² Ar-condicionado: 800 TR No início das negociações, a
Área do empreendimento: 50.000 m² Carga elétrica: 5.500 KVA Mahle entregou ao escritório de ar-
Área total: 125.000 m2 Número de trabalhadores: 500, quitetura um programa de uso feito
(incluindo a Área de no pico (em jan/2008) pelas pessoas que ocupariam o novo

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CENTRO TECNOLÓGICO

maneira como agricultores no entor-


no do terreno respeitavam as curvas
de nível. "O programa já previa três ní-
veis – área social, equipes de pesquisa e
salas de teste –, e tínhamos de obede-
cer a algumas diretrizes do terreno, em
declive: o impacto sobre ele tinha de
ser mínimo, porque se tratava de área
de preservação ambiental, e decidimos
Fotos: divulgação Roberto Loeb e Associados

então implantar edifícios circulares


em três níveis, para que o terrapleno –
deslocamento de terra – fosse evitado
ao máximo", descreve Roberto.
Um túnel pré-fabricado de concre-
to (2 m x 2,5 m) interliga os três edifí-
cios (ou três anéis) por um eixo central
que se ramifica nas asas, e dá enorme
A implantação em três níveis circulares respeitava a declividade do terreno e evitava
flexibilidade às instalações prediais e
o deslocamento de terra, com redução dos impactos ambientais
infra-estrutura (energia, combustíveis,
informática). Já a circulação entre os
edifícios fica resolvida, dentro de cada
prédio, por uma escada transversal e,
entre eles, por uma ponte.
Solução arquitetônica relativamen-
te simples, para um projeto de grande
complexidade, o Centro de Tecnologia
tem iluminação natural e vista para o
horizonte em todos os anéis (cada um
deles com um pavimento térreo e um
mezanino). "Em duas das lajes usamos
sistema de proteção térmica com len-
çóis d'água, que dão condições de reser-
va para incêndio, além de criarem mi-
croclima mais amigável", define Loeb.

Condução da obra
"Entramos junto com a empresa
contratada para a terraplanagem,
Peças estruturais de concreto armado protendido eram pré-fabricadas na porção
para acompanhamento dos trabalhos
superior do terreno; fôrmas de pilares circulares eram montadas sobre o bloco de
e, conforme os anéis iam sendo libera-
fundação e depois concretadas
dos, iniciávamos a fundação", afirma
Marcelo Soerensen, gerente de proje-
prédio. Elas sabiam bem o que que- de luz e energia necessária, máqui- tos da Racional. Ele confirma que o
riam, mas não sabiam colocá-lo em nas e equipamento, impacto sobre cálculo do transporte de terra foi feito
números. "O resultado era sempre um estrutura do edifício, entre outros, para evitar sua importação ou expor-
prédio muito maior do que o pensado foi passado aos futuros ocupantes da tação e, assim, maiores interferências
pela Mahle. Para solucionar, enxerga- edificação um checklist para que na geologia do entorno, que é área de
mos que haveria inúmeros 'clientes' – aprovassem as idéias dos projetistas. preservação permanente (APP). O
laboratórios especializados, equipe de Elas se transformaram, enfim, em desnível entre um anel e outro varia
combustíveis, equipe da sala de testes, três edifícios semicirculares interli- de 9 m a 10 m, e a implantação segue a
recursos humanos –, e a abordagem gados, nos arredores das rodovias declividade do morro.
foi atender a todos individualmente, Bandeirantes e Anhanguera, cuja Os taludes que iam surgindo foram
como se fossem projetos separados, implantação foi estudada em sobre- amplamente integrados à arquitetura,
conta Loeb." vôos de helicóptero. ficando à vista em áreas internas dos
Depois de definidos, para cada Segundo os arquitetos, para resol- prédios, como vestiário e restaurante.
ambiente, sua ocupação, quantidade ver a implantação bastou observar a Criava-se um platô e um talude, suces-

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sivamente; tudo o que era escavado,


aproveitava-se no mesmo lugar, con-
tam os engenheiros da Racional.
Como a arquitetura definiu fun-
dações e estruturas, a engenharia en-
trou para o seu desenvolvimento – em
concreto e metal. "No caso das funda-
ções sobre os platôs, a escavação era
mecânica (estacas escavadas consti-
tuídas por concreto); sobre os taludes,
teve de ser manual, por questões de
agilidade e segurança", explica Marot-
ta. Ele relata que no terceiro anel havia
pilares que nasciam no meio do talu-
de, onde não foi possível entrar com
máquinas. Nesses pontos, construía-
se um pequeno platô, para que tubu-
Nelson Kon

lões manuais fossem executados.


No que diz respeito à estrutura,
ponto nodal foi a logística no canteiro. Taludes à vista são importante elemento arquitetônico; no terceiro anel, pilares
Não era possível trazer a ele peças pré- nascem no meio dele, o que exigiu escavações manuais
fabricadas que excedessem 16 m, pois
o acesso era dificultado pelo declive do
te foi facilitada; elas foram compradas ção, restaurante, vestiários, auditório
terreno. "Assim, foi montado na parte
e trazidas para o canteiro de obras. e estacionamento.
superior do terreno, acima do terceiro
Marotta conta que o terceiro anel Estruturalmente, os mezaninos
anel, um segundo canteiro, de pré-
exigiu cuidados especiais de um pro- são iguais nos três anéis. "São vigas
moldados, onde peças estruturais de
jetista de estruturas contratado para pré-moldadas, com lajes alveolares
concreto protendido eram produzidas
fazer esses cálculos. Grandes bases de apoiadas sobre pilares circulares mol-
em fôrmas metálicas e depois trans-
concreto armado de 11 t são apoiadas dados 'in loco'", ressalta o engenheiro
portadas com guindaste", afirma Soe-
sobre a estrutura pré-moldada, inter- da Racional.
rensen. "Os pilares, por serem circula-
mediadas por amortecedores. A solu- Brises e marquises externas têm
res, foram moldados 'in loco': a fôrma
ção responde à necessidade das salas estrutura metálica: os primeiros blo-
era montada sobre o bloco de funda-
de teste de motores. A idéia era que vi- queiam insolação por toda a extensão
ção e depois concretada."
brações provocadas sobre as bases não dos três edifícios, protegendo os me-
Os engenheiros contam, porém,
fossem transferidas à estrutura. "É zaninos com chapas perfuradas e per-
que a estrutura metálica estava no pro-
como se tivéssemos construído uma fis especialmente desenhados para o
jeto original. "Haveria o grande conve-
caixa dentro de outra caixa maior, projeto. "Têm função de cobertura",
niente do peso e da montagem, mas o
com os amortecedores entre elas", afirma Soerensen. Já as marquises são
custo era mais elevado, e optamos
aponta Roberto Loeb. No mezanino constituídas por telhas metálicas.
então pelo sistema de vigas pré-
do terceiro anel está o coração do cen- A fixação adotada é a de chumba-
moldadas, pilares 'in loco' e lajes alveo-
tro de testes, com ar-condicionado, dores metálicos, com arranques dei-
lares e treliçadas. A estrutura metálica
subestação de combustível, ar com- xados nas vigas ou nos pilares duran-
ficou apenas para brises e marquises",
primido, abastecimento de água para te a pré-moldagem (para, depois,
conta Soerensen. Como lajes eram
arrefecimento e ventilação. serem aparafusadas "in loco"). Onde
peças menores, a logística de transpor-
No segundo anel ficam laborató- ocorreram algumas adaptações de
rios e data center, enquanto o primei- projeto, e o brise teve de ser ampliado,
ro andar é reservado para administra- usaram-se chumbadores químicos.

corte

O desnível entre um anel e outro é de cerca de 10 m.


A implantação segue a declividade do morro

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CENTRO TECNOLÓGICO
Fotos: Nelson Kon

A entrada de luz natural é facilitada pela arquitetura de interiores (forro) e


aproveitada em salas de trabalho com fechamentos em vidro

Respeito ambiental havia fornecimento de água e nem sis-


O meio ambiente foi fator essencial tema de esgoto", conta Marotta.
ao direcionamento dos trabalhos no Além do poço artesiano, foi desen-
canteiro de obras. Não houve aloja- volvido um sistema de tratamento de
mento para as equipes dentro ou pró- esgoto dentro do próprio terreno, com
ximo do terreno (o convívio não era reaproveitamento de água. As estações
ideal, com geração de lixo e outros resí- de tratamento ficam em sua porção
duos, como esgoto), e os pernoites mais inferior: "São tratados tanto o es-
foram em Jundiaí e Jordanésia, com goto sanitário quanto o industrial; o
transporte diário até a obra. último em proporção bem menor
Foram discutidos muitos detalhes (500 l diários, comparados com os 25
com a Secretaria do Meio Ambiente, m3 de capacidade do tanque). A água
como o uso de uma cerca de arame liso com o esgoto sanitário sofre trata- mezaninos, com processos de sucção,
com aberturas que protegessem a APP mento biológico e é reusada em ba- filtragem e bombeamento.
da ação dos operários e permitisse, ao cias, mictórios, espelhos d'água e siste- Acompanhando o conceito am-
mesmo tempo, que animais das matas ma de arrefecimento de motores em biental do projeto, taludes ficam expos-
arredores transitassem livremente. teste", explica Marcelo. A água resul- tos nos interiores, sem qualquer revesti-
Para o abastecimento da obra, foi tante do tratamento do esgoto indus- mento. No primeiro anel, em áreas so-
feito um poço artesiano que ficou, de- trial também é reutilizada. "Estações ciais,a terra à vista está protegida por um
pois, para uso do empreendimento. de tratamento químico e biológico são vidro,para que usuários não pisem nem
Não há rede externa de abastecimento. sistemas separados, assim como os de joguem lixo; nas áreas externas, onde o
"Trata-se de zona rural, no meio da água para reúso e água potável." Espe- talude aparece, é coberto por vegetação
mata da Serra do Japi; apesar do en- lhos d'água, por sua vez, têm um siste- de sombra e meia-sombra. Nos vestiá-
contro das duas grandes rodovias, não ma de circulação interno, que fica nos rios, ele é cercado por uma mureta, e a

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FICHA TÉCNICA
Projeto básico e projeto
detalhado: Roberto Loeb e
Associados; projeto estrutural:
Escritório Técnico César
Pereira Lopes; estruturas
metálicas: Projeto Alpha;
fundações: Infra-Estrutura;
elétrico/hidráulico: Roberto
Loeb e Associados/J. Pinha;
HVAC: Roberto Loeb e
Associados/GlobalClima;
iluminação: Roberto Loeb e
Associados e Senzi; construção
Nas salas de teste do terceiro anel, paredes estão protegidas por material metálico
civil: Mega (empreiteira
perfurado absorvente; alvenaria preenchida com areia atenua som em 40 dB
principal); 33 A, JRSA, CPG
(subempreiteiras); controle da
terra fica totalmente aberta ao usuário, "Para substituir o piso elevado, qualidade da construção: JBA e
"in natura",como gostam de dizer os en- foram sugeridos sistemas de tubos Falcão Bauer; estruturas
genheiros. "Como não há incidência di- metálicos verticais de Ø 2" (que cap- metálicas: Sulmeta; montagem:
reta de água, não fizemos nenhum siste- tam toda a fiação elétrica), como pos- elétrica: Teckma; hidráulica:
ma de contenção – o talude já foi calcu- tes, removíveis, que vão do forro até as Teckma; mecânica: Teckma;
lado em inclinação ideal para que per- mesas de trabalho; tubos de ar-condi- ar-condicionado: Climapress;
manecesse estável", conta Soerensen. cionado também ficaram aparentes, o cobertura: Metalúrgica Barra
As instalações elétricas também exi- que fez com que ganhássemos muito do Piraí; concreto estrutural:
giram planejamento especial: quanto no custo e no prazo", conta Loeb. Holcim; aço estrutural: Gerdau;
mais próxima a subestação de distribui- As salas de teste do terceiro anel fôrmas e escoramentos: SH
ção elétrica estiver dos pontos de maior são isoladas acusticamente com pla- Fôrmas e Rohr; pré-moldados
carga, maior será a economia com ma- cas de lã de rocha de 2" de espessura: para estrutura e fechamento:
teriais, já que os cabos de baixa tensão portas de metal com borracha de ve- Concreciti e COM;
custam mais. A empresa levou o racio- dação e paredes protegidas por mate- equipamentos de ar-condicionado
cínio ao pé-da-letra e construiu duas rial metálico perfurado e absorvente e ventilação: Climapress e
subestações – uma para primeiro e se- revestem todos os ambientes. Alvena- Carrier; transformadores:
gundo anéis, e outra para o terceiro. Do rias foram preenchidas com areia Contrafo; gerador: Stemac;
ponto de chegada de energia até as su- para que se chegasse à atenuação quadros elétricos: Monter;
bestações,colocaram-se cabos de média acústica de 40 dB. luminárias; Interpan e
tensão e, apenas a partir das subesta- "A iluminação influencia confor- Lumicenter; guindastes:
ções, saem os cabos de baixa tensão, di- to e disposição ao trabalho, com bi- Gonçalves, Cunzolo e Içaar;
retamente para os equipamentos. blioteca, restaurante e áreas sociais, forros: Ciasul; divisórias:
no primeiro anel, avarandadas", Dimoplac, Abatex e Metalplac;
Fechamento e interiores mostra o arquiteto responsável. vidros: Vidraçaria São
A alvenaria tem revestimento rús- Assim, os pisos são em granilite, ma- Francisco e Gattera;
tico, e a exposição dos taludes faz a deira, ou manta vinílica; onde salas esquadrias/venezianas: Alphafer,
ponte com o conceito arquitetônico fechadas foram necessárias, a solu- Sermontec, Kelfla, Firmino,
mais "natural". Nas fachadas, grandes ção foi usar divisórias com forro RackAccima; pisos: Tecnipiso,
vãos são fechados em vidro, com per- acústico, desmontáveis e flexíveis. Gran Nobre, Felgueiras, ACE e
fis não encaixilhados, o que oferece Para Loeb, a vantagem é que os ver- Anchortec; tratamento acústico:
maior continuidade e transparência. dadeiros contêineres, que são as Isonar; pinturas: Isocor;
O projeto inicial previa piso eleva- salas de reuniões, por não terem li- marcenarias: Ghilhen; ETE:
do e forro – cujo valor ultrapassava o gação construtiva com o piso ou o Procytec (contratado pelo
teto orçamentário –, o que levou os ar- forro, podem ser transferidas para cliente); combustíveis: Teckma;
quitetos a eliminarem totalmente o outras áreas, conforme a necessida- arrefecimento: Teckma; gases
piso, além de optarem por placas mi- de do cliente. especiais: White Martins;
nerais acústicas. Giovanny Gerolla balança para caminhões: Toledo

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IMPERMEABILIZAÇÃO – PINI 60 ANOS

Tecnologia estanque
Desenvolvimento de novas matérias-primas permitiu aos fabricantes ampliar a
diversidade de sistemas de impermeabilização asfálticos e não-asfálticos

s números informados por uma


O fabricante de sistemas de imper-
meabilização mostram o nível de ma-
turidade em que chegou esse segmen-
to: se no início da década de 1990
eram apenas 15 ou 20 produtos dispo-
níveis em seu catálogo, hoje chegam a
mais de 150.
Uma extensa gama de produtos
e sistemas de impermeabilização
surgiu na década de 1970 – mantas
e emulsões asfálticas, emulsões
acrílicas, sistemas à base de epóxi e
à base de cimento modificado com
polímeros. No entanto, de acordo

Marcelo Scandaroli
com Flávio de Camargo Martins,
coordenador técnico de uma em-
presa associada ao IBI (Instituto
Brasileiro de Impermeabilização), Impermeabilizantes de base betuminosa, como as mantas asfálticas, ainda são os
apesar de alguns desses sistemas produtos mais utilizados pelos construtores brasileiros

Linha do tempo
Década de 1920 Década de 1950 também nessa época, a fabricação
 A impermeabilização dos primeiros  Década de criação da Petrobras, das primeiras mantas elastoméricas
edifícios no Brasil era feita com piche, do Conselho Nacional de Petróleo e butílicas. Com notável elasticidade e
e o asfalto era importado da Refinaria Presidente Bernardes, boa durabilidade, o produto
principalmente da Alemanha e da em Cubatão. A indústria brasileira de representou um salto de qualidade
Suíça. A tendência de aplicação do impermeabilização se desenvolve, da impermeabilização na construção
produto se estendeu até a década lançando novos produtos no brasileira. Resistente a grandes
de 1940. mercado. Surgem as emulsões e variações térmicas e a intempéries,
soluções asfálticas, além de feltros as mantas butílicas são adequadas
Década de 1930 asfálticos e asfalto oxidado, todos para uso em estruturas sujeitas a
 O engenheiro Otto Baumgart traz produtos nacionais. grandes movimentações.
da Europa um produto composto de
sais metálicos e silicatos, aplicável a Década de 1960 Década de 1970
sistemas rígidos, misturados às  Cresce a penetração no mercado A ABNT (Associação Brasileira de
argamassas e concretos. O material é dos elastômeros sintéticos Normas Técnicas) cria a primeira
usado até hoje. (neoprene e o hypalon). Começa, comissão de estudos de

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2008
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mentos variados, como alumínio, Conheças alguns produtos


ardósia e poliéster pintável, para uso
em áreas de tráfego leve e que dis-
pensam aplicação de revestimentos
protetores. Mantas anti-raiz, que in-
corporam herbicidas, também são
exemplos de novos produtos.
Segundo Marcos Storte, gerente
de negócios de outra empresa mem-
Marcelo Scandaroli

bro do IBI, a introdução de novas re-


sinas permitiu o desenvolvimento de
mais produtos também no segmen-
to de impermeabilização moldada
Introdução de novas resinas permitiu
“in loco”. Martins concorda, ressal-
aprimorar sistemas de membranas
tando o surgimento de matérias-pri-
acrílicas cimentícias
mas de polímeros acrílicos com
maior flexibilidade e menor absor-
terem se popularizado entre os ção de água.
Proteção dupla
construtores, outros acabaram Emil Fehr, gerente de marketing
Usada em superfícies onde não há
caindo no ostracismo. "Devido ao de outro fabricante associado à enti-
margem de tolerância para infiltrações e
alto custo e pequena disponibilida- dade, explica que o mercado brasilei-
vazamentos, essa manta combina duas
de de matérias-primas no mercado ro tem visto surgir diversos produtos
camadas redundantes de
nacional, [esses produtos] não em- de base não betuminosa com carac-
impermeabilização: uma membrana
placaram e acabaram ficando res- terísticas "interessantes". No entanto,
termoplástica junto a uma manta
tritos a campos de aplicação especí- alerta, muitos produtos importados
geotêxtil de bentonita. A primeira, de alta
ficos", explica Martins. foram desenvolvidos para realidades
resistência mecânica, funciona como uma
Porém, veio a década de 1990 e a diferentes da brasileira – como
camada de proteção passiva contra
situação mudou. No segmento de clima, sistemas construtivos, dispo-
infiltrações. No entanto, caso essa
mantas, destaca-se o desenvolvi- nibilidade de certos insumos etc. – e
primeira membrana falhe e se rompa, a
mento de mantas asfálticas de alta não necessariamente são soluções
manta geotêxtil entra em ação
performance, modificadas com que se ajustem à realidade do País. "O
promovendo proteção ativa por meio da
novos tipos de polímeros, que incre- ideal é a utilização de produtos que já
bentonita sódica, que, em contato com a
mentaram o desempenho e a dura- estejam previstos em uma norma
água, expande-se e se torna impermeável.
bilidade desses sistemas. Também técnica brasileira", afirma.
surgiram as mantas com revesti- Renato Faria
Fitas auto-adesivas
Utilizadas na colagem de mantas de
EPDM, o produto funciona como uma fita
dupla face de alto desempenho. A fita
reduz o tempo de execução da
impermeabilização. As primeiras normas de EPDM, produto elastomérico de
impermeabilização das estruturas. Pode
técnicas surgem na metade da década. características semelhantes às das
ser aplicado a mantas aderidas à laje,
 As obras do Metrô de São Paulo mantas butílicas. Surgem também as
mecanicamente fixadas ou flutuantes.
impulsionam o desenvolvimento da mantas asfálticas com armadura de
Proporciona aumento de produtividade –
tecnologia de impermeabilização no poliéster não-tecido que se aderem à
o serviço pode ser feito até duas vezes
País. Cresce a preocupação com a base por asfalto oxidado a quente.
mais rápido, de acordo com o fornecedor.
análise e especificação dos materiais.
 É fundado o IBI (Instituto Brasileiro Décadas de 1990 e 2000
Divulgação: Firestone

de Impermeabilização), para difundir  São desenvolvidas mantas com


informações técnicas a aplicadores, acabamentos diversos, como
fabricantes, construtores, usuários e alumínio, ardósia e poliéster
profissionais de órgãos públicos e pintável. Novas matérias-primas
outras entidades. conferem maior resistência
mecânica e química a mantas,
Década de 1980 emulsões e sistemas de
 Mercado começa a utilizar mantas impermeabilização rígida.

47
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IMPERMEABILIZAÇÃO – PINI 60 ANOS

Membranas EPDM Mantas anti-raiz

Divulgação: Penetron
As membranas de borracha EPDM são A adição de herbicida à base de
resistentes aos raios UV, ao ozônio e à asfalto no processo de produção é a
degradação por calor. Mesmo submetidas a principal característica das mantas
baixas temperaturas, continuam com alta asfálticas anti-raiz. Isso proporciona
flexibilidade. Podem alongar-se em mais ao produto proteção contra o ataque
de 400%, o que lhes confere alto poder de de raízes de plantas, que podem
absorção de movimentação da estrutura perfurar a manta, afetando o sistema
impermeabilizada. de impermeabilização.

Divulgação: Denver
Divulgação: Firestone

Divulgação: Penetron
Cristalização capilar
Aplicado em forma de pasta, o
impermeabilizante por cristalização capilar
penetra na matriz do concreto. Em contato
com a água, seus componentes químicos
Divulgação: Grace do Brasil

são ativados e cristalizam-se, vedando


fissuras e microcanais que se formam no
concreto. O processo funciona com
pressão d'água positiva ou negativa.
Compatível com concretos, blocos e
argamassas, o produto não tóxico pode ser
usado inclusive em reservatórios de água
potável. Dispensa longos períodos de cura.

Manta isolante
As mantas asfálticas revestidas, na face
exposta, com filme de alumínio refletem
grande parte da radiação solar,
proporcionando maior isolamento
térmico ao ambiente, além da
impermeabilização em si. Aplicável em
Aderência a frio estruturas não transitáveis, o produto
As mantas auto-adesivas dispensam o uso de Alta Densidade), que proporcionam também dispensa proteção mecânica.
de maçarico ou emulsão asfáltica, reduzindo estabilidade dimensional, resistência a
Divulgação: Viapol

os riscos para os aplicadores quanto a rasgos, puncionamentos e impactos. A faixa


queimaduras e exposição a gases tóxicos. adesiva fica na extremidade inferior da
Sua face superior é revestida com várias manta. Sua aplicação deve ser feita sobre
lâminas entrecruzadas de PEAD (Polietileno superfície limpa e revestida com primer.

Manta para piscinas


De aparência semelhante à das demais mantas do mercado, as mantas especiais para
piscinas apresentam maior resistência mecânica para suportar a carga dinâmica da
água contra a estrutura. À base de asfalto, o produto é estruturado com uma camada
de não-tecido em poliéster e coberto com filme de polietileno.

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Envie artigo para: techne@pini.com.br.


O texto não deve ultrapassar o limite
de 15 mil caracteres (com espaço).

ARTIGO Fotos devem ser encaminhadas


separadamente em JPG.

O uso da fotocatálise em
materiais autolimpantes
s fachadas das edificações apre- chadas, quais sejam: deposição de par-
A sentam alteração de cor e escure-
cimento ao longo de sua vida útil, exi-
Flávio Maranhão
doutorando do Departamento de
tículas de poluição e pichação.
Uma técnica moderna que vem
gindo limpezas freqüentes, com gran- Construção Civil da Escola sendo desenvolvida é a fotocatálise,
de impacto nos custos de manutenção. Politécnica da Universidade de São que tem como base a criação de super-
Surgiram diversos métodos objetivan- Paulo e professor da Faculdade de fícies autolimpantes pela simples inci-
do reduzir a velocidade de alteração de Tecnologia e Ciências Exatas da dência de radiação ultravioleta. O seu
cor das fachadas modificando-se as Universidade São Judas Tadeu desenvolvimento teve início na década
propriedades superficiais dos mate- de 70, no Japão, quando o pesquisador
Kai Loh
riais de construção. Honda e seu aluno Fujishima, com o
professor doutor do Departamento
A técnica mais comum para esse objetivo de criar sistemas para trata-
de Construção Civil da Escola
fim é a hidrofugação, também denomi- mento de água mais eficientes, desco-
Politécnica da Universidade
nada no mercado por impermeabiliza- briram que alguns semicondutores são
de São Paulo
ção, e que reduz a absorção de água e, capazes de reduzir a água em hidroxila
conseqüentemente, o crescimento de Vanderley Moacyr John e oxigênio, quando incididos por ra-
microrganismos, o principal responsá- professor doutor do Departamento diação ultravioleta (Mills et al, 2002).
vel pelas sujidades. Ocorre, porém, que de Construção Civil da Escola A aplicação dessa técnica para a
essa técnica tem efeito reduzido nas de- Politécnica da Universidade construção civil teve início na década de
mais causas da alteração de cor das fa- de São Paulo 90 do século passado, no Japão, quando
empresas e universidades iniciaram os
testes em concretos e placas cerâmicas.
Desde então, o interesse pela apli-
cação da técnica, aplicada a outros ma-
teriais tem crescido em todo o mundo,
principalmente por conta do potencial
de tornar as superfícies autolimpantes
e por possibilitar a transformação de
Imagens cedidas pelo autor

Figura 1 – Exemplos de uso de painéis com propriedades fotocatalíticas no Palácio da Polícia (Bordeaux, França) e na Igreja da
Misericórdia (Roma). Obtido em www.italcementigroup.com no dia 22 de janeiro de 2008

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E Banda
Condutora

E Banda
Condutora Bandgap

Banda Bandgap
Condutora

Banda de Banda de Banda de


Valência Valência Valência

Condutor Semi- Isolante


Figura 2 – Esquema de oxidação de Figura 3 – Representação dos orbitais de compostos
redução de semicondutores. BV = Banda condutores, semicondutores e isolantes. Baseado em
de Valência e BC = Banda Condutora Ambrosio Junior (sd.)

Os edifícios considerados como


As sujeiras fixadas sobre Poluentes (NOx) são marcos no uso dessa técnica são: a Igre-
a superfície são depositados sobre a ja Dives in Misericordia em Roma, Itá-
desprendidas delas sob o superfície transformando-os
lia, e a sede da polícia de Bordeaux,
efeito do TiO2, e quando em nitratos (que são
eliminados pela matriz França, ambos construídos em 2003.
lavadas por águas de
chuva ou jato de cimento da cobertura) Apesar de ser uma área de pesquisa
com crescente intensidade nos países
mais desenvolvidos, no nosso país exis-
tem apenas pequenas iniciativas sobre o
Água tema. Dentre esses, destacam-se traba-
lhos do grupo liderado pelo professor
Poluentes doutor Wilson Jardim,do Departamen-
to de Química da Unicamp (exemplo de
artigo, Nogueira; Jardim, 1998) e o lide-
TiO2
Sujeiras rado pela professora doutora Marcia
Makito Kondo, da Universidade Federal
Figura 4 – Mecanismo da ação autolimpante e despoluidora de uma superfície com
de Itajubá. Ambos os grupos utilizam a
propriedades fotocatalíticas
fotocatálise para o desenvolvimento de
sistemas de tratamento de água (exem-
partículas poluentes como NOx e VOC utilizando os processos fotocatalíti- plo de artigo: Santos; Kondo, 2006).
(tolueno, xileno, em compostos me- cos, em sua maioria destinada aos
nos agressivos como CO2, H2O, O2) e produtos não-porosos. As aplicações Fotocatálise
sais minerais. mais comuns são: Princípio físico
Os grandes marcos que impulsio-  Antiembaçantes: vidros e espelhos A fotocatálise é um processo natu-
naram a fotocatálise são:  Autolimpantes: tintas, vidros e ral que ocorre em semicondutores
 Projeto PICADA da união européia cerâmicas quando excitados por radiação ultra-
(www.PICADA-PROJECT.com)  Antibactericidas: placas cerâmicas violeta. Os semicondutores caracteri-
 Projeto COSTO Action 540 também esmaltadas, purificadores de ar e água, zam-se por possuírem uma camada de
da União Européia (www.cost540.com) vasos sanitários valência incompleta e uma camada
 Photocatalyst Techno Fair no Japão. Desses,os produtos com maior sucesso condutora separada por uma "band-
Feira que apresenta as inovações tec- comercial são os vidros autolimpantes gap". Nos condutores essa "bandgap" é
nológicas sobre o tema (Mills et al,2006). Diversas empresas já inexistente enquanto que nos isolantes
Ainda não existem normas técnicas comercializam esse tipo de produto em ela é muito grande.
que permitam avaliar a eficiência dos todo o mundo, dentre os quais: Pil- Esses materiais, quando são incidi-
processos fotocatalíticos, como ressal- kington Glass (nome comercial: Acti- dos por uma radiação ultravioleta com
tado por Peterka et al (2007), o que di- ve™); Pittsburg Plate Glass (nome co- energia igual ou superior à energia da
ficulta a disseminação de produtos mercial: SunClean®); St-Gobain (no- "bandgap" (hv), provocam transferên-
com essas propriedades. Já existe uma me comercial : Bioclean®) e AFG (no- cia de elétrons da banda de valência
gama de produtos comercializados me comercial: Radiance Ti ®). para a condutora, com energia capaz

51
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ARTIGO

Mecanismo de ação
Radiação ultravioleta A ação autolimpante e despolui-
Antes da exposição dora de superfícies pela ação fotoca-
talítica atuam de maneira conjunta.
Durante o dia, a superfície é excitada
pela radiação ultravioleta do sol re-
sultando na oxidação dos compostos
orgânicos que foram depositados
durante o período noturno. Simulta-
neamente, há redução do ângulo de
contato, tornando a superfície hidro-
fílica. A água presente nessa superfí-
cie transforma-se em uma lâmina re-
movendo todas as partículas aderi-
das. Dados de literatura mostram
que superfícies com propriedades fo-
tocatalíticas tornam-se menos sus-
Após a exposição
ceptíveis ao desenvolvimento de mi-
Imagens cedidas pelo autor

crorganismos (Bonetta et al, 2007).


Os resultados das pesquisas dos
autores, ainda em escala laboratorial,
confirmam os dados da literatura e
mostram que telhas de fibrocimento
sem amianto e blocos cerâmicos, tra-
tados de modo a apresentarem pro-
priedades fotocatalíticas, mostram
um elevado potencial em decompor
manchas de pigmento azul e na re-
moção de manchas de alguns tipos
de pichação.
Figura 5 – Nas duas primeiras fotos acima, materiais sem propriedades
fotocatalíticas. Nas fotos de baixo percebe-se que o pigmento azul desaparece.
Redução da poluição
Esse material possui propriedades fotocatalíticas
Além do potencial autolimpan-
te, uma superfície com propriedades
de degradar compostos aderidos em  Deposição de poluentes atmosféri- fotocatalíticas pode contribuir para
sua superfície, por exemplo, partículas cos: principalmente os resíduos de a despoluição do ar. Como já com-
de poluição. combustíveis fósseis dos automóveis provado por autores como Yu
Diversos semicondutores vêm (Pio et al. 1998) (2003), Poon; Cheung (2007) Hüs-
sendo testados para aplicações fotoca-  Proliferação de microrganismos: ken et al (2007) é possível decom-
talíticas, sendo que para os materiais principalmente os fungos e algas por: NOx, SOx, NH3 e compostos or-
de construção, especificamente, cons- (Gaylarde; Gaylarde, 2005) gânicos nocivos à saúde como o
tata-se uma grande predominância  Ação do homem: principalmente a benzeno, o tolueno e a acetona e
dos minerais ou óxidos de titânio, em pichação transformá-los em substâncias mais
especial o anatásio por ser o mais rea- Os dois primeiros decorrem da inócuas. Essa é uma área de grande
tivo. Essa predominância deve-se ao interação entre as propriedades dos interesse por parte dos pesquisado-
elevado poder fotocatalítico desse mi- materiais utilizados (rugosidade, res em nível internacional.
neral, pela existência de grandes reser- porosidade, pH, composição quími- Aplicações em escala de laborató-
vas no mundo, por seu baixo custo de ca, entre outras) e o meio em que rio mostram que é possível reduzir em
obtenção e processamento e pela está inserido (detalhes de projeto, até 63% o teor de tolueno (Demeeste-
baixa toxidade quando comparados fluxo de vento e chuva, direção da fa- re et al, 2008); até 80% o teor de NOx
com outros semicondutores. chada, intensidade de poluentes, (Chen; Li, 2007 e Maggos et al, 2008).
entre outros). Aplicações em escala piloto já
Natureza das sujidades nas edificações Um ponto comum nesses agentes, estão sendo iniciadas em pavimentos
De uma maneira geral a alteração que levam à alteração de cor das su- cimentícios em vários países como
do aspecto das fachadas é causada por perfícies, são substâncias predomi- Japão, Itália, França, Bélgica e Holan-
três fatores: nantemente de natureza orgânica. da (Luca; Pecatti, 2007). Também

52 TÉCHNE 141 | DEZEMBRO DE 2008


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Exposição a radiação UV
Inicial Após 72 horas Após três semanas

(2004) e Vallée et al (2004), com base


em estudos em ambiente laboratorial
e em escala piloto, confirmaram que
não há redução da atividade fotocata-
lítica ao longo do tempo. Porém, há
contradições quanto à durabilidade
do uso da técnica; trabalhos desen-
volvidos por Rao et al (2004); Yu
(2003) e Poon; Cheung (2007) apre-
sentaram resultados contrários.
De uma maneira geral os resul-
tados mostram que a redução do
poder fotocatalítico está ligada à
perda de área exposta à radiação ul-
travioleta, causada pela adesão de
substâncias como chicletes e óleos
ou de compostos resultantes do pro-
cesso de oxidação (Demeestere et al,
2008). Além disso, para os produtos
cimentícios, o processo de carbona-
tação dos compostos hidratados
pode vir a ser responsável por uma
importante redução no poder foto-
catalítico em condições especiais
Figura 6 – Redução da intensidade de pichações na superfície de blocos cerâmicos
(Lackhoff et al, 2003).
com propriedades autolimpantes (resultado dos autores)

Conclusões
foram testadas aplicações em pavi- durabilidade das superfícies com pro- A fotocatálise apresenta um gran-
mentos de concreto e em pisos inter- priedades fotocatalíticas, sendo esse de potencial em contribuir com a sus-
travados (pavers); os resultados con- um dos principais gargalos para o tentabilidade do ambiente construí-
firmaram os dados obtidos em escala maior desenvolvimento dessas técni- do, pois permite reduzir a freqüência
laboratorial com reduções de até 40% cas (Gurol, 2006). de limpezas com grande impacto em
na concentração de NOx nas vias onde Por ser um processo simples e na- custos de manutenção. Essa técnica
foram utilizados produtos com pro- tural, que depende apenas da excita- transforma os edifícios em células ca-
priedades fotocatalíticas. ção de elétrons pela radiação inciden- pazes de contribuir para a limpeza de
te e posterior liberação da energia da poluentes nocivos existentes em seu
Durabilidade bandagap, é de se esperar que não haja entorno, como os compostos orgâni-
Poucos trabalhos publicados apre- alteração de seu desempenho ao cos voláteis (COVs) e os compostos
sentam dados quantitativos sobre a longo do tempo. Autores como Cassar de nitrogênio (NOx).

53
artigo141.qxd 4/12/2008 16:03 Page 54

ARTIGO

Diversas pesquisas e aplicações permita reduzir a deposição e a de- to e argamassas mistas. A superfície
dos processos fotocatalíticos em ma- gradação de poluentes atmosféricos, desses materiais foi tratada de modo a
teriais de construção estão sendo de- microrganismos e a pichação. apresentar propriedades fotocatalíti-
senvolvidas em diferentes partes do Para o desenvolvimento do estu- cas as quais foram submetidos à radia-
mundo. No Brasil, os autores deste do foram selecionados materiais po- ção ultravioleta. Os resultados preli-
artigo estão desenvolvendo um estu- rosos, os mais utilizados na execução minares mostraram-se promissores e,
do que tem como objetivo a criação de vedações externas, os quais são: te- além disso, os testes desenvolvidos
de superfícies autolimpantes em ma- lhas de fibrocimento sem amianto, permitiram aperfeiçoar a técnica foto-
teriais de construção porosos, e que materiais cerâmicos, placas de grani- catalítica citada na literatura.

LEIA MAIS
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Activity of Surface Coated With Semicondutor-modified Cement- materials, Italy, 2007.
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Annual Report Submitted to NOx in a Pilot Street Canyon Immobilized TiO2 Photocatalytic
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54 TÉCHNE 141 | DEZEMBRO DE 2008


p&t124.qxd 4/12/2008 15:39 Page 55

PRODUTOS & TÉCNICAS


ACABAMENTOS COBERTURA,
IMPERMEABILIZAÇÃO E
ISOLAMENTO

MASSA CORRIDA
A massa corrida Hidra é indicada
para uniformizar, nivelar e TELHA
corrigir imperfeições em A Eterville, da Eternit, é uma
superfícies de alvenaria, telha em CRFS (Cimento
concreto aparente, fibrocimento Reforçado de Fio Sintético), que
e repinturas em interiores e simula o formato de 16
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55
p&t124.qxd 4/12/2008 15:40 Page 56

PRODUTOS & TÉCNICAS


CONCRETO E CONCRETO E COMPONENTES PARA ESTRUTURA FUNDAÇÕES E
COMPONENTES PARA INFRA-ESTRUTURA
A ESTRUTURA

PRÉ-MOLDADOS FÔRMAS
A AJ Paes atua no segmento de Os sistemas de fôrmas e ESCORAMENTO
As escoras C3 apresentam,
pré-moldados de concreto desde escoramentos TIP foram
segundo o fabricante, vida útil TUBOS DE
1968. Já forneceu soluções para projetados para se adaptar a
obras de edificações, estações qualquer tipo de estrutura de superior à das concorrentes REVESTIMENTO
devido ao seu exclusivo sistema A Incotep fabrica o Inço Top
de tratamento de esgoto, caixas concreto graças, de acordo com
de proteção para rosca, que Drill, tubo de revestimento para
d'água em anéis pré-fabricados, a fabricante, à combinação entre
evita a entrada de sujeira e estaca raiz. De acordo com a
entre outros. Fornece ainda seus componentes. O baixo peso
garante o perfeito fabricante, o produto apresenta
elementos pré-moldados, como das peças, a simplicidade de
funcionamento da peça. Isso maior resistência ao atrito do
bancos, tubos, mesas etc. uniões e encaixes e diferentes
permite uma desenforma mais que os tubos de aço ASTM A 106.
AJ Paes regulagens de alturas facilitam a
fácil, sem a necessidade de usar Possui, também, o dobro da
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E EXTERIORES TELECOMUNICAÇÕES

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56
p&t124.qxd 4/12/2008 15:40 Page 57

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E VIDROS E DIVISÓRIAS

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57
obra aberta 141.qxd 4/12/2008 15:41 Page 58

OBRA ABERTA
Livros Sites

Diálogos Geológicos: É Estacas Pré-fabricadas de Acústica Questão Ambiental: CBCA (Centro Brasileiro
Preciso Conversar Mais Concreto – Teoria e Ackerman Projetos da Construção em Aço) –
com a Terra Prática Acústicos Steel Framing
Álvaro Rodrigues dos Santos Claudio Gonçalves, George de Evelise Grunow Fone: (21) 2141-0001
Editora Nome da Rosa Paula Bernardes e Luis Editora C4 www.cbca-ibs.com.br
182 páginas Fernando de Seixas Neves A vida contemporânea, sobretudo Agora, o site do CBCA conta
Vendas pelo portal 616 páginas nos grandes centros urbanos, é com uma seção inteiramente
www.lojapini.com.br Vendas pelo portal afetada pelo problema crônico da dedicada ao sistema
O geólogo Álvaro Rodrigues www.lojapini.com.br intensa geração de ruídos de construtivo light steel framing.
dos Santos expõe a importância Estacas Pré-fabricadas de diversas naturezas. Além de Reúne informações sobre essa
de considerar o fator geológico Concreto – Teoria e Prática é prejudicar o bem-estar das tecnologia que vão desde as
em todas as ações humanas uma continuação dos estudos pessoas, também influenciam no características básicas do
que, direta ou indiretamente, desenvolvidos nos livros equilíbrio ambiental. Para que os material e dos processos até as
interferem no meio ambiente. "Ensaio de Carregamento ruídos não dominem o mundo, é vedações e acabamentos.
Grandes desastres, acidentes e Dinâmico", de 1996, e imprescindível que a concepção O foco, no entanto, é o aço
insucessos técnicos são "Controle de Fundações dos empreendimentos inclua um utilizado para a fabricação dos
consequências dessa falta de Profundas através de Meios bom projeto de acústica. Os perfis que compõem a
cuidado. A adaptação dos Dinâmicos", de 2000. Com um arquitetos devem ir além da estrutura do sistema. Assim, a
projetos humanos ao meio enfoque diferente, a obra estética e trazer também soluções seção conta com uma tabela
físico em que se inserem exige aborda os aspectos teóricos e que atendam aos padrões de com os revestimentos mínimos
íntimo conhecimento da práticos sobre a fabricação, conforto ambiental em qualquer para o aço de perfis estruturais
interação entre um cravação e controle de local de convívio humano. O livro ou não-estruturais. Também
empreendimento e as fundações em estacas pré- Acústica Questão Ambiental reúne traz os contatos de
características geológicas do fabricadas de concreto. alguns dos projetos mais fornecedores de perfis,
terreno. Esse entendimento é O trabalho divide-se em 24 significativos desenvolvidos pela construtoras, montadoras e
de competência exclusiva da capítulos, subdivididos de Akkerman Projetos Acústicos, que, empresas de cálculo estrutural
Geologia de Engenharia. Nesse modo que cada tópico tenha em mais de 30 anos de atuação, especializadas em
livro, o autor traça a evolução uma abordagem prática, sem idealizou obras de referência na steel framing.
histórica da relação entre o se distanciar em demasia do área. O livro, escrito pela
homem e o meio ambiente, embasamento teórico. Todos jornalista Evelise Grunow, traz
discute a importância do os capítulos são ricamente uma seleção de projetos
geólogo e da Geologia de ilustrados para maior contemporâneos que traduzem
Engenharia, apresenta estudos compreensão do texto, além aspectos como sustentabilidade e
de caso de obras imobiliárias e de inúmeras tabelas de situação das cidades, formando
de infra-estrutura e defende a parâmetros geotécnicos. um rico painel dos principais
discussão exaustiva dos desafios e soluções apontados
acidentes de Engenharia. pela empresa.

58 TÉCHNE 141 | DEZEMBRO DE 2008


obra aberta 141.qxd 4/12/2008 15:41 Page 59
agenda141.qxd 4/12/2008 15:42 Page 60

AGENDA
Seminários e Conferências como uma pequena conferência sobre reunir cerca de 350 expositores e 500
greenbuilding, promoverá em sua marcas de mais de 25 países numa área
11/3/2009
quinta edição mais de 100 de 85 mil m².
Estruturas de Concreto –
conferências, seminários e dezenas de www.mtexpo.com.br
Tendências, Projeto e Execução
atrações especiais. O evento receberá
São Paulo
cerca de 800 expositores e 26 a 28/8/2009
As tendências de projeto e execução de
30 mil visitantes. Concrete Show South America
estruturas, os avanços da tecnologia do
www.ecobuild.co.uk São Paulo
concreto estrutural, a utilização de
O evento internacional de negócios e
pré-moldados e a viabilidade técnica e
24 a 27/3/2009 tecnologia para fornecedores da cadeia
econômica do concreto auto-adensável são
Revestir de concreto e seus usuários reúne
alguns dos principais temas a serem
São Paulo inovações e tendências mundiais em
abordados neste seminário promovido pela
A feira reúne os maiores fabricantes de soluções, sistemas e métodos
PINI. Profissionais renomados como os
revestimentos e fornecedores e tornou- construtivos à base de concreto. Além
engenheiros de estruturas Ricardo França
se uma das principais vitrines do País de da exposição, o Concrete Show
e Francisco Oggi, e a superintendente do
lançamentos em revestimentos promove uma série de seminários,
CB-18, Enga Inês L. S. Battagin, já
cerâmicos, granitos, mármores, workshops e palestras.
confirmaram palestras, cuja programação
laminados, mosaicos e outros. www.concreteshow.com.br
contará também com a apresentação de
(11) 4613-2000
cases de obras.
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(11) 2173-2395
2 a 7/11/2009
www.piniweb.com/seminarioconcreto
24 a 28/3/2009 Paris
eventos@pini.com.br
Feicon Batimat 2009 A Batimat (Salão Internacional de
São Paulo Construção) é a maior feira de tecnologia
A Semana Internacional da Indústria da para o setor da construção civil, que reúne
Feiras e Exposições Construção em São Paulo, direcionada a os melhores produtos e sistemas do
2 a 6/2/2009 engenheiros, arquitetos, mundo todo. Segundo estimativas dos
World of Concrete incorporadores, decoradores e lojistas organizadores do evento, são esperados
Las Vegas de materiais de construção reúne em 2009 mais de 3.400 expositores e
A WOC (World Of Concrete) é a maior novidades em alvenaria e cobertura, cerca de 470 mil visitantes.
exposição mundial de produtos e esquadrias, instalações elétricas, www.batimat.com
tecnologias feitas com concreto. Reúne hidráulicas, sanitárias, equipamentos
anualmente fornecedores, construtores e elétricos, dispositivos, fios, cabos e
engenheiros de diversos países a fim de outras tendências do mercado.
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estabelecer parcerias e conhecer as (11) 3060-5000 6/3/2009
novidades do setor. Para 2009, serão www.feicon.com.br Especialização em Gestão Ambiental
apresentados seminários entre os dias 2 e São Carlos (SP)
6 de fevereiro e, em paralelo, uma feira 2 a 6/6/2009 Estão abertas as inscrições para o curso
completa com novas soluções para o M&T Expo de especialização em Gestão Ambiental
aumento da produtividade, qualidade e São Paulo da Universidade Federal de São Carlos
velocidade na execução das obras. A M&T Expo, 7a Feira Internacional de (UFSCar). O curso, que terá aulas de
contactus@worldofconcrete.com Equipamentos para Construção e março de 2009 a junho de 2010, é
www.worldofconcrete.com 5a Feira Internacional de Equipamentos oferecido pelo Departamento de
para Mineração, é um evento de Engenharia Civil da Instituição e tem
3 a 5/3/2009 negócios que oferece oportunidades de carga horária de 384 horas.
Ecobuild investimento em equipamentos, peças, Fone: (16) 3351-8262
Londres componentes, novas tecnologias e www.deciv.ufscar.br/gestaoambiental
O Ecobuild, que começou em 2004 serviços. Os organizadores esperam gestaoambiental.sc1@gmail.com

60 TÉCHNE 141 | DEZEMBRO DE 2008


como construir 2.qxd 4/12/2008 15:44 Page 61

Antonio Wanderley Terni


terni@feg.unesp.br
Alexandre Kokke Santiago

COMO CONSTRUIR alexandrekokke@gmail.com


José Pianheri
jose.pianheri@pienge.com.br

Casa de steel frame –


instalações parte 4
s instalações elétricas e hidráuli- para gás) deve-se tomar o cuidado de jetados especialmente para drywall e
A cas para edificações com sistema
construtivo steel frame são as mesmas
se empregar espaçadores plásticos
que as isolam do aço galvanizado dos
steel frame, como as caixas elétricas
que se fixam diretamente nas placas
utilizadas em edificações convencio- perfis, impedindo a formação de cor- de gesso acartonado. Porém, assim
nais e apresentam o mesmo desempe- rosão galvânica. Para garantir a fir- como nas instalações hidráulicas, os
nho, não variando em razão do siste- meza necessária para sua operação, os materiais de instalações elétricas con-
ma construtivo. Assim, os materiais registros hidráulicos devem ser para- vencionais, como caixas de luz plásti-
empregados e princípios de projeto fusados a peças auxiliares instaladas cas e conduítes corrugados ou lisos,
também são os mesmos aplicados em na horizontal (figura 2). podem ser usados sem problemas. No
edificações convencionais e, portanto, Apesar da facilidade de uso dos caso das caixas de luz comuns, elas
as considerações para projeto, dimen- materiais convencionais no sistema, podem ser fixadas também em peças
sionamento e uso das propriedades há disponibilidade no mercado de auxiliares ou nos montantes da estru-
dos materiais não divergem do trata- materiais elétricos e hidráulicos pro- tura (figura 3).
mento tradicional nessas instalações.
O mesmo acontece com as insta-
Divulgação: Eternit S.A
Divulgação: Flasan

lações para telefonia, internet, gás,


cabos de TV e de aquecedor solar,
que, de maneira geral, não deman-
dam condições especiais além daque-
las tradicionalmente utilizadas nas
construções convencionais.
Dessa maneira, nas tubulações de
água fria ou quente nos sistemas,
pode-se utilizar todos os materiais
que são empregados nas construções
comuns, tais como o PVC (policlore-
to de vinila), o PEX (polietileno reti-
culado), o PPR (polipropileno copo-
límetro random), o CPVC (policlore-
to de vinila cloratado), o cobre, entre
outros (figura 1). Particularmente, se
for utilizar tubulações de cobre (usa- Figura 1 – Instalação hidráulica com Figura 2 – Registro fixado em
das tanto para água quente quanto tubulações de cobre e de PVC peça auxiliar

61
como construir 2.qxd 4/12/2008 15:44 Page 62

COMO CONSTRUIR

extremidade do perfil e o centro do


primeiro furo deve ser no mínimo de
300 mm. Para aberturas com formas
diferentes e dimensões maiores que
as da figura 5, devem ser executados
reforços nessas aberturas, a serem
projetadas conforme práticas aceitas
na engenharia estrutural. Nesses
casos, os furos devem ser reforçados
por uma chapa de aço galvanizado
parafusada ao elemento estrutural,
de espessura no mínimo igual ao do
elemento perfurado e deve se esten-
der 25 mm além das bordas do furo.
Acervo do autor

Tubulações sanitárias
A passagem de tubulação de água
Figura 3 – Caixa de luz fixada em montante
fria ou quente ou de conduítes elétri-
cos pelas vigas de piso é feita através
de furos como os previstos em
norma. Para as tubulações sanitárias,
que normalmente possuem diâme-
tros mais elevados é interessante que
seu caminhamento horizontal ocorra
sob a laje (oculto por forro) e que seja
o mais curto possível, sendo conduzi-
das para as paredes. Alguns modelos
de vasos sanitários possuem saída na
horizontal, ligada diretamente na pa-
rede, mostrando-se interessante para
o sistema steel frame.
Divulgação: Flasan

Quando há necessidade das tubu-


lações atravessarem as vigas de piso ou
cobertura através de furos, dependen-
Figura 4 – Parede em steel frame funcionando como shaft do da magnitude dos diâmetros, essa
situação deve ser analisada juntamente
com o calculista da estrutura e, em
Fonte: NBR 15253:2005

geral, é necessária a instalação de uma


peça de reforço à viga nessa região.
Nessa situação, também pode-se subs-
tituir as vigas,de piso ou de sustentação
da cobertura, por treliças ou tesouras,
que possuem espaços maiores entre as
Figura 5 – Abertura nos perfis para passagem de tubulação
peças e permitem facilmente a passa-
gem das tubulações (figura 6).
Pode-se admitir que, do ponto de passagem de instalações, prevendo A racionalização construtiva per-
vista das instalações no sistema steel que aberturas sem reforços podem mite uma interessante vantagem do
frame, de certa forma todas as pare- ser executadas nos perfis de steel sistema steel frame em relação às cons-
des funcionam como shafts visíveis, frame, desde que devidamente consi- truções convencionais, pois, enquanto
facilitando a execução e a manuten- deradas no dimensionamento estru- nas obras convencionais as tubulações
ção desses subsistemas (figura 4). tural. Os furos devem ter seu maior normalmente são instaladas antes da
Para a passagem das instalações eixo coincidente com o eixo longitu- concretagem das vigas e das lajes e,
pelos montantes e vigas de piso, esses dinal do perfil e geometria de acordo assim, podem sofrer danos nessa fase,
devem ser furados, de acordo com com a figura 5. A distância entre eixos no sistema steel frame as tubulações
normalização existente. A NBR de furos sucessivos deve ser de, no podem ser locadas posteriormente,
15253:2005 normaliza os furos para mínimo, 600 mm e a distância entre a evitando-se o risco de dano (figura 7).

62 TÉCHNE 141 | DEZEMBRO DE 2008


como construir 2.qxd 4/12/2008 15:44 Page 63

O fato de as paredes e lajes fun-


cionarem como shafts visitáveis
permite que as interferências entre
os sistemas elétrico e hidráulico
sejam fáceis de serem visualizadas
durante a execução das instalações,
o que facilita o trabalho e diminui a
chance de acidentes como, por

Acervo do autor
exemplo, danificar algum cano ao
furar quando se executa a instalação
elétrica (figura 8).
Figura 6 – Passagem de instalações por tesoura de cobertura
Se as tubulações hidráulicas por-
ventura estiverem sujeitas a vibrações,
para evitar sua transmissão à estrutura
da edificação, que causa efeito bastan-
te indesejável, pode-se fixar as tubula-
ções aos perfis com braçadeiras ou in-
troduzir-se espumas ou peças plásticas
especiais nos furos para acomodá-las
(figura 9). Além de evitar a transmis-
são das vibrações, essas espumas ou
peças plásticas também servem para
evitar que, durante a execução das ins-
talações, ocorram cortes nos tubos ou
Divulgação: Flasan

nos conduítes, em virtude do seu atri-


to com as bordas dos furos.

Posicionamento das tubulações


Figura 7 – Passagem de conduítes pelas vigas de laje
Recomenda-se que as tubulações
verticais sejam instaladas junto à alma
dos montantes, pelo lado externo, ou em virtude de vento e chuva, além de que se montam partes das instala-
livres no vão entre eles. Nunca devem diminuir a chance de acidentes com ções, criando cavaletes, que são leva-
estar dispostas "dentro" do montante, os profissionais envolvidos. Evidente- dos prontos para colocação na parede
pois, nessa situação, existe o risco de mente, ao término de todas as instala- ou na laje, agilizando o processo de
perfuração das tubulações pelos para- ções, deve-se testá-las antes de se pro- montagem da edificação. No caso de
fusos no momento da fixação das pla- ceder ao fechamento das placas inter- uma obra única, esse procedimento
cas de fechamento da parede. nas da edificação. pode não ser interessante.
Embora o sistema permita, por Como foi comentado no artigo Em uma construção de alvenaria
sua flexibilidade, as instalações das tu- sobre fundações para steel frame, é convencional, algumas vezes a pare-
bulações em direções diagonais entre importante que os locais de passa- de é totalmente construída, chegan-
os montantes, ou seja, permita a pas- gem das instalações executados nos do a receber chapisco e emboço,
sagem da tubulação de maneira variá- radiers ou nos baldrames das funda- quando o profissional responsável
vel, é fortemente recomendado que as ções sejam bem locados, para não pelas instalações chega à obra e que-
tubulações tenham caminhamento gerar problemas no alinhamento bra a parede, que acabou de ficar
claro e descriminado em projeto, para dos painéis e retrabalho para seu pronta, para a passagem dos canos
que o futuro proprietário do imóvel ajuste (figura 10). Novamente, essas ou dos conduítes. Todo esse proces-
possa fazer furos nas paredes sem cor- definições devem ser bem estabele- so gera grande transtorno, sensação
rer o risco de perfurar tubulações. cidas no projeto e coordenadas por de retrabalho na obra e uma enorme
É recomendado que a execução toda a equipe de obra. quantidade de entulho. Consideran-
das instalações ocorra após a finaliza- Seguindo a linha de raciocínio do do que, somente na cidade de São
ção completa da montagem das estru- sistema steel frame de valorizar a in- Paulo são geradas, diariamente,
turas das paredes, lajes e coberturas dustrialização dos componentes, em cerca de 17 mil t de entulho prove-
em steel frame. Também é desejável situações de repetibilidade da edifica- nientes da construção civil (Téchne
que os revestimentos externos e a co- ção como, por exemplo, em projetos no 82, janeiro de 2004, por Bruno Lo-
bertura já estejam instalados, minimi- de conjuntos habitacionais, pode ser turco), percebe-se uma grande van-
zando o risco de danos às instalações elaborada uma linha de produção em tagem que esse sistema racionaliza-

63
como construir 2.qxd 4/12/2008 15:44 Page 64

COMO CONSTRUIR
Fotos: Divulgação Flasan

Figura 8 – Facilidade de visualização de interferências entre instalações elétricas Figura 10 – Importância da locação
e hidráulicas correta dos pontos na fundação

geração de resíduo ou gasto com


Acervo do autor

novo material.
O sistema steel frame, com sua
concepção racionalizada, permite a
execução das instalações com o míni-
mo de transtorno, pouco desperdício
e grande facilidade de controle e ins-
peção dos serviços concluídos. A pas-
sagem das instalações ocorre por es-
paços plenamente visíveis, sem que-
bradeira e com minimização dos
conflitos entre instalações de diver-
sos sistemas. Sendo um sistema ra-
cionalizado, a discriminação do ma-
terial empregado é feita no projeto e,
portanto, a perda ou desperdício é
praticamente nulo.
Figura 9 – Peças plásticas de proteção dos conduítes

LEIA MAIS:
do oferece e que se traduz também mantendo o local limpo, o que já não
em ganho de qualidade ambiental, ocorre com a colocação pelo método Steel framing: Arquitetura. Arlene
uma vez que no steel frame a parede tradicional em paredes de alvenaria Maria Sarmanho Freitas. CBCA (Cen-
só é fechada após a execução com- onde, para embutir a tubulação, inva- tro Brasileiro da Construção em Aço).
pleta das instalações. riavelmente utilizam-se ponteiras ou
Nesse mesmo sentido, outra equipamentos como as conhecidas Steel framing: Engenharia. Fran-
grande vantagem que o sistema ofere- serra-mármore que geram muito pó e cisco Carlos Rodrigues. CBCA (Cen-
ce é a fácil manutenção de todas as ainda, posteriormente, é necessária a tro Brasileiro da Construção em Aço).
instalações, bem como a instalação de reconstituição do reboco e do acaba-
outras novas sem a necessidade de mento da parede. A recomposição da NBR 15253:2005 – Perfis de Aço
rasgar todo o caminhamento da tu- parede de steel frame, cortada para a Formados a Frio, com Revestimento
bulação. O sistema steel frame permi- passagem da tubulação, pode ser feita Metálico, para Painéis Reticulados
te que se instale uma tubulação de um com a mesma parte da placa de reves- em Edificações: Requisitos Gerais.
ponto a outro da parede minimizan- timento (gesso acartonado, placa ci- ABNT (Associação Brasileira de Nor-
do os transtornos, com rapidez e mentícia etc.) que foi removida, sem mas Técnicas).

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